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TCC remição de pena

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
REDE NACIONAL DE ALTOS ESTUDOS EM SEGURANÇA PÚBLICA DE 
SERGIPE 
PÓS-GRADUAÇÃO EM CRIMINALIDADE VIOLENTA, CONTROLE SOCIAL E 
PÓLITICAS PÚBLICAS 
 
 
 
 
 
CARLOS ANTÔNIO ALBAREDA BARCELOS 
 
 
 
 
 
FLUXO DOS PEDIDOS DE REMIÇÃO EM FAVOR DE INTERNOS DO SISTEMA 
PRISIONAL SERGIPANO ENTRE OS ANOS DE 2013 E 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO CRISTÓVÃO, SE 
 2018 
 
CARLOS ANTÔNIO ALBAREDA BARCELOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
FLUXO DOS PEDIDOS DE REMIÇÃO EM FAVOR DE INTERNOS DO SISTEMA 
PRISIONAL SERGIPANO ENTRE OS ANOS DE 2013 E 2016 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Programa de Pós-Graduação em 
Criminalidade Violenta, Controle Social e 
Políticas Públicas da Universidade Federal de 
Sergipe como requisito parcial para a obtenção 
do título de especialista. 
 
Orientador: Prof. Newton Silveira Dias Junior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO CRISTÓVÃO, SE 
 2018 
CARLOS ANTÔNIO ALBAREDA BARCELOS 
 
 
 
 
 
 
 
FLUXO DOS PEDIDOS DE REMIÇÃO EM FAVOR DE INTERNOS DO 
SISTEMA PRISIONAL SERGIPANO ENTRE OS ANOS DE 2013 E 2016 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Criminalidade Violenta, 
Controle Social e Políticas Públicas da 
Universidade Federal de Sergipe como 
requisito parcial para a obtenção do título 
de especialista. 
 
Aprovado em: 01/ 02/ 2018. 
 
 
 
Prof. Msc. NEWTON SILVEIRA DIAS JUNIOR 
Universidade Federal de Sergipe 
Orientador 
 
 
Prof. Msc. ROBSON COSME DE JESUS ALVES 
Universidade Federal de Sergipe 
 
 
 
 
Prof. Msc. JEFFERSON PIRES DE ALVARENGA 
 Universidade Federal de Sergipe 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Os gregos, que tinham bastante 
conhecimento de recursos visuais, 
criaram o termo estigma para se referirem 
a sinais corporais com os quais se 
procurava evidenciar alguma coisa de 
extraordinário ou mau sobre o status 
moral de quem os apresentava. Os sinais 
eram feitos com cortes ou fogo no corpo e 
avisavam que o portador era um escravo, 
um criminoso ou traidor, uma pessoa 
marcada, ritualmente poluída, que devia 
ser evitada; especialmente em lugares 
públicos. [...] Atualmente, o termo é 
amplamente usado de maneira um tanto 
semelhante ao sentido literal original, 
porém é mais aplicado à própria desgraça 
do que à sua evidência corporal” 
Erving Goffman 
 
RESUMO 
 
BARCELOS, C. A. A. Fluxo dos pedidos de remição em favor de internos do 
sistema prisional sergipano entre os anos de 2013 e 2016. 2018. 55 f. Trabalho 
de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Criminalidade Violenta, Controle 
Social e Políticas Públicas)-Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança 
Pública de Sergipe, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe, 
2018. 
 
Qual é o fluxo de pedidos de remição de pena dos presos no Estado de 
Sergipe? O presente trabalho buscou responder essa questão ao elaborar uma 
pesquisa sobre a remição dos apenados durante sua execução no sistema 
prisional do Estado de Sergipe, no período compreendido entre os anos de 
2013 e 2016, tendo como foco a verificação de gráficos quantitativos e 
estatísticas disponibilizadas pelos órgãos públicos e o Conselho da 
Comunidade na Execução Penal (CCEP), que trabalha com a reinserção social 
dirigida aos egressos prisionais que desejam trabalhar e se qualificarem 
profissionalmente. O trabalho foi baseado em dados primários do levantamento 
de campo e dados secundários disponíveis no Departamento Penitenciário 
Nacional (DEPEN), no Ministério Público, na Defensoria Pública e no CCEP. 
Durante a pesquisa de campo para coleta de material qualitativo, foram 
aplicados questionários nos internos de duas das nove unidades prisionais 
estaduais, o Complexo Penitenciário Dr. Manoel Carvalho Neto (COPEMCAN) 
e o Complexo Penitenciário Advogado Antônio Jacinto Filho (COMPAJAF), 
visto serem os estabelecimentos penais que comportam, em sua maioria, 
internos em execução definitiva de pena privativa de liberdade (regime 
fechado) e tendo em vista a falta de estabelecimento para o regime semiaberto. 
Da atual população carcerária de 2.668 presos das duas unidades prisionais 
estudadas, buscou-se analisar quantos internos tiveram a sua reprimenda 
penal reduzida pela remição de pena e se os órgãos prisionais ofertaram aos 
internos essa chance de remir, colaborando, assim, com a reinserção no 
convívio social após sua progressão de pena. 
 
Palavras-chave: Remição pedidos. Reinserção pelo trabalho. Sistema 
penitenciário. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
BARCELOS, C. A. A. Flow of requests for referral in favor of inmates of the 
Sergipe prison system between 2013 and 2016. 2018. 55 f. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Criminalidade Violenta, Controle 
Social e Políticas Públicas)-Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança 
Pública de Sergipe, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe, 
2018. 
 
What is the flow of requests for remission of prisoners in the State of Sergipe? 
The present study sought to answer this question when elaborating a research 
on the remission of the prisoners during their execution in the prison system of 
the State of Sergipe, in the period between the years of 2013 and 2016, 
focusing on the verification of quantitative charts and statistics made available 
by the public bodies and the Council of the Community in Criminal Execution, 
which works with social reintegration directed at former prisoners who wish to 
work and qualify professionally. The work was based on primary data from the 
field survey and secondary data available from the National Penitentiary 
Department, the Public Prosecutor's Office, the Public Defender's Office and the 
Council of the Community in Criminal Execution. During the field research for 
the collection of qualitative material, questionnaires were applied to the inmates 
of two of the nine state prison units, the Dr. Manoel Carvalho Neto Penitentiary 
Complex and the Antônio Jacinto Filho Advocacy Penitentiary Complex. Penal 
establishments which, for the most part, include inmates who are in final 
execution of a custodial sentence (closed regime) and in view of the lack of 
establishment for the semi-open regime. Of the current prison population of 
2,668 detainees of the two prison units studied, it was sought to analyze how 
many prisoners had their criminal reprimand reduced by the remission of 
sentence and if the prison organs offered the inmates this chance to redeem, 
thus collaborating with the reintegration into the social interaction after his 
progression of sentence. 
 
Keywords: Remission requests. Reinsertion through work. Penitentiary system. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
CADEIÃO Cadeia Territorial de Nossa Senhora do Socorro 
CCEP Conselho da Comunidade na Execução Penal 
CESARB I Centro Estadual de Reintegração Social I 
CESARB II Centro Estadual de Reintegração Social II 
CF Constituição Federal 
CNE Conselho Nacional de Educação 
CNJ Conselho Nacional de Justiça 
CNPC Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária 
COPEMCAN Complexo Penitenciário Dr. Manoel Carvalho Neto 
COMPAJAF Complexo Penitenciário Advogado Antônio Jacinto Filho 
DEPEN Departamento Penitenciário Nacional 
DESIPE Departamento Estadual do Sistema Penitenciário 
EJA Educação de Jovens e Adultos 
HTCP Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico 
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
LEP Lei de ExecuçãoPenal 
MP Ministério Público 
ONU Organização das Nações Unidas 
PEESP Plano Estratégico de Educação no Âmbito do Sistema 
Prisional 
PNE Plano Nacional de Educação 
PREMABAS Presídio Regional Juiz Manoel Barbosa de Souza 
PRESLEN Presídio Regional Senador Leite Neto 
SEED Secretaria de Estado de Educação 
SEJUC Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Vista frontal da unidade COMPAJAF ............................................... 38 
Figura 2 - Vista da sala de aula durante aprendizado, COMPAJAF ................. 38 
Figura 3 - Vista frontal da unidade COMPECAN .............................................. 39 
Figura 4 - Vista da sala de aula durante aprendizado, COMPECAN ............... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - População carcerária nos complexos COMPAJAF e 
COMPECAM......................................................................................................17 
Gráfico 2 - População carcerária do COMPAJAF nos anos 2013 a 2016 ........ 37 
Gráfico 3 - População carcerária do COPEMCAN nos anos 2013 a 2016 ....... 39 
Gráfico 4 - População carcerária em Sergipe em 2016 .................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Tipo de profissão exercida pelos presos do Sistema Penitenciário 
Sergipano, 2013 ............................................................................................... 19 
Tabela 2 - Atividades laborativas desenvolvidas pelos presos do Sistema 
Penitenciário Sergipano, 2013 ......................................................................... 21 
Tabela 3 - Grau de escolaridade dos presos do Sistema Penitenciário 
sergipano, 2013 ................................................................................................ 26 
Tabela 4 - Informações das unidades prisionais acerca do quantitativo de 
presos em relação à quantidade destes que estudam ..................................... 31 
Tabela 5 - Ocorrência de remição pela participação em atividades laborativas 
pelos presos do Sistema Penitenciário Sergipano, 2013 ................................. 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11 
2 METODOLOGIA ........................................................................................... 13 
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 15 
 3.1 O SISTEMA PENITENCIÁRIO EM SERGIPE ....................................... 15 
 3.2 REMIÇÃO PELO TRABALHO ............................................................... 18 
 3.3 O TRABALHO PRISIONAL .................................................................... 19 
 3.4 A EDUCAÇÃO NOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS ................... 22 
 3.5 O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS .......................... 22 
 3.6 EDUCAÇÃO ..................................................................................................................... 23 
 3.6.1 Remição pelo estudo ..................................................................... 25 
 3.6.2 Histórico de criação da remição de pena pelo estudo..................... 28 
 3.6.3 Implementação no Estado de Sergipe ............................................ 29 
 3.6.3.1 Objetivos .................................................................................. 29 
 3.6.3.2 Detalhamento do Plano no Estado de Sergipe ........................ 30 
 3.6.3.3 Vigência no Estado de Sergipe ................................................ 30 
 3.6.3.4 Justificativa da adesão à Política Pública em Sergipe ............. 31 
 3.6.3.5 Sistema Carcerário Sergipano em 2016 .................................. 31 
 3.7 REMIÇÃO PELO ARTESANATO ........................................................... 32 
4 RESULTADOS .............................................................................................. 35 
5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 44 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 52 
ANEXOS .......................................................................................................... 56 
 ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..... 56 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O objetivo geral do presente estudo foi identificar os fluxos de pedidos 
de remição pelo trabalho, com intuito de comparar com os anos anteriores e 
observar a eficácia na reinserção social no sistema prisional sergipano, 
analisando os principais mecanismos viabilizadores. Para alcançá-lo, foram 
estabelecidos alguns objetivos específicos, dentre os quais: 1) traçar o perfil 
dos presos do Estado de Sergipe, correlacionando sua atividade laborativa 
exercida na unidade prisional com a forma como foram realizados os pedidos, 
em especial os concernentes ao trabalho, ao estudo e outros, tais como o 
artesanato; e 2) identificar quantos desses presos beneficiados deram 
continuidade a essa atividade lícita, conforme pesquisa e questionários 
respondidos pelos egressos cadastrados no Conselho da Comunidade na 
Execução Penal (CCEP) de Aracaju, Sergipe. 
O trabalho utilizou os dados levantados pelo Ministério Público (MP), 
pela Defensoria Pública e pelo CCEP, com o objetivo de colher os dados 
quantitativos e qualitativos das referidas unidades prisionais e posteriormente 
traçar o perfil dos presos e dos egressos assistidos pelo CCEP que exerceram 
atividade durante o período de claustro e dos que continuaram a laborar após a 
soltura. 
Para que o trabalho tivesse um resultado satisfatório, foram utilizados 
alguns instrumentos metodológicos tais como entrevistas e pesquisas junto à 
7ª Vara de Execuções Penais, relatórios técnicos, livros, artigos, teses, dentre 
outras fontes necessárias ao enquadramento teórico e analítico do objeto. 
No Estado de Sergipe existem nove unidades prisionais, a saber: o 
COPEMCAN, situado no Município de São Cristóvão; o Centro Estadual de 
Reintegração Social, no Município de Areia Branca, com duas unidades, 
(CESARB I e CESARB II); o Presídio Regional Juiz Manoel Barbosa de Souza 
(PREMABAS), no Município de Tobias Barreto; o Presídio Regional Senador 
Leite Neto (PRESLEN), no Município de Nossa Senhora da Glória; o Presídio 
Feminino de Sergipe (PREFEM), situado no Povoado Taboca, Município de 
Nossa Senhora do Socorro; a Cadeia Territorial de Nossa Senhora do Socorro 
(CADEIÃO), no mesmo Município; o COMPAJAF, na Capital Aracaju; e, por 
12 
 
fim, o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HTCP), também em 
Aracaju. 
Destaca-se que somente o COMPAJAF e o COPEMCAN foram incluídos 
nesta pesquisa, visto serem as únicas unidades destinadas legalmente à 
custódia de presos que cumprem pena em regime fechado e por comportarem, 
geralmente, internos com sentença transitada em julgado, ou seja, com 
sentença já definitiva. 
No curso da execução do estudo foi realizada pesquisa de campo com 
aplicação de questionários que contribuíram para os aspectos quantitativo e 
qualitativo do presente trabalho. Tais questionários foram aplicados junto aos 
presos e aos funcionários do sistemaprisional e do sistema judiciário, bem 
como a Promotores de justiça, a Defensores Públicos e ao Presidente do 
CCEP. 
Os dados informativos oficiais foram adquiridos por meio dos sistemas 
eletrônicos do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça, 
do Ministério Público de Sergipe e do Tribunal de Justiça do Estado. 
As informações quantitativas como dados e informações numéricas 
foram adquiridas pelos sistemas disponíveis de cada órgão público acima 
mencionado, onde são alimentados de documentos por meio de vistorias e 
relatórios enviados das unidades prisionais pesquisadas. 
Os conceitos sobre a remição por meio do trabalho e do estudo, 
inferidos a partir dos dispositivos pertinentes da Lei de Execução Penal (LEP), 
são encontrados nas obras de Fragoso, Catão e Sussekind (1980), Silva e 
Cabral (2010) e Carvalho (2008), para os quais as atividades laborativas e 
educativas devem ser exercidas nas condições possíveis de segurança, 
visando resguardar a integridade do custodiado. Os estabelecimentos penais 
de Sergipe devem priorizar esse dispositivo, contribuindo com a reinserção do 
apenado à sociedade. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
2 METODOLOGIA 
 
Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar a relação do direito 
dos presos à remição, tendo sido analisados dados primários do levantamento 
de campo e dados secundários disponíveis na SEJUC, DEPEN, DESIPE e 
CCEP, como também informações levantadas em fontes oficiais, das Unidades 
Prisionais COPEMCAN e COMPAJAF. A amostra realizada nos presídios teve 
caráter probabilístico com questionários realizados com egressos prisionais, 
selecionados pelos cadastros junto ao CCEP. Os dados, de caráter qualitativo 
e quantitativo, foram processados através de estatística descritiva e estatística 
probabilística, possibilitando o uso de correlações entre as amostras. 
Durante esta pesquisa foram entrevistados 12 assistidos do CCEP, que 
responderam às perguntas formuladas referentes à atividade laborativa ou 
educacional exercidas nas unidades prisionais COPEMCAN e COMPAJAF, nos 
quais ficaram acautelados durante o regime fechado. Destaca-se que a 
atividade de artesanato, reconhecida como trabalho pelo juiz da execução, foi 
considerada como atividade laborativa conforme provimento 09/2007 do TJ-SE 
- Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe. Tal atividade, para a descrição dos 
dados quantitativos, foi acrescida nos gráficos e tabelas como trabalho. Nesse 
sentido, foi observado se os presos trabalharam, estudaram ou realizaram as 
duas atividades passíveis de remição, − visto que se encontra amparada pela 
LEP a atividade cumulativa dos dois −, e se ao final do cumprimento do regime 
inicial fechado conseguiram obter a remição da sua reprimenda penal durante a 
execução de pena. 
Nas diversas incursões até as duas Unidades prisionais pesquisadas 
não foi possível ter acesso aos internos para coletar maiores dados 
informativos e, consequentemente, conseguir informações pessoais dos 
internos que vivenciam o claustro e as suas dificuldades, permanecendo 
somente as versões dos funcionários dos estabelecimentos e dos diretores, 
que forneceram os dados quantitativos e informações dos procedimentos para 
a seleção, classificação e oferta de trabalho e estudo, bem como os critérios 
14 
 
para relatarem os dias e as horas a serem declarados como passíveis de 
abatimento de dias na sentença condenatória dos internos. 
O método utilizado passou a ser o misto, que se refere às estratégias de 
investigação, revelando que facilmente a depender da questão da pesquisa, as 
propostas de estudo podem empregar métodos quantitativos e qualitativos, 
podendo ser atribuído mais peso a um do que a outro, ora se iniciando com um 
e se concluindo com outro. A linguagem clara e decisiva − aliada a uma 
apresentação visual amena e abastada em exemplos, quadros e figuras − 
propicia uma leitura vantajosa (CRESWELL, 2010). 
Devido ao difícil acesso aos internos acautelados nas Unidades 
pesquisadas, as entrevistas dos assistidos do CCEP foram a única medida 
estratégica para obter informações detalhadas e fiéis dos procedimentos de 
seleção para conseguir laborar, das atividades disponíveis de cada Unidade 
penal e a disponibilidade de estudo para adquirir conhecimento, capacitação e 
recolocação social e uma possível reinserção ao convívio social. 
Aos entrevistados assistidos do CCEP, que consentiram em responder o 
questionário, foram formuladas duas perguntas pertinentes à pesquisa: 
1. Efetuaram trabalho ou estudo durante o período de claustro? 
2. Receberam remição em decorrência dessa atividade? 
Ressalta-se que o questionário elaborado para esta pesquisa teve como 
respondentes tanto os egressos prisionais como os funcionários e gestores de 
presídios, que se disponibilizaram a, voluntariamente, participar do 
levantamento de dados. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido, em observância ao que determina o Conselho Nacional de Ética 
em Pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
3 REVISÃO DE LITERATURA 
 
3.1 O SISTEMA PENITENCIÁRIO EM SERGIPE 
 
O Sistema Penitenciário sergipano se encontra sob a responsabilidade 
da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (SEJUC), que possui um 
departamento específico para questões prisionais, o Departamento Estadual do 
Sistema Penitenciário (DESIPE), incumbido da gestão das Unidades prisionais. 
A única penitenciária que difere desse padrão é a concebida sob o 
regime de cogestão entre o DESIPE e a empresa Reviver, a qual, frisa-se, 
atende satisfatoriamente aos padrões estabelecidos pela LEP. 
Conforme relata Fonseca et al. (2012) fica difícil a remição devido à falta 
de oferta de trabalho nos presídios do Estado, fato também descrito pelo 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
Segundo Fonseca et al. (2012), as condições de saúde e ambiente no 
sistema prisional sergipano se assemelham à situação do sistema nacional 
onde estão praticamente ausentes a assistência material e à saúde do preso, 
assim como a oferta de trabalho, que fortalecem a reinserção do preso no 
mercado de trabalho e sua ressocialização. 
Observa-se que no decorrer do trabalho foi possível verificar que são 
poucas as chances de trabalho ofertadas aos internos, sendo o estudo e o 
artesanato medidas paralelas de obtenção da remição. Além disso, os poucos 
internos que conseguem a chance de trabalho ou estudo, alcançando um 
período de abatimento de sua pena, muitas vezes não conseguem acionar o 
judiciário com o seu pleito de remição, seja por motivos burocráticos ou por 
falta de assistência jurídica para representá-lo na execução de pena. 
Para Carvalho (2008), um dos fatores de maior inconstância na 
execução da pena no Brasil é a demora do Poder Judiciário em atender os 
pedidos dos presos, primeiramente àqueles destinados a alterar o regime da 
pena, progressão de regime e livramento condicional. O atraso da magistratura 
em responder aos incidentes executivos é apontado como uma das causas de 
16 
 
inúmeros motins e rebeliões. A falta de estrutura pessoal e administrativa, 
contribui com a omissão estatal, no entanto a incapacidade administrativa do 
Poder Público não justifica lesões aos direitos fundamentais. 
Em seus estudos e pesquisas, Carvalho (2008) também reconheceu que 
o acesso à justiça pelo encarcerado se torna mais complicado quando um 
defensor não está presente. Outro ponto importante diz respeito à possibilidade 
de responsabilização dos agentes dos Poderes Judiciário e Executivo 
encarregados da execução penal. Vários estudos apontam queuma das 
realidades mais notórias no país é a violação dos direitos da pessoa presa por 
parte da administração pública. Infelizmente, esse fato se justifica por ser 
„variável histórica inevitável‟, visto a natureza autoritária das cadeias. Entende-
se que o Poder Judiciário também incide em ilegalidades ao não observar as 
regras do art. 5º, inciso XXXV, CF, o art. 66, incisos VI, VII e VIII, da LEP, que 
não presta a devida tutela à massa carcerária. 
Há forte percepção entre os detentos de que o grande número de 
hipossuficientes que carecem de representação no processo de execução 
acarreta uma sobrecarga na Defensoria Pública do Estado de Sergipe. Os 
termos garantistas citados na legislação de execução se encontram em 
diversos momentos violados, como afirma Carvalho (2008). Trata-se de um 
problema que pode ser solucionado se os órgãos públicos prestarem 
atendimento prioritário aos presos em cumprimento de pena. 
A eficácia do modelo garantista só poderá ser alcançada quando o 
controle das atividades administrativas ocorrer por meio do Poder Judiciário, 
exigindo do Poder Executivo o respeito à dignidade dos presos, suprindo-os de 
suas carências materiais e respeitando sua individualidade. Os subterfúgios 
utilizados pela administração não podem ser barreiras à atuação judicial 
(CARVALHO, 2008). Neste mesmo diapasão, Carvalho (2012), pondera sobre 
a remição no livro “Crítica à execução penal”: A remição é apontada como de 
origem histórica no direito medieval hispânico, como se apresenta está longe 
de perder sua atualidade, sobretudo quando inserida num sistema punitivo e de 
execução penal investido na base valorativa do paradigma da recuperação. 
Trabalhar na prisão não é basicamente inserir-se no mundo do trabalho, 
tal qual este ser incluído como uma classe referenciada no mundo extramuros. 
17 
 
O trabalho na prisão é o artifício instrumental para o acesso à remição, para a 
tática de acúmulo do tempo, para o ingresso lícito à liberdade. 
Silva e Cabral (2010) relatam em seu artigo “O trabalho penitenciário e a 
ressocialização do preso no Brasil”, a ausência de trabalho, as condições de 
remição para o condenado e a obrigação do Estado de gerar esse contato com 
o trabalho enquanto direito subjetivo do preso em face do Poder Público, mas 
os estabelecimentos penais e as cadeias geralmente são carentes de recursos 
materiais e humanos para ofertar trabalho digno a todos os encarcerados. A 
remição deverá ser deferida para os condenados que desejam trabalhar, mas 
não o fazem em decorrência do fato do Estado não prover as condições 
adequadas para o trabalho. No decorrer da pesquisa nas unidades prisionais 
visitadas se observou que são utilizados determinados critérios de seleção e 
capacitação, que definem quais são os internos passíveis de serem 
beneficiados, conforme as habilidades e atividade ocupacional anterior de cada 
um, a fim de contribuir para a sua ressocialização. 
Segundo dados constantes do CNJ e da SEJUC, o Sistema Prisional 
Sergipano possui 2.388 vagas, sendo que há 4.867 presos, ou seja, está 
103,8% acima de sua capacidade. O sistema dispõe de nove unidades 
prisionais, sendo oito masculinas e uma unidade feminina (PREFEM), que 
conta com 120 vagas. Destas unidades, quatro são para presos provisórios, 
dispondo de 1.741 vagas. O Estado conta também com um hospital de 
custódia (HCTP) destinado aos presos acometidos por problemas de saúde de 
ordem física e/ou mental em regime híbrido, ou seja, para presos condenados 
e os que aguardam julgamento. As duas unidades pesquisadas no presente 
trabalho, COMPAJAF e COPEMCAN, são de regime exclusivamente fechado 
sendo o primeiro privatizado sob direção da empresa RENASCER e o outro 
estatal, sob direção de funcionários do SEJUC e DESIPE. 
 
Gráfico 1 – População carcerária nos complexos COMPAJAF e COMPECAM 
 
18 
 
 
Fonte: AUTOR, 2018. 
 
 
3.2 REMIÇÃO PELO TRABALHO 
 
A remição é um dos mais importantes direitos do encarcerado, uma vez 
que se torna o único meio de que o mesmo dispõe para reduzir seu tempo de 
reclusão durante o cumprimento da pena. A remição se dará mesmo que o 
apenado não esteja amparado por algum órgão público ou entidades de 
Direitos Humanos, uma vez que esses pedidos podem ser confeccionados pelo 
próprio sentenciado. 
O apenado, que é a parte interessada na execução de sua sentença, 
possui o direito de requerer, visto que somente os titulares dos interesses em 
conflito têm legitimidade para se pronunciarem. 
 
O instituto da remição é uma das grandes inovações da Lei de 
Execução Penal e está intimamente ligado ao trabalho, que 
deve ser o mais importante fator de reeducação do condenado, 
pois somente através da laborterapia é que poderá haver 
realmente um tratamento adequado do preso, que vive em 
nossos presídios e cadeias públicas na mais completa 
ociosidade (NOGUEIRA, 1990, p. 147). 
 
O presente trabalho analisou o fluxo dos pedidos feitos pelos apenados 
que obtiveram a remição de sua pena, ou seja, a diminuição da pena aplicada 
na condenação que pode ser reduzida pelo trabalho, calculada da seguinte 
forma: três dias de trabalho por um dia de pena aplicada; 12 horas de estudos 
por um dia de pena. Sendo em alguns casos detectados na pesquisa que as 
remições também foram cumulativas com o trabalho e com o estudo, tendo 
alguns dos entrevistados adquirido um maior desconto de sua pena cumulando 
essas duas atividades e alcançando um maior período remido. 
 
10% 
49% 
41% 
População Carcerária 
COMPAJAF
COMPECAM
demais unidades
19 
 
O trabalho tem seu sentido ético, como condição da dignidade 
humana, e assim assume um caráter educativo. Se o 
condenado já tinha o hábito do trabalho, depois de recolhido ao 
estabelecimento penal o seu labor irá manter o hábito, 
impedindo que degenere; se não tinha, o exercício regular do 
trabalho contribuirá para ir gradativamente disciplinando-lhe a 
conduta, instalando na sua personalidade o hábito da atividade 
disciplinadora (MIRABETE, 1992, p. 103). 
 
Sobre a situação do ócio do encarcerado, observou-se que o período 
ocioso pode se tornar o pior inimigo do preso, não só porque no entender das 
autoridades sugere vadiagem e fracasso do tratamento ressocializador, mas 
também por patrocinar o envolvimento com ilicitudes. Daí a importância de 
viabilizar para que todas as condições de acesso ao trabalho possam ser 
realizadas no interior das Unidades prisionais (LEMGRUBER, 2004). 
Marques et al. (2014) elencaram os tipos de profissões exercidas pelos 
presos do Sistema Penitenciário Sergipano em 2013, conforme relatado na 
tabela 1. 
 
Tabela 1 – Tipo de profissão exercida pelos presos do Sistema Penitenciário 
Sergipano, 2013. 
Profissão /Ocupação Total % 
Autônomo 214 40,8 
Construção Civil 80 15,2 
Comércio 55 10,5 
Trabalhador Rural 40 7,6 
Trabalho Técnico 36 6,9 
Transporte 34 6,5 
Desempregado 22 4,2 
Sem informação 13 2,5 
Doméstico 11 2,1 
Pescador 8 1,5 
Estudante 8 1,5 
Profissional Liberal 2 0,4 
Funcionário Público 2 0,4 
Total 525 100,0 
Fonte: MARQUES et al., 2014. 
 
20 
 
3.3 O TRABALHO PRISIONAL 
 
A atividade laborativa gera no ser humano inúmeros efeitos positivos, 
como se observou no decorrer da pesquisa, o trabalho, sem dúvida, além de 
outros tantos fatores representa um instrumento de elevada importância para o 
objetivo maior da LEP, que é restaurar para a sociedade uma pessoa em 
condições de ser benéfica. É lamentável ver e saber que estamos no campo 
eminentemente pragmático, haja vista que as unidades prisionais da federação 
não têm aproveitado o potencial da mãode obra que os cárceres dispõem 
(KUHENE, 2013). 
O trabalho faz parte de um direito social atribuído a todos os cidadãos e 
está expressamente previsto na Constituição Federal (CF) em seu art. 6º. Com 
o intuito de não deixar que esse direito seja esquecido dentro das prisões, 
a LEP (BRASIL, 2009) em seu artigo 41, inciso II, também elencou o trabalho 
como sendo direito do preso, porém, infelizmente são poucos os 
estabelecimentos que fornecem vagas de trabalho aos reclusos. 
O trabalho prisional além de ser um importante mecanismo 
ressocializador, evita os efeitos corruptores do ócio, contribui para a formação 
da personalidade do indivíduo, permite ao recluso dispor de algum dinheiro 
para ajudar na sobrevivência de sua família e de suas necessidades, e dá ao 
detento uma maior oportunidade de ganhar sua vida de forma digna após 
adquirir liberdade. 
Como arrolado por Dias (1976), em seu artigo “A redenção das penas 
pelo trabalho” em entendimento escalonado: 
 
1º) Um fim social reparativo – o preso trabalha para si e para a 
sociedade; 2º) um fim social caritativo e de defesa de unidade 
moral da família – o condenado, ainda que recluso, continua 
sendo o cabeça da família, uma vez que a mantém com seu 
salário; 3º) fim medicinal e corretivo- busca-se com o sistema a 
dignificação e recuperação do réu; 4º) fim moral- elimina os 
perigos e vícios endêmicos da prisão causados pela 
inatividade; 5º) fim preventivo- o sistema prepara 
profissionalmente o preso para enfrentar-se posteriormente 
com a vida livre, já que a falta de um ofício ou meio honrado de 
sustento é muitas vezes, causa de reincidência (p. 252). 
 
Deve-se considerar também que o trabalho prisional é um meio de 
remição de pena previsto no art. 126, parágrafo 1º, inciso II da LEP, onde se 
21 
 
contabiliza que para cada três dias de jornada de trabalho, um dia será 
descontado da pena imposta ao sentenciado. Não são muitas as atividades 
ofertadas aos internos nas prisões sergipanas atualmente, tendo em vista a 
falta de contratos e parcerias do Estado com empresas privadas que se 
interessam por mão de obra prisional. Nesse sentido, Marques et al. (2014) 
apontam quais as atividades laborativas desenvolvidas pelos presos do 
Sistema Penitenciário Sergipano em 2013 (Tabela 2). 
 
Tabela 2 – Atividades laborativas desenvolvidas pelos presos do Sistema 
Penitenciário Sergipano, 2013. 
Atividades Laborativas 
Número de 
respostas 
% 
Não desenvolve 186 35,4 
Sem informação 167 31,8 
Artesanato 58 11,0 
Comunicação com os presos 22 4,2 
Limpeza 17 3,2 
Serviços gerais 14 2,7 
Culinária 11 2,1 
Estudo 9 1,7 
Costura 8 1,5 
Trabalho área saúde 5 0,9 
Artes 3 0,6 
Esporte 3 0,6 
Lavanderia 3 0,6 
Pintura 3 0,6 
Agricultura 2 0,4 
Construção civil 2 0,4 
Eletricista 2 0,4 
Marcenaria 2 0,4 
Serraria 2 0,4 
Serviço administrativo 2 0,4 
Serviço social 2 0,4 
Carpintaria 1 0,2 
22 
 
Jardinagem 1 0,2 
Total 525 100,0 
Fonte: MARQUES et al., 2014 
 
Além de todos os benefícios proporcionados ao preso, o trabalho 
também é uma forma de ressarcir o Estado pelas despesas advindas da 
condenação, sendo, portanto, favorecidos tanto o detento quanto o Estado, 
conforme serão demonstrados adiante no tópico 4. 
 
3.4 A EDUCAÇÃO NOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS 
 
No tocante à assistência educacional dentro das prisões, a LEP tratou 
do assunto nos arts. 17 à 21 e no art. 41, inciso VII (BRASIL, 2009). A 
educação nas prisões tem como principal finalidade qualificar o indivíduo para 
que ele possa buscar um futuro melhor ao sair da prisão, já que o estudo é 
considerado hoje um requisito fundamental para entrar no mercado de trabalho, 
haja vista a maioria dos detentos não possuir sequer o ensino fundamental 
completo. 
A exemplo do que ocorre com o trabalho, foi criada também a remição 
por estudo, prevista no art. 126, parágrafo 1º, inciso I da LEP (BRASIL, 2009). 
Com isso, a educação prisional além de incentivar o detento a buscar novos 
rumos ao adquirir liberdade, também é uma forma de diminuir os dias que 
devem ser cumpridos atrás das grades. 
A criação de novos tipos penais gera um aumento na legislação 
denominada inflação legislativa. Com o surgimento de novas normas penais, o 
Direito Penal deixou de ser considerado a ultima ratio e passou a tutelar bens 
jurídicos pertencentes a outros ramos do direito, tendo o princípio da 
intervenção mínima perdido totalmente o sentido. 
Pelo princípio da intervenção mínima cabe ao legislador deixar de 
incriminar qualquer conduta que não tenha grande importância para o Direito 
Penal e ao intérprete fica incumbida a função de analisar se determinada 
situação pode ser resolvida com a atuação de outros ramos da ciência jurídica. 
Assim, faz-se relevante uma reforma no Direito Penal voltada ao 
cumprimento do princípio da mínima intervenção para que a pena privativa de 
23 
 
liberdade seja utilizada somente nos casos em que não exista outra solução 
para a proteção do bem jurídico, evitando a prisão desnecessária de muitos 
indivíduos e, consequentemente, o aumento da população carcerária. 
 
3.5 O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
O desenvolvimento de políticas públicas é um fator fundamental para 
que o Estado possa oferecer uma execução da pena que atenda realmente aos 
objetivos da ressocialização do indivíduo. A falta dessas políticas públicas é um 
problema que reflete tanto fora como dentro das prisões, devendo as possíveis 
soluções serem divididas em três esferas diferentes: a estatal, a criminal e a 
penitenciária. 
Quanto à política pública estatal, faz-se necessário que o governo 
compreenda que, para diminuir o problema carcerário, deve-se investir em 
políticas públicas voltadas não somente para a execução penal, mas também 
para as áreas de educação, saúde, segurança, habitação e geração de 
emprego como forma de diminuir as desigualdades sociais existentes na 
sociedade, para que todos tenham mais oportunidades e para que ao término 
do cumprimento da pena o preso encontre o apoio necessário para refazer sua 
vida de forma digna. Ressalta-se a necessidade de uma política pública 
realizada dentro dos estabelecimentos carcerários, também denominada de 
política penitenciária. 
Para tanto, é indispensável o fomento do Poder Público para atender às 
necessidades estruturais dos presídios, tais como local para que os presos 
possam praticar atividades físicas, estudar, trabalhar e fazer suas refeições, 
assim como uma cela que atenda as características previstas na LEP. 
Existem alternativas para o sistema carcerário sergipano, muitas 
previstas na própria legislação. Em suma, o que falta é o comprometimento do 
governo e órgão públicos e privados, para que sejam postas em prática ações 
que procurem reduzir os níveis de violência e auxiliem na recuperação do 
detento, afinal, a finalidade da pena não é somente punir o condenado, mas 
também ressocializá-lo. Isso é visto no trabalho realizado pelo CCEP-SE, que 
recebe o apenado recém-saído do cárcere, o capacita e o insere no mercado 
por meio de contratos firmados em parcerias com órgãos públicos e privados, 
24 
 
propiciando uma segunda chance de traçar uma nova diretriz de vida longe da 
criminalidade que o desviava. 
 
3.6 EDUCAÇÃO 
 
Uma possível solução para o problema da não ressocialização, além de 
um maior investimento na estrutura das penitenciárias que possibilite as 
condições mínimas de higiene e conforto, seria o investimento na educação 
dos reclusos, visto que a maioria é composta por pessoas das classes sociais 
mais baixas e desprovidasde uma instrução mais sólida. 
Para Durkheim (1999), uma sociedade ideal seria aquela onde todos 
obedeceriam as regras e assim viveriam em harmonia uns com os outros. E 
para ele uma das formas de se chegar a essa sociedade seria a educação. Sua 
ideia de educação é a de formação de cidadãos integrados na sociedade. 
Os condenados são, em sua irrefutável maioria, pessoas de classes 
sociais mais baixas, desprovidas de qualquer tipo de ensino. Portanto, o 
processo educativo também poder ser um método de reinserção social para os 
encarcerados nas prisões. Esse processo educativo estaria, inclusive, 
preparando o apenado para o trabalho extramuros, diminuindo assim os vários 
incidentes prisionais, tais como rebeliões e mortes, visto que abrandaria as 
tensões cotidianas durante o encarceramento (MARCON, 2008). 
O incentivo ao trabalho como previsto no art. 28 da LEP, deve ser 
efetivado nas unidades prisionais, mas que atualmente sofrem com carência de 
efetivos humano e logístico para realizar tal atividade (BRASIL, 2009). 
O trabalho evita o ócio, evita o pensamento excessivo e lesivo, dá 
oportunidade para que o encarcerado possa alcançar alguma tarefa e cria uma 
perspectiva de ressocialização, de ter uma vida normal, trabalhando e 
amparando seus familiares. A Classificação Criminal (multi-mencionada) neste 
momento deveria funcionar para que fosse determinada a capacidade laboral e 
as aptidões do reeducando, tendo em vista seu melhor aproveitamento, 
inclusive em apoio à sociedade. Com isso, acreditamos que dois 
melhoramentos muito grandes surgiriam: primeiro, que o preso estaria 
aproveitando seu período de clausura trabalhando e, muitas vezes, 
aprendendo um ofício, inclusive, diminuindo seus dias de segregação (através 
25 
 
da remição); segundo, que estaria auxiliando a família, que na maioria das 
vezes não possui condições dignas de sobrevivência (MARCON, 2008). 
O que se necessita é de um sistema carcerário eficaz e bem organizado, 
que propicie o acesso do preso a novas oportunidades e à recondução para a 
sociedade, ou seja, a ressocialização. 
Carecemos julgar que a prisão e os castigos não se destinam a extinguir 
as infrações; mas antes a distingui-las, a distribuí-las, a utilizá-las; que visam 
não tanto tornar dóceis os que estão prontos a transgredir as leis, mas que 
tendem a organizar as infracções das leis numa estratégia geral de 
condicionamentos. A punição seria então uma maneira de gerir as ilicitudes, de 
riscar fronteiras de tolerância, de dar terreno a alguns, de fazer pressão sobre 
outros, de eliminar uma parte, de tornar benéfica outra, de paralisar estes, de 
tirar serventia daqueles. Em resumo, a punição não „reprimiria‟ pura e 
simplesmente as ilicitudes; ela as „distinguiriam‟, fariam sua „economia‟ geral. E 
se podemos falar de uma justiça não é só porque o modo de aplicá-la ser aos 
interesses de uma classe, é porque toda a gestão diferencial das ilicitudes por 
intermédio da penalidade faz parte dessas estruturas de superioridade. Os 
castigos legais devem ser recolocados numa tática global das ilegalidades. O 
„falho‟ da prisão pode ser sem dúvida abrangido a partir desse entendimento 
(FOUCAULT, 2001). 
O sistema carcerário sergipano em destaque não pode apresentar 
apenas uma função, a de isolar e excluir o indivíduo da sociedade, mas sim a 
de contribuir com a sua ressocialização. 
 
3.6.1 Remição pelo estudo 
 
O estudo é um dos direitos do preso que consta na legislação que trata 
das garantias básicas daqueles que são submetidos ao cumprimento de pena 
privativa de liberdade no Brasil. O Governo Federal criou uma política pública 
através do Decreto de nº 7.626 estabelecido pelo Plano Estratégico de 
Educação no Âmbito do Sistema Prisional (PEESP), que tem por finalidade 
ampliar e qualificar a oferta de educação nos estabelecimentos penais, 
contemplando a educação de jovens e adultos, a educação profissional e 
26 
 
tecnológica e a educação superior, podendo ser aderida pelos Estados e 
Distrito Federal. 
A Resolução Federal nº 4, de 30 de maio de 2016 dispõe sobre as 
diretrizes operacionais nacionais para a remição de pena pelo estudo de 
pessoas em privação de liberdade nos estabelecimentos penais do sistema 
prisional brasileiro. Já o Termo de Cooperação Técnica foi firmado entre a 
SEJUC e a Secretaria de Estado de Educação (SEED), para implantação do 
Programa Estadual de Educação Prisional em 14 de maio de 2013. 
Em Sergipe, foi homologado pelo Ministério da Educação e Conselho 
Nacional de Educação (CNE) em 10 de junho de 2015, que trata sobre remição 
de pena pelo estudo de pessoas em privação de liberdade no sistema prisional 
brasileiro (Plano Estadual de Educação Nas Prisões 2015-2016), pactuado 
entre o Ministério da Justiça e o Ministério da Educação. 
Segundo Julião (2012), os presos por ele entrevistados entendiam a 
ressocialização como sinônimo de reinserção social e compartilhavam a ideia 
de que a função do sistema penitenciário seria a de punir e ressocializar, em 
um nítido reflexo ao discurso prisional predominante. Para ele, a educação e o 
trabalho contribuiriam para a consecução desse objetivo, que seria a 
recuperação dos presos (JULIÃO, 2012). 
Alves (2003, p. 56) aponta para o fato que o “milagre da educação 
acontece quando se passa a ver um mundo que nunca tinha sido visto”. Por 
essa razão, é necessário apresentar a educação como ferramenta de 
libertação para um indivíduo enclausurado, que muitas vezes não é 
alfabetizado ou é analfabeto funcional. Educar pessoas que estão privadas de 
liberdade vai muito além de simplesmente alfabetizá-las (MARQUES et al., 
2012). 
A CF (BRASIL, 1988), sobre educação, fala em seu art. 105: 
 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração da 
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho. 
 
 
27 
 
Sobre a educação no sistema prisional em Sergipe, Marques et al. 
(2014) relataram que a maioria dos presos possuía Ensino Fundamental 
incompleto (Tabela 3). 
 
Tabela 3 – Grau de escolaridade dos presos do Sistema Penitenciário 
sergipano, 2013. 
Escolaridade Total % 
Analfabeto 23 4,4 
Alfabetizado 4 0,8 
Ensino Fundamental Incompleto 331 63,0 
Ensino Fundamental Completo 42 8,0 
Ensino Médio Incompleto 52 9,9 
Ensino Médio Completo 59 11,2 
Ensino Superior Incompleto 7 1,3 
Ensino Superior Completo 5 1,0 
Ensino Acima Superior Completo 0 0,0 
Sem informação 2 0,4 
Total 525 100,0 
Fonte: MARQUES et al., 2014. 
 
Ainda sobre a população carcerária de Sergipe, Julião (2012) afirma que 
a maior parte dela “não possui a formação básica, majoritariamente não 
concluiu o ensino fundamental (64,26%)” (p. 130). Nesse contexto, salienta-se 
que: 
 
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução 
escolar e a formação profissional do preso e do internado. A 
assistência educacional compreende o ensino do 1º grau, 
supletivo e/ou profissionalizante (BRASIL, 1984). 
 
Em que pese o caput do novo art. 126 da Lei 7.210/84 (BRASIL, 1984), 
aludir à remição como direito de quem cumpre pena em regime fechado ou 
semiaberto, o §6º estendeu o direito aos sentenciados em regime aberto ou em 
livramento condicional que frequentem curso de ensino regular ou de educação 
profissional e o §7º dilatou o direito inclusive em favor de presos cautelarmente. 
28 
 
Anos depois no Plano Nacional de Educação (PNE), foi instituído em 9 
de janeiro de 2001 que, em sua 17ª meta, previa implantar, em todas as 
unidades prisionais e nos estabelecimentosque atendam adolescentes e 
jovens infratores, programas de educação de jovens e adultos de nível 
fundamental e médio, assim como de formação profissional (BRASIL, 2001). 
Já a Lei 12.433/2011 (BRASIL, 2011a), que entrou em vigor no dia 29 de 
junho de 2011, alterou sensivelmente o panorama da remição de penas no 
Brasil. Ao modificar a redação dos artigos 126, 127 e 128 da LEP passou a 
permitir que, além do trabalho, o estudo seja causa de diminuição de pena. 
Essa lei revela importantes alterações legais que são benéficas aos presos e 
ao Estado e que poderão mitigar o grave problema da superpopulação 
carcerária. 
Tal lei cria ainda um prêmio ao preso que concluir comprovadamente o 
ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena. Assim 
ocorrendo, o tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 
1/3 (um terço), desde que a conclusão esteja certificada pelo órgão competente 
do sistema de educação (BRASIL, 2011a). 
Existem diversos instrumentos normativos que regulam a concessão da 
remição pelo estudo, quais sejam: Lei nº 9.394 de 1996 - Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação (LDB); Resoluções do Conselho Nacional de Política 
Criminal e Penitenciária (CNPC); e as Resoluções Federais nº 03 de 11 de 
março de 2009; nº 02 de 19 de maio de 2010; e, por fim, a nº 04 de 30 de maio 
de 2016. 
Além disso, existe o PEESP, cuja finalidade é “ampliar e qualificar a 
oferta de educação nos estabelecimentos penais [...] de forma que contemplará 
a educação básica na modalidade de educação para jovens e adultos, a 
educação profissional e tecnológica, e a educação superior” (BRASIL, 2011b, 
arts. 1º e 2º). 
 
3.6.2 Histórico de criação da remição de pena pelo estudo 
 
Apesar da educação ser um direito universal de todos os cidadãos, no 
que tange às pessoas privadas de sua liberdade, esse direito está inserido há 
pouquíssimo tempo. A oferta de educação nas prisões, apesar de já ter sido 
29 
 
inserida como direito na LEP e na LDB, passou a ganhar novos contornos a 
partir do ano de 2005 com a criação do Projeto Educando para Liberdade. Esse 
projeto promoveu a abertura de encontros e diálogos, onde foram 
desenvolvidas propostas que subsidiaram a elaboração das resoluções do 
CNE e do CNPC. 
Dentre as diversas resoluções, que tratam da remição pelo estudo, 
destacam-se a Resolução Federal nº 3 de 11 de março de 2009, na qual foram 
aprovadas as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação nos 
estabelecimentos penais no âmbito da política de execução penal; a Resolução 
nº 2 de 19 de maio de 2010, onde foram aprovadas as Diretrizes Nacionais 
para oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de 
liberdade no âmbito das políticas de educação; e, por último, a Resolução nº 4 
de 30 de maio de 2016, através da qual o CNE aprovou as Diretrizes 
Operacionais Nacionais para a remição de pena pelo estudo de pessoas em 
privação de liberdade nos estabelecimentos penais do sistema prisional 
brasileiro. 
Porém, somente em 2011 foi instituído o PEESP, através do Decreto de 
nº 7.626, que teve como finalidade ampliar e qualificar a oferta de educação 
nos estabelecimentos penais, contemplando a educação básica na modalidade 
de educação de jovens e adultos, a educação profissional e tecnológica e a 
educação superior. Para a sua adesão foi necessário que os Estados e o 
Distrito Federal apresentassem um plano de ação contendo o diagnóstico das 
demandas de educação no âmbito dos estabelecimentos penais, as estratégias 
e metas para sua implementação e as atribuições e responsabilidades de cada 
órgão. Por meio do envio desses planos, os Ministérios da Educação, junto 
com o Ministério da Justiça, fomentaram a elaboração de Planos Estaduais de 
Educação nas Prisões, o que foi pactuado no III Seminário Nacional de 
Educação nas Prisões realizado no primeiro semestre de 2012. 
Para subsidiar a elaboração dos planos, o Governo Federal apresentou 
um guia de orientações sugerindo que os planos contivessem informações 
sobre a gestão e organização da oferta de educação, a formação continuada 
de profissionais, exames de certificação de exames e estratégias de 
acompanhamento das ações. O plano foi estabelecido a nível nacional através 
do Governo Federal, que disponibilizou recursos para a sua iniciação, podendo 
30 
 
os Estados e o Distrito Federal aderi-lo de acordo com os critérios 
estabelecidos. 
 
Os Ministérios da Educação e da Justiça, reconhecendo a 
importância da educação para este público, iniciaram em 2005 
uma proposta de articulação nacional para implementação do 
Programa Nacional de Educação para o Sistema Penitenciário, 
formulando as suas Diretrizes Nacionais. (JULIÃO; SAUER, 
2012, p. 2). 
 
O Plano Estadual sugerido pelo Governo Federal para a adesão do 
programa foi elaborado pela SEED e SEJUC em agosto de 2012, seguindo as 
resoluções e os parâmetros estabelecidos. Ressalta-se que para a execução 
das atividades educacionais voltadas às pessoas que estão privadas de 
liberdade, foi constituída a Coordenação Pedagógica de Educação Prisional, 
que é um grupo interinstitucional composto por técnicos da SEJUC e da SEED. 
 
3.6.3 Implementação no Estado de Sergipe 
 
Seguindo as instruções apresentadas, o Estado de Sergipe aderiu a 
essa política pública por meio do Termo de Cooperação Técnica 01/2013 de 14 
de maio de 2013, instituído entre a SEJUC e a SEED. 
 
3.6.3.1 Objetivos 
 
O Termo elaborado teve por objetivo atender a resolução nº 2 de 19 de 
maio de 2010 do CNE e a resolução de nº 1 de 29 de março de 2012 do 
Conselho Estadual de Educação que institui Diretrizes Operacionais para oferta 
de educação para pessoas jovens, adultas e idosas em regime de privação de 
liberdade nas instituições penais mantidas pelo Sistema Prisional do Estado de 
Sergipe, visando a implantação progressiva de cursos da Educação de Jovens 
e Adultos (EJA), iniciando prioritariamente pela alfabetização e estendendo-se 
progressivamente aos níveis de Ensino Fundamental, Ensino Médio e Exames 
Supletivos. 
 
3.6.3.2 Detalhamento do Plano no Estado de Sergipe 
 
31 
 
Todo o detalhamento do objeto do Termo de Cooperação, tais como o 
cronograma, a execução, as metas, as etapas, os serviços e as ações foram 
apresentados através do Plano de Trabalho do Termo de Cooperação Técnica, 
no qual contém os dados cadastrais dos dois órgãos competentes, descrição 
do programa (título do projeto, identificação do objeto e justificativa da 
proposição), cronograma da execução, plano de aplicação e o cronograma de 
desembolso. 
Também constam no Termo as obrigações atribuídas a ambos os 
órgãos, SEED e SEJUC, a fim de tornar mais claro as atribuições de cada um e 
o projeto a ser desenvolvido sem maiores problemas no que tange a estes 
aspectos. É importante frisar que este Termo de Cooperação não prevê 
transferências de recursos entre os órgãos, sendo as verbas advindas do 
Governo Federal para custear essa política. 
 
3.6.3.3 Vigência no Estado de Sergipe 
 
O Termo de Cooperação, quando elaborado, possuía a vigência de dois 
anos a partir da sua assinatura, o que se deu em 14 de maio de 2013, podendo 
ser prorrogado por igual período, o que foi realizado pelo primeiro termo aditivo 
ao Termo de Cooperação Técnica nº 01/2013, que teve como objeto prorrogar 
o prazo de vigência do Termo de Cooperação e, consequentemente, do plano 
educacional nas prisões em Sergipe para o ano de 2017. Este Termo foi 
analisado pela Procuradoria do Estado, a fim de garantir a sua validade, onde 
foi aprovado desde que atendidas as especificidades estabelecidas. 
 
3.6.3.4 Justificativada adesão à Política Pública em Sergipe 
 
O Termo de Cooperação foi elaborado sob a justificativa de dar 
continuidade às ações conjuntas da SEJUC e SEED em prol da implantação 
progressiva de cursos da EJA, iniciando prioritariamente pela alfabetização e 
se estendendo progressivamente aos níveis de Ensino Fundamental, Médio e 
Exames Supletivos, exatamente como prevê a resolução nº 01 de 29 de março 
de 2012. 
32 
 
A educação nas Unidades prisionais sergipanas é de extrema 
importância não só para a pessoa que está privada da sua liberdade, como 
também para a sociedade como um todo, pois se trata de uma política que 
pode ao menos ressocializar a pessoa que se encontra apenada, a fim de que 
esta possa ter boas perspectivas de futuro ao sair da prisão, para que não se 
envolva novamente no mundo do crime. Tanto é assim, que devido aos seus 
resultados foi estabelecida a resolução nº 4 de 30 de maio de 2016 que dispõe 
sobre a remição da pena pelo estudo de pessoas que se encontram em 
privação de liberdade. Essa resolução se inseriu na estratégia de unificar os 
entendimentos a respeito da prática da remição de pena pelo estudo prevista 
na Lei de nº 12.433 de 2011 que por sua vez alterou a LEP. 
 
3.6.3.5 Sistema Carcerário Sergipano em 2016 
 
Na tabela abaixo se encontram informações detalhadas que destacam 
as Unidades prisionais, sua totalidade de internos e quantos deles estão 
matriculados no ensino básico ou fundamental. Percebe-se que, apesar do 
número de escolas disponíveis nas duas instituições prisionais pesquisadas, 
boa parte da população prisional não demonstra interesse por profissionais de 
ensino ou pelo material didático. 
 
Tabela 4 – Informações das unidades prisionais acerca do quantitativo de 
presos em relação à quantidade destes que estudam. 
Presídio População Estudando % 
COPEMCAN 2.475 170 6,8 
COMPAJAF 581 95 16,3 
Cadeião 550 0 0 
PREFEM 215 105 48,8 
HCTP 86 26 30,2 
Cadeia de Estância 190 0 0 
PRESLEN 347 0 0 
33 
 
PREMABAS 423 74 17,5 
TOTAL 4.867 470 9,6 
Fonte: EJA, 2016. 
 
 
O incentivo aos estudos deve estar presente nas unidades prisionais, 
pois é possível perceber que o letramento no cárcere contribuirá para a 
formação do reeducando na edificação de sentidos não apenas de um texto ou 
de uma obra literária, mas estabelecerá um diálogo com outros textos, 
permitindo desvelar uma compreensão maior e melhor das ações e métodos 
sociais de uso da escrita e da leitura no mundo, da linguagem e de seu poder 
comunicativo, na arte em todas as suas revelações de bens incompressíveis 
trazidos à sociedade desde a sua concepção. 
Oferecer a chance de educação em situações de aprisionamento, 
constitui-se uma forma de ampliar as condições de alcance à liberdade, de 
encurtar o tempo na prisão, de acreditar na ressocialização, de acatar a um 
direito institucional e humano, de proporcionar a possibilidade de adquirir 
diferentes habilidades de leitura e conhecimento nas práticas sociais de uso e, 
principalmente, promover o desenvolvimento do reeducando como sujeito de 
direitos e não como pessoa sob tratamento carcerário. 
 
3.7 REMIÇÃO PELO ARTESANATO 
 
Durante a pesquisa de campo nas Unidades prisionais, ficou destacada 
uma atividade que poderia ser reconhecida apenas como terapia ocupacional, 
mas que foi reconhecida como trabalho. Trata-se do artesanato, cuja prática é 
reconhecida pelo juiz da execução penal da 7ª Vara de execuções de Aracaju-
SE como passível de remição de pena. Assim, contando em suas decisões 
como atividade laborativa, muitos são os internos que se beneficiaram dessa 
atividade para diminuir a pena, tais como os que possuem incapacidade física 
ou mesmo os que não tiveram a oferta de outro trabalho. 
Esse projeto de lei nº 513 de 2013, ainda tramita no Senado Federal, 
para modificar a LEP, beneficiando assim os presos que necessitam remir a 
34 
 
sua reprimenda penal e não conseguem por falta de oferta dos 
estabelecimentos prisionais, a remição pelo artesanato se encontra presente 
na nova redação do dispositivo da execução penal que aguarda ser 
sancionado. 
 
Da Remição art. 126. O preso ou condenado poderá remir por 
trabalho, artesanato, leitura ou por estudo, parte do tempo de 
execução da pena. §1º O preso ou condenado poderá obter o 
benefício da remição de pena nos seguintes casos: I – de 
forma cumulativa, concedidos pelo estudo e pelo trabalho; II – 
através das atividades contempladas no projeto político 
pedagógico; III – através das atividades de leitura; IV – através 
da certificação de ensino fundamental e médio pelos exames 
nacionais ou estaduais (SENADO FEDERAL, 2013, grifo 
nosso). 
 
O artesanato demanda tempo e a sua execução exige paciência, 
atenção, cuidado e habilidade manual, o que representa importante ferramenta 
no combate ao ócio, pois permitirá a realização de uma tarefa que tira o interno 
da ociosidade, o deixa produtivo, desfocando da realidade que o cerca, e, por 
fim, ainda assegura a própria remição da pena. Como já referido, essa 
convergência de interesses é fundamental para o sucesso e a reinserção social 
dos presos. 
 
O tempo ocioso pode se converter no pior inimigo do recluso, 
não só porque no entender das autoridades sugere vadiagem e 
fracasso do tratamento ressocializador, mas também porque 
favorece o envolvimento com ilegalidades. Daí a importância 
de proporcionar todas as condições para que o trabalho possa 
ser realizado no interior dos cárceres (LEMGRUBER, 2004, p. 
354). 
 
A superpopulação das unidades penais pesquisadas se utiliza dessa 
oferta para ocupar o tempo do interno, sendo que cada unidade tem um critério 
subjetivo de avaliação do tempo a ser remido, através do período 
disponibilizado para a confecção do utensilio ou do objeto já pronto, como 
atribuição de horas em decorrência da complexidade do artefato. 
Na unidade COMPAJAF, conforme informação da direção, o interno se 
manifesta em querer confeccionar um determinado artefato de artesanato, o 
funcionário responsável lhe fornece os materiais e matéria prima e o interno o 
confecciona em sua própria cela, sendo para isso predeterminado um período 
para a entrega do artesanato e atribuída uma jornada de horas no período de 
35 
 
seis dias semanais, concluindo com a apresentação do artesanato pronto, 
deduzindo assim em dias trabalhados e passíveis de remição. 
Na unidade COPECAM, conforme informação da direção, o interno se 
manifesta junto à direção em realizar artesanato e seus familiares providenciam 
todos os objetos, sendo que após a conclusão do trabalho e da apresentação 
do artesanato pronto no prazo máximo de 30 dias lhe é atribuída uma jornada 
de horas referente a 21 dias trabalhados e assim debitado o período a ser 
remido. 
Todos esses critérios de seleção são subjetivos, devendo a análise ser 
feita pelo assistente social da unidade, de forma a fiscalizar a confecção e o 
trabalho artesanal. Somente após certificado pode ser pleiteado pelo defensor 
do apenado e encaminhado ao juiz da execução que declara a remição pelo 
trabalho a sombra do art. 126 da LEP. 
Nesses termos, se reconhece que é uma maneira de ocupar o período 
de claustro do interno e o beneficiar com a remição, diminuindo seu tempo de 
pena, contribuindo para a diminuição da população carcerária e motivando o 
interno a dar continuidade a uma futura atividade laborativa quando retornar 
aos seios da sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
4 RESULTADOS 
 
A seguir, a descrição das respostas dos 12 entrevistados, classificados 
pelas suas iniciais, de forma a seremmantidos os aspectos éticos: 
1) A. F. O. S. – 6 anos, 4 meses e 24 dias de condenação definitiva e 
execução penal. Cumpriu em regime fechado 11 meses e 17 dias. Não efetuou 
nenhuma atividade laborativa ou intelectual por falta de oferta do 
estabelecimento COPEMCAN. Não obteve remição de sua reprimenda penal. 
2) A. J. L. – 14 anos de condenação definitiva e execução penal. 
Cumpriu em regime fechado 4 anos, 5 meses e 7 dias. Trabalhou no 
COMPAJAF por 2 anos e meio. Obteve remição de 198 dias. 
3) E. C. – 11 anos e 7 meses de condenação definitiva e execução 
penal. Não efetuou nenhuma atividade laborativa ou intelectual por falta de 
oferta do estabelecimento COPEMCAN. Não obteve remição de sua 
reprimenda penal. 
4) C. P. S. – 15 anos de condenação definitiva e execução penal. 
Efetuou atividade laborativa e intelectual no COMPEMCAN. Remiu 100 dias 
pelo trabalho e 112 dias pelo estudo durante o período de claustro de 4 meses 
e 9 dias. 
5) A. S. O. – 10 anos, 9 meses e 18 dias de condenação definitiva e 
execução penal. Efetuou atividade laborativa no COMPEMCAN. Remiu 195 
dias pelo trabalho. 
6) E. S. A. – 15 anos de condenação definitiva e execução penal. Não 
efetuou nenhuma atividade laborativa ou intelectual por falta de oferta do 
estabelecimento COPEMCAN. Não obteve remição de sua reprimenda penal. 
7) L. M. F. – 14 anos de condenação definitiva e execução penal. 
Efetuou atividade laborativa no COMPEMCAN no período de 1 ano. Remiu 4 
meses e 3 dias durante o período de claustro. 
8) L. N. S. – 12 anos de condenação definitiva e execução penal. 
Efetuou atividade laborativa no COMPEMCAN. Remiu 12 meses e 21 dias 
durante o período de claustro. 
9) R. S. S. – 12 anos de condenação definitiva e execução penal. 
Cumpriu em regime fechado 3 anos e 4 meses. Não efetuou nenhuma 
37 
 
atividade laborativa ou intelectual por falta de oferta do estabelecimento 
COPEMCAN. Não obteve remição de sua reprimenda penal. 
10) W. M. S. – 6 anos e 3 meses de condenação definitiva e execução 
penal. Trabalhou no COMPAJAF por 1 ano. Obteve remição de sua reprimenda 
penal de 3 meses. 
11) W. V. G. J. – 22 anos de condenação definitiva e execução penal. 
Efetuou atividade laborativa no COPEMCAN. Obteve remição de 281 dias de 
sua reprimenda penal. 
12) J. B. L. A. – 6 anos, 4 meses e 15 dias de condenação definitiva e 
execução penal. Cumpriu 2 anos no COMPAJAF. Alega ter trabalhado, porém 
não recebeu remição. 
Quanto às entrevistas dos funcionários, a funcionária da unidade 
prisional COMPAJAF (identificada como A. G. V. S), falou sobre o critério de 
seleção e oferta de trabalho e estudo aos internos, descrevendo várias 
atividades passíveis de remição, sendo tais funções facultativas e devidamente 
cadastradas em um sistema informativo exclusivo da empresa terceirizada 
“Renascer”, a única unidade prisional privatizada na cidade de Aracaju. 
A funcionária do CCEP (identificada como D. S. N), informou que são 
muitos os apenados que procuram o conselho para se cadastrar e aguardar 
uma chance de trabalho junto aos contratos e parcerias com órgão públicos e 
egressos do CCEP, sendo que a maioria alega ter trabalhado e estudado na 
unidade em que ficou acautelado. Porém, em alguns casos nada consta em 
seu processo de execução referente à remição de pena decretada pelo juiz da 
execução. 
Os egressos que buscam auxilio para encontrar trabalho junto ao CCEP 
são cadastrados, entrevistados e classificados pela atividade que exerciam 
antes ou durante o claustro, porém, muitos informam ter permanecido ociosos 
durante o período prisional fechado, por não ter sido ofertado a possibilidade 
de trabalho ou profissionalização na Unidade Penal. 
O gerente da COMPAJAF (identificado como A. M. M. S), informou que 
todas as atividades laborativas ou educativas são registradas e contabilizadas 
em horas conforme a LEP, sendo para fins de remição e contando com 
motivação do defensor, Ministério Público ou do próprio interno, para assim 
encaminhar as referidas informações à Vara de execuções, relatando as 
38 
 
atividades desenvolvidas e os dias remidos adquiridos pelo sentenciado 
acautelado na referida unidade. 
No COPEMCAM foi informado que são poucas as ofertas de trabalho no 
estabelecimento por falta de condições de segurança, espaço e funcionários 
capacitados para a qualificação dos internos. O presídio estadual em pauta 
sofre com a superlotação, pois foi projetado para acautelar 800 internos e hoje 
se encontra com 2.475, sendo ofertadas somente 55 vagas para trabalho 
interno. Além disso, a direção acrescenta que são ofertadas as atividades 
educacionais, porém, atualmente há apenas 70 inscritos estudando na 
Unidade. 
Dentre as variáveis reunidas, destacam-se os dados sociodemográficos 
e socioeconômicos que possibilitaram identificar o perfil dos presos, os tipos de 
crimes por eles praticados, a repercussão das atividades laborativas e 
educacionais, além de aspectos positivos e negativos das unidades prisionais. 
Percebeu-se, em relação ao COMPAJAF (Figuras 1 e 2), que houve 
queda no quantitativo da população carcerária ativa quando comparados os 
anos de 2013 a 2016 (Gráfico 2). Os funcionários informaram que nos anos de 
2013 e 2014 as opções de trabalho eram maiores pois eram confeccionadas 
bolas e tapeçarias, além das atividades já existentes, sendo essas atividades 
extintas nos anos seguintes, diminuindo assim o fluxo de trabalho dos internos. 
 
Gráfico 2 – População carcerária do COMPAJAF nos anos 2013 a 2016. 
 
Fonte: AUTOR, 2018. 
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
2013 2014 2015 2016
Total de Internos
Inativos
Ativos
39 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Vista frontal da unidade COMPAJAF. 
 
Fonte: AUTOR, 2018. 
 
Figura 2 – Vista da sala de aula durante aprendizado, COMPAJAF. 
 
Fonte: AUTOR, 2018. 
 
No COPEMCAN (Figuras 3 e 4), unidade que comporta mais da metade 
dos presos de todo o Estado, há seis salas de aula que possibilitam que os 
internos trabalhem e estudem, cumulando as duas hipóteses autorizadoras da 
remição, abreviando, ainda mais, o tempo de suas penas. Entretanto, isso é 
40 
 
raramente observado (Gráfico 3). Importante ressaltar que tais informações 
serão também confrontadas com os dados da pesquisa de campo, mais 
adiante. 
 
Gráfico 3 - População carcerária do COPEMCAN nos anos 2013 a 2016. 
 
Fonte: AUTOR, 2018. 
 
Figura 3 – Vista frontal da unidade COMPECAN. 
 
Fonte: AUTOR, 2018. 
 
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
2013 2014 2015 2016
Total de Internos
Inativos
Ativos
41 
 
Figura 4 – Vista da sala de aula durante aprendizado, COMPECAN.
 
Fonte: AUTOR, 2018. 
 
Conforme o gráfico e a tabela dos demonstrativos apresentam, no ano 
de 2016 somente 10% da população carcerária das unidades pesquisadas 
conseguiram remir a reprimenda penal imposta. Sendo que 76% dos internos 
permaneceram sem exercer nenhuma atividade passível de remição e 14% 
realizaram alguma atividade no decorrer da sua permanência de reclusão, 
porém não pleiteou o abatimento da pena pela remição, ou seja, não requisitou 
junto à Unidade penal a documentação probatória para enviar ao juiz da 
execução ou não sabe se efetivamente ela ocorre, ou ainda, não sabe informar 
se esse direito se aplica ou não ao caso dele, pelo fato de não desenvolver 
atividade laborativa (Gráfico 4). 
 
Gráfico 4 – População carcerária em Sergipe em 2016.
 
Fonte: AUTOR, 2018. 
 
76% 
14% 
10% 
população carcerária de Sergipe em 
2016 
inativos ativos remiram
42 
 
Tabela 5 – Ocorrênciade remição pela participação em atividades laborativas 
pelos presos do Sistema Penitenciário Sergipano, 2013. 
Remição pela atividade laborativa Total % 
Foi beneficiado com remição da pena 117 22,3 
Não foi beneficiado com remição da pena 51 9,7 
Não desenvolveram atividade laborativa 339 64,6 
Sem informação 18 3,4 
Total 525 100,0 
Fonte: MARQUES et al., 2014. 
 
As normas relacionadas a atividades laborativas e intelectuais dos 
presos estão previstas nas “Regras Mínimas de Tratamento do Preso” 
estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), as quais estipulam 
que o trabalho deve ser suficiente para ocupar o preso durante uma jornada 
diária normal, devendo haver regulamentação de número máximo de horas 
(ONU, 1955). Já a LEP estabelece em seu art. 33 o limite de oito horas diárias 
para a jornada de trabalho. 
Ocorre que, embora o trabalho possua sentido restaurador, à vista do 
efeito corrosivo da ociosidade, a atividade laborativa desenvolvida pelos 
reclusos no interior dos presídios, em particular os de Sergipe, acontecendo 
nas áreas de limpeza, alimentação e jardinagem, dentre outros (MARQUES, 
2013). Registra-se, contudo, que há em muitos presídios brasileiros uma 
estrutura para o desenvolvimento de trabalhos industriais, artesanais e de 
marcenaria, sendo o resultado dessas duas últimas atividades apresentado em 
exposições e comercializados, retornando como renda extra para os internos. 
Em Sergipe, de acordo com as informações da direção do DESIPE, esse 
movimento já aconteceu, mas hoje segue com a marcenaria em produção 
reduzida, funcionando apenas em duas unidades, que são CESARB II e 
PRESLEN. 
Em relação ao trabalho no sistema prisional do Estado de Sergipe, a 
pesquisa de campo sinalizou que há muito mais presos interessados em 
trabalhar e se ocupar, aprender um ofício e remir sua pena do que postos de 
trabalhos oportunizados. Em verdade, o que os presos revelaram é a vontade 
de realizar qualquer atividade laborativa desde que sejam capacitados para 
43 
 
tanto e que há uma carência grande na oferta de atividades laborativas 
(MARQUES, 2013). 
Como referido, segundo informações prestadas pela SEJUC, em contato 
direto, as atividades laborativas desenvolvidas nas unidades prisionais são: 
serigrafia e artesanato na COMPAJAF, e pintura, padaria e culinária no 
COPEMCAN, sendo que em todos, os serviços de manutenção, limpeza e 
jardinagem são realizados pelos internos, salvo no COMPAJAF, que por ser 
privatizado possui uma empresa terceirizada para a realização desses 
serviços. Sobre o tema trabalho penal, Foucault (2001) discorre nesse sentido: 
 
Em sua concepção primitiva o trabalho penal não é o 
aprendizado deste ou daquele ofício, mas o aprendizado da 
própria virtude do trabalho. Trabalhar sem objetivo, trabalhar 
por trabalhar, deveria dar aos indivíduos a forma ideal do 
trabalhador. Talvez uma quimera, mas que havia sido 
perfeitamente programada e definida pelos quakers na América 
(constituição dos workhouses) e na Holanda. Posteriormente, a 
partir dos anos de 1835-1840, tornou-se claro que não se 
procurava reeducar os delinquentes, torná-los virtuosos, mas 
sim agrupá-los num meio bem definido, rotulado, que pudesse 
ser uma arma com fins políticos e econômicos. O problema 
então não era ensinar-lhes alguma coisa, mas ao contrário, não 
lhes ensinar nada, para se estar bem seguro de que nada 
poderão fazer ao sair da prisão (p. 133-134, grifo nosso). 
 
O trabalho durante a execução de pena é um direito do apenado e se 
torna um dos requisitos subjetivos para a obtenção do regime aberto, da prisão 
domiciliar e do livramento condicional. Como se vê ele está presente em todas 
as fases do cumprimento da pena, mas são poucos os que se prontificam a 
exercer essa atividade. Ressalta-se ainda o pouco material acerca do 
entendimento atualizado no tema tanto no Brasil como em Sergipe. 
Há entendimento segundo o qual o trabalho contribui muito pouco para 
emancipação do preso e um futuro reposicionamento no mercado de trabalho 
(JULIÃO, 2012). Salvo raras exceções, o que se vê inclusive em Sergipe, são 
subempregos que não serão replicados no ambiente além dos muros, ou seja, 
mecanicamente executados, sem qualquer sentido, salvo o terapêutico 
(MARQUES, 2013). 
44 
 
Neste entendimento sobre o dispositivo da atividade para a obtenção 
da remição penal, alguns Tribunais reconhecem a deficiência das Unidades 
prisionais e já foram alvos de vários pleitos sobre essa carência de trabalho: 
 
Em sendo assim, percebemos que como o trabalho, segundo a 
LEP, reveste-se de direito e de dever, o Estado deve 
proporcioná-lo, e, assim não o fazendo, por omissão e desídia 
sua, exclusivamente, deverá, em contrapartida, reconhecer em 
favor daquele apenado que quer trabalhar, mas que não pode 
por ausência de vaga, ou, que está laborando, em atividades 
internas nas galerias, já que assim o faz por que o Estado não 
consegue lhe dar o mínimo, nem sequer patrocinar a sua 
segurança no presídio, a chamada remição ficta 
(CAPPELLARI, 2017, p. 47). 
 
Existe uma modalidade de remição denominada “remição ficta”, que é o 
reconhecimento de uma remição em favor de presos que, conquanto dispostos 
a trabalhar se viram impossibilitados, em função de o estabelecimento Prisional 
que o acautela não lhe proporcionar esse direito. Esse tipo de remição ainda 
engatinha no entendimento dos Tribunais Brasileiros, mesmo reconhecido o 
direito ao trabalho do encarcerado a impossibilidade de atividades laborativas 
para toda a população carcerária e a precariedade do sistema prisional, os 
presos em sua maioria, cumprem a sua reprimenda penal em regime fechado 
no ócio de suas masmorras. 
Para Alvim (1986), “a finalidade da remição não é, como apregoar 
aqueles profissionais do Direito, a reinserção social” (p. 286). O autor conclui 
que o objetivo da remição é exclusivamente aquele que se propõe na letra da 
lei, ou seja, reduzir por meio do trabalho a pena privativa de liberdade. 
Contudo, por computar a remição com uma das mais importantes 
imagens na execução da pena, a explanação da entidade demanda 
ampliatividade, pois se fosse o contrário infringiria a própria lógica do sistema 
que batalha pela ressocialização (CAPPELLARI, 2017). Essa ressocialização 
que não vem fluindo como consta em nossa LEP, abandonando o direito do 
preso ao trabalho e ao estudo. O Estado, que possui a tutela dos presos, deve 
trabalhar para que todos os meios possíveis se esgotem no sentido de ofertar e 
disponibilizar esse direito ao seu prisioneiro. 
 
 
45 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Conforme analisado no presente trabalho, o quantitativo de presos em 
remição no período entre os anos 2013 e 2016 é pequeno se comparado ao 
total da população carcerária nas duas unidades no mesmo período. 
Deve ser dado destaque dentro do sistema prisional ao único 
estabelecimento dentre os pesquisados que se encontra sob administração 
privada (o COMPAJAF), salientando-se que, embora essa unidade não receba 
apenados além de sua capacidade projetada (476 vagas), atualmente conta 
com 581 internos, sendo esse excesso decorrente do envio de presos 
provisórios que estão aguardando audiência de custódia. 
O COMPAJAF obteve maior índice de internos em atividades educativas 
e laborativas e dispõe de uma equipe de profissionais para viabilizar e 
capacitar os internos em diversas atividades ocupacionais, além de possuir um 
quadro de professores e escola apta para alfabetização, ensino básico e 
médio. Possui um sistema informativo e classificatório que contém todos os 
dados das atividades realizadas por cada interno. Tal sistema viabiliza a

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