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GRANDESSO, M. A. Famílias e narrativas - histórias, histórias e mais histórias. Resumo informativo

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RESUMO INFORMATIVO
Rosemberg Jônatas Gomes de Sousa1
GRANDESSO, M. A. Famílias e narrativas: histórias, histórias e mais histórias. In: 
CERVENI, C. M. A. (Org.). Família e … São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. p. 13-
29.
Nossas experiências e a construção de sentido da vida se dão por meio das
múltiplas possibilidades de narrativas organizadas pelo discurso. 
Na visão construcionista social, a construção de significados se dá num
processo mais amplo, o qual está em acontecimento mesmo antes de ingressarmos
no mundo. Com nossa chegada, ao habituarmos, contribuímos com nossas histórias
e envolvimentos, e depois partimos. A vertente narrativa apresenta a ideia de que
dizer é fazer, portanto a linguagem e fala assumem importância fundamental para
trazer sentido à existência e à construção de relações.
A narrativa pode ajudar na construção do sentido da existência, da identidade,
da noção de mundo e na organização da experiência. Essa é a função generativa da
fala.
Narrativa e família
Valores, tradições, sentimento de pertencimento, noção de si mesmo e cultura
familiar são transmitidos por meio das redes de conversações em família, criando
novas identidades e papéis. Os significados construídos da família são exclusivos
para cada pessoa e família, gerando diferentes versões de uma mesma história.
As famílias vivem histórias estruturadas em modelos oferecidos por meio de
vozes significativas e que se destacam através das gerações. Arranjos de gênero,
relacionamento entre pais e filhos etc., podem ser melhor compreendidos por meio
das histórias de família. Histórias de família proporcionam a preservação da
autoestima, sentido de continuidade, possibilidades de novas socializações e
afiliações.
Nas redes de conversações em família, emoção e linguagem se entrelaçam,
gerando o emocionar humano e mostrando nosso modo de viver, bem como de
nossos filhos e o mundo. É por meio da linguagem que damos conotação aos mitos,
1 Acadêmico do curso de Psicologia da UNESP - Bauru. E-mail: rosemberg.psicologia@fc.unesp.br 
valores, símbolos e ritos, pois sem a linguagem, eles não existiriam em si mesmos.
Um emocionar em torno de conversação, as narrativas e as circunstâncias do
viver dão novo significado para a vida humana, nos constituem na nossa identidade
e organizam a constituição familiar não apenas no momento, mas passam também
para gerações vindouras. As narrativas são construídas em meio a um contexto
onde há trocas nas relações de diferentes instituições e estruturas sociais onde
valores e visões de mundo próprias são sustentados.
Narrativa e terapia
A abordagem narrativa com referencial pós-moderno tem como pressuposto
que a linguagem e as histórias têm efeitos reais na vida das pessoas, trazem
organização e dão sentido ao viver nas dimensões cultural e ideológica.
Os relatos oferecem ao terapeuta e ao cliente elementos para a construção
de uma nova realidade de maneira conjunta. Histórias que são qualitativamente
melhores para o sistema podem ser construídas por meio da terapia narrativa, que
consiste na desestabilização de histórias dominantes saturadas de problemas,
desconstrução de práticas subjugadoras do self e em mudanças nas narrativas
organizadas, onde temas alternativos visem gerar novas opções potenciais para as
histórias de vida, bem como diferentes percepções dos eventos extraordinários
vividos. Busca-se a história da identidade por meio da re-escritura da autobiografia.
Na técnica de externalização faz-se a distinção entre pessoa e problema em
entidades separadas. 
A prática terapêutica inicia com a investigação do inédito na vida das pessoas,
olha para o comum culminando em mundos extraordinários. O discurso dominante
mantém as aparências nos relacionamentos, famílias e comunidades, produzindo
identidades normatizadas e definindo pessoas e relações. Espera-se que o
terapeuta narrativo tenha um posicionamento crítico perante as ideias dominantes
de cultura e valores, contadas em histórias que legitimam e silenciam vozes.
Por meio da objetivação do problema e da desconstrução de narrativas
dominantes, o self e as relações podem ser libertados das práticas sociais que
determinam o certo e o errado. A audiência que escuta as narrativas alternativas
(testemunhas externas) tem papel fundamental, podendo refletir e compartilhar
recordações com a pessoa ou família em terapia. A técnica de re-membrar é
utilizada para trazer para o discurso pessoas importantes na vida da pessoa, assim
como excluir do relato pessoas que foram nocivas de alguma maneira, formando
assim o “clube da vida”.
Por meio da recurso do re-membramento, a audiência, mesclando seus
relatos e o da família, pode ajudar a pessoa a recontar a sua história, dando origem
a uma re-narração de uma história já narrada, cuja nova construção será mais rica e
possibilitará à pessoa em terapia nova visão de si mesma, das relações e
perspectiva de futuro, desde que assim sejam por ela qualificadas.
No início do processo terapêutico, não há como saber onde vamos chegar. As
histórias alternativas e a externalização do problema são recursos propostos pelo
terapeuta.
Finalizando
A vida é multi-historiada, por onde seres humanos procuram dar sentidos às
experiências vividas. Os temas com seus valores e ideologias são compreendidos e
organizados em tempo e espaço pelas narrativas.
Os relatos de experiência não estão acabados. Novas versões são feitas por
meio da inserção de outros eventos nas histórias dominantes. Nossas histórias são
socialmente construídas, tendo como coautores outras vozes, que são por nós
internalizadas e estão a serviço da reconstrução de significados, segundo a visão
socioconstrucionista. 
Na terapia narrativa pós-moderna trabalha-se na indeterminação da
construção de histórias e da vida, sem direcionar o que é melhor ou mais funcional
para famílias ou pessoa. Os significados são forjados no processo de conversação
terapêutica.
As histórias possuem sempre múltiplos autores e é da mescla dessas
variadas versões que se dá a construção dos significados organizadores das
histórias dominantes permeadas de problemas.
Palavras-chave: Terapia narrativa pós-moderna. Reconstrução de significados. 
Histórias dominantes.

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