Buscar

Exame de recorrencia PSICOLINGUISTICA Lucio

Prévia do material em texto

Introdução
Nesta pesquisa da cadeira de Psicolinguística pretende-se reflectir acerca do “ texto narrativo como estratégia terapêutica para o desenvolvimento da oralidade”. A pesquisa é desenvolvida no âmbito da realização do Exame de Recorrência da cadeira em referência, pela Universidade Católica de Moçambique - Centro de Recursos de Milange. Como se depreende, a narração é o tipo de texto mais usual e frequentemente usado como estratégia terapêutica para o desenvolvimento da oralidade, porque o acto de relatar os factos ou contar histórias é intrínseco ao ser humano desde as suas origens e está atrelado em todas as culturas e classes sociais. De certa forma, os textos narrativos contribuem enormemente para a educação das crianças, porque nas sociedades hodiernas, é contar-se histórias para ensinarem valores, costumes, modos de vida, embora hoje em dia, esse valor dado ao contador de histórias tenha passado a ser compartilhado por muitas pessoas, já que qualquer pessoa pode contar histórias, mesmo sem muita prática com a habilidade da oralidade. Entretanto, em termos de estrutura, a pesquisa é constituída por introdução, desenvolvimento com base em revisão da literatura que, para além das referências de outros autores, o autor desta pesquisa procura dar seus pontos de vista e, finalmente, por uma conclusão. Contudo, metodologicamente, a pesquisa irá guiar-se em fontes bibliográficas.
Objectivos
O presente trabalho foi elaborado tendo em vista a alcançar os seguintes objectivos:
Geral
· Compreender o texto narrativo como estratégia terapêutica para o desenvolvimento da oralidade.
Específicos 
· Explicar a presença de recursos da oralidade em narrativas para facilitar o domínio da leitura;
· Reflectir sobre o desenvolvimento da linguagem oral nas narrações ou contagem de histórias;
· Contemplar as práticas ou costumes orais como factor primordial para o desenvolvimento da oralidade em sala de aula.
1. O texto narrativo como estratégia terapêutica para o desenvolvimento da oralidade
Muitos estudiosos já abordaram sobre a terapêutica estratégia dos textos narrativos servirem de meios para o desenvolvimento da oralidade nas pessoas, um deles é, portanto, Barthes et al. (2011) que refere “a narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todos as sociedades; a narrativa começa com toda a história da humanidade; não há em parte alguma povo algum sem narrativa, todas as classes, todos os grupos humanos tem suas narrativas …; a narrativa está aí, como a vida” (p. 19).
Portanto, do excerto acima, podemos afirmar que os alunos já trazem consigo suas narrativas quando chegam ao ambiente escolar. Sendo essas dos mais variados tipos: lendas, contos, fábulas, novelas, romances, dramas, tragédias ou comédias.
A oralidade, neste sentido tem um papel importante no processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Pois, para que o aluno consiga aprender a língua portuguesa é necessário que ele pratique a fala, isto é, a oralidade. A prática da oralidade contribui para a melhoria da dicção do aluno, torna o aluno desinibido ao expressar-se em língua portuguesa, facilita a descodificação do sentido de uma mensagem transmitida oralmente pela comunicação social. 
A produção de narrativas é a possibilidade para o desenvolvimento da oralidade. Para isso pode-se utilizar da roda de histórias para a expressão das narrativas infantis, o acto de contar histórias sempre existiu, veio de várias gerações passadas, serviam para educar as crianças explicar os mistérios da natureza. Em África, o hábito de contar histórias veio dos negros que, através de lendas e mitos procuravam explicar os mistérios da natureza, contando, deste modo, as suas gerações (Augusto, 2011: 20). 
As narrativas, como qualquer outro texto, é um produto imaginário tanto verídico e pode ser utilizado como um rico corpus de análise da língua em uso, considerando que, por meio dela, muitos modos de ver e sentir o mundo se expressam linguisticamente.
Se nos reportarmos aos tempos antigos, antes da descoberta da escrita, verificaremos que, nessa época, todos os ensinamentos da humanidade eram repassados através de narrativas orais de geração em geração e eram armazenados na memória humana. Destaque-se que este repasse, era feito somente pela oralidade, o que provavelmente favorecia que cada um que contasse uma história, fosse acrescentando a ela um pouco de suas crenças e medos.
De certa forma, os textos narrativos contribuem enormemente para a educação das crianças, porque nas sociedades hodiernas, é contar-se histórias para ensinarem valores, costumes, modos de vida. Hoje em dia, esse valor dado ao contador de histórias passou a ser compartilhado por muitas pessoas, já que qualquer pessoa pode contar histórias, mesmo sem muita prática com a habilidade da oralidade.
Craidy e Kaercher (2001), dando ênfase a narrativa como estratégia terapêutica para o desenvolvimento da oralidade afirmam que a criança deve entender a função social da leitura, o porquê aprender, qual a função da leitura na vida das pessoas, a criança tem que ter clareza “qual o sentido e o valor de saber ler e escrever na sociedade em que vivemos, é preciso, em relação às crianças, discutir o valor dessa linguagem tanto na vida delas - presente, imediata e quotidiana, quanto os motivos pelos quais ela existe neste planeta” (p. 142).
Como se pode notar, as crianças/ alunos já trazem em suas memórias textos narrativos que ouviram de seus familiares e amigos e, são capazes de contar histórias marcadas por sua cultura, seus dialectos e suas vivências.
Segundo Rodrigues (2001), a narração é o tipo de texto mais usual e frequentemente usado como estratégia terapêutica para o desenvolvimento da oralidade, porque o acto de relatar os factos ou contar histórias é intrínseco ao ser humano desde as suas origens e está atrelado em todas as culturas e classes sociais. 
Sendo assim, essa tipologia (narrativa) é um instrumento para a compreensão da oralidade, visto que, uma narração possui sempre a característica de contar algo que pode ser real ou imaginário, sem importar-se se trata de uma lenda, uma novela, uma crónica, uma fábula, um drama ou uma comédia (Charaudeau, 2012: 75). 
De acordo com o que discorremos vimos que é essencial perceber que oralidade é um processo dinâmico que se desenvolve a partir de situações que sejam altamente significativas para as crianças/ alunos (Augusto, 2011).
Partindo do princípio de que as crianças já possuem algum conhecimento devemos trazer à tona esse conhecimento, registando-os possibilitando uma avaliação. Os professores devem valorizar esses conhecimentos ainda que estejam desorganizados, explorando junto com as crianças diversas fontes de informações como, lendas, contos, fábulas, novelas, romances, dramas, tragédias ou comédias jornais, revistas, livros, enciclopédias, vídeos, etc., revendo suas hipóteses e transformando-as.
Além da companhia do adulto para desenvolver a oralidade, Augusto (2011), pondera que é preciso no ambiente pedagógico organizar espaços e tempos para que favoreça o desenvolvimento da linguagem oral, para que as crianças vivenciem situações de comunicação real, como dar um recado para algum funcionário da instituição ou comunicar os familiares em casa, além disso, o professor pode preparar ambientes aconchegantes no momento de leitura e contagem ou narração de histórias e situações de roda de conversa, fazendo com que o aluno faça o uso da linguagem oral em uma prática dialógica e envolvente.
Brincar com textos orais, também, é um recurso importante para a criança desenvolver a oralidade. Segundo Augusto (2011), a língua oferece experiência para as crianças, pois brincar com as palavras é função exercida pelos falantes. “Brincar com palavras é motivo de diversão para as crianças, não é por acaso que as crianças, na educação infantil, entram em contacto com esse verdadeiro acervo popular” (Augusto, 2011: 56).
Portanto, a leitura e contagem de histórias é uma possibilidade que beneficia a criança fazendocom que ela pronuncie melhor as palavras e se comunique melhor de forma geral. O reconto de histórias as crianças podem ouvir e recontar histórias, produzindo-as enriquecendo sua linguagem, estimulando sua imaginação. A estratégia de reconto de histórias além de estimular o gosto pela oralidade também poderá ser de grande valia para a avaliação do desenvolvimento linguístico da criança (Augusto, 2011: 21).
Daqui podemos concluir que, conversar, narrar, brincar e comunicar-se podem se constituir como eixos fundamentais da organização do trabalho com a linguagem oral na escola, pois, em todos os casos, não faltam oportunidades para aprender. E tudo vale a pena para tornar o quotidiano das crianças mais falantes atrelados na oralidade.
Craidy e Kaercher (2001: 79) ponderam que a “prática de recontar histórias, além de incentivar o gosto pela oralidade, constituiu uma importante estratégia de avaliação do desenvolvimento linguístico da criança, observando-se como está se expressa oralmente no mundo”. Para esses autores, outra sugestão para trabalhar a oralidade com as crianças é a dramatização que segundo Craidy e Kaercher (2001), “é representar, ao vivo, narrações ou acções. Personagens, enredo, tema, acção e diálogos são elementos considerados básicos na dramatização”.
Conclusão
De certa forma, os textos narrativos contribuem enormemente para a educação das crianças, porque nas sociedades hodiernas, é contar-se histórias para ensinarem valores, costumes, modos de vida. Entretanto, hoje em dia, esse valor dado ao contador de histórias passou a ser compartilhado por muitas pessoas, já que qualquer pessoa pode contar histórias, mesmo sem muita prática com a habilidade da oralidade. Portanto, no reconto de histórias as crianças podem ouvir e recontar histórias, produzindo-as enriquecendo sua linguagem, estimulando sua imaginação. Chegado a este ponto, podemos dizer que, a estratégia de reconto de histórias além de estimular o gosto pela oralidade também poderá ser de grande valia para a avaliação do desenvolvimento linguístico da criança, para além do desenvolvimento da leitura, da dramatização e produção das narrativas. Portanto, é essencial perceber que o processo da linguagem oral é dinâmico e necessita de situações e possibilidades altamente significativas, por isso devem ser trabalhadas diariamente. 
Bibliografia
Augusto, S. de O. (2011). A linguagem oral e as crianças: possibilidades de trabalho na educação infantil. Educação Infantil: diferentes formas de linguagem expressivas e comunicativas. Caderno de formação: didáctica dos conteúdos formação de professores. São Paulo: Cultura Académica.
Barthes, R. et. al. (2011). Análise estrutural da narrativa. Rio de Janeiro: Vozes.
Charaudeau, P. (2012). Linguagem e discurso: Modos de Organização. São Paulo: Contexto.
Craidy, C. M. ; Kaercher, G. E. (2001). Educação infantil: Pra que te quero? Porto Alegre. Artmed.
Rodrigues, R. (2001). O artigo jornalístico e o ensino da produção escrita. In: Rojo, R. (Org.). A prática de linguagem em sala de aula. SP: Mercado das Letras.

Continue navegando