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Bioética AULA 2

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Unidade
2
Critérios para tipologia dos discursos bioeticistas
Bioética se tornou uma pluralidade discursiva tão 
complexa, difusa e difundida que vários autores já 
procuram sistematizá-la, sob as mais diversas formas. 
Um dos primeiros, já em 1978, foi Reich (1978), 
que coordenou uma tentativa de compilar essas 
discussões sob a forma de enciclopédia, da qual 
resultou a Enciclopédia de Bioética, revisada pela 
primeira vez em 1995. Em 1998, Singer e Kuhse 
(2001) organizaram um compêndio, Compêndio 
de Bioética, que tomou como ponto de partida 
justamente a pluralidade de opiniões sobre 
temas e defi nições de Bioética.
Ainda no âmbito das produções coletivas, dessa 
vez sob a tutela de entidades representativas, 
temos três importantes declarações.
a) Declaração de Gijón, produzida pelo Comitê 
Científi co da Sociedade Internacional de 
Bioética, em junho de 2000;
OBJETIVO DESTA UNIDADE:
Tipifi car os paradigmas, enfoques, vertentes e 
valorações classifi catórias das narrativas bioeticistas.
BIOÉTICA: discursos, paradigmas e enfoques
Curso de Bioética40
b) Declaração Ibero-Latino-Americana, datada de 1996 e revisada em 
1998, produzida pelos participantes do Encontro sobre Bioética 
e Genética de Manzanillo, em 1996, e de Buenos Aires, em 1998, 
procedentes de diversos países da América Ibérica e da Espanha; e,
c) Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos, homologada 
pela Unesco, em 2005, durante sua 33a conferência.
Em todos os casos, individuais ou coletivos, tratam-se de compilações 
consensuais que focam a discussão em problemas éticos e políticos típicos 
dos países capitalistas desenvolvidos, o que produziu novos dissensos.
Em função desse perfi l, vários autores da África e da América Latina 
vêm destacando a necessidade da inserção de questões pertinentes 
aos problemas dessas regiões do planeta nas discussões sobre Bioética. 
Na América Latina, como é o nosso caso, tem se sobressaído tanto a 
imitação de modelos bioeticistas tipicamente euro-americanos quanto 
a busca por modelos mais consonantes com a ética da vida.
Por ética da vida, na ótica de Clotet (2003, p.47), tem se nomeado 
a luta dos povos desse continente por alimentação, saneamento 
básico, transporte, trabalho, renda, justiça e dignidade, culminando 
na necessidade de uma Bioética da pobreza.
O argumento de Clotet (2003) para a inserção de uma Bioética da 
Pobreza é o de que a peste do século XX não é a Aids, mas a pobreza.
Em função disso, se não houve desenvolvimento técnico-científi co na 
América Latina que justifi que o temor do descontrole da ciência, tal 
como tem aparecido na Europa e EUA pós-guerra, há, no mínimo, o 
temor da cobaia. A razão desse temor seria decorrente das revelações 
que vieram à público com os escândalos de Nuremberg (Alemanha 
nazista), em 1947, e Belmonte (EUA), em 1978, nos quais fi cou-se 
sabendo que as populações mais vulneráveis foram (ou são?) usadas 
como cobaias para testes de novos fármacos e técnicas terapêuticas.
No Brasil, em termos de produção coletiva sob a forma de compêndios 
e manuais já temos uma quantidade a perder de vista, como nos 
mostra Braga (2002). No entanto, com o intuito de compilar os diversos 
Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 41
sentidos de Bioética somos mais tímidos, destacando-se os esforços 
de Pessini e Barchifontaine (2005), Zoboli (2003), Pozzi (2001) e Gurgel 
(2010).
Classificação dos paradigmas de Pessini e Barchinfontaine
Pessini e Barchifontaine (2005, p.46-49) propuseram, em 1995, a reunião 
dos mais diversos sentidos da Bioética americana em 10 paradigmas, a saber:
• Principialista;
• Libertário;
• Das virtudes;
• Casuístico;
• Fenomenológico e hermenêutico;
• Narrativo;
• Do cuidado;
• Do direito natural;
• Contratualista; e,
• Antropológico personalista.
Classificação dos enfoques de Zoboli
Zoboli (2003, p.29-31) rejeita a nomenclatura paradigmas, preferindo 
enfoques, e tornou popular quatro:
• Principialista;
• Das virtudes;
• Do cuidado; e,
• Casuística.
Classificação das vertentes valorativas de Pozzi
Pozzi (2001) também não chama de paradigmas, mas de Vertentes 
valorativas da Bioética Contemporânea. Trata-se de uma sistematização 
dos tipos de discursos com base na análise de conteúdos. Para essa 
autora, existem vertentes valorativas que podem ser usadas como 
Curso de Bioética42
marcadores dos conteúdos discursivos sobre Bioética. Sua análise 
propõe três modelos: situacionista, moderantista e oposicionista, 
conforme se observa no quadro a seguir:
Quadro 1: Vertentes valorativas da Bioética Contemporânea de acordo 
com Pozzi
Bioética Situacionista Bioética Moderantista Bioética Oposicionista
Dissolução crítica do sujeito de 
conhecimento na aceitação da suposta 
neutralidade tecno-científi ca.
Perspectiva crítica do sujeito de 
conhecimento no contexto da vigília sobre 
os usos e aplicações do conhecimento.
Perspectiva crítica do sujeito de 
conhecimento a partir da mudança 
de cosmovisão e da natureza do 
conhecimento.
Bases racionalistas, utilitaristas, 
positivistas, pragmáticas, tendo o sujeito 
pleno domínio da liberdade e exercício 
ilimitado das possibilidades do conhecer, 
intervir e agir.
Bases racionalistas e deontológicas.
Bases fi losófi cas de crítica ao racionalismo 
e ao dualismo. Incorporação do 
sentimento como elemento constitutivo 
de moralidade. Metafísica.
Microética secular. Macroética secular e religiosa institucional.
Macroética secular/mística/religiosa 
institucional.
Justifi cadora e legitimadora do progresso 
quantitativo ilimitado.
Utópica.
Crítica do progresso quantitativo ilimitado 
e suas possíveis consequências Ajustes na 
utopia.
Crítica ao progresso quantitativo ilimitado 
através de propostas superadoras. Não-
utópica.
Antropocêntrica contemporânea com 
bases no individualismo e apologia do 
sujeito racional na perspectiva dualista.
Antropocêntrica com incorporação da 
solidariedade social e discussão sobre 
sentido mais abrangente da alteridade.
Não-antropocêntrica e não 
contemporânea.
Aplicada. Normativista. Estabelecimento 
de regras de ação sobre critérios 
mínimos sem aprofundamento no campo 
axiológico.
Tentativas de articulação entre o campo 
dos valores e das normas.
Em fase de grande esforço de 
fundamentação teórica.
Bioética de resultados. Efi cácia.
Ação a-posteriori. Adequação social 
aos benefícios. Imperialismo do Fazer. 
Inevitabilidade do processo.
Bioética analítica. Implicações e 
avaliações sociais, políticas, econômicas 
e culturais do impacto tecno-científi co. 
Ação a posteriori. Avaliação dos riscos 
e benefícios. Delimitação do fazer e 
adequação prudente do ser perante 
sua potencialidade. Inevitabilidade do 
processo: necessidade de controle.
Bioética analítica e ação a-priori.
Desconstrução dos pressupostos 
fundacionais da tecnociência e previsão 
negativa a longo prazo dos avanços tecno-
científi cos.
Perspectivas superadoras em termos de 
pensamento e ação. O fazer visto a partir 
de doutrinas do Ser.
Especialização e institucionalização ofi cial. Institucionalização, transdisciplinaridade.
Transdisciplinaridade e institucionalização 
alternativa.
Cosmovisão Moderna Cientifi cista. Cosmovisão Moderna não cientifi cista. Cosmovisão Pós-Moderna.
Visão «molecular» e reducionista, da 
Natureza, entendida como matéria 
em movimento, máquina (fenômenos 
externos).Objeto exterior de domínio. 
Reprodução e hereditariedade objetivadas 
em sistemas determinísticos. Os seres 
vivos são redutíveis às suas partes físicas 
e bio-químicas elementares.Manipulação 
empírico intervencionista e abstração 
matemática. Intervenção no processo 
evolutivo natural.
Mantém a ideia de um objeto de 
conhecimento despojado de valor e a 
separação do Ser e do Dever-Ser, sem 
questionar os pressupostos ônticos da 
cosmovisão científi ca.
Teorias biológicas da auto-organização 
e dos sistemas complexos(cosmovisão 
sistêmica). Holismo. Filosofi as e teorias 
(busca de fundamentos fi losófi cos, 
científi cos e religiosos que favoreçam o 
entendimento da Natureza do ponto de 
vista teleológico e fi nalístico. Os seres 
vivos não podem ser reduzidos às suas 
partes. Interdependência e interconexão. 
Ser humano: ser vivo singular e em vínculo 
de pertença.
Responsabilização formal e resolução de 
confl itos entre partes.
Responsabilização formal crítica Responsabilização ontológica.
Fonte: POZZI (2003, p.315)
Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 43
Classificação das valorações axiológicas de Gurgel
Por fi m, mas não menos importante, Gurgel (2010) faz uma leitura 
analítica das narrativas bioeticistas e propõe classifi cá-las pela análise 
axiológica das valorações (GURGEL, 2003) com as quais esses autores 
operam. As perguntas norteadoras são: o que se encontra como 
sentido oculto nas mais diversas abordagens de Bioética? O que há 
além do espetacular em muitos desses acontecimentos que têm 
passado à ordem do dia como o jeito contemporâneo de se fazer ética? 
Qual o sentido ontológico, aquele que designa as propriedades do termo 
Bioética e cuja valência está para além de suas delimitações consensuais? 
A que tem servido esse termo na sociedade contemporânea?
A hipótese apresentada em Gurgel (2010) é a de que Bioética é uma 
valoração como outra qualquer, portanto, submetida às mesmas regras 
axiológicas da valoração em geral, conforme observa-se na estrutura 
dos seus proferimentos. Essas regras nos dizem que uma sentença 
axiológica é uma valoração (ou juízo de valor) cujos termos estão 
defi nidos pelos seguintes tipos de valorações bioeticistas:
• Bioética como valoração normativa;
• Bioética como valoração aplicada;
• Bioética como valoração descritiva; e,
• Bioética como valoração analítica.
Graças à sua simplicidade, e como o objetivo não é cobrir todas as 
tipologias dos paradigmas bioéticos, vamos aprofundar, neste curso, 
a classifi cação proposta por Zoboli (2003), ao mesmo tempo que 
acrescentamos algumas contribuições ao seu trabalho.
Teoria dos Enfoques em Bioética
A multiplicidade de discursos é reunida por Elma Zoboli em quatro 
enfoques, já mencionados, cada um com suas variantes internas, 
mas que podem funcionar como tipos-ideais nos quais são pensados 
contemporaneamente a Bioética. A saber:
Curso de Bioética44
Enfoque principialista
O Enfoque principialista dá ênfase aos princípios e aos atos, mais 
afi liado à Ética normativa. De acordo com Zoboli (2003, p.25), Tom 
Beauchamp e James Childress, em 1979, se tornaram os responsáveis 
pelo lançamento desse enfoque, especialmente após a publicação da 
obra Princípios de ética biomédica, em 1979, na qual sugerem uma Ética 
médica fundamentada em quatro princípios: a benefi cência, a não-
malefi cência, a autonomia e a justiça.
As teorias principialistas de Beauchamp e Childress (2001) repousariam 
sobre as teses de Ross (1930), para o qual os princípios são prima facie, isto 
é, obrigam a ação de forma condicional – dependendo do contexto no qual 
ocorrem os confl itos. Não há, portanto, uma hierarquia de valores a priori.
É bem verdade que nem todo principialista permanece fi el à tese 
condicionalista de Ross (1930). Alguns, como Gracía (1998), já 
romperam com essa postura e buscam trabalhar com um principialismo 
hierárquico. Em suma, o Enfoque principialista tem as seguintes 
qualidades, como escreve Zoboli (2003, p.27):
O principialismo não faz abstração de caos, porque as 
compreensões dos princípios e de suas implicações 
tornam-se possíveis com a realização de juízos em 
circunstâncias concretas. O enfoque principialista, com 
efeito, centra-se na análise dos atos, especialmente os 
confl itivos, buscando o modo de resolver as pendências. 
Assim, nas deliberações relativas à assistência médico-
sanitária, esta teoria ética pode, e deve, dialogar com 
outras. Os princípios constituem referenciais que 
alertam para a necessidade de não ser malefi cente, de 
não ser injusto, de respeitar a autonomia das pessoas e 
de ser benefi cente para com elas.
O principialismo tem infl uenciado muitos autores brasileiros, em 
especial aqueles de tendência mais normativa. No entanto, mesmo 
autores que pregam que Bioética é única e exclusivamente uma espécie 
de Ética aplicada, têm recorrido a esses princípios.
Enfoque da casuística
De acordo com Zoboli (2003), outro enfoque nos estudos atuais de 
Bioética é o da casuística. Esse, mais de tendência histórica, se liga 
Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 45
diretamente às preocupações de médicos, teólogos e fi lósofos que 
estavam voltados para os problemas que assolavam o mundo na 
década de 1960, especialmente, na sociedade norte-americana.
Trata-se de uma postura que traz as discussões teóricas para a análise 
de casos concretos, como lembra Zoboli (2003, p.28): “[...] percebem-
se discutindo casos, e não teorias, sentindo a necessidade de uma 
abordagem que se mantenha mais próxima das particularidades e 
circunstâncias da situação em foco”. Essa postura recebeu o nome de 
“método de casos”, e fi cou assim defi nida:
A análise de questões éticas, usando procedimentos 
de equacionamento baseados em paradigmas e 
analogias, levando à formulação de uma opinião 
de expertise sobre a existência e a abrangência de 
obrigações morais particulares, que são moduladas 
em termos de regras e máximas que são gerais, mas 
não universais ou invariáveis, uma vez que asseguram 
o bem com certeza somente nas condições típicas 
do agente e das circunstâncias do caso (JONSEN; 
TOULMIN, 1988 apud ZOBOLI, 2003, p.28).
Clotet (2003) comunga com essa postura. Para ele, a Ética aplicada 
trouxe novo fôlego à pesquisa fi losófi ca no âmbito da Ética. Após citar 
o trabalho de Stephen Toulmin, How medicine saved the life of ethics, 
ele atesta:
[...] este encostamento da ética fi losófi ca tradicional 
aos grandes problemas da humanidade tirou da apatia 
e isolamento os grandes especialistas e propiciou o 
diálogo multidisciplinar sobre alguns dos grandes 
temas que afetam a humanidade (CLOTET, 2003, p.30).
Para fundamentar sua hipótese, Clotet (2003) recorre a alguns 
raciocínios da Ética contemporânea, uma espécie de recurso à 
autoridade. Esse recurso complementa a argumentação a favor de uma 
Bioética aplicada. São eles:
Falar claramente
Aqui Clotet (2003) recorre a Bernard Williams, que tem uma proposta 
de aproximação conceitual entre a linguagem da Filosofi a moral e a 
Curso de Bioética46
linguagem em que são tratados os problemas. Para Williams (apud 
CLOTET, 2003, p.30): “[...] os fi lósofos da moral devem aproximar-se 
e examinar as questões atuais em cujos termos as pessoas pensam os 
problemas de hoje”.
Falar consensualmente
Nesse ponto, a autoridade evocada é H Tristam Engelhardt, que tem 
uma proposta de unifi cação de alguns paradigmas de moralidade em 
meio à diversidade cultural axiológica. Diz Engelhardt (apud CLOTET, 
2003, p.31):
[...] é imprescindível ao nosso desafi o moral e cultural 
contemporâneo a justifi cação de alguns princípios 
morais que possam ser compartilhados por pessoas 
diferentes numa época de apatia e fragmentação 
moral.
Falar utilmente
Agora ele recorre a Richard M Hare, talvez o mais “agressivo” de 
todos,que é fi liado à tese de que a Medicina salvou a Ética, por isso, a 
Ética tem como tarefa primordial pensar os problemas concernentes à 
Medicina. Para Hare (apud CLOTET, 2003, p.31):
[...] se o fi lósofo moral não pode ajudar nos problemas 
de ética médica, deve fechar a loja. Os problemas de 
ética médica são tão fortemente ligados à fi losofi a 
moral, que sempre foi considerado que esta poderia 
oferecer uma grande ajuda nesse terreno; e se fosse 
assim, seria explícita a inutilidade dessa disciplina ou a 
incompetência profi ssional da mesma.
A tese de Hare é reforçada com o argumento de David C Thomasma. 
Esse último compartilha da tese do anterior, apresentando a 
aproximação da Filosofi a moral aos problemas da Medicina como uma 
obrigação moral do fi lósofo. Diz Thomasma (apud CLOTET, 2003, p.31): 
“[...] estou defendendo que os fi lósofos não podem oferecer ajuda nas 
consultas, senão que devem fazê-lo”.
A clareza das ideias e a superação de um discurso individualizado e 
inútil formam os paradigmas de uma Ética pública, que tipifi ca o que 
Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 47
esse enfoque chama de “era do discurso moral público”. Essa era teria, 
na opinião de Clotet (2003, p.32), como característica dominante, a 
“transição da ética especulativa para a ética aplicada”.
Tal postura tem uma crença: the good reasons approach (aproximar as 
boas razões) Trata-se de uma crença nascida dentro da abordagem da 
Ética normativa que prega a possibilidade de os juízos morais serem 
racionais, imparciais e informados. Alguns dos pensadores fi liados 
ao the good reasons approach eram metaéticos, que se renderam 
posteriormente à Ética aplicada.
Ainda sobre essa postura, Zoboli (2003, p.29) esclarece que:
[...] os casuístas consideram que no equacionamento 
e no juízo éticos não se apela aos princípios, direitos 
ou virtudes, mas a casos paradigmáticos, analogias, 
modelos, esquemas classifi catórios e inclusive à 
intuição imediata e à capacidade de discernimento
Como “método de casos”, esse enfoque prisma pelos casos acontecidos 
ou alguns experimentos mentais como realidade a ser debatida pelos 
bioeticistas. Oportunamente, neste curso, faremos alguns exercícios 
aplicando essa metodologia.
Enfoque das virtudes
Se o enfoque anterior está direcionado para os atos, para os casos, 
este se direciona aos sujeitos, aos agentes, “[...] com vistas a defi nir 
seus hábitos e suas atitudes de caráter” (ZOBOLI, 2003, p.29), o que 
chamamos virtude. Mas, o que vem a ser isto que nomeamos virtude, 
não é uma tarefa fácil.
Esse enfoque, um tanto especulativo, procura critérios éticos objetivos 
para decidir sobre a moralidade dos atos e sujeitos humanos. Assim, 
uma ação pode até ser virtuosa, embora o sujeito que a pratica não.
A sugestão para a compreensão de virtude dada por Zoboli (2003) é 
a greco-cristã, mas, especialmente, aristotélico-tomista. Há outras 
evidentemente, mas desde que Bioética se move, primordialmente, em 
ambiente cristão, ela tende a aceitar algumas contribuições da teologia 
Curso de Bioética48
tomista, em especial, na confecção de um arcabouço moral para o 
mundo contemporâneo. Em suma, as virtudes têm sido vistas como 
“um componente motivacional dos princípios éticos” (HAUERWAS 
apud ZOBOLI, 2003, p.29).
De certo modo, o Enfoque das virtudes está ligado ao principialismo, 
no sentido de que pensa ser possível estabelecer uma relação entre 
os princípios fundamentais de Bioética e as virtudes que lhe são 
correspondentes. Zoboli (2003) mostra que Beauchamp e Childress 
(2001) já tinham essa preocupação e estabeleceram a seguinte relação:
Quadro 2: Relação entre princípios e virtudes em Bioética
Princípios Virtudes correspondentes
Autonomia Respeitabilidade
Não-malefi cência Não-malevolência
Benefi cência Benevolência
Justiça Justiça
Fonte: Zoboli, 2003, p.30
No entanto, a relação entre princípios e virtudes não é forte o sufi ciente 
para se proteger de críticas. Por um lado, há quem defenda uma 
postura liberal dentro de Bioética que pense a relação entre sujeitos 
do ponto de vista contratual, como uma relação de consumo, na qual 
impera uma “Medicina de estranhos” (nas palavras de Robert Veatch).
Por outro lado, há uma postura revisionista que não aceita a pronta relação 
entre os princípios e as virtudes, mas também não descarta a possibilidade 
de uma fundamentação de princípios e regras éticos. Essa é a posição, 
por exemplo, de Alasdair MacIntyre ao publicar em 1994 a obra After 
Virtue, na qual defende uma contextualização histórica dos princípios 
e regras morais, evitando assim a postura ético-metafísica. Para esse 
autor, as normas morais são produtos de uma socialização solidária de 
certas questões e desafi os enfrentados por determinadas comunidades 
históricas, e que, através de um processo global de socialização, vão-se 
constituindo como paradigmas morais universalizados.
Se remontarmos novamente aos paradigmas éticos do aristotelismo-
tomista, temos algumas características dominantes dentro da Ética 
que são consideradas pelo especialista em Bioética que se deixa 
“Medicina de estranhos”, 
ou mais precisamente uma 
“Medicina entre estranhos”, 
corresponde à nossa 
realidade de prontos-socorros 
e hospitais lotados com 
atendimentos impessoais e 
altamente rotativos. Como 
não haveria um paradigma de 
virtudes para nortear essas 
relações elas fi cariam a mercê 
do direito.
Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 49
orientar por esse enfoque: as propriedades das virtudes e as condições 
de possibilidades para que um ato seja considerado ético.
Propriedades das virtudes
As virtudes possuem quatro propriedades: é um hábito adquirido, é 
um hábito voluntário, é uma ação mediana (meio-termo), é um ato 
prático. Essas propriedades admitem variáveis, mas juntas constituem 
o fundamento da ética aristotélica.
A virtude como um hábito adquirido
O hábito, ou disposição de caráter, na qualidade de uma propriedade 
da virtude, faz dessa uma aquisição pela repetição dos atos mediante 
um esforço e a tenacidade na prática do agir bem; e não como algo que 
brota espontaneamente da natureza humana.
A “natureza” (physis) dá, ao mais, certas aptidões ou disposições, 
tanto para as virtudes morais como para as virtudes intelectuais. Isso 
explicaria uma certa variedade nos modos de agir entre os homens, 
pois, as disposições com as quais os indivíduos nascem são diferentes 
e os tornam mais ou menos susceptíveis às paixões. Mas, chegar a 
converter tais disposições em hábitos fi rmes e permanentes requer um 
longo exercício e às vezes uma luta enérgica para vencer as inclinações 
torcidas e submetê-las ao domínio da racionalidade.
A virtude como um hábito voluntário
As virtudes, tais como os vícios, não são atos constituídos apenas do 
conhecimento, mas também, e principalmente, da vontade: não basta 
somente conhecer o bem para praticá-lo, ou conhecer o mal para não 
cometê-lo, é preciso querer. Desse modo, longe é esta daquela teoria 
atribuída a Sócrates: o vício é a ignorância da ciência que é a virtude.
Isso não signifi ca que a ética não seja um saber. Ao contrário, como 
Filosofi a da prática não se trata de uma “competência cognitiva” 
Curso de Bioética50
(episteme) direcionada para o saber enquanto tal, mas pelo saber que 
torna prudente. Assim, a prudência se torna sinônimo da própria Ética: 
o homem ético é o homem prudente. Contudo, ninguém aprende a ser 
prudente sem que a sua vontade participe deste ensino.
O ato voluntário constitui matéria privilegiada no exame sobre as 
virtudes.
No exame dado por Aristóteles à escolha, o elemento conhecimento é 
completadopor um outro que se situa entre ele e a escolha: a vontade, 
que necessariamente deve ser livre. Ao que os cristãos posteriormente 
classifi cariam como livre-arbítrio.
A virtude como uma ação mediana
O texto aristotélico que abre a temática sobre a virtude como justa 
mediania diz respeito tanto ao método quanto à verdade da investigação. 
Diz respeito ao método no sentido de que não devemos exigir desse 
tipo de competência cognitiva uma exatidão ao modo da matemática, 
por exemplo. E, diz respeito também à verdade que apresenta, porque 
a virtude não deve ser entendida nem como um excesso, nem como 
uma carência, nem como um meio termo exato entre um e outro:
Em tudo que é contínuo e divisível pode-se tomar mais, 
menos ou uma quantidade igual, e isso quer em termos 
da própria coisa, quer relativamente a nós; e o igual 
é um meio-termo entre o excesso e a falta. Por meio-
termo no objeto entendo aquilo que é equidistante de 
ambos os extremos, e que é um só e o mesmo para 
todos os homens; e por meio-termo relativamente a 
nós, o que não é nem demasiado nem demasiadamente 
pouco – e este não é um só e o mesmo para todos 
(ARISTÓTELES, EN, II, 6, 1106a 26-34).
Desse modo, a Ética das virtudes é um caminho do equilíbrio entre 
o excesso e a carência. Uma regulamentação entre a escassez e a 
abundância. Seja com relação às ações humanas, seja com relação às 
coisas.
Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 51
A virtude como ato prático
Aristóteles (1987) diz que há condições necessárias e condições 
sufi cientes para alguém ser considerado virtuoso. Uma das condições 
necessárias é o conhecimento da matéria da virtude, a condição 
sufi ciente é a ação no livre querer. Para ele, o conhecimento especulativo 
do que seja isto, a virtude, ou mesmo do seja isto, o bem, ou do que 
seja isto, o mal, não é sufi ciente para considerar ao conhecedor de 
tais matérias um virtuoso, um bondoso, ou um maldoso, embora seja 
necessário. É preciso agir. Mas não basta agir, é necessário querer, 
desejar a ação. E tal querer não pode ser imposto, mas livre, ou, no 
máximo, auxiliado.
Na apresentação da virtude como ato prático são reunidas as 
propriedades do conhecimento, da liberdade, da vontade e da 
deliberação. O homem virtuoso se realiza precisamente na ação 
virtuosa, que recebe como propriedade global completar a boa 
disposição natural de sua faculdade correspondente e assegurar-lhe a 
execução perfeita da obra que lhe pertence realizar. É assim que se 
diz que a “virtude do olho” é o que faz com que o olho seja bom, e 
isto signifi ca ver bem. Ou que a “virtude do cavalo” é que faz desse 
um bom cavalo para as suas mais diferentes funções: trabalho, guerra, 
passeio, corrida etc. O mesmo, segundo o argumento aristotélico, é o 
que ocorre ao homem: a virtude será o meio pelo qual ele se tornará 
moralmente bom, e graças a essa, ele realizará a obra que lhe é própria 
(ARISTÓTELES, EN II, 6, 1106a 15.).
Condições do ato ético
Das propriedades que foram apresentadas como sendo propriedades 
das virtudes, são retiradas as condições de possibilidades para que 
uma ação possa ser considerada moralmente correta (ou incorreta). 
Essas são as seguintes:
• o conhecimento da ação, dos seus meios e dos seus fi ns;
• a liberdade para realizar as ações ou impedir que elas se 
concretizem, bem como, o poder de decidir livremente sobre 
aderir ou não às ações; ou ainda, de permanecer ligado ou não 
ao processo agente;
Curso de Bioética52
• a vontade de querer realizar as ações do modo, no tempo e na 
intensidade que elas vão ser realizadas;
• a realização efetiva da ação;
• a fi delidade à ação realizada ou o remorso por tê-la praticado.
Rigorosamente falando, nenhum destes critérios pode sobreviver sem 
o outro na tarefa de classifi car o ato como moralmente correto ou 
incorreto.
Enfoque do cuidado
A questão do feminino e do ecofeminino chegam a Bioética através da 
noção de cuidado. Que, como nos lembra Zoboli (2003, p.31-32) eclode 
especialmente após a publicação dos trabalhos de Carol Gilligan. Tais 
trabalhos se destacam pela abordagem que faz da perspectiva do 
cuidado no desenvolvimento moral das mulheres. Para essa autora, 
historicamente homens e mulheres foram preparados moralmente 
diferentes para enfrentar os problemas sociais. Isso produziu uma 
diferença psicossocial e histórica no modo como cada um dos gêneros 
representa axiologicamente o seu mundo.
O confl ito dessas representações pode produzir dilemas e embates 
morais sérios, mas pode ser resolvido pela aplicação dialógico-dialética 
do diálogo.
Essa atividade dialogal pressupõe, antes de tudo, uma relação entre 
a Ética do cuidado (acentuadamente feminina) e a Ética da justiça 
(tradicionalmente masculina). Zoboli (2003) nos apresenta um paralelo 
entre uma e outra de forma gráfi ca:
Quadro 3: relação entre a Ética do cuidado e Ética da justiça
Ética do cuidado Ética da justiça
Abordagem contextual Abordagem abstrata
Conexão humana Separação humana
Relacionamentos comunitários Direitos individuais
Âmbito privado Âmbito público
Reforça o papel das emoções (sentimentos) Reforça o papel da razão
É relativa ao gênero feminino É relativa ao gênero masculino
Fonte: Zoboli, 2003, p.31.
É importante observar 
a diferença entre Ética 
do feminino e Ética 
feminista elaborada 
pelos enciclopedistas da 
Enciclopédia de Bioética, 
organizada e editada por 
Reich (1978; 1995). O artigo 
de Zoboli ao qual estamos 
nos remetendo traz uma 
breve explanação sobre esse 
assunto.
Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 53
A Ética do cuidado é apresentada também na forma de uma Ética das 
emoções, herdeira do apriorismo material dos valores.
Considerações sobre o conteúdo da unidade
Uma observação acerca dessas classifi cações: ao fi carem presos à noção 
de paradigmas ou de enfoques, tanto Pessini e Barchifontaine (2005) 
quanto Zoboli (2003) não compilam o que são tais discursos, mas apenas 
quais são. O mesmo acontece com Pozzi (2001), que não toma como 
objeto de análise o caráter ontológico, mas pragmático dos discursos. 
Gurgel (2010) é o único dentre esses que se preocupa com esse caráter 
ontológico, dado à fi liação metodológica à lógica ilocucionária.
Discordância à parte, esses autores e autoras demostram que o essencial 
em Bioética é reconhecer a diversidade como legítima. E, reconhecer 
a diversidade como legítima, é mais do que reconhecer que há uma 
diversidade nas narrativas discursivas bioeticistas e nas narrativas sobre 
Bioética. Reconhecer a diversidade narrativa em Bioética é óbvio, pois 
isso é um dado social. Reconhecer a diversidade narrativa em Bioética 
como legítima é mais do que isso, é dizer que essa diversidade não é 
apenas um fato social, ou um dado da realidade, mas que é legítima. 
Trata-se, portanto, de uma valoração sobre ela. Ou seja, que a diversidade 
narrativa faz parte da própria natureza do fenômeno Bioética. Portanto, 
a redução das narrativas bioeticistas ou sobre Bioética a uma única 
narrativa, seja ela qual for, contraria a própria natureza dessas narrativas.
Além do mais, a diversidade de narrativas bioeticistas nos mostra que o 
fenômeno ocupa os mais diversos públicos e vertentes ideológicas. E isso 
demandará daquele que se aproxima do fenômeno a fazer determinadas 
escolhas. Escolhas essas, nem sempre meramente epistemológicas, mas 
também políticas, jurídicas, religiosas e morais.
Por exemplo, ao operar com uma Bioética principialista aos moldes 
norte-americanos, o bioeticista se sentirá tentado a priorizar o princípio 
de autonomia sobre os demais, uma vez que faz parte da tradição da 
Medicina daquele país evidenciaresse princípio. Contudo, o mesmo na 
ótica de Clotet (2003) não deveria ser aplicado no Brasil ou em outros 
países inseridos na pobreza, uma vez que a população desses lugares 
Curso de Bioética54
não é emancipada do poder médico. Aqui e lá, princípios como o de não-
malefi cência ou de justiça deveriam ser priorizados.
Do mesmo modo, a discussão sobre a dignidade da morte pode ser 
mais restrita em alguns países do que em outros, não por desejo dos 
moribundos ou disponibilidades técnicas e condições médicas, mas por 
questões religiosas e ausência de políticas.
Em outras localidades, a questão do abortamento pode estar resolvida 
por um direcionamento fundamentado na autonomia individualizada da 
disposição sobre o corpo, em outros, a questão recebe o direcionamento 
que é dado por facções político-religiosas sobre a não-disposição da vida, 
inclusive da intra-uterina.
Em suma, não é possível afastar as discussões bioeticistas dos contextos 
e suas complexidades nos quais essas questões estão sendo formuladas 
e os sujeitos envolvidos. Elas não são questões metafísicas, discutidas 
com base em meros experimentos mentais ou hipóteses especulativas; 
elas são discutidas a partir de casos ou possibilidades bastante concretas, 
inseridas em uma teia axiológica da qual sua saída é impossibilitada. 
Não há soluções universais em Bioética, por mais que se queiram. 
Tampouco, Bioética não é um completo relativismo. As soluções são 
analisadas sob inúmeras condições e cada assembleia/comunidade 
constituída para analisá-las pode chegar a soluções diferenciadas e 
legitimamente válidas.
Não é, portanto, pelo seu estatuto epistemológico (ser uma ciência, 
um estudo uma proposta moral etc) ou por seu estatuto político-
fi losófi co-religioso que Bioética se mantém e se torna um apelo 
contemporâneo, mas pelas questões que ela coloca e a necessidade 
que temos de fazê-las.
RESUMO
Nesta unidade, é importante ressaltar que Bioética se tornou um 
discurso tão difuso e difundido que vários autores já procuram 
sistematizá-lo, sob as mais diversas formas.
Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 55
Como paradigmas, Bioética se divide em:
• Principialista;
• Libertário;
• Das virtudes;
• Casuístico;
• Fenomenológico e hermenêutico;
• Narrativo;
• Do cuidado;
• Do direito natural;
• Contratualista; e,
• Antropológico personalista.
• Como enfoques, Bioética se divide em:
• Principialista;
• Das virtudes;
• Do cuidado; e,
• Casuística.
Como vertentes valorativas, Bioética se divide em:
• Situacionista;
• Moderantista;
• Oposicionista.
Como valorações axiológicas, Bioética se divide em:
• Normativa;
• Aplicada;
• Descritiva; e,
• Analítica.
Curso de Bioética56
Cada uma dessas classifi cações leva em consideração os mais diferentes 
critérios, contudo consideram que Bioética é uma narrativa discursiva 
que tem como essência a diversidade.
Quais são os paradigmas de Bioética classifi cados por 
Pessini e Barchifontaine?
Quais são os enfoques de Bioética classifi cados por Zoboli?
Quais são as vertentes valorativas de Bioética classifi cadas 
por Pozzi?
Quais são as valorações axiológicas de Bioética classifi cadas 
por Gurgel?
O que diferencia o enfoque principialista do enfoque do 
cuidado em Bioética?
Por que é importante reconhecer a diversidade em Bioética 
como legítima?
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. São Paulo: Nova Cultural, 1987, v.II 
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Unidade 2 | Bioética: discursos, paradigmas e enfoques 57
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