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AD 2 – direito Administrativo Aluna: Paula Petinati Celeste Lima Matrícula: 152.131.103-46 Polo: Itaocara Discorra sobre a Terceirização de Atividades na Administração Pública A Terceirização na Administração Pública O termo terceirização nunca esteve tão atual na administração pública como na última década, apesar de não se tratar de uma questão nova. No entanto, o espaço que este ocupa hoje no setor publico é muito mais relevante, não sendo apenas uma atividade-meio, mas assumindo de fato atividades estritamente executadas até então pela área pública, o que gera extensas discussões a respeito. O ferrenho debate gira em torno da PL nº 4330/04 e principalmente pela forma que ocorre o próprio processo, e como este afeta o setor publico e o privado. Hoje a terceirização somente é permitida como uma forma de suporte as atividades do meio publico, nos termos da Súmula nº 331 do TST (Tribunal Superior do Trabalho). A grande problemática existente atinge nível constitucional, uma vez que, o concurso público é exigido em todas as fundações e empresas ligadas ao governo, de acordo com o art. 37, da Constituição Federal, de 1988. E o citado projeto de lei (PL nº 4330/04) tem sido visto como uma forma de “burlar” tais questões. A princípio o projeto visava a descentralização e desafogar a máquina estatal, para que está pudesse executar suas atividades-fim com eficiência, eficacia e economicidade. Embora a terceirização não possa vir a ferir preceitos da Declaração Universal dos Direitos dos Homens, constata-se nesse universo práticas contrárias, como por exemplo, da remuneração diferenciada, na maioria das vezes menor, daqueles que fazem parte do quadro da entidade. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; […] (CF 1988) Os defensores da terceirização como atividade-meio e não fim cristalizam o entendimento que o art. 37 da CF, transcrito acima abrange a Administração Indireta como um todo, inclusive, empresas públicas e sociedades de economia mista. Assim como a Súmula 231 do Tribunal de Contas da União: Súmula 231. A exigência de concurso público para admissão de pessoal se estende a toda a Administração Indireta, nela compreendidas as Autarquias, as Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, as Sociedades de Economia Mista, as Empresas Públicas e, ainda, as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, mesmo que visem a objetivos estritamente econômicos, em regime de competitividade com a iniciativa privada. Se de um lado há o princípio da eficiência, de outro, há de se notar que a eficiência administrativa é apenas um dentre os diversos princípios constitucionais. A eficiência “a todo custo”, não é um fim em si mesma e não pode ser admitida, sob pena de subverter todo o sistema constitucional. É de se lembrar do direito de acesso aos cargos públicos. A democracia exerce-se diretamente – como pela ação popular – e indiretamente, por meio de representantes eleitos. Há, também, a integração do cidadão ao Estado através da ocupação dos cargos públicos, seja por concurso, seja por cargos comissionados, este último sempre excepcionalmente. O acesso ao cargo público, como se vê, é um direito primário, como deflui da leitura do art. 37, inciso I e II da Constituição. No mesmo sentido, o Pacto sobre Direitos Civis e Políticas em vigor no Brasil, por força do Decreto nº. 592/92, prevê o direito do cidadão ao acesso em condições gerais de igualdade, aos cargos público[02]. Vinte anos após o advento da Constituição dita “Cidadã”, ainda há contratação irregular de pessoal e burla a exigência constitucional do concurso público por meio de terceirizações e contratações sem concurso público, loteando o espaço público. Isso é crônico na Administração Direta e Indireta e esta sempre na pauta do Tribunal de Contas da União, que assentou num caso paradigmático:[03]. [...] 2. A prática de transmitir a terceiros, estranhos aos quadros do serviço público, funções finalísticas do aparelho estatal grassou por quase toda a Administração Federal Direta e Indireta e hoje tem proporções tão extensas que nem o próprio Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, incumbido da política de recrutamento de pessoal, consegue determinar seus números com a precisão necessária. 3. Além de esvaziar a qualidade e o comprometimento no serviço prestado, em áreas consideradas prioritárias, a terceirização, quando fora dos casos regulamentados, todos referentes apenas a atividades de apoio, frustra a regra constitucional do concurso público e, frequentemente, estando vinculada a empresas fornecedoras de mão-de-obra, representa uma meia privatização. [...] 5. Segundo as informações de que o Ministério dispõe, sabidamente incompletas, admite-se que haja no mínimo 33.125 trabalhadores terceirizados de maneira irregular na Administração Pública, excluídas as empresas e sociedades de economia mista. E isto após a autorização para o preenchimento de 24.306 vagas, nos três anos anteriores, destinadas à substituição de terceirizados. Na estimativa da 2ª Secex, hoje poderia haver, de fato, 55 mil postos ocupados mediante terceirização indevida. Como podemos ver a discussão é longa e complexa, os contra dizem que a lei é clara nesse sentido, como vimos nos artigos citados acima, e os concursados vem a terceirização como um fantasma que os assombra. Já os defensores da terceirização dizem que no direito público, não vige, pois, a dicotomia atividade meio x atividade fim para saber se uma atividade pode ser objeto de terceirização ou não; mas, sim, atividades delegáveis x funções indelegáveis. Pode, portanto, a terceirização abranger atividades fim do Estado (como a prestação de vários serviços públicos) e, mesmo quando às atividades indelegáveis, pode-se dar a terceirização quanto a atividades complementares ou auxiliares (como a operação de refeitório, limpeza e gestão de almoxarifado em presídio). Referências bibliográficas: CAVALCANTE FILHO, J. T. Terceirização na Administração Pública e Princípio Constitucional do Concurso Público: considerações sobre o PL nº 4.330, de 2004. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado, Abril/2015 (Texto para Discussão nº 173). Disponível em: www.senado.leg.br/estudos. Acesso em 30 de set. de 2017. ALVES, Oswaldo Nunes. A Administração de Serviços na Administração Pública. Disponível em: < http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2054228.PDF>. Acesso em 30 set. de 2017. Constituição Federal de 1988. TCU no TC - 001.304/97-6; STJ Resp 772241 / MG
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