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1 INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR RAIMUNDO SÁ COORDENDORIA DO NÚCLEO DE GRADUAÇÃO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO RELAÇÃO DOS INDIVÍDUOS PORTADORES DO TDAH COM O MERCADO DE TRABALHO Ana Saara da Silva Dias1 Maria Cinthia da Silva Dias2 Profª Juliana Barbosa Dias Maia3 RESUMO: Este estudo visa estabelecer a relação entre os indivíduos portadores do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) com o mercado de trabalho atual, com o objetivo de identificar como o pré-conceito errôneo da sociedade com esses portadores de TDAH pode influenciar na vida pessoal e profissional de forma significativa. Diante do exposto, faz-se necessário uma abordagem explicativa sobre o tema, uma análise do seu contexto atual, e a relação desses indivíduos no convívio social por meio de pesquisas bibliografias concernentes ao tema. Palavras-chave: TDAH. Mercado de trabalho. Direitos. Relação. 1Aluna do 2º período bacharelado em Direito, noite, da Faculdade Rsá. 2Aluna do 2º período bacharelado em Direito, noite, da Faculdade Rsá. 3Professora Mestre em serviço Social Orientadora da disciplina Psicologia Jurídica da Faculdade Rsá. 2 ABSTRACT: This study aims to establish the relation between individuals who suffer from Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) with the current job market, with the intention of identifying how the erroneous pre-conception of society with those with ADHD can influence significantly their personal and professional life. Given the facts, it is necessary an explanatory approach on the subject, an analysis of its current context, and the relation of these individuals in social life through bibliographic research concerning the theme in question. Key-Words: ADHD. Job Market. Rights. Relation. 1. INTRODUÇÃO O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) foi descrito pela primeira vez em um jornal médico (Lancet) pelo pediatra, George Still, em 1902. A hiperatividade e déficit de atenção é o problema mais comumente visto em crianças, afeta de 3 a 5% delas, e cerca de 10% da população mundial possui este transtorno. Baseia-se nos sintomas de desatenção (pessoa muito distraída) e hiperatividade (pessoa muito ativa, por vezes agitada, bem além do comum). Tais aspectos são normalmente encontrados em pessoas sem o problema, mas para haver o diagnóstico da falta de atenção e a hiperatividade devem interferir significativamente na vida e no desenvolvimento normal da criança ou do adulto em pelo menos dois contextos, em casa, escola ou trabalho e devem ser contínuos. Esse transtorno é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O TDAH é uma síndrome heterogênica, uma mistura de fatores genéticos e sociais, o segundo fator pode ser responsável por progredir tal transtorno, pois a família, os educadores, os profissionais, enfim o meio social no qual o indivíduo está inserido e que irá desenvolver-se deve subsidiá-lo. O estudo é realizado na perspectiva de esclarecer as duvidas sobre este transtorno, que dará suporte para diferenciar aqueles que possuem o déficit de atenção ou hiperatividade, daqueles que não possuem, após entender tal universo, é preciso adequar-se a ele. A família e a escola serão a base para o encaminhamento dessas pessoas para o mercado de trabalho. Então, como funciona o mercado de trabalho para pessoas portadoras do TDAH? Quais as áreas de atuação mais 3 indicadas para o desenvolvimento destes? Como são identificadas as pessoas que são portadoras do TDAH, mentes inquietas, ou mentes brilhantes? A informação sobre o assunto é essencial em todos os âmbitos sociais, pois a pessoa informada saberá lidar com esses indivíduos respeitando suas limitações e seus direitos. Através da informação reduzirá o pré-conceito, pois esse ato nada mais é do que a falta de informação e conhecimento sobre o tema. O UNIVERSO DO TDAH Maria Cristina Bromberg, pedagoga, Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento, (Artigo, pg. 01) afirma que: Durante muito tempo, pensou-se que o TDAH fosse um problema restrito à infância. Os profissionais da saúde frequentemente pediam aos pais para terem paciência com seus filhos, pois, ao chegarem à adolescência, a maturidade traria a solução do problema. Infelizmente, estavam enganados. A maioria dos casos que não são diagnosticados e tratados na infância tendem a persistir na vida adulta, e até mesmo metades dos casos que são tratados tendem a continuar. Segundo Suzuki, Gugelmim & Soares (2005) “Diversos autores relatam alterações da estabilidade, integração sensorial anormal e déficits da função vestibular em crianças com TDAH, quando comparadas as crianças sem TDAH.” O tripé básico do TDAH em adultos é o mesmo que em crianças - desatenção, impulsividade, hiperatividade - e os sintomas de diagnóstico do DSM IV também são os mesmos, reformulados para exemplificar melhor o comportamento de adultos. (Hallowell e Ratey,1999). Problemas de autocontrole e regulação do comportamento; memória funcional deficiente; persistência deficiente quanto à finalização de trabalhos; dificuldade em controlar as emoções, a motivação e o interesse; irregularidades na execução de tarefas podem afetar a vida pessoal e no desempenho profissional desses adultos. De acordo com o presente estudo, O TDAH é um transtorno sério, uma vez que os portadores apresentam maiores riscos de desenvolver vários transtornos psiquiátricos (tais como depressão e ansiedade), abuso e dependência de drogas e 4 álcool, maior frequência de acidentes, maiores taxas de desemprego, divórcio e menos anos completados de escolaridade. Como por exemplo, em um caso específico relatado por William Pereira Godoi (09 fevereiro 2013): “Acabei de descobrir isso. Tenho 30 anos sofrendo, não paro quieto 1 minuto, não consigo estudar, parei na 5 serie embora eu seja muito inteligente. Aprendi a tocar saxofone em 12 aulas de duas hora cada, aprendi sozinho, auto cad 3dmx, photoshop, corel draw, entre outras coisa. Tive 2 empresas e parei, já fiz muitas coisas mas sempre paro na metade. Sempre que consigo o objetivo eu desanimo, não por falta de dinheiro, mas como se eu tivesse que provar algo pra mim mesmo. Recentemente eu fechei uma empresa de comunicação visual com 3 anos de funcionamento, o lucro estava ótimo. Voltei a trabalhar numa empresa de segurança ganhado 10 Vezes menos o que eu arrecadava. Preciso de ajuda, já pensei em fumar maconha para relaxa, mas nunca tive coragem”. Pode-se observar com o relato do caso especifico que existe pouco conhecimento sobre TDAH e muitas dúvidas. Os sintomas de TDAH podem ocorrer simultaneamente com outras doenças e/ou estressores ambientais, de modo que é importante procurar um profissional qualificado e experiente que saiba como fazer uma avaliação abrangente e adequada (Brown, 2000). Após o diagnóstico de TDAH, As pesquisas mostram que a maneira mais eficaz de melhorar os sintomas do transtorno é a combinação de medicação estimulante com aconselhamento (esclarecimento e apoio). Sendo que não há um único tratamento exclusivo para todos os portadores, cada caso será avaliado e tratado de acordo com a necessidade do portador, podendo ser acompanhado por vários profissionais e medicamentos. Há também outro caso relatado no jornal hoje, Celso Gorga é jornalista e tem 55 anos. Há oito anos, descobriu que é portador do transtorno. Durante décadas, teve que conviver com a ansiedade, a impulsividade e a falta de paciência. “Eu discutia na filade banco: “por que tem 10 guichês e só dois caixas funcionando? ’’. Coisas que outras pessoas conseguem superar numa boa. “Eu tinha dificuldade e ficava muito irritado”, explica. 5 Porém existem dicas simples, que irá facilitar o dia-a-dia dessas pessoas, como abusar de calendários e agendas para organizar os compromissos e tarefas; passar contas no debito automático; deixar às chaves, a carteira e o celular sempre juntos. Contudo não significar dizer que este será um indivíduo sem sucesso na vida e na carreira de trabalho, tendo este o correto diagnóstico e tratamento, também como uma cuidadosa seleção do emprego, o reconhecimento honesto de suas limitações e de um trabalho de controle sobre seus sintomas, ele poderá viver normalmente e inserir-se no mercado de trabalho. Pode-se observar que a descoberta do transtorno na fase adulta é um alivio e uma resposta para todas as perguntas feitas na infância por essas pessoas, que não entediam o porquê de tudo aquilo ou por que eram diferentes de todos. Diante do atual contexto histórico, no mercado de trabalho todo dia vence-se batalhas, a maioria das pessoas têm de superarem-se todos os dias para conquistar seu espaço, em especial àqueles que ficam a “margem do mercado nessa sociedade” como as mulheres, os negros, os portadores de alguma necessidade especial, enfim seres humanos que lutam diariamente para conquistar seu lugar e manter-se nele. Essas conquistas diárias vêm quebrando paradigmas, pois esses indivíduos provam que são capazes de construir uma carreira de sucesso e que merecem não só por direito, mas sim por merecimento seu espaço. Contudo está explicito que o mercado de trabalho superou grandes dificuldades, e eliminou grande parte do pré-conceito que o rodeava. Novas relações de trabalho, um novo emprego, todo começo, é sempre difícil, é uma fase de adaptação. Independente da condição do indivíduo, não existe trabalho ideal, todo emprego demanda esforço ou ajustes da parte de qualquer profissional. Existem aptidões em cada ser que fará com que ele se identifique com determinada área de atuação, conhecer a si mesmo, reconhecendo honestamente suas limitações e ser flexível é primordial para manter-se nesse mercado. Sendo assim, existem quatro tipos de TDAH, que são: O desbravador, acionista, artístico e performático. Cada um desses tem grande potencial para atuar em áreas especificas com as características de cada um, que são até pré-requisito para ingressar-se no mercado de trabalho, passando assim de mentes inquietas para mentes brilhantes, pois, a maioria que atua na área que se identificam, conquistam destaque e sucesso. Portanto, o mercado é amplo e flexível, sempre 6 estará disponível para as pessoas que tem talento, que se qualificam e buscam fazer o melhor. O que ele é capaz de fazer é o que fará toda diferença. Tendo em vista que a educação é a base fundamental para qualquer indivíduo, principalmente aquele que desejar ingressar-se no mercado de trabalho, é fundamental que este direito seja assegurado. Ter um ensino diferenciado, com um pessoal qualificado, capacitado para lhe dar com as dificuldades destes é um direito necessário, que deve ser exercido. Muitas escolas utilizam um método de ensino tradicional, convencional, parecem fábricas em que alunos são tratados como robôs: tudo que importa é que eles se formem e passem em algum vestibular, não existe um ensino diferenciado e qualificado para aqueles que necessitam de tal. Já no mercado de trabalho, muitos acreditam que um bom profissional é aquele que mostra competência em tudo o que faz. Porém nem toda criança aprende da mesma forma e nem todo tipo de trabalho serve para todo adulto, mas a sociedade como um todo precisa pensar desse modo. A pessoa portadora do TDAH tem os mesmos direitos e deveres daqueles que não possuem o transtorno, não há privilégio algum para eles, como por exemplo, em relação às cotas. Eles são seres especiais, porém não adquirem direitos da previdência social, sendo comparado com pessoas que têm necessidades especiais e lhe são garantido este ônus. Uma educação especial, diferenciada, de acordo com a necessidade de cada um é direito de todos. O Estado Brasileiro tem a obrigação constitucional de garantir educação a todos os cidadãos, seguindo diretrizes claras e oferecendo garantias de tal direito social. E caso sejam necessárias ações especiais para proporcionar a oferta desse direito a todos, o Estado é obrigado a adotá-las, como no caso dos deficientes, tal como definido na legislação. A Lei 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação brasileira, reforça, nos artigos 58 e 59, a importância do atendimento educacional a pessoas com necessidades especiais, ministrado preferencialmente em escolas regulares. Estabelece, também, que sejam criados serviços de apoio especializado e assegurados currículos, métodos e técnicas, recursos educativos e organizações específicas para atender às peculiaridades dos alunos. Destaca, ainda, a necessidade de capacitar docentes das dificuldades de aprendizagem. No Brasil, os atuais critérios de definição da clientela da educação especial encontram-se elencados no documento Política Nacional de Educação Especial, 7 publicado em 1994 pela Secretaria de Educação Especial – SEESP – do Ministério da Educação e Desporto – MEC. De acordo com esse documento, tal clientela é constituída por três grandes grupos, que são eles: Os portadores de altas habilidades, portadores de condutas típicas e portadores de deficiência. As pessoas portadoras do TDAH se enquadram no segundo grupo, que apresentam alterações no comportamento social e/ou emocional, acarretando prejuízo no seu relacionamento com as demais pessoas. Porém o pessoal capacitado, treinado para dar subsidio e auxiliar essas pessoas na escola para que se desenvolvam e qualifiquem-se para o mercado de trabalho é escasso. Os que possuem TDAH têm uma capacidade criativa imensa, elas têm iniciativas por serem considerados impulsivos e não gostam de atividades monótonas, por isso estão sempre inovando, criando, buscando coisas novas, que as motivem, que prendam a atenção delas, e é disso que o mercado de trabalho precisa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Contudo, necessita-se de uma sociedade que seja mais flexível e compreensiva, na qual se entenda que diferentes pessoas têm não só diferentes talentos, como também diferentes dificuldades e desafios. O mercado de trabalho é amplo e diversificado, tendo espaço para todos que se qualificam e tem talento. O TDAH é um transtorno que afeta grande número de seres humanos. Muitas pessoas ainda não estão cientes de que elas próprias ou seus filhos sofrem desse transtorno. Tendo em vista, que os portadores de TDAH devem ter um suporte familiar, social e profissional para desenvolverem-se com qualidade, é imprescindível que nossa sociedade esteja informada e aprenda mais sobre o TDAH, afim de que se façam esforços para tratar daqueles que sofrem desses transtornos. Portanto, a família deve ser referência para essas pessoas, os profissionais devem estar aptos para aplicar o diagnóstico correto e tratamento adequado de acordo com as necessidades de cada um, as escolas precisam se modernizar e se adaptar para atender crianças e jovens com esses e outros transtornos. Caso contrário, muitas delas serão não apenas maus alunos, mas também maus profissionais, e terão dificuldades em se relacionar com o próximo, de se tornar pessoas produtivas e felizes. 8 Conclui-se que a priori ao fazer uma leitura a cerca do tema, todos imaginam que possuem o TDAH, mas ao realizar uma analise profundado assunto, percebe- se que não é bem assim. Portanto o presente estudo é de grande relevância para a comunidade acadêmica, pois apresentam informações relevantes, depoimentos de pessoas que possui esse transtorno, e conseguiram o sucesso profissional. Enfim trata-se de um assunto importante, onde poucas pessoas discorrem sobre tema. Com a semana cientifica procura-se explanar mais sobre o assunto, e a quebra de paradigmas no mercado de trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BROWN, D.S. (2000). Learning a Living: A Guide to Planning Your Career and Finding a Job for People with Learning Disabilities, Attention Deficit Disorder, and Dyslexia. Bethesda: Woodbine Hous; HALLOWELL, E. e RATEY, J. (1999). Tendência à Distração. Rio de Janeiro: Rocco; ROHDE, L.A e BENCZIK, E.B.P. (1999); Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: O que é? Como ajudar? Porto Alegre: Artes Médicas; http://www.hiperatividade.com.br/article.php?sid=19 (Visualizado segunda-feira, 14 de abril às 09h10min); http://maedecriancassuperdotadas.blogspot.com.br/ (Visualizado segunda-feira, 14 de abril às 10h05min); http://www.ebah.com.br/content/ABAAABKBEAD/artigo-cientifico-tda-hiperatividade (Visualizado terça-feira, 15 de abril às 10h20min); http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_do_d%C3%A9ficit_de_aten%C3%A7%C3%A 3o_com_hiperatividade; (Visualizado quarta-feira, 16 de abril às 11h15min); Suzuki S, Gugelmim MRG, Soares AV. O equilíbrio estático em crianças em idade escolar com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Fisioter Mov. 2005; 1(3): 49-54.
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