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1 PROF LUIZA SAMPAIO www.luiza.pro.br MICROECONOMIA CAP1 (11) 9 7398 9506 Capítulo 1: Conceitos Fundamentais de Economia 1.1 Definição de Economia Economia é ciência que estuda a escassez e por isso se preocupa em alocar os recursos orientando o que produzir, como produzir e para quem produzir com base em teorias e informações. Como os recursos são escassos e as necessidades humanas são ilimitadas, surge, então, o problema econômico que consiste em responder a três perguntas básicas: O que produzir? Como produzir? Como distribuir? Quando os bens são escassos e existe demanda para ele, levará alguém a exercer o direito de propriedade sobre ele e, por isso, é atribuído a ele um valor econômico. 1.2.Classificação dos bens: Bem livre: é o bem que existe em abundância; Bem econômico: é um bem que tem valor econômico porque é escasso. Segundo Ronald Coase, é um bem que possui direito de propriedade; Bem adicionado: é aquele que é acrescido ao produto e determinará o bem final; Bem intermediário: é o bem que está acrescido a um produto e que sofrerá algum processo de transformação, e que, portanto, não foi produzido naquele processo produtivo; Bem final: é o produto que pela sua natureza é final (pronto para o consumo) e os insumos que não entraram naquele processo produtivo ( que ainda não estão prontos para o consumo). Bem de Consumo:é aquele que será utilizado na satisfação direta das necessidades. Podem ser subdivididos em bens de consumo duráveis, quando o uso é prolongado e bens de consumo não duráveis, quando o consumo se acaba com o tempo. Bem de capital:é aquele que não atende diretamente às necessidades. Ele serve para produzir outros bens e não são consumidos totalmente no processo de produção desses outros bens. Por exemplos, tem-se as máquinas, equipamentos, ferramentas. 1.3.Classificação dos mercados: Mercado de bens: onde as firmas ofertam bens e serviços e as unidades familiares demandam bens e serviços; Mercado de fatores: onde as unidades familiares ofertam fatores de produção (mão de obra, capital, empreendimento, matéria prima e tecnologia) e as empresas demandam esses fatores de produção para poderem produzir. 2 PROF LUIZA SAMPAIO www.luiza.pro.br MICROECONOMIA CAP1 (11) 9 7398 9506 Observe que a demanda e a oferta nos dois mercados pertencem a agentes diferentes: Mercado de bens: demanda famílias Oferta empresas Mercado de fatores: demanda empresas Oferta famílias Obs: Enquadra-se no mercado de fatores, o mercado de trabalho 1.4 FLUXO CIRCULAR DA RENDA Os agentes econômicos são aqueles que, através de suas ações e decisões, interferem ou influenciam na economia. São eles: Unidades Familiares ou famílias. Empresas. Governo. Setor externo. Num Sistema Econômico Simples , onde se considera a presença de apenas dois agentes econômicos, ou seja, as Unidades Familiares e as Empresas, pode-se montar o seguinte fluxo: Pode-se observar a existência de dois tipos de fluxo: Fluxo Real : bens e serviços X fatores de produção; Fluxo monetário : rendas X gastos. Ou seja, as famílias vendem seus fatores de produção e são remunerados em forma de salários, juros, aluguéis e lucros. Por outro lado, as famílias demandam bens e serviços produzidos pelas empresas e pagam por eles. È possível se observar que isso conforma um fluxo contínuo. Além disso, verifica-se que a renda que sai das empresas para as famílias, depois retorna para as empresas quando as famílias adquirem produtos. Por isso, o fluxo da renda é circular. Abaixo, é possível se constatar os fatores produtivos e suas respectivas remunerações: Bens e Serviços Fatores de produção Rendas Gastos Empresas Famílias 3 PROF LUIZA SAMPAIO www.luiza.pro.br MICROECONOMIA CAP1 (11) 9 7398 9506 FATORES DE PRODUÇÃO E SUAS REMUNERAÇÕES FATORES DE PRODUÇÃO REMUNERAÇÀO DOS FATORES DE PRODUÇÃO= RENDA MÃO DE OBRA SALÁRIO (S) CAPITAL JUROS (J) MATÉRIA PRIMA ALUGUEL(A) EMPREENDIMENTO LUCRO (L) TECNOLOGIA1 ROYALTIES (R) = RENDA 1.5. CONCEITO DE CURTO PRAZO E LONGO PRAZO Em microeconomia, o conceito de curto prazo e longo prazo se diferencia do conceito em macroeconomia2. Assim, tem-se: Curto prazo em microeconomia: é o período de tempo em que pelo menos um dos fatores de produção estudados permanece constante ou fixo. Longo prazo em microeconomia: é o período de tempo em que todos os fatores de produção estudados são variáveis. 1.6.CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO (CPP) Dados os fatores de produção constantes, a curva de possibilidade de produção mostra que a produção de um bem adicional implica a redução da produção de outro bem, já que não há recursos suficientes para produzir mais de um bem sem reduzir a produção de outro bem. Ela, portanto, mostrará a combinação de bens que poderão ser produzidos com a utilização de todos os recursos disponíveis. È uma curva típica de curto prazo, onde os recursos produtivos são constantes. De acordo com a curva abaixo, podem-se definir quatro pontos distintos, ou seja: O = pleno desemprego ou seja, onde a produção é nula. C = economia opera com capacidade ociosa, ou seja, não utiliza todos os recursos disponíveis. I = produção impossível, já que não há recursos suficientes para produzir aquela quantidade de X e Y conjuntamente. H = máxima produção obtível já que encontra-se sobre a curva de possibilidade de produção. Nesse ponto, todos os recursos produtivos estarão sendo utilizados. È importante se saber que qualquer ponto sobre a curva de possibilidade de produção representa produção máxima. 1 Alguns autores não incluem a tecnologia como fator de produção e, portanto, não incluem os royalties como remuneração de fator de produção. 2 Em macroeconomia, curto prazo é o período de tempo em que preços e salários são fixos e longo prazo é o período de tempo onde preços e salários são flexíveis. 4 PROF LUIZA SAMPAIO www.luiza.pro.br MICROECONOMIA CAP1 (11) 9 7398 9506 CUSTO DE OPORTUNIDADE Custo de oportunidade é a quantidade de produto que tem que ser reduzida para produzir mais de outro bem. Ele surge, quando se pretende produzir mais de um determinado bem. Como os recursos são limitados, para se produzir mais de X, por exemplo, deve-se abrir mão de Y, quando se está sobre a CPP e, por esse motivo, a curva é decrescente. O custo de oportunidade é crescente porque a capacidade de produção da empresa é limitada e os recursos não são plenamente substituíveis entre si3, o que faz com que a curva seja côncava em relação à origem. Para se determinar o custo de oportunidade, basta calcular a inclinação da reta tangente no ponto, portanto, o que se observa é que, conforme vai se caminhando na curva de possibilidade de produção, da esquerda para direita, a inclinação ou tangente no ponto vai aumentando, portanto, o custo de oportunidade também. Observe que a tangente do ângulo α é maior que a do ângulo θ. Portanto, o custo de oportunidade de B é maior que o custo de oportunidade de A. 3 Os recursos não são plenamente substituíveis entre si devido a Lei dos rendimentos físicos maginais decrescentes Y X .H I .C .O Y X . A Ө 5 PROF LUIZA SAMPAIO www.luiza.pro.br MICROECONOMIA CAP1 (11) 9 7398 9506 O custo de oportunidade é o que deve ser sacrificado de um bem para poder produzir mais de outro bem. O custo de oportunidade do produto Y é a inclinação no ponto. O custo de oportunidade de X é o inverso do custo de oportunidade de Y Ex: Se o custo de oportunidade de X = 4, o custo de oportunidade de Y é ¼ Na teoria sobre a Curva de Possibilidade de Produção existem 3 hipóteses: 1ª hipótese: Considera-se a possibilidade de produção de apenas dois bens; 2ª hipótese: todos os recursos produtivos como mão de obra, capital, matéria prima e empreendimento estão sendo utilizados; 3ª hipótese: não há avanços tecnológicos, ou seja, a tecnologia é fixa. Respondendo, então, as perguntas básicas a respeito da CPP: Por que é côncava? Porque os custos de oportunidades são crescentes. Cada vez, é preciso sacrificar mais de um produto para produzir mais do outro. Ou seja, para se produzir mais “um” de X, cada vez mais se abre mão de mais de Y. Y X . A Ө α B Y X 6 PROF LUIZA SAMPAIO www.luiza.pro.br MICROECONOMIA CAP1 (11) 9 7398 9506 Y X Por que é decrescente? Porque para aumentar a produção de um dos bens é necessário se reduzir a produção do outro.Portanto, há uma relação negativa entre os dois bens. E se a CPP fosse representada por uma reta? Caso a CPP fosse representada por uma reta significaria dizer que os custos de oportunidade eram constantes. Como a tangente é constante, os Custos de Oportunidade são constantes. A CPP pode ser representada por uma curva convexa para origem? Dizer que a curva de possibilidade de produção é convexa para origem é uma falácia porque estaria se afirmando que os custos de oportunidade eram decrescentes e as quantidades sacrificadas eram cada vez menores o que seria um absurdo por causa da Lei dos Rendimentos Físicos Marginais Decrescentes4. E se a produção estivesse ocorrendo entre a CPP e a origem? 4 A Lei dos Rendimentos Físicos Marginais decrescentes diz que considerando um dos fatores de produção constante, à medida que se aumenta a utilização de outro fator, o produto cresce, porém, a taxas cada vez menores.Então na medida que se aumenta um dos insumos, o produto aumenta porém cada vez menos. X Y 7 PROF LUIZA SAMPAIO www.luiza.pro.br MICROECONOMIA CAP1 (11) 9 7398 9506 Se a produção estivesse entre a origem e a Curva de Possibilidade de Produção, o custo de oportunidade é zero porque basta que se utilizem os recursos ociosos para se poder produzir mais, sem que haja custos de oportunidade, ou seja, para se produzir mais de X, não é necessário se abrir mão de Y e vice versa. Observe o ponto “A”. Se houver desejo de deslocá-lo, aumento X ou Y, não há necessidade de se reduzir um ou o outro. E se ocorrer aumento dos fatores de produção ou melhoria tecnológica? A curva de Possibilidade de produção se desloca se houver modificação da dotação de fatores de produção ou se houver alteração do desenvolvimento tecnológico. Se essa alteração for no sentido de aumentar os recursos produtivos ou melhorar a tecnologia, a curva se desloca para cima. Observe, abaixo: Se essa alteração for no sentido de diminuir os recursos produtivos ou piorar a tecnologia, a curva se desloca para baixo. Observe, a seguir: Y X Y X Y X . A
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