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INTRODUÇÃO As funções aparecem com bastante frequência no nosso dia a dia, quando duas grandezas estão relacionadas. Dependendo do problema que representa, cada função tem um comportamento (que depende da expressão matemática que a define), e propriedades específicas. Estudaremos as funções polinomiais, modulares, exponenciais, logarítmicas, trigonométricas, dentre inúmeras outras que podem ser obtidas a partir dessas. FUNÇÕES: CONCEITOS BÁSICOS Considere dois conjuntos A e B não vazios. Dizemos que uma função 𝑓 de A em B é uma relação que associa a cada elemento 𝑥 ∈ 𝐴 (chamado domínio da função) um único elemento 𝑦 ∈ 𝐵 (contradomínio de 𝑓). Usualmente representamos 𝑦 = 𝑓(𝑥), ou 𝑓: 𝐴 → 𝐵. Assim, a função liga cada elemento do domínio (conjunto que contém os valores de entrada) a um elemento do contradomínio de forma que a cada elemento do domínio associa-se um, e somente um, elemento do contradomínio. Observe no diagrama abaixo a relação descrita (a flecha representa a associação entre os elementos dos conjuntos). Título: Funções: de Conceitos Básicos à Funções Algébricas Autora: Carina Pinheiro Todos os elementos do conjunto B que receberam flechas de A são imagens dos elementos de A. O conjunto imagem contém os valores de saída da função. O gráfico de um função 𝑦 = 𝑓(𝑥) é o conjunto de pontos no plano cartesiano que satisfazem a relação expressa por 𝑓. Ou seja, um ponto (𝑥, 𝑦) pertence ao gráfico de 𝑓 se e somente se 𝑦 = 𝑓(𝑥). De forma análoga, pode-se dizer que o gráfico de 𝑓 é formado por pontos da forma (𝑥, 𝑓(𝑥)). Desse modo, todos os valores utilizados sobre o eixo x representam o domínio dessa função, e todos ou valores utilizados sobre o eixo y representam sua imagem. Não deixe de estudar esse assunto no livro de Cálculo. Fique atento às definições de função injetiva, sobrejetiva e bijetiva, bem como aos conceitos de função par e função ímpar. Reflita sobre as implicações geométricas de cada caso. Fazer o estudo do sinal de uma função corresponde a determinar os valores da variável livre para os quais a função assume valores positivos, negativos ou nulos (zeros ou raízes da função). Nesses valores (raízes) podem ocorrer mudanças de sinal da função. FUNÇÃO POTÊNCIA É aquela na qual a variável dependente é proporcional a uma potência da variável independente. As funções potências representam uma importante classe de funções, e aparecem em muitas situações. Com elas formamos as funções polinomiais, muito importantes no estudo do Cálculo e da Geometria Analítica. Exemplo: A medida da área A de um quadrado é proporcional à segunda potência da medida do comprimento L de seu lado. 𝐴 = 𝐿2. Uma função potência tem a forma 𝑦 = 𝐴 ∙ 𝑥𝑘, em que A e k são constantes reais quaisquer. Observe que não há qualquer restrição quando a uma potência de um número real. Logo, o domínio de uma função potência é ℝ. FUNÇÕES LINEARES Elas aparecem com frequência em situações simples, como no cálculo do custo de uma conta de telefone, em que o valor é proporcional à duração das ligações. As funções lineares nos permitem estudar problemas em que a evolução de uma certa grandeza é proporcional ao crescimento de outra. São funções polinomiais do primeiro grau, com domínio e imagem reais. Podem, portanto, ser escritas na forma 𝑓(𝑥) = 𝑚𝑥 + 𝑏 em que 𝑥 é a variável independente, 𝑦 é a variável dependente, 𝑚 e 𝑏 são constantes reais. Seu gráfico é uma reta, a constante 𝑚 é chamada coeficiente angular da reta e representa, geometricamente, a tangente do ângulo formado entre a reta e semieixo positivo das abscissas. A constante 𝑏 é chamada coeficiente linear, e representa geometricamente a ordenada do ponto onde a reta intercepta o eixo 𝑂𝑦. Observe que se 𝑏 for nulo, a reta passa pela origem. Exemplo: Determine a equação da reta que passa por 𝑃(1,3) e 𝑄(3,4). Primeiramente calculamos o coeficiente angular 𝑚 = ∆𝑦 ∆𝑥 = 4−3 3−1 = 1 2 . Sabemos, então, que a função linear procurada pode ser escrita como 𝑓(𝑥) = 1 2 𝑥 + 𝑏. Usamos agora o fato de que o ponto P pertence à reta que representa o gráfico desta função, logo 𝑓(1) = 3. Portanto 3 = 1 2 (1) + 𝑏, o que nos permite concluir que 𝑏 = 5 2 . A equação da reta procurada é 𝑦 = 1 2 𝑥 + 5 2 . Obs: Se ao invés do ponto P utilizarmos as coordenadas do ponto Q, chegaremos à mesma equação obtida com as coordenadas de P. FUNÇÕES QUADRÁTICAS Funções quadráticas (ou funções polinomiais do segundo grau) são usadas para descrever o movimento de corpos com aceleração constante, dentre vários outros fenômenos. Possuem a forma 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐, em que 𝑎, 𝑏, 𝑐 são constantes reais, 𝑎 ≠ 0. Seu gráfico é uma parábola, com intercepto y no ponto de ordenada 𝑐. Suas raízes (valores de 𝑥 para os quais a ordenada é nula) são dadas pela expressão 𝑥 = −𝑏±√∆ 2𝑎 , em que ∆= 𝑏2 − 4𝑎𝑐. Diante disso, observe que o sinal do discriminante ∆ influencia no número de raízes da função (pontos onde o gráfico irá interceptar o eixo das abscissas) da seguinte forma: Se ∆> 0, a função possui duas raízes reais distintas (portanto o gráfico intercepta o eixo Ox duas vezes). Se ∆= 0, a função possui raiz dupla (duas raízes reais iguais) (existe um único intercepto). Se ∆< 0, a função não possui reais (possui duas raízes complexas conjugadas), portanto o gráfico de 𝑓 não toca o eixo Ox. O vértice da parábola pode representar seu ponto mais alto (máximo) ou seu ponto mais baixo (mínimo), dependendo da sua concavidade. Caso 𝑎 > 0 a parábola terá sua concavidade voltada para cima, e se 𝑎 < 0 a concavidade será voltada para baixo. Independente da concavidade, as coordenadas do vértice da parábola são dadas por 𝑉 = ( −𝑏 2𝑎 , −∆ 4𝑎 ). Exemplos: (a) (UFPI) Uma fábrica produz 𝑝(𝑡) = 𝑡2 − 2𝑡 pares de sapatos t horas após o início de suas atividades diárias. Se a fábrica começa a funcionar as 8:00 horas, quantos pares de sapatos serão produzidos entre 10:00 e 11:00? Solução: Como a fábrica começa a funcionar às 8:00 horas, os instantes 𝑡 = 2 e 𝑡 = 3 correspondem, respectivamente, a 10:00 e 11:00 horas. Logo, até as 10:00 terão sido produzidos 𝑝(2) = 0 sapatos (isso mesmo, nenhum sapato produzido até esse horário!) e até as 11:00 serão produzidos 𝑝(3) = 32 − 2 ∙ 3 = 3. Portanto entre 10:00 e 11:00 horas terão sido produzidos 𝑝(3) − 𝑝(2) = 3 pares de sapatos. (b) (Cesgranrio-RJ) Para quais valores de b a parábola 𝑦 = 𝑥2 + 𝑏𝑥 tem um único ponto em comum com a reta 𝑦 = 𝑥 − 1? Solução: Para conhecer pontos de interseção entre a parábola e a reta, é preciso montar um sistema com as duas equações. Dessa forma, igualando os valores para a variável dependente y temos 𝑥2 + 𝑏𝑥 = 𝑥 − 1. Esta equação polinomial do 2º grau pode ser reescrita como 𝑥2 + (𝑏 − 1)𝑥 + 1 = 0. Para que exista um único ponto em comum, é preciso que esta equação tenha apenas uma solução. Para isso é necessário que ∆= 0. Portanto: (𝑏 − 1)2 − 4(1)(1) = 0, ou seja: 𝑏2 − 2𝑏 − 3 = 0. Portanto os valores de b que satisfazem à condição descrita no enunciado são 𝑏 = −1 ou 𝑏 = 3. FUNÇÕES POLINOMIAIS Funções polinomiais são obtidas a partir das funções potências, quando essas são multiplicadas por escalares e somadas. Isso resulta em uma função real, cuja representação geral é dada pela expressão 𝑝(𝑥) = 𝑎𝑛𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎2𝑥 2 + 𝑎1𝑥 + 𝑎0 onde 𝑛 𝜖 ℕ é chamado graudo polinômio se seu coeficiente 𝑎𝑛 for não nulo. Os demais coeficientes são constantes reais. O formato do gráfico de uma função polinomial depende do seu grau, do sinal do coeficiente do termo de maior grau, de suas raízes, dentre outros fatores. Para uma análise mais detalhada do gráfico de uma função polinomial qualquer precisaremos de conhecimentos a respeito da derivada dessa função. Seguem, para exemplificar, os formatos dos gráficos de funções polinomiais de graus 2, 3, 4 e 5 respectivamente. Nos gráficos abaixo os coeficientes dos termos de maior grau em cada polinômio são negativos (por que??). Reflita sobre o que ocorre com cada gráfico caso esse coeficiente seja positivo. Alguns resultados importantes: Dois polinômios são idênticos (assumem valores iguais nos mesmos pontos) se os coeficientes dos termos de mesma potência forem iguais. Todo polinômio 𝑝(𝑥) = 𝑎𝑛𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎2𝑥 2 + 𝑎1𝑥 + 𝑎0 pode ser escrito de forma fatorada como 𝑝(𝑥) = 𝑎𝑛(𝑥 − 𝑟𝑛)(𝑥 − 𝑟𝑛−1). . . (𝑥 − 𝑟2)(𝑥 − 𝑟1), em que 𝑟𝑛, … , 𝑟1 são as raízes do polinômio (reais ou complexas). Se considerarmos apenas as raízes reais podemos ter como fatores alguns polinômios de grau 2 irredutíveis (que não possuem raízes reais). Portanto, para escrevermos um polinômio de forma fatorada precisamos conhecer suas raízes (embora isso às vezes não seja fácil). Exemplo: Determine todos os valores de 𝑘 para que o polinômio 𝑝(𝑥) = (𝑘2 − 𝑘 − 6)𝑥3 − (𝑘 − 3)𝑥2 + 𝑘𝑥 − 2 (a) Seja de grau 1 Para que o polinômio tenha grau 1 é necessário que os coeficientes dos termos em 𝑥2 e em 𝑥3 sejam nulos, e que o coeficiente do termo de grau 1 seja não nulo. Em termos matemáticos devemos ter: 𝑘2 − 𝑘 − 6 = 0 𝑘 − 3 = 0 E 𝑘 ≠ 0. Portanto o polinômio dado terá grau 1 apenas se 𝑘 = 3 (verifique!), e será dado por 𝑝(𝑥) = 3𝑥 − 2. (b) Seja de grau 2 Para que o polinômio tenha grau 2 é necessário que o coeficiente do termo em 𝑥3 seja nulo, e que o coeficiente do termo de grau 2 seja não nulo. Em termos matemáticos devemos ter: 𝑘2 − 𝑘 − 6 = 0 E 𝑘 − 3 ≠ 0 Portanto o polinômio terá grau 2 apenas se 𝑘 = −2 (verifique!), e será dado por 𝑝(𝑥) = 5𝑥2 − 2𝑥 − 2. FUNÇÕES RACIONAIS1 São definidas a partir da razão (divisão) de dois polinômios, ou seja: 𝑓(𝑥) = 𝑝(𝑥) 𝑞(𝑥) Como 𝑝 e 𝑞 são funções polinomiais, estão definidas para todo 𝑥 ∈ ℝ (seus domínios não possuem restrição). Mas, como 𝑓 é definida a partir de uma divisão e não existe divisão por zero, o domínio de 𝑓(𝑥) = 𝑝(𝑥) 𝑞(𝑥) não contém as raízes de 𝑞. 𝑑𝑜𝑚𝑓 = {𝑥 ∈ ℝ | 𝑞(𝑥) ≠ 0}. 1 As funções racionais possuem certa semelhança com os números racionais. As raízes de 𝑓 serão as raízes de 𝑝(𝑥) que não forem também raízes de 𝑞(𝑥). Uma função racional é chamada própria se o grau do polinômio que está no numerador for menor que o grau do polinômio no denominador. Caso contrário a função racional é dita imprópria. Exemplo: 𝑓(𝑥) = 𝑥+5 𝑥2+1 é racional e própria, e está definida para todo número real (uma vez que seu denominador nunca se anula em ℝ). Tem 𝑥 = −5 como sua única raiz real. FUNÇÕES ALGÉBRICAS São aquelas obtidas após manipulação algébrica de funções polinomiais. Essa manipulação pode envolver a extração de raízes e/ou divisões de polinômios. Para estudar seu domínio precisamos analisar as restrições impostas pelas operações que tiverem sido realizadas sobre os polinômios. Exemplos: 𝑓(𝑥) = √3𝑥2 + 2𝑥 + 1, 𝑔(𝑥) = ( 𝑥+1 𝑥−3 ) 1 5
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