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HISTORIA DA EDUCAÇAO 1

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História da Educação
Professora conteudista: Maria Teresa Papa Nabão
Sumário
História da Educação
Unidade I
1 O QUE É EDUCAÇÃO? .......................................................................................................................................4
1.1 Por que estudar História da Educação? .........................................................................................6
2 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS ............................................7
2.1 A distinção entre cultura e civilização ............................................................................................7
2.2 A Educação Informal ..............................................................................................................................9
Unidade II
3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO ESCRIBA ....... 17
3.1 Egito: berço de todas as civilizações ............................................................................................ 17
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba ......................................................................... 20
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA ................................................. 21
4.1 A Grécia .................................................................................................................................................... 22
Unidade III
5 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO .................... 38
5.1 A Idade Média e o Feudalismo ........................................................................................................ 38
5.2 O Conhecimento Científico na Idade Média ............................................................................. 40
5.3 A Educação na Idade Média ............................................................................................................. 42
6 O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO ................................................................................................................. 51
Unidade IV
7 A CATEQUESE E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO: OS JESUÍTAS E A EDUCAÇÃO DA ELITE E A 
REFORMA POMBALINA ..................................................................................................................................... 68
7.1 Os jesuítas no Brasil ............................................................................................................................ 68
8 A MODERNIDADE NO BRASIL E O PENSAMENTO EDUCACIONAL: O LIBERALISMO E 
A PROPOSTA DA ESCOLA NOVA; O MANIFESTO DOS PIONEIROS ................................................... 72
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Unidade I
A IMPORTÂNCIA E O ENTENDIMENTO DO ESTUDO DE HISTÓRIA DA 
EDUCAÇÃO: ENTENDENDO CONCEITOS
Apresentação 
Estamos prestes a iniciar nossos estudos referentes à História da Educação e você poderia ter 
dúvidas quanto à importância de estudar sobre aquilo que já passou e está tão distante da nossa 
realidade atual. Primeiramente, vamos pensar um pouco acerca do significado de história. Se 
você está pensando numa história maçante, cheia de datas e acontecimentos para serem lidos e 
decorados, esqueça!
Agora vamos pensar a história em um sentido mais amplo, mais vibrante e mais vivo. 
Inegavelmente a história refere-se ao passado, mas é muito mais do que isto! Nós somos feitos de 
história, somos seres históricos. Sabemos como somos porque conhecemos nossa trajetória ao longo do 
tempo. Conhecemos tanto os detalhes quanto os momentos importantes de nossas vidas. Conhecemos 
o que nos faz ser como somos e sabemos que nos transformamos ao longo do tempo. Por experiência, 
evitamos as circunstâncias que podem nos levar ao sofrimento, bem como trabalhamos para engendrar 
situações que possam nos favorecer. 
E não são apenas as pessoas que têm uma história. Tudo o que conhecemos tem uma história 
também: o livro que lemos, a moda que vestimos, o celular ou o computador que usamos, a maneira de 
fazermos ciência, arte, literatura, religião, enfim, tudo o que compõe a nossa sociedade.
A História, portanto, refere-se basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se 
organizam, se adaptam e transformam o ambiente em que vivem ao longo do tempo. 
Estudar história pode ser uma experiência fascinante, pois nos possibilita refletir sobre a vida dos 
seres humanos, ou seja, de pensarmos sobre como o homem viveu e como vive em diversos momentos e 
em diversas sociedades. É interessante analisarmos como, ao longo dos anos, os homens pensam, como 
oram a Deus, o que consideram sagrado ou profano, como trabalham, se divertem, o que os faz vibrar 
de amor ou de ódio, de alegria ou tristeza, de esperança ou desespero. 
Enfim, por meio da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formaram, como 
se desenvolveram e como se transformaram. Assim, Borges (2003) afirma: 
As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na História de 
sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso 
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é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual 
e é através do tempo que se percebe as mudanças”.
História, portanto, refere-se, sobretudo, a uma forma de reflexão e análise que nos permite pensar 
os acontecimentos do passado, não como simples narrativa enfadonha e monótona, mas com o objetivo 
de entender o desenvolvimento humano atual, de compreender de que forma os acontecimentos 
contribuíram na formação de nossas atuais condições de vida.
No entanto, conceituar história não é uma tarefa simples. Há diversas perspectivas, tendências 
e modelos teóricos. Não temos, portanto, a intenção de elaborar nem de oferecer um conceito que 
seja acabado e que contenha esta diversidade. Porém, é fundamental entendermos que, apesar desta 
diversidade, a história pode ser considerada uma ciência que estuda tudo que tem relação com a vida 
do homem: suas atividades (laboral, lúdica, científica, religiosa etc.), suas preferências, suas maneiras de 
ser, fazer e agir. Como nos ensina Kaldun (1998):
A história é o registro da sociedade humana, ou civilização mundial; das mudanças 
que acontecem na natureza dessa sociedade (...); de revoluções e insurreições de um 
conjunto de pessoas contra outro (...); das diferentes atividades e ocupações dos 
homens, seja para ganharem seu sustento ou nas várias ciências e artes; e, em geral, 
de todas as transformações sofridas pela sociedade. (...)
Desta forma, podemos perceber que estudar a história nos leva a uma melhor compreensão do 
mundo em que vivemos, proporcionando-nos o entendimento de que as atuais formações sociais, 
políticas, econômicas, jurídicas, educacionais etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na 
forma como foram sendo organizadas ao longo do tempo. Os acontecimentos atuais, portanto, tem 
causas que podem ser identificadas no passado, assim como podem projetar consequências no futuro. 
Este conhecimento é fundamental, pois nos faz interpretar melhor a realidade que nos cerca, aguçando 
o espírito crítico.
Portanto, estudar história não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que 
isto, os estudos históricos nos possibilitam entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a história 
tem relações tanto com o presente quanto com o passado.Portanto, a disciplina História da Educação tem como preocupação central a reflexão crítica em 
torno do processo educativo ao longo do tempo e do espaço. A partir da era primitiva até a idade 
contemporânea, do Egito ao Brasil. 
Para que possamos provocar tal nível de reflexão, é fundamental que o aluno compreenda o 
desenvolvimento da educação através do tempo e de diversos povos e épocas, não apenas como leitura 
passiva ou simples relato cronológico acerca das diferentes tradições educativas, mas, sobretudo, que 
consiga compreender que a história das sociedades e o processo educativo são inseparáveis. 
Portanto, é fundamental que se provoque o questionamento acerca do contexto social, 
histórico e cultural em que se formam as diferentes concepções de educação, a fim de provocar 
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a reflexão em torno das possibilidades que foram engendradas ao longo do tempo e que 
contribuíram para a exclusão social das camadas menos favorecidas e dominadas nas diferentes 
épocas estudadas. A disciplina deve, ainda, conduzir a percepção de que se a educação pode ser 
usada para a manutenção do poder e das relações de dominação social, pode, também, contribuir 
com a transformação de tais relações. 
Se os estudos históricos têm esta potencialidade, é possível que você já tenha percebido o quanto 
é importante estudarmos a história da educação. Já podemos, por exemplo, esboçar a ideia de que o 
estado atual da educação, em nosso país ou no mundo, tem sido pensado e organizado ao longo do 
tempo.
Saiba mais 
Entendendo o que é história
De tudo que foi exposto acima, podemos entender que a história pode ser pensada a 
partir dos seguintes aspectos:
• A História se refere, basicamente, à vida dos homens em sociedade, à forma como se 
organizam, se adaptam e transformam o ambiente (social e natural) em que vivem ao 
longo do tempo.
• Por meio da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formaram, 
como se desenvolveram e como se transformaram.
• A história não é um simples relato de fatos passados, mas, sobretudo, refere-se a 
uma forma específica de reflexão e análise que nos permite pensar como os fatos e 
acontecimentos podem contribuir para a formação das nossas atuais condições de 
vida.
• A história nos leva a uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, 
proporcionando-nos o entendimento de que as atuais formações sociais, políticas, 
econômicas, jurídicas, educacionais etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua 
origem na forma como foram sendo organizadas ao longo do tempo.
• A história não significa apenas memorizar datas, fatos e nomes. Muito mais do que 
isto, nos possibilita entender nossa realidade atual, mostrando-nos que a história tem 
relações tanto com o presente quanto com o passado.
Objetivos da disciplina
De maneira geral, podemos afirmar que os objetivos gerais que pretendemos alcançar com o 
desenvolvimento do curso são:
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Promover a compreensão do conceito de história em sua relação com a Educação.
• Provocar o entendimento da importância da História da Educação para a compreensão dos 
processos educativos ao longo do tempo e do espaço (dos primórdios à atualidade, do Egito ao 
Brasil.).
• Compreender a educação como processo histórico, portanto, fruto das articulações entre economia, 
política, sociedade e cultura.
• Reconhecer os processos educativos no Brasil, da colonização aos dias atuais, em suas relações 
com o sistema social, identificando crises, bem como avanços e inovações. 
Mas, se estes são objetivos gerais, temos, ainda, alguns objetivos bem específicos, que são:
• Possibilitar o desenvolvimento da consciência crítica sobre as estreitas ligações entre educação e 
sociedade. 
• Possibilitar a identificação e a análise das características econômicas, políticas e socioculturais dos 
diferentes períodos estudados em sua correlação com os processos educacionais.
• Possibilitar a identificação das características educacionais dos diferentes períodos estudados a 
partir da análise da educação de diferentes segmentos sociais, a fim de desvendar as relações de 
dominação social.
• Analisar as influências das diferentes manifestações religiosas no processo e na prática educativa 
ao longo do tempo e do espaço.
1 O QUE É EDUCAÇÃO?
Mas, para atender os objetivos descritos acima, além de todo o desenvolvimento de um conteúdo 
programático cuidadosamente elaborado, precisamos entender não apenas o que é história, mas também 
o que é educação. 
Por educação entendemos a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito 
de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica e ampla de uma sociedade sobre as 
gerações jovens com o objetivo de conservar e transmitir a existência coletiva (Luzuriaga, 2001).
Obviamente, a educação constitui o ser humano, ou seja, está presente em sua vida desde o nascimento 
até a morte. Não nascemos seres humanos prontos e acabados, ao contrário, precisamos construir nossa 
natureza, e o fazemos, sempre e necessariamente, por meio da aprendizagem, em contato com o sentido 
de educação presente em determinada ordem cultural e social. 
Portanto, não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente ligado 
à visão de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada sociedade 
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em determinado tempo. Portanto, a prática educativa não é uma prática neutra, ou seja, possui uma 
inegável natureza política. Não é uma prática desinteressada, desligada das relações de poder e de 
dominação. Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação 
de uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades. 
Durkheim, por exemplo, afirma que para cada sociedade existe um tipo de educação. A educação, 
portanto, teria suas diferenças nascidas das necessidades próprias de determinado sistema social, ou 
seja, dependeria da organização social, política e econômica, estabelecida por uma sociedade ao longo 
do tempo. Durkheim (1978) afirma que: 
cada tipo de povo tem um tipo de educação que lhe é próprio, e que pode servir para 
defini-lo, tanto quanto sua organização 
moral, política e religiosa.
Mas, se a educação pode servir para a manutenção 
do statu quo, para a conservação da ordem econômica, 
social e política, pode, também, ser um instrumento de 
transformação. A educação, portanto, pode concorrer para 
conservar e reproduzir a sociedade, para reformá-la ou para 
transformá-la.
No entanto, não devemos pensar a educação como 
sendo a “solução mágica” para todos os problemas sociais, 
mas devemos estar alertas para a relação de reciprocidade 
existente entre ambas, ou seja, para o fato de que uma pode 
influenciar a outra. Esta reciprocidade nos aponta para o fato de que a educação pode colaborar com 
a construção de uma sociedade mais justa e democrática, e é evidente que uma sociedade mais justa e 
democrática contribui com o estabelecimento de uma educação de qualidade, mais sólida e eficiente. 
O tema da educação ganhou visibilidade por motivaçõesdiversas: por ser um direito humano, por 
ser base para o crescimento econômico, por auxiliar na conquista de outros direitos, por melhorar a 
distribuição de renda, por permitir alcançar melhores empregos etc. Todas são motivações reais, mas 
apenas em parte, pois a educação, por si só, tem suas limitações. Por exemplo: não há, na história da 
humanidade, um país cuja população tenha conquistado escolaridade básica de qualidade sem intensa 
melhoria nas suas condições de vida (Hadad, 2010). 
Conforme o que foi exposto acima, podemos entender que Educação pode ser pensada a partir dos 
seguintes aspectos:
• O significado de educação está intimamente ligado às visões de mundo, sociedade e homem, que 
são adotadas e que permeiam determinada sociedade em determinado tempo.
• A prática educativa não é uma prática neutra, desinteressada, desligada das relações de poder e 
de dominação. 
O que é statu quo?
Segundo os Dicionários Houaiss 
e Aurélio, Statu quo (da expressão: 
in statu quo res erant ante bellum) é 
uma expressão latina que designa o 
estado atual das coisas, em qualquer 
momento.Emprega-se esta expressão, 
geralmente, para definir o estado de 
coisas ou situações. Na maioria das 
vezes em que é utilizada, a expressão 
aparece como “manter o statu quo”, 
“defender o statu quo” ou, ao contrário, 
“mudar o statu quo”.
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• Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação de uma 
sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades. 
• A educação pode, também, ser um instrumento de transformação e libertação de uma sociedade, 
colaborando com a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
• Há uma relação de reciprocidade entre educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a 
outra, mas educação não é uma solução mágica para todos os problemas sociais.
Saiba mais
A educação compõe o rol dos direitos humanos e é reconhecida e assegurada, tanto em 
âmbito nacional como internacional. Em 2000, Na Conferência Mundial de Educação, no 
Senegal, estabeleceu-se um novo acordo, aceito por grande parte dos países presentes, inclusive 
o Brasil. Este acordo determinou que, em 2015, todas as crianças deverão ter acesso à escola 
primária de qualidade, cobertura das necessidades de aprendizagem para jovens e adultos, 
melhoria dos níveis de alfabetização de adultos em 50% e conquista da equidade de gênero. 
Como vimos anteriormente, a educação é um produto 
histórico, presente na vida humana desde os primórdios da 
humanidade, que vem se transformando ao longo do tempo. 
Portanto, para entendermos a educação atual, é necessário 
conhecer a história da educação. De fato, esse conhecimento 
nos torna mais capazes de compreender os rumos da 
educação na atualidade. Mas, além disso, o conhecimento 
histórico procura pensar o passado em suas diferenças em 
relação ao presente e nos auxilia na formação da dúvida metódica em relação às situações educativas 
da atualidade, dúvida que é adequada ao desenvolvimento do espírito científico e da pesquisa. 
1.1 Por que estudar História da Educação?
Estudar a história da educação é a maneira ideal para contribuir com a melhora da educação atual, 
pois, por meio desse estudo podemos conhecer os percalços enfrentados com as reformas já realizadas, 
as armadilhas das ideias ilusórias e irrealizáveis e da resistência antidemocrática que as ideias inovadoras 
possam ter enfrentado.
É fundamental estudar a história da educação, atentando-se para alguns pontos fundamentais 
no que se refere ao papel desempenhado pela educação nas diferentes organizações da sociedade: 
a relação entre Estado e sociedade civil, o papel do Estado e sua representatividade, o modelo 
educacional desenvolvido para os trabalhadores, e o modelo desenvolvido para as elites e o ideal 
de homem cidadão. O estudo da história deve possibilitar compreender as relações de poder e 
os mecanismos de exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais, 
para alavancar mudanças que possibilitem a superação das condições sociais. 
O passado como passado não é 
nosso objetivo. Se fosse completamente 
passado, não haveria mais que uma 
atitude razoável: deixar que os mortos 
enterrassem os mortos. Mas o 
conhecimento do passado é a chave 
para entender o presente (Dewey).
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O estudo da história da educação se revela extremamente importante à medida que possibilita aos 
estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza de ideias e a reflexão crítica.
Segundo o exposto acima, podemos esquematicamente elencar alguns pontos fundamentais do 
estudo de História da Educação:
• Sem os estudos de história da educação não conseguimos entender os processos educacionais atuais.
• Sem os estudos de história da educação não é possível contribuir com a melhoria da educação atual.
• O estudo da história deve possibilitar a compreensão das relações de poder e os mecanismos de 
exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais.
• O estudo da história da educação possibilita aos estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza 
de ideias e a reflexão crítica.
2 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS 
2.1 A distinção entre cultura e civilização
Refletir sobre educação, sociedade e cultura entre os povos primitivos da Pré-História pode parecer 
estranho. Afinal, como se adquire estas informações? Como estes conhecimentos são recolhidos? Como 
chegaram até os dias de hoje? Podemos confiar neste tipo de informação?
Primeiramente, devemos esclarecer que a designação “povos primitivos” se refere muito mais às 
características socioculturais destes povos do que à sua localização no tempo. Portanto, “povos primitivos” 
existiram na Pré-História e existem ainda hoje. A diferença é que, na Pré-História, toda humanidade 
era formada por “povos primitivos”, enquanto que hoje estão quase extintos. Os “povos primitivos” da 
atualidade são, por exemplo, as tribos indígenas no Brasil e as diversas comunidades tribais na África e 
na Oceania, que são assim consideradas em função de sua organização social. 
Portanto, uma das melhores fontes para se entender de que forma se processava a educação nas 
comunidades primitivas da Pré-História é por meio do estudo destas comunidades existentes ainda 
hoje. Mas também são recolhidas informações pelos estudos feitos por paleontólogos, arqueólogos, 
antropólogos e historiadores que se baseiam na análise de documentos não escritos, como restos de 
armas, utensílios, pinturas, desenhos e ossos.
Mas uma coisa é certa: a educação existe desde o momento em que os seres humanos existiram. Por 
que podemos fazer esta afirmação tão categoricamente? Principalmente porque o homem é um ser que 
não nasce pronto, ou seja, ele precisa aprender a tornar-se homem e este aprendizado só pode ocorrer 
no contato social com outros homens. A ordem social e cultural na qual nascemos é que nos ensina a 
sermos “seres humanos”. O homem somente é capaz de construir a “condição humana” se estiver em 
contato com uma ordem humana, com uma cultura e com outros humanos, por meio de um processo 
de socialização ou endoculturação, ou seja, por meio da educação dentro do próprio grupo. 
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Neste sentido, não apenas a educação existe desde que existe o homem, como também a sociedade 
e a cultura. 
Assim como é impossível que o homem se desenvolva como homem no isolamento, 
igualmente é impossível que o homem isolado, produza um ambiente humano. (...) 
logo que observamos fenômenos especificamente humanos entramos no reino do 
social. (Berger; Luckmann, 2008)
Nesta colocação, o termo “cultura” deve ser entendido no sentido mais amplo, como nos ensina 
Taylor:
Tomado em seu amplo sentido etnográfico cultura é este complexo que inclui 
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou 
hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. 
Fica claro, portanto, que educação, sociedade e cultura existem desde o surgimento do homo sapiens, 
cujo aparecimento é datado nos livros e compêndios de antropologia e biologia em torno de 35.000 a.C. 
Mas vamos nos ater ao período denominado por Pré-História.
A Pré-História normalmente é identificada como sendo um período histórico anterior ao aparecimento 
da escrita, ou ainda, anterior ao aparecimento das civilizações. Ou seja, 4.000 a.C, pois foi neste período 
que os sumérios desenvolveram a escrita.
Desta forma, não podemos confundir “cultura” com “civilização”. 
Saiba mais
Distinguindo cultura de civilização
Podemos afirmar que cultura é algo pertencente a toda humanidade, está presente entre 
todos os grupos humanos, sejam eles considerados primitivos ou civilizados. A capacidade de 
fazer “cultura” é exclusiva dos seres humanos e é esta característica que nos diferencia dos demais 
animais. Aprendemos, com o antropólogo Edward Taylor, que cultura é este todo intrincado que 
comporta arte, religião, moral, valores, costumes, crenças, linguagem, ciência, instituições (Estado, 
escola, família) etc. É a cultura que nos fornece a rede de significados com a qual damos sentido 
ao mundo que nos cerca. Neste sentido percebemos que todo grupo humano, por ser humano, 
obrigatoriamente tem cultura. Mas, o que podemos entender por civilização? De uma maneira 
geral devemos entender civilização como sendo um determinado estágio de desenvolvimento 
cultural em que se encontra determinado povo ou sociedade. Este desenvolvimento é normalmente 
representado pelo grau alcançado pela tecnologia, economia, arte e ciência. É comum, por exemplo, 
referir-se a um povo como sendo “uma civilização” se o mesmo já alcançou o desenvolvimento da 
escrita. Assim, o desenvolvimento da escrita, a construção de cidades, o desenvolvimento de artefatos, 
o desenvolvimento da arte e da ciência etc. caracterizam o surgimento de uma civilização.
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2.2 A Educação informal 
Podemos dividir a Pré-História em dois períodos principais: Idade da Pedra Lascada (Paleolítico), 
momento em que os homens são nômades e caçadores e Idade da Pedra Polida (Neolítico), momento 
em que o homem já domina as técnicas agrícolas e é sedentário.
Estas duas formas de ganhar a vida, pela caça ou pela agricultura, vão modelar sistemas sociais 
diferentes, que por sua vez vão precisar de modelos diferentes de educação. Apesar das diferenças que 
logo vamos apontar, a educação nestes dois períodos é uma educação para a vida, para a sobrevivência. 
É uma educação informal, difusa, natural e espontânea. 
Uma educação natural, espontânea, 
inconsciente, adquirida na convivência de pais 
e filhos adultos e menores. Sob a influência 
ou direção dos maiores, o ser juvenil aprendia 
as técnicas elementares necessárias à vida: 
caça, pesca, pastoreio, agricultura e fainas 
domésticas. (Luzuriaga, 2001)
Este tipo de educação, presente na Pré-História, é um tipo 
que permeia todos os períodos da vida humana. A educação 
informal ou primária, ou seja, a socialização que acontece 
nos seio da família é sempre uma educação mais livre, difusa 
e feita por meio de imitação. Entretanto, na Pré-História esta 
é a única forma de educação.
Saiba mais
O que é educação informal?
A educação informal é o processo pelo qual o indivíduo aprende a ser membro de 
determinada sociedade, internalizando suas regras, costumes, hábitos, crenças, moral 
etc. Também pode ser designada de socialização ou endoculturação. Por meio da 
educação informal acontece o aprendizado dos sistemas de valores, dos modos de vida, das 
representações, dos papéis sociais e dos modelos de comportamento, enfim, da cultura de uma 
determinada sociedade. A educação informal nunca se completa no sentido de ter um final, 
pois estamos sempre aprendendo. A educação informal, portanto, acontece diariamente e 
sem planejamento específico. Não é um processo direcionado nem conduzido, de tal forma 
que todos os momentos da vida podem apresentar situações de aprendizagem. Desta forma, 
fica claro que a educação informal é bem diferente da educação formal, que, ao contrário, 
é planejada, envolve uma organização formal, é um processo direcionado e conduzido com 
a função de prover e monitorar a aprendizagem concentrando-se em conhecimentos e 
habilidades específicas com começo, meio e fim.
A educação informal existe 
em todos os tempos e lugares e é 
extremamente importante não apenas 
para a integração dos indivíduos em 
suas sociedades, mas, também, para 
a manutenção e preservação das 
mesmas. Acontece, preferencialmente, 
no seio da família, que é considerada 
a instituição mais importante neste 
tipo de aprendizagem, mas prossegue 
com os vizinhos, amigos ou em grupos 
de trabalho. Durante a Pré-História, 
a educação aconteceu por meio da 
educação informal. 
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A diferença entre educação informal e formal
Educação informal Educação formal
Processo contínuo, não institucionalizado nem 
direcionado, de aquisição das regras, costumes, 
hábitos, crenças, moral, conhecimentos e 
habilidades pertinentes a uma sociedade.
Educação planejada intencionalmente, 
estruturada, organizada e sistematizada. 
Ocorre em espaços organizados.
A transformação social, aos poucos, “pede” uma nova forma de educação e esta também se 
transforma. Como já afirmamos anteriormente, existe uma reciprocidade entre sociedade e educação. 
Assim, a educação de uma sociedade, em uma determinada época, busca suprir as necessidades e 
exigências vividas.
Durante o período Paleolítico, o homem era um caçador nômade que não conhecia a guerra e 
vivia livremente coletando frutos, folhas e raízes que a natureza lhe oferecia. Não havia necessidade 
de disciplina rígida para este tipo de aprendizado, portanto a educação acontecia basicamente em 
nível de socialização e/ou socialização primária, que é, essencialmente, uma educação informal, 
espontânea, sem contornos rígidos, cuja finalidade é preparar o indivíduo para a sobrevivência 
básica.
Entre os nômades, povo caçador e coletor por excelência, era muito provável que a educação 
dos filhos tivesse sido bem livre, sem rigidez e praticamente sem disciplina. Estes povos viviam em 
comunidades tribais de forma coletiva, ou seja, não conheciam a propriedade privada nem as riquezas 
particulares, portanto não conheciam a arte da guerra. Não conhecendo a guerra, também, não 
conheciam a necessidade da disciplina imposta pela mesma. Talvez, por isso, faltava-lhes disciplina em 
outros aspectosda vida, tal como na educação. O próprio gênero de vida (nômade, caçador e coletor), 
é por si só um gênero instável que não requer muita ordem ou disciplina, sugerindo que a formação 
e o estabelecimento de hábitos morais e intelectuais mais rígidos não tenham sido muito cultivados. 
No entanto, neste período da Pré-História, no Paleolítico, as pinturas rupestres são consideradas mais 
notáveis, principalmente as da caverna de Altamira, na Espanha. 
Saiba mais 
O que é pintura rupestre
Os dicionários Aurélio e Houaiss nos informam que o termo rupestre refere-se às inscrições 
gravadas na rocha. Logo, arte ou pintura rupestre significa arte gravada na rocha. É um tipo de 
pintura feita pelos homens da época pré-histórica. Os homens usavam as paredes das cavernas 
como telas e ali imprimiam sentimentos variados. Os desenhos podiam ser utilizados como forma 
de comunicação, já que não dominavam a escrita. Para colorir usavam aquilo que a natureza podia 
oferecer, tais como extrato de folhas, frutos, terra, sangue e carvão. Retratavam cenas da vida diária, 
tais como as caçadas, os rituais, os animais etc. Este tipo de arte podia, ainda, representar sonhos, 
ideias sobre a vida e a morte, o céu e a terra. 
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A arte rupestre parece ter sido a primeira forma encontrada pelo ser humano de deixar gravada 
sua presença pela terra. Existem vários sítios arqueológicos contendo Arte rupestre pelo mundo 
(na Europa, na África, na Ásia, na América e na Oceania). No Brasil, o Parque Nacional da Serra da 
Capivara, no município de São Raimundo Nonato, no Piauí, possui um dos maiores exemplos deste 
tipo de arte. 
Locais com pinturas rupestres no Brasil:
• Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (Piauí)
• Parque Nacional Sete Cidades (Piauí)
• Cariris Velhos (Paraíba)
• Lagoa Santa (Minas Gerais)
• Rondonópolis (Mato Grosso)
• Peruaçu (Minas Gerais)
No período Neolítico, o homem já dominava as técnicas de agricultura e domesticação de animais. 
Este domínio permitiu organizar a vida de forma fundamentalmente diferente da organizada até então. 
Isto nos sugere que a educação passou por profundas mudanças. Deixar de ser nômade, fixar residência, 
bem como o dominar as técnicas agrícolas e do manejo dos animais imprimiram outro ritmo e outras 
necessidades à vida social. Tornou-se imperioso o aprendizado em relação à construção de residências 
mais sólidas, uma vez que necessitavam ser fixas, além de todos os aprendizados necessários em relação 
à agricultura e ao pastoreio, tais como o conhecimento dos fenômenos meteorológicos, do cultivo e 
da germinação das plantas e do cuidado com os animais. Estes são conhecimentos que deverão ser 
rigorosamente transmitidos às novas gerações. 
Com este tipo de organização social, estes povos passaram a possuir propriedades privadas, tais 
como a roça, os animais, a casa etc., portanto é bem provável que já dominassem a arte do ataque e da 
defesa, ou seja, a arte da guerra. Para tanto, tiveram que desenvolver um aprendizado baseado em um 
tipo disciplina mais rígida que os preparassem para o uso de armas, como o arco e a lança. Prevaleceu, 
ainda, a socialização primária, ou seja, a educação espontânea, informal, centrada no seio familiar, mas 
direcionada para o manejo das práticas agrícolas, para o cuidado com os animais e para o uso de armas. 
Portanto, esta é uma educação mais rígida e disciplinadora. 
É possível que, neste período, tenha ocorrido a iniciação dos efebos (educação de jovens para a 
guerra, longe das famílias). Temos a seguinte descrição desta prática: 
Os meninos são tomados da família e da aldeia, reunidos em grupo e submetidos durante 
semanas, em lugares solitários, em montes e bosques, em cabanas ou em tendas construídas 
de propósito, a todo um sistema de exercícios e provas. O sentido mais profundo destas 
práticas é a disciplina da alma, cura anímica preparatória para o renascimento na iniciação; 
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esta serve para a expulsão dos maus demônios e para a aquisição do caráter masculino. Os 
exercícios são: danças, ascetismo, mortificações que provocam estados anímicos e êxtases 
passageiros. Mas também se praticam exercícios de toda classe com finalidade racional: 
caçadas, exercícios de armas, corporais, de desmonte e plantação. A direção de tudo isto 
pode ser confiada ao chefe, a um mago sacerdote, ou também a um ancião experimentado 
e distinto. (Krieck apud Luzuriaga, 2001)
Podemos perceber, portanto, que cada época possui um tipo de educação, cujo objetivo é atender às 
necessidades de cada período da história. A educação foi se modificando de acordo com a organização 
social, com as novas exigências da vida em sociedade e com as novas conjunturas históricas. Enquanto a 
natureza provê ao homem o seu próprio sustento ou enquanto não há distinção de classes, nem comércio 
e nem escrita, a educação permanece no nível da socialização primária, que é uma educação universal e 
integral. Adultos e crianças aprendem com a vida e para a vida. Este aprendizado é transmitido para as 
futuras gerações de forma difusa e informal, por meio da coparticipação e da imitação. 
De forma geral, podemos afirmar que, durante a longa Pré-História, todo processo educacional foi 
calcado na educação informal e na socialização primária. Mesmo com as diferenças surgidas no período 
Neolítico, a educação informal é fundamental, pois as diferenças só vão ser acentuadas no final deste 
período, provocando novas mudanças. O certo é que ainda não havia a figura do professor ou de alguém 
que pudesse exercer função parecida. A educação era exercida por todos os componentes do clã, seja 
este clã nômade ou agricultor. Normalmente a responsabilidade maior recaía sobre os anciões, que 
eram os mais experientes e sábios, no entanto, todos eram participantes. A educação era feita por meio 
da transmissão oral de tudo que era considerado importante para a preservação do grupo.
Podemos perceber que de certa forma já começa a ser delineada a forma como a educação vai se 
estabelecer entre os chamados povos civilizados, ou seja, de um lado a educação básica, a socialização 
primária no seio da família, e de outro a educação “profissional”, técnica e militar
Resumindo
A história não deve ser entendida como simples relato de fatos passados, mas, sim, como uma 
forma específica de reflexão e análise que nos permite pensar quais fatos e acontecimentos passados 
podem contribuir para o entendimento de nossa realidade atual, seja ela política, econômica, jurídica 
ou educacional.
Existe uma relação de reciprocidade entre sociedade e educação, de tal forma que uma pode 
influenciar a outra. Portanto, cada época e cada sociedade possuem um tipo de educação, cujo 
objetivo é atender às necessidades de cada período da história, ou seja, a educação se modifica de 
acordo com as diferentes conjunturas históricas e sociais. 
Desta forma, durante toda a Pré-História, a educação permaneceu no nível da socialização 
primária. Sendo considerada uma educação informal, universal e integral, cujo aprendizado é 
transmitido para as futuras gerações de forma difusa, por meio da coparticipação e da imitação. 
Não havia a figura do professor ou de alguém que pudesse exercer função parecida. 
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EXERCÍCIOS
1) Analise as proposições abaixo que fazem referência ao significado e sentido de “história”. Em 
seguida assinale a alternativa correta.
I – O sentido e o significado de história só podem ser corretamente compreendidos a partir da leitura 
e da memorização de uma narrativa cronológica e linear dos acontecimentos mais marcantes de 
uma determinada época.
II – A história refere-se basicamente à vida dos homens em sociedade, à forma como se organizam, 
se adaptam e transformam o ambiente (social e natural) em que vivem.
III - A partir da reflexão histórica entendemos como as diferentes sociedades se formam, como se 
desenvolvem e como se transformam.
IV – A história não corresponde a um simples relato de fatos passados, mas, sobretudo, refere-se a 
uma forma específica de reflexão e análise que nos permite pensar como os fatos e acontecimentos 
podem contribuir para a formação das nossas atuais condições de vida.
V – A história nos leva a uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, proporcionando-nos 
o entendimento de que as atuais formações sociais, políticas, econômicas, jurídicas, educacionais 
etc. não aconteceram por acaso, mas têm sua origem na forma como foram sendo organizadas 
ao longo do tempo.
a) Todas as proposições estão parcialmente corretas.
b) Todas as proposições estão parcialmente incorretas.
c) Apenas as proposições I e V estão corretas.
d) Apenas a proposição I está incorreta.
e) Apenas a proposição IV está correta.
2) Analise o texto abaixo e, em seguida, assinale a alternativa correta.
“Não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente ligado à visão 
de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada sociedade em 
determinado tempo, portanto, esta não é uma prática neutra”.
a) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que a educação não pode ser pensada como 
sendo uma prática desinteressada, desligada das relações de poder e de dominação. 
b) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que, se a educação estiver comprometida com 
as relações de poder e dominação, será possível colaborar para a preservação de uma sociedade 
injusta, que promove e aprofunda as desigualdades.
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c) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que há uma relação de reciprocidade entre 
educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a outra.
d) A leitura do trecho acima nos conduz à reflexão de que a educação pode influenciar a sociedade, 
no entanto, o contrário não é verdadeiro, pois não existe reciprocidade entre ambas.
e) As alternativas A, B e C estão corretas e se complementam para melhor explicar a questão 
proposta.
3) Analise o texto abaixo. 
“Histórias reais de ‘crianças selvagens’ que, de alguma forma, se perderam de suas famílias (em casos 
de guerras ou abandono proposital) e que não tiveram contato com uma ordem social e humana e, 
apesar disso, sobreviveram porque foram ‘adotadas’ e cresceram entre lobos, ursos ou macacos aparecem 
de tempos em tempos. As indianas Amala e Kamala possuem uma das histórias, envolvendo ‘crianças 
lobo’, mais bem documentadas. As duas meninas, completamente selvagens, foram resgatadas por uma 
expedição que massacrou os lobos com quem elas viviam, perto de um vilarejo no norte da Índia. O 
comportamento das duas crianças causou espanto, pois quando foram encontradas, as meninas não 
sabiam andar sobre os pés, mas se moviam rapidamente de quatro. Não falavam e seus rostos eram 
inexpressivos. Queriam apenas comer carne crua, tinham hábitos noturnos, repeliam o contato dos seres 
humanos e preferiam a companhia de cachorros e lobos. Amala morreu logo depois de resgatada. Kamala 
sobreviveu por nove anos. A evolução de Kamala, registrada pelo casal de missionários que cuidava dela 
em um orfanato, foi significativa, porém limitada. Ela conseguiu caminhar só com as pernas e mudou 
seus hábitos alimentares, aprendeu muitas palavras e sabia usá-las, embora nunca tenha chegado a 
falar com fluência. Apesar dos progressos de Kamala, a família do missionário anglicano que cuidou 
dela, bem como outras pessoas que a conheceram intimamente, nunca sentiu que a menina fosse 
verdadeiramente humana”. 
Supondo que a história seja verdadeira, formule uma explicação para as atitudes das meninas 
encontradas a partir do entendimento de educação informal. O que faltou a estas meninas para 
que desenvolvessem a sua humanidade?
4) Analise os textos a seguir e assinale a alternativa correta.
Texto 1: Definição de cultura
“Tomado em seu amplo sentido etnográfico, cultura é este complexo que inclui conhecimentos, 
crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem 
como membro de uma sociedade” (Edward B. Taylor).
Texto 2: Descrição de um grupo humano de aborígenes australianos
Os aborígenes são simples nos costumes e gostos. Caçam, pescam e cantam. Fazem os próprios 
instrumentos para a caça e para a pesca, além de instrumentos de sopro, parecidos com flautas. Não se 
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vestem com roupas, mas estão sempre com o corpo detalhadamente pintado. Para a caça se organizam 
em grupos exclusivamente masculinos, mas, para a pesca, a dança e o canto, as mulheres também 
participam. 
Texto 3: Descrição de um grupo humano de executivos paulistanos
Eles são muito exigentes e rigorosos com as metas profissionais a serem alcançadas. Estudam, 
trabalham, planejam e fazem reunião semanal. A maioria fala mais de dois idiomas. Vestem-se com 
elegância e sobriedade. Usam as tecnologias mais avançadas do setor ao qual se dedicam. Nos finais de 
tarde reúnem-se em bares elegantes para descontrair. Homens e mulheres participam igualmente de 
todas as atividades. 
Após a leitura atenta dos três textos acima, assinale a alternativa que faz a relação correta 
entre eles.
a) Podemos afirmar que os aborígenes australianos não têm cultura, mas que, ao longo do tempo, 
podem se transformar e aprender a cultura humana, principalmente por meio da educação 
formal.
b) Podemos afirmar que cada sociedade humana possui uma cultura que engloba um diferente 
padrão de comportamento, técnicas de sobrevivência e trabalho, valores, tradições e hábitos que 
são adquiridos por meio da educação informal e que estão de acordo com a visão de mundo e a 
história particular própria de cada um. Portanto não há sentido em falar que os aborígenes são 
povos incultos em contraste com os executivos que seriam povos cultos.
c) Podemos afirmar que o meio ambiente de cada grupo foi determinante para a formação das 
características culturais de cada um, mas, do ponto de vista da cultura, o grupo de aborígenes é 
superior e melhor, pois são povos puros que preservam a natureza.
d) Podemos afirmar que a herança genética foi determinante para a formação das características 
culturais de cada um, sendo que fica claro que o grupo de executivos recebeu uma herança 
genética superior à herança recebida pelos aborígenes.
e) Podemos afirmar que a educação informal é o único determinante das características culturais de 
cada um, sendo que, do ponto de vista desta educação, o grupo de executivos pode ser considerado 
muito mais culto do que o grupode aborígenes.
Resolução dos exercícios
1) Apenas a primeira alternativa está incorreta, pois não é simplesmente por meio da leitura e 
da memorização de uma narrativa cronológica e linear dos acontecimentos mais marcantes de uma 
determinada época que conseguimos entender o sentido e o significado do que é “história”. Alternativa 
correta: D
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2) Apenas a alternativa D está incorreta, pois aprendemos que a educação pode influenciar 
a sociedade tanto quanto a sociedade pode influenciar a educação, existindo, sim, uma relação de 
reciprocidade entre ambas. Alternativa correta: E
3) Se a educação informal é um processo contínuo de aquisição de regras, costumes, hábitos, 
crenças, moral, conhecimentos e habilidades pertinentes a uma sociedade, então é fácil perceber 
que o que estas crianças aprenderam por meio da “educação informal” não foi com seres humanos, 
mas, sim, com os animais que as “adotaram”, no caso, os lobos. Faltou a estas meninas a educação 
informal proveniente do contato com outros seres humanos (pais, amigos, irmãos etc.). Portanto, 
fica clara a importância da educação, pois é por meio dela que aprendemos inclusive a sermos 
“seres humanos”. É por esta razão que se afirma que os seres humanos não nascem prontos, mas 
precisam construir sua humanidade a partir do contato com outros seres humanos e da educação. 
No caso relatado, as meninas foram privadas deste contato e desta educação, o que comprometeu 
significativamente a construção de suas humanidades.
4) A única alternativa correta é a “B”, pois, pela definição de cultura do “texto 1”, não é possível 
afirmar que os aborígenes não têm cultura, como é afirmado na alternativa “A”, nem que a educação 
informal é a única determinante das características culturais de um povo, como é afirmado na 
alternativa “E”. Além disso, nenhum dos três textos nos permite fazer afirmações acerca da herança 
genética ou do meio ambiente em relação à determinação da cultura.

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