Buscar

resumo 3ª prova DP



Continue navegando


Prévia do material em texto

20. CRIME CONSUMADO 
Conceito: é aquele em que foram realizados todos os elementos constitutivos de sua definição legal. Reune nele todos os elementos do tipo penal. 
Diferença entre crime consumado e exaurido: crime exaurido é aquele no qual o agente, após atingir o resultado consumativo, continua a agredir o bem jurídico, procura dar-lhe uma nova destinação ou tenta tirar novo proveito, fazendo com que sua conduta continue a produzir efeitos no mundo concreto, mesmo após a realização integral do tipo.
	A consumação nas várias espécies de crimes: 
materiais: com a produção do resultado naturalístico;
culposos: com a produção do resultado naturalístico; 
de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa; 
formais: com a simples atividade, independente do resultado; 
permanentes: o momento consumativo se protrai no tempo;
omissivos próprios: com a abstenção do comportamento devido; 
omissivos impróprios: com a produção do resultado naturalístico; 
qualificados pelo resultado: com a produção do resultado agravador; 
complexos: quando os crimes componentes estejam integralmente realizados;
“Iter criminis”: é o caminho do crime. São 4 as etapas que deve percorrer: 
cogitação
preparação
execução
consumação 
Cogitação: representa mentalmente a prática do crime. Crime é impunível. Conduta é um nada, irrelevante para o D. Penal. 
Preparação: prática dos atos imprescritíveis à execução do crime. Ainda não se iniciou a agressão ao bem jurídico. O agente ainda não começou a realizar o núcleo do tipo ➜ crime ainda não pode ser punido (salvo exceção, quando a própria lei considera como crime autônomo um ato anterior preparatório do outro crime - crime-obstáculo). Ex: possuir o preparatório para o tráfico de drogas ou falsificar moeda. 
Execução: ato idôneo e inequívoco. A tentativa está vinculada aos atos executórios - demonstra a vontade do agente - (é penalmente punível, pois no art. 14, II, diz crime tentado, quando, iniciada a execução...) 
➜ O ato idôneo - tem potencialidade lesiva, ou seja, capaz de lesar o bem jurídico 
➜ O ato inequívoco - intenciona lesar o bem jurídico. Demonstra o propósito do agente
Fronteira entre o fim da preparação e início da execução: como distinguir ato preparatório do executório? Teorias: 
Teoria subjetiva: importante é o plano interior do autor, a fase de preparação também será punida. 
Teoria objetiva: o ato de execução depende do início da realização do tipo pena. Não basta apenas o querer.
b.1) Teoria material ou da hostilidade ao bem jurídico: quando ocorre o arque ao bem jurídico. Situação concreta de perigo ao bem jurídico. 
b.2) Teoria formal (ou objetivo-formal): quando do início da realização do tipo (núcleo do tipo)
b.3) Teoria objetivo-individual: há que se distinguir “começo da execução do crime” e “começo de execução da ação típica”. Teoria exige o dolo do agente. 
Consumação: quando no crime se reúnem todos os elementos que formalmente constituem o crime. 
22. DESISTẼNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Conceito: são espécies de tentativa abandonada ou qualificada. O agente pretendia produzir o resultado consumativo, mas acabou mudando de ideia, vindo a impedi-lo por sua própria vontade.
Tentativa abandonada e crimes culposos: é incompatível com os crimes culposos, pois, como se trata de uma tentativa abandonada, pressupõe um resultado que o agente pretendia produzir (dolo), mas posteriormente se arrependeu, evitando-o. 
Natureza jurídica: causa geradora de atipicidade (absoluta ou relativa). Autor não responde pela tentativa, mas pelos atos até então praticados se, por ventura, típicos. 
Elementos da tentativa abandonada:
a) início da execução;
b) não consumação;
c) interferência da vontade do próprio agente. 
	Tentativa abandonada
	Tentativa
	Resultado não se produz por força da vontade do agente
“Eu consigo, mas não quero”
	Resultado não se produz por circunstâncias alheias a essa vontade
“Eu quero, mas não consigo”
Espécies de tentativa abandonada: 
desistencia voluntaria; 
arrependimento eficaz.
Conceito de desistência voluntária: agente interrompe voluntariamente (por sua própria vontade) a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua consumação. Equivale à tentativa inacabada.
Conceito de arrependimento eficaz: o agente, após finalizar a execução do crime, impede a produção do resultado. Só é possível nos crimes materiais. Equivale à tentativa perfeita ou crime falho
Ponte de ouro: provoca uma readequação típica mais benéfica para o autor.
23. ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Natureza jurídica: causa obrigatória de ↧ de pena 
Conceito: causa de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente, reparar o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa.
Objetivo: estimular a reparação do dano nos crimes patrimoniais cometidos sem violência ou grave ameaça. 
	Arrependimento posterior
	Arrependimento eficaz
	- Só incide sobre crimes cometidos sem violência ou grave ameaça 
	- Aplica-se também aos crimes cometidos com violência ou grave ameaça
	- Simples causa de ↧ da pena, 
	- Agente não responda pelo resultado visado, mas apenas pelos atos até então praticados
	- Pressupõe a produção de resultado
	- Anterior À consumação
Requisitos:
 1) Não pode ter violência (dolosa) ou grave ameaça - a lei pode ser aplicada aos crimes culposos em que há violência (homicídio e lesão corporal culposa), e em casos nos quais a aplicação de violência é contra a coisa e não contra a pessoa (crime de dano).
 2) Deve ocorrer a reparação do dano ou a restituição total - deve ser sempre integral
 3) Essa reparação seja espontânea ou voluntária 
 4) Essa reparação seja realizada até o momento anterior ao recebimento da denúncia ou da queixa - se posterior, é circunstância atenuante genérica.
 5) O arrependimento posterior é uma causa geral de diminuição de pena – diminuindo de 1 a 2 terços. Nesse o crime já está consumado.
Aplicação: a norma do arrependimento posterior aplica-se aos crimes dolosos e culposos, tentados e consumados, simples, privilegiados ou qualificados. 
Redução da pena: o juiz deve reduzir a pena de 1/3 a 2/3 - critério é o tempo, quando mais rápido a reparação do dano, maior a diminuição da pena.
⏩⏩⏩⏩⏩⏩⏩⏩
DELITO PUTATIVO
3 são as espécies de delito putativo: 
por erro de proibição
por erro de tipo
por obra do agente provocador 
Conceito: não é espécie de crime, é espécie de não crime, não existe crime. O sujeito acredita estar cometendo crime. 
 Delito putativo por erro de proibição: o sujeito deseja realizar crime que não existe; ele acha que o que está realizando é crime, exemplo: agente realiza relação incestuosa, acreditando estar cometendo crime, mas no Brasil, a relação incestuosa não é crime. Resolução desse tipo: Art. 1º, CP. Outro exemplo, sujeito casado realiza conjunção carnal com outra pessoa, achando cometer adultério, mas este não é mais considerado crime no Brasil. “Crime só existe na cabeça dele” - falta um tipo penal que inclua aquela espécie no crime. 
 Delito putativo por erro de tipo: crime impossível na modalidade impropriedade absoluta do objeto. Ele deseja realizar o crime, mas a ação dele já está fadada ao insucesso desde o início, haja visto a impropriedade absoluta do objeto. Ex: jovem supõe estar grávida, ingere substância abortiva, mas não irá abortar, uma vez que ela não estava grávida. Resolução desse tipo: art. 17, CP (delito impossível). 
 Delito putativo por obra do agente provocador: conhecido também como delito de ensaio/ de experiência. Processualmente ➜ flagrante provocado. Ex: dono de uma confecção verifica que há erro na quantidade de peças no estoque. Desconfiando do gerente, procura a polícia, que arma uma forma de pegar o gerente no momento da subtração patrimonial. Diz que irá viajar, e que a empresa estará toda na mão do gerente. A doutrina considera que há uma indução velada, o dono fez tudo para elerealizar a conduta, porque se ele tivesse sido explícito sobre seu plano, ele não conseguiria flagrar o gerente na boca da botija; a doutrina considera que o agente desse fato é um protagonista inciente de uma comédia, uma vez que não há crime ➜ é o delito putativo por obra do agente provocado, isso porque a doutrina considera que naquele momento as cautelas da autoridade evitam qualquer resquício de possibilidade da consumação da infração. Neste caso, o autor tem sua vontade viciada, houve a indução - velada; ele não age livremente. A doutrina então considera que esse fato não é crime, mas é uma prova que demonstra os crimes anteriores que ele cometeu; então ele responderá pelos crimes anteriores, mas não por esse, visto que não houve risco, perigo, ao bem jurídico - a polícia evita qualquer possibilidade de consumação. Se não existe crime, neste caso, o agente não pode ser autuado em flagrante ➜ flagrante provocado: flagrante ilegal. 
Polícia sabe que há um sujeito furtando na praça 7 e disfarça 2 policiais como civis. Ao ver que o sujeito estava furtando os policias intervém e impede a ação, prendendo-o ➜ é o chamado flagrante provocado; inclusive, sumulado (não é válido o flagrante nesse caso). Se não houve provocação ➜ flagrante esperado (lícito). Tem que haver provocação, se não houver, não se trata de delito putativo por obra do agente provocador. Se você induz um traficante na hora da venda da droga, o ato dele te passar ➜ flagrante provocado, mas o ato dele ter a droga estocada para a venda ➜ também será crime. 
Flagrante provocado ➜ traficante sobe com a droga que foi buscar para o cliente, e ao chegar com a droga, policial diz: “você está preso”. 
Se você chega para comprar a droga, e o traficante já tem ela estocada, o ato de passar é o flagrante provocado, porque você induziu ele; mas o ato dele ter a droga estocada, será crime, então ele responderá não pela venda, mas porque ele já havia a droga estocada (flagrante esperado).
Flagrante esperado: um avião chegava de porto alegre, portando madeira. Dentro desta, havia cocaína escondida, a polícia, sabendo, foi esperar sua chegada, porém esse não é um flagrante provocado. Resolução: Art. 17, CP (crime impossível) e vou verificar que se trata de uma norma não incriminadora, que admite analogia in bonam partem ➜ então, através dessa, inclui-se além das duas causas de crime impossível,impropriedade absoluta do objeto e ineficácia absoluta do meio, acrescenta-se o delito putativo por obra do agente provocador. 
⏩⏩⏩⏩⏩⏩⏩⏩
ERROS 
Existem 3 espécies: 
- erro de tipo;
- erro de proibição;
- descriminante putativa.
1) Erro de tipo: localizado no fato típico, na conduta (dolosa ou culposa) 
✰ dolo = consciência + vontade
✰ Erro de tipo incide na consciência da pessoa, porque se não há consciência, não há vontade; se não tem vontade, não tem dolo, se não tem dolo, não tem conduta, se não tem conduta, não tem fato típico, se não tem fato típico, não tem crime. 
➜ Erro e ignorância: 
erro = conhecimento falso, equivocado. ⇔ Não há distinção entre ele para a lei
ignorância = supressão total de conhecimento. penal ! ! !
⭕ O agente não deseja subjetivamente efetivar o crime, mas acaba praticando-o objetivamente.
➜ Erro = falsa percepção da realidade; o agente supõe realidade diversa da que efetivamente existe. 
2 tipos: 
Essencial ⇢ agente se vale dele, aproveita dele. Agente desconhece ou se equivoca sobre um dos elementos que compõem a figura típica. 
	⇒ Formas:
Vencível ⇢ evitável, indesculpável, inescusável
🔸 qualquer pessoa prudente, dirigente, teria se atentado para o fato e evitado o equívoco ➜ exclui-se o dolo, mas a culpa permanece ➜ agente será punido pelo crime culposo, se houver a previsão da modalidade culposa. 
🔸 porte de armas: não irá responder porque não assume forma culposa. 
Invencível ⇢ inevitável, desculpável ou escusável
🔸 exclui-se o dolo e a culpa. Exemplo: caçador matar o amigo fantasiado de animal. 
Acidental ⇢ agente não se aproveita dele, ele responderá pelo crime de qualquer jeito, como se não houvesse erro. 
erro sobre o objeto ➜ erro sobre o objeto material do delito (exemplo: queria subtrair relógio de prata, mas subtrai um de ouro ➜ indiferente, o sujeito responderá pelo crime).
erro sobre a pessoa (exemplo: desejo matar a Andreza, contrato o Wesley lhe entregando uma foto dela. Ele atira e mata a irmã da Andreza. Neste caso, ele queria matar uma pessoa, mas matou outra ➜ de qualquer forma, matou, responderá por crime de homicídio, as duas vidas valem a mesma coisa. 
Mas aqui, há o seguinte detalhe: Andreza não veio para BH, ela perdeu o avião e retornou para o RJ:
☞ Andreza não correu risco
☞ Há uma representação subjetiva errônea
☞ Manda a lei que as condições pessoais da Andreza é que devem ser consideradas no caso concreto ➜ vítima real (irmã) e vítima virtual (Andreza) ➜ responde como se tivesse matado a virtual. 
☞ Se eu fosse irmão ou pai da Andreza, haveria um agravante: atentado contra a irmã ou filha
c) erro sobre o nexo causal: (exemplo: eu desejo matar o meu inimigo, vejo ele em cima de uma ponte, estou armado, aponto a arma e faço o disparo. A vítima, pressentindo, dá um passo para o lado e cai, caindo na base de sustentação da ponte, tendo traumatismo, respondendo por homicídio, visto que não há rompimento do nexo causal. Esse erro não é aproveita ao agente)
d) erro na execução do crime - “aberratio ictus”: conhecida como desvio do golpe, aberração no ataque. Ex: eu quero matar Andreza, atiro, mas a Andreza dá um passo para o lado, pegando na Camila ➜ aqui, a vítima da Andreza, estava sobre a minha mira, ela correu o risco, e não houve representação subjetiva errônea. Comunidade refutável ➜ camila morre, mas é como se eu tivesse matado Andreza (vítima virtual). 
e) aberratio criminis: ex - eu encontro a amália, que está dentro do ônibus. Pego uma pedra para quebrar a cabeça da amália, jogando-a. Esta, quebra o vidro, não a cabeça. A lei manda que o resultado diverso do pretendido seja punido a título de culpa. Queria quebrar a cabeça, acabei quebrando o vidro. Crime de dano - não admite culposa, poderia responder no max pela tentativa de lesão corporal. 
2) Erro de proibição: Art. 21. Erro que incide na potencial consciência da ilicitude (requisito da culpabilidade).
✰ se não tenho potencial consciência da ilicitude eu não tenho culpabilidade, se não tenho culpabilidade, não tenho fato típico, logo não tem crime.
Erro que incide sobre a ilicitude de um fato tido como o autor como típico.
⭘ Exemplo 1: homem contrai casamento com uma pessoa que já é casada ➜ homem não responderá por bigamia em função do erro de TIPO. 
⭘ Exemplo 2: se eu acredito que no país é possível que haja bigamia. O tema aqui não é desconhecer um elemento que forma o tipo penal ➜ erro de PROIBIÇÃO 
⇨ Efeitos: 
Vencível: inescusável, responde pelo crime doloso, com a pena reduzida (1/3 - 1/6). Art. 21, CP ⇢ desconhecimento da lei é inescusável (ninguém pode alegar desconhecimento da lei para se auto defender, mas pode ser uma atenuante, ART. 65. Desconhecimento da lei formal é diferente do erro de proibição, visto que o último ocorre o desconhecimento da ilicitude do fato). Um analfabta que não conhece a lei, sabe o que é ilícito, 
Invencível: qualquer pessoa teria incidido em erro, exclui a culpabilidade.
3) Descriminante Putativa (Art. 20, parágrafo 1º): 
Discriminante ➜ causa de exclusão da ilicitude/ Putativa ➜ erroneamente suposto. 
Agente, supõe, equivocadamente, estar acobertado por uma causa de exclusão da ilicitude. Exemplo: legítima defesa putativa - o revide é uma agressão 
☞ “é isento de pena o agente que por erro plenamente justificado pela circunstâncias...” 
 ⇢ Erro invencível: isento de pena, exclui culpabilidade - se adotarmos a teoria extremada (normativa-pura) da culpabilidade: todo erro na descriminante putativa, é um erro de proibição
 ⇢ Erro vencível: responde pelo crime culposo