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FACULDADE ARQUIDIOCESANA DE CURVELO LORENA ÁVILA DE CASTRO; AVIMAR PEREIRA DE ALMEIDA; ANA LUISA PINHEIRO DE MORAIS; SAVIELL ALMEIDA MACEDO; ALINE MENDES CARDOZO; DANIELA SOUZA ALMEIDA PENHOR CURVELO 2017 LORENA ÁVILA DE CASTRO; AVIMAR PEREIRA DE ALMEIDA; ANA LUISA PINHEIRO DE MORAIS; SAVIELL ALMEIDA MACEDO; ALINE MENDES CARDOZO; DANIELA SOUZA ALMEIDA PENHOR Trabalho apresentado ao professor Douglas Figueiredo, como requisito de avaliação da matéria de Direito Civil IV. CURVELO 2017 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4 2. DIREITOS REAIS DE GARANTIA ................................................................. 5 3. CONCEITO .................................................................................................... 6 4. CARACTERÍSTICAS ..................................................................................... 7 5. ESPÉCIES DE PENHOR ............................................................................. 10 5.1. Penhor voluntário e legal ........................................................................... 10 5.2. Penhor rural ............................................................................................... 10 5.3 Penhor Industrial ........................................................................................ 12 5.4 Penhor de veículos ..................................................................................... 12 5.5. Penhor de títulos ....................................................................................... 13 6. CONSTITUIÇÃO DO PENHOR ................................................................... 15 7. EXTINÇÃO DO PENHOR ............................................................................ 16 8. NATUREZA JURÍDICA DO PENHOR ......................................................... 18 CONCLUSÃO .................................................................................................. 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 20 4 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objeto a análise do instituto jurídico conhecido como penhor. No decorrer deste, basicamente serão analisadas as espécies, características, forma de constituição e extinção deste instituto jurídico. 5 2 DIREITOS REAIS DE GARANTIA Nas palavras de Domingos Sávio Sousa (2017): Segundo regra fundamental no direito obrigacional, o patrimônio do devedor deve suportar suas dívidas, embora os débitos do devedor eventualmente possam representar montante superior ao seu acervo patrimonial, gerando inconvenientes insuperáveis para o credor. Dessa forma, pode o credor se servir de garantias, pessoais ou fidejussórias e reais, para o cumprimento da obrigação e satisfação do seu crédito. Garantia fidejussória é aquela em que a relação jurídica obrigacional resta assegurada por pessoa estranha, caso o devedor não solva o débito original. De acordo com Sílvio Rodrigues, "a garantia real se apresenta quando o devedor separa de seu patrimônio um bem e o destina, primordialmente, ao resgate de uma obrigação". (...) Caio Mário, por sua vez, assevera que "a noção básica dos diretos reais de garantia é ainda mais simples do que as de gozo ou fruição, pois tão-somente revela a vinculação de certo bem do devedor ao pagamento da dívida, sem conferir ao credor a fruição da coisa em si." De onde se extrai uma diferença fundamental entre os direitos de uso e gozo e os direitos reais de garantia: enquanto aqueles têm existência autônoma, estes se constituem em direito acessório, cuja existência depende de uma relação jurídica obrigacional subjacente, a que prestam garantia. (SOUSA, 2017). Salienta-se que “a natureza do direito real de garantia é confirmada no art. 1.419 do Código Civil: “Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação” (SOUSA, 2017). Por fim, resta dizer que em nosso ordenamento jurídico, atualmente, são previstos quatro espécies de garantia real: a propriedade fiduciária, o penhor, a anticrese e a hipoteca. (SOUSA, 2017). No entanto, no presente trabalho será abordado apenas o instituto jurídico do penhor, disposto no artigo 1431 e seguintes do Código Civil vigente. 6 3 CONCEITO O instituto jurídico do penhor é citado como uma espécie de direito real no artigo 1225, inciso VIII, do Código Civil vigente. Nas palavras de Rodrigo Alves Zaparoli (2013): O instituto jurídico do penhor a cada dia exerce maior participação em nosso cotidiano, principalmente no que diz respeito às pessoas que buscam a concessão de crédito sem ter que dispor de bens imóveis a título de garantia, prática esta que se tornou comum inclusive pelas ações publicitárias realizadas por instituições financeiras/bancárias, que trabalham com esse instituto. (ZAPAROLI, 2013). Nessa toada, é preciso lembrar que o artigo 1431 do Código Civil, conceitua o presente instituto ao aduzir que: “Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação”, ou seja, “penhor é o direito real constituído pela submissão de uma coisa móvel ou mobilizável, passível de alienação, realizada pelo devedor, em garantia do débito ao credor. (LISBOA, 2017). Destarte que, segundo Domingos Sávio Sousa (2017): Da definição legal, extraem-se os sujeitos da relação pignoratícia: o devedor, sujeito passivo da obrigação principal ou terceiro estranho àquela que ofereça o ônus real. Assim, pode ser proprietário da coisa onerada ou não (CC, arts. 1.427), mas, sendo aquele que contraiu a dívida, deve destinar a posse do bem empenhado como garantia do credor; e o credor, titular do direito de crédito, aquele a quem é conferida a posse da coisa empenhada pelo devedor, contudo, sem possibilidade de atribuição dos poderes de usar e gozar da coisa ou de pacto comissório (CC, art. 1.428), que autorize o credor a se apropriar do bem onerado, sob pena de nulidade. Como visto, a natureza jurídica do penhor é de direito real de garantia sobre coisa alheia, vale dizer: “o direito do credor pignoratício recai diretamente sobre a coisa. Uma vez legalmente constituído, opera erga omnes, é munido de ação real e de seqüela, deferindo, ademais, ao seu titular, as vantagens da preferência.” (SOUSA, 2017). Conclui-se, portanto, que “penhor é um direito real de garantia sobre bem móvel do devedor ou de terceiro”. (LISBOA, 2013, p. 344). 7 4 CARACTERÍSTICAS Assim como qualquer direito real, o penhor possui características próprias. Conhecer estas características se mostra essencial para melhor compreensão acerca do instituto jurídico do penhor. Sendo assim, segundo Rodrigo Alves Zaparoli (2013): No que diz respeito às principais características do instituto jurídico do penhor, destacam-se: é um direito real de garantia; trata-se de um direito acessório; depende de tradição; recai em regra sobre coisa móvel; exige alienabilidade do objeto dado em garantia; requer que o bem empenhado seja de propriedade do devedor pignoratício;trata- se de um direito real, uno, indivisível e temporário. (ZAPAROLI, 2013). Quanto ao fato do penhor ser considerado um direito real de garantia, este se dá “pelo fato de haver vinculação entre o bem empenhado e o pagamento do débito, logo, pressupõe-se a existência de um crédito a ser garantido”. (ZAPAROLI, 2013). A segunda característica relaciona-se com o fato do penhor ser um direito acessório, tal entendimento encontra-se pacífico na doutrina e jurisprudência majoritária, uma vez que, “ao analisarmos o tema chegamos à conclusão de que o penhor consiste em um acessório da obrigação principal, esta que é a responsável por gerar o dever de adimplir a dívida garantida por intermédio do bem empenhado”. (ZAPAROLI, 2013). O penhor possui ainda a característica de dependência da tradição do bem, pois, por se tratar de um direito real, “exige-se a entrega da coisa, ou seja, para ser concretizado o penhor há necessidade de que se perfaça a posse do objeto pelo credor, nos moldes do que preceitua o caput do artigo 1.431 do Código Civil Brasileiro”. (ZAPAROLI, 2013). Lembra-se, no entanto, que, segundo Rodrigo Zaparoli (2013): A exigência com relação à tradição do bem empenhado não é absoluta, pois em alguns casos excepcionais, tais como: penhor rural e industrial, o devedor pignoratício continuará como possuidor direto do bem fornecido em garantia ao cumprimento da obrigação pactuada. Cumpre esclarecer que o fato do devedor pignoratício permanecer com a posse direta do bem exigirá com que esse venha a cumprir 8 com alguns deveres irrenunciáveis, sendo eles: o dever de guarda e conservação do bem empenhado. (ZAPAROLI, 2013). Outra característica esta ligada ao fato do penhor recair sobre coisas móveis. “Tal informação possui fundamentação no próprio caput do artigo 1.431 do Código Civil, que estipula como objeto da transferência efetiva da posse uma coisa móvel, suscetível de alienação”. (ZAPAROLI, 2013). Portanto, necessário se faz discorrermos sobre a exceção a esta regra, já que é possível que o penhor recaia também sobre bens imóveis por acessão física ou intelectual, circunstâncias estas observadas no penhor rural, industrial e sobre direitos. (ZAPAROLI, 2013). Ainda segundo o autor: No que diz respeito à quinta característica, esta mantém relação ao fato do instituto jurídico do penhor exigir que o bem empenhado seja alienável. Insta salientar que o penhor exige a alienabilidade do objeto justamente pelo fato do penhor objetivar assegurar a satisfação do débito por meio da alienação do bem empenhado, hipótese que ocorrerá caso o devedor pignoratício não respeite à ordem de pagamento prevista pela relação entabulada entre as partes da relação obrigacional. Portanto, constata-se que em caso de inadimplemento obrigacional do devedor pignoratício, a alienação do bem empenhado se prestará a satisfazer o crédito de titularidade do credor, logo, o pagamento do débito dar-se-á pelo produto obtido da alienação do bem, ou seja, o penhor acaba por exigir a alienabilidade da coisa empenhada. A sexta característica determina que o bem empenhado deva ser de propriedade do devedor pignoratício. Tal entendimento existe, vez que a não propriedade do bem entregue a título de garantia resultaria na nulidade do negócio pactuado, ou seja, seria nula a entrega em garantia de bem que não pertencesse ao devedor. Quanto à sétima característica arrolada como principal, esta consiste no fato do penhor se tratar de um direito real, uno e indivisível. No que diz respeito ao fato de ser real, uno e indivisível, esta característica reside no fato de que a amortização dos pagamentos não libera parcialmente o bem empenhado, logo, o simples início do adimplemento da obrigação, ou seja, o pagamento parcial, não irá se prestar a liberar parcialmente o bem empenhado, salvo existência de prévia estipulação em contrário. Por fim, o penhor é temporário, ou seja, o fato de existirem prazos previamente fixados para cumprimento das prestações obrigacionais importará na existência de um lapso temporal certo de início e fim do penhor, logo, uma vez adimplida a obrigação o bem empenhado deverá ser devolvido ao devedor pignoratício. (ZAPAROLI, 2013). 9 Após exposição detalhada acerca das principais características do penhor, passa-se a análise das espécies de penhor admitidas em nosso ordenamento jurídico. 10 5 ESPÉCIES DE PENHOR O próprio Código Civil, no parágrafo único do artigo 1431, demonstra a existência de no mínimo quatro tipos de penhor, sendo eles: o penhor rural, industrial, mercantil e de veículos. No mesmo sentido, Roberto Senise Lisboa (2013, p.344), aborda a existência do penhor voluntário e legal; penhor rural, agrícola e pecuário; penhor industrial; e, penhor de veículos. 5.1 Penhor voluntário e legal Segundo Roberto Lisboa, “o penhor pode ser: penhor legal e penhor convencional. Penhor legal é aquele estabelecido por lei”. (LISBOA, 2013, p.245). Tem-se como exemplo dessa espécie, o penhor de “bagagens, jóias, móveis e dinheiro que os consumidores de estabelecimento de hotelaria ou similares e restaurantes trouxerem consigo; os bem móveis que o rendeiro ou o locatário tiverem guarnecendo o prédio, em benefício do dono” – nesse caso o penhor pode ser impedido mediante coação idônea. (LISBOA, 2013, p.245). Por outro lado, o “penhor convencional é aquele estabelecido pela vontade humana. O penhor convencional pode ser: penhor originário e penhor agrícola”. (LISBOA, 2013, p. 245). Entende-se por penhor ordinário ou comum aquele “constituído em virtude de dívida contraída para fins diversos do desenvolvimento da produção agrícola ou pastoril. Penhor agrícola é aquele constituído em virtude de dívida contraída para fins de desenvolvimento da produção agrícola ou pastoril”. (LISBOA, 2013, p.245). 5.2 Penhor rural Nas exatas palavras de Gabriela Gimenes (2015): A lei que regula o penhor rural é a lei nº 492/37, que em seu artigo 2ºautoriza a contratação do penhor por escritura pública ou particular, devendo realizar seu registro imobiliário na comarca em que estiverem situados os bens ou animais penhorados. Esta transcrição se faz necessária para a atribuição da eficácia do 11 penhor em relação a terceiro, pois a relação negocial e sua eficácia real operam entre as partes, independente de registro. O penhor rural poderá ser estabelecido ainda que a propriedade agrícola esteja hipotecada, independentemente de consentimento do credor hipotecário, pois o penhor não prejudica nem interfere em seu direito, conforme estabelece o artigo 4º da lei que regulamenta o penhor rural. O vigente Código Civil, em seu artigo 1.440, ressalva apenas que a instituição do penhor rural sobre propriedade agrícola hipotecada independe de anuência do credor hipotecário, sem prejudicar, entretanto, seu direito de preferência e extensão do seu direito. Caberá ainda a instituição de novo penhor sob os bens ou animais já empenhados, sem consentimento do credor, desde que tutelado seu direito de preferência (art 4, parágrafo primeiro). Aproxima-se da hipoteca, uma vez que a coisa empenhada não sai a esfera da posse do devedor por objetivar a facilitação da produção rural, assim, a dispensa da efetiva entrega do objeto ao credor justifica-se pelos elementos geradores de recursos próprios à exploração de suas atividades. Assim, uma vez que a posse dos bens empenhados permanecem com o devedor, este possui a responsabilidade de depositáriopor sua guarda e conservação, não podendo alienar os animais dados em garantia sem o consentimento do credor, sob pena de ter o vencimento da dívida antecipado. (GIMENES, 2015). Destaca-se que o penhor rural desdobra-se em duas outras modalidades de penhor, sendo elas: o agrícola, e o pecuniário. Nessa perspectiva, Gabriela Gimenes, aduz que: O penhor agrícola, utilizada principalmente para o financiamento da agricultura, poderá recair sobre maquinas, tratores, colheitas pendentes ou em formação, frutos, lenha, animais utilizados no estabelecimento agrícolas, como cavalos, vacas. Na hipótese de colheita pendente ou em formação, e ocorrer a frustração da mesma, o penhor abrangerá a seguinte, sendo que, se o credor não financiar a nova safra, o devedor poderá constituir novo penhor. O penhor pecuário, por sua vez, possibilita o financiamento para investimento na pecuniária, tendo como objeto os animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de laticínios. (GIMENES, 2015) Resta dizer que o penhor agrícola possui prazo máximo de dois anos, prorrogável, uma única vez, por igual tempo. Por outro lado, o penhor pecuário, tem prazo máximo de três anos, prorrogável por igual período. (GIMENES, 2015). Evidencia-se que o prazo estabelecido em lei, serve para impedir que as atividades do devedor sejam embaraçadas, além de coibir a perpetuação das obrigações assumidas. (GIMENES, 2015). 12 5.3 Penhor Industrial Roberto Lisboa assevera que: Admite-se o penhor industrial ou mercantil, que recai sobre as máquinas e os bens utilizados na indústria (aparelhos, instrumentos instalados ou em funcionamento e seus respectivos acessórios), equiparando-se o devedor ao depositário. O atual Código dá exemplos: o sal e os bens destinados à exploração das salinas; os produtos derivados da criação de suínos, os animais destinados à industrialização da carne e a produção dos seus derivados; e assim por diante. O penhor industrial precisa ser registrado no cartório de imóveis da localidade. Pode ser ajustado mediante instrumento particular ou público, ou, ainda, por meio de título representativo. O devedor pignoratício, nesse caso, não pode dispor da coisa empenhada, porém permanece com a sua posse, utilizando-a para o fim previamente acertado. (...) A disposição da coisa emprenhada somente se torna possível com a anuência do credor pignoratício, desde que ocorra a sua substituição por parte do devedor (sub-rogação objetiva do penhor). Havendo a promessa de pagamento da dívida em dinheiro, é emitida uma cédula rural pignoratícia, resgatada por ocasião da quitação do débito. (LISBOA, 2013, p. 348). Ressalta-se que, o devedor não pode, sem o consentimento por escrito do credor, alterar as coisas empenhadas ou mudar-lhes situação, nem dela dispor. Além disso, “o devedor que, anuído o credor, alienar as coisas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma natureza que ficarão sub-rogados no penhor”. (Autor desconhecido). Por outro lado, “tem o credor o direito de verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pessoa que credenciar”. (Autor Desconhecido). 5.4 Penhor de veículos “Penhor de veículos é o direito real de garantia sobre bem automotor, cujo contrato é registrado junto ao cartório de títulos e anotado no certificado de propriedade perdurando até o pagamento integral da dívida”. (LISBOA, 2013, p. 349). 13 O penhor de veículos somente pode ser ajustado por prazo de até dois anos, sujeito a uma prorrogação. Tendo o devedor efetuado a promessa de pagamento em dinheiro, haverá a expedição de cédula pignoratícia. Para que se verifique o penhor, é necessário que os veículos estejam previamente segurados contra: furto, avaria, perecimento e danos causados a terceiros. (...) A alienação do veículo empenhado sem o consentimento do credor importa no vencimento antecipado das dívidas. (LISBOA, 2013, p. 350). A seguir, verifica-se o penhor de títulos. 5.5 Penhor de títulos Acerca do tema, Ricardo Guimarães ensina que: É o penhor que recai sobre títulos de créditos e que deve ser constituído mediante instrumento público ou particular ou endosso pignoratício, com tradição do título ao credor (transferência da posse do título do devedor para o credor), conforme disposto no artigo 1.458 do Código Civil. A eficácia do penhor de crédito se dá pela notificação ao devedor por instrumento público ou particular onde o devedor se declara ciente da existência do penhor. (GUIMARÃES, 2013). Torna-se oportuno lembrar que, segundo Roberto Lisboa (2013, p. 348), “admite-se o penhor de títulos de crédito privado ou público. Constituem objetos possíveis do penhor de direitos e títulos os direitos sobre coisas móveis, sujeitos à cessão”. A caução de títulos de crédito inalienáveis é equiparada ao penhor, por determinação legal, devendo ser submetida ao registro junto ao cartório de títulos e documentos. O penhor dessa modalidade somente gera efeitos para o devedor, quando ele é notificado. Poderá, no entanto, mesmo antes da sua entrada ao credor, gerar eficácia perante terceiros. (LISBOA, 2013, p. 348). Lembra-se que os direitos inerentes ao credor encontram-se dispostos no artigo 1459 do Código Civil, sendo eles: conservar a posse do título e recuperá-la de quem quer que o detenha; usar dos meios judiciais convenientes para assegurar os seus direitos, e os do credor do título empenhado; fazer intimar ao devedor do título 14 que não pague ao seu credor, enquanto durar o penhor; e receber a importância consubstanciada no título e os respectivos juros, se exigíveis, restituindo o título ao devedor, quando este solver a obrigação. É preciso esclarecer que, “o titular do crédito empenhado só pode receber o pagamento com a anuência, por escrito, do credor pignoratício, caso em que o penhor se extinguirá”. (GUIMARÃES, 2013). Além disso, se o mesmo crédito for objeto de vários penhores, “só o credor pignoratício, cujo direito prefira aos demais, o devedor deve pagar. Responde por perdas e danos aos demais credores o credor preferente que, notificado por qualquer um deles, não promover oportunamente a cobrança.” (GUIMARÃES, 2013). 15 6 CONSTITUIÇÃO DO PENHOR Destarte a brilhante exposição de Roberto Lisboa (2013, p.345), ao ensinar que: O penhor convencional pode ser constituído por instrumento escrito público ou particular, devidamente assinado pelas partes e por duas testemunhas. O penhor convencional expressamente prever: a) o valor da dívida, ainda que estimado; b) o prazo para o pagamento da dívida; e c) a coisa empenhada e suas especificações. Se houver sido fixada taxa de juros para o pagamento das prestações referentes ao débito, ela deve estar expressa no penhor convencional. O penhor agrícola pode ser constituído por meio de instrumento particular, registrado junto ao cartório imobiliário respectivo. Salienta-se ainda o disposto no artigo 1432 do Código Civil: “o instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos”. 16 7 EXTINÇÃO DO PENHOR O Código Civil em seu artigo 1436, estabelece que o penhor se extinguirá: se extinta a obrigação; com o perecimento da coisa; com a renuncia do credor; confundindo-se na mesma pessoa as qualidades decredor e de dono da coisa; em caso de adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada. Nesse diapasão, Domingos Sávio de Sousa (2017), ensina que: Dada a acessoriedade da garantia representada pelo penhor, sua sorte está vinculada à da relação subjacente principal: extinta esta, o penhor deixa de existir, cumprindo ao credor pignoratício restituir o bem onerado ao devedor, acompanhado dos seus frutos e acessórios. Contudo, deve-se observar “que a extinção da obrigação seja total; se a obrigação foi apenas parcialmente paga, o penhor persiste na sua integralidade, em virtude do princípio da indivisibilidade da garantia, consagrado no art. 1.421 do Código Civil”. Como o penhor tem por objeto uma coisa, corpórea ou não, resta claro que o desaparecimento desta, por causa do perecimento do objeto ou da extinção do direito, faz desaparecer o penhor. Todavia, subsistindo parcialmente a coisa, sobre o que restar incide a garantia. Como bem observa, Sílvio Venosa, “não se confunde a extinção da obrigação com a extinção do penhor. Seu desaparecimento não induz extinção da obrigação. Tanto que o credor pode renunciar ao penhor, como a qualquer outra garantia, não renunciando à obrigação”. (SOUSA, 2017). Ainda segundo o autor: A renúncia do credor pignoratício segue a regra do art. 387 do Código Civil, segundo a qual a restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida; salvo se a renúncia recair sobre o objeto da relação obrigacional principal, hipótese em em enseja a extinção da dívida garantida e do penhor. A renúncia em questão também pode ser presumida quando o credor consentir na venda particular do bem empenhado sem reserva de preço ou quando anuir à sua substituição por outra garantia. Como causa extintiva da relação obrigacional, a confusão ocorre quando as posições de credor e devedor se manifestam na mesma pessoa. No penhor, tal hipótese se verifica quando o titular do domínio da coisa empenhada é o mesmo do crédito a ser garantido, impondo-se a extinção da garantia, mas subsiste a obrigação. Se executável uma decisão judicial e o devedor não pagar espontaneamente, haverá a penhora de bens suficientes para o cumprimento da obrigação. Tais bens penhorados serão submetidos 17 à avaliação, para serem alienados em hasta pública (praça ou leilão público). A adjudicação consiste no direito do credor de adquirir o bem levado à hasta pública quando não houvesse licitantes (redação antiga do art. 714 do antigo CPC). Atualmente, com a reforma processual visando maior celeridade (Lei nº 11.382, de 2006), e de acordo com o art. 685-A, a adjudicação judicial pode ser de imediato requerida pelo credor, antes da designação da praça, desde que por preço não inferior ao da avaliação. A remição consiste na possibilidade conferida ao devedor de excluir determinado bem da penhora, desde que, antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pagar ou consignar a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios (CPC, art. 651). (SOUSA, 2017). Por fim, Domingos Sousa, brilhantemente ensina que: Impõe salientar que, seja qual for a causa de extinção do penhor, seus efeitos em relação a terceiros apenas serão produzidos após a averbação do cancelamento do registro da garantia, à vista da respectiva prova (CC, art. 1.437), como, por exemplo, sentença judicial, documento do devedor etc. É que o penhor, como direito real, produz efeitos erga omnes com o seu registro no órgão competente, logo, sua desconstituição também reclama o devido cancelamento do registro anteriormente realizado. (SOUSA, 2017). Sendo assim, é possível concluir que o penhor se extinguirá caso se verifique qualquer das hipóteses previstas, taxativamente, no diploma legal supracitado. 18 8 NATUREZA JURÍDICA DO PENHOR Por fim, resta esclarecer que, a natureza jurídica do penhor é de direto real de garantia sobre coisa alheia, pois, “o direito do credor pignoratício recai diretamente sobre a coisa. Uma vez legalmente constituído, opera erga omnes, é munido de ação real e de seqüela, deferindo, ademais, ao seu titular, as vantagens da preferência”. (SOUSA, 2017). No mesmo sentido, Bazelice Mendes (2006), aduz que “o penhor possui natureza jurídica de direito real de garantia sobre coisa alheia, móvel, tem caráter acessório e, como tal, sua existência subordina-se à sorte da obrigação principal.” 19 CONCLUSÃO O instituto jurídico do penhor, elencado no Código Civil vigente, possui papel essencial em certas relações negociais, principalmente naquelas onde os envolvidos não têm o interesse de dispor de bens imóveis para garantir o pagamento dos créditos adquiridos. Trata-se de um instituto que a cada dia que passa ganha mais notoriedade por, muitas vezes, se demonstrar mais viável. 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AUTOR DESCONHECIDO. Penhor industrial e mercantil. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/guia/penhor-industrial-e-mercantil.htm. Acesso em: 03/11/2017. BRASIL. Casa Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm> . Acesso: 03/11/2017. GIMENES, Gabriela. Penhor Rural no Direito Civil. Disponível em: https://ggimenes.jusbrasil.com.br/artigos/252572499/penhor-rural-no-direito-civil- patrio. Acesso em: 03/11/2017. GUIMARÃES, Ricardo. Penhor de direitos e títulos de crédito. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/penhor-de-direitos-e- titulos-de-credito/46586. Acesso: 03/11/2017. LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil – Direitos Reais e Direitos Intelectuais. 7ª Ed. Saraiva: São Paulo, 2013. MENDES, Bazelice Xavier. O penhor e sua natureza jurídica. Disponível em: https://www.zemoleza.com.br/trabalho-academico/humanas/direito/o-penhor-e-sua- natureza-juridica-direito-de-sequela/. Acesso em: 03/11/2017. SOUSA, Domingos Sávio. O instituto do penhor no direito brasileiro. 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