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ESTUDO DIRIGIDO SOBRE A TEMÁTICA DO PENHOR, ANTICRESE E HIPOTECA 1 - Qual é a finalidade dos direitos reais de garantia? Art. 1.419 – Nas dívidas garantias por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. O direito de garantia é o direito que o titular tem de receber o pagamento de uma dívida através de um bem dado em garantia, ou seja, de acordo com Gonçalves, a garantia real é mais eficaz, pois vincula determinado bem do devedor ao pagamento da dívida. Ao invés de ter uma garantia o patrimônio do devedor, que poderá não existir por ocasião da execução do débito inadimplido, o bem dado em garantia real fica vinculado à satisfação da dívida, ainda que a coisa esteja em poder de terceiro (Gonçalves, 2010, fls. 524). Por exemplo, se um relógio é penhorado (garantia real), o credor não pode usá- lo, pois somente foi posto à sua disposição a fim de garantir uma dívida. 2 - Qual a relação que os direitos reais de garantia possuem com o direito contratual? A relação é que ambos é um acordo entre as partes é as partes envolvidas devem estabelecer a função social garantida em lei. Tanto o Penhor como a hipoteca se dar a partir da celebração de um contrato em que haja uma relação entre um credor e devedor sem que tenha o pagamento em si. 3 - O bem comum a dois ou mais donos pode ser dada em garantia em qual circunstância? Quando o bem for divisível Art. 1.420, § 2º - A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver. Ou seja, é apenas lícito ao mesmo, apenas dar em garantia a parte que lhe cabe, que o bem seja divisível ou indivisível, sem necessitar de comunicação aos outros, visto que a questão do direito de preferência apenas ressurgirá no instante da alienação da parte ideal da coisa comum. Nas garantias reais, o crédito do credor é garantido por um ou mais bens, móvel ou imóvel. Alguns exemplos desta são o penhor, a anticrese, a hipoteca, a propriedade e alienação fiduciárias e a cessão fiduciária. 4 - Qual é o prazo máximo de garantia anticrética? Art. 1.423 – O credor anticrético tem o direito de reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for paga; extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição. O credor anticrético não possui o direito de preferência. Em compensação, o legislador lhe assegura o direito de retenção sobre a coisa imóvel, pelo prazo máximo de 15 anos. Trata-se de prazo decadencial, cujo transcurso converte crédito em quirografário, sendo que o transcurso do prazo, com ou sem a satisfação do credor anticrético, converte a sua posse em precária em decorrência do abuso de confiança. 5 - Quais são os requisitos clausulares indispensáveis em contratos com garantia real? Art. 1.424 – Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia: I – o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo; II – o prazo fixado para pagamento; III – a taxa de juros, se houver; IV – o bem dado em garantia com as suas especificações. 6 - Pode ser apontada alguma relação entre os arts. 1.499, 1.436, 1.425 e 333 do CC? Explique. Sim, tendo como discorre nos artigos 1.499 e 1.436 do CC, ver se que ambos buscam a mesma finalidade da coisa por meio dos requisitos. Extinção da obrigação; Perecimento da coisa; Resolução da propriedade; Renúncia ao credor. Já nos artigos 1.425 e 333 do CC, se divergem no sentido de: Art. 333 do CC - O credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes do vencimento do prazo estipulado no contrato em casos de: I - o caso de falência do devedor ou, de concurso de credores; II - se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução por outro credor; III - se cessarem, ou se tornarem insuficiente as garantias do débito fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça- las. No que tange o artigo a diferença do Art. 1.425 que possui a mesma finalidade os incisos, apenas a dívida não poderá ser cobrada antes do vencimento. 7 - A legislação brasileira autoriza ao credor o exercício da apropriação automática da coisa dada em garantia real? Explique. De acordo com o Artigo 1.423 do CC - O credor anticrético tem direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for paga; extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição. Garante a lei ao credor anticrético o direito de o mesmo reter a coisa gravada em seu poder até que a dívida seja paga, respeitado o lapso temporal de quinze anos, quando então o direito caduco, este prazo é contínuo, onde o decurso do tempo provoca automática perda de direito real sobre a coisa. Sendo assim, é cabível a apropriação automática do credor a exercício da coisa. 8 - Em qual hipótese responde a herança por dívidas garantidas por cláusula real? Art. 1.997 - A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube. § 1º - Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pagamento de dívidas constantes de documentos, revestidos de formalidades legais, constituindo prova bastante da obrigação, e houver impugnação, que não se funde na alegação de pagamento, acompanhada de prova valiosa, o juiz mandará reservar, em poder do inventariante, bens suficientes para solução do débito, sobre os quais venha a recair oportunamente a execução. §2º - No caso previsto no parágrafo antecedente, o credor será obrigado a iniciar a ação de cobrança no prazo de trinta dias, sob pena de se tornar de nenhum efeito a providência indicada. Tendo em vista também o art. 796 do CPC. Onde discorre que: Feita a partilha, cada herdeiro responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe couber. Do penhor – CC, arts. 1.431 a 1.472 1- Explique a etimologia do termo penhor. A palavra penhor é originária latim pignus (derivada de pugnus, indicando que os bens do devedor permaneciam sob a mão do credor). No direito romano, a noção desse vocábulo era a de garantia constituída sobre um bem qualquer, móvel ou imóvel, abrangendo a ideia genérica de garantia com a vinculação da coisa.Tendo em Vista também o artigo 1.431 do Código Civil, onde versa que: "constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação", ou seja, é um direito real que vincula uma coisa móvel ao pagamento de uma dívida. Este se difere principalmente da hipoteca, quanto ao objeto, que neste caso é uma coisa móvel e no segundo, coisa imóvel. Por principais características podemos estabelecer que é este um direito real e acessório, que só se completa com a tradição do objeto ao credor. Conforme já mencionado, o penhor incide sobre bens móveis, corpóreos ou incorpóreos, podendo, em algumas de suas espécies, recair sobre bens imóveis por acessão intelectual ou física, como são os casos dos penhores agrícola e industrial. 2 - Qual é o conceito atual de penhor? Consiste em garantia real que vincula uma coisa móvel ao pagamento de uma dívida. Não se confunde com a hipoteca, já que esta recai sobre bens imóveis. O penhor pode ser legal, quando estipulado por lei; ou convencional, quando fixado pelas partes. Além disso, é considerado contrato solene, já que o instrumento do penhor será registrado no Cartório de Títulos e Documentos. De acordo com o artigo 1.431, do Código Civil, "constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credorou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação". Fundamentação: Arts. 1.225, VIII e 1.419 a 1.472 do CC. 3 - Para a constituição do penhor é necessário que o devedor se desprenda da posse da coisa dada em garantia? Explique o tipo de tradição utilizada no penhor. Sim, e há exceções. No art.1.431, CC em seu caput diz: Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação. E as exceções estão presentes no parágrafo único do referido artigo quando diz: No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar. 4 - Qual é o cartório competente para o registro da coisa dada em penhor? De acordo com o art. 1.432, do CC – O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos. 5 - De acordo com o Código Civil, quais são os direitos do credor pignoratício? Institui o Código Civil. Art. 1.433 - O credor pignoratício tem direito: I - À posse da coisa empenhada; II - À retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua; III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada; IV - A promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração; V - A apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder; VI - A promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea. 6 - O Código Civil atribui alguma obrigação ao credor pignoratício? Institui o Código Civil. Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado: I - À custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade; II - À defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória; III - A imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente; IV - A restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida; V - A entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433. 7 - Deve a extinção do penhor ser realizada em cartório? Explique. Sim. A extinção, todavia, somente produzirá efeitos “depois de averbado o cancelamento do registro, à vista da respectiva prova” (Art. 1.437, CC). O cancelamento se faz por averbação à margem do registro respectivo. Faz-se mister que o interessado apresente prova de extinção do penhor ao oficial do cartório, que pode consistir em sentença ou documento autêntico de quitação ou de exoneração do título registrado, ou ainda de extinção por outra forma (LRP, art. 164). 8 - Sobre quais bens incide o penhor rural? Como sabemos existem duas espécies de penhor rural, que são eles: penhor agrícola e o penhor pecuário, e que podem ser unificados em um só instrumento e revestir a forma pública ou particular. O penhor rural tem por objeto bens móveis e imóveis por acessão física e intelectual. Do Penhor Agrícola. Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor: I - Máquinas e instrumentos de agricultura; II - Colheitas pendentes, ou em via de formação; III - Frutos acondicionados ou armazenados; IV - Lenha cortada e carvão vegetal; V - Animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola. Do Penhor Pecuário. Art. 1.446. Os animais da mesma espécie, comprados para substituir os mortos, ficam sub-rogados no penhor. Parágrafo único. Presume-se a substituição prevista neste artigo, mas não terá eficácia contra terceiros, se não constar de menção adicional ao respectivo contrato, a qual deverá ser averbada. 9 - Qual é a finalidade do título de crédito mencionado no Parágrafo Único do art. 1.438, Parágrafo Único do art. 1.448, Parágrafo Único do art. 1.462 e 1.476 do Código Civil? Artigo 1.438 - A sua finalidade e prometer pagar em dinheiro a dívida, que garante com penhor rural, o devedor poderá emitir, em favor do credor, cédula rural pignoratícia (serve como garantia) na forma determinada em lei especial. Art. 1.448 - Sua finalidade promete pagar em dinheiro a dívida, que garante com penhor industrial ou mercantil, o devedor poderá emitir, em favor do credor, cédula do respectivo credito, na forma e para os fins que a lei especial determina. Art. 1.462 - Tem como finalidade pagar em dinheiro a dívida garantida com o penhor, poderá o devedor emitir cédula de crédito, na forma e para os fins que a lei especial determina. Art. 1.476 - O dono do imóvel hipotecado pode construir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor. 10 - Se o imóvel que estiver guardando as coisas dadas em garantia pignoratícia rural estiver hipotecado, isto influenciará no penhor? Explique. Não influenciará. Segundo o artigo 1.440. Se o prédio (Ex.: fazenda) estiver hipotecado, o penhor rural poderá constituir-se independentemente da ausência do credor hipotecário, mas não lhe prejudica o direito de preferência, nem restringe a existência da hipoteca, ao ser executada. 11 - Considerando um avião cuja utilidade seja exclusivamente o de pulverizar plantios de soja em determinada fazenda, vindo este a ser dado em garantia real tal circunstância estaria melhor acomodada no art. 1.442 I ou no art. 1.473 VII? Perante a situação mostrada no caso. Estaria melhor incomodado no artigo 1.473 VII. Art. 1.473 - Podem ser objeto de hipoteca: VII - as aeronaves. 12 - Por quanto tempo podem ser convencionados os penhores rurais? Como o bem rural é classificado em duas espécies (Agrícola e Pecuário) o tempo determinado de cada um acaba sendo diferente. Penhor Agrícola: Tem o prazo de duração máximo de dois anos, prorrogável por mais dois, devendo existir menção no contrato, à época da colheita e da cultura apenhada, e embora vendido. Subsiste a garantia enquanto subsistirem os bens que a constituem, em conformidade com o artigo 7 da lei 492/37. Penhor Pecuário: O penhor pecuário, por sua vez tem o prazo de duração máximo de três anos, podendo ser prorrogado por igual período, averbando- se a prorrogação na transcrição respectiva, como prevê o artigo 13 da mesma lei. Art. 1.439. O penhor agrícola e o penhor pecuário não podem ser convencionados por prazos superiores aos das obrigações garantidas. § 1o Embora vencidos os prazos, permanece a garantia, enquanto subsistirem os bens que a constituem. § 2o A prorrogação deve ser averbada à margem do registro respectivo, mediante requerimento do credor e do devedor. 13 - Frangos criados para abate e processamento de steaks e empanados, podem ser objeto de penhor rural ou industrial/mercantil? Justifique. Sim, conforme descrito no art. 1.447 do Código Civil. Art. 1.447. Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumentos, instalados e em funcionamento, com os acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens destinados à exploração das salinas; produtos de suinocultura, animais destinados à industrialização de carnes e derivados; matérias-primas e produtos industrializados. 14 - Cite exemplo prático de um direitoque pode ser objeto de penhor legal. É direito real que vincula uma coisa ao pagamento de uma dívida. Exemplos: joias, veículos, animais = bens móveis. E podem ser objeto de penhor bens que o legislador considera imóveis, mas que podem ser mobilizados, como por exemplo, as colheitas pendentes, das quais se extrairão frutos para efeito de pagamento da dívida. Os frutos separados da árvore passam a ser considerados bem móveis, dizendo-se que recaiu o penhor sobre bens mobilizáveis. 15 - Qual é o conceito de título de crédito? Código Civil no art. 887 dispõe sobre título de crédito: Art. 887 - O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. É um documento, portanto não pode ser uma declaração oral, necessário para o exercício do direito nele mencionado. É indispensável o documento para que os direitos nele mencionados sejam exercidos. Daí ser ele um título de apresentação, porque no momento em que desejar exercer os direitos mencionados no título, deve o atual possuidor (chamado de portador ou detentor) apresentar o documento ao devedor ou a pessoa indicada para pagar. Por isso é indispensável. Os direitos mencionados no título são sempre direitos de crédito. 16 - Quais direitos do credor pignoratício estão previstos no Código Civil mormente os títulos de crédito? No artigo 1.433 do Código Civil são abordados os direitos do credor pignoratício, sendo eles: exercer a posse da coisa empenhada; direito a reter a coisa até que seja indenizado pelas despesas que forem devidamente justificadas e que não forem ocasionadas por sua culpa; direito de ser ressarcido de prejuízo que sofreu devido ao vício da coisa empenhada; promover a execução judicial ou até mesmo a venda amigável, se o contrato permitir expressamente, ou se o devedor autorizar mediante procuração; se apropriar dos frutos da coisa empenhada que está em seu poder; e possibilidade de promover a venda antecipada, por prévia autorização do juiz, quando houver receio justificado de que coisa empenhada se perca ou se deteriore, sendo que o preço deve ser depositado. Entendem-se também como direitos do credor pignoratício o de se sub-rogar no valor do seguro de bens ou de animais que foram empenhados e que venham a perecer, e no valor da desapropriação em caso de necessidade ou de utilidade pública (artigo 1.425, V, e § 1° do Código Civil). 17 - Pesquise se a previsão do art. 1.461 do CC possui exceção. De acordo com Carlos Roberto Gonçalves, o Art. 1.461 do Código Civil dispõe que: “podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução”. Inovou o legislador, disciplinando em seção autônoma o penhor de veículos. Cuida o dispositivo ora transcrito do penhor de veículo automotor empregado no transporte de pessoas ou coisas, ou seja, de passageiros e carga. O de passageiros abrange o realizado por coletivos, como ônibus, lotações, táxis; a descarga compreende o efetuado por caminhões de grande ou pequeno porte. O penhor pode ter por objeto veículo individualizado ou de frota. Excluem-se, todavia, os navios e aeronaves, porque, embora se considerem coisas móveis, são, por disposição de lei especial, objeto de hipoteca, não só por conveniência econômica, senão também porque são suscetíveis de identificação e individuação, tendo registro peculiar. Para atender ao princípio da especialidade, o veículo deve ser precisamente descrito, especificando-se as suas características, como número do chassi e do motor, tipo, marca, cor etc. Sendo assim, o Art. 1.461 do Código Civil não possui exceção. 18 - Qual o efeito da expressão popular “carro do pescoço quebrado” nos termos do art. 1.465 do CC? Implica no vencimento antecipado do crédito pignoratício, dado a não comunicação de alienação ou mudança de veículo emprenhado. Por isso, quem “recebe” o carro de pescoço quebrado, só tem a “garantia” de no máximo dois anos de circulação na praça, que é o prazo do penhor estabelecido pelo art. 1.466 do CC. 19 - No que consiste o penhor legal? O penhor legal não deriva da vontade das partes, de um contrato, mas da determinação do legislador. Esse penhor independe de convenção, resultando exclusivamente da vontade expressa do legislador. A lei confere aos donos de hotéis, pensões e pousadas, ou de imóveis arrendados ou locados, o direito de constituir penhor sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os hóspedes ou locatários tenham consigo no estabelecimento onde façam despesas ou ocupem, para garantia do pagamento destas. Disposto no art. 1.467 do Código Civil - São credores pignoratícios, independentemente de convenção: I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito; II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas. 20 - De que forma se configura a autotutela possessória no penhor legal? As ações possessórias objetivam a tutela jurídica da posse, seja de bens móveis ou imóveis. Nas referidas ações não se pleiteia a propriedade, mas sim a efetiva posse daquele que a detém e, ainda, quem possivelmente ofendeu o direito daquele, devendo o mesmo ser restituído ao seu devido titular. Nas duas hipóteses de penhor legal, o credor poderá tomar em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida (art. 1.469 do CC/2002). O dispositivo deixa claro que o penhor legal constitui o exercício de uma autotutela por parte dos beneficiados pela lei. Apesar de certa proximidade, a hipótese de apropriação no penhor legal não se confunde com o direito de retenção, como ponderam os civilistas de ontem e de hoje. Como explica Sílvio de Salvo Venosa, “entre outras diferenças, pode-se apontar que, para exercer o direito de retenção, o retentor deve estar na posse do bem, o que não ocorre no penhor legal, em que o credor toma a posse da coisa. O direito de retenção é genérico, para proteger todo aquele que despendeu de boa-fé sobre coisa alheia cuja devolução é exigida. O penhor legal decorre exclusivamente das hipóteses legais. O direito de retenção é utilizado sempre como exceção de defesa. O penhor legal implica ação executória, cobrança por parte do credor. Por fim, a retenção aplica-se a móveis e imóveis, enquanto o penhor legal é reservado apenas a bens móveis” (VENOSA, Sílvio de Salvo. Código..., 2010, p. 1.321). Confirmando a existência da autotutela, os credores podem fazer efetivo o penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária, sempre que haja perigo na demora (periculum in mora), dando aos devedores comprovantes dos bens de que se apossarem (art. 1.470 do CC/2002). Trata-se de medida extrajudicial excepcionalíssima, a ser tomada antes da homologação judicial do penhor. Da hipoteca – CC, arts. 1.473 a 1.505 1 - Apresente o conceito de hipoteca. A palavra “hipoteca”, derivada do grego, indica a ideia de submeter uma coisa à outra. A Hipoteca é o direito real de garantia, que consiste em sujeitar um imóvel, preferentemente, ao pagamento de uma dívida de outrem, sem retirá-lo da posse do dono. Ao se tratar da Hipoteca dos navios e das aeronaves rege-se pelo disposto em lei especial. Embora sejam móveis, é admitida a hipoteca, por conveniência econômica e porque são suscetíveis de identificação, tendo registro peculiar, possibilitando a especialização e a publicidade, princípios que norteiam o direito real de garantia. 2 - Qual é o cartório competente para o registro da hipoteca? O direito real surge com o registro no Cartório de Registro de Imóveis. No qual, determina o art. 1.492 do CódigoCivil em que as hipotecas sejam registradas “no cartório do lugar do imóvel, ou no de cada um deles, se o título se referir a mais de um. 3 - Estabeleça a distinção conceitual entre os incisos II e III do art. 1.473 do CC. O domínio útil consiste no direito de usufruir a coisa do modo mais completo, como se proprietário fosse restando ao titular apenas o direito ao recebimento do foro e preferência em eventual alienação do domínio útil, corresponde aos atributos de usar, gozar e dispor da coisa. O domínio direto, por sua vez, é o direito à substância da coisa, sem as suas utilidades – corresponde à titularidade do domínio, ao fato de ser proprietário e de ter o bem em seu nome. Costuma-se dizer que é aquele despido dos atributos do uso e do gozo. A pessoa que a detém recebe senhorio direto. No aforamento ocorre o desdobramento do domínio entre o efetivo proprietário, chamado de senhorio, e aquele que recebe o direito real sobre o imóvel, chamado foreiro ou enfiteuta em conserva os direitos recebidos, podendo transferi-los aos seus herdeiros ou a terceiros, de modo gratuito ou oneroso. Em contrapartida, o foreiro deve pagar anualmente à União o foro correspondente o valor do respectivo domínio. 4 - Quais recursos naturais podem ser hipotecados? Podem ser hipotecados os recursos naturais a que se refere o art. 1.230 que são as jazidas, minas, pedreiras, demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos, independentemente do solo em que se acham. Vale lembrar preceitua que art. 176 da Constituição Federal que as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto. Ao ser convertido o direito de exploração das riquezas minerais a uma concessão do Governo, podem ser dadas em garantia, hipotecando-se as instalações. A autorização governamental será feita mediante averbação no Livro de Registro de Concessão da Lavra. As pedreiras, que pela sua natureza não dependem de concessão, podem ser hipotecadas. 5 - Pode o imóvel hipotecado ser objeto de venda? Sim. O ônus hipotecário comum não é impeditivo de registro de alienações. Pelo direito de sequela, a hipoteca acompanha o imóvel, esteja o imóvel sob domínio de quem for. Portanto, pode vender (ou prometer vender), permutar (ou prometer permutar), dar em pagamento, doar, transferir ao patrimônio de empresa (para integralizar capital social ou nos casos de fusão, cisão ou incorporação), etc. 6 - Qual é o limite de hipotecas incidentes sobre um mesmo imóvel? Sim. A nossa legislação permite que um mesmo imóvel seja dado em garantia de mais de uma dívida, desde que com outro título constitutivo. Pode ser em favor do mesmo credor ou de outro credor (artigo 1.476 do Código Civil). É possível, portanto, que o mesmo imóvel seja gravado com várias hipotecas. Quando existe mais de uma hipoteca formam-se graus diferentes. A primeira hipoteca será de primeiro grau, depois a outra de segundo grau e assim por diante. Mesmo havendo muitos credores cada um gozará do direito de preferência de acordo com o seu grau de hipoteca. O devedor, quando for constituir nova hipoteca sobre o mesmo imóvel, deve mencionar a existência da hipoteca anterior sob pena de cometer crime de estelionato (artigo 171 §2º, II do Código Penal). Quando a escritura de segunda hipoteca ou outro grau for levada a registro, e a escritura de grau inferior ainda não foi registrada, o oficial de Registro de Imóveis deve prenotá-la e sobrestar seu registro por 30 dias aguardando que o credor anterior apresente seu título para registro. Esgotado este prazo sem que a escritura de primeiro grau seja apresentada, a segunda será registrada e terá preferência sobre a primeira, conforme norma do artigo 189 da lei 6.015/73. Dica: A alienação fiduciária não permite que o imóvel seja alienado em segundo grau. 7 - Qual o efeito gerado pelo abandono do imóvel hipotecado feito pelo adquirente em favor dos credores? Pode o adquirente do imóvel hipotecado, desde que não se tenha obrigado pessoalmente a pagar as dívidas aos credores hipotecários, abandonar o imóvel e, assim, exonerar-se da hipoteca. O Código Civil exige, em seu artigo 1.480, que tal abandono seja expressamente comunicado tanto ao vendedor quanto aos credores hipotecários. Tal faculdade, que constitui direito protestativo do adquirente que não se obrigará pessoalmente ao pagamento da dívida, poderá ser exercida, no entanto, somente até as vinte e quatro horas subsequentes à citação que tiver iniciado o processo executivo. 8 - Quais são as circunstâncias de incidência da hipoteca legal? Podem sofrer a incidência da hipoteca legal todos os imóveis que licitamente integram o patrimônio do acusado, até mesmo o imóvel que seja bem de família, nos termos do art. 3º, VI, da Lei 8.009/1990. A lei confere hipoteca: I - às pessoas de direito público interno sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas; II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior; III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais; IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente; V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da arrematação. O credor da hipoteca legal, ou quem o represente, poderá, provando a insuficiência dos imóveis especializados, exigir do devedor que seja reforçado com outros. 9 - Apresente os prazos de vigência máxima da hipoteca e seu prazo máximo de registro para fins de renovação. Determina o art. 1.485 do Código Civil que a hipoteca poderá prorrogar-se até perfazer trinta anos da data do contrato. Basta que ambas as partes requeiram a respectiva averbação. Para evitar controvérsias, esse requerimento deve ser firmado e averbado antes do vencimento da hipoteca. Decorridos os trinta anos, o contrato de hipoteca deve ser reconstituído para subsistir. Lavra-se novo contrato e faz-se novo registro, assegurados os mesmos direitos às partes. (FILHO. Nicolau Balbino. “Registro de Imóveis. Doutrina – Prática - Jurisprudência”. 13ª ed. rev. e at., Saraiva, 2008, p. 164). 10 - Vias férreas cuja concessão é atribuída a empresa particular pode ser objeto de hipoteca? Justifique. Sim. Afirmando que a característica predominante na hipoteca das vias férreas reside na continuidade do seu funcionamento, para tanto prescreve-se o Art. 1.503 do Código Civil onde afirma que os credores hipotecários não podem embaraçar a exploração da linha, nem contrariar as modificações, que a administração deliberar, no leito da estrada, em suas dependências, ou no seu material. 11 - Quais bens compreendem as hipotecas sobre vias férreas? Compreende o solo, os trilhos, os terrenos marginais, as estações e os equipamentos, ou seja, todos os acessórios. Da anticrese – CC, art. 1.506 a 1.510 1 - Apresente a raiz etimológica do termo anticrese. A palavra anticrese advém da palavra grega antíchresis, de antí (contra) e chrêsis (uso), significado etimologicamente uso contrário, ou seja, uso da soma que tem o devedor contra o uso dos frutos e dos rendimentos que tem o credor anticrético. 2 - Qual é o conceito moderno de anticrese? É um direito real de garantia estabelecido em favor do credor e com a finalidade de compensar a dívida do devedor, por meio do qual este entrega os frutos e rendimentos provenientes do imóvel. 3 - Após analisar o conceito de anticrese, explique se estese trata de um direito real de garantia ou forma alternativa de adimplemento da obrigação. É um direito de garantias real, pois a garantia é a segurança especial do recebimento de um crédito convencionada pelas partes. Essa garantia é requerida tendo em vista que, por vezes, o devedor pode exceder seu débito em relação ao valor de seu patrimônio ele se diferem dos de gozo e fruição pelo fato de não poder o devedor, no primeiro caso, usar e gozar do bem que se encontra em seu poder. Por exemplo, se um relógio é penhorado (garantia real), o credor não pode usá-lo, pois somente foi posto à sua disposição a fim de garantir uma dívida. 4 - Considerando o §2º do art. 1.506, a anticrese incidirá exclusivamente sobre imóveis? Justifique. Sim, exclusivamente bens imóveis, pois para bens móveis, se utiliza o instituto de penhor. 5 - Qual o cartório competente para registro da anticrese? Qual o prazo máximo de estipulação da anticrese? Cartório de Registro de Imóveis, requer escritura pública e inscrição no registro imobiliário quando o valor for acima de 30 salários mínimos, o seu objeto recai sobre coisa imóvel alienável, requer a tradição (transferência com a devida escritura em cartório) real do imóvel, e só pode reter o bem por, no máximo, quinze anos. Decorrido tal prazo, perde ele o direito de retenção. 6 - No que consiste a responsabilidade do credor anticrético? O credor anticrético não possui preferência na satisfação do seu crédito. O credor anticrético tem a obrigação de preservar a coisa que deve, sendo esta, necessariamente, ser bem imóvel, pois caso seja o bem móvel, ter-se-á o instituto do penhor e não anticrese. Logo, a tradição real do bem para as mãos do credor é requisito obrigatório para a constituição da anticrese. REFERÊNCIA BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
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