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CURSO ON-LINE - DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula Demonstrativa – Poder Constituinte – (Apresentação do curso
de Direito Constitucional para o TCU) 
Bom dia! 
É grande a satisfação com que inicio mais este curso de Direito
Constitucional aqui no Ponto. Aqui poderei dar a minha contribuição
nessa sua caminhada rumo ao Tribunal de Contas da União, para
concorrer ao cargo de Auditor Federal de Controle Externo - com certeza,
um dos melhores e mais cobiçados cargos da Administração Pública. 
Eu mesmo sonhei muito em poder trabalhar no TCU. É verdade!
Também tive esse objetivo (ou sonho) há bem pouco tempo. E também
tive de ralar muito para alcançá-lo. Portanto, fique firme e se mantenha
motivado! Não tenha dúvidas de que cada momento de estudo será
recompensado com a aprovação no concurso dos seus sonhos... 
Meu nome é Frederico Dias. Sou natural de Belo Horizonte e ocupo
atualmente o cargo de Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal
de Contas da União, tendo obtido o 9° lugar no concurso de 2008. 
Meu primeiro cargo público foi o de Analista de Finanças e Controle da
Controladoria Geral da União - AFC-CGU (tendo alcançado o 1° lugar
nacional em 2008). 
Estou agora aqui para ministrar um curso de Direito Constitucional,
abrangendo teoria e muitos exercícios do Cespe. 
Você conhece bem o direito constitucional? 
Pois é, aqui teremos a oportunidade de ver, de forma objetiva todos os
principais aspectos importantes dessa disciplina para o seu concurso. E,
como se sabe, de todas as bancas, o Cespe é a que mais cobra a
jurisprudência em suas provas. Daí a importância de um curso
atualizado. 
Este curso tem por finalidade apresentar o Direito Constitucional em
teoria para auxiliá-lo em sua aprovação. Mas, minha proposta aqui é
apresentar a teoria da forma mais didática possível, mas de um modo
direto e objetivo. 
Explicando melhor: a teoria não vai ser deixada de lado, portanto não se
preocupe. Mas na minha concepção um curso online não pode ter o
tamanho de um livro. Nesse sentido, minha função aqui é também
selecionar o mais relevante de cada assunto. Ademais, as centenas de
questões apresentadas ao longo de todo o curso possibilitarão ao aluno
verificar que não está sendo deixado nada relevante para trás... 
Um aspecto relevante é que o formato proposto pelo Ponto para esse
nosso curso é de teoria + questões, e não de exercícios comentados.
Assim, comentarei diversos exercícios do Cespe ao longo da aula, mas
não todos. Assim, para realmente fixar o assunto, outras questões
recentes serão apresentadas (mas não serão comentadas). De qualquer 
 
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forma, o fórum de dúvidas servirá exatamente para tirar todas as dúvidas
relacionadas aos exercícios (comentados e não comentados). 
A aula de hoje te dará uma boa ideia de como será o curso. 
Falando em questões, qualquer aprovado em concursos sabe o quanto é
importante a resolução de exercícios. Só assim você pode ter uma ideia
de como aquele assunto é abordado pelas bancas em geral. Por isso dê
atenção aos exercícios propostos, ok? 
Bom, vamos dar uma olhada no conteúdo do curso? 
Aula Demonstrativa (esta aula) – Poder constituinte. Emenda, reforma e
revisão constitucional. 
Aula 1 - Constituição: conceito, origens, conteúdo, estrutura e
classificação. Interpretação constitucional. Supremacia da Constituição.
Aplicabilidade das normas constitucionais. Princípios constitucionais. 
Aula 2 - Direitos Fundamentais - Parte 1 
Aula 3 - Direitos Fundamentais - Parte 2 
Aula 4 - Organização do Estado brasileiro. Divisão espacial do poder. 
Estado Federal, União, estados federados, Distrito Federal e municípios.
Intervenção federal. Repartição de competências. 
Aula 5 - Poder Legislativo. Processo legislativo. Medidas provisórias.
Aula 6 - Poder Executivo. Funções essenciais à Justiça. Ministério 
Público. 
Aula 7 - Poder Judiciário. 
Aula 8 - Controle de Constitucionalidade - Parte 1 
Aula 9 - Controle de Constitucionalidade - Parte 2. Ordem econômica e 
financeira. Atividade econômica do Estado. Princípios das atividades
econômicas, propriedades da ordem econômica. Sistema Financeiro
Nacional. Princípios constitucionais da seguridade social. Sistema
Tributário Nacional. 
Ou seja, nosso conteúdo será ministrado em 10 aulas (contando esta
aula demonstrativa). 
Tenho certeza que com esse curso, você estará preparado para
enfrentar o Cespe (ou qualquer outra banca) na disciplina direito
constitucional. Aliás, com este curso, você estará se preparando para
quase todo tipo de concurso em que seja cobrada essa disciplina. 
Que Deus dê a você motivação e concentração para os estudos e me
ilumine na pertinência dos comentários. 
Na aula de hoje, falarei sobre “Poder constituinte e reforma da
Constituição”. 
 
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É interessante observar como os assuntos são interligados em Direito
Constitucional. Quem já estudou essa disciplina sabe que nossa
Constituição é rígida, mas não imutável, certo? 
Naquela ocasião, alguém pode ter pensado: ok... sei que, por ser rígida,
a CF/88 é alterada por um procedimento mais custoso que o exigido para
as demais leis, mas como é esse procedimento? Quem está habilitado a
propor essa alteração? Quais os assuntos não podem ser suprimidos,
mesmo por emenda constitucional? Pode o poder judiciário fiscalizar a
regularidade desse procedimento de alteração da Constituição? 
É disso (além de outras coisas) que vamos falar hoje. 
Vejamos o conteúdo desta aula. 
1 – Poder Constituinte 
1.1 - Espécies 
1.2 - Limitações do Poder Constituinte Derivado 
2 – Modificação da Constituição Federal de 1988. Reforma, revisão e emenda constitucional 
3 – Entrada em vigor de uma nova Constituição 
4 – Exercícios de Fixação 
Ao final da aula, quero que você consiga responder questões como esta,
que caiu no concurso do TCU de 2009: 
“(CESPE/AUFC/TCU/2009) Da mesma forma que o poder constituinte originário, o 
poder de reforma não está submetido a qualquer limitação de ordem formal ou 
material, sendo que a CF apenas estabelece que não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado, o voto direto, 
secreto, universal e periódico, a separação de poderes e os direitos e garantias 
individuais.” (Certo ou Errado?) 
Mãos à obra então! 
1 – Poder Constituinte
O Poder Constituinte é o poder de elaborar ou atualizar uma
Constituição. Segundo a doutrina é a manifestação soberana da
suprema vontade política de um povo social e juridicamente organizado. 
A teoria do poder constituinte foi desenvolvida pelo abade francês
Emanuel Seyès, em sua obra “O que é o Terceiro Estado”, que (naquela
época) apontava como seu titular a nação. 
Antigamente, o exercício do poder pelas monarquias européias era
justificado pelo Direito divino e pela hereditariedade. Deus era o titular
do poder e o exercia por meio de seu representante na terra (rei ou
monarca). Ao passar dos anos, esse exercício do poder era transmitido
aos seus sucessores de sangue. 
Isso foi superado com a visão mais racional de Sieyès e a teoria do
Poder Constituinte naquele momento (vale observar a relevância do seu
livro para a própria revolução francesa). Assim, a origem da concepção
de poder constituinte ocorre no mesmo contexto do surgimento das 
 
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Constituições escritas, visando à limitação do poder estatal e à
preservação dos direitos e garantias fundamentais. 
É importante mencionar o aspecto mais fundamental: a distinção entre o
poder que cria a Constituição (poder constituinte) e os poderes criadospor ele (poderes constituídos), resultados da criação. Sendo o poder
constituinte sempre superior aos poderes constituídos. 
Modernamente, é pacífico o entendimento de que o titular do poder
constituinte é o povo (e não mais a nação). Isso é importante, pois
bastante cobrado pelas bancas: 
Titular do Poder Constituinte → POVO 
Interessante observar que nossa Constituição estabelece que todo o
poder emana do povo (CF, art. 1°, parágrafo único), não é o Estado,
não é a nação. 
Pois bem, o povo é o titular do poder constituinte, mas seu exercício
se dá de forma democrática (poder constituinte legítimo, por meio de
uma assembleia nacional constituinte eleita pelo povo) ou autocrática
(poder constituinte usurpado). Vejamos uma questão recente sobre
isso... 
1) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010)
Sendo poder de índole democrática, autônomo e juridicamente
ilimitado, o poder constituinte originário tem como forma única de
expressão a assembleia nacional constituinte. 
O poder constituinte originário não se expressa apenas de forma
democrática, quando a forma de expressão consiste na assembleia
nacional constituinte (ou convenção). Ele também ocorre na declaração
unilateral de um agente golpista ou revolucionário, sem a participação do
povo, forma de expressão denominada de outorga. Nesse caso, trata-se
do denominado poder constituinte usurpado. 
Item errado. 
1.1 - Espécies
Tradicionalmente, o poder constituinte segmenta-se em originário e
derivado. 
O poder constituinte originário é o poder de elaborar uma Constituição.
Podemos dizer que ele se manifesta em dois momentos distintos: na
formação de um novo Estado (quando é elaborada a primeira
Constituição), ou, em um Estado já existente, quando ocorre uma ruptura
da ordem jurídica, sendo uma Constituição substituída por outra nova. 
O poder constituinte originário tem por características ser um poder
político, inicial, autônomo, incondicionado e permanente. Guarde a
distinção entre esses conceitos. 
 
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É um poder político (e não jurídico), porque antecede o Direito. 
É um poder inicial porque a sua obra, que é a Constituição, é a base da
ordem jurídica. 
É um poder autônomo ou ilimitado porque não está limitado pelo direito
anterior, isto é, não tem que respeitar os limites estabelecidos pelo direito
positivo antecessor, podendo, até mesmo, desrespeitar direito adquirido
e cláusulas pétreas existentes no regime anterior. 
É incondicionado porque não está sujeito a qualquer forma prefixada
para manifestar sua vontade. Enfim, o poder constituinte originário não
tem que obedecer a qualquer forma ou procedimento pré-determinado
para realizar a sua obra de elaboração de uma nova Constituição. 
Ademais, o poder constituinte originário é permanente porque não
desaparece, não se esgota com a realização de sua obra, isto é, com a
elaboração da nova Constituição. Elaborada a nova Constituição, o poder
constituinte permanece latente, podendo manifestar-se posteriormente,
mediante uma nova Assembléia Constituinte ou um novo ato
revolucionário. 
Objetivamente, você tem de ter em mente que não há limites para o
poder constituinte originário (e isso é importante). Em outras palavras,
as normas constitucionais originárias não respeitam qualquer norma
ou procedimento. Em decorrência disso, destaca-se uma importante
conclusão: não há controle de constitucionalidade quanto às normas
originárias da CF/88. 
Vale mencionar que há doutrinadores, que defendem que haveria
limitações de ordem supranacional à atuação do poder constituinte
originário. Ou seja, no âmbito do direito internacional não seria
admissível uma nova Constituição que desrespeitasse normas básicas
de direitos humanos, por exemplo. 
Há quem sustente ainda a existência de outros limites, de ordem natural
(valores éticos superiores), como o alemão Otto Bachoff, ou de ordem
lógica (não seria admitida a extinção do Estado, por exemplo). Mas não
é o que predomina no Brasil: podemos dizer que, no Brasil, inexistem
limitações ao poder constituinte originário. 
2) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) No tocante ao poder
constituinte originário, o Brasil adotou a corrente positivista, de modo
que o referido poder se revela ilimitado, apresentando natureza pré-
jurídica. 
O Brasil adotou a corrente positivista. Para o positivismo, o Poder
Constituinte Originário não sofre limitações, uma vez que a ordem
jurídica nasce com ele, não antes dele. Ou seja, não há normas jurídicas
anteriores a estabelecer limites para sua atuação. Daí o fato de ser
classificado como um poder político ou pré-jurídico, ao contrário do Poder
Constituinte Derivado, classificado como jurídico. 
 
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Numa visão oposta, a corrente jusnaturalista defendia a existência de
normas de direito natural limitando a atuação do Poder Constituinte
Originário. 
Item certo. 
3) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) No que se refere ao poder
constituinte originário, o Brasil adotou a corrente jusnaturalista,
segundo a qual o poder constituinte originário é ilimitado e apresenta
natureza pré-jurídica. 
O Brasil adotou a corrente positivista (e não a jusnaturalista), segundo a
qual o referido poder se revela ilimitado, apresentando natureza pré-
jurídica. 
Item errado. 
4) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
SUBSTITUTO/PCRN/2009) O caráter ilimitado do poder constituinte
originário deve ser entendido em termos, pois haverá limitações, por
exemplo, de índole religiosa e cultural. 
O Cespe considerou certo esse enunciado. Como vimos, a discussão
sobre a existência ou não de limites ao poder constituinte originário está
relacionada com a distinção entre a doutrina jusnaturalista e a doutrina
positivista. 
Assim, trazendo esse enunciado especificamente para o caso brasileiro,
cremos que ele não estaria correto (como vimos na questão anterior,
mais recente). Todavia, em outros ordenamentos, admite-se a imposição
de limites à atuação do poder constituinte originário. 
Talvez, por não se referir especificamente ao “poder constituinte no
Brasil”, o Cespe tenha considerado o enunciado correto. 
Item certo. 
5) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) As normas produzidas pelo
poder constituinte originário são passíveis de controle concentrado e
difuso de constitucionalidade. 
O poder constituinte originário é autônomo, ilimitado, não deve respeito à
ordem jurídica anterior. Como é um poder pré-jurídico, não há normas
jurídicas anteriores a serem respeitadas. Nesse sentido, não há que se
falar em controle de constitucionalidade de normas originárias. 
Item errado. 
Para finalizar os comentários a respeito do poder constituinte originário,
vale a pena aprofundar num detalhe: a distinção entre poder constituinte
material e poder constituinte formal. 
 
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Para dividirmos esses conceitos, você deve distinguir dois momentos na
elaboração de uma Constituição: (i) a ideia, a concepção de uma nova
ordem constitucional; e (ii) a formalização do texto escrito da
Constituição. 
Em outras palavras, primeiro concebe-se uma nova Constituição, trata-se
ainda de uma ideia (uma decisão política, que constitui o poder
constituinte material). Posteriormente, elabora-se o texto da Constituição
propriamente dito (consubstanciando do poder constituinte formal). 
Assim, define-se o que é constitucional (poder constituinte material); logo
a seguir, atribui-se juridicidade constitucional a essa escolha (poder
constituinte formal). 
Quanto a poder constituinte originário é isso aí. Mas, há ainda outra
espécie: o poder constituinte derivado. 
O poder constituinte derivado (secundário, instituído,constituído, ou
de segundo grau) está previsto no texto da própria Constituição,
resultando da vontade do poder constituinte originário. Vale dizer, ele é
“derivado” do poder constituinte originário, pois foi criado por este poder,
deriva desse poder. 
O poder constituinte derivado tem por características ser um poder
jurídico, derivado, subordinado e condicionado. 
É um poder jurídico (ao contrário do originário, que é político), pois
integra o direito positivo, isto é, está presente no texto da própria
Constituição. 
É derivado porque retira sua força do poder constituinte originário. 
É subordinado porque se encontra limitado pelas normas expressas e
implícitas presentes na Constituição Federal, normas essas que não
poderá contrariar, sob pena de inconstitucionalidade de sua conduta. 
É condicionado porque seu exercício deve obedecer fielmente às regras
previamente estabelecidas no texto da Constituição Federal. 
Pois bem, por um lado, o poder constituinte originário não sofre
limitações (como foi comentado), daí se dizer que não há controle de
constitucionalidade da sua obra: as normas originárias. 
Ao contrário, o poder constituinte derivado sofre sim limitações,
procedimentais e materiais; e, por isso, há controle de
constitucionalidade de sua obra (as normas constitucionais
decorrentes de emenda constitucional). 
Mas o assunto não se esgota aí. O poder constituinte derivado
segmenta-se em: poder constituinte reformador e poder constituinte
decorrente. 
O poder constituinte derivado reformador é o competente para
modificar o texto da Constituição Federal, respeitando-se o 
 
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regramento estabelecido pela própria Constituição. Na Constituição
Federal de 1988, ele é exercido pelo Congresso Nacional, na forma do
artigo 60 da Constituição (processo de emenda) e do art. 3º do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT (processo de revisão
constitucional). Alguns autores classificam esta última espécie de poder
constituinte derivado revisor. Fique tranquilo, pois esse assunto (a
diferença entre esses procedimentos) será mais bem detalhado logo a
seguir. 
O poder constituinte derivado decorrente é a competência que têm os
estados-membros, em virtude de sua autonomia político-administrativa,
de elaborar suas próprias Constituições. Mesmo nesse caso, o exercício
do poder constituinte derivado está sujeito a diversas limitações como se
detalha no próximo item da aula. 
Aqui, acho melhor fazermos uma pausa para sintetizar tudo que já foi
falado. 
Sintetizando: 
A fim de treinar esses conceitos, nada melhor que algumas questões de
concursos. 
6) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA
ADMINISTRATIVA/STJ/2008) O poder constituinte derivado
decorrente consiste na possibilidade que os estados-membros têm,
em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se 
 
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autoorganizarem por meio das respectivas constituições estaduais,
sempre respeitando as regras estabelecidas pela CF. 
Como comentado, o poder constituinte derivado divide-se em (1)
reformador e (2) decorrente. Este último realmente relaciona-se com a
elaboração de Constituições estaduais por parte dos estados-membros.
E realmente esse poder está limitado por regras estabelecidas pela
CF/88. 
Item certo. 
7) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/MDS/2008) O poder
constituinte decorrente subordina-se às limitações que o órgão
investido de funções constituintes primárias ou originárias
estabeleceu no texto da CF. 
O poder constituinte decorrente é derivado, condicionado e está sujeito
às limitações estabelecidas pelo poder constituinte originário. Inclusive,
essa necessidade de respeito às normas da Carta Cidadã está expressa
no art. 25 da CF/88: “Os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição”. 
Item certo. 
Façamos agora uma questão super recente. 
8) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) É
expressamente previsto na CF que os Poderes Legislativos dos
estados, do DF e dos municípios devem elaborar suas constituições
e leis orgânicas mediante manifestação do poder constituinte
derivado decorrente. 
Apesar de ser tema controverso, a doutrina majoritária relaciona a
expressão do poder constituinte derivado decorrente apenas aos
estados-membros, não incluindo os municípios. 
Item errado. 
 
1.2 Limitações do Poder Constituinte Derivado 
Como vimos, o poder constituinte derivado é criado pelo poder
constituinte originário e está sujeito a limitações tanto de ordem formal
(procedimental), quanto de ordem material. 
É importante você conhecer essas limitações impostas pelo poder
constituinte originário ao poder constituinte derivado para que este possa
reformar a Constituição. 
Podemos classificar essas limitações em quatro grupos: 
a) temporais - quando a Constituição estabelece um período durante o
qual o seu texto não pode ser modificado. É importante ter em mente que 
 
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não temos limitações desta natureza na Constituição Federal de
1988; 
b) circunstanciais - quando a Constituição veda a sua modificação
durante certas circunstâncias excepcionais, em ocasiões extraordinárias
(a CF/88 prevê limitações circunstanciais, ao proibir a aprovação de
emendas durante a vigência de estado de defesa, estado de sítio e
intervenção federal – art. 60, § 1º); 
c) processuais ou formais - quando a Constituição estabelece um
determinado procedimento para o processo legislativo de sua
modificação. Nossa Constituição classifica-se como rígida (veremos mais
à frente) exatamente porque esse procedimento é mais difícil do que
aquele estabelecido para a elaboração das demais normas
infraconstitucionais (CF, art. 60, incisos I, II e III e §§ 2º, 3º e 5º); 
d) materiais - quando a Constituição enumera certas matérias que não
poderão ser abolidas do seu texto pelo reformador. 
Na Constituição Federal de 1988, temos limitações materiais expressas
ou explícitas e limitações materiais implícitas ou tácitas. 
As limitações materiais expressas ou explícitas estão previstas no § 4º
do art. 60 da Constituição, e são as chamadas “cláusulas pétreas
expressas”. Ou seja, temas importantes da nossa República que não
podem ser abolidos por emenda. Logo a seguir veremos exatamente
quais são essas cláusulas pétreas. 
As limitações materiais implícitas ou tácitas são aquelas que impedem
a alteração da titularidade do poder constituinte originário, a alteração da
titularidade do poder constituinte derivado e alterações ao procedimento
estabelecido na Constituição para a modificação do seu texto. Como o
nome já enuncia, elas não decorrem de norma expressa da Constituição,
mas sim de desenvolvimento doutrinário e jurisprudencial. 
Sobre isso, guarde o seguinte bordão: a existência das limitações
materiais implícitas constitui óbice à admissão do mecanismo da
dupla revisão entre nós. 
É ou não é bonito isso? Até parece uma daquelas frases de pára-choque
de caminhão, não é? Deixe-me explicar melhor... 
Alguns constitucionalistas defendem uma tese de que uma cláusula
pétrea poderia ser suprimida mediante a aprovação de duas emendas
constitucionais (constituindo o mecanismo da “dupla revisão”). 
Assim, seria possível que uma emenda constitucional retirasse aquele
dispositivo do rol das cláusulas pétreas. A partir desse momento, aquele
tema poderia ser suprimido por nova emenda constitucional. 
É como se hoje fosse aprovada uma emenda retirando a Federação do
art. 60, § 4° da CF/88. Amanhã, poderia vir nova emenda e instituir o 
 
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Estado unitário (tendo em vista que a proibição existente deixaria de
existir a partir da aprovação da primeira emenda). 
Entretanto, no Brasil, essa tese não prosperou. E por quê? Porque uma
emenda que suprimisse algum dos incisos do art. 60, § 4° seria
inconstitucional por contrariar uma limitação material implícita, que
proíbe alterações prejudiciais ao processo de modificação da
Constituição Federal. 
Sintetizando: 
Bem, mas para fazer as questões não basta saber isso. Você tem de
conhecer quais são essas limitações; ou seja, conhecer o procedimento
de reforma, as cláusulas pétreas, o processo de revisão constitucional
etc. Veremos todos esses detalhes em um tópico seguinte. 
Antes, temos de mencionar as limitações ao poder constituinte derivado
decorrente. 
O poder constituinte derivado decorrente está sujeito às limitações
estabelecidas pelo poder constituinte originário. Inclusive, essa
necessidade de respeito às normas da Carta Cidadã está expressa no
art. 25 da CF/88: 
“Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios desta Constituição”. 
Veja ainda a norma expressa no art. 11 do ADCT: 
“Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a
Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da
Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.” 
Assim, a Constituição Federal também vincula as Constituições
Estaduais. 
Bem, numa análise um pouco mais aprofundada (com menor freqüência
em concursos), podemos considerar que esses princípios constitucionais 
 
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que vinculam os estados-membros são tradicionalmente denominados
princípios constitucionais sensíveis, extensíveis e estabelecidos. 
Os princípios constitucionais sensíveis da ordem federativa são aqueles
cuja observância é obrigatória, sob pena de intervenção federal. Estão
enumerados no art. 34, VII da Constituição Federal. 
Os princípios constitucionais extensíveis consistem nas regras de
organização da União que a Constituição estendeu aos estados-
membros. São, portanto, de observância obrigatória no exercício do
poder de auto-organização do estado (CF, arts. 1º, I ao IV; 3º, I ao IV; 6º
a 11; 93, I a XI; 95, I, II e III). 
Os princípios constitucionais estabelecidos são aqueles que, dispersos
ao longo do texto constitucional, limitam a autonomia organizatória do
estado, estabelecendo preceitos centrais de observância obrigatória.
Alguns geram limitações expressas vedatórias (CF, arts. 19, 150 e 152),
outros, limitações expressas mandatórias (CF, arts. 37 a 41, 125), outros,
limitações implícitas (CF, arts. 21, 22, 30) e outros, ainda, limitações
decorrentes do sistema constitucional adotado, que são limitações que
defluem naturalmente, como consequência lógica dos princípios
constitucionais adotados pela Constituição Federal de 1988, por
exemplo, do princípio federativo, dos princípios do Estado Democrático
de Direito, dos princípios da ordem econômica e social etc. 
Num esforço de síntese podemos estabelecer as seguintes definições: 
Princípios Sensíveis - aqueles que permitem intervenção federal no
Estado, se forem violados (art. 34). 
Princípios Extensíveis - sempre que determinada regra, aplicável à
União, esteja estendida também aos estados-membros (processo
legislativo ou forma de governo, por exemplo). 
Princípios Estabelecidos - sempre que a CF, expressa ou
explicitamente, determina ao Estado certa regra (a composição dos
TCEs, por exemplo). 
9) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010)
Previsto pelo constituinte originário, o poder constituinte derivado
decorrente encontra limitações apenas nas cláusulas pétreas. 
De fato, o poder constituinte derivado é previsto pelo constituinte
originário, mas está sujeito a diversas limitações e não só as materiais
(que consubstanciam as cláusulas pétreas). 
Item errado. 
10) (CESPE/AUFC/TCU/2009) Da mesma forma que o poder
constituinte originário, o poder de reforma não está submetido a
qualquer limitação de ordem formal ou material, sendo que a CF
apenas estabelece que não será objeto de deliberação a proposta
de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado, o voto 
 
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direto, secreto, universal e periódico, a separação de poderes e os
direitos e garantias individuais. 
O poder constituinte originário é, de fato, ilimitado e incondicionado.
Entretanto, o poder constituinte derivado está sim sujeito a limitações
tanto de ordem formal (o procedimento do art. 60 da CF/88), quanto de
ordem material (cláusulas pétreas e limitações implícitas). 
Item errado. 
2 – Modificação da Constituição Federal de 1988. Reforma, 
revisão e emenda constitucional
A Constituição é alterada por mutação, revisão e emenda constitucional. 
A mutação constitucional é o fenômeno que se verifica nas
Constituições ao serem modificadas de forma silenciosa, contínua, sem
alteração textual. É isso mesmo, trata-se de um processo informal e
espontâneo de alteração da interpretação constitucional, em que se
muda o conteúdo de determinado dispositivo, sem mudança no teor da
norma. 
É o que acontece quando o Supremo Tribunal Federal muda seu
entendimento sobre certo dispositivo constitucional, por decorrência da
própria evolução de usos e costumes. Pode-se relacionar esse fenômeno
ao conceito de poder constituinte difuso. 
Assim, se na sua prova vier algo relacionado ao poder constituinte difuso,
não se assuste: trata-se do conceito de mutação constitucional. 
Já a revisão constitucional e o processo de emenda são processos
formais de mudança nas Constituições, por meio de procedimentos
estabelecidos pelo poder constituinte originário. Trata-se de dois
procedimentos distintos: o procedimento simplificado de revisão
constitucional, previsto no art. 3º do ADCT; e o procedimento rígido de
emenda, estabelecido no art. 60 da CF/88. 
Em primeiro lugar, lembre-se de que os dois procedimentos – revisão e
emenda - são manifestações do poder constituinte derivado. Assim,
sujeitam-se às limitações impostas pelo poder constituinte originário e
revisadas em tópico anterior. 
Mas, observe, entre eles há diversas diferenças, como se passa a
apresentar. 
A revisão constitucional está prevista no art. 3° do ADCT e consistiu
em um procedimento simplificado, que ocorreu apenas uma vez:
cinco anos após a promulgação da CF/88. As emendas foram
aprovadas por maioria absoluta de votos em sessão unicameral do
Congresso Nacional. Ademais, o texto foi promulgado pela Mesa do
Congresso Nacional. Este procedimento é caracterizado por alguns 
 
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autores como conseqüência da ação do poder constituinte derivado
revisor. 
Já o procedimento de emenda constitucional (CF, art. 60) tem outras
características. As propostas de emenda constitucional são discutidas e
votadas em cada Casa (reunião bicameral) do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
quintos dos votos dos respectivos membros. As emendas são
promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal. Observe como é um processo bem mais rígido que o de
revisão. 
Há ainda algumas importantes diferenças entre os procedimentos de
revisão e emenda: 
I) enquanto o processo de revisão foi único e não pode ser criado outro,
o processo de emenda é permanente (exceto naquelas ocasiões
excepcionais que resultam nas limitações circunstanciais (CF, art. 60, §
1°). 
II) enquanto o processo de revisão não pode ser adotado pelos estados-
membros, o de emenda é de observância obrigatóriapor eles. 
Sintetizando: 
11) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010)
Tratando-se de mutação constitucional, o texto da constituição 
Revisão Constitucional
(ADCT, art. 3º) 
Emenda Constitucional
(CF, art. 60) 
Procedimento simplificado (maioria
absoluta, em sessão unicameral) 
Procedimento único (cinco anos após a
promulgação da CF/88) 
Procedimento vedado aos estados-
membros 
Não pode ser criado outro por meio de
emenda (limitação material implícita) 
As Emendas Constitucionais de Revisão
(ECR) foram promulgadas pela Mesa do
Congresso Nacional 
Procedimento árduo (2 turnos, com
aprovação de 3/5 de cada Casa) 
Procedimento permanente (a CF/88
sempre poderá ser alterada por emenda) 
Observância obrigatória pelos estados-
membros 
Não pode ser modificado por meio de
emenda (limitação material implícita) 
As Emendas Constitucionais (EC) são
promulgadas pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal 
 
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permanece inalterado, e alteram-se apenas o significado e o sentido
interpretativo de determinada norma constitucional. 
É certo que a mutação constitucional ocorre sem alteração no texto. O
que muda é o significado, o sentido daquela norma. 
Item certo. 
12) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) A CF pode ser alterada, a
qualquer momento, por intermédio do chamado poder constituinte
derivado reformador e também pelo derivado revisor. 
Está errado afirmar que a CF/88 poderá ser alterada em qualquer
momento pelo poder reformador e pelo poder revisor. Primeiro, porque
há limitações circunstanciais que impedem a alteração da Constituição
na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de
sítio (CF, art. 60, § 1°). Ademais, a revisão constitucional foi restringida a
um processo único, com data pré-fixada (cinco anos contados da
promulgação da Constituição Federal, nos termos do art. 3° do ADCT). 
Item errado. 
13) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010) A
revisão constitucional prevista no ADCT da CF, que foi realizada
pelo voto da maioria simples dos membros do Congresso Nacional,
gerou seis emendas constitucionais de revisão que detêm o status
de normas constitucionais originárias. 
A revisão constitucional foi realizada pelo voto da maioria absoluta dos
membros do Congresso Nacional (ADCT, art. 3°). Foram criadas seis
emenda constitucionais de revisão, com status de normas
constitucionais derivadas (e não originárias). 
Item errado. 
Agora, temos de tratar do art. 60 da Constituição Federal. Primeiro,
vejamos quais são as limitações formais (já conceituadas nesta aula) e
que resultam na classificação da CF/88 como uma Constituição rígida. 
Iniciativa: A legitimidade para proposição de emenda constitucional é
bem mais restrita que no caso das demais normas infraconstitucionais.
Segundo o caput do art. 60, a Constituição poderá ser emendada
mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de
seus membros. 
 
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Deliberação e Promulgação: Como comentado, a proposta de emenda
será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos
dos votos dos respectivos membros (CF, art. 60, § 2°). 
A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de
ordem (CF, art. 60, § 3°). 
Fique atento a dois detalhes importantíssimos (relacionados também
com o processo legislativo): 
I) nos processo de emenda, não há sanção nem veto do Presidente da
República; sua participação se esgota na possibilidade de iniciativa da
proposta de emenda; e 
II) a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa (CF, art. 60, § 5°). 
Quanto a esse último ponto trata-se de regra distinta daquela referente
ao processo das leis em geral, em que se admite a reapresentação
daquele PL rejeitado por meio da proposta da maioria absoluta dos
membros de qualquer uma das Casas legislativas. No caso das emendas
constitucionais, não se admite em nenhuma hipótese a reapresentação
na mesma sessão legislativa. 
Agora, passemos a apresentar as chamadas cláusulas pétreas,
limitações materiais expressas ao poder constituinte derivado. 
Cláusulas pétreas: Segundo o art. 60, § 4°, não será objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
a) a forma federativa de Estado; 
b) o voto direto, secreto, universal e periódico; 
c) a separação dos Poderes; 
d) os direitos e garantias individuais. 
Vamos aos detalhes: 
I) uma proposta de emenda tendente a abolir cláusula pétrea não deve
nem mesmo ser objeto de deliberação; assim, se admite mandado de
segurança impetrado por congressista a fim de sustar o trâmite da
proposta de emenda tendente a abolir cláusula pétrea; 
II) é errado se pensar que há óbice a qualquer tipo de emenda tratando
de cláusula pétrea; pois somente não é admitida a proposta tendente a
abolir cláusula pétrea; e 
III) não são cláusulas pétreas todos os direitos e garantias fundamentais;
apenas os direitos e garantias individuais, independentemente de se
situarem ou não no art. 5°. 
 
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Vamos resolver algumas questões para trazer sua atenção de volta para
o texto (...rs)... 
14) (CESPE/IRBR/DIPLOMACIA/2009) Não é passível de deliberação a
proposta de emenda constitucional que desvirtue a forma
republicana de governo, a qual está prevista como cláusula pétrea;
no entanto, pode o Congresso Nacional, no exercício do poder
constituinte derivado reformador, promover modificação do modelo
federal, de modo a transformar o Brasil em Estado unitário. 
A Constituição gravou com a chancela de cláusula pétrea apenas a
forma de Estado (Federação) e não a forma de governo (República) (CF,
art. 60, § 4°). Portanto, não pode o Congresso Nacional aprovar emenda
transformando o Brasil em Estado unitário. 
De qualquer forma, parte da doutrina entende que, apesar de não estar
explícito, há vedação à adoção da monarquia como forma de governo.
Em primeiro lugar, o voto periódico é cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4°, 
II). Em segundo lugar, segundo essa linha doutrinária, a decisão tomada
pelo poder constituinte originário no plebiscito de 1993 não poderia ser
alterada por emenda constitucional. 
Item errado. 
(AUFC/TCU/2009) Considerando que um deputado federal, diante da
pressão dos seus eleitores, pretende modificar a sistemática do recesso
e da convocação extraordinária no âmbito do Congresso Nacional, e
sabendo que o poder constituinte derivado reformador manifesta-se por
meio das denominadas emendas constitucionais, as quais estão
regulamentadas no art. 60 da CF, julgue os itens a seguir. 
15) (CESPE/AUFC/TCU/2009) A CF estabelece algumas limitações de
forma e de conteúdo ao poder de reforma. Assim, no caso narrado,
para que a modificação pretendida seja votada pelo Congresso
Nacional, a proposta de emenda constitucional deverá ser
apresentada por, no mínimo, um terço dos membros da Câmara dos
Deputados. 
De fato, o art. 60 da CF/88 estabelece que a iniciativa para proposta de
emenda poderá ser apresentada exclusivamente: 
I – por um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal; 
II – pelo Presidente da República; 
III – por mais da metade das Assembléias Legislativasdas unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de
seus membros. 
Item certo. 
16) (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) A CF admite emenda
constitucional por meio de iniciativa popular. 
 
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A Constituição até permite iniciativa popular para projetos de lei federal
(CF, art. 61, § 2°), e prevê essa possibilidade no âmbito estadual (CF,
art. 27, § 4º) e municipal (CF, art. 29, III). Entretanto, não há previsão
para iniciativa popular no caso de emendas à Constituição (CF, art. 60,
caput). 
Item errado. 
17) (CESPE/AUFC/TCU/2009) Uma vez preenchido o requisito da
iniciativa e instaurado o processo legislativo, a proposta de emenda
à CF será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,
três quintos dos votos dos respectivos membros. 
Segundo a Carta Maior, a proposta de emenda será discutida e votada
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros (CF, art. 60, § 2º). 
O fato de o rito de deliberação das emendas constitucionais ser mais
complexo do que o rito ordinário das leis federais em geral faz com que a
nossa Constituição possa ser classificada como rígida. Aliás, um detalhe
importante: Alexandre de Moraes classifica nossa Constituição como
super-rígida, já que tem um núcleo que não pode ser suprimido por
emenda: as cláusulas pétreas. 
Item certo. 
18) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) A proposta de emenda
constitucional deve ser discutida e votada em cada casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, e será considerada aprovada
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros e for promulgada após a respectiva sanção presidencial. 
Viu como esse aspecto é relevante? Não há sanção presidencial nos
projetos de emenda constitucional. Após aprovação nas duas Casas, a
emenda será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, com o respectivo número de ordem (CF, art. 60, § 3°). 
Item errado. 
19) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA
ADMINISTRATIVA/STF/2008) O início da tramitação de proposta de
emenda constitucional cabe tanto ao Senado Federal quanto à
Câmara dos Deputados, pois a CF confere a ambas as casas o
poder de iniciativa legislativa. 
Não há obrigatoriedade para a apresentação de proposta de emenda em
determinada Casa do Congresso Nacional. Assim, como afirma a
questão, o início da tramitação de PEC caberá tanto a uma quanto a
outra casa – Câmara dos Deputados ou Senado Federal. 
Item certo. 
 
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20) (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Uma proposta de emenda
constitucional que tenha sido rejeitada ou prejudicada somente pode
ser reapresentada na mesma sessão legislativa mediante a
propositura da maioria absoluta dos membros de cada casa do
Congresso Nacional. 
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa em nenhuma hipótese (CF, art. 60, § 5°). 
A questão misturou o procedimento de emenda com o rito ordinário das
leis. 
Com efeito, a Constituição admite que matéria constante de projeto de
lei rejeitado seja objeto de novo projeto na mesma sessão legislativa,
mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das
Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67). Entretanto, essa
possibilidade não se aplica aos projetos de emenda constitucional. Outra
hipótese de impossibilidade de reapreciação de matérias na mesma
sessão legislativa, diz respeito às medidas provisórias, que não poderão
ser reeditadas em caso de rejeição ou perda de eficácia por decurso de
prazo, conforme veremos na aula sobre processo legislativo. 
Item errado. 
3 – Entrada em vigor de uma nova Constituição 
Caro aluno, para estudar esse assunto, você deve se imaginar em 1988.
Ao entrar em vigor a Constituição Federal, o que aconteceu com a
Constituição antiga? E com todo o ordenamento jurídico
infraconstitucional? Todas as leis pré-existentes? 
Pois é... são essas e outras perguntas que eu pretendo responder neste
tópico. Lembrando que esse assunto começa aqui, mas termina apenas
no estudo do controle de constitucionalidade. 
A entrada em vigor de uma nova Constituição alcança todo o
ordenamento jurídico, com efeitos sobre a Constituição antiga e a
legislação infraconstitucional. 
Um primeiro detalhe é que, de acordo com a jurisprudência do STF, as
novas normas constitucionais, salvo disposição em contrário, se aplicam
de imediato, alcançando os efeitos futuros de fatos passados. Essa
eficácia especial denomina-se retroatividade mínima. 
É dizer, salvo disposição constitucional em contrário (pois a
Constituição pode estabelecer outra regra de aplicabilidade), a entrada
em vigor de norma constitucional não alcança os fatos consumados no
passado, nem as prestações vencidas e não pagas. 
 
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Para clarear podemos citar o exemplo do art. 7°, IV da CF/88. Esse
dispositivo veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim.
Assim, em outubro de 1988, quando entrou em vigor a Constituição, os
proventos de pensão que seriam recebidos após aquela data deixariam
de estar vinculados ao salário mínimo automaticamente, apesar de ter
havido essa vinculação até então, para os proventos recebidos
anteriormente. 
É importante deixar claro que essa regra especial serve apenas para a
Constituição Federal. No caso das constituições estaduais e legislação
infraconstitucional, essa regra não se aplica. Elas não podem retroagir. 
Duvida que isso caia em concursos? 
21) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) De acordo com
entendimento do STF, as normas constitucionais provenientes da
manifestação do poder constituinte originário têm, via de regra,
retroatividade máxima. 
Como vimos, o STF deixou assente que, salvo disposição expressa ao
contrário, a nova Constituição aplica-se de imediato, alcançando efeitos
futuros de negócios passados. Essa regra de eficácia é denominada
retroatividade mínima. Seria retroatividade máxima se a nova
Constituição pudesse alcançar inclusive os fatos já consumados. Ela até
pode, desde que o faça expressamente. 
Item errado. 
Bem, continuando com a abordagem da problemática da força de um
novo texto constitucional em relação ao direito anterior ou o direito “pré-
constitucional”... 
Promulgada uma nova Constituição... 
I) A Constituição pretérita – terá todos seus dispositivos integralmente
revogados pela nova Constituição, em bloco, ainda que haja alguma
compatibilidade; ou seja, não se aproveita nada da Constituição pretérita. 
II) O direito infraconstitucional materialmente compatível – Será
recepcionado pela nova Constituição, com o status (força) que esta der
para aquele assunto. Deixe-me explicar melhor. 
No confronto entre o direito pré-constitucional e Constituição futura só
interessa a compatibilidade material (conteúdo da norma). Não
interessa em nada a compatibilidade formal, ligada ao processo
legislativo de elaboração das normas. Em outras palavras, se a
Constituição pretérita exigia lei ordinária para regular a matéria e a nova
Constituição passa a exigir lei complementar para esse mesmo fim, a
norma poderá sim ser recepcionada pela nova Constituição. E será
recepcionada com força (status) de lei complementar. Conclusão: apesar
de ter sido aprovada anteriormente como lei ordinária, só poderá 
 
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ser revogada por lei complementar ou norma hierarquicamentesuperior. 
III) O direito infraconstitucional materialmente incompatível – Será
revogado pela nova Constituição. 
Atenção! Não é que ele se torna inconstitucional. O confronto entre a
nova Constituição e o direito pré-existente materialmente incompatível se
resolve pela revogação deste por aquela (e não pela
inconstitucionalidade). 
Sobre isso, guarde aquele famoso bordão: não há
inconstitucionalidade superveniente no Brasil. 
IV) o direito infraconstitucional não vigente no momento da
promulgação da nova Constituição – Até poderá ter a sua vigência
restaurada pela nova Constituição, desde que esta o faça expressamente
(poderá ocorrer repristinação expressa). Entretanto, não tem sua
vigência tacitamente (automaticamente) restaurada. 
Trata-se de outro bordão: não haverá repristinação tácita. 
Quanto a esse último ponto tem um detalhe importante, relativo ao direito
infraconstitucional que se encontrar no período da vacatio legis no
momento da promulgação da nova Constituição. Trata-se da chamada
vacância da lei, o período entre a publicação da lei e o início de sua
vigência (o legislador estabelece esse prazo, mas o mais comum é
estabelecer que “essa lei entra em vigor na data de sua publicação”). 
Caso a lei esteja no período de vacatio legis no momento da
promulgação da nova Constituição, ela não entrará em vigor no novo
ordenamento constitucional que se inicia; ou seja, não será aproveitada
pela nova Constituição. 
Bem, vamos então ao que interessa, um resumo dos aspectos mais
relevantes. Objetivamente, você precisa guardar o seguinte. 
Em primeiro lugar, o confronto entre a nova Constituição e o direito
infraconstitucional anterior se resolve pela recepção ou revogação 
deste último, tendo em vista que não há inconstitucionalidade
superveniente. 
Em segundo lugar, para a análise desse confronto, não interessa, em
nada, os aspectos formais, procedimentais. Avalia-se exclusivamente a
compatibilidade material da norma com a nova ordem constitucional. 
Por fim, interessa observar que, para que norma infraconstitucional
possa ser recepcionada pela nova Constituição, ela deve cumprir os
seguintes requisitos: (i) estar em vigor no momento da promulgação da
nova Constituição; (ii) ter conteúdo compatível com a nova
Constituição; e (iii) ter sido produzida de modo válido (de acordo com a
Constituição de sua época). 
 
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Em suma, quanto a esse terceiro aspecto, você tem de pensar da
seguinte forma. 
Se em 1970 foi produzida uma lei inconstitucional (por exemplo, se ela
tiver desrespeitado o processo legislativo estabelecido pela Constituição
da sua época), ela é inválida desde a sua origem. Ou seja, essa lei é
nula, mesmo que ainda não tiver sido declarada sua
inconstitucionalidade. Assim, essa lei não pode ser recepcionada pela
nova Constituição. Pois para ser recepcionada ela deve ter sido
produzida de modo válido (de acordo com a Constituição de sua
época). 
Não há que se avaliar sua compatibilidade frente à nova Constituição, ela
é inválida frente à Constituição anterior. Portanto, inválida desde a sua
origem, não cabendo falar em sua recepção pelo novo ordenamento. 
Antes de resolver novas questões, preciso te apresentar o conceito de
desconstitucionalização. 
Alguns doutrinadores defendem que a entrada em vigor de uma nova
Constituição não deveria acarretar a revogação de toda a Constituição
pretérita. Para eles, cada dispositivo da Constituição antiga deveria ser
confrontado com a nova Constituição. 
Nesse sentido, como resultado desse confronto, os dispositivos da
Constituição pretérita que fossem incompatíveis com a nova Carta
seriam imediatamente revogados. 
Por outro lado, os dispositivos compatíveis seriam recepcionados com
força de leis comuns, normas infraconstitucionais. 
Em suma, aquela parte compatível não seria revogada, tão somente
perderia o status de norma constitucional, sendo recepcionada como
norma infraconstitucional. Daí o nome de desconstitucionalização. 
É importante que você saiba que essa tese (desconstitucionalização)
não foi adotada no nosso ordenamento. 
Vamos ver se você entendeu... 
22) (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ/SE/2008) Determinada lei ordinária,
sancionada em 1973, disciplina uma dada matéria. Entretanto, a
CF/88 dispôs que a mesma matéria agora deverá ser disciplinada
por lei complementar. Diante dos fatos acima narrados, é correto
afirmar que 
a) há vício formal na lei de 1973 por incompatibilidade com a atual CF. 
b) resolução do Senado Federal, promulgada em 2007, poderia revogar a
lei de 1973. 
c) a lei de 1973 foi recepcionada como lei complementar, mas pode ser
alterada por lei ordinária. 
 
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d) a lei de 1973 foi recepcionada como lei ordinária, mas só pode ser
alterada por lei complementar. 
e) a lei de 1973 pode ser revogada por emenda constitucional. 
A assertiva "a" está errada, pois no confronto entre a lei de 1973 e a
atual CF só importa o aspecto material. 
As assertivas "b" e "c" estão erradas, pois a lei foi recepcionada com
força de lei complementar, só podendo ser revogada por outra de igual o
maior status. 
A assertiva "d" está errada, pois a lei foi recepcionada com status de lei
complementar (já que a nova Constituição passou a exigir lei
complementar para disciplinar aquele assunto), e não de lei ordinária. 
A assertiva "e" está correta. De fato, lei complementar pode ser revogada
por norma hierarquicamente superior, como é o caso de uma emenda
constitucional. 
Gabarito: “e” 
23) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) No fenômeno da recepção,
são analisadas as compatibilidades formais e materiais da lei em
face da nova constituição. 
No caso da entrada em vigor de uma nova Constituição, o que importa é
apenas a compatibilidade material para se avaliar a recepção ou
revogação da legislação infraconstitucional. Não é analisada a
compatibilidade formal. 
Item errado. 
24) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008)
Uma lei estadual editada com base na sua competência prevista em
Constituição pretérita é recepcionada como lei federal, quando a
nova Constituição atribui essa mesma competência à União. 
Pois bem, vimos que não importa os aspectos formais para se analisar a
recepção/revogação de uma norma infraconstitucional. Entretanto, há um
detalhe importante nisso. 
Digamos que na vigência da Constituição anterior, a competência para
disciplinar determinada matéria era da União, tendo esse ente editado
diploma legal sobre o assunto. Pois bem, caso a nova Constituição
atribua essa competência aos estados, havendo compatibilidade material
entre a lei e a nova Constituição, a lei federal pretérita será recepcionada
com status de lei estadual. 
Entretanto, a situação apresentada na questão é inversa: anteriormente,
a competência era estadual; a nova Constituição atribuiu aquela
competência à União. 
Nesse caso, não haverá a recepção das leis pré-constitucionais pela
nova Constituição. E por um motivo lógico... 
 
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Se a competência anterior era dos estados, cada um (dos 26 estados)
tinha disciplinado a matéria à sua maneira. Como saber qual norma
dentre essas 26 existentes seria recepcionada com status de lei federal? 
Em suma, na mudança de competência entre os entes políticos,
efetivada pela nova Constituição, é admitida a estadualização (de cima
para baixo) da legislação federal pretérita; mas não a federalização (de
baixo para cima) da legislação estadual ou municipal pretérita. 
O mesmo raciocínio vale para a mudança da competência envolvendo os
municípios. 
Item errado. 
Seguem a partir de agora alguns exercícios de fixação. Qualquer dúvidapoderá ser respondida no fórum de dúvidas. De qualquer forma, com as
informações passadas durante a aula, você consegue responder todas
as questões propostas aqui. 
Nos vemos na próxima aula, início do nosso curso! 
Bons estudos! 
Frederico Dias 
4 – Exercícios de Fixação 
25) (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ/AL/2008) Atribui-se ao
abade Emmanuel Sieyès o desenvolvimento da teoria do poder
constituinte, com a obra Que é o Terceiro Estado? 
26) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TJ/CE/2008) A
CF não poderá ser emendada na vigência de estado de sítio. 
27) (CESPE/PROMOTOR/MPE/RR/2008) No Brasil, o exercício do
poder constituinte já foi restrito a determinado grupo ou pessoa, o
que resultou em Constituição dita outorgada. 
28) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008)
As mutações constitucionais decorrem da conjugação da
peculiaridade da linguagem constitucional, polissêmica e
indeterminada, com fatores externos, de ordem econômica, social e
cultural, que a CF intenta regular, produzindo leituras sempre
renovadas das mensagens enviadas pelo constituinte. 
29) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) De acordo com
entendimento do STF, as normas constitucionais provenientes da
manifestação do poder constituinte originário têm, via de regra,
retroatividade máxima. 
30) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) O
poder constituinte formal não se confunde com o poder constituinte 
 
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material. Este é o poder de autoconformação do Estado segundo
certa ideia de direito, enquanto aquele é o poder de decretação de
normas com a forma e a força jurídica próprias das normas
constitucionais. Em outras palavras, enquanto o poder constituinte
material tem por fim qualificar como constitucional determinadas
matérias, o formal atribui a essa escolha uma força constitucional. 
31) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
SUBSTITUTO/PCRN/2009) Como o poder constituinte originário
inaugura uma nova ordem jurídica, todas as normas
infraconstitucionais perdem vigor com o advento da nova
constituição. 
32) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA
ADMINISTRATIVA/STF/2008) Todos os direitos e garantias
fundamentais previstos na CF foram inseridos no rol das cláusulas
pétreas. 
33) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO DO TCU/2007) O
poder de reforma inclui tanto o poder de emenda como o poder de
revisão do texto constitucional. 
34) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TJ/CE/2008) O
presidente da República tem poder de vetar emenda constitucional
contrária ao interesse público. 
35) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
SUBSTITUTO/PCRN/2009) O poder constituinte de reforma não é
inicial, nem incondicionado nem ilimitado, no entanto, não está
subordinado ao poder constituinte originário. 
36) (CESPE/PROMOTOR/MPE/RR/2008) Um fazendeiro que detenha a
propriedade de nascente de água desde setembro de 1988 pode
invocar direito adquirido contra a norma constitucional, oriunda do
poder constituinte originário, que estabeleceu a dominialidade
pública dos recursos hídricos. 
37) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ÁREA:CONTROLE
EXTERNO/TCU/2008) A república e a forma federativa de Estado
foram arroladas expressamente como cláusulas pétreas pelo
constituinte originário. 
 
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PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
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GABARITOS OFICIAIS
25) E 
26) C 
27) C 
28) C 
29) E 
30) C 
31) E 
32) E 
33) C 
34) E 
35) E 
36) E 
37) E 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado,
2009. 
HOLTHE, Leo Van. Direito Constitucional, 2010. 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2009. 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional, 2009. 
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 2007.
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional, 2010. 
 José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 2010.
http://www.stf.jus.br 
http://www.mp.mg.gov.br 
http://www.cespe.unb.br

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