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Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 1 Tópico 6 – Modelagem e simulação por meio da System Dynamics As ideias fundamentais de System Dynamics (SD) surgiram em 1956 com Jay W. Forreter da MIT Sloan Management School. Com o objetivo de modelagem de sistemas humanos e baseada na Teoria dos Servomecanismos, interpreta os sistemas humanos e naturais como complexos, definindo seus componentes como elementos ou objetos, unidos por meio de fluxos de causa e efeito, que também são retroalimentados (FORRESTER, 1972). Por meio da SD, é possível representar sistemas de maneira conceitual, a partir de diagramas de feedbacks ou modelos quantitativos, a partir de diagramas de estoque e fluxo. Tais modelos podem ser utilizados para obtenção de respostas às questões relativas ao processo de tomada de decisão, ou planejamento estratégico. A partir de uma visão geral, SD assume que a análise de uma situação parte de um ponto de vista que pode ser associado a outros pontos de vista dentro da mesma empresa, culminando em uma estrutura cuja dinâmica pode ser organizada em diagramas com simbologia específica e modelos matemáticos. Em um contexto organizacional ou social, muitas situações complexas podem ser representadas por círculos de causalidade e retroalimentação. Os círculos de causalidade representam especificamente a dinâmica do sistema, pois tentam transmitir a ideia de mudanças temporais no estado do sistema. Nesse contexto, julga-se que a informação gerada por um elemento introduz modificações na informação gerada por outros elementos e, assim sucessivamente, ocasionando uma extensa e complexa troca de informações, que, se analisadas conjuntamente, podem explicar o fenômeno das mudanças temporais (FLOOD, 2002; JACKSON, 2003). 6.1. Modelagem “soft” por meio de Diagramas de Enlaces Causais (feedbacks) A System Dynamic utiliza duas abordagens para descrever sistemas complexos: a abordagem Soft e a abordagem Hard. Na abordagem soft, o sistema complexo é descrito por meio de diagramas de enlaces causais ou feedbacks, e na abordagem hard, são utilizados softwares que desenvolvem cálculos matemáticos afim de permitir a análise das mudanças de estado das variáveis do sistema. Para representar as estruturas dos sistemas, existe uma notação gráfica composta pelos seguintes componentes: a) Objetos – expressam linguisticamente as variáveis componentes do sistema. São compostas principalmente por substantivos, ou sintagmas nominais, pequenas frases, que não ultrapassam a 30 caracteres. Notadamente não são utilizados verbos ou substantivos que revelem tendências, como “crescer”, “aumentar”; “melhorar”, pois o padrão de comportamento deve estar implícito na representação gráfica. b) Setas – indicam as relações causais e unem os objetos, ou seja, unem um objeto “causa” a um objeto “efeito”, no sentido de direção da cauda para a ponteira da seta; c) Defasagens – significam um atraso entre causa e efeito e são representadas por dois traços paralelos que cortam perpendicularmente a seta onde ocorre a defasagem; d) Sinais de setas – definem o tipo de relação causal que pode ser de balanceamento (–), que indica que uma alteração em A produz uma alteração em B no sentido contrário, que iguala ação e reação ou de reforço (+), que produz uma mudança em B na mesma direção, ou seja, causa potencializa efeito; e) Sinal de loop – indica se o loop é positivo, quando é formado por um número par de relações causais negativas, ou, se é negativo, quando é formado por um número ímpar de relações causais negativas. Na Figura 6.1, um exemplo de estrutura causal e os elementos descritos acima. Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 2 Figura 6.1 – Exemplo de diagrama de loop causal segundo a System Dynamics O diagrama contido na Figura 6.1 pode ser lido da seguinte maneira; “Juros” influencia reforçando “Principal”, que por sua vez, reforça a variável inicial, gerando um ciclo de reforço, ou virtuoso. Em um diagrama de feedbacks as setas indicam a direção causal das influências. Os sinais próximos às ponteiras das setas indicam o tipo de influência que a variável antecedente exerce sobre a subsequente. Um sinal positivo (+) na ponteira da seta indica que uma mudança na variável antecedente (localizada na cauda da seta) causará uma mudança na variável subseqüente (situada na ponteira da seta) no mesmo sentido. Por exemplo na Figura 6.1, a relação “Juros” e“Principal” significa que quanto maior forem os juros, maior será o principal e quanto menor forem os juros, menor será o principal. Dessa maneira, um sinal “+” não representa sempre incremento, mas, indica que uma variação no fator causador gera uma variação no mesmo sentido no fator que recebe o efeito (Valença, 2011). Um sinal negativo (-) na ponteira da seta demonstra que uma mudança na variável antecedente (situada na cauda da seta) causará uma mudança em sentido contrário na variável subseqüente (situada na ponteira da seta), como demonstrado na Figura 6.2. Figura 6.2 – Exemplo de diagrama de loop com variável de balanceamento Por exemplo, a relação “Aproximação entre temperatura atual e desejada” e “Diferença entre as temperaturas” indica que quanto maior a aproximação entre as temperaturas atual e desejada, menor será a diferença entre elas, ou seja, a variação no fator causador gera uma variação em sentido contrário no fator que recebe o efeito. Os loops podem ser negativos (de Balanço) ou positivos (de Reforço). Essa condição é representada por um semicírculo na parte central de cada loop, contendo o sinal "+" ou "-". Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 3 Normalmente, os círculos são de Balanço quando há uma influência de inibição ou controle do círculo e são de Reforço quando há uma força de modificação, criando crescimento ou declínio. Por exemplo, na Figura 6.1 o sinal de “+” no centro do círculo identifica uma condição de reforço, ou de “ciclo virtuoso” com crescimento constante. Nele, as variáveis componentes, com o passar do tempo, receberão influências de crescimento. Como regra geral, para que seja possível determinar se um círculo é de reforço ou de contrariedade, é necessário verificar todas variáveis do círculo. Seguindo o curso da fila de variáveis ao redor do círculo, na ordem inversa, ou seja, da última para a primeira variável, é possível verificar se o sinal de retorno da variável inicial muda. Caso ele mude no mesmo sentido da mudança inicial, o loop é de reforço. Se o sinal de retorno da variável inicial muda na direção oposta da mudança inicial, o loop é de reforço, se não mudar, será de balanço (ISEE SYSTEMS, 2009). Observando a Figura 6.1, observa-se um ciclo de reforço na análise ao contrário, pois: Juros, Principal e Juros Na representação o símbolo representa ampliação e representa redução. Por outro lado, no caso demonstrado na Figura 6.2, têm-se um ciclo de balanceamento, considerando que, em uma leitura ao contrário, partindo da variável “Aproximação entre temperatura atual e desejada”, o fluxo de informação muda: Aproximação entre temperatura atual e desejada gera no Ajuste do termostato, que por sua vez gera na Diferença entre as temperaturas, que gera na Aproximação entre temperatura atual e desejada. Observa-se que a relação entre “Aproximação entre temperatura atual e desejada” e “Ajuste do termostato”, no fluxo contrário se modifica de reforço (+) para balanceamento (–), por exemplo. 6.1.1 Limitações do método É necessário, no entanto, observar que as definições apresentadas acima são válidas para a maioria dos casos, porém, segundo Zambon;Accioly (1998), as definições tradicionais de links positivos e negativos em diagramas de feedbacks não são aplicáveis a pelo menos um link na maioria dos diagramas possíveis de serem levantados para interpretação da dinâmica de qualquer sistema. A razão de alguns links serem incompatíveis com as definições tradicionais é que cada um representa uma conexão que considera um nível físico, enquanto que tais definições só são aplicáveis a links de informação (ZAMBOM; ACCIOLY, 1998). Para conservar o fluxo, a variável do final da seta, representa a taxa de troca (derivada) da variável situada na ponteira da seta. Em alguns círculos de causa e efeito, mencionados, a variável no final da seta somente representa a parte positiva ou negativa da derivada, por exemplo, na Figura 6.2, a “Temperatura desejada”. 6.2. Modelagem “hard” por meio de Diagramas de estoque e fluxo A System Dynamics (SD) compreende também a capacidade de estruturação de modelos mentais por meio de diagramas de estoque-fluxo. Tais diagramas estão associados a uma abordagem quantitativa da SD, que abrange a simulação matemática de modelos. Os elementos que usualmente compõem os diagramas de estoque fluxo estão representados na Figura 6.3. Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 4 Figura 6.3: Elementos gráficos de diagramas de estoque-fluxo. Conforme demonstrado na Figura 6.2, Fluxo é um elemento pelo qual flui algo em um período de tempo, que pode ser constante ou associado a uma taxa. Estoque representa a acumulação de taxas somadas ou subtraídas de uma quantidade inicial e que também evolui com o passar do tempo. O elemento Auxiliar é utilizado para distribuir taxas em partes manejáveis, converter fluxos de uma determinada espécie em outra e fornecer informações para controle de taxas. Normalmente, são constantes. Esses elementos são conectáveis entre si por meio dos Conectores. Existem regras para relacionamento desses elementos, que estão demonstradas na Figura 6.4. Figura 6.4 – Possibilidades de relacionamento entre os elementos que fazem parte dos diagramas de Estoque e Fluxo. De acordo com a Figura 6.4, as possibilidades de relacionamento entre os elementos de um diagrama de estoque e fluxo são finitas. Os conectores são utilizados para alguns relacionamentos, conforme demonstrado, e as regras fundamentais estão descritas abaixo e legendadas: Regras de relacionamento entre elementos de um diagrama de estoque e fluxo: 1. Um estoque só pode ser influenciado por um fluxo Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 5 2. Um estoque pode influenciar um auxiliar ou um fluxo 3. Um auxiliar pode ser influenciado por outro auxiliar, um estoque ou um fluxo 4. Um estoque não influencia outro estoque diretamente 5. Um estoque influencia outro estoque indiretamente por um fluxo A simbologia, bem como seus termos, definida por FORRESTER (1972) foram utilizadas inicialmente pelo DYNAMO®, primeiro software de simulação comercial desenvolvido para System Dynamics. A Modelagem Soft tem foco em modelos qualitativos e a Modelagem Hard, em modelos quantitativos, visando à simulação. 6.3. Representação de sistemas e padrões mais comuns Sistemas assumem formas bastante distintas, que se modificam de acordo com o cenário, com a visão do analista entre outras situações. Todavia, é possível identificar entre os possíveis conjuntos de variáveis, alguns que representam os movimentos mais frequentes, como: Feedback de reforço; Feedback de balanceamento; Feedback de balanceamento com defasagem (delay); Feedback de reforço associado a um feedback de equilíbrio. 6.1.1. Feedback de reforço Um Feedback de reforço, ou positivo, reforça a mudança com mais mudança ainda, criando algo que Senge define como “efeito bola de neve”. A manifestação desse padrão sugere um crescimento lento inicialmente, porém com crescimento exponencial. Um bom exemplo é um valor monetário aplicado a uma taxa de juros por muito tempo Esse tipo de Feedback de reforço, demonstrado ao mesmo tempo sob as duas modelagens (Hard e Soft), pode ser visualizado na Figura 6.5. Figura 6.5 – Comparação de um modelo hard e um modelo soft de crescimento exponencial Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 6 Nota-se que o ciclo de reforço, à direita na Figura 6.5, reproduz um ciclo virtuoso de acúmulo de capital, que retroalimentam um sistema de reforço pelos juros que são incorporados ao principal em um círculo contínuo. Esse mesmo padrão, que pode ser apenas inferido mediante as argumentações apresentadas pelo diagrama de feedback (acima, à direita), também pode ser constatado pela saída gráfica do diagrama de estoque-fluxo (acima, à esquerda), que representa um modelo simulado do mesmo sistema de acumulação. No gráfico, observa-se uma curva exponencial, onde se pode visualizar a dinâmica do modelo, que reproduz o padrão de um sistema real. Pela simulação, é possível observar que a partir do momento em que o comportamento acelera, torna-se muito difícil reverter a tendência de subida exponencial. Se esse crescimento for representativo de algo bom, esperado ou planejado no sentido da melhoria, então, diz-se que é um ciclo virtuoso. Por outro lado, se for algo inesperado, inadequado ou ruim, diz-se que é um ciclo vicioso. A simulação é um instrumento útil no sentido de que, ao se permitir a identificação da dinâmica de um determinado sistema, facilita a compreensão do agente que se relaciona com o sistema, tornando possível a construção de um processo de aprendizagem, pois o padrão pode ser melhor explicado a outros agentes. 6.1.2. Feedback de balanceamento ou equilíbrio Um feedback de balanceamento ou equilíbrio, ocorre quando se estabelece um objetivo ou meta a ser alcançada. Se o valor representado pela variável observada está abaixo da meta, então, o loop faz o valor subir. Se estiver acima, faz baixar, até atingir o nível desejado, no sentido de estabilização do sistema. No exemplo da Figura 6.6, é demonstrado um sistema de retificação de temperatura por meio de um dispositivo de controle (A). 6.6 – Comparação de um modelo hard e um modelo soft de balanceamento ou de equilíbrio A variável “Diferença entre as temperaturas” é o meio que controla o valor de temperatura desejado em comparação com o valor da temperatura atual. Na curva 1 do gráfico, a temperatura atual estava acima da desejada, e buscou o equilíbrio posterior. A curva 2 do gráfico (abaixo) Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 7 demonstra a temperatura atual inferior à temperatura deseja. Então, ela se eleva até atingir o patamar desejado. Para se conseguir essa condição, o auxiliar “Percepção da Temperatura” processa a seguinte condição: IF Temperatura_Desejada > Temperatura_Atual THEN Temperatura_Atual * 0.01 ELSE Temperatura_Atual * -0.01 A taxa 0.01 é incrementa (+) ou decrementa a Temperatura atual até atingir o patamar desejado. No caso do feedback de balanceamento ou de equilíbrio, a temperatura atual interagem com a temperatura desejada e dessa interação resultam oscilações que culminam em estabilizar o sistema, por meio da percepção da temperatura, na temperatura desejada. O comportamento do feedback negativo exposto a uma defasagem descreve uma curva oscilatória em um espaço de tempo, que tende a uma reta em algum momento futuro. 6.1.3. Feedback de balanceamento exposto a uma defasagem (delay) O comportamento do feedback de balanceamento exposto a uma defasagem descreve uma curva oscilatória em um espaço de tempo, que tende a uma reta em algum momentofuturo. 3.7 – Comparação de um modelo hard e um modelo soft de equilíbrio com defasagem Neste exemplo, o sistema inicia com um balanceamento entre a confiança do cliente e o padrão de qualidade. Entretanto, ao final do primeiro ciclo, a confiança do cliente aponta uma falha de qualidade por meio da seguinte lógica (1): IF Qualidade_do_Serviço > Padrão_de_Qualidade THEN Qualidade_do_Serviço ELSE 0 Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 8 Dessa maneira, quando a confiança do cliente fica menor que 1 (1 significa o inteiro, a máxima qualidade do serviço), então, a “empresa” melhora a qualidade do serviço naquele momento. A “empresa” checa se há discrepâncias entre a qualidade esperada e a praticada a cada dois ciclos. A lógica que realiza esse equilíbrio é a seguinte (2): IF Confiança_do_Cliente < 1 THEN PULSE (2,1,2) ELSE Confiança_do_Cliente A função PULSE possui a seguinte sintaxe: PULSE (Volume_pulsado, Primeiro_pulso, Intervalo_entre_pulsos) A linha reta (3) do padrão de qualidade no meio do gráfico divide o estado de decadência da demanda (para baixo) e a retomada da demanda (para cima). 6.1.4. Feedback de reforço associado a um feedback de equilíbrio No caso de um diagrama de feedback de reforço associado a um diagrama de feedback de equilíbrio, há uma situação em que o feedback de reforço induz um crescimento exponencial da variável observada que, posteriormente, fica sob o controle do feedback de equilíbrio e se estabilizando (Figura 3.8) 6.8 – Comparação de um modelo hard e um modelo soft de reforço com equilíbrio No modelo, a demanda normal é inteira (1) e no primeiro ciclo, se nivela às vendas (1) e à receita (1). O tamanho do mercado é o dobro da demanda normal (2). Assim, o nicho de mercado pode crescer. A lógica que permite esse crescimento (A) é assim demonstrada: IF Tamanho_do_Mercado > Vendas THEN Vendas*0.3 ELSE 0 Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 9 Se o “Clientes não Atendidos” ampliar, a “Demanda_Potencial” também ampliará, desde que amplie “Verba de Marketing”. No modelo, a “Verba de Marketing” é de 50% das “Receitas de Vendas” e a equação que define a efetividade dos investimentos na ampliação da demanda é expressa da seguinte maneira (B): Demanda_potencial = 1+(Clientes_não_atendidos*Verba_de_Marketing) Embora haja efetividade na ação do marketing, o mercado tem um tamanho fixo (2) e não crescerá ao infinito. Quando a curva de demanda se igualar ao tamanho do mercado, ela estagnará (C). 6.4. Modelagem e simulação de sistemas complexos Os exemplos anteriores indicam sistemas complexos, por serem compostos de elementos inter-relacionados, no aspecto de causa e efeito, além de serem mutáveis em relação ao tempo, com uma estrutura estável que oscila entre ordem e desordem, considerando que qualquer parte do sistema age ou se comporta distinta e independentemente. Isso faz com que não seja possível mapear o sistema de uma parte para outra, o que o torna imprevisível. Todos os artefatos fabricados pelas atuais organizações humanas, desde bens de capital, como navios e aviões até intangíveis, como softwares e processos, são definidos pela interação de muitos, às vezes milhares de participantes, trabalhando em segmentos diferentes do sistema. Na divisão do trabalho típica taylorista, cada agente ou grupo de agentes dispensa especial atenção à sua área de conhecimento específico, o que leva recursivamente ao problema da junção dos resultados parciais na cadeia de atividades, em uma estrutura única com características pré- definidas. Todavia, o avanço da complexidade dos sistemas humanos não permite que os mesmos sejam completamente conhecidos. Dessa característica emerge a ideia de que a convergência de conceitos básicos, e não necessariamente profundos, de um conjunto de disciplinas, geraria melhores resultados do que o conhecimento profundo de uma ou duas disciplinas, mesmo que o problema esteja posicionado sobre esse domínio (BAR-YAM, 1997). Ações eficientes em um sistema complexo também podem ser tomadas pela intervenção de um grupo de agentes detentores de conhecimento em diferentes áreas, cuja contribuição seria no sentido da construção conjunta de um único modelo interpretativo da organização, de forma compartilhada, capaz de atender às expectativas de satisfação coletiva. Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 10 Figura 6.9 – Ação conjunta dos agentes que atuam em um sistema complexo produtivo Na representação da Figura 6.9, vemos, de forma simplificada, as relações existentes entre os diversos departamentos que operam para a concepção, fabricação e entrega de produtos. Observe que as competências de cada agente são bastante distintas, porém, os relacionamentos provocam os ajustes em rede dos agentes e uma ordem relativa. Mesmo assim, quando o produto (que foi exaustivamente “pensado” por todos) chega aos clientes, as reações são imprevisíveis: alguns gostam e compram e outros não. Verifica-se que todo o esforço coletivo não foi suficiente para atender, sem restrições ao objeto de satisfação coletiva, porém, a estrutura global admitiu a ocorrência de uma situação de risco, não de completa incerteza, suficiente para justificar a perpetuação das atividades da fábrica. Alguns dos problemas recorrentes nas organizações humanas são originados pelo fato de que cada agente tenderá enfocar sua área com o objetivo de maximizar seus resultados, principalmente porque a compreensão integral do sistema complexo é impraticável, e isso faz com que ele ignore as relações com outros agentes, elevando a ocorrência de emegências. O desafio da coordenação do trabalho entre os agentes decisores nos sistemas humanos é que os espaços de ação são tipicamente enormes, e acessados simultaneamente por agentes distintos, o que pode ser caro e demorado, considerando ainda que interdependências conduzem a conflitos de agência, quando as ações simultâneas em espaços iguais não são concordantes. 6.5. Referências Bibliográficas BAR-YAM, Yaneer. Dynamics of Complex Systems: Studies in Nonlinearity. Oxford: Westview Press. 1997, 839p. FLOOD, R.L., JACKSON, M.C. Creative problem solving: total system intervention. Chichester: John Wiley & Sons, 1991. 250 p. FORRESTER, J. W. Dinamica Industrial. Buenos Aires: El Ateneo. 1972. 449p. ISEE SYSTEMS. STELLA software. v.9.1.3. for Windows. USA: ISee systems, 2009. Download em http://www.iseesystems.com. STERMAN, J.D. Business Dynamics: Systems Thinking and Modeling for a Complex World. Boston: Irwin McGraw-Hill, 2000. Teoria Geral dos Sistemas Prof.Dr. Antonio Carlos Zambon 11 ZAMBON, A. C.; ACCIOLY, R. C. A Aplicação da Visão Sistêmica no Ensino Superior. In: Encontro das Universidades de Língua Portuguesa, 1998, Macau. Anais do VIII Encontro das Universidades de Língua Portuguesa. Macau : Universidade de Macau, 1998.
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