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EECCOOLLOOGGIIAA DDEE CCOOMMUUNNIIDDAADDEESS:: IINNTTEERRAAÇÇÕÕEESS EENNTTRREE PPOOPPUULLAAÇÇÕÕEESS Introdução Os organismos crescem, reproduzem, morrem e eventualmente podem migram. Eles são ainda afetados pelas condições impostas pelo meio e pelos recursos que obtém. Além disso, organismos não vivem em isolados. Cada um, pelo menos em parte de sua vida, é membro de uma população que interage com outras populações. As populações interagem principalmente através de relações alimentares. Estas relações podem ser diretas, como quando dois predadores alimentam-se de presas, ou indiretas, quando duas populações dividem um recurso comum. Juntas, tais relações recurso-consumidor influenciam na dinâmica das populações. Geralmente, uma comunidade biológica consiste de muitas populações, que interagem, e são muitas vezes mantidas juntas por relações alimentares. Tipos de Interações entre populações O processo das interações entre espécies pode ocorrer através das mais variadas formas, mas existem basicamente 3 efeitos nas populações envolvidas: 1. Aumento na sobrevivência, crescimento e fecundidade; 2. Decréscimo na sobrevivência, crescimento e fecundidade; 3. Sem efeitos Transformando estes efeitos em símbolos matemáticos, como “+” para uma interação positiva, “- “ para uma interação negativa e “0” para uma interação neutra, observa-se basicamente 8 tipos possíveis de interações entre populações. Tabela 1. Tipos de interações entre populações. Efeito nas Espécies Tipo Interação A B Natureza Interação Neutralismo 0 0 Sem efeitos Comensalismo + 0 Hospedeiro não afetado Amensalismo - 0 População A é inibida, B não é afetada Mutualismo + + É obrigatória Protocooperação + + É facultativa Predação + - B é destruído por A Parasitismo + - B é explorado por A Competição - - Inibição mútua O termo simbiose significa literalmente “viver junto” e indica uma associação próxima entre indivíduos de pares de espécies que não se prejudicam. A simbiose inclui: Neutralismo: é uma relação na qual as espécies envolvidas não teriam efeitos recíprocos, ou seja, o resultado da interação é nulo. Não existem exemplos deste tipo de relação e ela é provavelmente inexistente ou rara na natureza. Comensalismo: nesta interação, apenas uma das partes envolvidas beneficia-se, a outra nada perde ou nada ganha. Exemplos destas interações são as plantas chamadas de epífitas que utilizam suas plantas hospedeiras somente como suporte, assim como algumas espécies de fungos e suas plantas hospedeiras. Mutualismo: é uma relação obrigatória que envolve benefício mútuo paras as espécies envolvidas. Os exemplos clássicos de mutualismos são os liquens – associação estreita entre fungos e algas – e a associação entre ruminantes e microrganismos que digerem celulose. Protocooperação: é uma relação facultativa que envolve benefício mútuo para as espécies envolvidas. Um exemplo são pássaros que comem invertebrados e ectoparasitas (carrapatos) do dorso de vertebrados. Outras interações não-simbiônticas são: Amensalismo: nesta relação uma população é inibida, enquanto a outra não é afetada. Existem poucos exemplos deste tipo de interação, mas alguns autores argumentam que a alelopatia (produção e liberação de substâncias químicas, alelopáticas ) em plantas pode ser um exemplo de amensalismo. Predação: neste tipo de interação uma espécie (presa) é ingerida pela outra (predador). Alguns autores incluem nesta categoria a herbívora, ou seja, herbívoros podem ser considerados predadores quando ingerem suas presas (plantas) de uma só vez. A herbívora pode ser ainda considerada parasitismo, quando herbívoros ingerem partes de suas plantas hospedeiras, sem destruí-la, mas causando-lhe redução no desempenho. Parasitismo: nesta relação um organismo (parasita) obtém nutriente ou qualquer outro recurso de outro organismo (hospedeiro). Apesar de não levar diretamente à morte do hospedeiro, na maioria dos casos, o parasitismo leva à diminuição da performance (crescimento, sobrevivência, fecundidade do hospedeiro). Competição: é uma interação entre dois organismos (ou duas espécies) onde o uso ou defesa de um recurso reduz sua disponibilidade para outros organismos. A diminuição de recursos causada por A leva à menor crescimento, menor número de descendente e maior risco de mortalidade da espécie B, e vice- versa. Muito da ecologia teórica tem sido desenvolvida baseada em interações com impacto negativo. Assim, a competição e a predação são as interações que mais têm atraído a atenção dos ecólogos, talvez pelo fato de serem mais facilmente e frequentemente observáveis na natureza, e porque o próprio Darwin, enfatizou na “Origem das espécies” a famosa “luta pela sobrevivência”. Isto, entretanto, não diminui a grande importância das interações positivas em comunidades, como por exemplo, as relações mutualísticas. COMPETIÇÃO “ Interação entre indivíduos, competindo por recursos LIMITADOS, levando a uma redução na sobrevivência, crescimento e/ou reprodução dos indivíduos ou espécies envolvidas na interação...” Em relação às espécies envolvidas na interação a competição pode ser subdividida em: Competição Intraespecífica: é aquela que ocorre entre membros de uma mesma espécie, ou melhor, membros de uma dada população de área geográfica definida. Tal tipo de interação -/- leva a decréscimos dependentes da densidade nos níveis do recurso e afeta a fecundidade e a sobrevivência dos indivíduos. A competição intraespecífica ocorre não somente por alimento limitado, mas por qualquer outro recurso “disputado” pelos organismos, como fêmeas (Figura 1) ou territórios de acasalamento, descanso e alimentação. Figura 1. Competição por recursos, que não alimentos, entre dois machos de Lucanus cervus, lutando pela atenção da fêmea (em baixo, à direita). Fonte: Price, 1997. Competição Interespecífica: é aquela que ocorre entre espécies diferentes e cujo efeito é mutuamente depressor em ambas as populações envolvidas. Os dois resultado possíveis da competição são: as duas espécies perdem, ou uma vence e a outra perde. Mas, por que tal interação é então classificada como -/- ? A resposta reside nos resultados finais nas espécies envolvidas. Quando duas espécies de beija-flores lutam por um recurso limitado – flores com néctar na época de seca, por exemplo – e uma espécie dominante, maior, sempre vence a competição por expulsar através de comportamento agressivo as espécies mais “submissas”, ambas perdem. Isso porque a espécie dominante se alimenta melhor, mas gasta tempo e parte da energia obtida do alimento expulsando as demais espécies de seu território alimentar. As espécies “submissas” ou competitivamente inferiores, perdem porque se alimentam somente quando vencem o bloqueio das dominantes. Em relação à forma como a competição se manifesta nos organismos, dois tipos são reconhecidos: Competição Exploração: é aquela em que os indivíduos ou espécies envolvidas não interagem diretamente, ou seja, não há encontro (ou luta) entre os indivíduos. Na competição de exploração os indivíduos são negativamente afetados pela quantidade de recurso que sobra quando um dos indivíduos o explora. Neste caso, as espécies não precisam nem se encontrar, como é o caso de mariposas e morcegos que se alimentam das mesmas flores produtoras de néctar, mas um no fim da tarde e o outro no início da noite. Um aspecto importante da competição é que para que haja redução em alguma característica mensurável da performance dos indivíduos (crescimento, sobrevivência...) envolvidos nesta interação negativa, o RECURSO pelo qual os indivíduos competem (f6emeas, alimento, espaço...) deve estar LIMITADO! Competição Interferência: é aquela em que os indivíduos interagem diretamente,e a presença de um evita a exploração do recurso por outro. Este tipo de competição envolve encontros agressivos entre os organismos (chamadas de relações agonísticas) e é comum em animais que defendem territórios, sejam eles de alimentação, acasalamento ou nidificação, como nos pássaros. Na prática, muitos exemplos de competição incluem tanto elementos da exploração quanto da interferência. Uma planta, por exemplo, além de sofrer a diminuição de recursos causada por seus competidores, é fisicamente excluída de sítios já ocupados por seus competidores. Outro exemplo pode ser visto em besouros que vivem em cavernas (Figura 2). Figura 2. Competição intraespecífica entre besouros de cavernas (Neapheanops tellkampfi). a) exploração e b) interferência. Fonte: Begon et al. 1996. Neste caso, observa-se a competição de exploração quando os besouros reduzem a densidade de seu recurso (ovos de grilo) tendo assim baixa fecundidade quando a disponibilidade de recursos é baixa. A competição de interferência é observada através dos resultados das disputas entre os besouros quando em altas densidades. Neste caso, em maiores densidade, observa-se alteração no comportamento dos indivíduos, que lutam mais, cavam menos buracos, buracos mais rasos, além de comerem menos ovos. COMPETIÇÃO INTRAESPECÍFICA “Cada indivíduo de uma população afeta e é afetado por outros indivíduos dessa população.” Um exemplo de competição intraespecífica pode ser observado em uma população de gafanhotos. Nesta população, todos os indivíduos apresentam requerimentos nutricionais muito semelhantes, e podem competir pelo recurso comum: gramíneas. Entretanto, se considerarmos somente os machos dessa população, eles irão competir pela atenção das fêmeas, e cada um vai fecundar menor número de fêmeas que teriam fecundado se estivessem sozinhos numa população somente de fêmeas. Quanto maior o número de machos, maior a intensidade da competição intraespecífica. As fêmeas fecundadas, por sua vez, precisam depositar seus ovos em solo desnudo, que pode ser limitante em uma vegetação de campo. Além disso, e mais importante, elas precisam de solo desnudo que não tenha sido ocupado por outras fêmeas. Quanto maior o número de fêmeas competindo, mais tempo cada uma vai gastar para achar um local adequado para depositar seus ovos. Além disso, quanto maior o tempo de procura, maior o gasto energético. Assim, indivíduos de uma mesma espécie possuem requerimentos similares para sobrevivência, crescimento e reprodução, mas a demanda por um recurso pode exceder seu suprimento naquele momento. Um exemplo real dos efeitos negativos da competição intraespecífica pode ser visto no trabalho de Branch (1975) estudando uma população de conchas de Patella cochlear na África do Sul (Figura 3). Figura 3. Competição intraespecífica em Patella cochlear. Tamanho máximo (o) e biomassa (x) dos indivíduos em diferentes densidades. b) Efeitos da competição intraespecífica no tamanho e idade dos indivíduos. Fonte: Begon et al. 1996. A competição intraespecífica pode ter profundos efeitos no número de indivíduos em uma população, mas pode também ter profundos efeitos nos próprios indivíduos. No exemplo acima, a densidade populacional variava, naturalmente, na área de estudo, de 125 a 1225 indivíduos por m2. A quantidade de alimento é aproximadamente constante, pois estes organismos se alimentam de algas que crescem no substrato rochoso. À medida que a densidade aumenta, os jovens vivem e se alimentam sobre os adultos, eliminando o efeito da competição por espaço, mas aumentando a competição por alimento. Observa-se assim que à medida que o número de indivíduos aumenta, há um efeito compensatório na redução do tamanho dos indivíduos (Figura 3a). Observando-se a distribuição de tamanho dos indivíduos, observa-se a alteração do tamanho com o aumento da densidade. Muitas vezes, isso significa que, embora o tamanho numérico de uma população seja regulado apenas aproximadamente pela competição intra- específica, a biomassa total é regulada de maneira muito mais precisa. Algumas características da competição intraespecífica Resumindo, as características gerais da competição intraespecífica e as condições nas quais ela ocorre são: 1. O efeito final da competição é um decréscimo na contribuição dos indivíduos para as gerações futuras, de modo que os resultados negativos da interação competitiva podem ser medidos na sobrevivência, fecundidade e crescimento dos indivíduos; 2. Para haver competição o recurso deve estar LIMITADO; 3. A competição é uma interação recíproca, ou seja, o efeitos negativos são observados em ambos os indivíduos envolvidos; 4. A competição intraespecífica é DENSIDADE-DEPENDENTE, ou seja, seus efeitos são proporcionais ao tamanho da população; 5. Outra característica é que a competição intraespecífica pode ser ASSIMÉTRICA, ou seja, os efeitos podem ser diferentes nos diferentes indivíduos (exemplo: um indivíduo é dominante e vence a competição, o outro submisso é competitivamente inferior). COMPETIÇÃO INTERESPECÍFICA A essência da competição interespecífica é que os indivíduos de uma espécie sofrem redução na fecundidade, sobrevivência ou crescimento, como resultado da exploração dos recursos ou interferência de indivíduos de outra espécie, e vice-versa. A principal maneira de demonstrar a presença e intensidade da competição interespecífica é através dos chamados experimentos de adição e remoção de espécies. Através destes, constata-se ou não a competição e seus efeitos negativos, comparando os resultados do crescimento, fecundidade e sobrevivência de uma espécie na presença de seu competidor (tratamento controle) e na aus6encia deste (tratamento experimental). Um exemplo deste tipo de experimento foi realizado com roedores e formigas – dois grupos completamente distintos – que se alimentam de um recurso comum: sementes. Os pesquisadores Brown & Davidson (1977) suspeitavam que estes dois grupos competiam por um recurso comum – sementes de algumas espécies de plantas - e limitado durante a época seca em regiões desérticas do Arizona. Eles observaram que as dietas dos roedores e formigas se sobrepunham consideravelmente em relação ao tamanho das sementes dos quais eles se alimentavam (Figura 4), sugerindo que tanto as formigas quanto os roedores são limitados por seu alimento, e os dois grupos competem por um recurso limitante. Mas, será que estas espécies realmente competem? Para responder esta pergunta, foi montado um experimento que consistia de 4 tratamentos: 1. Exclusão dos roedores: os roedores eram capturados em armadilhas e uma cerca instalada na área de estudo impedia a imigração; 2. Exclusão de formigas: as formigas foram eliminadas de algumas área de estudo através da aplicação constante de inseticidas; 3. Exclusão de formigas e roedores: este tratamento foi realizado para descobrir os efeitos dos roedores e das formigas na produção de sementes; 4. Controle: este tratamento consistia na não-manipulação da área de estudo, ou seja, formigas e roedores, coexistiam assim como era observado no local de estudo. Figura 4. Alimentos de roedores e formigas: tamanho das sementes ingeridas por estes grupos no Arizona, USA. Fonte: Begon & Mortimer, 1986. Os resultados apresentados na Tabela 2 constituem evidência de que os dois grupos competem pelas sementes. Quando roedores foram excluídos observou-se um aumento no número de formigas comparados ao controle, e vice-versa, demonstrando-se assim o efeito recíproco e depressivo da competição interespecífica. Somente quando ambos foram removidos a densidade de sementes aumentou, provando que é por este recurso que os dois grupos competem. Tabela 2. A competição afeta oscompetidores e o recurso competido. Respostas de formigas, roedores e densidade de sementes à remoção de roedores e formigas. Modificado de Begon & Mortimer, 1986. Exclusão Roedores Exclusão Formigas Exclusão ambos Controle Número de formigas 543 --- -- 318 Número de roedores --- 144 -- 122 Densidade de sementes 1.0 1.0 5.5 1.0 Hipótese de Gause ou Princípio da Exclusão Competitiva Esta hipótese, relacionada aos efeitos da competição, foi proposta por um pesquisador chamado Gause (1934), que realizou um experimento em laboratório com três espécies de protozoários: Paramecium aurelia, P. caudatum e P. bursaria. Gause adicionou, separadamente, cada um das espécies em tubos de ensaio contendo solução de água com aveia e acompanhou o crescimento das 3 populações durante aproximadamente 20 dias, observando que as espécies se estabeleciam bem, quando sozinhas (Figura 5a). Entretanto, quando ele colocou Paramecium aurelia e P. caudatum em um mesmo tubo de ensaio, ele observou que em 24 dias, P. aurelia sobrevivia (mas, em menores densidades que quando sozinho) e P. caudatum era exterminado (Figura 5b). A este resultado. Gause associou os efeitos negativos da competição entre as duas espécies, e chamou este processo de extermínio de uma espécie competitivamente inferior por outra superior de princípio da exclusão competitiva, também chamado de “Hipótese de Gause”. Figura 5. Competição entre espécies de Paramecium. Fonte: Begon et al. 1996. Segundo este princípio: “... duas espécies com ecologia muito similar não podem existir juntas em um mesmo local...” Mas, alguns ecólogos questionaram esta idéia, principalmente pelo fato dos experimento ter sido realizado em condições de laboratório, de forma que os resultados encontrados (extinção local de uma espécie) poderiam ser diferentes quando em condições naturais. A dúvida em relação ao princípio da exclusão competitiva resulta no fato de como conciliar as extinções freqüentes de espécies em culturas de laboratório e a aparente coexistência de um grande número de espécies em comunidades naturais? Existem pelo menos duas hipóteses para esta questão: A competição é tão rara em ambientes naturais que não existe exclusão competitiva, ou esta é muito pouco freqüente. Esta hipótese não parece ser verdade me comunidade naturais, já que existem inúmeros estudos demonstrando a presença e a força da competição na estruturação das comunidades. A competição tem sido evento muito comum através da história evolutiva das comunidades, e tem selecionado certas adaptações que permitem a coexistência. Esta parece ser a hipótese mais plausível para explicar a baixa freqüência de exclusão competitiva entre duas espécies que competem por um recurso comum. O processo que permite a coexistência é a chamada Partição de recursos, que significa utilização diferencial de um recurso limitado, permitindo assim a coexistência: “... se 2 espécies coexistem em um ambiente estável então elas o fazem devido à diferenciação de nichos realizados. Se não há diferenciação, a espécie competitivamente superior possui maiores chances de eliminar a outra.”, O próprio Gause percebeu em seus experimentos a partição de recursos permitindo a coexistência (Figura 5c). Quando ele colocou P. caudatum e P. bursaria juntos, observou que ambas as espécies mantinham populações viáveis. A explicação para este fato é que apesar de se alimentarem do mesmo recurso – bactérias em suspensão no meio - uma das espécies se alimentava na parte superior do tubo de ensaio e outra na parte inferior. Assim, uma espécie não exclui a outra pela partição de recursos. Outro exemplo de partição de recursos permitindo a coexistência é encontrado nos chamados “bark beetles” (besouros de casca), que são grandes pragas de pinheiros da região temperada (Figura 6). Neste exemplo, espécies de tamanhos diferentes se localizam em porções diferentes do tronco, de modo a explorar com maior eficiência este recurso e reduzir a competição interespecífica. Em tempo evolutivo, a partição de recursos pode levar a um mecanismo chamado deslocamento de caracteres. Neste caso, uma característica que traz maior valor adaptativo, como por exemplo variabilidade no tamanho do bico de indivíduos de uma mesma espécie de pássaro, pode ser selecionada (por reduzir a competição, por exemplo), de forma que estes indivíduos deixam maior número de descendentes e a característica é fixada nas próximas gerações. Este deslocamento ou desvio de caracteres morfológicos, como tamanho do bico em pássaros ou tamanho da mandíbula em insetos, está relacionado à modificação da forma na presença de competidores. Um exemplo deste tipo de partição de recursos foi estudado por Darwin em Galápagos. Darwin observou que quando juntas em um mesmo conjunto de ilhas, as espécies de tentilhões Geospiza fortis, G. fuliginoza e G. magnirostris possuíam tamanhos de bicos muito distintos (sem sobreposição), mas quando em ilhas separadas, os tamanhos de bicos eram muito semelhantes. Figura 6. Relação entre o tamanho de três espécies de besouros e a espessura da casca que eles atacam no pinheiro Pinus strobus. Os tamanhos relativos de cada espécie estão indicados. A espécie Dendroctonus valens fica restrita à base das árvores. Ips pini ataca a parte superior do tronco e os ramos mais longos, e é geralmente mais abundante que D. valens. Pityogenes hopkinsi entra na casca pelos ramos mais finos, e esta espécie é considerada uma das mais abundantes do nordeste dos EUA. Fonte: Price 1997.
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