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Função Social Unip

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Universidade Paulista
-UNIP-
Função Social do Contrato
Trabalho solicitado para ...
Araraquara
2017
1.Introdução
	Quando um contrato é firmado, seja ele com acentuado potencial financeiro ou econômico, o impacto que ele causará no campo social deve ser analisado.Tal negócio não pode ser analisado somente no campo formal dos pressupostos de validade, que são eles: agente capaz, objeto lícito, forma prescrita em Lei etc.Mas e os reflexos sociais, ambientais, trabalhistas, os morais no que tange aos direitos da personalidade?.Desse modo faz-se necessário que o contrato seja chancelado pelo Poder Judiciário, devendo respeitar regras formais de validade jurídica, além também das normas superiores de natureza moral e social, que também possuem valoração no ordenamento, tido como inestimável logo são de inegável exigibilidade Jurídica.
	Por isso cria-se o fenômeno da Socialização do contrato, melhor conhecida como função social, e o reconhecimento da boa-fé objetiva, que não apenas parâmetros nos quais se busca a interpretação, tradução mas também considerados normas jurídicas, entendidos como princípios com conteúdo indeterminado e natureza cogente que precisam ser observadas pelas partes quando do momento da celebração. Destaca-se também um importante aspecto de que a boa-fé objetiva e a função social do contrato são entendidas como cláusulas gerais, de dicção normativa indeterminada, logo possuem força principiológica que assenta-se na Constituição Federal.
2.Discussão
	A socialização do contrato não é nenhuma novidade.Muito pelo contrário, desde o momento em que o Estado tomou a posição intervencionista, esquecendo do papel de mero expectador da ambiência econômica, a função social do contrato teve o conhecimento de contornos mais específicos.
	A função social do contrato traduz conceitos sobremaneira aberto e indeterminado, sendo impossível delimitar aprioristicamente. Como Humberto Theodoro, já citando outro autor diz que essa função se manifesta em dois níveis, que são eles: 
a)Intrínsecos- quando o contrato visto como relação jurídica entre as partes negociais, impõe-se o respeito à lealdade negocial e à boa-fé objetiva, buscando-se uma equivalência material entre as partes contratantes. Então, essa é a perspectiva que defende um tratamento igualitário às partes, levando em conta inclusive a desigualdade real dos poderes contratuais. 
b)Extrínsecos- quando o contrato em face da coletividade, ou seja, visto sob o aspecto de seu impacto eficacial na sociedade que foi celebrado.
	Sendo assim num primeiro momento, repercute no trato ético e leal o que diz respeito à cláusula de boa-fé objetiva, deve ser observado pelos contratantes. Ainda dentro dessa perspectiva, entendemos que a relação contratual tem o dever de compreender os deveres jurídicos gerais e de cunho patrimonial (de dar,fazer ou não fazer ) , além dos deveres anexos ou colaterais que derivam desse esforço socializante.Portanto até aquelas obrigações que antes esquecidas pelo individualismo cego da concepção clássica de contrato, agora são ressuscitadas de forma gloriosa, como o dever de informação, de confidencialidade, de lealdade etc.Lembrando que todo esse sistema é sustentando pelo princípio maior da Dignidade da pessoa humana.Já num segundo momento, o contrato não é tido apenas como instrumento de circulação de riquezas, mas, também, de desenvolvimento social, pelo fato de interferirem na economia e na sociedade, pois sem eles elas se estagnariam completamente, acarretando a sociedade a estágios menos evoluídos da civilização humana. O desenvolvimento dever ser racionalizado, sustentado e equilibrado, por isso que quando um contrato é firmado entre particulares, quer seja a Administração Pública não se pode move-lo da conjuntura social que lhe dá ambiência. É como cita Eduardo Sens Santos:
“...o contrato não pode mais ser entendido como mera relação individual. É preciso atentar para os seus efeitos sociais, econômicos, ambientais, e até mesmo culturais. Em outras palavras, tutelar o contrato unicamente para garantir a equidade das relações negociais em nada se aproxima da ideia de função social.O contrato somente terá função social- uma função pela sociedade- quando for dever dos contratantes atentar para as exigências do bem comum, para o bem geral. Acima do interesse em que o contrato seja respeitado, acima do interesse em que a declaração seja cumprida fielmente e acima da noção de equilíbrio meramente contratual, há interesse de que o contrato seja socialmente benéfico, ou, pelo menos, que não traga prejuízos à sociedade- em suma, que o contrato seja socialmente justo.” (SENS SANTOS,pag.83-84,2002)
	A função social do contrato então é considerada , um princípio jurídico de conteúdo indeterminado, que se compreende na forma em que se reconhece o precípuo efeito de impor limites à liberdade de contratar, em prol do bem comum.Essa socialização traduz o marco importante para o Direito que foi abandonar o modelo clássico- individualista comum no século XIX. 
A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO NO CÓDIGO DE 2002:análise do artigo 421.
	Como já dito, o legislador deixou de entender o contrato como mero instrumento de manifestação privada da vontade, para torna-lo elemento socialmente agregador.Então nota-se que quando os princípios vetores da ordem econômica sustentada e equilibrada, na qual haja respeito do direito do consumidor, ao meio ambiente e a próprio função social da propriedade ,todos eles juntos e interligados sustentam constitucionalmente à função social do contrato.O que expressa o artigo 421 do Código Civil : “art.421 A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.” Uma vez interpretado, conclui-se pontos interessantes, pois quando se fala que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato , foi estabelecida pelo legislador um critério finalístico ou teleológico e outro critério limitativo para configuração desse princípio.
	Num primeiro enfoque, toda e qualquer atividade negocial com fruto na autonomia da vontade , tem o seu escopo existencial na função social. Particularmente, o legislador não deveria assumir o papel da doutrina, ou seja, tentando apontar uma possível “razão ou justificativa” desse ou daquele princípio vez que isso é tarefa perigosa e desnecessária, porque restringe indevidamente as construções pretorianas.Em em segundo momento, há essa liberdade negocial que deve encontrar justo limite no interesse social e nos valores superiores da dignificação da pessoa humana.Caso essa fronteira seja ultrapassada poderá caracterizar abuso, judicialmente atacável, desse forma o entendimento do legislador no que se refere a esse ponto , foi considerável pois impõe limites à liberdade de contratar e protege assim o interesse social. Assim, deve a doutrina contratualista seguir a perspectiva civil constitucional.
	Em um exemplo de contrato firmado para a instalação de uma fábrica, mesmo que os requisitos formais (agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei etc) sejam respeitadas, mas alguma lei seja ela ambiental, ou trabalhista não seja respeitada, não há o cumprimento devido da função social do contrato e dessa forma o Poder Público também não poderá chancela-lo. No mesmo exemplo, essa instalação da indústria visava a lavagem de dinheiro. Nessa mesmo panorama, se configurado dano, é passível intentar ação indenizatória, além de atacar até a validade do contrato, pois um princípio superior derivado de fraude à Lei , foi infringido , assim com base nessa hipótese seria possível obter até a nulidade do próprio contrato .
	É como discorre o artigo 166 do Código Civl;
Art.166 É nulo o negócio jurídico quando:
I.Celebrado por pessoa absolutamente capaz;
II.For lícito, impossível ou indeterminado o seu objeto;
III.O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícíto;
IV.Não revestir a forma prescrita em lei;
V.For preterida alguma solenidadeque a lei considere essencial para a sua validade;
VI.Tiver por objetivo fraudar a lei imperativa;
VII. A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
3.Conclusão
	Como pode-se perceber ,a função social do contrato tem grande importância pois visa combater infringências a lei, e ao mesmo tempo respeitar valores sejam eles morais quanto ao que se trata dos direitos da personalidade, ambientais, sociais, trabalhistas, ao direito do consumidor, à proteção da ordem econômica seja ele quais forem que de alguma forma são atingidos quando um contrato é firmado. Portanto, até princípios constitucionais , tido como valores constitucionais superiores serão respeitados quando um contrato é firmado, exemplo disso é a dignidade da pessoa humana, pois quando este é pactuado ele é recheado de efeitos que o negócio produz na coletividade, e precisa necessariamente ser vigente e ao mesmo tempo estabelecer uma “ordem social harmônica”. Assim não apenas entendido como mero instrumento de manifestação de vontade mas como elemento socialmente agregador, logo quando há a liberdade de contratar ainda em contraposição a isso são criados limites com prol do bem comum, sendo assim cada um dos contratantes precisa compreender e respeitar os deveres jurídicos gerais do contrato , além dos anexos para que quando dentro da conjuntura social ele possa ser racionalizado e equilibrado.
4.Bibliografia
Stolze Gagliano, Pablo ;Pamplona filho, Rodolfo.Novo Curso de Direito Civil-contratos:teoria geral, volume IV.7 ed. Editora Saraiva, 2011.

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