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Embalos de uma percepção

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Por Jéssica Rodrigues – OAB/SC 50.962 
 
É engraçado como a advocacia nos surpreende. Do início ao fim. 
Há fim? 
 
Você cumpre cinco anos de graduação. Desde o primeiro ano, é “obrigado” a 
responder perguntas de parentes, amigos, conhecidos, amigos do primo de segundo grau, e 
por ai vai. Digo “obrigado”, porque todas as pessoas acham que ao entrar para o curso de 
direito, você já sabe tudo, já leu o vade mecum (Nossa mas você tem que ler tudo isso 
mesmo? Você tem que decorar tudo isso?), já atuou em audiência, já “tirou” indivíduos da 
prisão, já cobrou aquele devedor sacana, já pode aposentar aquele seu avô, tio... Enfim, 
desde o princípio, prepare-se para ser bombardeado por perguntas, e sério, nunca diga que 
não sabe responder, senão: “Mas meu Deus, o que você faz na faculdade? Não ensinam 
isso lá? O que você faz da meia noite às seis horas da manhã? Ah, imagina filha, você nem 
chegou nisso ainda né, posso te perguntar quando?”. 
Quer uma dica, desde já? Quando não souber responder, com fundamentação legal, 
em qualquer momento da vida, afinal, não somos obrigados a saber tudo, de todas as 
inúmeras áreas, apenas responda: Olha, sua dúvida é pertinente, inclusive há inúmeras discussões 
nos tribunais quanto ao tema, porém, para lhe dar qualquer resposta, preciso verificar se o que eu te 
direi ainda é o posicionamento majoritário, para não lhe causar prejuízos, pois, ora, o direito (não o 
direito não muda, quem muda é o “depende” de quem aplica as leis) muda todo segundo! Use a 
famosa enrolação. 
Continuando... Assim, durante toda a graduação você se vê esgotado, acabado, a 
bolacha murcha do pacote, a pipoca doce mole! 
Todos os semestres há trabalhos e mais trabalhos, provas e mais provas, livros e 
mais livros, e para a nossa alegria, chegam os últimos 1,5 anos da faculdade, onde 
conhecemos o temido TCC (Calma, na prática não é tão ruim assim), que toma horas e 
mais horas do seu dia, toma suas horas de descanso, lazer... Principalmente se você deixa-
lo para fazer nos últimos dias. Eu não fiz isso, juro, mas tive colegas que assim o fizeram, e 
acreditem, eram as próprias múmias na sala de aula, sem falar naqueles que, por estarem 
cansados, esgotados, “trocavam a ferradura” e saiam passando arado por quem 
atravessasse seu caminho (Ah, eu já tive dias assim, assumo; Quem nunca né?). 
Mais uma dica: não deixe para a última hora. Dedique algumas horas do seu dia 
(Eu dediquei muitos finais de semana), faça-o com calma, com PACIÊNCIA, com 
dedicação, para no fim, se orgulhar do seu desempenho. Na minha monografia (TCC), tirei 
10 tanto pelo conteúdo, como pela apresentação. Mas com a total convicção de que eu 
mereci esse 10 (Não, não estou sendo “gavola”, eu realmente me entreguei ao meu 
trabalho), enquanto, tive colegas que também tiraram a nota máxima e infelizmente (mais 
uma convicção) não mereciam referida nota, pela ausência de esforço e dedicação para tal, 
pelo deslocamento do objetivo do trabalho de conclusão de curso, até mesmo fugindo do 
próprio tema que haviam proposto. Mas quem sou eu para julgar, afirmar, apontar? 
Mais uma dica: Na faculdade, há aqueles colegas que apenas existem, há colegas 
que enchem a mesa de livros (acho que para impressionar o professor), mas sequer tem o 
trabalho de abrir a obra, há outros que imploram aquele 0,1 décimo (sem sequer merecê-lo 
– há pessoas que merecem), enfim, há aquele tipo de colega que leva o curso todo “pela 
barriga”. Onde quero chegar com isso, é uma situação que eu vivenciei. Estava na sétima 
fase (acho, não lembro) e tínhamos uma matéria muito temida, com um professor mais 
temido ainda, em que todo mundo falava que não era fácil passar, que as provas eram 
difíceis, enfim, aquela matéria que amedrontava. (quem se importava com isso). Ai então, 
me dediquei ao máximo, estudei tudo que estava ao meu alcance. Primeira prova, 8,5, ok, 
nota boa, tranquilo. Para a prova abrangente, minha ansiedade estava me matando, mas 
estudei com afinco, estudei muito, demais. Ai beleza, fiz a prova, tirei 8,9, pra mim era a 
vitória, a alegria da vida toda! 
Porém, muitos dos meus colegas foram mal, talvez por não estudarem, ou por 
possuírem dificuldade na matéria, enfim, cada qual com seu motivo. Ai então, como era o 
último semestre do professor lecionando na universidade, ele resolveu passar todo mundo, 
sem exame, dar, não só décimos, mas pontos, vários pontos, para aqueles que não haviam 
alcançado a média. E eu fiquei como? (desculpa a palavra) PUTA DA CARA, porque 
havia me “matado” estudando e como os demais, passei. Tá, ok, minha média foi melhor, 
foi, mas cara, que injustiça! Foi o que eu pensei. Fiquei brava, indignada. Até que uma 
pessoa me disse “Ninguém tira de você o que você aprende, estuda. Ninguém tira de você 
o conhecimento que adquiriu, quem sai prejudicado com isso não é você, são eles”. Ai 
então eu relaxei a mente e concordei. Enfim, o que quero dizer: Estudar vale muito “a 
pena”, é gratificante você saber, é gratificante você poder responder qualquer pessoa com 
propriedade, é gratificante você ser reconhecido pelo que faz ou sabe, é mais gratificante 
ainda você ser reconhecido pelo que É. Seja sempre mais, pra você, não para os outros. 
Ok, passado o momento motivacional (por enquanto). Então, falamos do temido 
TCC certo?! Mas, como se não bastasse (no direito nada basta), há ainda a prova da OAB, 
mais temida da vida toda, da galáxia, do universo, sério! 
Ah, antes de tudo, minha opinião: Todo curso deveria possuir sua prova da 
“OAB”. Há muitos “profissionais” incapacitados no mercado. Daqueles que citei acima, 
que levam o curso todo com a “barriga” (é afirmação pejorativa, mas é verdade, é possível) 
também entram no mercado de trabalho, e apesar de, na maioria das vezes, não 
permanecerem por muito tempo, oferecem seus serviços anêmicos a pessoas que confiam 
que ele sabe alguma coisa. Há um grande problema nisso. Não seja esse tipo de 
profissional. 
Voltando (a loca dos insights) a OAB. Jesus, que prova é essa? Ela não envolve só o 
que você sabe do direito, suas capacidades técnicas e lógicas jurídicas. Ela envolve emoção, 
resiliência, paciência, anseios, enfim, todos os seus sentimentos, por vezes pensei que não 
era capaz. Foi uma fase difícil pra mim, tenho ansiedade (real oficial) e déficit de atenção. 
Precisei me entregar, inteiramente, estudar todos os finais de semana, abdicar de inúmeras 
coisas durante o período de estudo. Foram incansáveis 05 (cinco) meses de entrega total! 
Mas quer saber? Mais uma vez, VALEU A PENA. Na real, não valeu só a pena, valeu a 
galinha inteira. Valeu cada segundo, estresse, nervosismo e abdicação! 
Ah, durante praticamente toda a faculdade (do segundo ao último semestre) eu 
trabalhei em escritório de advocacia, no qual aprendi e “atuei” mais na seara trabalhista, 
pela qual sou apaixonada. Envolvi-me em processos de diversas áreas durante o período, 
mas meu dia era quase que exclusivamente voltado à defesa dos interesses do empregador. 
Mais uma dica: conheça na prática aquilo que você aprende na faculdade. O direito seco 
não te torna profissional, te torna mecânico (no sentido de robô), decoreba! Somente a 
prática te mostra o que realmente se aplica do que consta na letra da lei. Por fim, foi 
fundamental meu “estágio” em escritório de advocacia para que me tornasse a 
pessoa/profissional que sou hoje. Sou infinitamente grata ao meu maior professor, meu ex-
chefe, Vilson. 
Hoje, há aproximadamente 06 meses após formada (o melhor dia da minha vida, 
minha formatura, foi no dia 26 de agosto de 2017, que dia!), sou uma pessoa realizada. 
Não realizada financeiramente, nem profissionalmente, às vezes nem pessoalmente (é, às 
vezes, acho que poderiame doar mais), mas realizada por tudo que enfrentei, por tudo que 
alcancei, pela consideração e reconhecimento que possuo hoje. Sabem, me orgulho muito 
pelo que sou! 
Quando eu falei no início do texto que a advocacia nos surpreende, não falei da 
“boca pra fora”. Depois desse texto todo, quero chegar ao ponto que me propus quando 
iniciei este “artigo”, qual seja: Cada vez que sento na minha mesa no escritório, percebo 
que, como dizia Sócrates, “Tudo o que sei, é que nada sei”. 
Claro que isso não é uma afirmação generalizada, concreta, e sim uma impressão 
que tenho de que cada situação nova que aparece para eu resolver, eu preciso novamente 
estudar, estudar e estudar mais, cada dia mais. 
Advogado em início de profissão é meio que um “clinico geral”. Tem que saber um 
pouco de tudo, atua um pouco em cada área e se depara com inúmeras situações diferentes 
em um dia só. 
Claro, como eu mencionei no início, não somos obrigados a saber tudo, mas eu 
confesso: Eu gosto de ter a impressão, ao menos, de que eu sei “tudo”, ou quase tudo. 
Sinto prazer em saber. E não sossego enquanto não me sinto ao menos capaz de buscar 
saber. 
E para isso, para ter essa impressão, eu preciso estudar, buscar conhecimento, o 
qual, como dito alhures, ninguém irá tirar. 
 
Sei que já alonguei demais esse “papo” jovem advogada, mas estou disposta a tirar 
toda e qualquer dúvida de vocês. 
Contar meus desafios frente a prova da OAB. Contar minha ansiedade nos seis 
esses que demoraram para chegar minha tão esperada vermelhinha (Carteira Profissional 
do Advogado) 
Contar minhas aventuras diárias com a advocacia, como por exemplo: minha 
primeira peça em que assinei como advogada, tive o pedido de uma liminar negado, sendo 
que isso, por um momento, me entristeceu, mas depois, por não ser algo tão importante, 
fiquei tranquila e sequer vi a necessidade de interpor Agravo de Instrumento ou Apelação, 
e irei aguardar a Audiência de Conciliação. Ou seja, a negativa, não me faz uma 
profissional pior, afinal, é o entendimento da Juíza, não da Corte Máxima. E de qualquer 
forma, aprendi mais um pouco. 
E assim é a vida, com erros, acertos, crescemos e evoluímos. 
 
Levo comigo a seguinte frase: “Tudo pode aquele que crê – e que estuda!”. 
 
Sejam felizes! 
 
Obs.: Desculpem-me qualquer erro gramatical, de concordância, os pleonasmos, 
enfim. Aqui, quis tão somente abrir o coração. Falar abertamente, sem formalidades, das 
quais já sou obrigada a usar no dia a dia de um escritório de advocacia! 
 
Beijo!

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