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DIREITO PENAL - CRIMES DE PERIGO COMUM 1 Texto do art. 250 “Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:” Pena: Reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. Elementos do núcleo do tipo a) A conduta de causar incêndio¹. b) Expor a perigo de vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. Classificação doutrinária Crime comum²; comissivo³; omissivo impróprio4, se for garantidor; perigo comum5 e concreto6; de forma livre7; instantâneo8; monossubjetivo9; plurissubsistente10;não transeunte11. Sujeito Ativo Qualquer pessoa. Sujeito Passivo A Sociedade, bem como as pessoas12 que tiveram sua vida, sua integridade física ou, mesmo, seu patrimônio exposto a perigo. Bem juridicamente protegido Incolumidade pública (risco coletivo). Objeto Material Substância ou objeto incendiado. Consumação e tentativa Se consumará quando o incêndio do agente vier, efetivamente, a expor perigo a vida, a integridade física ou ao patrimônio de outrem, o que deverá ser exposto no caso concreto. Por ser crime plurissubsistente, será possível o reconhecimento de tentativa. Elemento subjetivo O dolo é o elemento subjetivo exigido pelo caput do artigo 250 do CP, sendo o agente conhecedor de que exporá a perigo de vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, se não souber, o fato será atípico. Modalidade culposa Incêndio culposo: §2º Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos. Modalidade comissiva e omissiva Praticar o verbo do núcleo do crime, causar, pressupõem um comportamento comissivo por parte do agente. A omissão imprópria é quando o agente na posição de garantidor, podendo e devendo agir, nada fizer para evitar a eclosão do incêndio. Causas de aumento de pena É previsto no §1º do art. 250 do CP, duas situações de aumento da pena em 1/3: I- Se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuária em proveito próprio ou alheio. II- Se o incêndio é: a) em casa habitada ou destinada a habitação; b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra DIREITO PENAL - CRIMES DE PERIGO COMUM 2 de assistência social ou de cultura; c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; d) em estação ferroviária ou aeródromo; e) em estaleiro, fábrica ou oficina; f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; g) em poço petrolífero ou galeria de mineração; h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Tipo de ação penal Ação penal é de inciativa pública incondicionada13. Competência para julgar Juizado especial criminal14-> incêndio culposo. Justiça comum15 -> incêndio doloso. Destaques Provocar incêndio em imóvel afastado da cidade Não tipifica o artigo 250 do CP, haja vista que não expõem perigo a vida ou a integridade física ou o patrimônio de um número indeterminado de pessoas, mas poderá configurar o delito de dano, inclusive em sua modalidade qualificada (art. 163, Parágrafo único, II, do CP). Incêndio com finalidade de causar morte da vítima Nesse caso o agente deverá responder pelo delito de homicídio qualificado (art. 121, §2º, III, do CP), tentando ou consumado, bem como o delito tipificado pelo art. 250 do CP, se o incêndio por ele produzir perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de um número indeterminado de pessoas. Nesse caso, será aplicado a regra do concurso formal impróprio16, levando o cúmulo material de penas. Incêndio e dano qualificado pelo emprego de substancia inflável (art. 163, parágrafo único, II, do CP) Se um agente quer causar um dano a uma determinada pessoa e se utiliza de meios inflamáveis para isso, e, de maneira inesperada, o incêndio toma proporções maiores e expõem a perigo um número indeterminado de pessoas, responderá pelo delito tipificado no art. 250, do CP, haja vista que é previsto no art. 163, II do parágrafo único, do CP, que só qualifica o crime de dano se este não tomar proporções mais graves. Incêndio e estelionato praticado para recebimento de indenização ou valor de seguro O agente destrói seu patrimônio para receber seguro (fraude). Existem divergências entre as doutrinas, mas a majoritária apoia o concurso de crimes entre o delito de estelionato e de incêndio, porém não deve ser levado em consideração o aumento de pena previsto no Inciso I do art. 250 do CP (Vantagem pecuniária). DIREITO PENAL - CRIMES DE PERIGO COMUM 3 Incêndio e Lei de Segurança Nacional Se o incêndio for provocado por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas, terá aplicação, levando-se em consideração o princípio da especialidade, o art. 20 da Lei da Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), no que diz: “Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas” Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. Incêndio e crime ambiental O art. 41 da Lei nº 9.605/98, constitui crime ambiental provocar incêndio em mata ou floresta. Pena de reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. A diferença entre o art. 41 da Lei nº 9.605/98 e o art. 250 do CP, é o bem protegido. No artigo 250, é a incolumidade pública, e no artigo 41 da lei citada é a mata ou a floresta. Exame pericial Será necessária a realização do exame pericial para caracterizar o delito de incêndio, haja vista o Código de Processo Penal em seu art. 173: “No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.” De acordo com nossa jurisprudência, se não existir provas periciais sobre o incêndio, mesmo que os indícios levem à certeza quanto a autoria, existirá a reprovação penal, ou seja, o agente não poderá ser condenado. Notas ¹ O próprio dono do imóvel pode causar incêndio, mas responderá pelo delito previsto no art. 250, do CP se praticar os verbos núcleos. ² Crime comum é aquele que não exige qualquer qualidade especial seja do sujeito ativo ou passivo do crime. O crime de homicídio é comum: pode ser praticado por qualquer pessoa contra qualquer pessoa. ³ Crime comissivo é aquele cuja conduta típica requer um atuar positivo da parte do sujeito ativo. Assim, o tipo requer seja o crime praticado por um comportamento ativo. São crimes praticados mediante uma ação, por uma atividade, um comportamento atuante. 4 Crime omissivo impróprio: o dever de agir é para evitar um resultado concreto, status de garantidor. 5 Qualificação do Código Penal. 6 A consumação se dá com o resultado, exige uma comprovação DIREITO PENAL - CRIMES DE PERIGO COMUM 4 de que realmente houve perigo de risco e de que houve uma lesão ao bem jurídico. O delito dependerá do resultado. 7 Crimes que possuem diversas maneiras de consumação, por exemplo: homicídio– pode ser com arma, faca etc. 8 Crime instantâneo é aquele que se consuma em momento determinado (consumação imediata), sem qualquer prolongação. 9 Os crimes monossubjetivos, ou de concurso eventual, são aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a co-autoria e a participação. 10 Crimes que exigem uma ação consistente em vários atos. 11 São os crimes que deixam vestígios. 12 O incêndio é um crime vago, ou seja, em sua ação penal não existe necessidade de especificar as vítimas do delito, haja vista que é um crime contra a coletividade. 13 Quando não existe a necessidade de requisição nem representação do ministério público. 14 Juizado especial – competência para julgar contravenções penais e crimes pequenos com penas de até 2 anos. 15 Justiça comum – Crimes com penas maiores que 2 anos. 16 Dois ou mais crimes praticados mediante uma só ação ou omissão. Texto do art.251 “Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. Elementos do núcleo do tipo a) Expor perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. b) Por meio de explosão. c) Arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite. d) Substância de efeitos análogos. Classificação doutrinária Crime comum; comissivo; omissivo impróprio, se for garantidor; perigo comum e concreto; de forma vinculada¹;instantâneo;monossubjeti vo; plurissubsistente; não transeunte Sujeito Ativo Qualquer pessoa. Sujeito Passivo A Sociedade. Bem juridicamente protegido Incolumidade pública (risco coletivo). Objeto Material É o engenho de dinamite ou a substância de efeitos análogos. DIREITO PENAL - CRIMES DE PERIGO COMUM 5 Consumação e tentativa Se consuma quando, efetivamente, ou a explosão, ou o arremesso ou a simples colocação de engenho ou de substância de efeitos análogos trouxer perigo para a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. Por ser crime plurissubsistente, será possível o reconhecimento de tentativa. Elemento subjetivo O dolo é o elemento subjetivo do tipo penal previsto no art. 251 do CP, neste caso, a conduta do agente deve fazer explodir, arremessar ou colocar em determinado lugar engenho de dinamite ou substancia de efeitos análogos, além de que, deverá ter conhecimento que exporá perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, caso contrário, poderá responder pela modalidade de culpa. Modalidade privilegiada O §1º do art. 251 do CP, prevê a modalidade privilegiada do delito de explosão dizendo: “se a substancia utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos: Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.” Modalidade culposa O §3º do artigo. 251 do CP, descreve a modalidade culposa: “No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais casos, é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.” Percebe-se que a narrativa do artigo se trata apenas de explosão de natureza culposa, e não de colocação de engenho de dinamite ou de substancia de efeitos análogos. A pena variará de acordo com a substância culposamente detonada pelo agente. Caso fortuito Se uma pessoa devidamente licenciada para construir artefatos explosivos, por acidente, deixa a caixa com todos eles ao ar livre, e durante uma tempestade um raio cai e acende todos os explosivos, levando a uma grande explosão, este não poderá ser responsabilizado por culpa, haja vista se tratar de força natureza (caso fortuito). Modalidade comissiva e omissiva Praticar o verbo do núcleo do crime, causar, pressupõem um comportamento comissivo por parte do agente. A omissão imprópria é quando o agente na posição de garantidor, podendo e devendo agir, nada fizer para evitar a explosão. Neste caso aplica-se também, na modalidade culposa. Causas de aumento de pena Diz o §2º do art. 251: “As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas DIREITO PENAL - CRIMES DE PERIGO COMUM 6 enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.” *Ler tópico o art. 250, do CP* Tipo de ação penal Ação penal é de inciativa pública incondicionada. Competência para julgar Juizado especial criminal -> Explosão culposa. Justiça comum -> Explosão dolosa. Destaques Incêndio e Lei de Segurança Nacional Se a explosão for provocada por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas, terá aplicação, levando-se em consideração o princípio da especialidade, o art. 20 da Lei da Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), no que diz: “Devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas” Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. Pesca mediante a utilização de explosivos Caso o explosivo tenha sido utilizado pelo agente para fins de pesca, deverá, levando em consideração o princípio da especialidade, ser aplicada o Inciso I do art. 35 da Lei nº 9.605/98, que diz: “Pescar mediante a utilização de: I- Explosivos ou substancias que, em contato com a agua, produzam efeito semelhante; II- [...]” Pena – reclusão, de 1 a 5 anos. Prova pericial Tratando-se de um crime de perigo concreto, é necessário a constatação por meio de prova pericial se a explosão realmente causa perigo a vida, a integridade física ou ao patrimônio de outrem, ou no caso de não explosão, a possível potencialidade do dano que poderia vim a ocorrer, com a detonação. Assevera o art. 175 do CPP: “Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a pratica da infração, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência.” Homicídio praticado com emprego de explosivos Deverá responder pelo delito do art. 121, §2º, III, do CP, homicídio qualificado. Porém se, a explosão causou perigo a vida, a integridade física ou ao patrimônio de outrem, ocorrerá concurso de crimes. Queima de fogos de artifício A conduta de queimar fosso de artificio em lugar habitado ou sem suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, é prevista pelo art. 28 da lei das Contravenções Penais, que diz: DIREITO PENAL - CRIMES DE PERIGO COMUM 7 “Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: Pena - prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo de artifício ou soltabalão aceso.” Notas ¹ São delitos de forma vinculada aqueles que somente podem ser cometidos através de fórmulas expressamente previstas no tipo penal, como demonstra o caso do curandeirismo (art. 284). Texto do art. 252 “Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.” Elementos do núcleo do tipo a) Expor perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. b) Mediante a utilização de gás tóxico ou asfixiante. Classificação doutrinária Crime comum; comissivo; omissivo impróprio, se for garantidor; perigo comum e concreto; de forma vinculada¹;instantâneo;monossubjeti vo; plurissubsistente; não transeunte Sujeito Ativo Qualquer pessoa. Sujeito Passivo A Sociedade Bem juridicamente protegido Incolumidade pública (risco coletivo). Objeto Material Gás tóxico ou asfixiante, mortal ou não. Consumação e tentativa Se consuma quando, efetivamente, expõem perigo a vida, integridade física ou o patrimônio de outrem. Cabe a modalidade tentativa por ser crime plurissubsistente. Elemento subjetivo O dolo é o elemento subjetivo tipificado. É à vontade no sentindo do uso do gás toxico ou asfixiante para expor perigo a vida, integridade física ou o patrimônio de outrem. Modalidade culposa O art. 252, do CP em seu parágrafo único, cogita a modalidade culposa: “Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de três meses a um ano.” Para que ocorra o delito culposo em exame, o agente deverá praticar em sua modalidade omissiva imprópria, ou seja, em sua função DIREITO PENAL - CRIMES DE PERIGO COMUM 8 de garantidor, deixando de observar o seu necessário dever. Modalidade comissiva e omissiva Comissiva – A conduta prevista no art. 252 do CP, prevê uma ação do agente para que ocorra o crime. Omissiva imprópria – Como já dito, se uma pessoa possuir responsabilidades de garantidor e, dolosamente ou culposamente, nada fizer para evitar a exposição a perigo em virtude da utilização, por terceira pessoa, de gás tóxico ou asfixiante, esta responderá pelo delito. Tipo de ação penal Ação penal é de inciativa pública incondicionada. Competência para julgar Juizado especial criminal -> modalidade culposa. Justiça comum -> modalidade dolosa. Destaques Homicídio praticado com emprego de gás asfixiante Deverá responder pelo delito do art. 121, §2º, III, do CP, homicídio qualificado. Porém se, o gás causou perigo a vida, a integridade física ou ao patrimônio de outrem, ocorrerá concurso de crimes. Utilização de gás lacrimogênio pela polícia O gás lacrimogênio tem natureza asfixiante. Mas a polícia se utiliza desse utensilio em estado de legítima defesa ou de estrito cumprimento do dever legal. Contravenção penal de emissão de fumaça, vapor e gás O art. 38 da Lei das contravenções penais prevê a infração penal de emissão de fumaça, vapor ou gás: “Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém: Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. “ A diferença entre esse instituto e o previsto no art. 252 é somente a gravidade do gás para o organismo humano, somente perícia poderá avaliar a periculosidade. Prova pericial É obrigatória nos termos do art. 175, do CP, para que ocorra a comprovação não somente da potencialidade ofensiva do gás, mas também se sua utilização trouxe uma situação concreta de perigo a um número indeterminado de pessoas, diante de sua natureza de infração penal de perigo comum.
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