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WILHELM WUNDT Psi.Social

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WILHELM WUNDT (FARR Cap 1 e 2)
(05/02)
- POSITIVISMO:
Definição: O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no começo do século XIX. Os principais idealizadores do positivismo foram os pensadores Augusto Comte e John Stuart Mill. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e começo do XX.
Princípios: O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro e afirma que este só pode ser obtido através de juízos empíricos, públicos e controláveis.
Como a psicologia de sua época não preenchia estes critérios Comte concluiu que a psicologia não podia ser uma ciência. Posteriormente, algumas correntes psicológicas propuseram-se a contornar o veto comteano e fazer uma psicologia científica.
-CIÊNCIA MODERNA
Pode-se conceituar como conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa: linguagem científica.
Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade (pesquisa científica).
A explicação científica exige que o pesquisador estabeleça e mantenha certa distância e neutralidade em relação ao objeto de estudo, procurando preservar a objetividade de sua análise.
Para que o cientista consiga apreender a realidade do objeto, deve deixar de lado seus valores e sentimentos pessoais em relação ao objeto que está sendo analisado, pois pode confundir o que vê com aquilo que gostaria de ver. Assim, isento de paixão, sentimentos, preconceitos e desejos, o cientista dispõe de métodos objetivos como a observação, a descrição, a comparação, o cálculo estatístico, para aprender suas regularidades.
Assim podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência.
Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido.
-HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL
A psicologia se tornou uma ciência independente da filosofia graças a Wundt, nos finais do século XIX. Foi a partir deste acontecimento que se desenvolveram de forma sistemática as investigações em psicologia, através de vários autores que a esta ciência se dedicaram, construindo múltiplas escolas e teorias.
Wilhelm Wundt (1832-1920) é normalmente considerado, na historiografia da psicologia, como fundador da psicologia científica, título este que está diretamente relacionado ao fato de ter criado, em 1879, o Laboratório de Psicologia na Universidade de Leipzing, na Alemanha.
Wundt é um dos autores mais citados e mencionados nos manuais de história da psicologia. Entretanto, apesar de toda essa fama, Wundt ainda é um autor não só bastante desconhecido, como também aquele, cujas ideias mais sofreram distorções na literatura psicológica. Isso devido não só a extensão e as dificuldades de acesso à sua obra original, mas principalmente à atitude de vários historiadores de psicologia, que têm se detido apenas em partes dela, sem se preocupar com o sentido geral do seu sistema de pensamento. (...) É bem menos sabido, especialmente entre psicólogos, que Wundt também escreveu dez volumes de psicologia social (sua Volkerpsychologia) entre 1900 e 1920. É extremamente pertinente compreender porque Wundt preferiu separar sua psicologia social de sua psicologia experimental. Porém, é conveniente compreender o contexto mais amplo onde esses desenvolvimentos aconteceram.
Wundt viveu em plena época positivista e teve como primeira ambição estabelecer uma identidade independente para a Psicologia.
Descartes: CORPO/MATÉRIA –> Física – estudo através dos órgãos dos sentidos, aparências, Positivismo.
	 MENTE/ESPÍRITO –> Metafísica – essência que só dá para ser estudado através da Filosofia (não tem como fazer isso no laboratório).
O primeiro problema listado, a falta de um elemento objetivo para a ciência psicológica, será resolvido pela teoria das energias nervosas específicas de Johannes Muller.
Para ele, a sensação, enquanto variação de energias nervosas específicas, representaria um elemento preciso, corporalmente situado como fenômeno, ao contrário das ideias e impressões.
Foi por tal razão que a sensação veio a ser utilizada como elemento para a construção de uma possível psicologia, pois ela ligaria:
a) O mundo físico que constantemente estimula os sentidos;
b) O fisiológico, uma vez que as energias nervosas específicas estão ligadas aos nervos, e
c) O psicológico, uma vez que a sensação seria a base de nossas representações.
A substituição da mente (metafísica) pelo organismo foi um passo preliminar importante no processo de se considerar a psicologia como um ramo das ciências naturais.
Esse fato também marca também a transição da filosofia para a biologia como disciplina-mãe para a psicologia. (FARR, 2000, p.41).
Wilhelm Wundt passou os anos iniciais da sua vida nas pequenas vilas das proximidades de Mannheim, na Alemanha. Teve uma infância solitária (seu irmão mais velho ficava em um internato) e sua única diversão era ficar sonhando em um dia se tornar escritor famoso.
Decidiu tornar-se médico e frequentou a escola de medicina das universidades de Tubingen e de Heidelberg, nesta tendo cursado anatomia, fisiologia, física, medicina e química. No decorrer do curso, percebeu não ter tanta inclinação para a medicina e decidiu especializar-se em fisiologia.
Depois de estudar um semestre na Universidade de Berlim com o importante fisiologista Johannes Muller, retornou à Universidade de Heidelberg e completou o doutorado em 1855. Lecionou fisiologia em Heidelberg, de 1857 a 1864, e foi indicado para ser assistente de laboratório de Helmholtz. Wundt detestou a tarefa de dar orientações básicas aos estudantes no laboratório e deixou a função. Em 1864, foi promovido a professor adjunto e permaneceu em Heidelberg por mais dez anos.
Estando envolvido na pesquisa em fisiologia, Wundt começou a conceber o estudo da psicologia como uma disciplina científica experimental independente.
Primeiramente sintetizou as ideias no livro intitulado Contributions to the theory of sensory perception, publicado em partes, entre 1858 e 1862. Descreveu suas experiências originais, realizadas em um laboratório improvisado em sua casa, e os métodos que considerava adequados para a nova psicologia, usando pela primeira vez o termo “psicologia experimental”. Este livro, juntamente com o Elements of Psychophysics (1860), de Fechner, é considerado marco literário do surgimento da nova ciência.
Em 1867, Wundt começou a ministrar um curso de psicologia fisiológica na Heldelberg, o primeiro curso formal dessa área no mundo. Suas aulas também produziram material para outro importante livro, Principles pf physiological psychology (princípios da psicologia fisiológicas), publicado em duas partes em 1873 e 1874. Em 37 anos Wundt revisou o livro em seis edições, sendo a última publicada em 1911. Principles é, indubitavelmente, sua obra prima, na qual Wundt estabeleceu a psicologia como uma viência laboratorial independente, com problemas e métodos de experimentação próprios.
Po vários anos, as sucessivas edições de Principles os phisiological psychology serviram como base de experimentações para os psicólogos experimentais e de registro do processo da psicologia.
-PRIMEIRO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA
Wundt dedicou seus estudos aos fenômenos psicológicos básicos. Teve como objeto de estudo definido: a experiência imediata à consciência.
Estudou principalmente sensações e percepções; estudou o que era visual, o que era tátil, olfativo e cinestésico (equilíbrio, percepção do próprio corpo, conjunto de sensações como bem-estar ou mal-estar, sentimentos...), mediu sua intensidade e suas consequências ou dimensões físicas.
Estudou também a atenção onde dizia que a consequência tinha o foco e o campo. No foco percebemos as coisas com clareza. No campo, há menos luz, é a periferia e entãopercebemos as coisas com menos intensidade. A atenção é que direciona que o que está na periferia passe para o foco.
Cabe a nós ainda, no que diz respeito ao escopo dessa psicologia científica, esclarecer de que maneira ela comtemplará todas essas incumbências.
Ora, como ciência empírica ela não poderá recorrer a outros métodos que não aqueles comuns a todas as ciências: o método experimental e a observação (Araujo, 2005).
O experimento consiste na interferência proposital (manipulação) do pesquisador sobre o início, a duração e o modo de apresentação dos fenômenos investigados (como na física, química e na fisiologia).
A observação, propriamente dita refere-se à mera apreensão de fenômenos ou objetos, sem que haja qualquer interferência por parte do observador (como na botânica, na anatomia e na astronomia).
Para Wundt o método experimental é o adequado à investigação dos processos básicos como a sensação e associação constituindo assim a área da Psicologia Fisiológica, ou Experimental, mas a observação deve ser usada para compreender os processos mentais superiores. Esta por sua vez, deve ser realizada através do estudo dos produtos ou artefato culturais da vida social: arte, linguagem, hábitos culturais, ética, etc.
Assim, quando ocupar-se dos produtos mais gerais da vida mental coletiva(linguagem, mitos e costumes), para os quais não há nenhum paralelo fisiológico, adotará a observação, constituindo a área da Psicologia dos Povos (Volkerpsychologie).
Para Wundt toda a experiência concreta imediata divide-se em dois fatores: um conteúdo apresentado a nós, e nossa apreensão deste.
Denominamos o primeiro destes fatores objetos da experiência, e o segundo, sujeito da experiência (Wundt, 1902, p.3 – ênfase no original apud PEREIRA, 2008).
É importante enfatizar que, de acordo com essa definição, não há uma diferença essencial de natureza entre o mundo interno e o externo – uma vez que a experiência é um todo organizado que abrange ambos-, mas apenas uma diferença na maneira de abordá-los. Por isso, a relação entre a psicologia e as ciências da natureza (naturwissenschaften) é de complementaridade.
Para Wundt, “A psicologia é uma ciência empírica cujo objeto de estudo é a experiência imediata da consciência”.
Contudo... Para Wundt existem fatos psíquicos que, embora não sejam objetos reais do mundo externo, possuem o caráter de objetos psíquicos, na medida em que sua natureza é relativamente estável e que independem do observador.
Além disso, eles têm uma outra característica em comum, que os tornam adequados à observação eles são inacessíveis pelo método experimental.
Mas que objetos psíquicos são esses? São aquilo que Wundt chama de produtos mentais surgidos ao longo da história, como a linguagem, a religião, a cultura, o pensamento, os mitos e os costumes, que dependem de certas condições psíquicas gerais (como por ex.: viver em comunidade).
Para Wundt, tais temas são fenômenos coletivos que não podem ser explicados nem reduzidos à consciência individual.
“Tais objetos de estudo são produções mentais coletivas que emergem da ação recíproca de muitos indivíduos”. (p.61)
Uma característica fundamental desses produtos mentais é que eles pressupõem a existência de uma comunidade de muitos indivíduos que compartilham uma certa mentalidade, embora sua fonte última sejam sempre as características psíquicas do indivíduo em particular.
É por estarem ligados a uma comunidade popular que Wundt chamou essa área de investigação psicológica de psicologia dos povos (Volkerpsychologie), que complementa a psicologia individual ou experimental na busca de uma compreensão geral dos princípios fundamentais da vida psíquica.
Por fim, não podemos deixar de observar onde reside a verdadeira justificativa para a eleição de Wundt como o fundador da psicologia científica que não se trata da fundação do laboratório em si, mas sim daquilo que ele passou a representar a partir de então. Durante todo o final do século XIX, o Laboratório de Leipzig atraiu estudantes de várias partes do mundo (EUA, Canadá, Inglaterra, entre outros) e tornou-se o primeiro e maior centro de formação de toda uma geração de psicólogos, que posteriormente regressam a seus locais de origem e fundaram novos laboratórios nos moldes wundtiamos.
(09/02)
As forças do positivismo em ação na historiografia da psicologia que identificamos sob cada uma das três tarefas de Wundt, podem produzir um efeito extremamente devastador na maneira como Wundt é retratado nas histórias da psicologia, especialmente as escritas em inglês.
-HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL-
Propomos revisitar os critérios constituídos para os relatos históricos que quase sempre se resumem ao mundo dos autores e das ideias e não às instituições e fatos que marcaram os destinos e trajetórias da Psicologia Social no Ocidente. (hist./evolução como mov. contínuo e regular)
A história da Psicologia Social reduzida a determinados autores e ideias, encontrados nos clássicos manuais de Psicologia Social (Lindzey, 1954; Lindzey & Afonson, 1968-69; Lindzey & Afonson, 1985), acaba por privilegiar uma determinada Filosofia da Ciência, a saber, o positivismo, estabelecendo um recorte grosseiro na construção e desenvolvimento do conhecimento da Psicologia Social.
O privilégio do positivismo vem em decorrência da crença de alguns pesquisadores de que a definição de pensamento científico praticamente se resume ao método ou ao caminho para se estudar algum objeto ou fenômeno no caso o método experimental.
>HISTÓRIA
Existem formas e formas de se contar histórias.
Trabalhamos aqui em uma perspectiva relativista da História. Em última instância, a perspectiva do autor (que conta a história), seu texto e seu contexto, crenças, conceitos e pré-conceitos delimitam os recortes do contar a História.
A forma como se conta a História (historiografia) também influencia o que e como esta história será contada.
Como exemplo, citamos os norte-americamos, que são mestre nisso: basta passarmos rapidamente os olhos na história dos Estados Unidos e percebermos a enorme habilidade de transformações de sujeitos simples em mártires.
Por outro lado, se nos prendemos a fatos, instituições ou acontecimentos relevantes, a história ganha novos limites, novas cores e texturas.
Assim, a perspectiva determinista-linear da história se encontra em xeque: A relação entre passado (determinando) o presente (que determina) o futuro, apresentada nesta linearidade, na maioria das vezes mais obscurece o desenvolvimento de determinada questão do que lança luzes.
Procuremos adiante, através da história da psicologia social, mostrar que fatos presentes (importância deste livro) acabam por ressignificar o passado, e consequentemente, modificar o futuro.
Os caminhos do futuro, antes já delimitados, tornam-se incertos e imprecisos. Abala-se a estrutura linear da temporalidade.
Tempo e espaço se modificam, se ampliam e entra em cena um ponto extremamente importante: o simbólico = sentidos e significados que conferimos às coisas e aos fenômenos.
O processo histórico é contínuo, mas não linear.
Não é uma linha reta, muito ao contrário, possui idas e vindas, desvios, avanços e recuos, inversões, etc.
A todo momento novos documentos (pesquisas, descobertas, etc.), vem à tona, ressignificando o passado e transformando o presente.
-UM PASSEIO PELA PSICOLOGIA SOCIAL (PSO) NO OCIDENTE-
Três pontos importantes para a história da PSO:
>Resgataremos alguns pontos fundamentais que foram, senão deliberadamente, ao menos ingenuamente “esquecidos” da história da PSO. Dentre outros, destacaremos, o que foi chamado de “repúdio positivista de Wundt”.
>Tentaremos mostrar que a história da PSO narrada até o momento, excessivamente trabalhada nos cursos de graduação em Psicologia no país e no mundo, são permeadas por uma filosofia da ciência claramente vinculada ao positivismo.
>Com a perspectiva de narrativa histórica da PSO apresentada por Farr, apontando para a importância e influência de determinadas instituições efatos históricos no desenvolvimento da PSO. Com isto, enfocamos a história da PSO através de um olhar crítico sobre o desenvolvimento da própria PSO.
- “O REPÚDIO POSITIVISTA DE WUNDT”-
Wilhelm Wundt (1832-1920), era um filósofo e estudioso extremamente metodológico.
Por volta de 1860, estabeleceu três objetivos para sua carreira, sendo que ao final de sua vida cumpriu aquilo a que se propôs.
>1°Objetivo: era a construção de uma Psicologia Experimental, ou também conhecido como o projeto wundtiano de estabelecer um projeto de Psicologia como ciência independente alcançado com a criação do laboratório de Psicologia, em 1879 em Leipzig, através da criação de uma Psicologia Experimental da mente, com seu objetivo de estudo definido: a experiência imediata à consciência.
Assim como seu método experimental-introspectivo.
Além disso, Wundt publicou a primeira edição de sua Psicologia Fisiológica em 1874 e em 1881, na revista Estudos Filosóficos.
>2° Objetivo: Criação de uma metafísica científica ou uma filosofia científica, elaborada entre 1880 até 1900. Wundt elabora 3 obras que compõem sua metafísica científica:
1.Uma de Lógica- Conjunto de estudos que visam determinar quais são os processos intelectuais ou as categorias racionais para a apreensão do conhecimento.
2.Uma de Ética- Conjunto de estudos dos juízos de apreciação da conduta humana.
3.Uma de Sistemas Filosóficos- Conjunto de estudos das principais concepções filosóficas para Wundt.
>3°Objetivo: Criação de uma psicologia social, entre 1900 e 1920.
Wundt elabora sua Volkerpsychologie (Psicologia do Povo ou Psicologia das Massas), uma obra de 10 volumes, tendo como objeto de estudo, principalmente, temas como: a linguagem, pensamento, cultura, mitos, religião, costumes e fenômenos correlatos.
Para Wundt, tais temas são fenômenos coletivos que não podem ser explicados nem reduzidos à consciência individual. “Tais objetos de estudo são produções mentais coletivas que emergem da ação recíproca de muitos indivíduos”. (p.61)
Não somente seu objeto de estudo primeiro (consciência) era incapaz de fornecer subsídios para suas explicações, como seu método (experimental-introspectivo) também era limitado a pequenos experimentos de laboratório.
Para Wundt (assim como para Durkheim e Freud), a cultura é algo que está além da consciência dos indivíduos que a mantém e transmitem. É algo que está com a consciência dos indivíduos, mas externa a ela. (p.62)
Assim, é necessário este breve retorno a Wundt, resgatando sua obra na integralidade e não estabelecendo recorte e vieses comprometidos com uma única perspectiva filosófica na Psicologia.
É exatamente este recorte grosseiro e abusivo de Wundt que Danzinger chama do “repúdio positivista de Wundt”. É contra esta ética utilitarista, de determinados historiadores, aproveitando o que lhes interessava e jogando fora o que não condizia com seus valores e ideias, que fez com que a influência positivista e os fortes atravessamentos ideológicos se estabelecessem de forma clara no surgimentos e desenvolvimento da Psicologia como um todo.
Por que a Psicologia se preocupa com esta “data de nascimentos”?
Quer dizer que a partir daí é ciência e o que temos para trás não mais interessa?
A história e pré-história das grandes áreas de produção do conhecimento se mesclam, não possuindo limites ou fornteiras claras para delimitá-las.
No caso da Psicologia, as questões lançadas de que venha a significar o ser humano ou seu psiquismo têm sido perseguidas na história da humanidade há muito tempo.
No contexto da época, Wundt representava para os positivistas o desgarramento da Filosofia e o início do projeto da Psicologia como uma ciência independente.
“Por que se preocupar com o estágio metafísico da especulação, como Comte o chamou, quando a nova era do positivismo e do progresso já nasceu?” (Allport, 1954)
O longo passado e a curta história da Psicologia é a frase cunhada por Ebbinghaus em 1980.
Sequer o Handbook de Murchison (1935( é considerado como sendo parte do curto presente da PSO como uma ciência experimental, Lindzey (1954) trata de rebater o Handbook de Murchison como fazendo parte do passado metafísico da PSO que agora deve ser jogado no ostracismo. (vide 118)
Formas e fôrmas de contar histórias da PSO
Ao invés de tratarmos da história da PSO através das teorias e autores, preferimos lidar com a perspectiva adotada por R. Farr (1996) quando revela a importância de fatos, instituições e pesquisas publicadas para o surgimento e desenvolvimento de um determinado conhecimento.
(16/02)
A herança de Wundt foi uma psicologia experimental que não era social e uma psicologia social que não era experimental. Se a psicologia se tornou por primeiro uma ciência experimental na Alemanha, foi, a psicologia social que se tornou depois uma ciência experimental nos EUA.
Procuraremos destacar a influência do Positivismo, provocando distorções na historiografia e no desenvolvimento da PSO no mundo ocidental.
Danziger, baseado em sua análise da Revista Philosophische Studien, forneceu-nos uma compreensão histórica da estrutura social de experimentação no laboratório de Leipizig. A pessoa que apresentava os dados científicos era, evidentemente, mais importante que a pessoa que apresentava os estímulos. A pesquisa era muito mais um empreendimento colaborativo, e as pessoas frequentemente se alternavam nos papéis de apresentadores e pesquisadores.
Porém, há um problema com uma ciência de laboratório que dependa em grande parte, da introspecção: é a ausência de procedimentos sobre os quais se alcance um consenso para a solução de afirmativas conflitivas que provenham de laboratórios rivais.
Um exemplo de tal conflito sem solução era se o pensamento ocorre em termos de imagem. KULPE, em Würzburg, defendia que o pensamento se dava sem imagens e mostrou ser impossível resolver o problema através da introspecção.
Foi esta característica da primeira ciência da mente que preparou o caminho, ao menos no Novo Mundo, para a emergência do Behaviorismo. Aqui observador e o observado eram duas pessoas diferentes ou, no caso de estudos com animais, um observador humano e um animal observado. Sendo que o objeto de observação era o comportamento, era possível obter medidas de confiabilidade inter-observadores.
Isso era muito importante para preservar a natureza pública da ciência. A psicologia, senão na teoria, ao menos na prática, era agora uma ciência social.
O behaviorismo surge como uma ciência social que floresceu nos EUA. As forças do positivismo em ação na historiografia da psicologia que identificamos sob cada uma das três tarefas de WUNDT mostradas acima, podem produzir um efeito extremamente devastador na maneira como Wundt é retratado nas histórias da psicologia, especialmente esses efeitos cumulativos. (vide p.57)
Wundt foi, repudiado pelos positivistas porque ele defendia que a ciência experimental que ele tinha criado era um projeto limitado. E foi repudiado também porque ele defendia que sua Volkerpsicologie (psicologia social) era uma Geisteswissenschaft e não uma Natunwissenschaft.
-A HERANÇA DE WUNDT-
A emergência da psicologia como ciência natural e social na Alemanha- NATURWISSENSCHAFT X GEISTESWISSENSCHAFT.
A universidade moderna, ao ser criada, diferenciou-se da universidade medieval pelo elemento novo: a pesquisa, ou a wissenschaft (1809). Tal empreendimento fez surgir novos campos de estudos. Embora a tradição da Wissenschaft separe a forma moderna da forma medieval de universidade, havia muita discussão entre os círculos acadêmicos na Alemanha a respeito de formas rivais de Wissenschaft, na caso, Naturwissenschaft x Geisteswissenschaft.
Ciências naturais de um lado e ciências humanas e sociais de outro. A distinção é muito importante no atual contexto, pois levou Wundt a separar sua psicologia experimental (parte das Naturwissenschaften) de sua psicologia social (parte das Geisteswissenschaften). Psicologia para Wundt era apenas em parte um ramo das ciências naturais,e que devido a tal projeto ser limitado, necessitava, em sua opinião, ser suplementado por uma forma de Geisteswissenschaften.
O repúdio positivista a Wundt
A crença de Wundt de que a ciência experimental que ele tinha fundado em Leipizig era um projeto limitado, conduziu a seu repúdio pela geração mais jovem de psicólogos experimentais, muitos dos quais ele mesmo treinara. É a isso que Danziger (1979) chama de “repúdio positivista de Wundt”.
A geração mais jovem não podia perdoar o fundador de sua disciplina por ter afirmado que a psicologia era apenas em parte um ramo das ciências naturais. Mas para Wundt, era difícil distinguir entre a mente e seu contexto social e cultural. Wundt afirmava que não era possível estudar os processos mentais mais profundos de maneira experimental.
Nos Estados Unidos, esse mesmo processo tornou uma direção um pouco diversa. Watson proclamou que a psicologia era totalmente um ramo das ciências naturais ao declará-la como a ciência do comportamento pois, possui uma vantagem sobre a mente por ser diretamente visível.
A distinção entre as Naturwissenschaften e as geitseswissenschaften contribuiu também para o esquecimento posterior nos círculos psicológicos, da psicologia social de Wundt.
O repúdio, em grande parte, se deve ao fato de que a história que realmente importava, aos olhos das gerações subsequentes, era a história da psicologia como um ramo da ciência natural.
E também, em pequena parte, devido ao fato dos psicólogos (língua inglesa) não terem uma percepção clara da psicologia como uma ciência humana e social.
Watson, postulando o comportamento como objeto de estudos da Psicologia, dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando:
>Um objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos.
Essas características foram importantes para que a Psicologia alcançasse o status de ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica.
Defendia uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio.
Watson buscava a construção de uma Psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos, e que tivesse a capacidade de prever e controlar.
Na Alemanha, Dilthey (1883) colocou os fundamentos das Geisteswissenschaften. A disciplina central deste projeto era a história, e a mente humana era concebida em termos históricos. 
A psicologia social de Wundt, a Volkerpsychologie, continuava a ser uma ciência, mas esse tipo diferente de ciência: uma ciência humana e social, analisando a mente em suas manifestações externas, isto é, em termos de cultura, com seus objetos de estudo como a linguagem, religião, costumes, etc. Fenômenos coletivos esses que emergem da “recíproca interação de muitos” e, que, segundo Wundt, eles não podem ser explicados em termos da consciência do indivíduo, que era a base do seu laboratório científico (que estudava apenas processos sensoriais básicos).
Wundt, não pensava ser possível estudar, através da introspecção, fenômenos tão profundamente mentais como o pensamento. Isso porque a mente não pode voltar-se sobre si mesma e estudar aquilo de que ela mesma é produto.
“É verdade que muitas vezes já se tentam investigar as funções complexas do pensamento a base da mera introspecção. Essas tentativas, contudo, foram em geral sem sucesso. A consciência individual é totalmente incapaz de nos fornecer a história do pensamento humano, pois ela está condicionada por uma história anterior a respeito da qual ela não pode, por si mesma, dar-nos nenhum conhecimento.” (WUNDT, 1916, p.3)
Estudar a relação entre linguagem e pensamento, era para Wundt parte de sua Volkerpsychologie sendo possível, posteriormente, perceber o desenvolvimento das ideias de Wundt na psicologia social de G. H. Mead (1934) em chicago e na psicologia do desenvolvimento de Vygotsky na Rússia.
(19/02)
A Psicologia Social na América do Norte
Duas obras, publicadas no ano de 1908, irão marcar a fundação oficial da Psicologia Social moderna na América do Norte:
>Uma introdução à psicologia social, de autoria de William McDougall (psic.);
>Psicologia social: uma resenha e um livro texto, de autoria de Edward Ross (sociol.) (Pepitone, 1981).
Contudo, Ross era sociólogo e McDougall, psicólogo, o que fez com que uma das obras se situasse no âmbito da Sociologia e outra, no escopo da Psicologia, anunciando, já naquela época, a separação ocorrida muito mais tarde entre a Psicologia Social Psicológica e a Psicologia Social Sociológica.
Assim é que, durante algum tempo, na América do Norte, a Psicologia Social desenvolveu-se paralelamente no contexto de ambas as disciplinas. Logo, porém, isto é, ainda nas primeiras décadas do século XX, a Psicologia Social Psicológica estabelece-se como a tendência predominante no cenário norte-americano, em especial nos EUA, sob forte influência do behaviorismo.
A sociologia e a psicologia
A sociologia e a psicologia são hoje, disciplinas distintas.
Porém, não foi sempre assim.
A maioria dos teóricos cujos trabalhos foram mencionados no cap.3, por exemplo, escreveram tanto sobre o indivíduo como sobre a sociedade e a cultura.
Isto inclui, entre outros, autores eminentes como Wunt, Durkheim, Freud, Mead e Mc Dougall. Comte é apresentado com ancestral comum tanto na sociologia (Rosenberg e Turner, 1981) como da psicologia social (Allport, 1954).
Houve muitos projetos de pesquisa conjunta entre sociólogos e psicólogos durante este período. Três ou quatro volumes da coleção “The American Soldier” foram editados por sociólogos. Estes livros abordavam as pesquisas sociais e as mensurações das atitudes. O volume editado por psicólogos tratava de estudos experimentais sobre a persuasão.
Havia também, no começo da era moderna, programas de doutorado em psicologia social em Harvard, Yale e Michlgan que eram de responsabilidade conjunta de sociólogos e psicólogos, pois, muitas vezes, partilhavam as mesmas noções teóricas, por exemplo, as atitudes sociais. Neste campo, Thomas um sociólogo de Chicago, definiu a psicologia social na década de 1920 como sendo o estudo científico das atitudes sociais.
Assim, enquanto os sociólogos de Chicago encaravam as atitudes como o lado subjetivo da cultura, psicólogos desta mesma cidade mostraram como esses valores coletivos podiam ser mensurados por escalas. Embora Durkheim tenha sido o mais hostil de odos os sociólogos importantes à psicologia, aquela contra a qual ele fazia forte oposição era a psicologia do indivíduo. Ele não se opunha absolutamente ao desenvolvimento da psicologia social, nem era, em princípio, um defensor intransigente dos direitos da sociologia:
“Não temos nenhuma objeção a que se caracterize a sociologia como um tipo de psicologia, desde que tenhamos o cuidado de acrescentar que a psicologia social tem suas próprias leis, que não são as mesmas da psicologia individual”.
Devemos ter o cuidado de não pretender ver no passado aquilo que hoje diferencia a psicologia da sociologia. Em alguns aspectos, a psicologia era mais explicitamente social no passado do que é hoje. Quanto menos social ela se torna, mais se amplia a distância entre ela e a sociologia.
Mesmo hoje, ela é mais explicitamente social em algumas culturas que em outras – na Rússia, digamos, em comparação com os Estados Unidos. Podemos pensar em duas razões plausíveis para esta diferença. O individualismo não é um valor cultural tão forte na Rússia como é nos Estados Unidos.

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