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Avaliação I - Psicologia Social Como Robert Farr interpreta a divisão da psicologia de Wundt em experimental e social? Como os argumentos dele nos ajudam a entender os desafios atuais da Psicologia So

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Fernanda Agatha 
Mateus Silva
PSICOLOGIA SOCIAL 
Avaliação I
Feira de Santana
2019
Questão 1 - Como Robert Farr interpreta a divisão da psicologia de Wundt em experimental e social? Como os argumentos dele nos ajudam a entender os desafios atuais da Psicologia Social crítica?
Farr inicia a sua argumentação relatando como Humboldt restabelece, em 1808, a Universidade de Berlim, fazendo nascer assim o modelo moderno de universidade, em contra ponto ao modelo medieval. O seu objetivo com isto é mostrar como foi introduzido o novo elementar de pesquisa, ou “wissenchaft” nesse contexto, onde a partir dali era possível graduar-se apenas através da pesquisa. Este processo possibilitou o surgimento de novas áreas e campos de estudo, como a linguística, a antropologia, a fisiologia, a química e, claro, a psicologia. Visto isso, tornou-se necessário criar subdivisões para enquadrar esses novos campos em grandes áreas. Os campos passíveis de validação pelo método positivista de experimentação, ou, melhor dizendo, o campo das ciências naturais foram alocados nas chamadas “naturwissenchaft”, enquanto as ciência humanas eram as “geisteswissenchaft”.
Estabelecido isso, ele parte para elucidar como Wilhelm Wundt, considerado por muitos o pai da Psicologia, dividiu a sua disciplina, separando-as em uma psicologia experimental, onde através da chamada “introspecção” ele analisava em laboratório o que ele denominou de “processos sensoriais básicos”; e uma “Volkerpsychologie”, uma psicologia social ou “dos povos”, que buscava a compreensão do “processos mentais superiores” como a magia, a linguagem, as religiões, os mitos, costumes, etc, e que não podiam ser alcançadas pelo método experimental. A psicologia para Wundt não era um campo exclusiva das “naturwissenchaft". Ela afirmou que seu trabalho no laboratório em Leipzig era estritamente limitado, e que para compreender os “processos mentais superiores” era necessário o apoio de áreas como a antropologia, a sociologia e a linguística, visto que estes processos são resultado da recíproca interação de muitos.
O posicionamento de Wundt causou uma efervescência dos ânimos de uma nova geração de psicólogos experimentalistas, muitos destes formados pelo próprio em Leipzig, que buscaram provar que a psicologia era um campo exclusivo das ciências naturais. Essa nova geração, influenciada pelo paradigma positivista, passou a substituir a “psiquê/mente” pelo “organismo” como objeto de estudo da psicologia, num esforço para distinguir o indivíduo do contexto ambiental. Esse mesmo processo ocorreu não só entre os pupilos de Wundt, mas também nos EUA, com John B. Watson consolidando a sua psicologia como exclusivamente pertencente às ciências naturais, ao elencar o “comportamento” como seu objeto de estudo. Na Europa, com o advento da Gestalt, foi adotado um viés cognitivista, focado nos processos e fenômenos cognitivos do indivíduo. A Volkerpsychologie de Wundt caiu no ostracismo. Ele é lembrado nós circuitos psicológicos apenas pelas suas contribuições em Leipzig, com a sua psicologia experimental. Farr atribui isto ao do fato de uma valorização exacerbada dada a psicologia como um ramo das ciências naturais.
Meio século depois, um fenômeno parecido acontece com a psicologia social. O que Wundt via como uma ciência humana e social foi interpretada por nomes como Floyd Allport como uma ciência natural. Este afirmava que a psicologia social tinha um débito de gratidão com outras áreas de conhecimento, mas que a partir dali ela encerrasse o seu aspecto interdisciplinar e se tornasse um campo exclusivamente psicológico. Allport ainda diferia da visão Wundtiana, bebendo do comportamentalismo americano e do cognitivismo europeu, estabelecendo a psicologia social como uma ciência do comportamento e da consciência individual. Existiu, porém, um contraponto à visão de Allport. Henri Tafjel e Colin Fraser davam à psicologia social uma ênfase a uma perspectiva voltada para o social e que esta mantivesse o diálogo interdisciplinar com as áreas das ciências humanas.
Assim a dicotomia dos tempos de Wundt nunca atenuaram e se mantém como uma desafio à forma do fazer psicologia. De um lado uma psicologia social voltada ao indivíduo e seus aspectos biológicos e cognitivos, muito mais ligados a naturwissenchaft; do outro, uma psicologia social ligada a temas mais grupais e aspectos culturais, e vinculada a um mundo coletivo e muito mais dada às geisteswissenchaft. Nesse contexto, fez-se necessário o surgimento de uma frente ampla de luta, que mostrou-se tipicamente latino-americana, de um caráter libertário, que buscava criticar as bases epistemológicas vigentes até então e romper com a dicotomia pré-estabelecida, dando à psicologia social um ar de transdisciplinaridade. Este esforço é chamado de Psicologia Social Crítica, que teve como grande influenciador do padre jesuíta e psicólogo social Ignácio Martín-Baró. Ela busca apontar o caráter político das práticas científicas; outrora ignoradas, recolocando-a como uma prática social de variação das relações humanas, radicalizando o potencial transformador científico e desmistificando a visão deste despido de valores. Além disso, é pregado um rompimento com o paradigma positivista de pesquisa, permitindo um olhar alternativo, antidualista da Psicologia Social.

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