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Disciplina Física Introdutória II Coordenador da Disciplina Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos 4ª Edição Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. Créditos desta disciplina Coordenação Coordenador UAB Prof. Mauro Pequeno Coordenador Adjunto UAB Prof. Henrique Pequeno Coordenador do Curso Prof. Marcos Ferreira de Melo. Coordenador de Tutoria Prof. Celso Antônio Silva Barbosa. Coordenador da Disciplina Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Conteúdo Autor da Disciplina Profª. Eloneid Felipe Nobre . Setor TecnologiasDigitais - STD Coordenador do Setor Prof. Henrique Sergio Lima Pequeno Centro de Produção I - (Material Didático) Gerente: Nídia Maria Barone Subgerente: Paulo André Lima / José André Loureiro Transição Didática Dayse Martins Pereira Elen Cristina S. Bezerra Enoe Cristina Amorim Fátima Silva e Souza Hellen Paula de Oliveira José Adriano de Oliveira Karla Colares Viviane Sá Formatação Camilo Cavalcante Elilia Rocha Emerson Mendes Oliveira Francisco Ribeiro Givanildo Pereira Sued de Deus Lima Publicação João Ciro Saraiva Design, Impressão e 3D André Lima Vieira Eduardo Ferreira Iranilson Pereira Luiz Fernando Soares Marllon Lima Programação Andrei Bosco Damis Iuri Garcia Gerentes Audiovisual: Andréa Pinheiro Desenvolvimento: Wellington Wagner Sarmento Suporte: Paulo de Tarso Cavalcante Sumário Aula 01: Carga Elétrica e Campo Elétrico ............................................................................................. 01 Tópico 01: Carga Elétrica ...................................................................................................................... 01 Tópico 02: Força Elétrica - A Lei de Coulomb ...................................................................................... 15 Tópico 03: O Campo Elétrico ................................................................................................................ 29 Tópico 04: Lei de Gauss – O Campo Elétrico e a Distribuição de Cargas ............................................ 42 Aula 02: O Potencial Elétrico ................................................................................................................... 56 Tópico 01: Energia Potencial Elétrica .................................................................................................... 56 Tópico 02: Diferença de Potencial Elétrico ........................................................................................... 65 Tópico 03: Potencial de uma carga puntiforme ..................................................................................... 71 Tópico 04: Diferença de Potencial e Campo Elétrico ............................................................................ 73 Tópico 05: Potencial de Várias Cargas Puntiformes .............................................................................. 78 Tópico 06: Superfícies Equipotenciais ................................................................................................... 80 Tópico 07: O poder das pontas ............................................................................................................... 84 Aula 03: Capacitores e Dielétricos...........................................................................................................92 Tópico 01: Capacitância.........................................................................................................................92 Tópico 02: Energia no Capacitor..........................................................................................................102 Tópico 03: Associação de Capacitores..................................................................................................107 Tópico 04: Capacitor com Isolamento Dielétrico.................................................................................115 Tópico 05: Estrutura Molecular de um Dielétrico................................................................................119 Tópico 06: Capacitadores - Aplicações no Cotidiano...........................................................................124 Aula 04: Corrente Elétrica......................................................................................................................130 Tópico 01: Corrente Elétrica.................................................................................................................130 Tópico 02: Resistência Elétrica e Lei de Ohm......................................................................................136 Tópico 03: Circuitos de Corrente Contínua..........................................................................................145 Tópico 04: Associação de Resistores....................................................................................................155 Tópico 05: Potência, Efeito Joule.........................................................................................................163 Tópico 06: Leis de Kirchhoff................................................................................................................172 Tópico 07: Circuitos RC.......................................................................................................................180 Aula 05: O Campo Magnético................................................................................................................184 Tópico 01: Campo magnético e Fluxo magnético................................................................................184 Tópico 02: Força magnética..................................................................................................................193 Tópico 03: Lei de Biot-Savart...............................................................................................................201 Tópico 04: Lei de ampère.....................................................................................................................207 Tópico 05: Partícula carregada em movimento circular.......................................................................210 Tópico 06: Lei de Faraday e Lei de Lenz..............................................................................................215 Aula 06: Ondas Eletromagnéticas..........................................................................................................220 Tópico 01: Ondas eletromagnéticas......................................................................................................220 Tópico 02: Espectro Eletromagnético...................................................................................................225 Tópico 03: Propagação de ondas eletromagnéticas...............................................................................234 Tópico 04: Aplicações no cotidiano......................................................................................................241 TÓPICO 01: CARGA ELÉTRICA Você já imaginou alguma vez em sua vida, como seria o mundo sem eletricidade? Não é possível imaginar uma coisa dessas não é? A eletricidade nos cerca por todos os lados. Seria muito difícil viver em um mundo sem lâmpadas elétricas, geladeiras, ferro elétrico, televisor, computador, enfim, sem todos esses confortos da vida moderna que dependem diretamente da eletricidade para poderem funcionar.Mas a eletricidade está envolvida em fenômenos muito mais importantes do que o funcionamento de equipamentos elétricos. A eletricidade está na origem e no desenvolvimento da própria vida. Você sabia que a eletricidade está envolvida profundamente no processo de fecundação do ser humano, na atividade do coração e do cérebro? A eletricidade na origem e desenvolvimento de nossa vida: NO PROCESSO DE FECUNDAÇÃO No processo de fecundação apenas um espermatozoide penetra o óvulo e neste exato momento, uma contraordem elétrica é produzida na membrana que se fecha, impedindo a entrada de qualquer outro. Assim que o espermatozoide consegue penetrar no óvulo, ocorrem reações na membrana e no citoplasma que impedem que mais espermatozoides consigam penetrar. Essas reações são chamadas de reação cortical. Após a penetração do espermatozoide o interior do óvulo, que possuía uma polaridade elétrica negativa torna-se positiva em relação à parte externa, assim essa mudança de polaridade acaba impedindo mais penetrações dos outros espermatozoides. NA ATIVIDADE CEREBRAL O cérebro humano gera atividade elétrica contínua. No cérebro, o resultado da atividade elétrica de milhões de neurônios, pode ser observada em um eletroencefalograma (EEG), que registra a atividade elétrica das células do cérebro durante os diversos estados em que se encontra uma pessoa. NA ATIVIDADE CARDÍACA Para que o coração funcione, bombeando o sangue arterial para todo o organismo, é necessário que as suas células sejam inicialmente ativadas por um estímulo elétrico que comanda o funcionamento do coração. A atividade elétrica gerada no coração é captada por meio de eletrodos colocados em determinadas posições padronizadas no nosso corpo, considerando que o corpo humano é um bom condutor de eletricidade. Esta atividade elétrica é mostrada no ELETROCARDIOGRAMA que, assim, pode ser definido como o registro gráfico da atividade elétrica do coração. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 01: CARGA ELÉTRICA E CAMPO ELÉTRICO 1 Como você pode ver, um assunto tão importante como a eletricidade, merece ser conhecido por todos, mesmo aqueles que não desejam se dedicar à Física. Mas o que é eletricidade? De onde ela vem? 1.2 CARGA ELÉTRICA A origem da eletricidade é muito antiga. Sete séculos antes do nascimento de Cristo, na Grécia, o filósofo Tales de Mileto [1] observou um fenômeno curioso. Ao esfregar um pedaço de âmbar (um tipo de resina vegetal) em um pedaço de lã, ele notou que o âmbar adquiria a capacidade de atrair objetos leves como pequenos pedaços de palha e fragmentos de madeira. A origem dessa atração está ligada a uma propriedade da matéria chamada CARGA ELÉTRICA. Hoje podemos dizer que o âmbar adquiria uma CARGA ELÉTRICA, isto é, tornava-se carregado. CURIOSIDADE A palavra ELETRICIDADE, vem da palavra grega ELEKTRON que quer dizer "âmbar". OLHANDO DE PERTO A carga elétrica, assim como a massa é uma propriedade intrínseca da matéria. OS DOIS TIPOS DE CARGAS ELÉTRICAS Você não precisa voltar no tempo à época de Tales de Mileto para observar os fenômenos da eletricidade. Em sua casa mesmo você poderá fazer esta experiência muito simples: Você só vai precisar de um pente de plástico, uma flanela e um pedaço de papel cortado em pedaços bem pequenos. Então, vamos começar? 1. Esfregue rapidamente, várias vezes o pente na flanela. 2 2. Segure o pente com dois dedos, evite tocá-lo diretamente com a mão. Encoste o pente no papel, levante-o com cuidado e observe: alguns pedaços ficam grudados no pente! 3. Você também pode levantar seu cabelo(seco), aproximando o pente da cabeça. Outra experiência fácil de ser feita, para a qual você só precisa de: • Um tubo de vidro (um tubo de ensaio, por exemplo); • Um pedaço de seda ou lã; COMO FAZER: Esfrega-se vigorosamente o pedaço de seda no tubo de vidro, tomando o cuidado de fazê-lo sempre na mesma região. Em seguida, separamos os dois (vidro e seda) e notamos que há, entre eles uma força de atração. Se você aproximar aquele pente da experiência anterior do bastão de vidro, depois de esfregado com a seda, verá que os dois, pente e 3 bastão se atraem, mas há uma repulsão entre o pente e o pedaço de seda. Essas experiências e muitas outras semelhantes a elas mostram que existem dois tipos de interação: repulsão e atração, o que nos conduz à suposição que existem dois tipos de carga: Um tipo de carga acumulado no pente e outro tipo acumulado no bastão de vidro. Como você sabe, antigamente não existia o plástico. Os pentes eram feitos de resina, por exemplo. Aos dois tipos de carga, deu-se o nome de "vítrea" para as que aparecem no vidro e de "resinosa" para as da resina. Foi Benjamin Franklin [6] (1706-1790) quem escolheu chamar a carga que surgiu no vidro de positiva e no pente de negativa. Essa denominação é usada hoje. Para compreender a existência de tipos diferentes de cargas, você precisa se lembrar do que aprendeu em Química sobre a estrutura da matéria. A ESTRUTURA DO ÁTOMO Os átomos, como você já aprendeu em Química, são formados por três tipos diferentes de partículas: Os prótons e os nêutrons que constituem o núcleo e os elétrons que circundam o núcleo. Fonte [7] Os prótons têm carga positiva (+ e ), os elétrons carga negativa (– e ) e os nêutrons, como o nome indica, não têm carga elétrica. Um átomo é eletricamente neutro, isto é as cargas positivas têm o mesmo valor que as cargas negativas dos elétrons. Quando um elétron abandona o átomo, vencendo a força de atração do núcleo, o átomo fica, carregado positivamente. Se esse elétron livre ligar-se a outro átomo, esse átomo agora adquire uma carga total negativa. Os átomos que apresentam esse desequilíbrio de carga se chamam ÍONS. A maior parte dos efeitos de condução elétrica, porém, se deve à circulação de elétrons livres no interior dos corpos uma vez que os prótons dificilmente conseguem vencer as forças de coesão nucleares para escaparem do interior do núcleo. 4 Dos estudos de Millikan [8] e Thomson [9] ficou estabelecido que o módulo da carga negativa do elétron é exatamente igual ao módulo da carga positiva do próton. De acordo com o modelo atômico atual, os prótons e nêutrons não são mais considerados partículas elementares. Eles seriam formados de três partículas ainda menores. Para saber um pouco sobre assunto, clique aqui: quarks [10]. PARADA OBRIGATÓRIA Quando um corpo é eletrizado há um desequilíbrio entre suas cargas elétricas: ou ganhou ou perdeu elétrons. Nos exemplos das experiências mencionados, todos os corpos, pente, vidro, seda e lã, ficaram eletrizados ou carregados. Se considerarmos que todos estavam inicialmente em estado neutro, todas as cargas positivas(+) e negativas (–) estavam equilibradas. Para que ficassem eletrizados com carga total positiva ou negativa foi preciso que recebessem ou perdessem carga. O friccionar do pente na flanela e da seda no bastão de vidro, fez com que ele ganhe cargas negativas(–) fossem levadas da flanela para o pente e do bastão de vidro para a seda, de modo que todos ficaram carregados. OLHANDO DE PERTO Os elétrons têm maior mobilidade do que os prótons que estão presos no núcleo, por isso é mais fácil transferir elétrons de um corpo para outro. 1.3 ATRAÇÃO E REPULSÃO ENTRE CORPOS CARREGADOS Você está se iniciando no estudo da Eletrostática A Eletrostática (do grego elektron + statikos que significa estacionário) é o ramo da Física que estuda as propriedades e o comportamento das cargas elétricas em REPOUSO em relação a um sistema inercial de referência. Generalizando, a Eletrostáticaestuda os casos de EQUILÍBRIO dos corpos carregados. Você já ouviu falar que os opostos se atraem? É exatamente isso que acontece na natureza, a carga positiva (+) atrai a carga negativa (–) e vice- versa. PARADA OBRIGATÓRIA Lei de du Fay [11] Cargas de mesmos sinais se repelem e cargas de sinais opostos se atraem. Cargas de sinais diferentes: Atração 5 Cargas de sinais iguais: Repulsão OLHANDO DE PERTO A unidade de carga no sistema SI é o Coulomb, em homenagem a Charles Augustin de Coulomb [14] 1.4 CONSERVAÇÃO DA CARGA Quando um corpo é eletrizado não há criação de cargas no processo. Se um dos corpos cede uma certa carga negativa ao outro, ele ficará carregado positivamente, com a mesma quantidade de carga cedida ao outro. Esta observação é coerente com a observação de que a matéria neutra, isto é, sem excesso de cargas, contém o mesmo número de cargas positivas (prótons no núcleo atômico) e negativas (elétrons). PARADA OBRIGATÓRIA Lei da conservação da carga elétrica: A carga não pode ser criada nem destruída. Podemos transferir carga de um corpo para outro, mas a carga total de um sistema isolado permanece inalterada. DICA Lembrar sempre! A Lei da conservação da carga é tão poderosa que se aplica a todos os fenômenos aonde cargas são envolvidas. Desde o simples esfregar de um pente com uma flanela a uma reação nuclear no interior de uma bomba atômica. 1.5 LEI DA QUANTIZAÇÃO DA CARGA No século XVIII, acreditava-se que a carga elétrica era um fluido continuo. No início do século XX, Robert Millikan (1868-1953) com sua experiência da gota de óleo mostrou que a carga de um corpo é sempre um múltiplo inteiro de uma carga fundamental. 6 VERSÃO TEXTUAL LEI DA QUANTIZAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA: A carga de um corpo eletrizado é sempre um múltiplo inteiro de uma carga fundamental. O valor da carga do elétron e = 1,6021917 x 10-19 C é uma das constantes fundamentais da natureza. Como a carga elétrica só existe em pacotes discretos, dizemos que ela é "quantizada", não podendo assumir qualquer valor. QUANTIZAÇÃO O termo quantização teve origem com o desenvolvimento da Física Moderna. Uma grandeza é quantizada, ou discreta, quando não apresenta valores contínuos. Um exemplo pode explicar melhor. Você se lembra da aula 10 de Física Introdutória I? Entre outras coisas você estudou o fenômeno da mudança de fase. Veja lá na aula 10 de Física Introdutória I o exemplo que foi dado para o aquecimento da água a partir da situação em que se tinha uma pedra de gelo em temperatura abaixo de zero. Quando a substância água foi sendo aquecida, ela passou por todos os valores de temperatura até valores maiores do que 100 oC, quando passou a existir somente vapor. Não houve nenhum valor de temperatura que fosse proibido. Dizemos que a água foi aquecida continuamente. Se a água do nosso exemplo é aquecida continuamente isso quer dizer que todos os valores intermediários de temperatura foram igualmente atingidos em algum momento da transição. As grandezas físicas são ditas quantizadas quando entre um valor que ela pode assumir e outro, existem valores proibidos. Quando você estudar o átomo de hidrogênio nas disciplinas mais avançadas de Química, você aprenderá que a menor energia que um elétron pode possuir ao orbitar em torno de um núcleo de hidrogênio é -13,6eV. Quando o átomo é excitado o elétron poderá saltar para o nível seguinte (-3,4eV), mas jamais possuirá uma energia intermediária. Todos os valores de energia entre -13,6eV e -3,4eV estão proibidos! Por isso dizemos que a energia é QUANTIZADA. Talvez uma comparação com o cotidiano o faça entender melhor essa questão da quantização. Que tal falarmos de dinheiro? Disso todo mundo entende não é? Imagine que você tem R$ 100,00 no bolso. Você já parou pra pensar que tenha você R$ 1,00, R$ 100,00 ou R$ 1.000.000,00, qualquer quantidade de dinheiro é sempre múltipla da unidade mínima da nossa moeda que é R$ 0,01? Isso mesmo, um centavo! Não 7 existe moeda menor do que essa. Nesse sentido R$ 0,01 é um QUANTUM do nosso dinheiro. Qualquer quantidade de dinheiro (QD), pode ser escrita como: QD = n 0,01 n inteiro Se o valor de n é grande ou pequeno, isso já é outra questão! CURIOSIDADE A palavra QUANTUM é originária do latim e significa quantidade de algo. Quantum é um termo genérico que significa uma quantidade, usualmente elementar, unitária, de algo de natureza qualquer, abstrata ou concreta. O plural de QUANTUM é QUANTA. 1.6 PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO Podemos eletrizar um corpo por três maneiras: ELETRIZAÇÃO POR ATRITO ELETRIZAÇÃO POR CONTATO ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO 1. ELETRIZAÇÃO POR ATRITO Esse processo é conhecido desde a Antiguidade, pelos gregos, e consiste em se atrair corpos inicialmente neutros.Com o atrito ocorre a transferência de elétrons de um corpo para outro. O corpo que perde elétrons fica eletrizado positivamente e aquele que ganha elétrons, eletriza-se negativamente. Lembre-se a carga sempre se conserva! Lembra da experiência com o pente? Na fricção do pente com a flanela, o atrito faz com que ele ganhe mais carga negativa( - ). Por conservação da carga a flanela fica carregada positivamente. No caso do bastão de vidro atrito com a seda ocorre uma transferência de elétrons do bastão para a seda. ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO 8 O corpo é eletrizado pelo contato com outro corpo previamente carregado. Colocando-se em contato dois condutores, um neutro B e o outro eletrizado A, o corpo neutro B se eletriza com carga de mesmo sinal que A. Considere que A está eletrizado positivamente. Ao entrar em contato com B, ele atrai parte dos elétrons livres de B. Assim, A continua eletrizado positivamente, mas com carga menor e B, que estava neutro, fica eletrizado positivamente. Na eletrização por contato os corpos sempre se eletrizam com cargas de mesmo sinal. OBSERVAÇÃO: É importante não esquecer o princípio da conservação das cargas elétricas: A quantidade de cargas elétricas antes do contato é igual à quantidade de cargas elétricas depois do contato. Se os dois corpos forem absolutamente idênticos, no final da experiência eles ficarão com a mesma quantidade de carga elétrica, que será determinada pela média aritmética da quantidade de cargas antes do contato. ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO Na eletrização por atrito e por contato, é necessário que haja contato físico entre os corpos. Na eletrização por indução o contato não é necessário. Deve haver um condutor carregado que será o indutor e os condutores neutros serão os induzidos. Considere três condutores, um carregado eletricamente e ou outros dois neutros e encostados um no outro. Aproxime o condutor carregado dos condutores neutros. Durante a aproximação, ocorre uma separação de cargas nos condutores neutros. Como o indutor é positivo, o corpo (induzido) que está mais próximo do indutor ficará negativo e o outro corpo (induzido) que está mais afastado ficará positivo. Agora com o indutor ainda próximo, separe os dois condutores que estão juntos. Finalmente retira-se o indutor das proximidades dos outros dois corpos. Você terá como resultado os dois condutores que inicialmente estavam neutros, agora carregados com cargas de sinais opostos. 9 Note que não houve, em nenhum momento, o contato entre o condutor carregado (indutor) e os condutores inicialmente neutros (induzidos). Por isso esse processo é chamado de indução. CONDUTORES E ISOLANTES Alguns materiais possibilitam a movimentação das cargas elétricas de uma região para outra, enquanto outros impedem o movimento das cargas.Os materiais que permitem o movimento de cargas elétricas através dele, são chamados de CONDUTORES. UM EXEMPLO DE CONDUTORES SÃO OS METAIS. Nos átomos dos metais, a última órbita eletrônica perde um elétron com muita facilidade. Estes elétrons que se soltam das últimas órbitas eletrônicas e podem mover-se livremente através do material. Por isso diz-se que os metais possuem elétrons livres. O movimento dos elétrons livres produz a transferência de carga através do metal. EXEMPLOS DE CONDUTORES: Os metais, as soluções aquosas de ácidos, bases e sais, os gases rarefeitos, os corpos dos animais, e, em geral, todos os corpos úmidos. Os materiais que não permitem a movimentação das cargas no seu interior, são chamados ISOLANTES. Em um isolante, praticamente não existem elétrons livres e a carga elétrica não pode ser transferida através do material. EXEMPLOS DE ISOLANTES: Vidro, louça, porcelana, borracha, ebonite, madeira seca, baquelite, algodão, seda, lã, parafina, enxofre, resinas, água pura, ar seco. Uma classe intermediária é dos SEMICONDUTORES. São materiais que possuem propriedades intermediárias entre as de um bom condutor e as de um bom isolante. Os materiais semicondutores mais usados na indústria eletrônica são o Germânio (Ge) e o Silício (Si), apesar do Silício predominar a produção atualmente. CURIOSIDADES • Você sabia que se um motorista dirigir seguidamente por muito tempo, ao sair do carro pode sofrer um choque causado pela eletricidade estática? PARA SABER O PORQUÊ O veículo ficando muito tempo em atrito com o ar acumula a carga elétrica (o atrito arranca elétrons - cargas negativas - do metal 10 do veículo, que fica assim com prótons - as cargas positivas - a mais), e o motorista acaba fazendo a ligação entre as partes metálicas e o solo, ao colocar os pés no chão. Para isso ocorrer, o ar precisa estar bastante seco, como ocorre nos países de clima frio, durante o inverno. • Você sabia que os caminhões-tanque possuem correntes que arrastam pelo chão para descarregar a eletricidade estática do veículo? PARE SABER O PORQUÊ Isso evita uma eventual explosão do combustível transportado. • Você sabia que nas corridas de Fórmula-1, por exemplo, os boxes das equipes têm o chão revestido de chapas flexíveis de cobre? PARE SABER O PORQUÊ Porque elas retiram as cargas positivas da lataria dos carros de corrida, restabelecendo o equilíbrio elétrico, como se fosse um fio- terra. Assim, o reabastecimento dos veículos pode ser feito em segurança. Fonte [16] A Física é uma ciência que só se aprende trabalhando bastante. Aliás, esta é a regra para se ter sucesso em qualquer coisa. Você sabia que o inventor da lâmpada elétrica, Thomas Edison, é também o inventor da famosa frase: "GÊNIO É 1% DE INSPIRAÇÃO E 99% DE TRANSPIRAÇÃO?”. Para começar, você pode contar com a ajuda de alguns exemplos de exercícios resolvidos. EXEMPLO 1 O cientista Robert Millikan na sua famosa experiência da gota de óleo, observou que minúsculas gotas de óleo adquiriam carga positiva ao serem irradiadas com raios-X. Supondo que uma gota adquiriu carga de 8,0 x 10-19 C, qual a quantidade de elétrons que deixaram essa gota? SOLUÇÃO DO EXEMPLO 1 Como vimos pela lei da quantização da carga, a carga total da gota deve ser um múltiplo inteiro da carga do elétron: DADOS DO PROBLEMA: 11 RESPOSTA: A carga da gota corresponde a 5 elétrons que foram arrancados. EXEMPLO 2 Um técnico de laboratório dispõe de 2 esferas metálicas idênticas e neutras A e B e de uma terceira esfera C, também idêntica às demais, porém carregada com uma carga de + 8,0 C. Qual o procedimento adotado pelo técnico se ele precisar dispor de 3 esferas com cargas de +2,0 C, +2,0 C e +4,0 C ? SOLUÇÃO DO EXEMPLO 2 Este é um processo em que você poderá usar a eletrização por contato. Como você já viu, quando corpos idênticos são postos em contato, a carga se distribui igualmente entre eles. E pela Lei de conservação das cargas, você pode garantir que a carga total será sempre +8,0 C. 10 PASSO: Colocar a esfera C carregada com +8,0 C em contato com uma das neutras, por exemplo a esfera A. Como a carga total se conserva devemos ter: A carga se distribui igualmente entre as esferas, ficando as esferas A e C carregadas positivamente com carga +4,0 C. 20 PASSO: Colocar agora a esfera A carregada com + 4,0 C em contato com a esfera B, neutra. Novamente usando a lei da conservação da carga total: 12 Vemos mais uma vez, que a carga se distribuiu igualmente entre as esferas, ficando as esferas A e B carregadas positivamente agora com carga +2,0 C. EXEMPLO 3 A um corpo inicialmente neutro são acrescentados 5,0 . 107 elétrons. Qual a carga elétrica do corpo? SOLUÇÃO DO EXEMPLO 3 A carga elétrica do elétron é e = - 1,6 . 10-19 C. Usando a quantização da carga temos: q = ne Sendo n o número de elétrons acrescentados temos: n = 5,0 X 107. Assim, a carga elétrica (Q) total acrescentada ao corpo inicialmente neutro é: Q = n e = (5,0 X 107) (-1,6 X 10-19 C) = -8,0 X 10-12 C MULTIMÍDIA Este vídeo irá ajudar a compreendermos melhor os conceitos sobre carga elétrica. FÓRUM 13 Discuta as situações apresentadas a seguir e coloque-as nos FÓRUNS da aula 1. 01) No processo de Eletrização por Contato discutido neste tópico, considere que o corpo A estava carregado negativamente. Discuta como será agora o processo de eletrização. 02) O que significa dizer que uma carga elétrica é quantizada? 03) Uma aluna de cabelos compridos, num dia bastante seco, percebe que depois de penteá-los o pente utilizado atrai pequenos pedaços de papel. Discuta por que isso ocorre. FONTES DAS IMAGENS 1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tales_de_Mileto 2. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 3. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 4. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 5. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 6. http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Franklin 7. http://t0.gstatic.com/ images?q=tbn:ANd9GcSdh WB5EAVcvO8SHBQCgT6kp5 JGMfQP1MD1Y1AbBokHxZ_CUzbw&t=1 8. http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Andrews_Millikan 9. http://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_John_Thomson 10. http://pt.wikipedia.org/wiki/Quark 11. http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Du_Fay 12. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 13. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 14. http://www.e-escola.pt/site/personalidade.asp?per=23 15. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 16. http://www.novomilenio.inf.br/ano98/9802bra4.htm Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 14 TÓPICO 02: FORÇA ELÉTRICA - A LEI DE COULOMB Você já viu no tópico anterior que corpos carregados atraem-se ou repelem-se dependendo do sinal de suas cargas. Mas, o que faz com eles se aproximem ou se afastem? Certamente essa pergunta deve ter incomodado muitos cientistas no passado. Um deles foi o francês Charles Augustin de Coulomb [2] (1736 – 1806) que encontrou em 1785, a resposta que hoje é uma lei que leva o seu nome. LEI DE COULOMB Para explicar a interação entre corpos carregados Coulomb desenvolveu uma balança de torção [3] que consiste de um mecanismo muito sensível ao torque, ou seja, se o corpo for atraído ou sofrer algum tipo de repulsão esta balança pode calcular o valor dessa interação. O cientista francês Charles Coulomb conseguiu estabelecer experimentalmente uma expressão matemática que nos permite calcular o valor da força entre duas partículas carregadas. Resultados obtidos experimentalmente por Coulomb: 1. A intensidade da força elétrica é diretamenteproporcional ao produto das cargas elétricas. 2. A intensidade da força elétrica é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre as partículas. A Lei de Coulomb é válida somente para partículas, isto é, para corpos cujas dimensões são muito menores do que a distância de separação entre eles. Costuma-se dizer também que partículas carregadas são cargas puntiformes. Se duas CARGAS PUNTIFORMES Q1 e Q2 estão separadas pela distância d, a LEI DE COULOMB diz que o módulo da força entre elas é: é a constante eletrostática do vácuo. A figura abaixo mostra a representação gráfica da Lei de Coulomb , onde a força elétrica é representada como função da distância de separação entre as cargas. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 01: CARGA ELÉTRICA E CAMPO ELÉTRICO 15 Fonte [4] A CONSTANTE ELETROSTÁTICA A constante k é chamada de constante eletrostática e está relacionada com as propriedades elétricas do meio. Comumente ela é expressa em termos de outra constante, a permissividade elétrica do meio representada pela letra grega . No Sistema Internacional ( SI ) a constante k é dada por: 0 é a constante de permissividade elétrica do vácuo: Para fins de resolver os problemas numéricos, nos contentaremos com o valor aproximado de 0 No Sistema SI a constante eletrostática k no vácuo, k0, é dada por OLHANDO DE PERTO Lembre-se que força é uma grandeza vetorial. A direção da força que qualquer uma das cargas exerce sobre a outra é sempre ao longo da linha reta que liga as duas cargas. FORÇAS DE REPULSÃO: 16 FORÇAS DE ATRAÇÃO: Força que a carga 2 exerce sobre a carga 1 Força que a carga 1 exerce sobre a carga 2 PARADA OBRIGATÓRIA A força elétrica obedece à Terceira Lei de Newton (lei da ação e reação). CURIOSIDADE Você sabia que Chester F. Carlson [5], o inventor da fotocopiadora era graduado em Química, assim como vocês também serão brevemente? OBSERVAÇÃO Esta notação é arbitrária, você poderá encontrar a força que a carga 2 exerce sobre a carga 1 escrita assim: ELETROSTÁTICA, ISSO TEM ALGUMA UTILIDADE? O PRECIPITADOR ELETROSTÁTICO As grandes indústrias lançam toneladas de poluentes na atmosfera através de suas chaminés. Na Vila Parisi, situada dentro do parque industrial de Cubatão, na Baixada Santista, os 4 mil habitantes sofriam graves doenças respiratórias. Casos de anencefalia (crianças nascidas sem cérebro) eram atribuídos à poluição. A força elétrica pode ser utilizada para diminuir essa poluição atmosférica causada pelas chaminés das indústrias ou para filtrar o ar de nossas casas. Fonte [6] Grande parte dos poluentes expelidos pelas chaminés das indústrias é formada por partículas sólidas muito pequenas. A maneira mais eficaz de limpar a fumaça é usar um precipitador eletrostático. A fumaça ou ar contaminado passa através de eletrodos carregados que eletrizam as partículas poluentes. Em seguida elas são recolhidas por 17 placas eletrizadas com cargas opostas. A placa coletora por ter carga contrária à carga das partículas poluentes, as atrai, fazendo com que essas partículas se depositem em sua superfície, limpando o ar. A figura abaixo mostra um esquema simplificado do processo. Fonte [7] CURIOSIDADE Quantas cópias Xerox você já tirou na sua vida? Nem dá para contar não é? Você sabia que as máquinas copiadoras tipo Xerox funcionam graças aos processos de eletrização? Fonte [8] Xerografia significa escrita a seco. Hoje em dia todo mundo fala apenas Xerox. Mas a cópia Xerox foi inicialmente chamada de eletrofotografia. O nome foi alterado depois para xerografia, do grego Xerox = seco e grafia = escrita. 18 UMA COPIADORA XEROX FUNCIONA ASSIM 1. O cilindro é previamente eletrizado (carregado); 2. A luz incide no original e atinge o cilindro carregado. As partes claras do original (refletem mais luz) e descarregam as partes do cilindro que ela atinge. As partes escuras do original (refletem menos luz) não descarregando as partes correspondentes no cilindro; 3. Adiciona-se o toner que vai se fixar nas partes que permaneceram carregadas no cilindro em concentração proporcional à carga existente naquelas partes; 4. Ao passar a folha em branco o toner, após leve aquecimento, é transferido ao papel onde termina por aderir completamente e reproduzindo a imagem do original, com partes claras e escuras correspondente às quantidades de toner fixado no cilindro. É por este motivo que em dias úmidos ou se o papel não estiver seco as cópias tendem a ser de má qualidade. OBSERVAÇÃO O que fazer quando mais de duas cargas estão presentes? Para responder a esta pergunta, veja o exemplo abaixo envolvendo 3 cargas puntiformes. O procedimento é simples: as forças são calculadas separadamente para cada par de cargas e o resultado é dado pela soma vetorial das forças atuantes. As forças sobre a carga q2, por exemplo, são F12 exercida pela carga 1 e F32 exercida pela carga 3. A força resultante sobre a carga q2 é a soma vetorial das duas forças, isto é: Você pode descobrir quais são as forças sobre as outras cargas? VEJAMOS UM EXEMPLO Se você quer determinar a força total que q2 e q3 exercem sobre q1, deve calcular separadamente as forças F12 e F13 usando a lei de 19 Coulomb, como você já viu. A força resultante é dada pela soma vetorial de ambas: O módulo da força resultante sobre a carga q1 você calcula usando o Teorema de Pitágoras: Da mesma forma você pode determinar as forças totais atuantes nas outras cargas, q2 e q3. FORÇAS ELÉTRICAS E GRAVITACIONAIS NO ÁTOMO Imagine que a figura abaixo representa um átomo de hidrogênio: Um elétron de carga –e girando em torno do núcleo de carga +e Temos aqui um caso de atração eletrostática entre as duas cargas de sinais contrários, aonde a força coulombiana desempenha o papel da força centrípeta que mantém o elétron no seu movimento circular em torno do núcleo. CURIOSIDADE Você que é estudante de Matemática, sabia que houve um tempo em que muitos cientistas respeitáveis não acreditavam na existência dos átomos? QUÍMICOS JEAN BAPTISTE DUMAS O notável químico francês Jean Baptiste Dumas, por exemplo, proclamou: " Se eu fosse dono da situação, eu faria desaparecer da Ciência o termo átomo, persuadido de que ele ultrapassa a experiência, e que, na química, nunca devemos ultrapassar a experiência." KEKULÉ 20 O químico alemão Kekulé, famoso por sua descoberta do anel do benzeno (que ele supostamente, interpretou de maneira puramente simbólica), encontrou, para dizer sobre o átomo, as seguintes palavras: " A questão da existência do átomo é pouco significativa sob o ponto de vista químico; sua discussão pertence mais à metafísica. Na química, devemos apenas decidir se o reconhecimento dos átomos constitui uma hipótese condizente com o esclarecimento dos fenômenos químicos." MARCELIN BERTHELOT "E quem já viu uma molécula de gás ou um átomo?" aguilhoava o químico Marcelin Berthelot. Atualmente ninguém mais duvida da existência dos átomos e podemos utilizar a eletrostática para determinar a força que mantém unidos os elétrons ao núcleo dos átomos. FORÇA ELÉTRICA VERSUS FORÇA GRAVITACIONAL Vamos determinar a força entre o elétron e o núcleo do mais simples dos átomos, o átomo de hidrogênio. Você pode comparar na tabela abaixo os valores de carga elétrica e massa das partículas fundamentais do átomo. A massa do elétron é cerca de 1840 vezes menor do que a do próton. Partícula Carga(C) Massa (Kg) Próton +1,6 x 10-19 1,67 10-27 Elétron -1,6 x 10-19 9,11 10-31 Para um átomo de hidrogênio a distância entre o elétron e o núcleo (próton)é aproximadamente 5,3 10-11 m. Calculando as forças gravitacionais e elétricas entre o próton e o elétron. FORÇA ELÉTRICA (EM MÓDULO) FORÇA GRAVITACIONAL 21 COMPARANDO VALORES Vamos comparar esses dois valores: EXEMPLO 1 Três cargas puntiformes, de 2,0 C, 7,0 C e -4,0 C estão colocadas nos vértices de um triângulo equilátero, de 0,5 m de lado, conforme mostra figura abaixo. Calcular a força resultante sobre a carga de 7,0 C Resposta: FR 0,86 N, fazendo um ângulo de 28,8 0 abaixo do eixo x SOLUÇÃO EXEMPLO 1 De acordo com a figura ao lado a resultante é dada por De acordo com a notação utilizada: : Força sobre a carga de 7 C exercida pela carga de 2 C : Força sobre a carga de 7 C exercida pela carga de 4 C Para encontrar as componentes x e y da força resultante sobre a carga de 7 C decompomos os vetores em suas componentes cartesianas 22 Usando a Lei de Coulomb, podemos calcular os módulos das forças F27 e F47 Usando os valores para o seno e co-seno do ângulo dado: Teremos apenas que substituir os valores e encontrar as componentes da força resultante: Componente x: FRx = 0,75 N (apontando para a direita) Componente y: FRy = 0,43 N (apontando para baixo) Usando o teorema de Pitágoras: Para calcular a direção da resultante, calculamos a tangente do ângulo que ela faz com a horizontal: Substituindo os valores encontramos um ângulo EXEMPLO 2 Duas pequenas esferas idênticas, carregadas, cada qual com massa de 3 x 10-2kg, estão penduradas e em equilíbrio, Conforme mostra a figura abaixo. Se o comprimento do fio for 0,15 m e o ângulo =50, calcular o módulo da carga sobre cada esfera, supondo que as esferas tenham cargas idênticas. Resposta: q = 0,044 C SOLUÇÃO EXEMPLO 2 As duas cargas estão em equilíbrio pela ação de três forças, a saber, a força elétrica de repulsão entre as cargas, a força gravitacional e a tensão na corda. Fazendo o diagrama de forças 23 sobre a carga da esquerda, por exemplo, temos a situação ilustrada abaixo. Assim, em componentes cartesianas, Substituindo os valores dados, temos Como a = L sen Q 0,044 C EXEMPLO 3 Duas partículas 1 e 2, com cargas iguais e de sinais opostos, afastadas de 5 m são largadas a partir do repouso. As partículas têm massas iguais a m1=0,05 kg e m2=0,25 kg, e a aceleração inicial da primeira partícula é de 100 m/s2. Quais são: a. a aceleração da segunda partícula? b. O módulo da carga comum? Resposta: a) 20 m/s2; b) 178 C SOLUÇÃO EXEMPLO 3 Considere a figura abaixo: Dados do problema: m1=0,05 kg m2=0,025 kg a1= 100 m/s 2 d=5 m 24 a2 = ? q1 =q2 =? Como sabemos da Segunda Lei de Newton o módulo da força é dado por: F = ma Então calculando o módulo da força sobre a carga q1 teremos: F21 = m1a1 = 0,05x100 F21 = 5N A carga 2 exerce a força de 5N sobre a carga 1 (F21= 5 N). Como sabemos as forças entre as cargas obedecem à Terceira Lei de Newton (Ação e Reação) Então temos que a força que a carga e exerce sobre a carga 2 é: F12= 5 N Aplicando novamente a Segunda Lei de Newton: F Veja como a resposta está coerente com a Segunda Lei de Newton: a carga 2 por ter maior massa terá menor aceleração Para calcular o valor da carga, vamos aplicar a Lei de Coulomb: Como as cargas têm o mesmo valor (q1=q e q2= - q), o módulo da força entre elas será: EXEMPLO 4 Duas cargas puntiformes, q1=+q e q2=+4q, estão separadas por uma distância L, como mostra a Figura abaixo Uma terceira carga deve ser colocada de forma que o sistema inteiro fique em equilíbrio. Determinar o sinal, o módulo e a localização da terceira carga. Resposta: -4q/9 SOLUÇÃO EXEMPLO 4 Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis/EMVirtual/cap1/cargas.htm Como as duas cargas são de mesmo sinal, a força entre elas é repulsiva, de modo que apenas uma carga negativa colocada entre elas pode equilibrar o sistema, conforme mostra a figura ao lado. Assim, para o equilíbrio, devemos ter PARA VOCÊ SE EXERCITAR, DESENHE AS FORÇAS QUE AGEM SOBRE AS CARGAS A condição de equilíbrio imposta ao sistema exige que: 25 F21 + F31 = 0 , (1) F12 + F32 = 0 , (2) F13 + F23 = 0 , (3) OBSERVAÇÃO F21: representa a força sobre a carga 2, exercida pela carga 1, e assim por diante. Isso reforça aquela observação anterior de que esta notação é arbitrária. Ao resolver um exercício, você pode escolher qual notação usar, desde que permaneça fiel à notação usada em toda a resolução do exercício. DA TERCEIRA DAS EQUAÇÕES, TEMOS de onde onde escolhemos o sinal +, tendo em vista que x deve estar entre as cargas. Para calcular o módulo da terceira carga, usamos, p. ex., a eq.(1), ou seja, de onde, em módulo, MULTIMÍDIA Assistindo esse vídeo [10] iremos solidificar melhor nossos conhecimentos. EXERCITANDO 1 Duas partículas igualmente carregadas, com um afastamento de 3x10-3 m entre elas, são largadas a partir do repouso. As partículas têm massas m1 = 5,4x10-7 kg e m2 =7,0x10 -7 kg, e a aceleração inicial da primeira partícula é de 700 m/s2. Quais são: a. A aceleração da segunda partícula? b. O módulo da carga comum? Respostas: a2=540 m/s 2; q= 1,122 x 10-8 C EXERCITANDO 2 26 Duas cargas pontuais livres, +q e +9q, estão afastadas por uma distância d. Uma terceira carga é colocada de tal modo que todo o sistema fica em equilíbrio. a. Determine a posição, o módulo e o sinal da terceira carga. b. Mostre que o equilíbrio é instável. JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA. RESPOSTA: POSIÇÃO: d/4 da carga +q MÓDULO E SINAL: q3= – 9q/4 EXERCITANDO 3 1. Quantos elétrons deverão ser removidos de uma pequena esfera, para deixá-la com carga igual a + 1,6x10-9 C? 2. Supondo que a esfera seja de cobre, e tenha massa igual a 3,11 g, calcule a fração dos elétrons totais da esfera que corresponde ao valor encontrado em (a) DADOS: MASSA MOLECULAR DO COBRE: 63,5 G/MOL; PESO ATÔMICO DO COBRE: Z=29; NÚMERO DE AVOGADRO: NA = 6,02 X 1023 Respostas: a) 1010 elétrons; b) 1,17 x 10-14 EXERCITANDO 4 Que semelhanças existem entre uma força elétrica e uma força gravitacional? Quais são as diferenças mais relevantes entre essas duas forças? EXERCITANDO 5 A expressão para o módulo da força coulombiana é: A intensidade da força elétrica, como você pode ver, é diretamente proporcional ao PRODUTO DAS CARGAS ELÉTRICAS. A Lei de Coulomb é uma lei experimental, isto é, a expressão para a força não foi determinada matematicamente e sim como resultado de uma observação experimental. Suponha que alguém lhe tenha dito que o produto das cargas deveria ser trocado pela soma das cargas (Q1 + Q2 ) ou pela raiz quadrada . Discuta a impossibilidade dessas duas proposições. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Augustin_de_Coulomb 3. http://pt.wikibooks.org/wiki/Eletromagnetismo:_Cargas_El%C3% A9tricas 4. http://1.bp.blogspot.com/ -_8d6oV82trs/TgTjnR5BDrI/ AAAAAAAAAbo/M7aoPzAYXzc/ s400/graficoleidecoulonb.jpg 5. http://pt.wikipedia.org/wiki/Chester_Carlson 27 6. http://1.bp.blogspot.com/ _LsNSsZKIVs4/SI4NQ0J9AZI/ AAAAAAAAAJY/Q7AKSBts-SI/s200/cubatao.jpg 7. http://www.virtual.ufc.br/ solar/aula_link/lfis/A_a_H/ fisica_III/Aula_01/imagens/03/img10.gif 8. http://www.geocities.ws/saladefisica7/funciona/xerox40.gif 9. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 10. http://www.youtube.com/watch?v=t-S-FNeDLRc&feature=related Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 28 TÓPICO 03: O CAMPO ELÉTRICO Você deve ter percebido a semelhança entre a Leide Coulomb e a Lei da Gravitação Universal. OLHANDO DE PERTO Lei da Gravitação Universal: Lei de Coulomb: Tanto no caso da força gravitacional como no caso da força elétrica, a interação entre os corpos se dá sem que seja necessário o contato físico entre eles. Você já parou alguma vez para pensar como um dos corpos percebe a presença do outro? O que existe no espaço entre eles para que a interação seja comunicada de um para outro? Pode ser que até hoje você não tenha dado a mínima para essas questões, mas elas foram a preocupação de muitos estudiosos no passado. Para responder a essas perguntas vamos usar o conceito de CAMPO ELÉTRICO Na região do espaço que envolve um corpo carregado, manifestam-se ações elétricas, ou seja, se outro corpo carregado for colocado em qualquer ponto nessa região, ele fica sujeito à ação de uma força elétrica. Dizemos que nessa região do espaço existe um campo elétrico. O campo elétrico não é a região do espaço. PARADA OBRIGATÓRIA Cargas elétricas modificam as propriedades do espaço à sua volta causando um campo elétrico. Esse campo é que vai interagir com outras cargas produzindo forças de atração ou repulsão. OLHANDO DE PERTO O campo elétrico desempenha o papel de transmissor da interação entre as cargas. “SENTINDO” O CAMPO ELÉTRICO Para você entender melhor o conceito de campo elétrico imagine a seguinte situação: FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 01: CARGA ELÉTRICA E CAMPO ELÉTRICO 29 Você, certamente já vivenciou uma situação semelhante. Você sabe que não precisa ter nenhum contato físico com a “fonte perfumada” para sentir o cheiro, mesmo de longe. O perfume se espalha pelo ar. Você também sabe que quanto mais perfumada está a pessoa (quando ela passa uma grande “carga” de perfume), mais o ambiente aonde ela está ( a região do espaço) fica impregnado. E nem precisa dizer que quanto mais você se aproxima, mais intenso vai ficando o perfume que diminui quando você se afasta. Percebeu a analogia? O perfume nesse exemplo faz o papel de um campo elétrico. Você não pode ver e nem tocar, mas sente a sua presença assim como uma carga colocada em uma região aonde existe um campo elétrico sofre a influência dele. CURIOSIDADE Nos tempos mais remotos, os homens invocavam os deuses por meio da fumaça. Eles queimavam ervas, que liberavam diversos aromas. Foi assim que surgiu a palavra "perfume", em latim "per fumum", que significa "através da fumaça". O campo elétrico pode ser determinado experimentalmente: Se você colocar em uma dada região do espaço uma pequena carga q0, chamada carga de prova, e ela ficar sujeita a uma força de repulsão ou atração, você pode dizer que ali existe um campo elétrico. Fonte [1] PARADA OBRIGATÓRIA O campo elétrico é uma grandeza vetorial. DICA O campo elétrico é usualmente representado pela letra maiúscula E 30 No Sistema SI, sua unidade é N/C Campo elétrico e campo gravitacional Para que você tenha uma compreensão completa, vamos discutir um pouco mais o campo elétrico, fazendo uma comparação com o campo gravitacional da Terra. (CLIQUE AQUI PARA ABRIR) CAMPO GRAVITACIONAL – A massa M da Terra cria em torno de si o campo gravitacional. Um corpo de massa m próximo à Terra fica sujeito a uma força de atração gravitacional (a força peso) decorrente da ação do campo gravitacional sobre m. CAMPO ELÉTRICO – A carga Q (+) cria em torno de si o campo elétrico. Uma carga q (–) próxima à carga Q fica sujeita a uma força de atração (a força elétrica) decorrente da ação do campo elétrico sobre q. OBSERVAÇÃO A carga q0 que é utilizada para estudar as características do vetor campo elétrico é simplesmente um auxiliar para o raciocínio e não influencia nos resultados. O mesmo acontece com a aceleração da gravidade; essa aceleração (g), num ponto qualquer ao redor da Terra não depende da massa de nenhum corpo que por ventura seja colocado nesse ponto. Depende da posição do ponto ao redor da Terra. A carga q0 é utilizada somente para a verificação da existência do campo elétrico num determinado ponto da região, por isso ela é chamada de CARGA DE PROVA. Força gravitacional: Força elétrica: DICA Uma carga de prova deve ser muito pequena para ela própria não perturbar o campo elétrico que se deseja medir. A carga de prova é geralmente considerada como sendo positiva. 31 DICA Uma carga de prova deve ser muito pequena para ela própria não perturbar o campo elétrico que se deseja medir. A carga de prova é geralmente considerada como sendo positiva. LINHAS DE FORÇA As linhas de força são uma maneira muito conveniente de visualizarmos o campo elétrico. Elas são uma “fotografia” do campo elétrico. O conceito de linhas de força foi introduzido por Michael Faraday. FIGURA 3 - http://educar.sc.usp.br/licenciatura/1999/wtexto4.html DICA As linhas de força são linhas imaginárias que mostram a atuação do campo elétrico em um determinado ponto no espaço. CAMPO ELÉTRICO E LINHAS DE FORÇA As linhas de força estão relacionadas ao campo elétrico pelas seguintes propriedades: (CLIQUE AQUI PARA ABRIR) 1. Uma linha de força sempre começa em uma carga positiva e termina em uma carga negativa, ou seja, elas são contínuas. Se as duas cargas são de contrários as linhas de força são assim: Figura 4 [2] Se as duas cargas são de mesmo sinal, positivas, por exemplo, as linhas de força são assim: 32 Figura 5 [3] - http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/ PARADA OBRIGATÓRIA Você pode ver que as linhas de força podem realmente ser chamadas de “fotografia” do campo elétrico. Veja na figura 4, acima, a clara atração entre as cargas e na figura 5 a repulsão. 2. A tangente a uma linha de força num dado ponto, nos dá a direção do vetor campo elétrico neste ponto. Figura 6 DICA Então a tangente à linha de força dá também a direção de força que atua numa carga elétrica colocada nesse ponto. OBSERVAÇÃO Não se esqueça que, sendo o campo elétrico um vetor, em cada ponto ele só pode ter uma direção. O mesmo vetor não pode apontar para dois lugares diferentes. 3. As linhas de força são traçadas de tal forma que o número de linhas que atravessam uma unidade de área perpendicular à direção das mesmas, é proporcional ao módulo de E. 4. A quantidade de linhas de força é proporcional ao valor da carga EXERCITANDO 33 Entre nesse site http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/ elecmagnet/electrico/cElectrico.html [4] e veja uma atividade aonde você poderá obter o mapa das linhas de força de: • Duas cargas iguais e de mesmo sinal • Duas cargas iguais e de diferentes sinais • Duas cargas diferentes e de mesmo sinal • Duas cargas diferentes e de diferentes sinais Para visualizar linhas de força de alguns sistemas de cargas, clique aqui: http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod02/m_s02.html [5] CAMPO ELÉTRICO UNIFORME Um campo elétrico é uniforme se o vetor campo tem mesma intensidade, mesma direção e mesmo sentido em todos os pontos. Já vimos das propriedades das linhas de força que elas são sempre tangentes ao vetor campo, então podemos concluir que em um campo uniforme as linhas de força são retas e paralelas. FIGURA 7 - http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/ O caso do campo elétrico uniforme é muito importante quando você for estudar o assunto de Capacitores, que você verá mais tarde. CAMPO ELÉTRICO DE UMA CARGA PUNTIFORME FIGURA 8 Se o sinal de q0 for negativo, o vetor força terá sentido oposto ao vetor campo. FIGURA 9 ORIENTAÇÃO DO VETOR CAMPO ELÉTRICO 34 Se você quiser determinar experimentalmentea existência do campo elétrico, você coloca uma carga de prova q0, muito pequena, no ponto P e verifica se ela fica sujeita à ação de alguma força, nesse caso o módulo do campo E será dado por: Mas a força F, é a força coulombiana entre as duas cargas Q e q0. Pela Lei de Coulomb, o módulo da força F é dado por: Vamos substituir a equação (2) para a força, na equação (1) e assim você determina o módulo de E: Qual o sentido desse vetor? Sendo a carga de prova positiva, ela sofrerá uma repulsão pela carga Q também positiva. Nesse caso força sobre a carga de prova q0 no ponto P apontará para a direita, como está indicado na figura. Mas o que aconteceria se colocássemos no ponto P uma carga de prova negativa? O campo mudaria? Como já foi dito, o campo não depende da carga de prova. Como o próprio nome indica, ela é utilizada apenas para provar que o campo existe naquele local. O campo continua a apontar para a direita, independe do sinal da carga que você coloque no ponto P. O sinal da carga só tem influência no efeito que ela sofrerá: Se for positiva, sofrerá uma força para a direita (repulsão); se for negativa, sofrerá uma força para a esquerda (atração). Lembre-se dessa expressão: SE O SINAL DE Q0 FOR POSITIVO, OS VETORES F E E TERÃO O MESMO SENTIDO. O campo só mudará se a carga fonte, aquela que lhe deu origem for modificada. Veja isso agora: Considere agora o campo produzido por uma carga negativa: 35 Figura 10 [6] O campo elétrico tem o seu módulo determinado da mesma forma que no caso anterior. O que muda é o SENTIDO do vetor campo elétrico. Ele aponta para a esquerda, independente de qualquer carga de prova que você coloque no ponto P EXEMPLO 1 PARA FIXAR AS SUAS IDEIAS, VEJA ESTE EXEMPLO Na figura 8 suponha que carga puntiforme Q= 2,5 C. Qual é o campo elétrico (módulo, direção e sentido) produzido por ela no ponto P a uma distância d = 45 cm de Q? SOLUÇÃO Mas a força F, é a força coulombiana entre as duas cargas Q e q0. Pela Lei de Coulomb, o módulo da força F é dado por: Vamos substituir a equação (2) para a força, na equação (1): Vamos substituir os valores dados: Q=2,5 C = 2,5 x 10-6 C d=45 m k =9 x 109 N m2/C2 Qual o sentido desse vetor? Sendo a carga de prova positiva, ela sofrerá uma repulsão pela carga Q também positiva. Nesse caso força sobre a carga de prova q0 no ponto P apontará para a direita, como está indicado na figura. 36 DIPOLO ELÉTRICO Uma situação muito importante que merece ser estudada é o caso do dipolo elétrico. Você, estudante de Química, já deve ter aprendido que a água tem uma molécula polar. Você sabe o que isso significa? As moléculas da água são polares, o que torna a água um dos solventes mais importantes da natureza. As figuras abaixo representam a molécula de água: Figura 11 [7] A figura abaixo representa um dipolo elétrico, uma configuração representada por duas cargas iguais e de sinais contrários, mantidas separadas por uma distância fixa d. Figura 12 O produto do módulo da carga pela distância que as separa, é definido como o MOMENTO DE DIPOLO P OLHANDO DE PERTO O momento de dipolo é um vetor que aponta no sentido da carga negativa para a positiva. ÁGUA, UMA MOLÉCULA POLAR A molécula de água é formada por um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio, unidos por ligações covalentes. Os elétrons que formam os orbitais moleculares, na água, não são igualmente compartilhados entre os átomos. Como consequência da maior eletronegatividade do Oxigênio, a distribuição dos elétrons na molécula é heterogênea, isto é os elétrons não são igualmente 37 compartilhados pelo oxigênio e pelo hidrogênio, resultando uma densidade de carga negativa (-) sobre o átomo de oxigênio e densidades de carga positiva (+) sobre os átomos de hidrogênio. Isto torna a molécula da água polar, isto é, a molécula tem polos positivos (os átomos de hidrogênio) e negativo (o átomo de oxigênio) sendo capaz de sofrer uma orientação em um determinado campo elétrico. Os hidrocarbonetos não apresentam essa distorção elétrica sendo, por isso, chamados apolares, isto é, sem polos. Como você pode ver a substância mais importante para a nossa vida é uma substância polar, ou seja, á um dipolo elétrico. A figura abaixo mostra a representação da molécula da água no estado líquido. Fonte [8] Como calculamos o campo elétrico de mais de uma carga puntiforme? Suponhamos duas cargas elétricas pontuais Q1 e Q2. Qual é o campo resultante, isto é o campo produzido pelas duas cargas no ponto A? Se existisse só a carga Q1, ela produziria em A, um campo E1. Se existisse só Q2, ela produziria em A um campo E2. O campo que resultante em A é obtido pela soma vetorial dos dois campos. PARADA OBRIGATÓRIA PRINCÍPIO DE SUPERPOSIÇÃO: Quando em um dado ponto existem vários campos elétricos, o campo elétrico resultante naquele ponto é a soma vetorial de todos os campos. OLHANDO DE PERTO De acordo com o princípio de superposição, quando vários efeitos são produzidos simultaneamente num ponto, esses efeitos se somam. Se os efeitos forem representados por grandezas escalares elas são somadas escalarmente. Se forem representados por grandezas vetoriais elas são somadas vetorialmente. EXEMPLO 2 Determine o campo elétrico no ponto A se as cargas Q1 e Q2 valem respectivamente, + 1,0 C e 2,0 C. Considere as distâncias d1 =d2 = 40 cm e o ângulo formado pelos campos de cada carga em A, igual a 600. 38 Figura 12 [9] SOLUÇÃO O módulo do campo resultante no ponto A pode ser calculado usando a Lei dos co-senos Veja que o ângulo entre os dois vetores é e que os dois ângulos e , somados formam um ângulo de 1800. Usando um pouco da trigonometria que você já viu nas aulas de matemática: cos( ) = cos(180 - ) = cos180cos + sen180sen Como você bem sabe, cos180 = -1 e sen180 = 0. Então cos = - cos E assim a expressão para o campo elétrico fica: Para determinar o módulo de E, precisamos primeiro calcular os módulos dos campos E1 e E2 Dados: Q1 =1,0 C = 1,0 x 10 -6 C Q2 = 2,0 C= 2,0 x 10 -6 C d1 =d2 =40 cm = 0,40 m = 600 k= 9 x 109 N m2/C2 DIREÇÃO DO CAMPO RESULTANTE 39 Vamos encontrar a direção do campo resultante, determinando o ângulo que o vetor E faz com E1, por exemplo. Para isso vamos usar a Lei dos Senos que diz que em um triângulo QUALQUER os seus lados são proporcionais aos senos dos ângulos opostos. Considere o triângulo ABC. Usando a Lei dos Senos: Já vimos que = 180 - sen (180 - ) = sen180 cos - sen cos180 = sen . Então podemos usar na Lei dos Senos o ângulo , em vez de . EXERCITANDO Na figura abaixo, justifique porque as duas linhas A e B não são linhas de força. EXERCITANDO 2 Na figura ao lado, as setas representam diferentes valores do campo elétrico. A trajetória AB pode ser uma linha de força? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA 40 EXERCITANDO 3 Duas cargas puntiformes de módulos e sinais desconhecidos, estão separadas pela distância d. A intensidade do campo elétrico se anula num ponto do segmento que une as cargas. O que se pode dizer sobre essas cargas? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA LEITURA COMPLEMENTAR Entre neste site para ver muita coisa legal sobre o campo elétrico: http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod02/m.html [10] FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.fe.up.pt/si/conteudos_service.conteudos_cont? pct_id=37768&pv_cod=28HawaT7aaas 2. http://www.cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade_magnetismo/b asico/cap03/fig52.gif 3. http://www.cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade_magnetismo/b asico/cap03/fig53.gif 4. http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/elecmagnet/electrico/cElectrico.html 5. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod02/m_s02.html 6. http://www.mspc.eng.br/elemag/eletr130.shtml 7. http://www.google.com.br/ url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source =web&cd=1&ved=0CCYQFjAA&url= http%3A%2F%2Fdisciplinas.stoa. usp.br%2Fpluginfile.php%2F107453% 2Fmod_folder%2Fcontent%2F0%2F Lei%2520de%2520Coulomb.pdf%3F forcedownload%3D1&ei=sCpxU8L8 GJe3yATstILQDA&usg=AFQjCNGOj2-hFxamHkVUvyHzC2r0PBcm_A&sig2 =MjlbE6q6rP0KRrYm8hmbWA 8. http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/agua.html 9. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/campo/campo_prod_carga_ pontual/ 10. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod02/m.html Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 41 TÓPICO 04: LEI DE GAUSS – O CAMPO ELÉTRICO E A DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS CURIOSIDADE Você sabia que o Brasil é o país com maior incidência de raios no mundo? Cerca de 100 milhões de raios por ano e que no ano 2000 mais de 100 pessoas morreram vítimas da descarga elétrica causada por um raio. Somente no verão de 2001, houve a incidência de cerca de 15.000 raios na cidade do Rio de Janeiro. Os estados mais atingidos por raios são: Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, nesta ordem. Fonte Um raio é uma descarga elétrica muito poderosa que ocorre entre as nuvens ou entre as nuvens e o solo. O QUE É O RAIO O raio é uma violenta manifestação da eletricidade na natureza. Durante as tempestades, as nuvens ficam eletrizadas e as cargas da parte mais baixa das nuvens induzem uma carga positiva na superfície da Terra. Isso dá origem a um campo elétrico entre a nuvem e a Terra. O campo elétrico é tão intenso que causa uma ionização no ar, ou seja, os átomos do ar perdem elétrons. A região entre as nuvens e a terra funciona como um condutor. Os elétrons das nuvens movimentam-se na direção do solo e as cargas positivas do solo movimentam-se para cima em direção às nuvens. É como um circuito elétrico que é fechado, causando assim uma descarga elétrica muito intensa o que provoca mais ionização no ar, criando novos “caminhos” ionizados no ar. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 01: CARGA ELÉTRICA E CAMPO ELÉTRICO 42 Não confunda raio com relâmpago. O relâmpago é apenas a claridade causada pelo raio. O raio é a descarga elétrica e o relâmpago é o efeito luminoso do raio. O raio aquece o ar, provocando uma expansão que se propaga em forma de uma onda sonora, que é o trovão. As pessoas que trabalham na zona rural, por estarem mais expostas, estão mais sujeitas aos raios do que os moradores das cidades. São várias as recomendações para as pessoas se protegerem dos raios, todas elas explicadas pela Física, como você verá na próxima aula. Para saber mais sobre raios você pode consultar estes sites: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/raios.htm [1] Uma boa maneira de se proteger dos raios durante uma tempestade é ficar no interior de um carro que possua carcaça metálica. E não pense que a proteção se dá devido os pneus de borracha do carro. Fonte [2] A proteção se deve ao fato da carroceria do carro ser feita de metal. Se um raio atingir o carro, você estará mais seguro dentro dele. POR QUE ISSO ACONTECE? Para compreender essa situação você deve aprender como as cargas se distribuem sob a superfície de um condutor. Este assunto você irá aprender nesta aula. O campo elétrico no interior de um condutor carregado e isolado é nulo. 43 Um condutor isolado está em equilíbrio eletrostático, significa que suas cargas estão estáticas, em equilíbrio. Não há uma movimentação de cargas. Se o campo elétrico no interior do condutor fosse diferente de zero, os elétrons livres existentes entrariam em movimento sob a ação desse campo. CAMPO NO INTERIOR DE UM CONDUTOR ISOLADO Você viu no tópico 1 desta aula que os CONDUTORES são materiais que permitem o movimento de cargas elétricas através deles. Um exemplo de bons condutores são os metais, eles têm elétrons livres. Estudando o tópico 3, você também viu que na presença de um campo elétrico, uma carga fica sujeita a uma força dada por: Imagine que exista um campo elétrico no interior do condutor. Nesse caso os elétrons livres ficariam sujeitos à ação de uma força, e como eles são livres poderiam entrar em movimento, dando origem a uma corrente elétrica, o que violaria a condição do equilíbrio eletrostático. LEMBRE-SE: A ELETROSTÁTICA É O ESTUDO DAS CARGAS EM REPOUSO! Se existir campo, existe uma força e força você já sabe, não combina com estado de equilíbrio. SE O CONDUTOR ESTÁ CARREGADO, AONDE SE LOCALIZA A SUA CARGA? PARADA OBRIGATÓRIA A carga elétrica de um condutor carregado e isolado fica distribuída apenas em sua superfície. CARGA DE UM CONDUTOR ISOLADO Se um corpo é neutro, a sua carga total é zero. Se um corpo está carregado, é porque existe nele carga em excesso. Em um condutor carregado e isolado, todo excesso de carga vai para a sua superfície. Suponha que isso não ocorresse, isto é, imagine uma situação em que um condutor está carregado com uma carga q e essa carga pudesse ficar em algum lugar no interior do condutor. Veja na figura abaixo uma representação dessa situação hipotética: O condutor está carregado com uma carga Q e ela está dentro dele, isto é, no seu interior. Na figura estão representadas algumas linhas de força. 44 Como você aprendeu no tópico 3 desta aula, o campo elétrico pode ser representado por linhas de força e a tangente a uma linha de força, dá a direção do campo elétrico. Isto significa que aonde existe uma linha de força, existe um campo elétrico. Na situação que estamos considerando, a presença da carga Q no interior do condutor, implicaria necessariamente, na presença de linhas de campo dentro do condutor. Mas um condutor é aquele material que possui elétrons livres. Se houver um campo elétrico atuando sobre os elétrons livres, eles ficarão sujeitos à ação de uma força, o que não pode ocorrer em uma situação de equilíbrio eletrostático. Em qualquer lugar que esteja a carga, no interior do condutor, essa situação sempre ocorreria. CONCLUÍMOS ENTÃO QUE SE O CONDUTOR ESTÁ CARREGADO E A CARGA NÃO PODE ESTAR DENTRO DELE, O ÚNICO LUGAR AONDE ESSA CARGA PODE ESTAR É NA SUPERFÍCIE DO CONDUTOR. CAMPO NA SUPERFÍCIE DO CONDUTOR Como você acabou de ver, um condutor carregado em equilíbrio eletrostático, tem campo elétrico nulo no seu interior e o excesso de cargas localiza-se na sua superfície. O que ocorre na superfície do condutor em equilíbrio eletrostático? Um condutor, como já foi dito, tem elétrons livres que podem se mover sob a ação de campos elétricos, por essa razão não pode existir campo elétrico no interior de um condutor em equilíbrio. O mesmo ocorre com os elétrons livres da superfície do condutor. Mas e a carga que está na superfície, ela produz um campo elétrico? A resposta é sim e podemos calcular esse campo. Como você acabou de ver, um condutor carregado em equilíbrio eletrostático, tem campo elétrico nulo no seu interior e o excesso de cargas localiza-se na sua superfície. 45 O que ocorre na superfície do condutor em equilíbrio eletrostático? Um condutor, como já foi dito, tem elétrons livres que podem se mover sob a ação de campos elétricos, por essa razão não pode existir campo elétrico no interior de um condutor em equilíbrio. O mesmo ocorre com os elétrons livres da superfície do condutor. Mas e a carga que está na superfície, ela produz um campo elétrico? A resposta é sim e podemos calcular esse campo. CAMPO ELÉTRICO DE UM CONDUTOR CARREGADO Vamosconsiderar um condutor esférico de raio R carregado com uma carga Q. Fonte [3] Compare com uma carga puntiforme e veja que a configuração das linhas de campo é a mesma para os dois casos. Imagine que você esta muito longe da esfera carregada, tão distante que não tem como saber se aquele objeto carregado, cujo campo você está medindo é um corpo esférico ou se é apenas uma carga puntiforme. O campo elétrico parece vir da mesma carga. Pode-se dizer então que o campo de uma esfera carregada é o mesmo como se toda a sua carga pudesse ser concentrada em um ponto no seu centro. O campo da esfera de raio R carregada com uma carga Q é o mesmo de uma carga Q a uma distância R Qual é a direção do vetor campo elétrico? Vamos considerar a hipótese que o vetor campo elétrico pode ter qualquer direção, como está mostrado na figura ao lado. Você pode ver que o vetor campo elétrico pode ser decomposto em suas componentes: uma na direção radial, que forma um ângulo de 900 com a superfície e a outra na direção tangente à superfície. 46 Lembrando mais uma vez aquela história dos elétrons livres, você pode concluir que se existir essa componente tangente à superfície do condutor, haverá uma força sobre os elétrons, forçando-os a um deslocamento sobre a superfície do condutor que pelo nosso estudo deve estar em equilíbrio de cargas, isto é, cargas não se movem em um condutor em equilíbrio eletrostático. A única saída para o problema é a não existência dessa componente tangencial, o que significa que o campo elétrico na superfície do condutor carregado está na direção perpendicular à superfície, nesse caso, na direção radial. PARADA OBRIGATÓRIA O vetor campo elétrico é sempre perpendicular à superfície de um condutor isolado. ATENÇÃO: NÃO IMPORTA A FORMA DO CONDUTOR, O CAMPO É SEMPRE PERPENDICULAR À SUA SUPERFÍCIE! OLHANDO DE PERTO O campo elétrico na direção perpendicular à superfície do condutor não provoca movimento de cargas porque o condutor está envolvido pelo ar que é um isolante. Vamos voltar à situação do automóvel na tempestade. Agora você está pronto para responder à pergunta: Por que o interior do carro é um lugar seguro durante uma tempestade com raios? Sendo a carcaça do carro um metal, portanto um condutor, se um raio atinge o carro, todas as cargas ficarão na superfície. Nenhum campo elétrico poderá existir no interior da parte metálica, as linhas do campo elétrico “param” na superfície. Tudo o que está no interior do carro fica protegido da descarga elétrica do raio. Esse fenômeno é chamado de Blindagem eletrostática. BLINDAGEM ELETROSTÁTICA 47 Imagine que seja feita uma cavidade no condutor, isto é, ele seja oco, ou imagine que o objeto é uma caixa metálica; um carro é uma “caixa” metálica. Você já viu que quando um condutor é eletrizado, as cargas elétricas tendem rapidamente a se localizar em sua superfície externa, distribuindo-se de modo a tornar nulo o campo elétrico em todos os pontos do interior do condutor. Assim uma cavidade no interior de um condutor é uma região que não é atingida por efeitos elétricos produzidos do lado externo. Diz-se que o interior do condutor está blindado eletrostaticamente. PARADA OBRIGATÓRIA O campo elétrico jamais penetra em uma região completamente envolvida por um condutor. GAIOLA DE FARADAY A gaiola de Faraday é um aparelho que mostra, na prática, que as cargas de um condutor carregado realmente situam-se apenas na sua superfície externa. A gaiola de Faraday foi construída a primeira vez, por Michael Faraday (daí o nome) que realizou inúmeras experiências para comprovar que o interior dos condutores ocos é protegido pela blindagem eletrostática. Ele construiu uma grande caixa cúbica revestida com metal e montada sobre suportes isolantes, eletrizando-a com um potente gerador eletrostático. Fonte [4] Usemos suas próprias palavras. "Eu entrei no cubo e vivi dentro dele, usando velas acesas, eletrômetros e todos os aparelhos para testas a existência de estados eletrizados, não encontrando o menor caso de influência sobre eles... ainda que a parte 48 externa do cubo estivesse fortemente carregada e que grandes faíscas saíssem de todas as partes de sua superfície externa.” Fonte: Física 3- Resnick-Halliday, 4a edição (1984) Faraday realizou essas experiências no ano de 1836. Para finalizar esta aula, você irá agora conhecer a LEI DE GAUSS Antes de começar a falar na lei de Gauss, vamos entender o que seja o conceito de fluxo. Veja a figura ao lado. Você vê um jato de água saindo de um cano. Você fala de um fluxo de água saindo do cano. Quer saber quanta água sai desse cano? Para isso você calcula a vazão, isto é, quantos litros de água por segundo que saem do cano. Fonte [5] FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO Se você pudesse ver cada gota de água correndo em um tubo, poderia visualizar a figura abaixo em que as linhas representariam as trajetórias das gotas de água. Fonte [6] E se as linhas da figura acima representassem linhas de força? Lembre-se que a tangente à linha de força em qualquer ponto dá a direção do campo elétrico. Você pode dizer que existe um fluxo de campo elétrico passando através da superfície de área A. 49 O fluxo de campo elétrico é representado pela letra grega http://www.inf.unisinos.br/~goedert/Fluxo_Magnetico/Fluxo.html A figura acima mostra o fluxo de campo elétrico (através de duas superfícies de áreas A1 e A2. Observe que embora as áreas sejam diferentes, o fluxo através delas é o mesmo: o mesmo número de linhas atravessa A1 e A2. Ao passar através de A2, que é maior do que A1, as linhas ficam mais afastadas. No caso de uma carga puntiforme, as linhas de força são radiais e na figura abaixo você pode ver a representação do fluxo de campo elétrico através de uma superfície esférica que envolve a carga. Você praticamente vê as linhas de força fluindo através da esfera. Se quiser ver a bela simulação desse fluxo: CLIQUE AQUI Fonte [7] FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO UNIFORME No caso do campo ser uniforme, as linhas de campo, ou de força, são todas igualmente espaçadas e paralelas. 50 Fonte [8] O fluxo de um campo elétrico uniforme, através de uma superfície perpendicular ao campo, com área A, é definido como o produto do módulo do campo vezes a área da superfície: LEI DE GAUSS A lei de Gauss relaciona o fluxo elétrico através de uma superfície fechada com a carga elétrica no interior da mesma. A superfície fechada é chamada SUPERFÍCIE GAUSSIANA. PARADA OBRIGATÓRIA LEI DE GAUSS: O fluxo elétrico total através de qualquer superfície fechada é proporcional à soma das cargas no interior desta superfície. FLUXO DE CAMPO ELÉTRICO E LINHAS DE FORÇA Você viu no tópico 3 desta aula que o campo elétrico pode ser representado por linhas de força, ou linhas de campo e que essas linhas devem apresentar certas características. Uma delas é: O módulo do campo elétrico é proporcional à densidade de linhas, isto é, o número de linhas por unidade de área. Considere novamente a figura abaixo: Se N linhas de campo atravessam perpendicularmente a área A, então o módulo de E é proporcional à densidade de linhas de campo, isto é: E se o campo E não fosse perpendicular à área? Nesse caso você levaria em conta apenas a componente perpendicular do campo elétrico. Se uma carga puntiforme q está encerrada dentro de uma superfície esférica de raio R, quantas linhas atravessam essa superfície? A superfície sendo esférica implica A = 4 R2. 51 O campo de uma carga puntiforme q a uma distância R é: ; então teremos para o número delinhas: O número de linhas é proporcional ao valor da carga, conforme já tinha sido visto das propriedades das linhas de força. Embora tenha sido usada uma superfície esférica nesse exemplo, veja que o resultado não depende da forma da superfície: Se você comparar a definição de fluxo de campo elétrico e o número de linhas através de uma superfície, você conclui que o fluxo é proporcional ao número total de linhas de campo através de uma dada superfície; Veja só: Se a superfície for fechada, N é proporcional à carga elétrica total dentro dela. Concluímos que o fluxo através de uma superfície fechada é proporcional a carga total contida dentro dela. Isso é a lei de Gauss. O fluxo de campo elétrico não depende da forma da superfície. NO SISTEMA SI O FLUXO É DADO POR: EXEMPLO 1 Qual é o fluxo de campo elétrico através da superfície fechada S ? Fonte [9] SOLUÇÃO EXEMPLO 1 52 Pela Lei de Gauss o fluxo é dado por: VEJA QUE A CARGA Q3 POR ESTAR FORA DA SUPERFÍCIE GAUSSIANA, NÃO ENTRA PARA O CÁLCULO DO FLUXO. EXEMPLO 2 Considere o dipolo elétrico, estudado no tópico 3 desta aula: Fonte Qual é o fluxo de campo elétrico através da superfície pontilhada S? SOLUÇÃO EXEMPLO 2 Pela Lei de Gauss temos mas no dipolo, as cargas são iguais e de sinais opostos, então Conclusão: EXEMPLO 3 Um condutor descarregado tem um orifício dentro do qual se encontra uma carga puntiforme + q sem contato com as paredes do condutor. Mostre que isso induz uma carga – q na superfície interna do condutor ( as paredes do orifício ) e uma carga + q na superfície externa. Fonte 53 SOLUÇÃO EXEMPLO 3 Como já discutido antes, o campo no interior do condutor é zero. Isso significa que o fluxo através da superfície pontilhada é zero. Usando a Lei de Gauss: Vemos que existe uma carga +q no interior da cavidade. Se a superfície gaussiana (pontilhada) encerra uma carga total igual a zero, então Uma vez que no interior de um condutor isolado não podem existir cargas, o único lugar aonde essa carga – q pode estar é na superfície interna da cavidade. Determinando a carga na superfície externa do condutor: Vamos usar a lei da conservação de cargas: Como o condutor estava inicialmente neutro, sua carga inicial era zero: A carga se conserva, então: Uma vez que no interior de um condutor isolado não podem existir cargas, o único lugar aonde essa carga – q pode estar é na superfície interna da cavidade. EXERCITANDO 54 Uma carga puntiforme + Q é colocada no centro de uma casca esférica metálica que inicialmente possui uma carga negativa – 4Q. Determine as cargas nas superfícies interna e externa da casca metálica, usando a Lei de Gauss e a Lei de conservação da carga elétrica. Não se esqueça que deve JUSTIFICAR TODAS AS SUAS RESPOSTAS! ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Caro aluno, os problemas propostos neste portfólio devem ser resolvidos por você. Você deve se esforçar ao máximo para obter a solução dos problemas por seus próprios meios. Isso não invalida o estudo em grupo, que é uma coisa muito diferente de copiar a solução dos exercícios do colega. Aliás, essa não é uma atitude inteligente. Na hora da prova você não poderá contar com essa “facilidade”. Agora, resolva os exercícios (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e coloque-os no seu portfólio. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/raios.htm 2. http://www.geocities.ws/ saladefisica8/eletrostatica/ campo60.jpg 3. http://satie.if.usp.br/cursos/aulas_fis3/notas_de_aula/node17.html 4. http://www.afsystem.com.br/images/gaiola3.gif 5. http://www.daee.sp.gov.br/acervoepesquisa/relatorios/revista/raee990 4/imagens/foto34.jpg 6. http://www.cepa.if.usp.br/e-fisica/eletricidade/basico/cap03/cap3_10. php 7. http://www.inf.unisinos.br/~goedert/Fluxo_Magnetico/Fluxo.html 8. http://www.fe.up.pt/si/conteudos _service.conteudos_cont?pct _id=37768&pv_cod=28HawaT7aaas 9. http://www.fe.up.pt/si/conteudos_service.conteudos_cont? pct_id=37768&pv_cod=28HawaT7aaas Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 55 TÓPICO 01: ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA Quando se fala em energia elétrica, a primeira coisa que vem à cabeça de muita gente é a conta da luz. Falando nisso, você sabe “ler” a conta de luz da sua casa? Quer aprender? ENTENDENDO A CONTA DE LUZ Para entender a sua conta de luz, é útil que você saiba um pouquinho sobre como a energia elétrica chega até sua casa. A figura abaixo ilustra esse processo. Saiba que você paga por cada etapa e paga mais ainda pelos impostos. Fonte [1] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) O que está embutido na sua conta de energia? Fonte [2] No gráfico abaixo, você pode ver para cada item, os percentuais que você paga na sua conta de energia elétrica, todo mês. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 02: O POTENCIAL ELÉTRICO 56 Veja na conta abaixo, que o senhor Fulano de Tal dos Anzóis que pagou R$ 103,83 pela conta de energia em maio de 2006, consumiu apenas R$ 37,95 de energia elétrica e, pela transmissão (no nosso caso de Paulo Afonso até aqui), pagou apenas R$ 4,56. Fonte ◾ CONSUMO-MÊS ATUAL - quantidade de energia utilizada ao longo de trinta dias, medida pela unidade QUILOWATT- HORA (KWH). QUILOWATT-HORA, o que é isso? CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA: Na prática, é utilizada a unidade quilowatt-hora (kWh) em vez do joule. O quilowatt-hora (kWh) representa mil (1000) watt-hora. Fator de conversão entre o quilowatt-hora (kWh) e o Joule (J): ◾ FORNECIMENTO - é a tarifa expressa em R$/kWh, aplicada ao consumo que apareceu no medidor de energia elétrica. ◾ ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias, Bens e Serviços pago aos Estados e Distrito Federal pela prestação do serviço de fornecimento de energia. 57 DICA Se você quer ficar por dentro de sua conta de luz, clique aqui: Cartilha Coelce [3] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) E se quer economizar energia, quem é que não quer? Clique aqui: Agencia Nacional de Energia Elétrica [4] No Brasil, o custo do kWh varia de acordo com a região, e com a faixa de consumo. Para consumidores residenciais no estado do Ceará custa cerca de R$ 0,49. Desta forma é possível calcular o consumo de qualquer aparelho elétrico a partir do seu tempo de utilização. Estudando Física Introdutória I você aprendeu sobre : VERSÃO TEXTUAL ENERGIA é a capacidade que um sistema possui de realizar trabalho. Trabalho é a energia gasta para deslocar um corpo por uma certa distância Você pode perceber que trabalho é energia, por isso energia e trabalho têm a mesma unidade: Joule. Agora que o objetivo é aprender ELETRICIDADE, queremos saber como relacionar trabalho e energia quando o corpo possui CARGA. OBSERVAÇÃO Você pode perceber que trabalho é energia, por isso energia e trabalho têm a mesma unidade: Joule. Agora que o objetivo é aprender ELETRICIDADE, queremos saber como relacionar trabalho e energia quando o corpo possui CARGA. ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL E ELÉTRICA Você já viu que as forças gravitacional e elétrica são semelhantes: 58 Esta experiência todo mundo já fez na vida: Pegar uma pedra (de massa m) que está no chão e erguê-la até a uma certa altura (h) do solo. Se você soltar a pedra, ela ganha velocidade para baixo (aumenta sua energia cinética) até chocar-se contra o solo. Mas onde estava a energia quando a pedra estava no alto? Você sabe que se a pedra for solta, ela cairá na direção da Terra, sob a ação do seu peso MG. Mas você também tem certezaque a pedra não foi parar lá em cima sozinha. O que foi preciso fazer para que ela chegasse até a altura h? Ela teve que ser levada por um agente externo, pode ter sido você, que trabalhou contra a força da gravidade ( o peso da pedra). Essa energia que você gastou para levar a pedra até a altura h, que foi o trabalho realizado, que como você já viu, fica armazenada na forma de ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL. Podemos considerar que a energia potencial está na interação do campo gravitacional da Terra com a pedra. A energia cinética que a pedra foi acumulando até chegar ao solo corresponde à mesma quantidade de energia que você lhe forneceu ao erguê-la. Quando a pedra foi abandonada, ela caiu atraída pela Terra e sua energia potencial gravitacional se transformou em energia cinética. Estamos desprezando quaisquer perdas de energia. OBSERVAÇÃO Na aula 1, você viu que se você tenta aproximar dois objetos com carga elétrica positiva, eles “tentam” resistir (existe uma força que tende a separá-los). Para aproximá-los, VOCÊ PRECISA VENCER ESTA FORÇA. O mesmo aconteceria se os objetos tivessem cargas negativas. Cargas de mesmo sinal não gostam de ficar juntas: elas se repelem. E se os dois objetos têm cargas de sinais contrários, um com carga elétrica positiva e outro com carga elétrica negativa? Você já sabe que nesse caso existe uma atração fatal entre eles. Imagine agora que esses dois objetos carregados com cargas de sinais contrários estão inicialmente próximos um do outro. Quando você tenta afastá-los, você percebe uma força que tende a reaproximá-los. Cargas de sinais contrários gostam de ficar juntas: elas se atraem. Se você os afastar um pouco e depois os soltar, eles serão acelerados um na direção do outro, aumentando sua velocidade de aproximação o que aumenta a sua energia cinética. DÚVIDA 59 Mas, espere um pouco. Nós já sabemos que energia não pode ser criada (nem destruída), então essa energia cinética surgiu de onde? Considere na figura acima a carga Q negativa. Pela Lei de Coulomb as cargas – Q e + q0 se atrairão irresistivelmente. Para levar a carga +q0 a ficar afastada de –Q pela distância h, você precisou realizar uma certa quantidade de trabalho, ou seja, gastou energia, pois a ordem natural das coisas diz que essas cargas querem ficar juntas. Se a carga + q0 for solta, ela se deslocará na direção da carga – Q, transformando a energia potencial que estava armazenada em energia cinética. Nesse caso, a energia potencial não é do tipo gravitacional e sim ELÉTRICA. E se as cargas tivessem o MESMO SINAL? Nesse caso ao invés de atração teríamos uma repulsão. As cargas não querem ficar juntas e se você quiser aproximá-las, terá que fazer muita força para isso, isto é, terá que realizar trabalho que também ficará armazenado na forma de ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA. Experimente soltar a carga q0, ela seria repelida para longe da carga Q. A analogia com o caso gravitacional é perfeita, com exceção do fato das forças elétricas poderem ser atrativas e repulsivas, enquanto as forças gravitacionais são sempre atrativas. PARADA OBRIGATÓRIA Energia Potencial Elétrica para duas cargas puntiformes q1 e q2 separadas pela distância d A energia potencial elétrica é uma grandeza escalar. Para um sistema de mais de duas cargas, a energia potencial é a soma algébrica das energias correspondentes a cada par de cargas. ENERGIA POTENCIAL DE UM SISTEMA DE CARGAS Não diz o provérbio que um exemplo vale mais do que mil palavras? Então veja agora esse exemplo que “fala” para você sobre a energia de um sistema de mais de duas cargas. EXEMPLO Três cargas estão dispostas como se vê na figura abaixo. Qual é a energia potencial do sistema se q=10-7 C e d=10 cm? 60 SOLUÇÃO DO EXEMPLO A energia potencial da configuração é o trabalho necessário para reunir todas as cargas. U=U12 + U13 + U23 Substituindo os valores teremos: Qual é o significado físico do sinal negativo da energia? O sinal negativo da energia significa que será preciso realizar trabalho sobre o sistema. Para separar os objetos você precisa realizar um trabalho o que significa que você está fornecendo energia ao sistema. Se você fornecesse suficiente energia a ponto de separar as cargas a tal distância que a força de atração entre elas se tornasse imperceptível, então você teria trazido o sistema a uma situação em que a energia potencial é praticamente nula. Veja só, se as cargas estão tão distantes uma da outra que a atração entre elas deixa de existir, deixará também de haver qualquer interação energética entre elas. Lembra daquele ditado popular, longe dos olhos mas perto do coração? Pois na Eletrostática o que vale é: longe dos olhos, longe do coração! Se as cargas estão muito distantes uma da outra, dizemos que elas estão no infinito, então elas não interagem. Para chegar a essa situação é preciso realizar um trabalho. É preciso fornecer energia ao sistema para que a energia potencial seja zero no infinito. ISTO SIGNIFICA QUE A ENERGIA POTENCIAL ERA NEGATIVA QUANDO OS OBJETOS ESTAVAM PRÓXIMOS. No exemplo acima, se todas as cargas tivessem o mesmo sinal positivo, o valor da energia potencial seria: 61 Mas para colocar essas três cargas positivas de mesmo sinal na posição da figura, seria preciso realizar muito trabalho. Você já sabe que quando tenta aproximar dois ou mais objetos com carga elétrica de mesmo sinal, há uma resistência. Existe uma força que tende a separá-los, a força devido à repulsão coulombiana. Para aproximá-los você precisa realizar trabalho para vencer esta força. E realizar trabalho, você já sabe, significa fornecer energia. Portanto ao vencer a força de repulsão, você está aumentando a energia potencial dos objetos carregados. Se eles forem libertados, a energia potencial será liberada na forma de energia cinética. Como já consideramos antes, se os objetos carregados estiverem tão distantes a ponto de praticamente não interagirem, podemos considerar sua energia de interação, ou ENERGIA POTENCIAL, COMO SENDO APROXIMADAMENTE ZERO. Quando você aproxima cargas elétricas que se repelem (ou seja, possuem o mesmo sinal), você está fornecendo energia ao sistema. Se a energia potencial era nula antes de você fazer isso, ela se torna positiva após o processo. Corpos com cargas elétricas iguais acabam se afastando se você para de tentar aproximá-los. Quando a energia potencial de um sistema é negativa, o sistema tende a permanecer unido, ou ligado. Quanto mais negativa for a energia potencial, mas difícil será separar as cargas. Quando a energia potencial é positiva, o sistema tende a se separar. Quanto mais positiva for a energia potencial, mas difícil será juntar as cargas. Veja agora alguns modelos de exercícios resolvidos aonde você poderá se inspirar para resolver depois as listas do seu portfólio. EXEMPLOS RESOLVIDOS TENTE RESOLVER ANTES DE VER A SOLUÇÃO EXEMPLO RESOLVIDO 1 62 Três cargas puntiformes, positivas, estão dispostas nos vértices de um quadrado, como mostra a figura abaixo. Determine a energia potencial eletrostática do sistema de partículas. Resposta: U=2,76 x 10-7 J SOLUÇÃO DO EXEMPLO RESOLVIDO 1 Será preciso calcular a distância d13 entre as cargas q1 e q3: Usando o Teorema de Pitágoras: Substituindo os valores teremos: EXEMPLO RESOLVIDO 2 Dois prótons de um núcleo de urânio-238 (U238) estão separados por uma distância de 6,0 fm. Qual é o valor da energia potencial elétrica? Resposta: U = 3,8 x 10-14J SOLUÇÃO DO EXEMPLO RESOLVIDO 2 63 EXEMPLO RESOLVIDO 3 A figura abaixo mostra quatro cargas puntiformesde mesmo valor (230 pC), dispostas nos quatro vértices de um quadrado de lado A (30 CM). Determine o trabalho necessário para reunir essas cargas na disposição mostrada na figura. SOLUÇÃO DO EXEMPLO RESOLVIDO 3 O trabalho necessário para reunir as cargas, é exatamente a energia potencial do sistema. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Catilha_1p_atual.pdf 2. http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Catilha_1p_atual.Pdf 3. http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Cartilha_COELCE2.pdf 4. http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/aneel_luz/default.html 5. http://www.adobe.com/go/getflashplayer Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 64 TÓPICO 02: DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO Nesta aula você vai aprender sobre o Potencial Elétrico e ficará em condições de criticar, com base na Física, uma notícia como essa, que por mais trágica que seja, está fisicamente errada, pois não é a voltagem que pode matar uma pessoa e sim a corrente elétrica que você estudará na aula 4. PARADA OBRIGATÓRIA Se uma carga de prova q0 for transportada em equilíbrio entre dois pontos A e B em uma região aonde existe um campo elétrico, um trabalho WAB deverá ser realizado. A diferença de potencial (ddp) entre os pontos A e B é definida como: O Potencial elétrico é uma grandeza escalar DIFERENÇA DE POTENCIAL A figura abaixo mostra uma carga puntiforme Q positiva e algumas linhas do campo elétrico gerado por ela. Se uma carga de prova q0 também positiva for colocada a uma distância r de Q, ela ficará sujeita à ação de uma força F como mostra a figura. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 02: O POTENCIAL ELÉTRICO 65 Esse movimento da carga q0 é o resultado da repulsão coulombiana em virtude das cargas terem o mesmo sinal. Se você quiser que a carga + q0 se aproxime da carga Q, vai precisar realizar trabalho. Se a carga q0 fosse negativa? Também nesse caso seria necessário realizar um trabalho se você quiser afastar a carga –q0, já que cargas de sinais opostos mantêm aquele irresistível desejo de ficarem juntas, que se chama atração coulombiana. Em qualquer um dos casos, para a carga ser transportada entre dois pontos, é necessário que um agente externo realize trabalho sobre ela. Para que você possa calcular esse trabalho, é conveniente que a carga seja levada em equilíbrio através dos dois pontos, pois dessa forma você sempre saberá que a força empregada pelo agente externo é, em módulo, igual à força elétrica que você já aprendeu na aula 1 que é igual a: O trabalho realizado para transportar a carga q0 em equilíbrio entre dois pontos A e B, dividido pela carga é a diferença de potencial entre A e B. Se o ponto A estiver muito distante, tão distante que a influência da carga Q não é mais percebida, atribui-se a esse ponto o potencial zero. Nesse caso, temos o valor do potencial no ponto B. 66 OLHANDO DE PERTO Só faz sentido falar em potencial elétrico em um ponto, se tomarmos um ponto de referência em que se atribui o valor zero de potencial. Em geral considera-se o potencial zero em um ponto no infinito, ou seja, muito distante de todas as cargas presentes. Essa escolha é totalmente arbitrária. Em muitos problemas envolvendo circuitos elétricos é escolhido o potencial zero na terra. Veja que a diferença de potencial (ddp) é definida como: A unidade da ddp é Joule/Coulomb. Essa unidade recebeu um nome especial, VOLT, NO SISTEMA SI, em homenagem ao físico italiano Alessandro Volta (1745-1827) Clique aqui para conhecer Alessandro Volta: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alessandro_Volta [1]. Símbolo de Volt: V A PILHA DE VOLTA Alessandro Volta foi o inventor da pilha elétrica. A pilha de Volta tinha o seguinte: FORMATO DE UMA PILHA Uma pilha de discos de cobre e zinco intercalados por discos de feltro embebidos em ácido sulfúrico diluído em água. Os discos colocados uns sobre os outros formavam uma pilha que deu origem ao nome que se usa até hoje, embora as pilhas atuais sejam construídas de outra maneira. Fonte [2] Embora as pilhas atuais não sejam formadas por empilhamento de discos, o princípio de funcionamento, é o mesmo da pilha construída por Alessandro Volta. ANATOMIA DE UMA PILHA A parte externa (capa exterior) da pilha é construída em zinco e é, em geral, coberta com papelão ou plástico para evitar o derrame. No interior da pilha existe um bastão de grafite (carbono) que faz o papel do outro metal que Volta utilizava. O recipiente é preenchido com uma pasta úmida, constituída por alguns sais e óxido de manganês que substitui a solução de ácido diluído da pilha de Volta. A placa de zinco e o óxido de manganês 67 presente na pasta úmida interagem, na presença dos sais e do carbono, gerando uma corrente elétrica. Com o uso, as quantidades das substâncias que reagem diminuem e a produção de energia elétrica também diminui. Quando não há mais reações, diz-se que a pilha descarregou. Fonte [3] A DIFERENÇA DE POTENCIAL NO DIA A DIA Por que é importante saber esse assunto? Porque você o encontra em todo lugar a todo instante. Quando você compra uma pilha para a sua lanterna, uma bateria para o controle remoto do carrinho de seu filho, ou quando vai ligar um aparelho elétrico na tomada de sua casa. Qual é a primeira coisa que você faz? Se respondeu verificar a voltagem, parabéns!! Acertou em cheio. VOLTAGEM É A DENOMINAÇÃO POPULAR QUE SE USA PARA A DIFERENÇA DE POTENCIAL ( DDP) Se sua lanterna funciona com 2 pilhas de 1,5 V, você só compra as pilhas com essa voltagem. Uma bateria para controle remoto de um carrinho de brinquedo, deve ter 9,0 V. Fonte [4] Quando vai ligar um aparelho elétrico na tomada, Se ele funciona com ddp de 110V, você não pode ligar direto numa tomada cuja ddp é 220V. Você queima o aparelho. 68 Fonte [5] A ddp entre dois pontos, significa que as cargas elétricas ficam “com vontade” de se mover entre esses dois pontos. Se isso for permitido, elas se movem. Uma voltagem de 220 V entre dois pontos, significa que para cada coulomb de carga que se movimente entre esses dois pontos, 220 J de energia são transferidos para essa carga. Se o aparelho foi feito para funcionar com 110 V, ele não suportará uma energia de 220 J. Ele queima! EXPERIMENTOS SIMPLES QUE VOCÊ PODE FAZER EM CASA EXEMPLOS Se você gosta de experimentar, é daqueles que só acreditam vendo, então tente você mesmo realizar essas experiências simples: ◾ Construir uma pilha artesanal. ◾ Utilizar um limão ou até uma batata para fazer a sua pilha. SUGESTÕES Fonte [6] SUGESTÃO 2 A eletricidade que vem da feira 69 Fonte [7] O sumo do limão tem propriedades químicas ácidas. Introduzindo no limão, objetos metálicos (metais diferentes) por exemplo cobre e zinco, a uma pequena distância um do outro, iremos provocar uma reação química, da qual resultará a produção de eletricidade. Amasse um limão, rolando-o sobre a mesa, pressionando-o com a mão. Dessa forma você quebra os gomos a fim de que o sumo seja liberado no interior do limão. Espete um clipe metálico e um pedaço de fio de cobre no limão. Mantenha as extremidades dos metais próximas, mas sem se tocarem, e depois as encoste na língua. O leve formigamento e o gosto metálico que você experimenta são causados por uma pequena corrente elétrica que a pilha de limão movimenta através das pontas metálicas, quando sua língua molhada de saliva completa o circuito. Variações possíveis: Você pode usar um fone de ouvido para captar o sinal elétrico da corrente. O limão pode ser substituído por uma batata.FONTES DAS IMAGENS 1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Alessandro_Volta 2. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/pilha/pilha_volta/ 3. http://www.jorgeneto.eprofes.net/pilhas.htm 4. http://site.rayovac.com.br/ 5. http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/foto/0,,11087029-EX,00.jpg 6. http://eduardopaulo.no.sapo.pt/galena.htm 7. http://www.jorgeneto.eprofes.net/pilhas.htm Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 70 TÓPICO 03: POTENCIAL DE UMA CARGA PUNTIFORME Imagine que você veio trazendo uma carga + q0 desde um ponto infinitamente distante até o ponto P, situado a uma distância D da carga puntiforme +Q. Como as cargas têm o mesmo sinal, elas se repelem e você precisou realizar um trabalho para aproximar a carga +q0 e colocá-la no ponto P. A ddp no ponto P devido à carga Q, é dada por DETALHAMENTO DO CÁLCULO Da definição de ddp você tem: Onde WAB é o trabalho que você teve que realizar para trazer a carga de prova +q0 desde um ponto infinitamente distante, em equilíbrio até o ponto P. Lembre-se de que para realizar esse trabalho, você teve que “enfrentar” a repulsão coulombiana. Como a energia nunca se perde, a energia que você gastou realizando esse trabalho,vai ficar armazenada na forma de energia potencial elétrica. É essa energia armazenada que faz com a carga q0 se afaste rapidamente da carga Q, quando for liberada. No tópico 1 desta aula você aprendeu sobre a energia potencial elétrica (aproveite e faça uma revisão). Para esse sistema de 2 cargas a energia é: Substituindo a expressão da energia na equação para a ddp, teremos: FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 02: O POTENCIAL ELÉTRICO 71 Se o ponto A é considerado no infinito, podemos arbitrar o potencial desse ponto como sendo zero. Nesse caso o potencial VB será chamado simplesmente de V. Se VA= zero e VB=V, temos: que é o potencial de uma carga puntiforme +Q. DICA Se a carga Q for negativa? Nesse caso o seu potencial no ponto P será: PARADA OBRIGATÓRIA O potencial é uma grandeza escalar e você deve levar em consideração o sinal da carga. FONTES DAS IMAGENS Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 72 TÓPICO 04: DIFERENÇA DE POTENCIAL E CAMPO ELÉTRICO É possível determinar a diferença de potencial elétrico conhecendo-se o campo elétrico. Lembra do estudo do campo elétrico? Você viu que as linhas de campo representam o campo elétrico. No caso de um campo uniforme as linhas são paralelas como na figura abaixo: Fonte [1] A ddp entre dois pontos de uma região de campo uniforme, tem módulo dado por: Quanto maior a separação entre os dois pontos, maior será a diferença de potencial. A expressão acima só é válida para campos uniformes (constantes). DIFERENÇA DE POTENCIAL EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME Imagine que você deseja levar uma carga de prova do ponto A até o ponto B em uma região aonde existe um campo elétrico uniforme, como na figura abaixo. Fonte [2] A força elétrica sobre a carga é dada por: O trabalho da força elétrica é: Se você levar a carga em equilíbrio, de A até B, terá que empregar uma força F igual e contrária à força elétrica, o que significa que o FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 02: O POTENCIAL ELÉTRICO 73 trabalho feito por você (WAB) será igual (em módulo) ao trabalho da força elétrica. Usando a definição de ddp: Observe que sendo VB – VA negativo, significa VB VA. O potencial do ponto B é menor do que o do ponto A. Veja as linhas de campo na figura acima. Lembra da aula 1? Uma linha de campo (ou de força) sempre começa em cargas positivas e termina em cargas negativas. Olhe mais uma vez para a figura. Você pode concluir que em algum lugar, à direita devem existir cargas negativas. Se você largar a carga q0, de modo que ela agora é livre, ela será atraída para a região aonde supostamente existem cargas de sinal contrário ao dela. A carga de prova, aqui considerada positiva, seguirá espontaneamente para a direita, para o lado do ponto B, aonde o potencial é menor do que em A. Para levar a carga em equilíbrio de A para B, você precisa segurá- la (realizar trabalho), do contrário ela se acelera naturalmente de A para B. Se a carga fosse levada de B para A o resultado seria DESAFIO Tente provar isso. Uma carga positiva sempre se move espontaneamente para as regiões de menor potencial. Uma carga negativa sempre se move espontaneamente para as regiões de maior potencial. 74 Você acabou de ver como calcular uma diferença de potencial entre dois pontos de uma região aonde existe um campo elétrico uniforme. Mas você sabe muito bem que nem todos os campos elétricos são uniformes. Basta ver o exemplo do campo elétrico de uma carga puntiforme. Ele não é uniforme, as suas linhas não são paralelas. DESAFIO Como se pode relacionar o potencial elétrico com o campo elétrico nos casos em que o campo não é uniforme e sim variável? E se a carga não se move em linha reta? A figura abaixo mostra uma carga q se move de A para B em um campo elétrico não uniforme sob a ação de agente externo que exerce sobre ela una força F. A linha vermelha mostra a trajetória da carga. Fonte [3] Em uma região de campo não uniforme, a ddp está relacionada com o campo elétrico assim: é um deslocamento muito pequeno sofrido pela carga e uma variação muito pequena no potencial. COMO DETERMINAR O CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DO POTENCIAL Suponha que a carga de prova q0 se move entre dois pontos muito próximos, separados pela distância muito pequena. O trabalho para mover essa carga pode ser escrito como W=F O deslocamento é tão pequeno que podemos considerar a força como se fosse constante. Mas essa força, deve ter o mesmo módulo e sentido contrário à força elétrica para que a carga se mova equilibrada. Assim se , o trabalho de F será: A ddp fica assim: 75 Se não houver variação de potencial, o campo é zero, que é equivalente a dizer: o potencial só varia se houver um campo resultante diferente de zero. NA AUSÊNCIA DE CAMPO ELÉTRICO O POTENCIAL NÃO VARIA PODE-SE DIZER QUE O CAMPO ELÉTRICO É O RESPONSÁVEL PELA VARIAÇÃO DO POTENCIAL. Na aula 1, você aprendeu que no interior dos condutores em equilíbrio eletrostático ou isolados, o campo elétrico é zero. LEMBRE-SE: representa a variação do potencial. Se =0, então V não varia, ou seja, permanece constante. As figuras abaixo ilustram o campo elétrico e o potencial de uma esfera de raio R carregada com uma carga Q. é o campo na superfície externa do condutor (r= R). é o campo em qualquer ponto fora da esfera, a uma distância r > R. 76 E= 0 no interior da esfera (r R). O POTENCIAL ELÉTRICO é o campo na superfície externa do condutor (r = R). é o campo em qualquer ponto fora da esfera, a uma distância r > R. no interior da esfera ( r < R). FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.coladaweb.com/questoes/fisica/camelumi.htm 2. http://www.coladaweb.com/questoes/fisica/camelumi.htm 3. http://www.arikah.net/enciclopedia-espanola/Potencial_el%C3% A9ctrico Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 77 TÓPICO 05: POTENCIAL DE VÁRIAS CARGAS PUNTIFORMES Se você quer determinar o potencial de um sistema de várias cargas puntiformes, você deve proceder da seguinte maneira: 1. Calcule o potencial de cada carga como se ela estivesse sozinha. 2. Some algebricamente todos os potenciais obtidos individualmente. Se você tem um sistema de N cargas puntiformes,o potencial em um dado ponto será o resultado da soma algébrica dos potenciais de cada carga naquele ponto. Não se esqueça, que estamos considerando o potencial inicial igual a zero (no infinito) A soma dos potenciais individuais deve levar em conta o sinal de cada carga Um exemplo resolvido pode mostrar claramente esse procedimento. A soma dos potenciais individuais deve levar em conta o sinal de cada carga EXEMPLO RESOLVIDO Quatro cargas puntiformes são colocadas nos vértices de um quadrado de lado a=1,0 m. Suponha que q1=+1,0 x 10 -8 C, q2= – 2,0 x 10 -8 C, q3=+3,0 x 10 -8 C e q4=+2,0 x 10 -8 C. Determine o potencial no centro do quadrado. SOLUÇÃO DO EXEMPLO RESOLVIDO O potencial de cada carga no centro do quadrado é: FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 02: O POTENCIAL ELÉTRICO 78 Lembre-se, estamos considerando o potencial no infinito igual a zero. O potencial no centro do quadrado é: d é distância de cada carga ao centro do quadrado. Vamos calcular d? Veja o triângulo retângulo pontilhado em vermelho. Os catetos são os lados do quadrado (a) e a hipotenusa é a diagonal (D). A distância d é metade de diagonal D. Usando o Teorema de Pitágoras: Então : Vamos agora substituir os valores dados: FONTES DAS IMAGENS Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 79 TÓPICO 06: SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS Você sabia que o prefixo EQUI vem do latim AEQUUS E significa igual? Equipotencial então, significa potencial igual, ou mesmo potencial. Quando você toca um objeto sólido, você está tocando a sua superfície. Geometricamente, a área de um objeto é a sua superfície de contato. Na química, onde você estuda as reações, a superfície de contato é um fator que influencia na rapidez de uma reação química. Nos sólidos, as reações químicas começam na superfície externa para depois alcançarem seu interior. A superfície externa é que propicia o contato direto entre os reagentes. E na Física, o que vem a ser uma SUPERFÍCIE EQUIPOTENCIAL? PARADA OBRIGATÓRIA Superfície equipotencial é uma superfície em que todos os pontos têm o mesmo potencial. O trabalho para transportar uma carga sobre uma superfície equipotencial é zero A definição de diferença de potencial nos diz que: SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS Volte ao tópico 3 e veja o potencial de uma carga puntiforme q: FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 02: O POTENCIAL ELÉTRICO 80 Veja que todos os pontos que estão na linha pontilhada de raio r terão o mesmo potencial. As linhas de campo se distribuem em todas as direções, de modo que você pode pensar em superfícies esféricas em volta da carga e que em todos os pontos dessas superfícies esféricas o valor do potencial é o mesmo. Não importa se a carga é positiva ou negativa, as superfícies equipotenciais serão esferas centradas na carga. No caso de um campo uniforme, as superfícies equipotenciais são planos paralelos, perpendiculares às linhas de campo elétrico. OLHANDO DE PERTO As linhas de força de um campo elétrico são perpendiculares às superfícies equipotenciais. 81 Fonte [1] OLHANDO DE PERTO Por que as linhas de campo devem ser perpendiculares às superfícies equipotenciais? PARA SABER A RESPOSTA Suponha que o campo não seja perpendicular à superfície equipotencial. Isso significa que uma linha de força qualquer não é perpendicular à superfície equipotencial S como mostrado na figura abaixo. Como você aprendeu na aula 1 que o vetor campo elétrico é tangente à linha de força, ele também não seria perpendicular à superfície, e no ponto A ele poderia ser decomposto em duas componentes: uma tangente à superfície e outra perpendicular ou normal à superfície. Uma carga elétrica puntiforme q colocada no ponto A ficaria então sujeita a duas forças: uma tangente à superfície e outra normal à superfície. Fonte Sob a ação da força tangente a carga seria deslocada ao longo da tangente, isto é, ao longo da superfície S. Mas, como a superfície é equipotencial, isso não é possível. Logo também não é possível a decomposição do vetor em uma componente tangencial. A única direção possível para o campo elétrico nesse caso é a normal à superfície. ALGUNS EXEMPLOS DE SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS UMA CARGA PUNTIFORME Fonte [2] UM DIPOLO 82 Fonte [3] FONTES DAS IMAGENS 1. http://baldufa.upc.es/baldufa/parti/h0/h0b0/h0b0.htm 2. http://www.educarchile.cl/PSU/docentes/Contenidos.aspx? sector=4&nivel=4&eje_tem_sem=120 3. http://www.educarchile.cl/PSU/docentes/Contenidos.aspx? sector=4&nivel=4&eje_tem_sem=120 Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 83 TÓPICO 07: O PODER DAS PONTAS No tópico 4 da Aula 1 falamos sobre raios, um fenômeno natural em que a eletricidade da natureza se manifesta com toda a sua força. As diferenças de potencial chegam a atingir valores da ordem de 125 milhões de volts e a temperatura pode chegar a 25 mil graus Celsius. Algumas das recomendações para as pessoas se protegerem dos raios, são: Evitar: • ficar embaixo de árvores ou em descampados; • segurar objetos metálicos longos, como vara de pescar, etc.; • permanecer no topo de morros ou cordilheiras. Você vai aprender, neste tópico, a razão para essas recomendações. Um condutor carregado em equilíbrio eletrostático, você já sabe, só pode ter cargas na sua superfície. Se o condutor for esférico, a carga se distribui de modo homogêneo sobre a superfície. Mas todos nós sabemos muito bem, que nem todos os condutores são esféricos. Em um condutor de forma arbitrária, a concentração de cargas é maior nas partes pontiagudas. A concentração de cargas é a densidade superficial de cargas, isto é, a carga por unidade de área da superfície do condutor. DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS NA SUPERFÍCIE DE UM CONDUTOR Você já está sabendo que o potencial elétrico de um condutor esférico de raio R, carregado com uma carga Q é igual ao de uma carga puntiforme: Onde VS é o potencial na superfície da esfera. Considere 2 esferas de raios R1 e R2, com R2 > R1. As duas esferas estão carregadas com cargas Q1 e Q2. Os potenciais na superfície de cada uma delas é: FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 02: O POTENCIAL ELÉTRICO 84 Agora imagine que os potenciais nas superfícies são iguais. Então teremos: A distribuição das cargas na superfície, define o que chamamos densidade superficial de cargas que representamos pela letra grega Se substituímos a equação (4) por cada carga Q na equação (3) teremos: OBSERVAÇÃO Concluímos que se dois condutores esféricos carregados têm raios diferentes, a concentração (densidade) de cargas será maior naquele de menor raio. No caso geral de um condutor de forma qualquer, a maior concentração de cargas ocorre nas regiões que apresentam saliências pontiagudas. Esse fenômeno é conhecido como PODER DAS PONTAS A distribuição das cargas na superfície de um condutor carregado e isolado não é uniforme, mas a superfície do condutor SEMPRE será uma superfície equipotencial. As cargas se distribuem de modo a deixar a superfície do condutor em um mesmo potencial. Nas regiões onde a concentração de cargas é muito grande o campo elétrico pode se tornar muito intenso ionizando o ar ao seu redor, o que pode provocar uma descarga em corona. 85 Fonte [1] CURIOSIDADE Você sabia que a NASA lançou no espaço, em 24/10/1998 a missão DEEP SPACE 1 (Espaço Profundo) e que o sistema de propulsão dessa sonda supermoderna é baseado no poder das pontas? É o chamado motor iônico. OLHANDO DE PERTO Para sabersobre a técnica dos motores iônicos, clique : Inovação Tecnológica- Nave com motor iônico [2] Inovação Tecnológica- Motor iônico da SMART-1 [3] COMO UM ISOLANTE PODE SE TORNAR CONDUTOR? Você aprendeu na aula 1 desta disciplina que um isolante se diferencia de um condutor pelo fato do condutor ter cargas livres para se moverem, o que não ocorre nos isolantes. Nos isolantes os elétrons estão presos aos núcleos dos átomos, de modo que não existem cargas livres na estrutura interna destes materiais. O ar, por exemplo, em certas condições é um isolante. Se os elétrons estão presos aos núcleos, seria necessária uma força bem grande para libertá-los. Lembre-se que a força elétrica é bastante forte. Agora veja o caso do condutor pontiagudo mostrado acima. Como há uma grande concentração de cargas nas vizinhanças da ponta, o campo elétrico aí, será muito intenso. Ora, você também já aprendeu que qualquer carga elétrica na presença de um campo, fica sujeita à ação de uma força: 86 Estando o objeto pontiagudo no ar (isolante), ele estará cercado por átomos por todos os lados. Os elétrons dos átomos do isolante (o ar), ficarão sujeitos à ação da força elétrica que atuará sobre todos, tendendo a arrancá-los dos seus átomos. Se o campo elétrico aplicado for forte o suficiente, os elétrons serão arrancados dos átomos e se tornarão elétrons livres. O átomo, por sua vez, ao perder elétrons, torna-se um íon, um átomo com desequilíbrio elétrico. Agora com elétrons livres presentes (cargas negativas) e íons positivos, o material, no caso o ar, passa a ser condutor de eletricidade. Este processo pode ocorrer com qualquer isolante, dependendo apenas do valor do campo elétrico aplicado. O maior valor do campo elétrico aplicado a um isolante, a partir do qual ele se torna um condutor, é chamado de RIGIDEZ DIELÉTRICA. A rigidez dielétrica do ar vale cerca de 3 x 106 N/C NÃO SE ESQUEÇA: Rigidez dielétrica é o valor máximo de um campo elétrico, que aplicado, pode transformar um isolante em um condutor. Entendeu agora porque não se deve ficar perto de pontas agudas durante uma tempestade? Fonte [4] Se você ficar no cume da colina, em campo aberto ou sob uma árvore, você é que fará o papel da “ponta” carregada. Não se esqueça que nosso corpo é um condutor de eletricidade. COMO SE PROTEGER NA TEMPESTADE Durante uma tempestade, uma pessoa pode sentir que vai ser atingida por um raio, porque a pele começa a formigar e os pelos do corpo se eriçam. Por que isso acontece? Você já foi ao supermercado e ao puxar o saquinho plástico para embalar as verduras, sentiu que os pelos do seu braço ficam eriçados? O saquinho fica eletrizado quando você o puxa do rolo e então atrai os pelos do seu braço. 87 Se os saquinhos plásticos de supermercado ficam eletrizados com um simples puxão, imagine como fica o ar em volta de você, na iminência de cair um raio! Se você estiver em um descampado e for surpreendido por uma forte tempestade, não corra para baixo de nenhuma árvore, nesse caso é melhor ficar molhado. Apenas se agache, mantendo os pés bem juntos e não toque no solo. Fonte [5] Agora você já sabe que objetos pontiagudos como árvores, postes, edifícios, são favoráveis ao acúmulo de cargas, ou seja, nesses objetos é muito favorável o aparecimento do fenômeno “poder das pontas” portanto, devem ser evitados durante tempestades. Um para-raios é um equipamento que usa o poder das pontas para proteger a região aonde ele é instalado. O PARA-RAIOS Quando uma nuvem carregada se aproxima de uma região, ela induz cargas de sinal contrário no solo que fica eletrizado. Se nessa região existir um para-raios, este, também ficará eletrizado, mas devido ao poder das pontas um maior número de cargas elétricas irá se concentrar nas pontas do para-raios. Após uma certa concentração de cargas nessas pontas, o campo elétrico se torna tão intenso que ocorre a quebra da rigidez dielétrica do ar, que se ioniza, formando-se, assim, íons e elétrons livres que agora viajam pelo ar. O raio procura o caminho mais fácil para chegar ao chão. Como os metais conduzem melhor a eletricidade, a descarga (o raio) se completará pelo para- raios, sendo dispersada pelo solo através do aterramento. Fonte [6] 88 A zona de proteção que o para-raios oferece é um círculo em torno do edifício de raio aproximadamente igual a duas vezes e meia a altura do edifício. Por exemplo, um edifício de 40 metros de altura oferece proteção dentro de um círculo ao seu redor de 100 metros de raio aproximadamente. DICA Você sabia que se você e uma vaca estiverem em um pasto e um raio cair nas proximidades de ambos, é mais provável que a vaca morra do que você? SAIBA POR QUÊ Fonte [7] Olhe para esta vaca. Como toda vaca que se preza, ela tem 4 patas que estão mais distantes umas das outras do que os seus dois pés. Você pode se agachar e juntar os pés, diminuído ao máximo os pontos de contato com o solo. A vaca, coitada, não pode juntar as patinhas, por isso a diferença de potencial através de suas patas pode ser grande o suficiente para provocar uma corrente elétrica mortal. O que você não deve fazer, de jeito nenhum é deitar-se no chão. Pois aí você ficará numa situação pior do que a da vaca, já que deitado no chão, você estará criando muitos pontos de contato. EFEITO CORONA MULTIMÍDIA Vamos assistir a esse vídeo: 89 Fonte [8] Quem mora perto de linhas de alta tensão, ou de postes com grandes transformadores, deve presenciar frequentemente um espetáculo de uma descarga, muitas vezes acompanhada de ruídos ou fortes zumbidos. Não se espante, é só a eletricidade se manifestando mais uma vez. Nessas linhas de altas tensão (a ddp pode chegar a 400.000V), o campo elétrico pode ser tão intenso que vence a rigidez dielétrica do ar. Com a quebra da rigidez dielétrica do ar, este torna-se ionizado passando a se comportar como um condutor, criando assim pequenas descargas em torno do condutor. Essas descargas são semelhantes a uma coroa, daí o nome do efeito ser descarga em corona ou efeito corona. ( Corona -- significa coroa) O processo é semelhante ao de um raio, em menor escala. A figura ao lado mostra o detalhe de uma coluna de isoladores em uma torre. Os anéis próximos aos cabos e nas ferragens dos isoladores são usados para uniformizar o campo elétrico, reduzindo o efeito corona. UTILIDADE: Se você quiser saber sobre os cuidados que se deve ter com relação às redes de alta tensão, acesse o site. ( Fonte -- http://www.ren.pt/content/ABAA0F24BF174CA4A2D906747C91A287.PDF) FÓRUM Com base nos conhecimentos adquiridos nesta aula, discuta com os seus colegas e o seu professor, as seguintes questões: 1º - Com o que você aprendeu nesta aula, discuta fisicamente por que uma carga negativa sempre se move, espontaneamente, para regiões de potencial mais alto. 2º - Os conselhos que se dão a alpinistas apanhados em trovoadas acompanhadas de raios consistem em: ◾ Abandonar rapidamente os picos ◾ Agachar-se num descampado e juntar os pés, com apenas os pés tocando o solo. Qual é a base para esses bons conselhos? 90 ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Caro aluno, os problemas propostos neste portfólio devem ser resolvidos por você. Você deve se esforçar ao máximo para obter a solução dos problemas por seus próprios meios. Isso não invalida o estudo em grupo, que é uma coisa muito diferente de copiar a solução dos exercícios do colega. Aliás, essa não é uma atitude inteligente. Na hora da prova você não poderá contar com essa “facilidade.” Considere que na sua vida profissional, muitos problemas enfrentados nãoterão uma solução escrita aonde você possa buscar as respostas. Será você quem deverá ter maturidade e experiência para resolvê-los. Então, hoje como um aluno de graduação, leve em conta essas recomendações. Agora, resolva os exercícios (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e coloque-os no seu portfólio. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.feiradeciencias.com.br/sala11/11_25.asp 2. http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php? artigo=010130040412 3. http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php? artigo=010130050105 4. http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2000/raios/pp.htm 5. http://www.rio.rj.gov.br/defesacivil/raios.htm 6. http://www.portaleletricista.com.br/wp- content/uploads/2013/12/Sistema-para-raio.jpg 7. http://www.fotoplatforma.pl/pt/fotos/2343/ 8. http://pt.wikipedia.org/wiki/Transmiss%C3%A3o_de_Energia_El% C3%A9trica Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 91 TÓPICO 01: CAPACITÂNCIA Os que gostam de futebol, certamente se lembrarão dessa notícia: No dia 27 de outubro de 2004 Serginho, jogador de futebol do São Caetano, morreu subitamente durante uma partida disputada no estádio do Morumbi, em São Paulo. Já essa outra notícia não é tão trágica, uma vez que apesar de ter sofrido um infarto e duas paradas cardíacas, o volante do Cruzeiro, Diogo de 20 anos, escapou com vida e segundo os médicos que o atenderam o uso correto do DESFIBRILADOR foi fundamental para evitar a morte do atleta. DESFIBRILADOR O que esse aparelho tem em comum com a nossa aula sobre CAPACITORES? Para responder a esta pergunta, você precisa entender como um desfibrilador funciona. COMO FUNCIONA UM DESFIBRILADOR Fonte [1] O desfibrilador emite uma DESCARGA ELÉTRICA para corrigir a fibrilação ventricular (uma desordem elétrica que se instala no coração, que por isso, deixa de bombear o sangue) e fazer o coração bater novamente no ritmo adequado. No desfibrilador existe um CAPACITOR que armazena energia e a diferença de potencial inicial entre as placas pode atingir valores de 5000 V. Numa parada cardíaca o uso do desfibrilador provoca a descarga rápida do capacitor o que proporciona uma corrente elétrica através do coração, por meio de eletrodos aplicados no peito do paciente. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 03: CAPACITORES E DIELÉTRICOS 92 Fonte [2] Cerca de 160.000 pessoas morrem anualmente no Brasil vítimas de distúrbios que resultam numa parada cardiorrespiratória súbita. 95% dessas pessoas não conseguem chegar ao hospital. Os cardiologistas e médicos especializados em atendimentos de emergência são unânimes: se o Brasil dispusesse de uma lei federal que tomasse obrigatória a instalação de DESFIBRILADORES semi- automáticos em locais públicos, muitas dessas vidas poderiam ser salvas. Um capacitor é formado por dois condutores isolados, de formatos arbitrários. Os condutores recebem o nome de placas, independente de sua forma geométrica. As placas também podem ser chamadas de armaduras. Um capacitor, também chamado de condensador, é um dispositivo que armazena energia. Em um circuito o capacitor é representado assim: Ao ser ligado a uma bateria ou a uma pilha, cargas se acumulam nas placas do capacitor. Quando o capacitor está carregado, suas placas contêm cargas iguais e de sinais opostos. 93 DICA Você sabia que a tata.....taravó dos capacitores é a garrafa de Leyden que foi inventada em 1746 por Pieter van Musschenbroek? As primeiras notícias de experiências com esta garrafa que é a precursora do capacitor, vieram da cidade de Leyden, na Holanda. CIRCUITO ELÉTRICO Circuito elétrico é um caminho fechado que pode ser percorrido por cargas elétricas em movimento. No caso dos condutores metálicos, essas cargas são os elétrons. BATERIAS Bateria é um dispositivo capaz de manter uma diferença de potencial entre os seus terminais. Numa bateria, ou em uma pilha, acontecem reações eletroquímicas em que os elétrons são liberados. Essa reação termina quando os reagentes são transformados nos produtos da reação e assim a bateria descarrega. Existem baterias que podem ser recarregadas, as baterias dos carros, por exemplo. Para isso é preciso passar por elas uma corrente elétrica no sentido oposto ao da corrente que é gerada por elas. Um exemplo de baterias recarregáveis são as de níquel-cádmio (NiCd). OLHANDO DE PERTO A primeira bateria foi criada por Alessandro Volta em 1800. Para saber como uma bateria funciona, clique nos endereços abaixo: Baterias, células de combustível, automóveis elétricos e outros. [3] Aqui: Como funcionam as pilhas e baterias? [4] Ou aqui: Por que as baterias descarregadas voltam a funcionar? [5] CARGA DE UM CAPACITOR Na figura abaixo o circuito é formado por uma bateria B, uma chave S e um capacitor C descarregado. Quando a chave S é fechada, passa a existir uma ligação elétrica entre os terminais da bateria e as cargas começam a circular. A placa do capacitor que está conectada ao terminal negativo recebe os elétrons (cargas elétricas negativas) que são produzidas pela bateria. A placa do capacitor que está conectada ao terminal positivo perde elétrons para a bateria. Fonte [6] 94 Enquanto as placas estão sendo carregadas, a diferença de potencial (ddp) entre elas vai aumentando até se tornar igual à ddp entre os terminais da bateria. Quando isso ocorre, o capacitor está totalmente carregado. OBSERVAÇÃO Quando nos referimos à carga de um capacitor, estamos falando do valor absoluto da carga de uma das placas. Observe que a carga total é sempre igual a zero ( +q – q =0). PARADA OBRIGATÓRIA A quantidade de carga que um capacitor é capaz de armazenar é descrita pela grandeza conhecida como CAPACITÂNCIA. Quando nos referimos à carga de um capacitor, estamos falando do valor absoluto da carga de uma das placas. Observe que a carga total é sempre igual a zero ( +q – q =0). A diferença de potencial (ddp) entre as placas do capacitor é diretamente proporcional à carga acumulada nelas. q V, a constante de proporcionalidade C é a capacitância do capacitor. No estudo dos capacitores você representa a ddp entre as placas como V em vez de V. A capacitância é a medida da quantidade de carga que precisa ser armazenada nas placas para produzir entre elas uma diferença de potencial V. A capacitância de um capacitor depende da geometria de suas placas. Embora o símbolo do capacitor em um circuito seja sempre representado como dois traços paralelos, existem os mais diferentes modelos de capacitor. CAPACITOR PLANO Capacitor de placas planas (capacitor plano): É formado por duas placas, planas e paralelas. Fonte [7] 95 A distância entre as placas é muito pequena, tão pequena que você não vai se preocupar com as suas bordas. Por exemplo, um capacitor em que as placas têm área de 21 cm2, a separação entre elas pode ser de apenas 1 mm. Um capacitor plano não tem suas placas necessariamente quadradas, elas podem ter outros formatos, por exemplo, circular. ESFÉRICO Capacitor de placas esféricas (capacitor esférico) É formado por duas esferas concêntricas, de raios R1 e R2. Uma maneira de carregar este capacitor é ligar a placa externa à terra e carregar a interna com a carga +q. A placa externa ficará com carga –q. Fonte [8] DE PLACAS CILÍNDRICAS Capacitor de placas cilíndricas (capacitor cilíndrico) Um cilindro condutor de comprimento L, e raio a, coaxial com uma casca cilíndrica de raio b (b > a), também condutora. Os cilindros formam as placas do capacitor. Fonte [9] DICAO nosso belo planeta azul pode ser pensado como um grande capacitor esférico. Detalhes sobre esse assunto você poderá obter abrindo a página da Seara da Ciência: Eletricidade das tempestades [10] CÁLCULO DA CAPACITÂNCIA 1. CAPACITOR PLANO O mais simples dos capacitores é o capacitor plano. 96 O campo elétrico entre as placas pode ser considerado uniforme, uma vez que os efeitos das bordas são desprezados. Na realidade, nas bordas das placas existe uma deformação das linhas de campo, como mostrado na figura abaixo: Esse efeito pode ser desprezado já que a separação entre as placas é muito pequena. Para um campo uniforme, você aprendeu na aula 2 que a diferença de potencial entre dois pontos é dada por: V = E X d, onde d é a distância entre as placas e E é o módulo do campo elétrico entre elas que é calculado usando a Lei de Gauss, dando: Como Da definição da capacitância temos: Capacitância de um capacitor de placas planas e paralelas: : permissividade elétrica do vácuo, A: área das placas, d: distância entre as placas 2. CAPACITOR ESFÉRICO O cálculo da capacitância de um capacitor esférico de raios R1 e R2, requer um formalismo matemático que envolve o cálculo integral. Dessa forma aqui será apresentado apenas o resultado final. 97 3. CAPACITOR CILÍNDRICO O cálculo da capacitância de um capacitor cilíndrico de altura L e raios a e b, também requer um formalismo matemático que envolve o cálculo integral. Apenas o resultado final é mostrado aqui. A capacitância de um capacitor depende apenas de sua geometria. A unidade de medida da capacitância no sistema SI é o farad (F). Os submúltiplos do Farad são unidades mais convenientes de serem usadas na prática, pois o farad é uma unidade muito grande. UNIDADE DE CAPACITÂNCIA Para você ter uma ideia da ordem de grandeza do Farad (a unidade de capacitância) vamos resolver este pequeno exercício. Imagine um capacitor de placas planas e paralelas, cuja capacitância é 1,0 F. Se a distância entre as placas é de apenas 1,0 mm, qual é a área das placas desse capacitor? Para um capacitor plano a capacitância é: Imagine uma placa com uma área de 100 milhões de metros quadrados! Desse resultado você já pode entender porque sempre se usa os submúltiplos do Farad. 98 DICA Você sabia que a unidade farad é uma homenagem a Michael Faraday? Para conhecer esse importante personagem da história do eletromagnetismo, clique aqui: Michael Faraday [11]. FÓRUM Quando as placas de um capacitor são ligadas aos terminais de uma bateria, elas recebem, em módulo, a mesma carga. a) Discuta no fórum 01 da aula 3 porque isso acontece. b) Se as placas tivessem tamanhos diferentes isso ainda aconteceria? JUSTIFIQUE. E agora vamos nos exercitar. Primeiro você é apresentado a alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para a resolução de outros problemas. Tente primeiro antes de ver a resolução. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Um capacitor plano é conectado a uma bateria de ddp constante V, como mostra a figura, adquirindo carga elétrica Q. Mantendo-o conectado à bateria, afastam-se as placas até que a distância entre as mesmas seja o triplo da inicial. Ao final do processo, qual será a sua carga elétrica? Resposta: Q/3 SOLUÇÃO A capacitância inicial do capacitor é: Pela definição de capacitância Triplicando-se a distância entre as placas, a nova capacitância do capacitor passa a ser 99 Pois a ddp permanece constante e igual a V, mas ele adquire nova carga elétrica Q' EXEMPLO RESOLVIDO 2 No exercício anterior, desliga-se o capacitor da bateria antes de afastar as placas e em seguida dobra-se a distância entre as mesmas. Qual será nova ddp nos seus terminais? Resposta: 2V SOLUÇÃO Como o campo elétrico entre as placas do capacitor é constante, pois a carga elétrica Q e a área A são constantes, (esta é a situação antes da separação das placas) temos: Mas Então temos: FONTES DAS IMAGENS 1. http://agorasimagora.blogspot.com.br/2007_09_01_archive.html 100 2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Desfibrilador-lown.png 3. http://educar.sc.usp.br/quimapoio/outros.html 4. http://casa.hsw.uol.com.br/baterias.htm 5. http://ciencia.hsw.uol.com.br/questao390.htm 6. http://eletronicos.hsw.uol.com.br/capacitor1.htm 7. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfNSoAL/apostila-sobre- capacitores 8. http://www.angelfire.com/nj3/giova/fis3emod/cap5/capa05.htm 9. http://satie.if.usp.br/cursos/aulas_fis3/notas_de_aula/node46.html 10. http://www.seara.ufc.br/tintim/fisica/tempestades/tempestade1.htm 11. http://www2.ee.ufpe.br/codec/faraday.htm Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 101 TÓPICO 02: ENERGIA NO CAPACITOR Como você acabou de ver no tópico 1 desta aula, um capacitor é um dispositivo que armazena cargas elétricas em suas placas. Isto significa que entre elas existe um campo elétrico. Imagine uma situação em que um capacitor, com capacitância C, já está carregado com uma certa carga q, e suas placas estejam a uma diferença de potencial V. Para transferir uma porção de carga q de uma placa para outra, é necessário realizar um trabalho, por menor que seja a porção q. É claro que quanto menor for a porção de carga transportada, menor será o trabalho realizado. Você já aprendeu, da definição de diferença de potencial (ddp), que o trabalho (W) realizado para transportar uma carga entre dois pontos aonde existe uma ddp ( V) é dado por: W = q V O trabalho realizado para carregar as placas do capacitor, fica armazenado na forma de energia potencial. Lembre-se que no estudo de capacitores, designamos a ddp apenas por V. ENERGIA ARMAZENADA O gráfico abaixo representa a carga elétrica q de um capacitor em função da ddp V nos seus terminais. Veja que, da equação acima, q e V são grandezas diretamente proporcionais. Isso significa que o gráfico corresponde a uma linha reta, pois a capacitância C é constante. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 03: CAPACITORES E DIELÉTRICOS 102 Não é difícil imaginar que a área total, aqui representada pelo triângulo em azul, é formada aproximadamente, pela junção de todos esses pequeníssimos retângulos. Mas espere um momento, você se lembra que carga multiplicada por diferença de potencial é igual ao trabalho? Você já viu isso quando estudou o potencial elétrico na aula 2. Isso significa que a área total (área do triângulo) é numericamente igual ao trabalho total realizado, já que cada pequenina área A representa um pequeno trabalho W. Agora, olhe novamente para a figura acima. O que você vê? Um triângulo, não é? Você se lembra qual é a área de um triângulo? O trabalho realizado para carregar as placas do capacitor, fica armazenado na forma de energia potencial. Se U = W, então: Lembrando da definição da capacitância: OUTRA MANEIRA DE ESCREVER A ENERGIA POTENCIAL - ENERGIA EM FUNÇÃO DA CARGA 103 Da definição de capacitância você tem: Substituindo esta equação na expressão para a energia dada na equação (1) DICA As equações (1), (2) e (3) são diferentes formas de representar a mesma coisa: A ENERGIA. A conveniência de usar uma delas, depende do problema. OLHANDO DE PERTO Um capacitor produz um campo elétrico entre suas placas carregadas. Podemos dizer que a energia armazenada no capacitor é armazenada no campo elétrico. ENERGIA ARMAZENADA NO CAMPO ELÉTRICO Considere o caso de um capacitor de placas paralelas separadas pela distância d. A diferença de potencial (ddp) V entre as placas será a ddp entre dois pontos de um campo elétrico uniforme.A capacitância desse capacitor você já viu no tópico 1 desta aula: Substitua esta equação e a equação (4) na expressão para a energia: 104 Observe que se as placas têm área A e estão separadas pela distância d, a região entre elas ocupará um volume v que é exatamente A x d. Vamos definir a densidade de energia (u): a energia por volume: Embora a equação acima tenha sido deduzida para o caso particular de um capacitor de placas paralelas, ela é absolutamente geral, vale para qualquer capacitor. Ela fornece a densidade de energia de um campo elétrico em determinada região do espaço, não importando como ele tenha sido produzido. E agora vamos nos exercitar. Primeiro você é apresentado a alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para a resolução de outros problemas. Tente primeiro antes de ver a resolução. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Carrega-se um capacitor de capacitância 5 µF com carga elétrica de 20 µC. a) Calcule a ddp entre as placas do capacitor b)Calcule a energia potencial elétrica armazenada no capacitor. Resposta: a) 4,0 V b) 4,0 x 10-5 J SOLUÇÃO 105 a) Vamos primeiro determinar a ddp V entre as placas do capacitor: Usando a definição da capacitância, temos: b) Calculando a energia elétrica armazenada: Você tem C, V e q. Pode escolher qualquer uma das expressões que representam a energia em um capacitor. EXEMPLO RESOLVIDO 2 Um capacitor armazena 8 x 10–6 J de energia elétrica quando submetido à uma ddp V. Se ddp nos seus terminais for dobrada o que acontece com a energia armazenada? Resposta: 32 x 10–6 J SOLUÇÃO U1=8 x 10 –6 J, para uma ddp V1 Se a ddp V2 =2V1, qual será a energia potencial U2? FÓRUM Se tentarmos afastar as placas (armaduras) de um capacitor carregado, realizaremos algum trabalho? FONTES DAS IMAGENS Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos 106 TÓPICO 03: ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES ASSOCIAÇÃO EM PARALELO Uma associação em paralelo é caracterizada pelo fato de todos os capacitores estarem ligados a uma mesma diferença de potencial entre as placas. Fonte [1] Na associação em paralelo, todos os capacitores estão conectados à mesma diferença de potencial. Na associação em paralelo, a capacitância equivalente do conjunto, CE, será maior do que a maior capacitância dos capacitores da associação. Como você acabou de ver no tópico 1 desta aula a carga (q), a capacitância (C) e a diferença de potencial (V) de um capacitor, são relacionados pela definição da capacitância: Na prática, muitas vezes, surge a necessidade de uma capacitância maior do que a capacitância que um único capacitor pode fornecer. Também podem acontecer situações em que o capacitor precisa ser ligado a uma diferença de potencial superior àquela para a qual foi projetado. É claro que num caso desses, a diferença de potencial elevada estragaria o capacitor. Para resolver esses problemas, muitas vezes é necessário usar mais de um capacitor em um circuito, fazendo-se associações com eles. Os padrões mais comuns de associações são as associações em paralelo ou em série, mas temos também a associação mista. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 03: CAPACITORES E DIELÉTRICOS 107 ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE Uma associação em série de dois ou mais capacitores é a situação em que a placa negativa de um capacitor é ligada diretamente à placa positiva do outro. Por isso é que se chama associação em série: os capacitores estão em “fila”, um seguido do outro. Fonte [2] Uma associação em série é caracterizada pelo fato de todos os capacitores terem a mesma carga em todas as placas. A capacitância equivalente do conjunto, CE é menor do que a menor capacitância dos capacitores da associação. ASSOCIAÇÃO MISTA Na associação mista, como o próprio nome indica, temos associações em série e em paralelo no mesmo circuito, como mostra a figura abaixo. Fonte [3] OLHANDO DE PERTO Na associação em paralelo, todos os capacitores estão conectados à mesma diferença de potencial. Na associação em paralelo, a capacitância equivalente do conjunto, CE, será maior do que a maior capacitância dos capacitores da associação. OLHANDO DE PERTO Uma associação em série é caracterizada pelo fato de todos os capacitores terem a mesma carga em todas as placas. A capacitância equivalente do conjunto, CE é menor do que a menor capacitância dos capacitores da associação. PARADA OBRIGATÓRIA 108 Determinar a capacitância equivalente de uma associação de capacitores é encontrar a capacitância de um capacitor que substitui a associação com o mesmo efeito. CAPACITÂNCIA EQUIVALENTE DE ASSOCIAÇÃO EM PARALELO Dois ou mais capacitores estão associados em paralelo quando seus terminais estão ligados à mesma diferença de potencial V. A figura abaixo mostra dois capacitores e com suas placas positivas ligadas ao terminal positivo da bateria (a letra A designa todos os pontos no mesmo potencial positivo) e as placas negativas ligadas ao terminal negativo (a letra B designa todos os pontos no mesmo potencial negativo). Fonte [4] A carga Q fornecida pela bateria se divide entre os dois capacitores. Q = Q1 + Q2 p>A capacitância de cada capacitor, por definição é: A situação é equivalente a um novo capacitor cuja capacitância é a soma das capacitâncias individuais. Esta nova capacitância é chamada de capacitância equivalente. A figura abaixo ilustra muito bem o conceito de capacitância equivalente 109 O circuito mostrado na figura 1 é completamente equivalente ao circuito mostrado na figura 2, o que significa que o circuito 2 de capacitância CE substitui o circuito 1 com o mesmo efeito. CAPACITAÇÃO EQUIVALENTE DE ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE A figura abaixo mostra uma associação em série de três capacitores. http://www.fisica-potierj.pro.br/poligrafos/capacitores3.htm Devido à diferença de potencial elétrico que é estabelecida, as cargas elétricas se movimentam até que os capacitores estejam completamente carregados. Observe a figura acima. A placa do capacitor C1 que é conectada ao terminal positivo da bateria fica carregada positivamente (+ Q), pois elétrons deixam essa placa, atraídos pelo polo positivo da bateria. Da mesma forma a placa do capacitor ligada ao polo negativo da bateria, fica carregada negativamente (– Q). As cargas nas placas se distribuem de modo que todas ficam carregadas com o mesmo valor. Os capacitores ficam carregados com a mesma carga elétrica Q. A carga elétrica da associação é igual a Q, pois foi essa quantidade que a bateria movimentou da placa positiva do capacitor C1 para a placa negativa do capacitor C3. A diferença de potencial V com que a bateria alimenta o conjunto de capacitores, se distribui entre eles, tal que: Para cada capacitor vamos escrever a capacitância: 110 Da definição de capacitância: Podemos concluir que a capacitância equivalente de uma associação de três capacitores em série é dada por: Os dois circuitos mostrados na figura acima são completamente equivalentes. O capacitor de capacitância CE substitui a associação dos três capacitores com o mesmo efeito. PARADA OBRIGATÓRIA Qualquer que seja o tipo de associação, em série, em paralelo ou mista, a energia armazenada na associação é igual à soma das energias em cada capacitor individualmente. E agora vamos nos exercitar. Primeiro você é apresentado a alguns exemplos resolvidos que servirão de guia para a resolução de outros problemas. Tente primeiro antes de ver a resolução. EXEMPLO RESOLVIDO 1 111 Uma associação de l.000 capacitores de 10 F cada um, associados em paralelo, é utilizada para armazenar energia.Qual o custo para se carregar esse conjunto até 50.000 V, se o preço do kWh custa R$ l,00? Resposta: R$ 3,47 SOLUÇÃO Vamos primeiro determinar a energia armazenada em um capacitor de capacitância equivalente. A capacitância equivalente de uma associação em paralelo é a soma das capacitâncias individuais. Como todos os capacitores têm a mesma capacitância, a capacitância equivalente é simplesmente: A energia desse capacitor é: Precisamos transformar J em kWh; Se cada kWh custa R$ 1,00, o preço a pagar pela energia para carregar esses capacitores é R$ 3,47 EXEMPLO RESOLVIDO 2 Calcule a capacitância equivalente da associação mista mostrada na figura abaixo para os capacitores C1 = 20 F, C2 = 10 F e C3 = 40 F Resposta: 17,14 F SOLUÇÃO 112 Calculando primeiro a capacitância equivalente da associação em paralelo dos capacitores C1 e C2 : A situação agora pode ser representada pela figura abaixo, aonde se tem 2 capacitores em série CE´ e C3: A capacitância equivalente da associação total é: EXEMPLO RESOLVIDO 3 Dois capacitores de capacitância C1=6,0 F e C2 = 3,0 F e são associados em paralelo e a associação é submetida a uma ddp V. O capacitor de capacitância C1 é carregado com q1= 1,2 x 10 -4 C e o de capacitância C2, com carga elétrica q2. Determine V e q2. Respostas: 20,0 V 6,0 x 10-5 C SOLUÇÃO Vamos começar determinando a ddp que é a mesma para todos os capacitores Para o capacitor 1 temos; A capacitância equivalente de uma associação em paralelo, é a soma das capacitâncias: 113 Determinando a carga do capacitor equivalente: Mas a carga q é a soma das cargas individuais: FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod05/m_s06.html 2. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod05/m_s06.html 3. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod05/m_s06.html 4. http://dc274.4shared.com/doc/DY3rY2C8/preview_html_m10e4989c. png Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 114 TÓPICO 04: CAPACITOR COM ISOLAMENTO DIELÉTRICO Muitas vezes os capacitores são usados em circuitos muito pequenos, como por exemplo, num flash de máquina fotográfica. É claro que se o circuito é pequeno, os seus componentes também deverão ser pequenos. Entretanto um capacitor com placas de pequena área terá um pequeno valor de Capacitância para um d fixo. Por outro lado, uma pequena distância (d) entre as placas, resulta em uma capacitância grande para uma dada área (A). Na prática é complicado manter uma pequena separação (da ordem de alguns milímetros) entre as placas sem que elas se toquem. Uma solução consiste em introduzir entre elas um material isolante. O preenchimento do espaço entre as placas com um material isolante não tem apenas a função de mantê-las separadas. Efeitos importantes acontecem quando um isolante ou dielétrico é introduzido entre as placas de um capacitor. Michael Faraday, em 1837, foi o primeiro a fazer esse tipo de investigação. NAS PALAVRAS DO PRÓPRIO FARADAY... Seja A uma placa metálica eletrizada suspensa no ar, B e C duas outras, isoladas, idênticas a A e dela equidistantes, dispostas paralelamente, em lados opostos. A placa A estabelecerá uma indução idêntica sobre B e C, (isto é, as cargas que aparecerão nessas placas serão iguais). Se nessa situação, um outro dielétrico diferente do ar, por exemplo goma-laca, for introduzido entre A e C, será que a indução entre essas placas permanece a mesma? Será que a relação de C e B com A permanece inalterada, não obstante a presença do dielétrico introduzido entre elas? Quando dois capacitores são carregados sob uma MESMA DIFERENÇA DE POTENCIAL, verifica-se, experimentalmente, que a carga nas placas do capacitor com um dielétrico é maior. Quando dois capacitores são carregados com UMA MESMA CARGA, verifica-se, experimentalmente, que a diferença de potencial entre as placas do capacitor com um dielétrico é menor. EFEITO DO DIELÉTRICO SOBRE A CAPACITÂNCIA I – DDP CONSTANTE Se os dois capacitores abaixo estão ligados à mesma diferença de potencial V, o capacitor com dielétrico terá mais carga nas suas placas. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 03: CAPACITORES E DIELÉTRICOS 115 Fonte [1] Mais uma vez, olhe para a expressão que define a capacitância de um capacitor: QUANTO MAIOR A CARGA, MAIOR A CAPACITÂNCIA II – CARGA CONSTANTE Fonte [2] QUANTO MENOR A DDP, MAIOR A CAPACITÂNCIA 116 A capacitância C de um capacitor com dielétrico é maior do que a capacitância C0 de um capacitor sem dielétrico. Se C e C0 são as capacitâncias de um capacitor totalmente preenchido com um dielétrico e de um capacitor vazio, respectivamente, a relação entre elas é: C = kC0. k é uma propriedade do material isolante. É chamada de constante dielétrica do material e é sempre maior do que 1. A constante dielétrica do vácuo é igual a 1. Cada material tem sua constante dielétrica A tabela abaixo dá os valores aproximados da constante dielétrica para alguns materiais. A terceira coluna mostra os valores da rigidez dielétrica para os materiais. Aproveite para dar mais uma lida na aula sobre o Potencial Elétrico aonde você foi apresentado à RIGIDEZ DIELÉTRICA. (CLIQUE AQUI PARA ABRIR) A rigidez dielétrica é o máximo valor de campo elétrico que um material isolante (um dielétrico) pode suportar antes de virar um condutor. Você pode ver que um isolante pode se tornar condutor, basta que seja submetido a um campo elétrico muito intenso. Na tabela acima você pode notar que a rigidez dielétrica do ar apresenta o valor mais baixo. Isso significa que um capacitor vazio, com ar entre suas placas, tem maior possibilidade de ser danificado se for submetido a campos elétricos muito intensos. Com o ar se tornando condutor, o capacitor se danifica, uma vez que sua função de acumulador de cargas deixa de existir se elas puderem passar de uma placa para a outra. Dessa forma, a introdução de um dielétrico entre as placas de um capacitor apresenta uma série de vantagens: ◾ Permitir que as placas condutores possam ser colocadas muito próximas sem o risco de entrarem em contato. Esta é a mais simples dessas 117 vantagens, mas nem por isso menos importante, uma vez que as placas do capacitor não podem se tocar, sob o risco dele ser danificado. ◾ Qualquer substância submetida a um campo elétrico muito alto pode se ionizar e se tornar um condutor, com a quebra da rigidez dielétrica. Os dielétricos, por terem uma maior rigidez dielétrica são mais resistentes à ionização que o ar. Assim, um capacitor contendo um dielétrico pode ser submetido a uma ddp mais elevada. DICA A constante dielétrica k é adimensional. CAPACITÂNCIA DE UM CAPACITADOR DE PLACAS PARALELAS COM DIELÉTRICO Uma das coisas que você já conhece é a capacitância de um capacitor de placas paralelas que é dada por Agora você também sabe que a capacitância de um capacitor com dielétrico é maior do que a de um capacitor vazio: Se C0 é a capacitância de um capacitor de placas paralelas sem dielétrico, então: A permissividade elétrica do material: é a permissividade elétrica do vácuo. DICA Para saber mais sobre este assunto você poderá ver no site Física Introdutória [4]. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.mspc.eng.br/eletrn/cap110.shtml 2. http://www.mspc.eng.br/eletrn/cap110.shtml 3. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 4. http://fisicainterativa.com/ Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 118 TÓPICO 05: ESTRUTURA MOLECULAR DE UM DIELÉTRICO A presença de um dielétricoaumenta a capacitância do capacitor. Para você compreender porque isso acontece você precisa “olhar” a estrutura molecular do dielétrico. VISÃO MICROSCÓPICA DOS DIELÉTRICOS Você já aprendeu que as moléculas de algumas substâncias na natureza são polares, por exemplo, a água (H2O) o ácido clorídrico (HCl). Lembra disso? Volte à aula 1, tópico 03 e faça uma revisão. As ligações polares ocorrem entre átomos diferentes: As moléculas polares já têm um dipolo natural que tende a se alinhar com um campo elétrico externo. Na ausência de um campo elétrico, a agitação térmica desorganiza os dipolos que ficam orientados ao acaso. A presença do campo tem o efeito de organizar os dipolos. As moléculas apolares não possuem dipolo natural. A ligação apolar ocorre entre átomos iguais: O2, H2 Essas moléculas, na presença do campo elétrico sofrem um processo de separação de suas cargas o que dá a elas uma característica polar temporária. Só existe na presença do campo. Quer a substância tenha moléculas polares ou apolares, na presença de um campo elétrico externo todas as moléculas tendem a se alinhar. O campo elétrico é como o comandante de um batalhão de soldados. Na presença dele todos se alinham. Aqueles que naturalmente têm essa tendência (moléculas polares) e até os que não têm a intenção de serem soldados (moléculas apolares) FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 03: CAPACITORES E DIELÉTRICOS 119 Fonte [1] Na ausência do “comandante” Campo Elétrico, mesmo as moléculas polares se desorganizam em virtude a agitação térmica. Fonte [2] Na presença do “comandante” Campo Elétrico, todas as moléculas, polares ou apolares, se alinham. O efeito global do alinhamento dos dipolos é deixar a superfície do dielétrico com uma carga induzida, como mostrado na figura abaixo. Diz-se que o dielétrico está POLARIZADO. Fonte [3] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) O campo elétrico produzido pelas cargas superficiais induzidas na superfície do dielétrico se opõe ao campo elétrico produzido pelas cargas nas placas do capacitor. 120 Fonte [4] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) • Q - Cargas nas placas • q' - Cargas induzidas na superfície do dielétrico • E0 - Campo elétrico produzido pelas cargas Q • E' - Campo elétrico produzido pelas cargas induzidas na superfície do dielétrico • E - Campo resultante entre as placas OLHANDO DE PERTO O efeito do dielétrico é enfraquecer o campo elétrico. DIFERENÇA DE POTENCIAL CONSTANTE Se o capacitor permanece ligado a uma bateria, a ddp obrigatoriamente permanecerá constante. Estudando a aula 2 sobre o Potencial Elétrico (aproveite para fazer uma revisão) você aprendeu que em um campo uniforme, a ddp entre dois pontos é dada por: V = E x d Sem o dielétrico V 0 - E 0 x Com o dielétrico V - E X d Como o campo elétrico E é menor do que E0, a ddp tenderia a diminuir também. Mas isso não pode acontecer, já que o capacitor está ligado à bateria o que obriga sua ddp permanecer igual à da bateria (V = V0). A saída para esse impasse quem resolve é a bateria mandando mais cargas para as placas. Com isso o campo E0 aumenta e compensa a diminuição causada pelo campo induzido E´. UM AUMENTO DAS CARGAS PROVOCA UM AUMENTO NA CAPACITÂNCIA, JÁ QUE POR DEFINIÇÃO: 121 CARGA CONSTANTE A carga constante representa a situação em que o capacitor é desligado da bateria. Não se esqueça que a bateria é a única fonte de suprimento de cargas para o capacitor. Se ela for desligada, a carga, que não pode ser criada nem destruída (reveja a aula 1) é obrigada a permanecer constante. O que temos agora? V = E x d Sem o dielétrico V 0 - E 0 x Com o dielétrico Mas como já vimos, E < E 0. Agora não tem saída, V < V 0. SE V DIMINUI, A CAPACITÂNCIA AUMENTA. TENSÃO DE RUPTURA Você já viu que todo material tem uma rigidez dielétrica, o que significa que até os isolantes podem se comportar como condutores dependendo da intensidade do campo elétrica a que estão submetidos. Por isso ao usar um capacitor, você deve prestar muita atenção à ddp utilizada. Se a ddp for muito alta, o campo elétrico poderá ser tão alto que pode superar a rigidez dielétrica do dielétrico utilizado. Isso danificará o capacitor. Por este motivo são tomados cuidados especiais na fabricação dos capacitores. A ddp que provoca a quebra da rigidez dielétrica do isolante entre as placas é conhecida como “TENSÃO DE RUPTURA” ou “TENSÃO DE AVARIA”. Naturalmente a tensão de ruptura depende do tipo do capacitor que está sendo usado. O material empregado como dielétrico é um fator muito importante na construção de um capacitor. De suas características depende a tensão máxima de funcionamento antes que o dielétrico sofra uma ruptura perdendo suas propriedades de isolamento. E agora vamos nos exercitar. Primeiro você é apresentado a um exemplo resolvido que servirá de guia para a resolução de outros problemas. Tente primeiro antes de ver a resolução. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Uma certa substância tem uma constante dielétrica 2,8 e uma rigidez dielétrica 18 MV/m. Se a usarmos como dielétrico num capacitor de placas paralelas, qual deverá ser a área mínima das placas para que a capacitância seja de 7,0 x 10-2 μF, e para que o capacitor seja capaz de resistir a uma ddp de 4,0 kV? Resposta: A = 0,63 m2 122 SOLUÇÃO A capacitância é , Daí podemos encontrar uma razão entre a área das placas e sua distância: Para que o capacitor não conduza eletricidade entre suas placas o campo elétrico deve ser no máximo, igual à rigidez dielétrica: A distância máxima entre as placas deverá ser portanto Já temos uma relação entre a área das placas e a distância entre elas: que dá uma área mínima de A = 0,63 m2. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.ondeestaowally.blogger.com.br 2. http://www.x-top.org/prikol/images/2007/07/28/46c0d38c56a4d.jpg 3. http://www.df.ufscar.br/Capacitancia.pdf 4. http://www.df.ufscar.br/Capacitancia.pdf Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 123 TÓPICO 06: CAPACITADORES - APLICAÇÕES NO COTIDIANO No nosso dia a dia encontramos inúmeras situações onde os capacitores são utilizados. PARADA OBRIGATÓRIA Um capacitor é um dispositivo capaz de armazenar energia e carga elétrica. DICA VOCÊ SABE POR QUÊ? Você já percebeu que na parte de trás dos aparelhos de televisão aparece o símbolo de alta tensão? Ainda não viu? Dê uma olhada, mas tenha cuidado! Você poderá levar uma descarga elétrica violenta ao mexer no aparelho de forma imprudente, mesmo que ele esteja desligado da tomada. VOCÊ SABE POR QUE ISSO OCORRE? Por causa dos capacitores: mesmo com o aparelho desligado, existe ainda uma grande quantidade de carga elétrica no televisor. VERSÃO TEXTUAL 1. FLASH'' DE MÁQUINA FOTOGRÁFICA. Uma aplicação muito simples do capacitor se encontra no flash das máquinas fotográficas. O flash de uma máquina fotográfica é basicamente uma lâmpada de descarga de gás (xenônio), que deve permanecer acesa por um curto período, aproximadamente o tempo de exposição do filme. Todo mundo sabe que ao se ligar o flash, uma luz vermelha leva um certo tempo até acender. Durante o acendimento dessa luz, um capacitor está sendo carregado. Quando a luz está acesa, o flash está pronto para ser disparado. Olhe para a figura ao lado. Parece assustadora? Você está olhando para a “anatomia” de um flash de máquina fotográfica. Achou os capacitores? FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 03: CAPACITORES E DIELÉTRICOS 124 Fonte [2] Toda essa parafernália acima pode ser “trocada”pelo circuito equivalente, muito mais simples, mostrado abaixo: Fonte [3] Quando se aperta o botão de disparo da máquina fotográfica, uma chave eletrônica coloca o capacitor em série com a lâmpada de flash, fazendo com que este se descarregue em tempo muito curto. Durante este tempo, a lâmpada produz um pulso de luz intensa, convertendo grande parte da energia elétrica que estava armazenada no capacitor em energia luminosa. 2. SINTONIZADOR DE RÁDIO. Imagine que você está ouvindo o seu rádio e começa a tocar uma música que você detesta. O que você faz? Muda de emissora! Saiba que ao fazer isso, você está usando uma aplicação dos capacitores. Uma aplicação bastante comum dos capacitores é encontrada em rádios e equipamentos de telecomunicação para sintonia e controle de frequências. Na sintonia dos rádios é usado um capacitor cuja capacitância pode ser mudada alterando-se a superfície da área das placas superpostas. 125 Fonte [4] Fonte [5] Este capacitor plano é formado por várias camadas, em que as placas metálicas, semicirculares, são dispostas de tal modo que os centros de todos os círculos estejam sobre um eixo (veja a figura acima). Um conjunto de placas fixas alternadas com um conjunto de placas móveis é preso a uma haste metálica que passa pelos seus centros, de maneira que, girando a haste, todas as placas móveis giram. Desse modo é possível modificar a área S das superfícies de móveis que ficam em frente às fixas. Assim é possível variar a capacitância do capacitor. Para sintonizar uma nova emissora, deve-se modificar a freqüência do oscilador local (o rádio). Essa freqüência depende, entre outros fatores, da capacitância. Variando-se a capacitância, varia-se a freqüência. UM CAPACITOR DE CAPACITÂNCIA VARIÁVEL É UTILIZADO PARA VARIAR A FREQÜÊNCIA DO OSCILADOR E ASSIM SINTONIZAR UMA NOVA EMISSORA. FILTROS:Quem gosta de “curtir” um som tem muita familiaridade com essas palavras: tweeter, woofer, subwoofer. TWEETER: é um alto-falante de dimensões reduzidas (de 0,5 a 3 polegadas) usado para reproduzir a faixa de alta frequência do sons audíveis (acima de 5kHz ), ou seja, os sons mais agudos. WOOFER: também é um alto-falante usado para reproduzir frequências graves (abaixo de 300Hz ). Seu tamanho pode variar de 5 a 18 polegadas. Para reproduzir freqüências ainda mais baixas (abaixo de 120Hz ) os alto-falantes são chamados de subwoofers. 126 Aonde entram os capacitores nessa história? Os capacitores funcionam como filtros que podem ser utilizados tanto para direcionar as altas frequências a um tweeter enquanto bloqueia os sinais mais graves que poderiam interferir ou danificar o alto-falante, como para direcionar as baixas frequências ao woofwer. Capacitores microscópicos em memória RAM de computadores. As memórias RAM têm como base do seu funcionamento capacitores microscópicos que acumulam energia elétrica. A leitura e escrita da memória acontecem conforme figura abaixo: Fonte [6] Os capacitores não ficam carregados muito tempo, aí entra um circuito chamado "refresh", que tem a função de não permitir que os capacitores se descarreguem. Se esse circuito parar de funcionar, as informações constantes na memória durariam poucos segundos, por isso a DRAM é uma memória volátil, se desligarmos o computador, o circuito de refresh para e as informações consequentemente são apagadas. FUNCIONAMENTOS DE “AIR BAGS” Em uma colisão frontal, o motorista e os passageiros de um carro são arremessados para a frente e podem se ferir gravemente ao se chocarem com o volante, o painel ou o para-brisa. Lembra da Primeira Lei de Newton? Os air bags, são almofadas infláveis, que protegem as pessoas nos casos de acidente. Eles são ejetados do volante ou do painel do carro, se enchem de ar quase instantaneamente. Em um choque forte, a almofada se infla por completo em 1/20 de segundo. O sensor do air bag de um carro é um capacitor. Quando o carro para bruscamente, numa colisão, a placa traseira do capacitor que é mais leve se aproxima da placa frontal, mais pesada, diminuindo a distância entre elas. Isso altera o valor da capacitância. Um circuito eletrônico detecta essa variação e aciona o air bag. TECLADOS DE COMPUTADOR 127 Muitos teclados de computador possuem teclas que funcionam acopladas a uma das placas de um pequeno capacitor. É o chamado teclado capacitivo. Nesse tipo de teclado quando uma tecla é pressionada ela comprime uma mola que faz com que as placas do capacitor se aproximem, alterando o valor da capacitância. Essa variação é detectada por um circuito eletrônico que avisa ao processador que aquela tecla foi pressionada. APLICAÇÕES NA MEDICINA Grande parte da pesquisa no campo da neurofisiologia é dedicada à determinação dos vários graus de atividade elétrica associada às células nervosas isoladas. Os neurônios são as principais células do sistema nervoso, sendo os responsáveis pela condução, recepção e transmissão dos impulsos nervosos. Os axônios são responsáveis pela transmissão de informação entre diferentes pontos do sistema nervoso e sua função é semelhante a dos fios que conectam diferentes pontos de um circuito elétrico. A MEMBRANA, que envolve os AXÔNIOS, parte das células do sistema nervoso, tem carga positiva na parte externa e negativa na interna, COMPORTANDO-SE COMO UM CAPACITOR, cuja capacitância vale 108 F. As duas placas condutoras são o meio iônico interno e externo e a membrana é o dielétrico. Fonte [7] Não podemos esquecer da aplicação dos capacitores nos aparelhos desfibriladores, que podem salvar muitas vítimas de ataques cardíacos, como mostramos no tópico 1, desta aula, quando iniciamos este assunto. MULTIMÍDIA 128 Agora vamos assistir a esses vídeos que fazem um resumo sobre capacitores, para solidificar mais nossos conhecimentos adquiridos. Vídeo 1 [8] Vídeo 2 [9] ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Vamos colocar em prática nossos conhecimentos acerca dessa aula! Resolva as questões (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) ou baixe o arquivo no Material de Apoio no SOLAR e coloque-as no seu portfólio FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 2. http://static.hsw.com.br/gif/camera-flash-diagram.gif 3. http://viagem.hsw.uol.com.br/flashes.htm/printable 4. http://www.reocities.com/capecanaveral/6731/LoopCap.jpg 5. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/capacitor/exemplo_calc_cap ac_condensadores 6. http://br.geocities.com/professorandresilvertone/memorias.html 7. http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp 8. http://www.youtube.com/watch?v=K7u9ZP7KH6A 9. http://www.youtube.com/watch?v=YpttVgwOnQI&feature=related Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 129 TÓPICO 01: CORRENTE ELÉTRICA Você certamente sabe o que é uma ideia luminosa. Aquela ideia tão genial que é representada pela mais genial das invenções: A LÂMPADA ELÉTRICA Fonte [1] A invenção revolucionária da lâmpada elétrica, em 1879 pelo inventor americano Thomas Alva Edison [2] contribuiu tão decisivamente para o desenvolvimento da Eletricidade, que podemos dizer que ao lado da Imprensa, ela foi uma das mais poderosas invenções, com influência no modo de vida das pessoas no mundo inteiro. O que faz uma lâmpada elétrica funcionar? As cargas elétricas não são visíveis, mas podemos comprovar sua existência conectando, por exemplo, uma lâmpada a uma bateria. Entre os terminais do filamento da lâmpada existe uma diferença de potencial (ddp) devido à bateria. A ddp entre dois pontos, como você jáviu na aula 2, significa que as cargas elétricas ficam “com vontade” de se mover entre esses dois pontos. Se isso for permitido, elas se movem. Esse movimento ordenado das cargas elétricas é o que chamamos de CORRENTE ELÉTRICA. Quando a chave S é fechada a corrente elétrica faz a lâmpada acender. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 04: CORRENTE ELÉTRICA 130 PARADA OBRIGATÓRIA A corrente elétrica é um fluxo de cargas que circula por um condutor quando entre suas extremidades houver uma diferença de potencial. Ela é definida como carga transferida por unidade de tempo, ou seja, A unidade da grandeza corrente elétrica, no sistema SI, é o AMPÈRE (A), em homenagem ao cientista francês André-Marie Ampère [3] (1775—1836) DICA 1 ampère é igual a 1 coulomb por segundo: CORRENTE ELÉTRICA Nas aulas anteriores você aprendeu as leis e teorias envolvidas com a Eletrostática, que trata das situações de cargas em repouso. A partir desta aula, você começa a estudar os fenômenos relacionados com AS CARGAS EM MOVIMENTO, você está se iniciando nos estudos da ELETRODINÂMICA. O movimento de uma partícula livre carregada no interior de um condutor é muito diferente do movimento de uma partícula livre no espaço. Você, que é estudante de Química, com toda certeza, já aprendeu que os metais são ricos em elétrons livres. Os elétrons livres estão em contínuo movimento, mas eles se movem caoticamente, em todas as direções, semelhante às moléculas de um gás em um recipiente. Como esse movimento é caótico, como se vê na animação abaixo, não há um fluxo efetivo de cargas em uma dada direção, que é a característica da corrente elétrica. Se uma diferença de potencial (ddp) for aplicada entre os extremos do condutor, o movimento dos elétrons passa a ser organizado e tem uma direção preferencial, como pode ser visto na figura abaixo: 131 A ddp aplicada entre os extremos do condutor, significa a existência de um campo elétrico ( V = E x d ). Quando estudou o campo elétrico na Aula 1 (aproveite para fazer uma revisão) você viu que se existe um campo elétrico, a carga fica submetida à ação de uma força dada por: Se a carga tem sinal positivo, a força tem a mesma orientação do campo, mas se a carga for negativa, então a força tem sentido contrário ao do campo elétrico. As cargas sob a ação da força elétrica se aceleram, mas como fazem parte da estrutura, elas se movem colidindo continuamente com os átomos do metal. Nessas colisões com os átomos no condutor, as cargas perdem a velocidade que haviam adquirido começando tudo novamente. Assim, elas se movem no sentido da força com uma velocidade média chamada velocidade de arrastamento. VELOCIDADE DE ARRASTAMENTO Vamos imaginar que existem N cargas elétricas contidas no volume =A x. Se cada carga elétrica, tem módulo e, a carga total das N cargas contidas no volume é: q = N e Podemos definir uma densidade de cargas n, como o número (N) de cargas por unidade de volume ( ) 132 As cargas se movem com velocidade de arrastamento (ou velocidade de arraste) constante, v então, , onde v é velocidade de arrastamento. Assim a quantidade de carga q = N e, será dada por: O SENTIDO DA CORRENTE ELÉTRICA ADMITE-SE QUE O SENTIDO DA CORRENTE É O SENTIDO DE DESLOCAMENTO DAS CARGAS POSITIVAS. Essa convenção foi sugerida em 1746 por Benjamin Franklin. OLHANDO DE PERTO Nos condutores metálicos, a corrente elétrica é formada pelos elétrons. Nas soluções eletrolíticas os portadores de cargas elétricas são íons positivos e negativos. Nos gases a corrente é formada por íons e elétrons. DICA Volte à aula 1, tópico 2, (APROVEITE PARA FAZER UMA REVISÃO), aonde você vê que muitos químicos famosos não acreditavam na existência dos átomos. Não se sabia que os elétrons eram as partículas que se moviam nos condutores. Definiu-se, então, o sentido da corrente elétrica como sendo o sentido do fluxo de cargas positivas. Essa convenção permanece até hoje. Edwin Hall, em 1879, determinou experimentalmente que os portadores de carga em um condutor metálico eram os elétrons, mas mesmo assim decidiu-se não mudar a convenção. Os resultados dos cálculos, para as principais aplicações práticas, são exatamente os mesmos. NOS METAIS Nos metais, como você já viu, os portadores são os ELÉTRONS. Os metais têm elétrons livres que sob a ação de um campo elétrico que se estabelece quando é aplicada uma diferença de potencial, entram em movimento ordenado. 133 NAS SOLUÇÕES Nas soluções (ácidos, bases ou sais em água), a corrente é constituída pelo deslocamento de íons que resultam da dissociação das moléculas. Por exemplo, o cloreto de sódio (NaCl), nosso sal de cozinha, quando é dissolvido em água tem um comportamento bem diferente do que quando está seco. Quando uma molécula de cloreto de sódio é colocada na água os seus íons se separam. Nessa separação formam-se íons positivos, chamados cátions e íons negativos, chamados ânions. A corrente elétrica é formada pelo movimento dos íons nos dois sentidos. Os cátions se deslocam no sentido do campo e os ânions se deslocam no sentido oposto ao campo elétrico. Fonte [4] NOS GASES Um exemplo de corrente elétrica nos gases, ocorre nos raios. A diferença de potencial é tão alta que provoca a quebra da rigidez dielétrica do ar, que se ioniza. Assim tem-se o movimento de elétrons livres e íons que se movem entre as nuvens e a terra. Nos gases a corrente é formada tanto por cargas negativas quanto positivas. 134 OBSERVAÇÃO A corrente elétrica é uma grandeza escalar. Embora ela seja representada como uma seta, ELA NÃO É UM VETOR. É uma grandeza orientada, mas que se soma algebricamente. CORRENTE CONTÍNUA Quando você usa uma pilha na sua lanterna, ou uma bateria em um computador tipo note book, ou a bateria de um carro, a corrente que alimenta esses aparelhos é o resultado de um fluxo contínuo e ordenado de cargas elétricas. Nesse tipo de circuito existe um polo positivo e outro negativo. A corrente é denominada CORRENTE CONTÍNUA. CORRENTE ALTERNADA Nas nossas residências a corrente varia de intensidade e orientação periodicamente. Não tem sentido atribuir-se um polo positivo e outro negativo. Esse tipo de corrente é chamado de CORRENTE ALTERNADA. A corrente alternada que usamos em nossas casas é fornecida pelas usinas hidrelétricas e sua variação é de 60 ciclos por segundo (60 Hz). Isto significa que a corrente varia 60 vezes por segundo. MULTIMÍDIA Agora vamos assistir a esse vídeo [5] para solidificar mais nossos conhecimentos adquiridos. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.educolorir.com/lampada-ligada-t26249.jpg 2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Edison 3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9-Marie_Amp%C3%A8re 4. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/eletrolise/mecan_cond_eletr oliticos/ 5. http://www.youtube.com/watch?v=XbkDuWaMnOw&feature=related Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 135 TÓPICO 02: RESISTÊNCIA ELÉTRICA E LEI DE OHM Toda pessoa que já levou um choque elétrico, sabe que seja o choque grande ou pequeno, é sempre uma sensação desagradável. Mas os efeitos do choque elétrico vão depender das condições a que o corpo da pessoa está submetido. Por exemplo, com o corpo seco o indivíduo leva apenas um leve choque recebendo uma descarga de 120 volts, mas se o corpo estiver molhado, a mesma descarga de 120 volts, pode ser suficiente para provocar até uma parada cardíaca. A razão para esses efeitos tão diversos é que a corrente elétrica em cada caso é muito diferente. Note que no exemploacima a ddp é a mesma em ambos os casos (120 V). O que faz a corrente elétrica assumir valores diferentes, mesmo que a ddp aplicada seja a mesma? O valor da corrente elétrica além de depender da ddp aplicada, depende também da capacidade que o condutor tem de se opor à passagem da corrente. A dificuldade de se opor à passagem da corrente elétrica é denominada RESISTÊNCIA ELÉTRICA, que é definida como a razão entre a diferença de potencial V e a corrente i: LEI DE OHM: A relação entre a ddp e a corrente é sempre constante, isto é, A EXPRESSÃO é a definição de resistência. Esta expressão somente representará a Lei de Ohm SE R FOR SEMPRE CONSTANTE. A unidade de resistência elétrica no sistema SI é o Ohm, simbolizado pela letra grega maiúscula ômega ( ). A Unidade de resistência elétrica é uma homenagem ao cientista alemão Georg Simon Ohm [1] (1787 – 1854) A resistência depende do comprimento a ser percorrido, da área através da qual a corrente flui e do material. O OHMÍMETRO É O APARELHO UTILIZADO PARA MEDIR A RESISTÊNCIA ELÉTRICA. RESISTÊNCIA ELÉTRICA Uma boa analogia para uma corrente elétrica em um fio, é uma tubulação por onde escoa a água. Imagine que a tubulação está cheia de cascalho. A passagem da água será dificultada. O cascalho oferece resistência FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 04: CORRENTE ELÉTRICA 136 ao fluxo. Um trecho que tenha o dobro do comprimento oferece MAIS RESISTÊNCIA à passagem da água, já que tem mais cascalho. Em uma tubulação mais larga (maior área), a água encontrará MENOS RESISTÊNCIA, pois há mais espaço para ela passar. É claro que o tipo de cascalho também vai influenciar no escoamento da água: se o cascalho for polido, vai oferecer menor resistência ao escoamento do que um cascalho bruto. Os condutores que obedecem à Lei de Ohm são chamados condutores ôhmicos. Os metais são bons exemplos de condutores ôhmicos. Os condutores não ôhmicos, naturalmente, são aqueles que não obedecem à Lei de Ohm, ou seja, suas resistências não são constantes. OLHANDO DE PERTO Para os condutores ôhmicos, o gráfico da ddp versus corrente elétrica é sempre uma reta cuja inclinação é numericamente igual à resistência. O GRÁFICO DA DIFERENÇA E POTENCIAL VERSUS A CORRENTE A lei de Ohm diz que a resistência de um condutor ôhmico é constante, isso significa que a diferença de potencial (ddp) é proporcional à corrente elétrica. O gráfico da ddp em função da corrente é uma reta, cuja inclinação é o valor da resistência. Fonte [2] No gráfico ao lado, calcular a tangente do ângulo (a inclinação da reta) é o mesmo que calcular a resistência R. Veja o triângulo em vermelho, por exemplo, é possível concluir imediatamente que R é igual à inclinação da reta que representa a diferença de potencial (ddp) versus corrente elétrica. Da definição da resistência: R= V/i, (ddp/corrente), 137 Se o condutor não é ôhmico, sua resistência é variável e o gráfico da ddp versos corrente pode ter, por exemplo, o aspecto mostrado na figura abaixo: Fonte [3] A resistência elétrica depende da natureza de cada substância e a característica da substância está diretamente relacionada a uma grandeza denominada: A resistividade é uma propriedade específica de cada substância. É representada pela letra grega e é definida como a relação entre o campo elétrico (E) e a densidade de corrente (J), isto é a corrente por unidade de área. A unidade para a resistividade no sistema SI é .M Os bons condutores de eletricidade apresentam baixos valores de resistividade. TABELA DAS RESISTIVIDADES DE ALGUNS MATERIAIS 138 Fonte [4] Note que os metais, bons condutores de eletricidade, apresentam os menores valores de resistividade. Como você pode notar, os valores da resistividade mostrados na tabela acima, são dados na temperatura de 200C. Por que isso? OBSERVAÇÃO A resistividade de um material depende da temperatura. RELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA E A RESISTIVIDADE Considere um fio de comprimento e área A. Este fio é percorrido por uma corrente i, devido a uma ddp V aplicada entre suas extremidades. 139 Entre as extremidades, separadas pela distância , podemos escrever a ddp V em termos do campo elétrico E: A densidade de corrente J, como já foi dito é definida como : Se a resistividade é definida como , vamos substituir as equações para E e J: Ora, você acabou de ser apresentado à resistência elétrica. V/i é justamente a definição da resistência R, portanto: Agora fica fácil entender porque a resistividade depende da temperatura. Se Como vimos, a resistência é o obstáculo à passagem das cargas elétricas e depende, entre outros fatores, do material por onde circula a corrente elétrica. Lembra daquela comparação da tubulação de água cheia de cascalho? 140 Veja as “tubulações” acima, cheias de cascalhos diferentes. Você, certamente, concorda que a água não escoaria da mesma forma por cada uma delas, mesmo que tivessem o mesmo comprimento e a mesma área. Na nossa comparação, o cascalho representa os átomos que formam o material através do qual a corrente circula. No caso dos metais, os elétrons circulam pelo fio e no seu caminho, “tropeçam” o tempo todo nos átomos que formam a estrutura metálica do fio. Quando a temperatura aumenta, a agitação dos átomos também aumenta, por conseguinte, a resistência à passagem dos elétrons fica mais dificultada. Está explicada a razão para a resistividade depender da temperatura. O inverso da resistividade ( é a condutividade ( ): Bons condutores de eletricidade têm baixa e alta. Com os isolantes ocorre o contrário. DANOS PARA O ORGANISMO Aprendendo sobre a resistência elétrica, você agora pode entender porque, às vezes um choque elétrico pode ser grave ou não, como falamos no início deste tópico A pele humana é um bom isolante e oferece, quando seca, uma resistência à passagem da corrente elétrica de cerca de 100.000 . Quando a pele está molhada, essa resistência cai para apenas 1.000 , 100 vezes menor. Se houver rompimentos na pele, a resistência do corpo pode ser reduzida para valores da ordem de 500 . Veja estes exemplos numéricos: os 2 primeiros casos, referem-se à baixa voltagem (corrente de 120 volts) e o terceiro, à alta voltagem. Da definição de resistência temos: Os valores da corrente para as três situações a) Corpo seco: Com uma corrente de 1,2 mA a pessoa leva apenas um leve choque. Desagradável, mas não mortal. b) Corpo molhado: 141 Uma corrente de 120 mA já pode ser suficiente para provocar um ataque cardíaco. c) Pele rompida: Um corrente de 2A pode causar danos severos ao organismo, levando a uma parada cardíaca e sérios danos aos órgãos internos. Além da intensidade da corrente elétrica, o caminho percorrido pela eletricidade ao longo do corpo (do ponto onde entra até o ponto onde ela sai) e a duração do choque, são os responsáveis pela extensão e gravidade das lesões. Fonte Um corpo ou qualquer elemento colocado em um circuito para oferecer resistência, é chamado de RESISTOR. No circuito, o símbolo do resistor é Para você se exercitar um pouquinho, aqui estão alguns exemplos resolvidos. Eles podem servir de inspiração na solução das atividades de portfólio. EXEMPLO RESOLVIDO 1 Um condutor cilíndrico de comprimento L tem resistência elétrica R. Ele é esticado até um comprimento 2L, mantendo o mesmo volume. Qual será agora a nova resistência elétrica deste condutor? RESPOSTA: R2 = 4 R SOLUÇÃO Para resolver esse problema você vai precisar saber como a resistência depende das características de um condutor, que é dada pela expressãoseguinte: Dados que você tem: = L R1 = R V1 = V2 (o volume se mantém o mesmo) 142 Dado que você precisa: A2 Como o condutor é cilíndrico, seu volume é dado por: O volume do condutor se mantém constante, então: Substituindo os dados na expressão para R EXEMPLO RESOLVIDO 2 Um fio cilíndrico A tem resistência elétrica igual a duas vezes a resistência elétrica de um outro fio, também cilíndrico, B. Sabe-se que o fio A tem o dobro do comprimento do fio B e sua seção transversal tem raio igual à metade do raio da seção transversal do fio B. Qual é a relação entre as resistividade A/ B dos dois materiais? RESPOSTA: 0,25 SOLUÇÃO Novamente, você vai precisar utilizar esta equação: Dados do problema: RA= 2 RB LA = 2LB rA = rB/2 O que você precisa? A relação entre as áreas dos fios, supostas circulares. Nesse caso, você terá: 143 A = 0,25 B MULTIMÍDIA Agora vamos assistir a esses vídeos para solidificar mais nossos conhecimentos adquiridos. Vídeo 1 [5] Vídeo 2 [6] FONTES DAS IMAGENS 1. http://pt.wikipedia.org/wiki/George_Simon_Ohm 2. http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/em/fisica/fundament os/testes/tp3_6.htm 3. http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/em/fisica/fundament os/testes/tp3_6.htm 4. http://pt.wikipedia.org/wiki/Resistividade 5. http://www.youtube.com/watch?v=tmUU1b3KWNw 6. http://www.youtube.com/watch?v=5xGH1i2ke8k&feature=related Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 144 TÓPICO 03: CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA Quando você estava estudando a aula 2, viu no tópico 2 a seguinte frase: A DDP ENTRE DOIS PONTOS, SIGNIFICA QUE AS CARGAS ELÉTRICAS FICAM “COM VONTADE” DE SE MOVER ENTRE ESSES DOIS PONTOS. SE ISSO FOR PERMITIDO, ELAS SE MOVEM. Se não se lembrar que viu isso, que tal voltar à aula 2 e fazer uma boa revisão do assunto? Não basta as cargas “ficarem com vontade” de se mover, para ter uma corrente elétrica é preciso que elas possam se mover. Elas precisam de um “caminho”. OBSERVAÇÃO Um circuito elétrico é um caminho fechado formado pela associação de componentes elétricos (capacitores e resistores, por exemplo), aonde uma corrente elétrica é estabelecida. A figura abaixo representa um circuito elétrico simples. Fonte [1] Para fazer as cargas elétricas se movimentarem continuamente, proporcionando uma corrente estável, é necessário um dispositivo que forneça energia às cargas. Um dispositivo que fornece energia elétrica a um circuito é chamado de fonte ou gerador de força eletromotriz (FEM). DICA O termo "força eletromotriz" (fem) não tem nada a ver com força! A unidade da fem ( ) é joule/Coulomb = Volt. Uma fonte ou gerador de fem é também chamada fonte de tensão. FONTE OU GERADOR DE FORÇA ELETROMOTRIZ (FEM) FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 04: CORRENTE ELÉTRICA 145 Baterias, pilhas, geradores elétricos, células solares, termopares, células de combustível, são exemplos de fontes ou geradores de fem. São dispositivos que convertem algum tipo de energia (química, mecânica, térmica) em energia elétrica. Uma corrente é um movimento ordenado de cargas elétricas. No caso da corrente através de um fio metálico, as cargas que se movimentam são os elétrons. O campo elétrico no interior do fio, “ordena” aos elétrons que se movam, mas nesse movimento os elétrons colidem continuamente com os átomos que formam a estrutura metálica do fio. A força elétrica “puxa” os elétrons, mas em sua caminhada, eles são freados pelo material aonde se movem, como se sofressem a ação de uma força de atrito. Isso é a resistência elétrica. Esse “atrito” gera calor. Na verdade nas colisões com os átomos, os elétrons transferem parte de sua energia cinética para a rede metálica, aumentando assim a agitação dos seus átomos, o que se manifesta em um aumento de temperatura. Para suprir essa perda de energia em forma de calor, é necessário uma fonte que suprindo essa perda de energia, proporcione uma circulação contínua da corrente. Esse é o papel da fonte ou gerador de fem. Esta é uma foto da linda fonte existente no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O funcionamento dela assemelha-se ao funcionamento de uma fonte de fem. Na fonte ornamental do Jardim Botânico, a água jorra do topo da fonte até o reservatório na sua base (diminuindo a sua energia potencial gravitacional). Uma bomba eleva a água de volta para o topo da fonte (aumentando a energia potencial) para iniciar um novo ciclo. Sem a bomba, a água apenas cairia para a base do recipiente. No circuito elétrico a carga percorre um ciclo completo, como a água na fonte. A fonte de fem faz o papel da bomba, “empurrando” as cargas de um potencial mais baixo (o terminal – ) para um mais alto ( o terminal + ). A fonte ou gerador de fem realiza uma quantidade de trabalho W para transferir uma quantidade de carga q e a fem é definida como: 146 Se a fem e a ddp são ambas definidas como o trabalho sobre a carga, você deve estar pensando, qual é a diferença entre a fem e a ddp? DIFERENÇA DE POTENCIAL Na DDP o trabalho é realizado pela força elétrica, é de NATUREZA PURAMENTE ELETROSTÁTICA e independe do caminho ou trajeto que une um ponto ao outro. FORÇA ELETROMOTRIZ Na FEM o trabalho para transportar uma carga de um ponto a outro por um particular trajeto; é de natureza NÃO-ELETROSTÁTICA. Contrariamente à definição de ddp, esse trabalho agora depende do caminho. O trabalho não eletrostático é decorrente das transformações ocorridas na própria fonte. Por exemplo, no caso de uma bateria ou uma pilha, é a energia química, resultante das transformações químicas que se transforma em energia elétrica. OBSERVAÇÃO VALE A PENA LEMBRAR: Embora a ddp e a fem sejam definidas de modo idêntico (trabalho/carga) e tenham a mesma unidade de medida (Volt), são grandezas CONCEITUALMENTE DIFERENTES. A ddp expressa o trabalho por unidade de carga realizado por um CAMPO ELETROSTÁTICO, enquanto a fem exprime o trabalho por unidade de carga realizado por um CAMPO NÃO ELETROSTÁTICO. Nas pilhas e nas baterias, o campo não eletrostático é de natureza eletroquímica, atuando no interior do gerador, orientado do terminal de potencial mais baixo (negativo) para o terminal de potencial mais alto (positivo). Nos geradores eletromecânicos, o campo não eletrostático é induzido eletromagneticamente. Nos metais a corrente é formada pelos elétrons, mas nas pilhas e baterias, as cargas livres responsáveis pela corrente elétrica, são íons positivos e íons negativos. Uma fonte de fem é capaz de manter uma ddp entre os extremos do circuito ao qual ela é ligada. Todos os materiais exercem resistência, por menor que seja, à passagem das cargas elétricas, o que provoca uma perda indesejada de energia. Com os geradores de fem não é diferente. A resistência que eles oferecem ao fluxo de cargas é a resistência interna do próprio dispositivo. A resistência interna de um gerador real é representada pela letra r. Uma fonte de fem real, isto é, que possui resistência interna é representada na figura abaixo: 147 Fonte [2] Uma fonte ideal, não oferece nenhuma resistência à passagem das cargas, isto é, para uma fonte ideal r = 0. Nesse caso a ddp entre os terminais da fonte é sempre igual à fem. VERSÃO TEXTUAL O efeito de um choque elétrico varia muito de pessoa para pessoa. A corrente elétrica tem ação, de modo geral, sobre todos os tecidos vivos, porque os tecidos do nosso corpo e dos animais contém substâncias coloidais e os coloides sofrem ação da eletricidade. Particularmente, falandode seres humanos, podemos afirmar que o corpo humano é um condutor de eletricidade. A ação da corrente elétrica sobre os nervos e os músculos é particularmente importante. Em geral, quando uma pessoa é exposta a uma corrente alternada de frequência igual a 60 Hz e essa corrente flui através do seu corpo de uma mão à outra, o choque podem levar à morte ou deixar sequelas muito graves. A ação da corrente elétrica sobre os nervos sensitivos dá a sensação de dor e nos músculos, produz uma contração. Fonte [4] O pior choque é aquele que se origina quando uma corrente elétrica entra pela mão da pessoa e sai pela outra. 148 Nesse caso, atravessando o tórax, ela tem grande chance de afetar o coração e a respiração. O valor mínimo de corrente que uma pessoa pode perceber é 1 mA. Com uma corrente de 10 mA, a pessoa perde o controle dos músculos, sendo difícil abrir as mãos para se livrar do contato. O valor mortal está compreendido entre 10 mA e 3 A. Fonte [5] CONDUÇÃO AO LONGO DE UM NERVO A condução dos estímulos nervosos até o cérebro é basicamente um processo elétrico. O axônio é uma fibra nervosa, ao longo da qual o impulso elétrico se propaga. O axônio de um neurônio liga-se aos dendritos do outro neurônio; o axônio desse último liga-se ao dendrito de um terceiro neurônio e assim sucessivamente. Dessa forma o impulso é transmitido em um único sentido. A ligação entre os neurônios é feita pelas sinapses, possibilitando a transmissão da atividade elétrica de uma célula à outra. O impulso nervoso que percorre a célula nervosa se dá por modificações químicas e elétricas nessas células. A célula nervosa em repouso é eletricamente polarizada, o interior é negativo e o exterior é positivo, lembrando um capacitor. Quando um impulso elétrico é aplicado ao axônio, sua membrana se torna temporariamente mais permeável a outros íons presentes nos fluidos, produzindo uma variação na diferença de potencial. Essa perturbação se propaga ao longo da membrana, como uma onda, com uma velocidade da ordem de 30m/s. O potássio é o principal íon presente no fluido interno das células, enquanto o sódio é o principal do fluido externo. O funcionamento do organismo depende da regulação de potássio dentro e fora das células. O potássio é um eletrólito importante para a transmissão nervosa, contração muscular e equilíbrio de fluidos no organismo. Fonte [6] APLICAÇÕES NO COTIDIANO APLICAÇÃO 01 É A VOLTAGEM OU A CORRENTE QUE FAZ MAL? É a voltagem ou a corrente que faz mal? 149 Quantas vezes você já viu um símbolo com este? Ele é o símbolo internacional de alta tensão. Fonte [7] Este símbolo vem sempre acompanhado de aviso dizendo: "Perigo - alta voltagem". Mas alta voltagem, ou alto potencial, ou alta tensão, sozinho, não lhe causará mal. A Alta voltagem pode dar lugar a uma intensa corrente, e esta é que produz o dano. Como você acabou de ver neste tópico, a intensidade da corrente elétrica depende de dois fatores: a ddp e a resistência. Assim, mesmo que a voltagem seja alta, se a resistência também for alta, a corrente pode ser pequena e inofensiva. Por outro lado, se a resistência for baixa, mesmo uma ddp pequena, pode proporcionar uma corrente elétrica capaz até de matar uma pessoa. APLICAÇÃO 02 POR QUE UM PÁSSARO PODE POUSAR NUM FIO DE ALTA TENSÃO? Um pombo, pousando num fio de alta tensão, não é afetado por esta porque nenhuma corrente passa através do seu corpo. Embora a ddp sozinha não possa causar mal, é necessário que haja uma ddp diferente de zero para que as cargas possam circular. Lembra? A ddp dá às cargas a “vontade” de se moverem. Um passarinho, pela sua própria natureza, tem as patinhas muito próximas uma da outra. Quando ele pousa no fio, ele toca apenas em um dos fios. Não existe uma diferença de potencial entre as suas patas. Se ele pudesse tocar os dois fios ao mesmo tempo, a corrente o mataria. Veja na foto abaixo, que o pássaro pousa apenas em um fio (desencapado) Fonte [8] APLICAÇÃO 03 150 Fonte [9] Quando a meninada está soltando pipas (arraias), é muito comum que uma delas se prenda na fiação elétrica das ruas. É claro que todos correm para tentar soltar a pipa e ficar com ela também! É aí que mora o perigo. Se a pipa se prende em um dos fios, o garoto, (ou a garota, por que não ?) que está com os pés no solo, fecha o circuito, tocando em dois pontos com diferentes potenciais: os pés no chão e a mão em contato com a pipa no fio. O potencial da terra é sempre considerado como zero (lembre-se da aula 2). Nesse caso haverá uma diferença de potencial entre o potencial do fio e o potencial da terra. Essa ddp pode provocar uma corrente e causar um dano muito grave. Se tentar subir no poste para liberar a pipa, o risco será grande da mesma forma. Todo garoto, é maior do que um passarinho, é óbvio! Subindo no poste ele corre o risco de tocar nos dois fios ao mesmo tempo e com isso sofrer um choque elétrico. APLICAÇÃO 04 COMO FUNCIONA O PISCA-PISCA DE UM CARRO? O sistema é igual em todos os carros. As lâmpadas de sinalização acendem e apagam porque a corrente elétrica passa pelo relé (peça formada por uma resistência e contatos). Quando a alavanca do pisca é acionada, a lâmpada acende. Mas, como ela consome mais energia do que a resistência, a corrente acaba sendo cortada. Em seguida, a resistência esfria e a corrente passa outra vez. E novamente ela é cortada. Esse processo ocorre várias vezes seguidas, o que dá o efeito pisca-pisca, até que a alavanca volte à posição inicial. 151 Fonte [10] APLICAÇÃO 05 O DETECTOR DE MENTIRAS O objetivo do detector de mentiras, também chamado POLÍGRAFO, é investigar se a pessoa está dizendo a verdade ou mentindo quando responde a certas perguntas. Placas metálicas são presas ao corpo da pessoa e ligadas a uma bateria. Se uma pergunta causa alguma perturbação a pessoa transpira, com isso a resistência elétrica diminui causando um aumento na corrente elétrica. No início do teste de polígrafo, o examinador faz algumas perguntas simples para estabelecer os padrões de sinais da pessoa. A seguir, as perguntas que realmente importam e precisam do teste do polígrafo são feitas. Durante todo o interrogatório, todos os sinais da pessoa são registrados em gráficos. Durante o teste e depois dele, o examinador de polígrafo pode observar os gráficos e ver se os sinais vitais mudaram de maneira significativa durante alguma pergunta. Em geral, uma mudança significativa (como frequência cardíaca mais acelerada, pressão sangüínea mais alta e aumento da transpiração) indica que a pessoa está mentindo. Os sensores geralmente registram: a frequência respiratória, os batimentos cardíacos, a pressão sangüínea e a transpiração da pessoa. 152 Reações fisiológicas registradas por um polígrafo. Fonte FÓRUM Um eletricista foi acidentalmente eletrocutado e numa reportagem jornalística afirmou-se que “Ele tocou acidentalmente num cabo de alta tensão e 20000 V de eletricidade atravessaram o seu corpo.” Faça uma crítica a essa afirmação. Fonte: Física, Vol. 3, Resnick e Halliday, 4a edição LEITURA COMPLEMENTAR Caro aluno, convido-o a entrar nesse site. Seara da Ciência [11] Clique no link PORQUE A LUZ ACENDE. Está genial! EXEMPLO RESOLVIDO 01) Um pássaro pousa em um dos fios de uma linha de transmissão de energia elétrica. O fio conduz uma corrente elétrica i = 1000A e sua resistência, por unidade de comprimento, é de 5,0.10-5 /m. A distância que separa os pés do pássaro, ao longo do fio, é de 6,0 cm. Determine a diferença de potencial, emmilivolts (mV), entre os seus pés. RESPOSTA: 3 mV SOLUÇÃO A ddp entre os pés do pássaro pode ser calculada como V=E x d, onde d é a distância entre os pés e E é módulo do campo elétrico no fio. A resistência do fio é dada por: Sabemos também que a resistividade é definida como: Substituindo na expressão para a resistência, teremos: 153 OBSERVAÇÃO A arraia elétrica tem dois grandes órgãos elétricos em cada um dos lados de sua cabeça, onde a corrente passa da superfície inferior para a superfície superior do seu corpo. Esses órgãos são compostos por colunas, cada uma consistindo de quatro mil a meio milhão de placas gelatinosas. Nos peixes de água salgada essas baterias são conectadas em paralelo, enquanto nos peixes de água doce as baterias são conectadas em série, transmitindo descargas de alta tensão. A água doce tem uma resistividade maior do que a água salgada, assim para ser mais efetiva uma tensão maior é necessária. É com essas baterias que uma arraia elétrica média pode eletrocutar um peixe, descarregando 50 A a 50 V. Fonte: Física, Vol.2, Paul A. Tipler e Gene Mosca, 5a Ed. Editora LCT, 2006 FONTES DAS IMAGENS 1. http://satie.if.usp.br/cursos/aulas_fis3/notas_de_aula/node66.html#fi g31 2. http://satie.if.usp.br/cursos/aulas_fis3/notas_de_aula/node68.html 3. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 4. http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/imagem.php?idImagem=70 5. http://br.geocities.com/saladefisica5/leituras/choque.htm 6. http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u29.jhtm 7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Alta_tens%C3%A3o 8. http://www.flickr.com/photos/mixavier/66192975/ 9. http://br.geocities.com/saladefisica5/leituras/choque.htm. 10. http://www.finatec.org.br/site/index.php? option=com_content&task=view&id=87&Itemid=145 11. http://www.seara.ufc.br/animacoes/animacoes00.htm Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 154 TÓPICO 04: ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES Em um circuito elétrico, frequentemente é necessário fazer uma combinação ou associação com vários resistores. Existem duas maneiras de se fazer essas combinações: em série e em paralelo ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE: RESISTORES LIGADOS EM SEQUENCIA Fonte [1] A corrente elétrica é a MESMA em todos os resistores de uma ligação de em série. ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE DE RESISTORES Fonte [2] Aplicando a Lei de ohm para cada resistor: Como a corrente é a mesma para todos, pode-se concluir que a ddp através de cada resistor é proporcional ao valor da resistência R da cada um. A fonte de fem (pode ser uma bateria) fornece uma tensão V ao circuito todo. Então podemos escrever: FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 04: CORRENTE ELÉTRICA 155 Definindo uma resistência equivalente Req: OLHANDO DE PERTO A resistência equivalente de uma associação em série, é maior do que qualquer das resistências individuais. RESISTÊNCIA EQUIVALENTE Voltemos à comparação com as tubulações de água, imagine 4 tubulações conectadas em série: A água entrando por uma das aberturas da tubulação composta (4 tubulações) vai ter que atravessar quatro vezes mais cascalho. A dificuldade que ela vai encontrar para escoar, agora é bem maior do que escoar por apenas uma tubulação de cada vez. CARACTERÍSTICAS DE UMA LIGAÇÃO EM SÉRIE ◾ A falta ou interrupção de um resistor impede o funcionamento dos demais. ◾ A corrente é a mesma para todos os resistores ◾ Os valores da ddp entre os extremos de cada resistor dependem do valor de cada resistência. ASSOCIAÇÃO EM PARALELO: RESISTORES LIGADOS À MESMA DDP. Fonte [3] A ddp é a mesma para todos os resistores ligados em paralelo. ASSOCIAÇÃO EM PARALELO DE RESISTORES 156 http://www.infoescola.com/fisica/associacao-de-resistores/ Observe que todos os resistores estão conectados à mesma bateria, ou seja, à mesma tensão, mas diferente da ligação em série, agora a corrente elétrica tem “bifurcações” por onde ela pode se dividir. Lembra da Lei da conservação de cargas da aula 1? (Aproveite para fazer uma revisão) Como a carga não pode ser criada nem destruída, as cargas que formam a corrente elétrica, podem se bifurcar à vontade, mas a conservação sempre se mantém, por isso, a corrente que sai da fonte de tensão é a soma de todas as correntes que passam por cada resistor. Aplicando a lei de Ohm para cada resistor: Se fossemos escrever a lei de Ohm para um resistor equivalente, seria: Comparando com a equação anterior, podemos concluir que a resistência equivalente é dada por: Caso fossem apenas 2 resistores, teríamos Para uma associação de n resistores, teremos: 157 CARACTERÍSTICAS DE UMA LIGAÇÃO EM PARALELO: • Todos os resistores são ligados à mesma fonte de tensão. • O valor da corrente em cada resistor é inversamente proporcional ao valor da resistência. • Cada resistor pode funcionar independentemente das demais, isto é a queima de um deles não interrompe a corrente no circuito. A resistência equivalente de uma associação em paralelo, é menor do que qualquer uma das resistências individuais. Se tubulações diferentes estiverem todas conectadas a uma mesma fonte de água, a água vai “preferir” escoar através da tubulação aonde os cascalhos oferecem menos obstáculos à sua passagem, ou seja, a menor resistência. OS MEDIDORES NA ELETRICIDADE: VOLTÍMETRO, AMPERÍMETRO, OHMÍMETRO, MULTÍMETRO VOLTÍMETRO O voltímetro é o aparelho usado para medir as diferenças de potencial. A figura abaixo mostra um voltímetro digital. Fonte [4] O voltímetro deve ser ligado em paralelo com o circuito. Além disso, ele deve ter uma resistência altíssima, para que a corrente elétrica que circula por ele, seja a menor possível. Se houver uma corrente significativa circulando pelo voltímetro, a medida da ddp que ele marcará não será a ddp entre os pontos do circuito, já que no próprio instrumento de medida ocorre uma variação na tensão. 158 Lembre-se que V = Ri Fonte [5] UM VOLTÍMETRO IDEAL SERIA AQUELE CUJA RESISTÊNCIA FOSSE INFINITA, O QUE RESULTARIA EM UMA CORRENTE NULA CIRCULANDO POR ELE ( I = V/R). AMPERÍMETRO Fonte [6] Quando desejamos medir a corrente elétrica que passa, por exemplo, em uma certa resistência, devemos ligar o amperímetro em série com a resistência, e portanto, toda a corrente que passa nesta resistência passará através do aparelho. No interior do amperímetro, como em qualquer aparelho, existem fios condutores que devem ser percorridos pela corrente elétrica, para que o aparelho indique o valor desta corrente. Estes fios apresentam certa resistência elétrica, que é denominada resistência interna do amperímetro. O simples ato de conectar um amperímetro a um circuito, faz com que sua resistência interna seja acrescentada à resistência do circuito (a resistência equivalente é a soma das resistências individuais). Diferente do voltímetro, a resistência interna de um amperímetro deve ser a menor possível, para que a perturbação causada por sua presença seja desprezível. UM AMPERÍMETRO IDEAL SERIA AQUELE CUJA RESISTÊNCIA FOSSE ZERO, O QUE RESULTARIA EM UMA QUEDA DE TENSÃO NULA CIRCULANDO NOS SEUS EXTREMOS (V= R I). Quando o amperímetro apenas marca a existência de uma corrente, sem indicar valores, ele é chamado GALVANÔMETRO. OHMÍMETRO 159 O ohmímetro é um instrumento que permite medir a resistência elétrica de um elemento de um circuito. MULTÍMETRO Um Multímetro ou Multiteste é um instrumento que incorpora diversos instrumentos de medidas elétricas num único aparelho como voltímetro, amperímetro e ohmímetro . Fonte [7] EXEMPLO RESOLVIDO 1 Considere o circuito representadona figura abaixo. Se a força eletromotriz = 12 V, R1 =2 e R2 = 4 . Qual é a queda de potencial do ponto A ao ponto B em volts? Fonte [8] RESPOSTA: 4 V SOLUÇÃO Os resistores estão associados em série. A resistência equivalente é dada por: Req = R1 + R2 = 2 + 4 Então Req = 6 O circuito equivalente é este: 160 R= V/i, teremos a corrente no circuito i= V/R= 12/6 i= 2 A A corrente é a mesma em todo o circuito, uma característica da ligação em série, portanto entre os pontos A e B, os extremos do resistor R1 teremos: VAB = R1 x i = 2 x 2 VAB = 4V EXEMPLO RESOLVIDO 2 Três resistências estão ligadas em paralelo a uma bateria de 12 V, como mostrado na figura ao lado. Calcule: Fonte [9] a) A resistência equivalente da associação; b) As correntes i1, i2 e i3 c) A corrente total do circuito. RESPOSTAS: (a) 2,86 ; (b) 2,4 A, 1,2 A, 0,6 A; (c) 4,2 A SOLUÇÃO a) Associação em paralelo. Vamos calcular a resistência equivalente 161 b) Determinando as correntes: Aplicando a Lei de Ohm para cada resistor teremos: c) A corrente total do circuito pode ser obtida, simplesmente somando-se cada uma das correntes individuais. FÓRUM As dez lâmpadas de uma árvore de natal são ligadas em série. Numerando estas lâmpadas de 1 a 10 e supondo que a nona lâmpada queime: a. Todas apagam. b. Ficam acesas apenas as lâmpadas de 1 a 8. c. Somente a nona lâmpada apaga. d. Fica acesa somente a décima lâmpada e. Todas queimam. Discuta com os seus colegas e o seu professor, qual das alternativas acima é correta e JUSTIFIQUE POR QUE. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.mspc.eng.br/elemag/celetr0150.shtml 2. http://www.infoescola.com/fisica/associacao-de-resistores/ 3. http://www.infoescola.com/fisica/associacao-de-resistores/ 4. http://www.eletronica.org/img_artigos/instrumentacao/digital.jpg 5. http://www.ibytes.com.br/ultimos.php?id=368 6. http://oficina.cienciaviva.pt/~pv0625/intensidade_campos_magneticos _2.htm 7. http://ersonelectronica.com/images/981-530134300.jpg 8. http://www.prof-leonardo.com/downloads/Lista_2.pdf 9. http://br.geocities.com/saladefisica8/eletrodinamica/paralelo.htm Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 162 TÓPICO 05: POTÊNCIA, EFEITO JOULE No tópico 2 desta aula, quando falamos da resistência elétrica, dissemos que no caso dos metais, os elétrons circulam pelo fio e no seu caminho, “tropeçam” o tempo todo nos átomos que formam a estrutura metálica do fio. Pode parecer que a resistência é sempre um fator negativo e que o ideal seria se ela não existisse. Neste tópico você verá que muitos dos benefícios da vida moderna que temos hoje, como lâmpadas incandescentes, ferros elétricos, aquecedores, chuveiros elétricos, têm o seu funcionamento baseado na existência da resistência elétrica. Quando um condutor metálico é percorrido por uma corrente elétrica ele se aquece. Você sabe por que um fio esquenta quando é percorrido por uma corrente elétrica? VOCÊ SABE POR QUE UM FIO ESQUENTA QUANDO É PERCORRIDO POR UMA CORRENTE ELÉTRICA? Dê uma lida no tópico 2 desta aula. Você aprendeu lá que a resistência é o obstáculo à passagem das cargas elétricas e depende, entre outros fatores, do material por onde circula a corrente elétrica. Quando se estabelece uma ddp entre os extremos de um fio condutor, o campo elétrico que agora existe no interior do fio, força as cargas elétricas a se moverem aceleradas sob a ação da força elétrica. Os elétrons, que são os portadores de carga nos metais, nos seus movimentos através do condutor chocam-se com os átomos do metal, transferindo a eles uma parte de sua energia. Com isso os átomos passam a vibrar mais intensamente, aumentando a sua energia cinética média e, consequentemente, aumentando sua temperatura. O fio se aquece. Se o meio em volta do condutor estiver em uma temperatura mais baixa, haverá uma transferência de calor do para fora do fio. PARADA OBRIGATÓRIA O aquecimento de um resistor pela passagem de corrente é chamado EFEITO JOULE em homenagem a JAMES PRESCOTT JOULE FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 04: CORRENTE ELÉTRICA 163 James Prescott Joule [1] ENERGIA E POTÊNCIA NOS CIRCUITOS ELÉTRICOS No circuito mostrado na figura acima, a corrente, de acordo com a convenção, flui de a para b. O terminal a ligado ao polo positivo da bateria está em um potencial maior do que o do terminal b, ligado ao polo negativo Se uma certa quantidade de carga q atravessa o fio de a para b, sua energia potencial sofrerá uma variação U, igual ao trabalho realizado para levar essa carga de a para b. Da definição da ddp entre a e b temos: Como sabemos, a corrente elétrica é definida como Substituindo na expressão da variação da energia potencial elétrica teremos: A variação da energia no tempo ( U/ t) é a POTÊNCIA, que mede a taxa de transferência da energia A potência mede quão rapidamente a energia é absorvida ou liberada. EFEITO JOULE Esta expressão da potência é completamente geral. Imagine que o circuito que você viu acima, agora se apresentasse da forma como mostrado abaixo. Você não sabe o que pode conter a caixa preta. Poderia ser uma bomba d’água, uma bateria descarregada 164 precisando de carga, um ventilador, ou um ferro elétrico, um chuveiro elétrico, uma torradeira. Se o elemento do circuito for um motor, uma bomba d’água, por exemplo, a potência do motor, por definição é P= U/ t e a energia ( U) aparecerá principalmente como o trabalho mecânico que esse motor produzirá. Mas você também pode escrever P= i x V Se for uma bateria que está sendo carregada, a energia U aparecerá em grande parte na forma de energia química acumulada. Se o elemento dentro da caixa for um aquecedor, um ferro elétrico, um chuveiro elétrico, enfim um elemento cuja finalidade seja produzir um aquecimento, a energia vai aparecer sob a forma de calor, ou seja, nesse caso observamos o EFEITO JOULE. Para a potência, de modo geral temos: Para o caso de um resistor podemos combinar a expressão acima para a potência com a Lei de Ohm: A potência agora pode ser escrita também como: ou aplica-se a transferências de energia de QUALQUER TIPO, inclusive energia térmica, mas as expressões 165 aplicam-se apenas aos casos da transferência de energia elétrica em energia térmica, o Efeito Joule. DICA É muito comum as pessoas falarem Vat, se referindo à potência. Não diga Vat. James Watt era inglês e NA LÍNGUA INGLESA O W TEM SOM DE U. WATT No sistema SI, a unidade de potência J/s, é denominada WATT (W) em homenagem a James Watt. Os múltiplos e submúltiplos do Watt são: 1 mW = 10 -3 W 1 kW = 10 3 W CALORIA POR SEGUNDO Como o calor é comumente medido em calorias a potência também pode ser expressa em calorias por segundo (1 cal/s). 1 cal/s = 4,186 W CAVALO VAPOR 1 CV = 745,7 W OBSERVAÇÃO Da definição de potência (energia por tempo) temos mais uma unidade para a energia. Potência = energia/tempo energia = Potência x tempo. Se a potência for dada em KW e o tempo em HORA, temos a energia dada em KWH. Esta é uma unidade de energia que não pertence a nenhum sistema de unidades, mas que é de muita utilidade nas medidas de energia no dia a dia. Dê uma olhada no medidor de energia de sua casa. APLICAÇÕES NO COTIDIANO A LÂMPADA INCANDESCENTE Fonte[2] A iluminação foi uma das primeiras utilizações da eletricidade. 166 A lâmpada de filamento incandescente funciona graças ao efeito Joule. O filamento com a passagem da corrente elétrica se aquece tanto que fica incandescente, isto é, elibera energia em forma de luz. Como fica muito quente, libera energia em forma de calor. PARADA OBRIGATÓRIA É a potência que determina se uma lâmpada brilha mais ou menos. POR QUE A TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA É FEITA COM ALTA VOLTAGEM? Qualquer que seja o tipo de usina escolhido para produção de energia elétrica, em qualquer parte do mundo, ela sempre é construída para gerar corrente alternada. Por que não se usa a corrente contínua para distribuir a energia elétrica produzida nas grandes usinas de qualquer país? O motivo principal para esta escolha está relacionado com as perdas de energia, por efeito Joule, que ocorrem nos fios usados para transportar a corrente elétrica a longas distâncias. Consideremos a figura abaixo, em que vemos um diagrama da geração e transporte da energia elétricas desde a usina até uma residência. Fonte 167 Se V é a ddp entre os polos lá no gerador e i a corrente nos fios, a potência fornecida pelo gerador é PGerador = i V. Mas, se a resistência total dos fios transportadores é R a potência dissipada nestes fios sob a forma de calor (efeito Joule) será Pfios = Ri 2. Assim, a potência P, que é recebida na residência, será: P = Pgerador – Pfios, ou seja P = iV – Ri2 É evidente que a perda por efeito Joule (Pfios = R i 2) nos fios deve ser a menor possível. Para isto, deveríamos procurar diminuir os valores de R e i. Para diminuir o valor de R, sem ter que trocar o material dos fios, nem alterar o comprimento, só aumentando a área de secção reta dos fios, isto é, usando-se fios mais grossos. Entretanto, existe um limite para este procedimento, pois cabos muito grossos, além de terem custo elevado, tornariam a rede de transmissão muito pesada. A solução mais adequada é reduzir o valor da corrente I a ser transmitida para reduzir as perdas por efeito Joule. A potência que efetivamente chega à residência é P = iV – Ri2 É impossível eliminar as perdas pelo efeito Joule, tudo que se faz é procurar minimizá-las, mas é possível aumentar a potência nos geradores, o que pode ser feito aumentando a voltagem V. Concluímos assim que, para reduzir as perdas por aquecimento nos fios transportadores, a energia elétrica deve ser transmitida com baixa corrente (para diminuir a s perdas por efeito Joule) e alta voltagem (para aumentar a potência produzida no gerador). Esta é exatamente a solução adotada pelos engenheiros eletricistas ao projetarem as linhas de transmissão. O valor da alta voltagem usada em cada caso depende da potência a ser transmitida e da distância entre a usina e o local de consumo. Assim, são usadas voltagens de 100.000 V, 250.000 V, 480.000 V e, atualmente, já são projetadas transmissões com até 1.000.000 V. Não é possível, entretanto, elevar indefinidamente o valor destas altas voltagens porque acima de certos valores o ar em volta do fio torna-se condutor (reveja a aula 2 tópico 7), com a quebra da 168 rigidez dielétrica do ar. Isso constituiria uma outra forma de perda de energia, portanto de potência. O MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA Na entrada de sua residência, existe um medidor, instalado pela companhia de eletricidade O objetivo desse aparelho é medir a quantidade de energia elétrica usada na residência durante um certo tempo (normalmente 30 dias). Como você acabou de ver nesta aula, energia = potência x tempo. Portanto, quanto maior for a potência de um aparelho eletrodoméstico e quanto maior for o tempo que ele permanecer ligado, maior será a quantidade de energia elétrica que ele utilizará. O valor registrado no medidor equivale à soma das energias utilizadas, durante um certo período, pelos diversos aparelhos instalados na casa. OBSERVAÇÃO Observe o medidor de sua residência e veja que a energia é medida em kWh. Confira na sua conta de luz. Fonte[3] SOBRECARGA NAS TOMADAS É muito importante saber qual é a potência de cada aparelho antes de ligá-lo a uma tomada. Os fios e as tomadas normalmente são fabricados de modo que têm um valor máximo de corrente que podem suportar sem se danificar. Se esse valor for ultrapassado, os fios se aquecem muito em decorrência do efeito Joule, podendo resultar em um derretimento da sua capa isolante. O derretimento da capa isolante dos fios provoca um curto circuito, que pode causar incêndio. DICA ATENÇÃO! Por isso, antes de ligar os aparelhos verifique se a potência que cada um exige ao serem somadas não é maior do que o recomendado na tomada. 169 EXEMPLO RESOLVIDO 1 Qual a quantidade de calor liberada durante 10 minutos pela passagem de uma corrente de 5 ampères por um chuveiro elétrico de resistência 2 ohms? RESPOSTA: 7166,74 cal SOLUÇÃO Dados: t = 10 min. = 600 s R = 2 i = 5 A P = U/ t. No chuveiro elétrico, a energia é dissipada na forma de calor (efeito Joule), então U = Q, a quantidade de calor que vai aquecer a água. P = U/ t = Q/ t Q = P x t = R x i2 x t Substituindo os valores dados, Q = 2 x 52 x 600 = 30000 J Q = 30000 J A resposta também pode ser dada em caloria. 1 cal = 4,186 J, então Q = 7166,74 cal EXEMPLO RESOLVIDO 2 Você se lembra dos tempos do apagão? Todo mundo tinha que economizar energia elétrica. O dono de um bar, para se proteger naqueles tempos difíceis fez uma ligação de uma lâmpada de 40 W à bateria de 12 V do seu carro. Quais eram a corrente e resistência do filamento da lâmpada? RESPOSTAS: 3,33 A e 3,6 SOLUÇÃO Dados: P = 40 W V = 12 V P= i x V i = P/ V Substituindo os valores teremos 170 i = 3,33 A Considerando o filamento da lâmpada como um condutor ôhmico, usamos a Lei de Ohm: R = V/i = 12/3,33 R= 3,6 Note que mesmo o problema tratando claramente de um caso de efeito Joule (o aquecimento do filamento) não podia resolver o problema usando as equações do efeito Joule, já que não eram conhecidos nem a resistência do filamento nem a corrente que passava por ele. Entretanto sempre podemos determinar a potência pela sua expressão mais geral P = i x V. FONTES DAS IMAGENS 1. http://pt.wikipedia.org/wiki/james_prescott_joule 2. http://www.saladefisica.cjb.net 3. http://2.bp.blogspot.com/- JiPFEkAHXyk/UT8ttKsiX7I/AAAAAAAAAhE/TyHj4d- VDQw/s1600/medidor.jpg Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 171 TÓPICO 06: LEIS DE KIRCHHOFF Na vida cotidiana os circuitos reais, muitas vezes estão longe de terem uma forma tão simples quanto o mostrado na figura abaixo: Os circuitos reais muitas vezes possuem muitos “caminhos” por onde a corrente pode se bifurcar. Eles são formados por conjuntos de geradores, resistores, capacitores, condutores, enfim, vários elementos ligados entre si. Fonte: Figura 1[1] Na figura acima temos alguns pontos de bifurcação da corrente e caminhos fechados de circulação da corrente. OLHANDO DE PERTO Um NÓ é um ponto do circuito onde a corrente tem dois ou mais caminhos diferentes à sua disposição. Uma MALHA é qualquer caminho condutor fechado. O circuito acima tem dois nós (A e B) e seis malhas. Confira você mesmo. Muitas vezes a complexidade do circuito não permite que se determine a corrente apenas encontrando o circuito equivalente, pois nem sempre ficam evidentes os tipos de associações dos resistores, se em série ou em paralelo. Uma forma geral de resolver o problema é usar as LEIS DE KIRCHHOFF LEIS DE KIRCHHOFF - As leis de Kirchhoff foram formuladas em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff [2](1824 - 1887) PRIMEIRA LEI DE KIRCHHOFF (LEI DOS NÓS): Em um nó, a soma das correntes elétricas que entram é igual àsoma das correntes que saem, ou seja, um nó não acumula carga. SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF (LEI DAS MALHAS):A soma algébrica das variações de potencial em uma malha fechada deve ser igual a zero. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 04: CORRENTE ELÉTRICA 172 1ª LEI DE KIRCHHOFF (LEIS DOS NÓS) No circuito mostrado na figura abaixo, vamos analisar o nó A: Se a carga não pode ser criada e nem destruída então em um ponto como o nó A, a quantidade de carga elétrica que chega trazida pela corrente i1, deve ser exatamente igual à quantidade de carga que sai Dividindo por t teremos: Generalizando Fonte[3] Em um nó, a soma das correntes elétricas que entram é igual à soma das correntes que saem, ou seja, um nó não acumula carga. Parece tão simples, não é? Mas esta lei é uma consequência da Lei da Conservação da Carga Elétrica. Reveja a aula 1 sobre cargas elétricas. Por convenção, adota-se o seguinte critério: • Correntes saindo de um nó são negativas. • Correntes entrando em um nó são positivas. 2ª LEI DE KIRCHHOFF (LEIS DAS MALHAS) 173 Fonte[4] Na figura acima, temos 2 nós (e e b) e 3 malhas: (acdfa), (abefa) e (bcdeb). Para simplificar, vamos considerar as baterias ideais, ou seja, sem resistência interna. Analisemos uma dessas malhas, por exemplo, a malha abefa: Nesse caso, analisar a malha significa que vamos percorrer o circuito dessa malha e a escolha desse percurso é totalmente arbitrária. Veja na figura que a seta curva indica que a malha é percorrida no sentido anti- horário. O início do percurso é também arbitrário, já que se trata de um percurso fechado. No tópico 1 desta aula, você viu que o sentido da corrente elétrica, por convenção, é o sentido do fluxo de cargas positivas. Vamos escolher o início do percurso no ponto a: 1- Seguindo de a para f, nosso percurso é no mesmo sentido da corrente i1. De acordo com a convenção, isso significa que as cargas (positivas) se deslocando de a para f, irão para regiões de menor potencial (reveja a aula 2), isto é Vf < Va, portanto a dpp 2- No trajeto de E para B, agora estamos seguindo no sentido contrário à corrente i3, o que significa que estamos “caminhando” no sentido contrário ao das cargas, portanto estamos indo para regiões de potencial mais alto, ou seja, Vb > Ve, portanto a ddp Veb > 0. 3- Para completar o trajeto, devemos “percorrer” o trecho B – A, o que significa ir do terminal – para o terminal + da bateria, o que implica uma ddp (as baterias são supostas ideais). Ainda levando em conta a convenção sobre a corrente elétrica, a bateria realiza um trabalho positivo sobre os portadores de carga (positivas) para levá-los de um potencial menor para um maior. Voltamos assim ao ponto de partida. Aplicando a Lei de Ohm a cada resistor, teremos: Para o resistor R1: o sinal negativo, como explicado acima, significa que a carga sai de um potencial Va mais alto para um potencial Vf mais baixo. Para o resistor R3: Ora, se você saiu do ponto A e voltou para ele a ddp total tem que ser zero, já que 174 A soma algébrica de todas as variações de tensão (ddp, fem) em um percurso fechado é nula. Generalizando: Se um resistor R é percorrido no mesmo sentido da corrente que o atravessa, a variação do potencial é igual a – iR, sendo igual a + iR se o resistor for percorrido em sentido contrário. Se uma fonte de força eletromotriz é atravessada no mesmo sentido de sua fem, isto é do terminal negativo para o positivo, a variação do potencial será igual a + , sendo igual a – se atravessada em sentido contrário. ASSOCIAÇÃO DE FONTES DE TENSÃO As fontes de tensão ( geradores, baterias, pilhas, etc) também podem ser associadas entre si. Fontes de tensão associadas são equivalentes a uma única fonte de tensão cujo valor da fem é igual à SOMA ALGÉBRICA DAS FEM’S de todas a fontes. FONTES DE TENSÃO CONECTADAS COM AS POLARIDADES INVERTIDAS O efeito é o mesmo de uma bateria cuja fem E é a soma ( 1 + 2) das fem de cada bateria. FONTES DE TENSÃO CONECTADAS PELAS MESMAS POLARIDADES 175 Aplique a segunda Lei de Kirchhoff à malha esquerda acima: Escolha o mesmo sentido da corrente i para percorrer a malha (lembre-se que esta escolha é arbitrária). O efeito é o mesmo de uma bateria cuja fem E é a diferença ( 1 – 2) das fem de cada bateria. Para fixar as ideias sobre este assunto, nada como uma boa dose de exercícios. EXEMPLOS RESOLVIDOS EXEMPLO RESOLVIDO 1 Determinar a intensidade da corrente elétrica para o circuito abaixo. Resposta: i= 1,4 A SOLUÇÃO Este circuito é formado apenas pela malha ABCDA, não existe nenhum nó. Aplicando a 2ª Lei de Kirchhoff, com a malha sendo percorrida no sentido horário e partindo do ponto A: 176 Escolhemos arbitrariamente o sentido da corrente como sendo o mesmo sentido do percurso, isto é, o sentido horário. Como o valor da corrente é positivo (+), significa que o sentido que arbitramos inicialmente para a corrente está correto. Se a corrente fosse no sentido oposto ao que escolhemos, teríamos encontrado um sinal negativo. EXEMPLO RESOLVIDO 2 No circuito indicado na figura abaixo, determine i, R e . Fonte[5] Respostas: 4 A; 10 ; 52 V SOLUÇÃO Neste circuito temos 2 nós (a e b) e 3 malhas (I, II e a malha externa). 1º ) Pela 1ª Lei de Kirchhoff a soma das intensidades de corrente que chegam ao nó B é igual a soma das intensidades que saem deste nó. Logo: i+ 6 A = 10 A , logo I = 4 A 2º) Pela 2ª Lei de Kirchhoff 177 EXEMPLO RESOLVIDO 3 A bateria de um carro, totalmente carregada, deve ser conectada através de cabos (“chupeta”) à bateria descarregada de outro carro, de modo a carregá-la. a) Em que terminal da bateria descarregada o terminal positivo da bateria carregada deve ser conectado? b) Admita que a bateria carregada disponha de uma fem 1=12 V e que a bateria descarregada tenha uma fem 2=11 V, que as resistências internas das baterias são r1=r2=0,02 e que a resistência dos cabos de conexão seja R = 0,01 Qual será a corrente durante o carregamento? c) Qual será a corrente se as baterias forem conectadas incorretamente? (Fonte: Física, Vol. 2, Paul Tipler e Gene Mosca, 5a Ed., editora LCT, 2006) SOLUÇÃO a) Para carregar a bateria descarregada conecta-se o terminal positivo de uma ao terminal positivo da outra e, da mesma forma, o negativo no negativo, num caso de ligação com as mesmas polaridades. Assim a corrente passa pela bateria descarregada do terminal positivo para o terminal negativo, como mostrado na figura abaixo: 1 é a bateria carregada que vai carregar a bateria 2. As duas baterias são reais, portanto têm resistência interna r1 e r2, respectivamente. b) Como já foi visto, nesse caso, é como se tivéssemos uma bateria equivalente cuja fem é a diferença entre as duas. Mas já que estamos estudando as Leis de Kirchhoff, vamos aplicar a segunda lei para encontrar a corrente. Escolhendo o sentido de percurso o mesmo da corrente (anti- horário): 178 Substituindo os valores, teremos: c) Se as baterias forem conectadas incorretamente, isto é, com as polaridades invertidas, já vimos que as fems se somam, então: Com uma corrente tão grande as baterias poderiam explodir, espalhando ácido quente por todos os lados. MULTIMÍDIA Assistindo aos vídeos sobre Leis de Kirchhoff solidificamos mais nosso aprendizado. Vídeo 1[6] Vídeo 2 [7] FONTES DAS IMAGENS 1. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/gerador/exercicios/ 2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Kirchhoff 3. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfPNkAK/lei-kirchhoff 4. http://2.bp.blogspot.com/- bmspmy_0_Jk/TY9cJbzT6rI/AAAAAAAAAQY/RWELfsIr6zM/s1600/fig-3-11-2.gif 5. http://www.lasallecaxias.com.br/alunos/fisica/kirchof/leiskirch.htm 6. http://www.youtube.com/watch?v=G-rbk38nDFM 7. http://www.youtube.com/watch?v=uqtyr41u8Ls&feature=related Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 179 TÓPICO 07: CIRCUITOS RC Na aula 3, você estudou os capacitores. Em todos os tópicos da aula 3 admitimos que os capacitores já estavam carregados, sem nos preocuparmos com os processos envolvidos no carregamento das placas. APROVEITE E FAÇA UMA REVISÃO DA AULA 3 Na realidade o processo de carga de um capacitor não é instantâneo. Em um circuito, como o mostrado na figura abaixo, depois que a chave é fechada, demora algum tempo até que as placas do capacitor estejam completamente carregadas. DICA Um exemplo prático de circuito RC é o flash de uma máquina fotográfica. Antes da foto ser batida, uma bateria carrega o capacitor através de um resistor. Depois de carregado o capacitor, o flash fica pronto para ser usado. Ao tirar a foto, a carga acumulada no capacitor é descarregada através da lâmpada. A bateria então recarrega o capacitor e, após um curto intervalo de tempo o flash estará pronto para uma nova fotografia. CIRCUTIO RC EM SÉRIE Vamos examinar o circuito abaixo, composto por um resistor e um capacitor em série com uma bateria. Como já vimos, a presença do resistor R implica em uma perda inevitável de energia pelo efeito Joule, de modo que o tempo para carregar o capacitor vai depender também do valor de R. Para simplificar a situação, vamos considerar a bateria ideal, isto é sem resistência interna. Com a chave S aberta, a diferença de potencial entre os terminais da bateria é igual a . FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 04: CORRENTE ELÉTRICA 180 Fonte: http://satie.if.usp.br/cursos/aulas_fis3/notas_de_aula/node69.html Depois que a chave S é fechada, uma porção de carga vai circular, passando através do resistor R e chegando à placa do capacitor. Temos um circuito de uma só malha (abcda) e vamos aplicar a SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF, percorrendo o circuito no sentido horário. Fonte: http://satie.if.usp.br/cursos/aulas_fis3/notas_de_aula/node69.html Percorrendo o circuito no sentido horário vamos ter: Onde Q é a carga no capacitor e i a corrente no circuito em um dado instante após a chave ter sido ligada. A corrente i por definição é dada por: Vamos multiplicar a equação acima por C: A solução desta equação exige alguns requisitos de cálculo que estão fora do escopo desta disciplina. Vamos então simplesmente apresentar a sua solução que nos dá a carga e a corrente como funções do tempo: 181 Os gráficos abaixo mostram a carga e corrente como função do tempo: Os gráficos mostram que com o passar do tempo a carga nas placas do capacitor cresce enquanto a corrente no circuito decresce rapidamente. O máximo valor da carga é C que é atingido depois de um tempo bastante longo. Depois desse tempo, a corrente vai a zero. Enquanto as placas do capacitor estão sendo carregadas, a diferença de potencial (ddp) entre elas vai aumentando até se tornar igual à ddp entre os terminais da bateria. Quando isso ocorre, o capacitor está totalmente carregado. PROCESSO DE DESCARGA DO CAPACITOR Figura – Fonte: Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3 Suponha que depois de um longo tempo, a chave que estava ligada no terminal a, é levada para o terminal b, depois do processo de carga total do capacitor. Assim a bateria fica totalmente isolada do circuito. O capacitor será descarregado através da malha inferior do circuito. APLICANDO-SE A SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF À MALHA INFERIOR TEMOS 182 A solução desta equação nos dá a carga como função do tempo no processo de descarga do capacitor: Note que agora a carga é uma função decrescente do tempo e que depois de um tempo bastante longo, essa carga tende a zero, conforme é mostrado na figura abaixo: Figura – Fonte: Resnick-Halliday, Fundamentos da Física, Vol. 3 ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Agora que você já estudou sobre corrente elétrica, vamos praticar resolvendo os exercícios (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) ou baixe o arquivo no Material de Apoio no SOLAR e poste suas respostas no portfólio individual. FONTES DAS IMAGENS Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 183 TÓPICO 01: CAMPO MAGNÉTICO E FLUXO MAGNÉTICO Nesta aula você irá conhecer o campo magnético e seus efeitos. Embora a bússola, que, ao que se sabe, foi o primeiro instrumento a fazer uso da força magnética, tenha sido inventada há milênios, somente a partir do século dezenove os fenômenos magnéticos passaram a ser entendidos. Hoje em dia vivemos cercados de aplicações do magnetismo, desde aqueles pequenos imãs que usamos na porta da geladeira ao exame mais complicado como uma ressonância magnética passando pelo funcionamento dos televisores, motores elétricos, fornos de micro-ondas, discos magnéticos de computadores e muitos outros. Na antiguidade, em uma cidade da Ásia Menor chamada MAGNÉSIA (hoje ela se chama Manisa, no oeste da Turquia), existia um certo tipo de “pedra” que possuía a propriedade de atrair o ferro e outros materiais. Por ser encontrada na cidade de MAGNÉSIA, esse tipo de “pedra” na verdade um minério de ferro, é chamado magnetita, os ímãs também são chamados magnetos e o fenômeno é chamado de MAGNETISMO. Além dos ímãs naturais (as “pedras” de magnetita) e a própria Terra, foi observado por Oersted, em 1820, que a corrente elétrica percorrendo um fio também produz efeitos magnéticos. No espaço que circunda um imã ou um condutor percorrido por uma corrente elétrica, existe um CAMPO MAGNÉTICO. Da mesma forma que na região do espaço que envolve um corpo carregado, manifestam-se ações elétricas, efeito do campo elétrico, na região que circunda um imã ou um condutor percorrido por uma corrente elétrica, manifestam-se ações magnéticas que evidenciam a presença de um CAMPO MAGNÉTICO. CAMPO MAGNÉTICO Para que você compreenda o conceito de campo magnético, vamos fazer uma revisão da aula 1, quando foi introduzido o conceito de campo elétrico: • Cargas elétricas em repouso criam um campo elétrico no espaço em volta da distribuição. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 05:O CAMPO MAGNÉTICO 184 • A existência do campo elétrico faz com que qualquer carga q colocada na região sofra a ação de uma força elétrica De uma maneira análoga podemos descrever o campo magnético: • Uma carga EM MOVIMENTO ou uma corrente elétrica cria um campo magnético nas vizinhanças em volta da distribuição. • A existência do campo magnético faz com que qualquer carga em movimento ou corrente elétrica na região sofra a ação de uma força magnética. Um campo magnético é criado por um imã permanente, por uma corrente elétrica em um condutor e por qualquer carga em movimento A unidade do campo magnético no sistema SI é o TESLA (T). Uma homenagem a Nikola Tesla [1] (1857-1943). No sistema CGS a unidade do campo magnético é o GAUSS (G). 1 G = 10-4 T OBSERVAÇÃO Até o século XIX, a eletricidade e o magnetismo eram considerados fenômenos totalmente independentes, sem nenhuma correlação entre si. Com os resultados dos experimentos realizados pelo dinamarquês Hans Christian Ørsted [2] e pelo britânico Michael Faraday [3], e as expressões matemáticas do britânico James Clerk Maxwell [4], conhecidas hoje como Equações de Maxwell, as leis da eletricidade e do magnetismo foram unificadas e o magnetismo passou a ser considerado uma manifestaçãodas cargas elétricas em movimento. Da mesma forma que o campo elétrico, o campo magnético pode ser representado por linhas de campo magnético que apresentam algumas propriedades: • Nos locais onde as linhas de campo são mais adensadas, o módulo do campo magnético é maior; • A tangente à linha de campo em um dado ponto dá a direção do campo magnético naquele ponto; • Duas linhas de campo magnético nunca podem se cruzar já que a tangente à linha em cada ponto dá a direção do campo e o vetor campo magnético só pode ter uma direção e um sentido em cada ponto. Na figura abaixo são mostradas algumas linhas de campos de dois diferentes tipos de imã. 185 Fonte [5] As linhas de campo magnético começam no polo norte e terminam no polo sul. Os fragmentos de minério de ferro encontrados na antiga cidade de Magnésia, hoje são conhecidos como imãs permanentes. É provável que na sua casa existam vários desses imãs enfeitando a porta da sua geladeira. Se um imã permanente, em formato de uma barra, é deixado livre para girar, uma de suas extremidades sempre vai apontar para o norte. Essa extremidade foi denominada POLO NORTE (N) DO IMÃ. A outra extremidade foi, então, chamada o POLO SUL (S) DO IMÃ. Os polos de um imã não existem isolados. Se um imã é dividido formam- se dois outros, cada um com as duas polaridades, norte e sul. Essa é uma importante lei física que pode ser resumida como: NÃO EXISTEM MONOPOLOS MAGNÉTICOS. O fato de não se poder isolar um polo ou carga magnética (monopolo magnético), isto é, não se poder dividir um imã magnético em dois polos, norte e sul, foi observado em 1269, pelo erudito francês Petrus Peregrinus de Maricourt. TESTANDO A FÍSICA Você visualiza as linhas de campo magnético fazendo esta experiência simples: Você vai precisar de um imã permanente, uma folha de papel e limalha de ferro. A folha de papel é colocada sobre o imã e a limalha de ferro é despejada aos poucos sobre o papel. As limalhas de ferro devem se alinhar com as linhas de campo, indicando visualmente suas geometrias. Para um imã de barra você deve observar o seguinte: http://divulgarciencia.com/categoria/11-comunicar-curtas-campos/ 186 Se você não tiver limalha de ferro, pode usar 1 palha de aço (tipo Bombril). Se não encontrar um 1 ímã, use aqueles de geladeira (quem é que não tem um?). No caso de utilizar o Bombril, você deve rasgar a palha de aço em 2 pedaços, e esfregá-los sobre a folha de papel Você não pode ver o campo magnético, mas pode fotografar as suas linhas. Quer realmente saber se isso é verdade? Só fazendo o experimento! PARADA OBRIGATÓRIA Polos iguais (norte-norte ou sul-sul) se repelem. Polos diferentes (norte-sul) se atraem. FLUXO DE CAMPO MAGNÉTICO Comparando com o campo elétrico, podemos definir o FLUXO DE CAMPO MAGNÉTICO através de uma superfície. PARADA OBRIGATÓRIA No caso de um campo magnético uniforme, o fluxo é definido como o produto da área pela componente de B perpendicular à área. 187 Onde é o ângulo entre o campo magnético B e a linha perpendicular à superfície. Se B for perpendicular à superfície, teremos = 0 A unidade de fluxo magnético no sistema SI é o weber (Wb), em homenagem ao físico alemão Wilhelm Weber (1804-1891) LEI DE GAUSS DO MAGNETISMO Quando estudou a Lei de Gauss na aula 1 (aproveite para fazer uma revisão), você aprendeu que o fluxo de campo elétrico através de uma superfície fechada é proporcional à carga elétrica total no interior da superfície. DIPOLO ELÉTRICO O fluxo de campo elétrico através de uma superfície fechada é zero porque a carga total dentro da superfície é igual a zero. Isso significa que o número de linhas de campo que entram na superfície é igual ao número das que saem. Fonte [6] CARGA PUNTIFORME O fluxo de campo elétrico através de uma superfície fechada é proporcional à carga dentro da superfície. Isso significa que o número de linhas de campo que saem da superfície é proporcional ao valor da carga. Uma carga elétrica pode ser encontrada isolada: carga elétrica só positiva ou só negativa, que podemos chamar de polos elétricos. No caso magnético o equivalente, a uma “carga” magnética isolada nunca foi encontrada. Veja o exemplo do imã: Quando é cortado, transforma-se em um novo imã, apresentando sempre os dois polos magnéticos. Não se encontrou, até hoje, um monopolo magnético isolado. 188 Por analogia com a lei de Gauss, se existisse uma carga magnética (um monopolo magnético), o fluxo de campo magnético total através de uma superfície fechada seria proporcional à carga magnética no interior da superfície. Como não existe esse monopolo magnético, isto é, os polos aparecem sempre juntos, o fluxo total através de uma superfície fechada é sempre zero. Fonte [7] Não existem monopolos magnéticos, isto significa que as linhas de campo são sempre fechadas. Diferente do caso das linhas de campo elétrico que sempre começam e terminam em cargas elétricas, as linhas de campo magnético NUNCA possuem pontos extremos. Esses pontos indicariam a existência de monopolos magnéticos. DENSIDADE DE FLUXO MAGNÉTICO O fluxo de campo magnético assume a sua forma mais simples quando o campo magnético é perpendicular à superfície: ou seja, o módulo do campo magnético é igual ao fluxo por unidade de área. Por isso, o campo magnético é às vezes chamado de DENSIDADE DE FLUXO MAGNÉTICO. William Gilbert (1544-1603), médico particular da rainha Elizabeth I da Inglaterra, interessou-se pela natureza dos fenômenos magnéticos da matéria e, em 1600, descreveu corretamente a Terra como um gigantesco ímã, cujos polos magnéticos coincidem de modo aproximado com os de seu eixo de rotação. O campo magnético da Terra (na cidade de Washington, D.C.) é da ordem de 5,7 x 10-5 T POLOS MAGNÉTICOS E POLOS GEOGRÁFICOS 189 Fonte [8] O planeta Terra é um gigantesco imã. Podemos imaginar o campo magnético terrestre como se um imã, em forma de barra, estivesse no centro da Terra. Obviamente, não existe tal barra imantada enterrada no centro da Terra. O magnetismo terrestre pode ser atribuído a imensas correntes elétricas que ocorrem no núcleo do planeta. O núcleo da Terra é formado de ferro e níquel (materiais condutores) no estado líquido, devido às altas temperaturas. Por estarem no estado líquido, esses elementos participam da rotação da Terra, gerando correntes circulantes. Por convenção, foram denominados de polos norte e sul de uma agulha magnética aqueles que apontam, respectivamente, para os polos norte e sul geográficos. Como você está aprendendo nesta aula, polos iguais se repelem e polos contrários se atraem. Então o que se pode concluir é que: I) Se a extremidade da agulha magnética aponta para uma região do polo norte geográfico é porque nessa região existe um polo sul magnético. EMBORA NESSA EXTREMIDADE DA AGULHA ESTEJA PINTADA A LETRA N II) Se o polo sul da mesma agulha aponta para uma região do polo sul geográfico, então, nas proximidades do polo sul geográfico existe o polo norte magnético. Não esqueça, POR CONVENÇÃO FOI PINTADA A LETRA S NESSA EXTREMIDADE. CONCLUSÃO: O ÍMÃ-TERRA TEM SEUS POLOS NORTE (N) E SUL (S) INVERTIDOS EM RELAÇÃO A SEUS POLOS NORTE E SUL GEOGRÁFICOS. OBSERVAÇÃO Outros planetas do sistema solar, como Mercúrio, e Júpiter também possuem campos magnéticos. O Sol e muitas estrelas também apresentam campos magnéticos. 190 Existe ainda um campo magnético cerca de 2 x 10-12 T associado à nossa própria galáxia. DESAFIO Atividade Experimental Fonte: http://coral.ufsm.br/gef/ [9] O OBJETIVO DA ATIVIDADE EXPERIMENTALO objetivo dessa atividade é discutir a forma do campo magnético da Terra e a não coincidência dos polos magnéticos e dos polos geográficos. • Introduza um imã em barra ao longo de um diâmetro de uma esfera de isopor. • Monte uma bússola na extremidade de um suporte de modo que ela fique livre para girar ao redor de dois eixos perpendiculares, como ilustrado na figura abaixo. • Use essa bússola como indicador do campo magnético local ou das linhas de campo. PROCESSOS DE IMANTAÇÃO Na natureza encontramos o imã natural que é a magnetita. Mas, de modo semelhante ao caso elétrico em que podemos eletrizar os corpos de várias maneiras, também no magnetismo existem vários processos de imantação. Imantação é o processo pelo qual um corpo neutro se torna imantado, isto é, se torna um imã. Os ímãs assim obtidos são chamados ímãs artificiais. Alguns materiais são mais fáceis de serem imantados do que outros. Os materiais que se imantam com maior facilidade são o ferro e certas ligas de ferro usadas na fabricação de ímãs permanentes. Uma dessa ligas é o ALNICO, que é composta de ferro, alumínio, níquel, cobre e cobalto POR INDUÇÃO MAGNÉTICA É o fenômeno pelo qual uma barra de ferro se imanta quando fica próxima de um ímã. POR ATRITO Quando uma barra de ferro neutra é atritada com um ímã, ela se imanta. É necessário que sejam atritados sempre no mesmo sentido, porque o atrito num sentido desfaz a imantação obtida no outro. POR CORRENTE ELÉTRICA 191 Se um fio condutor for enrolado em uma barra de ferro e percorrido por uma corrente elétrica, a barra de ferro se tornará um ímã. Esse tipo de ímã é chamado eletroímã porque a imantação foi obtida por meio de uma corrente elétrica, (veja afigura abaixo). Fonte [10] Os eletroímãs oferecem mais vantagens do que os imãs naturais por duas razões: 1) É possível obter eletroímãs muito mais possantes do que os ímãs naturais; 2) Controlando a corrente que passa pelo fio, pode-se controlar o eletroímã. Se a intensidade da corrente for aumentada, o eletroímã se torna mais possante. Se a corrente for suprimida, ele deixa de funcionar DICA Para saber como funcionam os imãs acesse: http://ciencia.hsw.uol.com.br/imas1.htm [11] FONTES DAS IMAGENS 1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Nikola_Tesla 2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Christian_%C3%98rsted 3. http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/Biografias/Faraday/Faraday3.htm 4. http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Clerk_Maxwell 5. http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php? idSecao=8&idSubSecao=&idTexto=217 6. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/ 7. http://www.ufsm.br/gef/Eletro03.htm 8. http://www.geocities.ws/saladefisica5/leituras/magnetismoterra50.gif 9. http://coral.ufsm.br/gef/ 10. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/imas/polo_inseparaveis/ 11. http://ciencia.hsw.uol.com.br/imas1.htm Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 192 TÓPICO 02: FORÇA MAGNÉTICA Como já discutido no tópico 1 desta aula, uma carga elétrica em repouso não é afetada pelo campo magnético. Uma carga em movimento em uma região aonde existe um campo magnético, sofrerá a ação de uma força dependendo da direção em que se move. Para que você compreenda perfeitamente a presença dessa força, vamos mostrar-lhe uma série de resultados experimentais. Todos esses resultados foram obtidos com uma carga positiva movendo-se em um campo magnético uniforme. PRIMEIRO RESULTADO: Carga movendo-se na mesma direção do campo B a) Movimento na mesma direção e sentido do vetor campo magnético : b) Movimento na mesma direção e sentido contrário ao do vetor campo magnético : CONCLUSÃO: se a carga se move paralela ao campo magnético, ela não sofrerá a ação da força magnética. SEGUNDO RESULTADO: Carga movendo-se numa direção qualquer A carga está se movendo no mesmo plano das linhas do campo magnético, formando um ângulo com o vetor campo magnético. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 05:O CAMPO MAGNÉTICO 193 CONCLUSÃO: se a carga se move em uma direção qualquer, formando um ângulo ( 90º) com o campo magnético, ela sofrerá a ação de uma força magnética, que é perpendicular às direções da velocidade e do campo. TERCEIRO RESULTADO: Carga movendo-se numa direção perpendicular ao campo magnético CONCLUSÃO: se a carga se move em uma direção perpendicular ao campo magnético ( = 90º) a força magnética sobre ela assume seu valor máximo e continua perpendicular às direções da velocidade e do campo. QUARTO RESULTADO Se a carga tiver sinal negativo, todos os resultados anteriores são observados, mas a força tem sentido contrário aos casos anteriores. A força magnética depende dos valores da carga q e dos valores e orientações da sua velocidade v e do campo magnético B. Se uma carga q se move com velocidade v em uma região aonde existe um campo magnético, ela ficará sujeita à ação de uma força magnética cujo módulo é dado por: Onde é o ângulo entre os vetores velocidade e campo magnético. Não se esqueça que força é uma grandeza vetorial e que além do módulo, é necessário determinar sua direção e sentido. DIREÇÃO E SENTIDO DA FORÇA MAGNÉTICA DIREÇÃO: A direção da força magnética É SEMPRE PERPENDICULAR aos vetores velocidade e campo magnético. SENTIDO: Existem várias regras para se determinar o sentido do vetor força magnética: a. Alinhe os 4 dedos de sua mão direita alinhada com o vetor velocidade ( ). Curve os 4 dedos da mão direita no sentido em que se faz girar o vetor velocidade para coincidir com o vetor campo magnético ( ), segundo o menor ângulo entre estes, o dedo polegar 194 apontará no sentido do vetor força magnética . Esta regra é conhecida como a REGRA DA MÃO DIREITA. Fonte [1] b. Se você orientar o polegar na direção e sentido do vetor e se os outros 4 dedos são orientados na direção e sentido do vetor , o sentido da força magnética será aquele para onde fica voltada a palma da mão (o sentido de um tapa dado com esta mão). A figura abaixo mostra claramente essa regra que é também conhecida como REGRA DO TAPA. Fonte [2] c. Se você apontar o polegar da sua mão direita na direção e sentido do vetor ( ), com o indicador apontando na direção e sentido do 2º vetor ( ), o dedo médio, colocado perpendicularmente ao plano dos outros dois, apontará para a força magnética . Fonte [3] d. Você poderá utilizar ainda a REGRA DA MÃO ESQUERDA. Observe que a força magnética Fmag é sempre ortogonal a v e a B sendo, portanto perpendicular ao plano definido pelos vetores velocidade e campo magnético. O sentido dessa força pode ser obtido pela conhecida "regra da mão esquerda", onde o dedo indicador representa B, o dedo médio representa v e o polegar a força magnética Fmag. 195 Fonte [4] Se a carga q for negativa, a força magnética sobre ela terá a mesma direção, mas o sentido será oposto àquele da força sobre uma carga positiva. Lembre-se do que você aprendeu sobre vetores em Física Introdutória I: um sinal negativo antes de um vetor significa que o seu sentido se inverteu. A força magnética é sempre perpendicular à velocidade, isso significa que ela nunca pode alterar o módulo da velocidade, muda apenas a sua direção. Por isso a força magnética não pode realizar trabalho, já que ela é sempre perpendicular ao deslocamento. Se uma carga se move em uma região onde só existe campo magnético, o módulo de sua velocidade permanece sempre constante. Muitas vezes a carga se move em uma região aonde além do campo magnético, existe também um campo elétrico. Nesse caso, a carga ficará sujeita à ação daforça magnética e da força elétrica, de modo que a força resultante é a soma vetorial das duas: Esta força resultante é algumas vezes chamada força de Lorentz, em homenagem a H. A. Lorentz (1853 – 1928) [5] por suas contribuições para o esclarecimento dos conceitos de campo elétrico e magnético. DICA Em algumas situações o vetor campo magnético apontará para fora ou para dentro da folha de papel. Se o vetor aponta para dentro da folha, será representado como ou . Se o vetor aponta para fora da folha, será representado como ou . Para fixar as ideias veja agora alguns exemplos resolvidos sobre o assunto que você acabou de ver. EXEMPLO RESOLVIDO 1 196 Um elétron num tubo de TV está se movendo a 7,2x106 m/s num campo magnético de intensidade 83 mT. (a) Sem conhecermos a direção do campo, quais são o maior e o menor módulo da força que o elétron pode sentir devido a este campo? (b) Num certo ponto, a aceleração do elétron é 4,9x1014m/s2. Qual é o ângulo entre a velocidade do elétron e o campo magnético? SOLUÇÃO (a) (b) Como F=mea=qvBsen temos que EXEMPLO RESOLVIDO 2 Um próton que se move num ângulo de 23° em relação a um campo magnético de intensidade 2,6 mT experimenta uma força magnética de 6,5x10-17 N. Calcular: (a) a velocidade escalar e (b) a energia cinética em elétrons-volt do próton. SOLUÇÃO (a) A magnitude da força magnética no próton é dada por , onde v é a velocidade do próton, B é a magnitude do campo magnético e é o ângulo entre a velocidade da partícula e o campo. Portanto (b) A energia cinética do próton é 197 Em elétron-volt essa energia esta que equivale a: FORÇA SOBRE UM FIO CONDUZINDO UMA CORRENTE ELÉTRICA Considerando que uma corrente elétrica é uma sucessão de cargas em movimento, se um fio de comprimento , percorrido por uma corrente elétrica i for submetido a um campo magnético B, haverá uma força resultante sobre o fio em decorrência das forças sobre as cargas em movimento. FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM FIO Na figura abaixo vemos um fio de comprimento e área A, percorrido por uma corrente I. O fio é colocado perpendicularmente a um campo magnético uniforme B. Fonte [6] Segundo a convenção sobre a corrente elétrica é o resultado do movimento das cargas positivas. OBSERVAÇÃO Embora os portadores de corrente, nos metais sejam os elétrons de carga –e, permanece a convenção de que a corrente é formada pelo movimento de cargas positivas (+ e) deslocando-se no sentido contrário ao dos elétrons. O MÓDULO DA FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UMA CARGA Q, POSITIVA É DADO POR: F = q v B sen . Na figura acima, o campo B aponta para dentro da página, perpendicular à velocidade, então o módulo da força sobre cada portador é dado por: 198 F = q v B, onde v é a velocidade de arrastamento dos portadores, de carga + e, no fio. Então = E V B (força sobre cada portador de carga e) Na aula 4, quando você estudou a corrente elétrica, você viu que a corrente I é dada em termos dessa velocidade. APROVEITE PARA FAZER UMA REVISÃO. É claro que o fio contém muitos portadores. Seja N o número dos portadores de carga no fio, de comprimento e área A. Lá na aula 4 definimos a concentração de portadores como Se F é a força magnética sobre um portador, a força sobre todos os N portadores no fio e, consequentemente, a força sobre o próprio fio será: No caso do fio não estar alinhado perpendicularmente ao campo magnético, A força será Onde é o ângulo entre o campo magnético e a direção ao longo da qual o fio está alinhado. MULTIMÍDIA Assistindo aos vídeos sobre a Força Magnética solidificamos mais nosso aprendizado. Vídeo 1 [7] Vídeo 2 [8] 199 FONTES DAS IMAGENS 1. http://netfis.ist.utl.pt/~fleic2/teoricas/aula8/aula8.html 2. http://www.coladaweb.com/files/regra-mao-direita.jpg 3. http://netfis.ist.utl.pt/~fleic2/teoricas/aula8/aula8.html 4. http://www.feiradeciencias.com.br/sala13/image13/13_02_04.gif 5. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hendrik_Lorentz 6. http://fisica.ufpr.br/viana/fisicab/aulas2/a_22.htm 7. http://www.youtube.com/watch?v=LrAzjZiM-hk 8. http://www.youtube.com/watch?v=31qnHXjX1po&feature=related Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 200 TÓPICO 03: LEI DE BIOT-SAVART No tópico 1 desta aula, você viu que um imã ou um condutor percorrido por uma corrente elétrica (cargas em movimento), produzem campo magnético. Em particular, o campo magnético gerado por correntes elétricas foi mostrado por Hans Christian Ørsted [1], (ou Oersted) (1777 — 1851) Oersted descobriu que uma corrente elétrica cria um campo magnético. Descobrir uma maneira de determinar o campo magnético foi tarefa de dois cientistas franceses Jean-Baptiste Biot [2] (1774 – 1862) e Félix Savart [3] (1791 – 1841). A determinação do campo magnético de uma corrente elétrica desenvolvida por Biot e Savart ficou conhecida como LEI DE BIOT-SAVART. PARADA OBRIGATÓRIA Campo de uma carga puntiforme q, em movimento com velocidade v, em um ponto a uma distância r da carga: Campo de uma corrente i percorrendo um fio retilíneo a uma distância R do fio: CAMPO MAGNÉTICO DE UMA CARGA EM MOVIMENTO Para começar, consideremos uma carga puntiformeqmovendo-se com velocidade constante v. Qual é o campo magnético produzido por essa carga? O campo magnético de uma carga puntiforme tem algumas semelhanças mas também algumas diferenças em relação ao campo elétrico dessa mesma carga. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 05:O CAMPO MAGNÉTICO 201 Os resultados experimentais mostram que: • O campo magnético de uma carga puntiforme também é diretamente proporcional ao valor da carga e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre a carga e o ponto aonde se calcula o campo. Estas são as semelhanças com o campo elétrico. • O módulo do campo magnético B é proporcional também ao módulo da velocidade v da carga e ao seno do ângulo entre a velocidade e o campo magnético. • A direção do campo magnético é perpendicular ao plano que contém o vetor velocidade e a reta ao longo da qual a carga se move. Esses resultados experimentais podem ser reunidos em uma expressão matemática: Onde é uma constante de proporcionalidade. é chamado constante de permeabilidade magnética (ou constante de permeabilidade) do vácuo e no sistema SI vale: O SENTIDO DO CAMPO MAGNÉTICO PODE SER DETERMINADO PELA REGRA DA MÃO DIREITA SEGUINTE: Segure o vetor velocidade com sua mão direita. O seu polegar ficará apontando para o sentido do vetor v. Feche os seus dedos em torno do vetor velocidade, as linhas de campo magnético estarão no mesmo sentido que os seus dedos. NÃO SE ESQUEÇA QUE AS LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO SÃO FECHADAS. SE A CARGA FOR NEGATIVA, O SENTIDO DE B SERÁ OPOSTO. CAMPO MAGNÉTICO DE UMA CORRENTE Considere um fio retilíneo e muito longo, conduzindo uma corrente i. 202 Fonte [4] Sabemos agora como calcular o campo de uma carga puntiforme. Uma corrente é formada pelo movimento de inúmeras cargas puntiformes. Vamos considerar um pequeno pedaço do fio com comprimento MUITO PEQUENO. Mesmo nesse pequeno pedaço de fio existe um número N de portadores que compõem a carga contida no pedacinho . Então podemos escrever = N.E, onde “e” é a carga de cada portador, suposta positiva. O campo devido a essa pequena porção de carga pode ser escrito como A corrente elétrica, como você viu na aula 4, é dada por: RELEMBRANDO 203 O CAMPO MAGNÉTICO TOTAL SERÁ A SOMA VETORIAL DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES . ESSA SOMA REQUER A UTILIZAÇÃO DO CÁLCULO INTEGRAL, QUE NÃO ABORDAREMOSNESSA DISCIPLINA. é apenas o campo magnético produzido pela corrente no pequeno pedaço . É claro que experimentalmente medimos o campo magnético total de um corrente que flui em um circuito completo. O campo magnético total será a soma vetorial de todas as contribuições . Essa soma requer a utilização do cálculo integral, que não abordaremos nessa disciplina. Para um fio retilíneo conduzindo uma corrente i, o campo magnético a uma distância R do fio tem como resultado: A direção do campo magnético é determinada pela regra da mão direita: Quando o dedo polegar da mão direita aponta na direção da corrente convencional, os outros dedos curvados ao redor do fio determinam a direção do campo magnético. Dois fios longos e paralelos transportando correntes exercem forças um sobre o outro. Se as correntes são no mesmo sentido a força entre os fios é de repulsão. Se as correntes são em sentidos opostos a força entre os fios é de atração. Na figura abaixo são mostrados dois fios condutores paralelos, supostamente no vácuo. Os fios estão separados de uma distância d são 204 percorridos pelas correntes i1 e i2. B1 e B2 são os campos magnéticos produzidos pelas correntes de cada fio. Fonte [5] FORÇAS SOBRE DOIS FIOS CONDUTORES DE CORRENTES Campo magnético produzido pela corrente i1 a uma distância d do fio 1. Campo magnético produzido pela corrente i2 a uma distância d do fio 2. Como você acabou de ver o módulo da força F devido a um campo B em um condutor de comprimento ℓ percorrido por uma corrente i é NOS DOIS FIOS MOSTRADOS NA FIGURA, OS VETORES CAMPO MAGNÉTICO SÃO PERPENDICULARES A CADA UM DOS FIOS, ENTÃO Θ = 90°. Força sobre o fio 1 devido ao campo magnético B2 Força sobre o fio 2 devido ao campo magnético B1 Use as regras para determinação dos sentidos das forças magnéticas. APROVEITE PARA REVER E FIXAR ESSE ASSUNTO. Neste caso, com as correntes no mesmo sentido, pode ser deduzido que as forças são de atração. E, para um comprimento ℓ de condutores, as forças são: 205 Concluímos que as forças são iguais em módulo. OBSERVAÇÃO A força magnética entre dois condutores é usada para a definição de corrente elétrica no Sistema Internacional. Se d = 1 m, ℓ = 1 m e i1 = i2 = 1 A, o valor é Ou seja, 1 Ampère é a corrente que produz essa força por metro de comprimento entre dois condutores retilíneos e paralelos no vácuo e distantes 1 metro entre si. FONTES DAS IMAGENS 1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Christian_%C3%98rsted 2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_Biot 3. http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1997.html 4. http://www.unb.br/iq/kleber/EaD/Eletromagnetismo/LeiBiotSavart/Le iBiotSavart.html 5. http://www.mspc.eng.br/elemag/eletrm0140.shtml Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 206 TÓPICO 04: LEI DE AMPÈRE A Lei de Biot-Savart permite determinar o campo magnético qualquer que seja a distribuição de correntes, mesmo que tenhamos que usar cálculos mais complicados. Às vezes a distribuição apresenta certa simetria que permite o uso de uma maneira mais simples para resolver o problema. Nesses casos, a Lei de Ampère permite determinar o campo magnético com um esforço consideravelmente menor. PARADA OBRIGATÓRIA Lei de Ampère: O módulo do campo magnético produzido por um fio reto, muito longo, percorrido por uma corrente elétrica i é diretamente proporcional à corrente e inversamente proporcional à distância r ao fio: Fonte [1] A orientação do vetor campo magnético pode ser determinada pela regra da mão direita: O polegar de sua mão direita aponta na direção da corrente. Seus outros dedos se curvarão naturalmente ao redor do fio na direção das linhas de campo magnético. As figuras abaixo mostram duas situações de campo magnético produzido por um fio percorrido por correntes elétricas em sentidos inversos. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 05:O CAMPO MAGNÉTICO 207 Fonte (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) Pela simetria do problema, o módulo do campo magnético num ponto qualquer deve depender apenas da distância do ponto ao fio. As linhas de campo magnético produzidas por uma corrente em um fio reto longo formam círculos concêntricos ao redor do fio. A figura abaixo ilustra muito bem esse fato. Fonte [2] LEITURA COMPLEMENTAR A Lei de Ampère deve-se a André Marie Ampère (1775-1836) Para conhecer um pouco de sua biografia acesse: Campo Magnético de um fio Linear [3] Neste site você verá uma simulação de um experimento a respeito do campo magnético de um fio que transporta uma corrente. Enciclopédia de Física [4] 208 FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.mspc.eng.br/elemag/eletrm0140.shtml 2. http://www.unb.br/iq/kleber/EaD/Eletromagnetismo/LeiBiotSavart/Le iBiotSavart.html 3. http://www.knoow.net/cienciasexactas/fisica/ampeream.htm#vermais 4. http://www.walter-fendt.de/ph14br/mfwire_br.htm Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 209 TÓPICO 05: PARTÍCULA CARREGADA EM MOVIMENTO CIRCULAR Como você viu no tópico 2 desta aula, uma partícula de carga q que se move em um campo magnético B experimenta uma força magnética cujo módulo é: PARADA OBRIGATÓRIA A força magnética é sempre perpendicular à velocidade da partícula. A força é um vetor de direção perpendicular ao plano formado pelos vetores velocidade v e o campo magnético B. O sentido desse vetor se obtém por várias regras, regras da mão direita, regra da mão esquerda. Mas, independente de qual regra você utilize, você deve compreender é que A FORÇA TEM SENTIDOS DIFERENTES DEPENDENDO DO SINAL DA CARGA. As figuras abaixo ilustram as forças magnéticas sobre duas cargas de sinais opostos em um mesmo campo magnético. OLHANDO DE PERTO As forças têm a mesma direção, mas sentidos opostos. Na Física Introdutória I, quando estudou o movimento circular, você viu que se uma partícula que se move em linha reta sofrer a ação de uma força perpendicular à direção de sua velocidade, ela passará a descrever um movimento circular. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 05: O CAMPO MAGNÉTICO 210 Fonte [1] Você pode então, ter a certeza de que se uma partícula se move em uma trajetória circular, com velocidade escalar constante, essa partícula está sob a ação de uma força resultante que é constante em módulo, mas que aponta sempre para o centro da do círculo e por isso é perpendicular à velocidade. Essa força recebe o nome de FORÇA CENTRÍPETA TRAJETÓRIA DE UMA CARGA EM UM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME Uma partícula carregada que se move em um campo magnético uniforme, descreve uma órbita circular, pois a força magnética atuando sempre perpendicular à velocidade, fará o papel da força centrípeta necessária para que o movimento circular aconteça. A partícula de massa m e carga positiva +q, move-se numa região de campo magnético uniforme, apontando para dentro da página. O vetor velocidade é perpendicular ao vetor campo magnético. De acordo com a segunda lei de Newton, a resultante das forças F que atuam sobre um corpo que descreve um movimento circular uniforme é igual ao produto da massa m pela aceleração, que no caso é a aceleração centrípeta. O sentido da trajetória depende do sinal da carga A figura abaixo mostra as trajetórias de duas partículas carregadas (positiva e negativa), penetrando numa região de campo magnético uniforme, perpendicularmente a ele. 211 Como as cargas têm sinais contrários, as forças são opostas o que faz com que as trajetórias tambémsejam opostas. DESAFIO Qual seria a trajetória se uma partícula neutra entrasse nessa mesma região de campo magnético? EXEMPLO Nesse site: Universidade Federal de Sergipe [2] Você pode ver uma simulação do movimento de uma partícula em uma região aonde existe campo elétrico e campo magnético. Movimento em um campo elétrico e magnético cruzados. EXERCÍCIO RESOLVIDO O ESPECTRÔMETRO DE MASSA Um espectrômetro de massa é um aparelho que serve para medir a massa de átomos e moléculas. A amostra é inicialmente ionizada e lançada com velocidade conhecida em uma região onde existe um campo magnético constante. Fonte 212 Suponha que uma molécula de massa m=140 u.m.a seja injetada com velocidade de 1000 m/s em um campo magnético de 0,01 T perpendicular à sua velocidade inicial. O campo magnético no espectrômetro aponta para fora da página como mostrado na figura acima. Admita que no processo de ionização, a molécula perdeu um de seus elétrons. Calcule o raio R da trajetória descrita por essa molécula. SOLUÇÃO Dados: m = 140 u.m.a 1 u.m.a. = 1,66 x 10-27 kg v= 1000 m/s B 0,01 T Para descrever um movimento circular uniforme é preciso que : Substituindo os valores: DESAFIO As trajetórias de raios r1 e r2 mostradas na figura são percorridas por diferentes tipos de íons. O que você pode concluir sobre as massas desses íons, supondo que as cargas sejam as mesmas? FONTES DAS IMAGENS 213 1. http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/dinamica/circular1/c ircular1.htm 2. http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/elecmagnet/mov_ca mpo/mov_campo.html Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 214 TÓPICO 06: LEI DE FARADAY E LEI DE LENZ Fonte [1] Nos dias atuais praticamente todo mundo usa um cartão de crédito. O número do cartão de crédito, o nome do dono e a data do vencimento estão gravados como um conjunto de códigos em uma tarja magnética no verso do cartão. Quando o cartão é passado através do dispositivo de leitura, as finas camadas do código de barras são submetidas a campos magnéticos variáveis que produzem correntes induzidas nos circuitos de leitura. Essas correntes transmitem as informações contidas nas camadas da tarja até o banco do dono do cartão. Qual é a explicação desse processo? Quem explica é a indução eletromagnética. Como você já viu, uma corrente elétrica origina um campo magnético. Michael Faraday descobriu o inverso na década de 1830. Isto é, um campo magnético pode criar uma corrente elétrica. LEI DE FARADAY Se o fluxo do campo magnético através de uma superfície limitada por um circuito varia com o tempo, aparece nesse circuito uma força eletromotriz (fem) induzida. APROVEITE PARA ESTUDAR NOVAMENTE O TÓPICO 1 DESTA AULA PARA FIXAR SUAS IDEIAS A RESPEITO DO FLUXO DE CAMPO MAGNÉTICO. A variação do fluxo magnético é um fenômeno comum em todos os efeitos de indução magnética. EXPRESSÃO MATEMÁTICA DA LEI DE FARADAY: Onde Δ B é a variação do fluxo no intervalo de tempo Δt. A indução eletromagnética existe sempre que existem variações do fluxo magnético que atravessa um condutor. Na prática essa variação do fluxo é obtida por vários processos. 1º PROCESSO INDUÇÃO NUMA ESPIRA PELO DESLOCAMENTO DE UM IMÃ FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 05:O CAMPO MAGNÉTICO 215 Uma espira metálica é colocada (imóvel) numa região onde existe um campo magnético variável. A movimentação do ímã faz com que o fluxo de campo magnético através da espira seja variável. O número de linhas de campo através da espira varia com a aproximação ou o afastamento do imã Fonte [2] 2º PROCESSO FLUXO VARIÁVEL POR VARIAÇÃO DA CORRENTE Fonte [3] Duas espiras 1 e 2 são colocadas frente a frente, sem nenhum contato e sem que haja nenhuma corrente em qualquer uma delas. No instante em que a chave é fechada, aparece uma corrente na espira 1. Então, uma corrente induzida aparece na espira 2. Quando a chave é fechada, a corrente na espira 1 vai de zero até o valor máximo que, a partir daí, permanece constante . DESSA FORMA, ENQUANTO A CORRENTE ESTÁ MUDANDO, O CAMPO QUE ELA GERA TAMBÉM ESTÁ MUDANDO, consequentemente o fluxo desse campo através dessa segunda espira também mudará. Quando a chave é aberta, a corrente na primeira espira vai do valor máximo dado até zero. O campo correspondente diminui e o fluxo desse campo na segunda espira também diminui, de modo que a corrente induzida tem agora tem sentido contrário. 3º PROCESSO INDUÇÃO NUM CONDUTOR RETILÍNEO MOVENDO-SE EM CAMPO UNIFORME Uma espira retangular é puxada com velocidade constante por um agente externo através de uma região onde existe um campo magnético uniforme B. Embora o campo seja constante, a área “perfurada” pelas linhas de campo está variando, então o fluxo está variando. O FLUXO É VARIÁVEL POR VARIAÇÃO NA ÁREA Enquanto a espira se movimenta, aparece uma corrente elétrica no sentido indicado. 216 Fonte [4] Nos três exemplos acima, apareceu uma corrente elétrica na espira, sinal de que existe uma f.e.m responsável por essa corrente. A variação do fluxo fez com que uma força eletromotriz (f.e.m.) aparecesse. A f.e.m. induzida provoca uma corrente induzida PARADA OBRIGATÓRIA LEI DE LENZ A corrente induzida produz um campo magnético cujo sentido se opõe à variação do fluxo magnético original. Este fenômeno é conhecido como lei de Lenz e justifica o sinal negativo na equação que representa a Lei de Faraday. A lei de Lenz explica o sinal negativo da Lei de Faraday. Mais uma vez convém ressaltar que o nome força eletromotriz é mantido por questões históricas. Essa grandeza não representa fisicamente uma força. No sistema internacional (SI) sua unidade é o volt (V). LEI DE LENZ Segundo a lei de Lenz, qualquer corrente induzida tem um sentido tal que o campo magnético que ela gera se opõe à variação do fluxo magnético que a produziu. Matematicamente, a lei de Lenz é expressa pelo sinal negativo que aparece na fórmula da Lei de Faraday. Fonte [5] TOMEMOS A FIGURA 1 Quando o imã é aproximado a variação do fluxo gera uma f.e.m. induzida na espira, dando origem a uma corrente induzida. Você já sabe que correntes produzem campos magnéticos. Usando a regra da mão direita para descobrir o sentido do campo magnético produzido por essa corrente, você vê que as linhas de campo magnético saem da dentro da espira, no caso apontando para a direita, como se viessem do polo norte de um imã. 217 Polos iguais se repelem, ou seja, o campo gerado pela corrente induzida opõe-se ao movimento do imã. Quando o imã é afastado da espira, a corrente induzida tem sentido contrário ao indicado porque, assim, gera um campo magnético cujo polo sul se confronta com o polo norte do imã. Os dois polos se atraem, ou seja, o campo gerado pela corrente induzida se continua a se opor ao movimento de afastamento do imã. A lei de Lenz é a expressão matemática desse fato. Qualquer corrente induzida tem um efeito que se opõe à causa que a produziu. Isso é uma consequência do princípio de conservação da energia. Se a corrente induzida agisse no sentido de favorecer a variação do fluxo magnético que a produziu, o campo magnético da espira teria um polo sul confrontando o polo norte do imã que se aproxima. Pólos opostos, você já sabe, atraem-se e com isso o imã seria atraído no sentido da espira. Imagine que o imã fosse abandonado, com a atração ele seria acelerado na direção da espira. A aproximação do imã aumentaria o fluxo magnético aumentando a intensidade da corrente induzida, que gerariaum campo cada vez maior que, por sua vez, atrairia o imã com uma força cada vez maior, e assim sucessivamente, com um aumento cada vez maior na energia cinética do imã. A situação é a mesma em qualquer das três situações mostradas. Às vezes você não tem apenas uma única espira, mas várias espiras formando o que chamamos de bobina: Fonte [6] A Lei de Faraday fica assim: Onde N representa o número de espiras da bobina. 218 Antes de iniciar suas atividades de portfólio vá ao MATERIAL DE APOIO e veja os exemplos resolvidos (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.). ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Muito bom saber que você agora está interessado em responder às questões relacionadas ao campo elétrico (clique aqui) (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)ou baixe o arquivo no Material de Apoio no SOLAR. Feito isso, insira as respostas em seu portfólio individual Não esqueça, a reflexão do passo a passo é muito importante para a aprendizagem dos conteúdos. Bom trabalho! FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.podemosteajudar.com/wp- content/uploads/2011/08/cartao-credito.jpg 2. http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/42/37/ 3. http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/42/37 4. http://www.electronica-pt.com/index.php/ontent/view/42/37/ 5. http://www.electronica-pt.com/imagens/lei-faraday.gif 6. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/inducao/ex_inducao_eletro mag/ Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 219 TÓPICO 01: ONDAS ELETROMAGNÉTICAS Neste exato momento em que você estuda esta aula, seu celular pode começar a tocar. Você sabia que enquanto fala ao celular, você usa uma aplicação das ondas eletromagnéticas? As ondas eletromagnéticas são utilizadas em todos os ramos da ciência. DICA Em todo instante você está irradiando ondas eletromagnéticas: radiação infravermelha. A radiação infravermelha é irradiada devido ao calor de seu corpo. Vale a pena conhecer esse assunto tão interessante e de tão largas aplicações no nosso dia a dia. PARADA OBRIGATÓRIA Uma onda eletromagnética é uma perturbação que se propaga pelo espaço, como resultado das variações de campos elétricos e magnéticos. A variação de cada um dos campos dá origem ao outro, criando uma perturbação autossustentável. A ONDA ELETROMAGNÉTICA SE PROPAGA NO VÁCUO. Uma representação de uma onda eletromagnética é mostrada na figura abaixo. Note que os campos elétrico e magnético são perpendiculares entre si. Fonte [1] Clique aqui: http://www.fsc.ufsc.br/~ccf/parcerias/ntnujava/emWave/emWave- port.html [2] para ver um aplicativo que mostra as relações entre o campo elétrico, o campo magnético quando uma onda eletromagnética se propaga pelo espaço. PARADA OBRIGATÓRIA FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 06: ONDAS ELETROMAGNÉTICAS 220 Uma onda eletromagnética é uma onda transversal, isto é, ela se propaga na direção perpendicular à vibração dos campos elétrico e magnético. Como exemplo de ondas eletromagnéticas, podemos citar as ondas de rádio, as ondas de televisão, as ondas luminosas, as micro-ondas, os raios X e outras. Essas denominações são dadas de acordo com a fonte geradora dessas ondas e correspondem a diferentes faixas de frequências. OLHANDO DE PERTO Todas as ondas eletromagnéticas têm a mesma velocidade no vácuo que vale aproximadamente 300.000 KM/S. Este é o maior valor de velocidade que a ciência conhece hoje. DICA A velocidade das ondas eletromagnéticas no vácuo é representada pela letra c. O símbolo C que representa a velocidade das ondas eletromagnéticas no vácuo, vem da palavra latina "celeritas", que significa "celeridade" ou "ligeireza". C = 300.00 KM/S VOCÊ SABIA? As ondas eletromagnéticas podem vencer vários obstáculos físicos dependendo da sua frequência. A luz, por exemplo, não consegue atravessar uma parede mas, atravessa facilmente a água, o ar atmosférico, um vidro transparente. Já uma onda de rádio pode atravessar uma parede e o raio-X atravessa o nosso corpo. Para que você entenda bem esta aula sobre ondas eletromagnéticas é aconselhável que você reveja algumas ideias ligadas ao conceito de onda aprendidas na AULA 9 DE FÍSICA INTRODUTÓRIA I. OBSERVAÇÃO Aproveite para rever e se divertir com a animação A ONDA no site http://www.seara.ufc.br/animacoes/animacoes00.htm [3] Uma onda se propagando em uma dimensão pode ser representada pela figura abaixo em que vemos a evolução no espaço e no tempo (três instantes diferentes) de uma onda harmônica. À medida que o tempo passa, a onda se propaga para a direita com velocidade constante v. 221 Fonte [4] Se essa figura representar uma onda eletromagnética no vácuo, v = c. Vale a pena relembrar os conceitos de amplitude, comprimento de onda, período, frequência e velocidade da onda. CLIQUE AQUI PARA ABRIR AMPLITUDE Fonte Em uma onda eletromagnética, duas grandezas estão oscilando: o campo elétrico e o campo magnético. A amplitude da onda é dada pelo valor máximo desses campos oscilantes: E max para as vibrações do campo elétrico, B max para as vibrações do campo magnético. COMPRIMENTO DE ONDA O comprimento de onda da onda eletromagnética é a distância entre dois pontos consecutivos em que o campo elétrico ou o campo magnético tem mesmo valor (mesmo módulo e mesmo sentido). Na figura abaixo o comprimento de onda é a distância . Fonte [5] PERÍODO O período da onda eletromagnética é o intervalo de tempo necessário para a onda caminhar um comprimento de onda. O período de uma onda é representado pela letra T. FREQUÊNCIA 222 A frequência de uma onda eletromagnética é o número de oscilações por unidade de tempo. A frequência é igual ao inverso do período. VELOCIDADE Se V é a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas, T o período e o comprimento de onda, temos: A velocidade de propagação de todas as ondas eletromagnéticas no vácuo é a mesma. O seu valor no vácuo representado pela letra c, é: c=299.796 km/s Na prática aproximamos esse valor para c = 300.000 km/s A velocidade de uma onda eletromagnética também pode ser dada em termos da constante de permissividade elétrica e da permeabilidade magnética do meio aonde a onda se propaga: No vácuo teremos: NOTA HISTÓRICA A descoberta das ondas eletromagnéticas foi, sem dúvida, o mais belo acontecimento da história da Física. O inglês James Clerk Maxwell, (1831 – 1879), percebeu que Faraday tinha sido o primeiro homem a compreender corretamente os fenômenos elétricos e magnéticos. Mas o longo trabalho de Faraday tinha sido exclusivamente experimental. Jamais ele se preocupou em colocar em forma matemática os fenômenos que observava. Maxwell então, se propôs a completar a obra de Faraday, e expor matematicamente os conhecimentos de eletricidade e magnetismo da época. Maxwell reuniu suas conclusões num Tratado de Eletricidade e Magnetismo, publicado em 1873. Esse livro, além de resumir tudo o que se conhecia sobre o assunto, marcou uma época na história da Eletricidade, porque fixou um verdadeiro método de analisar matematicamente os fenômenos elétricos e magnéticos. Desenvolvendo as ideias de Faraday Maxwell, em 1865, concluiu que 223 deveriam existir as ondas eletromagnéticas. E concluiu também que a luz deveria ser uma onda eletromagnética. A conclusão de Maxwell era muito arrojada e, inicialmente suas ideias não foram aceitas, mesmo pelos grandes físicos da época. Tanto que, em 1867, a Academia de Ciências de Berlim ofereceu um prêmio a quem conseguissedemonstrar experimentalmente que as ondas eletromagnéticas existiam. Doze anos mais tarde, em 1879, o físico alemão Heinrich Hertz conseguiu prová-lo, com o oscilador descrito no "Oscilador de Hertz". Fonte [6] PARADA OBRIGATÓRIA Em uma onda eletromagnética não há partículas materiais vibrando. As oscilações são dos campos elétrico e magnético. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/01/onda- eletromagnetica.jpg 2. http://www.fsc.ufsc.br/~ccf/parcerias/ntnujava/emWave/emWave- port.html 3. http://www.seara.ufc.br/animacoes/animacoes00.htm 4. http://efisica.if.usp.br/otica/universitario/ondas/senoidais/ 5. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/ondas/compr_onda_periodo _frequencia/ 6. http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/ondas/nota_historica/ Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 224 TÓPICO 02: ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO Antena Satélite Microcomputador Telefone celular Raio - X Arco - Irís FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 06: ONDAS ELETROMAGNÉTICAS 225 Microondas À primeira vista pode parecer que as figuras mostradas acima nada tenham em comum. Afinal as situações relacionadas com cada uma, apresentam propriedades muito diferentes; Mas o estudo das radiações eletromagnéticas nos diz que a luz do belo arco-íris, os raios X que permitem ver o interior de nosso corpo, as ondas do micro-ondas, tão útil na cozinha e as ondas de rádio e TV que permitem a recepção de vozes, música e imagens são semelhantes. PARADA OBRIGATÓRIA Todas as ondas eletromagnéticas têm a mesma natureza e qualquer uma delas é o resultado da vibração de campos elétricos e magnéticos que se propagam no espaço. O que as diferencia é o comprimento de onda (ou a frequência). OLHANDO DE PERTO O conjunto de todas os comprimentos de onda e frequências recebe o nome de espectro eletromagnético. PARADA OBRIGATÓRIA A energia das ondas eletromagnéticas depende somente da frequência: h é uma constante universal chamada constante de Planck e cujo valor é h = 6,63 X 10-34 J.s As ondas eletromagnéticas cobrem uma faixa extremamente grande de comprimentos de onda e frequências que vai da região das ondas de rádio até os raios gama. Essa faixa completa de comprimentos de onda e frequências recebe o nome de espectro eletromagnético. 226 Fonte [1] ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO ONDAS DE RÁDIO Uma onda de rádio é uma onda eletromagnética na faixa de comprimento de onda 10 4 m (10 km) a 10 -1 m (10 cm). Quando você sintoniza a Rádio Universitária, por exemplo, e o locutor anuncia: "você está ouvindo a FM 107,9 MHz - ZYC 407". Isso quer dizer que você está ouvindo uma estação de rádio transmitida por um sinal FM na frequência de 107,9 megahertz. As letras ZYC são códigos atribuídas pela ANATEL. Megahertz significa "milhões de ciclos por segundo", então "107,9 megahertz" significa que o transmissor da estação de rádio oscila numa frequência de 107.900.000 ciclos por segundo. NÃO CONFUNDA AS ONDAS DE RÁDIO COM AS ONDAS SONORAS QUE VOCÊ OUVE. Fonte [2] As ondas de rádio são facilmente refletidas pela camada ionizada da atmosfera (ionosfera) e por isso podem ser emitidas e captadas a grandes distâncias. São produzidas por oscilações de elétrons em antenas metálicas. As ondas de rádio foram descobertas em 1888 por Heinrich Rudolf Hertz (1857 — 1894) [3]. Em homenagem a Hertz, a unidade de frequência leva o seu nome e as ondas de rádio são chamadas ondas hertzianas. MICROONDAS- TV E RADAR 227 Outra região importante do espectro é a região das micro-ondas, com frequência na faixa de 10 9 Hz. Essa faixa de frequência inclui os sinais de radar, telefones celulares e transmissões via satélite. Essas ondas não são refletidas pela ionosfera, assim podem ser captadas a longa distância. As micro-ondas, na faixa de 2450 Hz, são também utilizadas para cozinhar e aquecer alimentos nos fornos de micro-ondas. Fonte [4] As ondas de rádio foram descobertas em 1888 por Heinrich Rudolf Hertz (1857 — 1894). RADIAÇÃO INFRAVERMELHA A região do infravermelho é considerada como a zona compreendida entre os comprimentos de onda entre 700 nm (nanômetro) a 1 mm, com frequência na faixa de 300 GHz (1 GHz = 10 9 Hz)) a 400 THz (1 THz = 10 12 Hz). A radiação infravermelha é chamada também de radiação térmica e seu principal efeito é o de aquecer os objetos. Isso é uma consequência do fato da frequência da radiação infravermelha ser da mesma ordem de grandeza da frequência de vibração das moléculas que formam os objetos. Todos os corpos, animal, vegetal ou mineral, emitem radiação infravermelha devido à agitação térmica de seus átomos e moléculas. Fonte [5] O calor que sentimos quando estamos próximos a uma fogueira, é, em grande parte, devido à propagação das ondas infravermelhas: radiação térmica. 228 Nossos olhos não vêem a radiação infravermelha, mas a pele detecta: Quando nos expomos ao sol, na praia, por exemplo, o ardor que sentimos na pele é a ação da radiação infravermelha. RADIAÇÃO VISÍVEL (LUZ) A luz visível constitui uma estreita faixa do espectro eletromagnético, apresentando comprimentos de onda entre 400 nm (luz violeta) a 700 nm (luz vermelha). É capaz de excitar os nossos olhos, causando-nos a sensação de visão. A menor frequência visível nos dá a sensação de vermelho e a maior frequência visível, a sensação de violeta. http://www.las.inpe.br/~cesar/Infrared/conceitos.htm A luz visível é apenas uma estreita faixa do espectro eletromagnético, mas para nós, humanos é extremamente importante, pois é usada no mecanismo da nossa visão. A percepção do visível varia muito de uma espécie animal para a outra. Os cachorros e os gatos, por exemplo, não vêm todas as cores, apenas azul e amarelo, mas de maneira geral, em preto e branco numa nuance de cinzas. Nós humanos vemos numa faixa que vai do vermelho ao violeta, passando pelo verde, o amarelo e o azul. Mesmo entre os humanos pode haver grandes variações. As cobras vêm no infravermelho e as abelhas no ultravioleta, cores para as quais somos cegos. A frequência da luz visível cresce do vermelho para o violeta, consequentemente a energia da radiação também cresce. A luz violeta por ter o menor comprimento de onda é a mais energética. A luz vermelha, ao contrário, é a menos energética, pois seu comprimento de onda é o maior na faixa do visível. A energia é inversamente proporcional ao comprimento de onda: RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA A radiação ultravioleta é a parte espectro com comprimentos de onda compreendidos entre 100 nm e 200nm. 229 A radiação ultravioleta é classificada em três tipos: radiação ultravioleta A (UVA), radiação ultravioleta B (UVB) e radiação ultravioleta C (UVC). Fonte: Radiação Ultravioleta: Características e Efeitos, Emico Okuno e Maria Aparecida C. Vilella, Ed. Livraria da Física , 2005 Nosso corpo absorve radiação eletromagnética de todo o espectro, mas em forma e intensidades distintas. As nossas células respondem de forma diversa á cada faixa do espectro eletromagnético. As células da pele e os nossos olhos são particularmente sensíveis à radiação ultravioleta. Na pele, um dos efeitos imediatos da radiação ultravioleta são a queimadura solar (eritema) e o bronzeamento (melanogênese). Os efeitos tardios são o fotoenvelhecimento e o câncer de pele. O câncer de pele pode ocorrer devido a uma mutação num gene em decorrência da absorção da radiação ultravioleta pelo DNA. A mutação causada pela radiação ultravioleta é uma espécie de assinatura,já que ela não é produzida por nenhum agente cancerígeno conhecido. Quanto mais a pessoa se expõe ao sol, maior o risco, principalmente nos horários de pico da intensidade da incidência da radiação solar, entre 10 horas e 16 horas. Grande parte da radiação ultravioleta emitida pelo Sol em direção ao nosso planeta é absorvida pela camada de ozônio que envolve a Terra, protegendo-nos assim, da componente mais perigosa da radiação eletromagnética: a radiação UVC. RAIO X De CARL ROGERS (Terapia Centrada na Pessoa) Os raios X foram descobertos pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) em 8 de novembro de 1895. Esse tipo de radiação eletromagnética possui frequências altíssimas (de 10 17 Hz a 10 21 Hz), portanto sua energia é maior do que a da radiação ultravioleta. Os Raios X, assim denominados por Röntgen, que desconhecia inicialmente a natureza daquela radiação, podem ser produzidos quando elétrons são acelerados em direção a um alvo metálico. 230 O raios X não têm carga elétrica, portanto não são defletidos por campos magnéticos. Isto é um se feixe de raios X penetrar em uma região onde existe um campo magnético, não sofrerão nenhum desvio. Os raios X têm a propriedade de atravessar materiais de baixa densidade, como os tecidos musculares, por exemplo, mas são absorvidos por materiais de densidade elevada, como, por exemplo, os nossos ossos. Essa propriedade foi de imediato utilizada pela Medicina, na obtenção de radiografias. Nesse site http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/fismod/mod06/m_s01.html [6] você poderá conhecer em detalhes, a descoberta dos raios X. RADIAÇÃO GAMA Ondas eletromagnéticas que apresentam as mais altas frequências (5x10 19 Hz até aproximadamente 10 22 Hz) do aspecto eletromagnético onde eles se localizam na faixa de comprimentos de onda entre 6 pm (1 pm=10 -12 m) até aproximadamente 0,3 fm (1 fm = 10 -15 m.). Raios Gama, como os raios X, não têm carga elétrica. São muito penetrantes podendo atravessar todo o nosso corpo e causar danos irreversíveis ao nosso organismo. A radiação gama é emitida pelos núcleos atômicos dos elementos quando eles se desintegram. A radiação gama, por ser altamente energética é utilizada no tratamento de tumores cancerígenos, porque destrói as células malignas. As bombas nucleares lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki em Agosto de 1945, promoveram fortes emissões de radiação gama em virtude dos processos de fissão nuclear envolvidos no processo. Fonte [7] OLHANDO DE PERTO 231 O espectro eletromagnético também é chamado de arco-íris de Maxwell DICA Embora todo o crédito da invenção do primeiro transmissor de ondas eletromagnéticas, seja dado ao italiano Guglielmo Marconi (1874 — 1937) foi um brasileiro, o Padre Roberto Landell de Moura (1861 —1928) um dos pioneiros na descoberta do telefone sem fio, ou rádio. UM BRASILEIRO NAS ONDAS DE RÁDIO Em 1893, muito antes da primeira experiência realizada por Guglielmo Marconi, o padre gaúcho Roberto Landell de Moura realizava, em São Paulo, do alto da Av. Paulista para o alto de Sant'Ana, as primeiras transmissões de telegrafia e telefonia sem fio, com aparelhos de sua invenção, numa distância aproximada de uns oito quilômetros em linha reta, entre aparelhos transmissor e receptor. Esse feito foi presenciado pelo Cônsul Britânico em São Paulo, C. P. Lupton, autoridades brasileiras, o povo e vários capitalistas paulistanos. Nas palavras do próprio padre Landell: “Os americanos, decorridos 17 anos de prazo que marca a lei das patentes, puseram em execução prática as minhas teorias. Não sou menos feliz por isso. Eu vi sempre nas minhas descobertas, uma dádiva de Deus.” O transmissor de ondas, primeiro invento de Landell de Moura Fonte [8] FONTES DAS IMAGENS 1. http://0.tqn.com/d/physics/1/0/X/-/-/-/744px-Spectre.svg.png 2. http://redin.lec.ufrgs.br/index.php/1.2._O_Espectro_Eletromagn%C3% A9tico 3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Rudolf_Hertz 4. http://www.virtual.ufc.br/solar/aula_link/lfis/A_a_H/fisica_IV/aula_ 04-1066/imagens/03/img08.gif 5. http://jornale.com.br/acuio/2008/04/17/vida/ 232 6. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/fismod/mod06/m_s01.html 7. http://nautilus.fis.uc.pt/wwwfi/hipertextos/espectro/hiper_espectro_g am 8. http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/1272 Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 233 TÓPICO 03: PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS James Clerk Maxwell (1831 – 1879) ( http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Clerk_Maxwell [1]) desenvolveu um conjunto de equações que descrevem os fenômenos eletromagnéticos (elétricos e magnéticos) unindo a eletricidade, o magnetismo e a ótica. Desde quando foram formuladas, há mais de um século, essas equações passaram, com louvor, pelos mais severos testes experimentais e são sem dúvida um dos pilares da Física. Em homenagem a Maxwell elas são chamadas Equações de Maxwell. OLHANDO DE PERTO A solução das equações de Maxwell descreve a radiação eletromagnética como uma onda transversal. As ondas eletromagnéticas progressivas transportam energia de uma região para outra. A figura abaixo, que representa uma onda eletromagnética, nos mostra os campos elétrico e magnético perpendiculares entre si e, na simulação sugerida, vê-se a direção de propagação da onda eletromagnética perpendicular aos dois campos, uma característica de uma onda transversal. Fonte [2] EXEMPLO Neste site você verá uma simulação da propagação de uma onda eletromagnética. http://www.fsc.ufsc.br/~ccf/parcerias/ntnujava/emWave/emWave- port.html [3] Na propagação da onda, energia é transportada. ENERGIA DA ONDA ELETROMAGNÉTICA Quando você estava estudando a aula 3, sobre Capacitores, você foi apresentado ao conceito de densidade de energia. Aproveite para fazer uma revisão da aula 3. FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 06: ONDAS ELETROMAGNÉTICAS 234 A densidade de energia, ou seja, a quantidade de energia armazenada em um volume do espaço aonde existe um campo elétrico é: Se o meio for o vácuo, então teremos: , onde é a constante de permissividade elétrica do vácuo. Se também está presente um campo magnético, como é o caso da onda eletromagnética, a energia deverá apresentar tanto a contribuição do campo elétrico quanto do magnético, portanto a densidade de energia, no vácuo é dada por: onde é a permeabilidade magnética do vácuo. Na simulação da propagação da onda eletromagnética, você percebe que a onda se propaga pelo espaço “arrastando” os campos elétricos e magnéticos, isto é, os campos avançam se deslocando para uma região aonde antes eles não existiam. Isso significa que as energias associadas a estes campos devem se propagar pelo espaço da mesma maneira, o que implica em um fluxo de energia eletromagnética sendo transportado através de um volume qualquer. PARADA OBRIGATÓRIA O transporte de energia em uma onda eletromagnética é representado pelo vetor de Poynting, S, cujo módulo é igual à energia propagada ( U) por unidade de área (A) por unidade de tempo ( t). O sentido do vetor S estabelece o sentido da propagação da energia. Onde é a potência. OLHANDO DE PERTO O vetor de Poynting está relacionado com os campos elétrico e magnético e o seu módulo, considerando que os vetores elétrico e magnético são perpendiculares entre si, é dado por: 235 No vácuo OBSERVAÇÃO O módulo do vetor de Poynting mede a intensidade de uma onda eletromagnética que passa por uma determinada área. DICA O nome vetor de Poynting é umahomenagem a John Henry Poynting (1852 – 1914). http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Henry_Poynting [4] O vetor de Poynting explica porque a energia do Sol chega para nós na Terra com uma intensidade muito maior do que chega a Netuno, por exemplo. Fonte Netuno está muito mais distante do Sol do que a Terra, portanto RNetuno > RTerra. A VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS A velocidade de propagação de uma onda eletromagnética depende das propriedades características do meio: No vácuo temos 236 c= 300.000 km/s para todas as ondas eletromagnéticas no vácuo. Propagando-se em um meio qualquer que não o vácuo, as ondas eletromagnéticas podem interagir com os átomos e moléculas do meio. A interação da radiação eletromagnética com a matéria, por sua vez, depende da frequência da radiação incidente. Por exemplo, a luz visível que se propaga através do vidro e da água, não consegue passar através de uma folha de papelão. Já os raios X, de frequência muito mais alta, passariam com a maior facilidade através do papelão, mas seriam barrados por uma folha de chumbo. Isso significa que, ao se propagar entre diferentes meios a onda eletromagnética altera sua velocidade de propagação. Em um meio qualquer a velocidade é dada por: A relação entre a velocidade no vácuo e em um meio qualquer é dada por: No estudo dos capacitores, na aula 3 (não deixe de fazer uma revisão), foi definida a constante dielétrica de um meio, k: A constante dielétrica, que é adimensional, também pode ser chamada de permissividade elétrica relativa: a permissividade do meio em relação ao vácuo. Também podemos definir uma permeabilidade magnética relativa: A velocidade da onda em um meio qualquer ficará: 237 Em geral a constante km é aproximadamente igual a 1. Assim a velocidade fica dada como: PARADA OBRIGATÓRIA A constante dielétrica k é sempre maior do que 1, isto significa que a velocidade de propagação da onda em um meio é SEMPRE menor do que c, a velocidade da onda no vácuo: PARADA OBRIGATÓRIA A frequência de uma onda não se altera quando ela se propaga de um meio para outro. A frequência depende apenas da fonte que deu origem à onda. AS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS SOFREM REFRAÇÃO A refração é um fenômeno em que um raio de luz (onda eletromagnética na parte visível do espectro) se desvia ao mudar de um meio para outro. Esse desvio é diferente para cada comprimento de onda. Os comprimentos de onda grandes sofrem desvios menores que os de comprimento de onda pequenos. A velocidade de propagação da onda no meio depende das características do meio e também do comprimento de onda. Assim, uma luz vermelha de baixa energia (comprimento de onda grande) se propaga com velocidade maior do que uma luz azul de pequeno comprimento de onda. OLHANDO DE PERTO A razão entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade da luz um meio material é conhecida como o índice de refração do meio e é comumente representado pela letra N: Naturalmente uma vez que INTERFERÊNCIA DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS POR FAVOR, DESLIGUE O SEU CELULAR. Nos aviões uma das primeiras recomendações que recebemos é: MANTENHA O SEU CELULAR DESLIGADO DURANTE O VÔO. 238 A explicação que embasa essa recomendação é o fenômeno da INTERFERÊNCIA. INTERFERÊNCIA O fenômeno de interferência é o resultado da superposição de duas ou mais ondas. A resultante é simplesmente a soma (algébrica) das amplitudes das ondas. O resultado pode ser um máximo de amplitude, o que caracteriza uma interferência construtiva, um mínimo de amplitude (pode ser inclusive zero) o que caracteriza uma interferência destrutiva ou valores intermediários de amplitude entre o máximo e o mínimo. O estudo da interferência das ondas é muito importante para as telecomunicações, uma vez que este fenômeno é um dos responsáveis pelas limitações no tráfego de informações. Em um avião, durante o voo, são muitas as comunicações necessárias entre os pilotos e os vários controles de aterrisagem, de tráfego aéreo, unidades de radar com informações sobre o clima, etc. Todas essas comunicações ocorrem com o uso das ondas eletromagnéticas que podem sofrer interferência com as ondas eletromagnéticas com as quais o aparelho de celular opera. Com a interferência, a recepção das mensagens entre o avião e torres de controles podem ser perturbadas de modo que as informações sejam deturpadas. OBSERVAÇÃO A partir da dissertação de mestrado desenvolvida pela tecnóloga em saúde Suzy Cristina Cabral, defendida na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, é bem provável que médicos e enfermeiros ou pelas pessoas que ingressam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital para visitar um parente devam manter seus celulares desligados. De acordo com o estudo, pioneiro na área no Brasil um dos poucos feitos na América Latina, as ondas eletromagnéticas emitidas pelos telefones móveis podem interferir no funcionamento dos equipamentos médicos, o que pode representar um risco aos pacientes. Para saber mais acesse: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/julho2004/ju258pag5a.html [5] ONDAS ELETROMAGNÉTICAS ESTACIONÁRIAS As ondas eletromagnéticas podem ser refletidas na superfície de um condutor (uma lâmina metálica polida) ou na superfície de um dielétrico (uma placa de vidro). PARADA OBRIGATÓRIA A superposição das ondas incidentes e refletidas forma uma onda estacionária. 239 DICA Não deixe de fazer uma revisão na Aula 9 de Física Introdutória I, onde você estudou ONDAS. Um forno de micro-ondas produz ondas estacionárias com comprimento de onda = 12,2 cm. Como você aprendeu quando estudou ONDAS, uma onda estacionária tem pontos chamados nodos (ou nós), onde a amplitude é zero e pontos chamados antinodos (ou antinós), onde a amplitude é máxima. Cada nodo (antinodo) está separado do seu vizinho consecutivo por /2. No caso do forno de micro-ondas, como = 12,2 cm, a distância entre os nodos é de 6,1. O alimento deve então girar durante a operação do forno. Se não girar, as partes do alimento que ficam sobre os nodos da onda, permanecerão frias já que nesses pontos a amplitude é zero. DIFRAÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS Difração: é o fenômeno que ocorre quando uma onda incide em um obstáculo e consegue ultrapassá-lo, contornando-o ou penetrando por alguma fenda e recompondo-se mais à frente. Esse fenômeno permite a recepção dos sinais de rádio e TV nas grandes cidades, apesar dos edifícios. As ondas eletromagnéticas podem contorna-los. FONTES DAS IMAGENS 1. http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Clerk_Maxwell 2. http://s188.photobucket.com/user/fisicomaluco/media/polar10.gif.htm l 3. http://www.fsc.ufsc.br/~ccf/parcerias/ntnujava/emWave/emWave- port.html 4. http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Henry_Poynting 5. http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/julho2004/ju258p ag5a.html Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 240 TÓPICO 04: APLICAÇÕES NO COTIDIANO A maioria das invenções que marcaram o século vinte e mudaram muito a nossa vida, como o rádio, a televisão, o telefone, o forno de micro- ondas, o radar, o celular, a Internet, dependem das ondas eletromagnéticas para o seu funcionamento. Mesmo sem todas essas maravilhas modernas, ainda assim as ondas eletromagnéticas teriam e têm um papel muito importante em nossa vida: o nosso sistema de visão funciona pela detecção de ondas eletromagnéticas (na parte visível do espectro) e, acima de tudo, é por meio das ondas eletromagnéticas que a nossa Terra recebe energiado Sol. PARADA OBRIGATÓRIA Para compreender as aplicações das ondas eletromagnéticas no nosso cotidiano, é preciso compreender a teoria das ondas eletromagnéticas. É FUNDAMENTAL QUE VOCÊ FAÇA UMA BREVE REVISÃO DOS PRINCIPAIS TÓPICOS DESSA AULA. REVISÃO Onda eletromagnética é uma perturbação constituída por campos elétricos e magnéticos variando com o tempo. Essa perturbação se propaga de uma região para outra, mesmo que quando não existe matéria nessas regiões. Ou seja, a onda eletromagnética se propaga no vácuo. Todas as ondas eletromagnéticas têm a mesma velocidade no vácuo que vale aproximadamente 300.000 km/s. Este é o maior valor de velocidade do universo que a ciência conhece hoje. A velocidade de uma onda é dada por: Mas também pode ser dada por: Onde c é a velocidade de todas as ondas eletromagnéticas no vácuo. As constantes , e n são, respectivamente, a permissividade elétrica, a permeabilidade magnética e o índice de refração do meio. Todas as ondas eletromagnéticas têm a mesma natureza e qualquer uma delas é o resultado da vibração de campos elétricos e magnéticos que se propagam no espaço. O que as diferencia é o comprimento de onda (ou a frequência). FÍSICA INTRODUTÓRIA II AULA 06: ONDAS ELETROMAGNÉTICAS 241 A onda eletromagnética é uma onda transversal. A energia das ondas eletromagnéticas depende somente da frequência: Onde h = 6,63 X 10-34 J.s é uma constante universal chamada constante de Planck. O transporte de energia em uma onda eletromagnética é representado pelo vetor de Poynting, S, cujo módulo é igual à energia propagada ( U) por unidade de área (A) por unidade de tempo ( t). O sentido do vetor S estabelece o sentido da propagação energia irradiada. S = P/A, onde P é potência. A superposição das ondas incidentes e refletidas forma uma onda estacionária. Fonte [1] Fonte [2] APLICAÇÕES NO COTIDIANO Um dos mais belos espetáculos da natureza, o arco-íris é um exemplo da propagação de ondas eletromagnéticas através de meios diferentes. Basta uma chuva ocorrendo no lado oposto ao que o Sol se encontra e lá aparece ele: o arco-íris. Os arco-íris se formam devido à refração da luz no interior de uma gota de água de chuva. A refração é um fenômeno em que um raio de luz se desvia ao mudar do ar para a água (ou qualquer outra substância). Ocorre que esse desvio é diferente para cada cor. Um raio de luz vermelha sofre um desvio menor que um raio de cor verde, que é menor que um de cor azul. Se quiser sabe todos os detalhes da formação desse fenômeno, clique aqui [3]: O mecanismo que você usa para travar ou destravar as portas do carro ou para abrir o portão da garagem é um pequeno radiotransmissor, isto é, um transmissor de ondas eletromagnéticas. Quando você aperta um botão, o transmissor liga e envia um código (um sinal eletromagnético) para o receptor (no carro ou na garagem). Dentro do carro ou da garagem está um receptor de rádio sintonizado na frequência que o transmissor utiliza. Os sistemas modernos utilizam frequências na faixa de 300 MHz a 400 MHz. O telefone celular é um aparelho de comunicação por ondas eletromagnéticas. Os celulares operam na faixa das ondas de rádio ou rádiofrequência e o sistema de funcionamento é formado por três componentes: 242 Fonte [4] ESTAÇÃO MÓVEL Estação Móvel, que é o nome dado ao próprio aparelho, o telefone celular; ESTAÇÃO RÁDIO-BASE Estação Rádio-Base (ERB) encaminha as ligações para a Central de Comutação e Controle (CCC). CENTRAL DE COMUTAÇÃO E CONTROLE A Central de Comutação e Controle (CCC) funciona como o "cérebro" do sistema, ligando-se a todas as Estações Rádio-Base e o Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC), bem como controlando as chamadas. Quando o telefone celular é usado para originar ou receber chamadas ou para utilizar outros serviços de comunicação, o contato com sua operadora é feito mediante o envio e a recepção de ondas eletromagnéticas para a antena da estação rádio-base (ERB). Esses sinais são recebidos pela ERB e encaminhados para a central de comutação e controle (CCC) da operadora, cuja função é encaminhar as ligações para outras centrais, sejam elas operadoras de telefones fixos ou móveis, completando as ligações. Figura do esquema da transmissão da onda eletromagnética entre o telefone celular e central de controle e vice-versa. CLIQUE AQUI Fonte [5] Hoje se fala muito na mídia sobre os efeitos nocivos à saúde que podem resultar do uso dos telefones celulares. Até que ponto a radiação eletromagnética utilizada no seu funcionamento é suficiente para causar algum dano à saúde dos seres humanos. Essa é ainda uma questão bastante controversa. O fato é que o uso do celular bem próximo à cabeça durante o uso, leva a um questionamento se a radiação em contato direto com o tecido da cabeça pode causar algum prejuízo a longo prazo. Mas nada ainda está definido a esse respeito. Objeto de desejo de toda dona de casa, a ideia do forno de micro-ondas surgiu de um mero acidente. 243 Fonte [6] Percy Spencer (1894 -1970), cientista americano que trabalhava na empresa Raytheon, fabricando magnetrons para aparelhos de radar, um dia estava trabalhando num aparelho de radar ativo quando observou uma sensação repentina e estranha, e viu que uma barra de chocolate que tinha no seu bolso tinha derretido. Fonte [7] O forno de micro-ondas usa micro-ondas para cozinhar ou apenas aquecer os alimentos. As micro-ondas são ONDAS ELETROMAGNÉTICAS. Na classificação do espectro as micro-ondas são ondas de rádio com comprimentos de onda variando entre 1 mm e 1 m. O comprimento de onda mais utilizado nos fornos domésticos é de aproximadamente 12 cm, que corresponde a uma frequência de 2,45 GHz. As ondas de rádio nessa frequência são absorvidas principalmente pela água contida nos alimentos. SAIBA MAIS SOBRE MICRO-ONDAS A absorção de energia das micro-ondas provoca um aumento na agitação molecular da água levando ao seu aquecimento. Esse aquecimento se difunde por todo o alimento. Por essa razão, um alimento como o pão, por exemplo, não é aquecido muito bem no micro-ondas: ele é pobre em moléculas de água. Materiais tais como vidro, papel e plástico não são afetados pelas micro-ondas, por isso, ao aquecermos um determinado alimento num recipiente feito de um desses materiais, notamos que eles permanecem relativamente frios. Mas se a travessa for de metal, você pode ter problemas. Os metais, como você já sabe, possuem elétrons livres que ao serem expostos ao campo elétrico das ondas ficarão sujeitos a uma força (reveja a aula 1) que os forçará a entrar em movimento dando origem a correntes induzidas pelo campo elétrico das micro-ondas. Essas correntes provocarão o aquecimento do metal por Efeito Joule (reveja esse assunto na aula 4). Esse aquecimento pode produzir faíscas, causando um pequeno “incêndio” no interior do forno que poderá danifica-lo. Esse efeito é particularmente notável se o recipiente tem pequenos detalhes em metal, como aqueles filetes dourados em certas louças, ou se o objeto colocado no micro-ondas tiver pontas, como um garfo, por exemplo. Além disso, o metal pode refletir as micro-ondas e assim o bom funcionamento do aparelho fica prejudicado. LASER é uma sigla formada pelas iniciais das palavras em inglês: Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, cuja tradução é: Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação Pense um instante só e responda: onde você já viu ou ouviu falar sobre laser? Provavelmente você vai enumerar uma quantidade enorme de situações aonde se aplicaessa maravilha da ciência. 244 Para você não se esquecer de como o laser está presente em nossas vidas, veja aqui alguns exemplos de sua aplicação: MEDICINA: cirurgias, tratamento de varizes, remoção de tatuagens INDÚSTRIA : para cortar metais, medir distâncias PESQUISA CIENTÍFICA: pinças ópticas, hidráulica, física atômica, óptica quântica, resfriamento de nuvens atômicas, informação quântica; medir com precisão distâncias muito grandes como a distância Terra-Lua COMUNICAÇÕES: fibras ópticas, leitores de códigos de barras NOSSAS CASAS :aparelhos leitores de CD e DVD NA SALA DE AULA : apontador a laser usado em apresentações com projetores NA DIVERSÃO : Shows com luz laser O laser é um tipo especial de radiação eletromagnética na faixa do visível. O que torna a luz laser tão especial são as suas propriedades: A LUZ LASER É MONOCROMÁTICA A luz laser é monocromática. Isto significa que ela é formada por ondas que apresentam uma única frequência de valor bem determinado. A LUZ LIBERADA É COERENTE A luz liberada é coerente. Isto significa que ela é formada por ondas que estão sempre em fase, ou seja, as cristas e os vales dessas ondas são sempre coincidentes: cristas com cristas, vales com vales. A LUZ É BEM DIRECIONADA A luz é bem direcionada. Um feixe de luz laser tem intensidade muito elevada, isto significa uma grande concentração de energia em uma pequena área. Por isso os feixes de laser são muito finos. A luz de uma lanterna, por exemplo, libera luz em várias direções, além da luz ser muito fraca e difusa. Mesmo um laser de potência baixa, em torno de alguns miliwats (mW) apresenta um brilho muito superior ao de uma lâmpada de 60 W. Normalmente a luz emitida por uma fonte é composta de várias cores, e, em geral, se espalha em todas as direções. Em 1960, foi inventado um processo, denominado emissão estimulada, por meio do qual se obtém um feixe de luz de uma mesma cor (mesma frequência), concentrado e em fase. A palavra laser é uma abreviação de "light amplification by estimulated emission of radiation" (amplificação da luz por emissão estimulada de radiação). Com o laser é possível obter-se uma grande concentração de energia em um estreito feixe de luz. É possível conseguir um raio laser muito fino e de grande intensidade. Essa alta concentração de energia em uma pequena região ocasiona uma alta temperatura; desse modo, uma das aplicações do raio laser é a soldagem e corte de chapas metálicas. 245 Fonte [8] Um radar é um equipamento que, em geral não vemos. Numa estrada, dirigindo a alta velocidade, você poderá notar o radar apenas quando ele já registrou a sua infração. Mas esse equipamento não tem apenas a utilidade de registrar as nossas infrações de trânsito nas estradas, a utilidade do radar é indiscutível em nossa vida: CLIQUE AQUI O controle de tráfego aéreo usa radares para rastrear aviões, além de usá-lo também na hora de orientar os pilotos para que façam pousos suaves. A polícia usa o radar com o objetivo de detectar a velocidade dos automóveis. A NASA os usa para mapear a Terra e outros planetas, para rastrear satélites e fragmentos espaciais e para ajudar na hora de manobrar suas aeronaves. Os militares, por sua vez, usam radares para detectar os inimigos e guiar suas armas até os alvos. Os meteorologistas usam radares para rastrear tempestades, furacões e tornados. Nos períodos de guerra a utilização do radar é indiscutível. RADAR: Sigla das palavras em inglês: Radio Detection And Ranging (Detecção e Telemetria pelo Rádio), é um dispositivo que permite detectar objetos a longas distâncias, calculando com precisão sua posição. O primeiro Radar foi construído em 1904, por C. Hülsmeyer na Alemanha O radar emite ondas eletromagnéticas que são refletidas por objetos distantes. A detecção das ondas refletidas permite determinar a localização do objeto. Fonte [9] Embora pudéssemos ainda listar muitas aplicações das ondas eletromagnéticas no cotidiano, vamos finalizar esta aula e a disciplina Física 246 Introdutória II mostrando a aplicação mais utilizada por todo o mundo, atualmente e sem a qual esse curso que você faz não seria possível: A INTERNET A Internet tem sua origem na Guerra Fria – ela é consequência de um projeto da agência norte-americana ARPA (Advanced Research and Projects Agency), com apoio do Pentágono. O objetivo desse projeto, que foi denominado Aparnet (a atual Internet), era criar um canal de comunicação que não fosse centralizado e vulnerável no caso de um ataque nuclear. O que é a Internet? A Internet, uma rede mundial de computadores interconectados, é um privilégio da vida moderna para o homem moderno. Ela é o maior repositório de informações acessíveis a qualquer pessoa que a acesse de qualquer parte do mundo. O mais notável na Internet e que a torna tão diferente das outras invenções humanas é o curtíssimo período de tempo em que ela precisou para se estabelecer. Algumas invenções e descobertas humanas: A eletricidade (1873): atingiu 50 milhões de usuários depois de 46 anos de existência. O telefone (1876): levou 35 anos para atingir esta mesma marca. O automóvel (1886): 55 anos. O rádio (1906), 22 anos. A televisão (1926), 26 anos. O forno de micro-ondas (1953), 30 anos. O microcomputador (1975): 16 anos. O celular (1983): 13 anos. A INTERNET (1995), POR SUA VEZ, LEVOU APENAS 4 ANOS PARA ATINGIR 50 MILHÕES DE USUÁRIOS NO MUNDO. Fonte: http://www.aisa.com.br/oquee.html Onde está a aplicação das ondas eletromagnéticas na Internet? A resposta para esta pergunta está em outra pergunta: Como você se conecta à Internet? Se você se conecta por meio de uma linha telefônica discada ou por conexões de alta velocidade tipo fibra ótica, TV a cabo, satélite, saiba que todos esses tipos de acesso utilizam diretamente a propagação de ondas eletromagnéticas. E agora, com base nos conhecimentos adquiridos nesta aula, discuta com os seus colegas e o seu professor, as seguintes questões: FÓRUM 247 Todas as recomendações sobre os cuidados com a pele, advertem sobre a exposição solar no horário em torno do meio-dia. Discuta com os seus colegas e o seu professor o por quê. Quando viajamos de avião, somos proibidos de usar o telefone celular durante todo o voo. Discuta com os seus colegas e o seu professor o por quê. MULTIMÍDIA Assistindo aos vídeos sobre Ondas Eletromagnéticas veremos suas diversas aplicações. Vídeo 1 [10] Vídeo 2 [11] Vídeo 3 [12] ATIVIDADE DE PORTFÓLIO Caro aluno, os problemas propostos neste portfólio devem ser resolvidos por você. Você deve se esforçar ao máximo para obter a solução dos problemas por seus próprios meios. Isso não invalida o estudo em grupo, que é uma coisa muito diferente de copiar a solução dos exercícios do colega. Aliás, essa não é uma atitude inteligente. Na hora da prova você não poderá contar com essa “facilidade”. Agora, resolva os exercícios (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) e coloque-os no seu portfólio. FONTES DAS IMAGENS 1. http://colorflags.satoconor.com/Portals/0/COLORS_SPEED/De% 20Zeven%20Kleuren%20van%20de%20Regenboog.jpg 2. http://img1.mlstatic.com/alarme-positron-fx300-novo-cyber-trava- eletrica-2-portas_MLB-O-3274236970_102012.jpg 3. http://astrosurf.com/skyscapes/otica/arcointr.htm 4. http://www.temasbuscados.com/wp-content/uploads/2012/03/celular- vaic-dois-chips.jpg 5. http://1.bp.blogspot.com/-EfiDtyKDoDs/Ubp5LUT- oMI/AAAAAAAAAEg/6BhnGwRuDhE/s1600/ERB.jpg 6. http://www.meteoroshop.com.br/media/catalog/product/cache/1/imag e/5e06319eda06f020e43594a9c230972d/f/i/file_25_3.jpg7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Forno_microondas 8. http://br.geocities.com/radioativa_br/pagina23.htm 9. http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php?title=Radar 10. http://www.youtube.com/watch?v=QpiouWxKsbk 11. http://www.youtube.com/watch?v=Y63EpBZL6MY&feature=related 12. http://www.youtube.com/watch?v=4pmMO8rvLwQ&feature=related Responsável: Prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 248 LMAT Capa_Creditos_Sumario Numerar_20130624113110 01 02 03 04 01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 01 02 03 04 LMAT Contracapa