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Aula_Collor

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Economia Brasileira Contemporânea III
Plano Collor
Prof. Giorgio Romano
18 de julho de 2014
http://tidia-ae.ufabc.edu.br
EBCIII.2014.2 
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https://www.youtube.com/watch?v=De2NpaBMhwc
Interpretação economistas de esquerda (Nilson de Souza): longa década de 1990 (1990-2002)
Abertura de capital 
Abertura comercial unilateral
Privatização/ desestatização
Desregulamentação
 adesão ao Consenso de Washington e 
Ajuste Estrutural exigido pelo Plano Brady (1989)
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1990-2002
Interesse dos EUA
Provocar abertura das economias 
latino-americanos para mercadorias 
e capitais excedentes
Acessar matérias-primas e força de trabalho
Relação direta entre Consenso de 
 Washington, Plano Brady, Iniciativa para as
 Américas, políticas neoliberais no Brasil e a
 proposta para a Alca
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Longa década e os EUA
Marketing Collor:
denúncia corrupção;
em prol das camadas pobres;
promessas profundas reformas.
Eleito para mandato até 01/01/1995
Plano lançado no dia da posse 
(15 de março de 1990)
Ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello
(juntou Fazenda e Planejamento) com participação do Antônio Kandir e Ibrahim Eris no Bacen
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Plano Brasil Novo 
(Plano Collor)
Lado financeiro: sequestro/bloqueio 
 da liquidez
 (Fidel Castro: “eu nunca fiz isso em Cuba”
Governo bloqueou por 18 meses a conversão em moeda corrente do conjunto de ativos financeiros (aplicações no overnight; poupança e conta corrente)
Limite de saque da poupança/ conta corrente 
 Ncr$ 50.000 (na época US$1200 http://www.usinflationcalculator.com/)
Limite de saque overnight: até 20% 
Compromisso: devolver em Cruzeiros em 12 prestações iguais a partir de setembro de 1991 com correção + 6%)
Obs Empresas aplicavam capital de giro no overnight
 
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Plano Collor: Perplexidade e 
complexidade
20 Medidas Provisórias
Conversão Cruzado Novo 
 em Cruzeiro
 Novo indexador oficial: TR (Taxa Referencial) em
 substituição ao BTN introduzido pelo Maílson em
 meados de 1989)
 Lógica: forward looking – calculado pelo
 Bacen a partir de uma amostra das taxas
 praticadas pelos bancos na captação de recursos
 (lógica Libor) –não baseado na inflação passado
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Plano Collor: perplexidade e 
complexidade
II. Lado Ajuste Fiscal
Corte despesas (queda valor ativos financeiros provocou juros negativos; demissões -anunciou cortes de 360.00 postos de trabalho-; corte subsídios; diminuição Ministérios);
aumento impostos (IOF) e tarifas públicas;
Privatizações.
III. Lado Economia Real
Abertura comercial
Redução unilateral das tarifas médias de 37,4% em 1990 para 14,2% em 1994
Isenção tarifas para um conjunto grande de produtos
Eliminação/ redução barreiras não-tarifárias (quotas; reserva de mercado
Privatizações -uma das MP´s: 
 Programa Nacional de Desestatização
Política Industrial e de Comércio Exterior (PICE): gerar competição e competitividade 
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Plano Collor: perplexidade e 
complexidade
IV. Política salarial
Salário de março não incorporou inflação primeira quinzena (Plano iniciou 16/03) 
Conversão salário em Cruzeiros em seu nível mínimo de pode de compra
Estimula a livre negociação salarial (em contexto de aumento desemprego e recessão)
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Plano Collor: perplexidade e 
complexidade
Caráter autoritário (sem negociação ou consulta);
perda de confiança de investidores/ poupadores no sistema financeiro brasileiro;
limite liberado muito baixo=> paralização negócios;
remuneração inferior a outros rendimentos.
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Crítica ao Plano Collor
Redução extraordinário liquidez: M4/PIB caíram de 30% para 9% do PIB;
queda dívida liquida do setor público (bloqueio provocou desvalorização dos ativos financeiros => juros reais negativos)=> 
 resultado primário +1%, déficit operacional: -1,75%;
queda salarial; 
salário real média RMSP -35% (1990-1992)
gastos reais com salários funcionários públicos - 43%
forte diminuição gasto real nas áreas sociais;
Saúde -44%; educação -50%
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Resultado Plano Collor
recessão sem controle inflação.
Queda PIB real no segundo trimestre de 1990: -7,8%
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Resultado Plano Collor
PIB
Inflação
1990
-4,5%
1476,6%
1991
1%
480,2%
1992
-0,5%
1157,9%
Período 1990-1992
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Resultado Plano Collor
Queda PIB per capita
-8,36%
Queda produção industrial
- 13,3%
Queda FBCF/PIB
De 16,7% (1989) para 14% (1992)
Queda salário mínimo real
- 35%
Somente 15 empresas foram privatizadas. Arrecadação total: US$ 3,5 bilhões
Problemas:
experiência nova;
potencias compradores desconfiados;
impedimentos legais (constitucionais) em vários setores.
Estimulo Governo:
permitir utilização de títulos públicos (que estavam passando por deságio - moedas podres);
subavaliação do patrimônio;
utilização financiamento BNDES.
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Privatização
Primeira grande privatização: Usiminas (Usina Siderúrgica de Minas Gerais)
Histórico de lucros (custo operacional relativamente baixo; vantagens geográficas)
Leilão 24/10/1991 (um ano e meio depois do lançamento do PND!)
Patrimônio avaliado em US$ 8-10 bilhões, vendido por US$ 1,94 bilhões, pagos com moeda podre (Aloysio Biondi)
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Privatizações
Liberalização comercial não provocou aumento importações
1989: US$ 18,3 bilhões
1992: US$ 21 bilhões
Porque?
Contração economia
Efeito da desvalorização 
Desregulamentação não aumentou participação IED na FBCF: recessão + falta de confiança no futuro
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Abertura anunciada: pouco efeito
Plano Collor II ainda elaborado pela equipe da Zélia
mais cortes gasto público
neo-gradualismo 
substituição overnight pelo Fundo de Aplicações Financeiras com rendimento determinado pela TR
Volta da inflação + aumento crítica a estilo centralizadora e autoritária=> queda Zélia (maio 1991)
Novo ministro de Economia: Marcílio Marques Moreira (ex-Embaixador em Washington)
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Plano Collor II – 02/1991
Período
Inflação (IGP)ao mês
Início 1990
80%
Imediatamente depois Plano Collor
10%
Início 1991
20%
Agosto/setembro 1991: volta da liquidez com início liberação dos ativos bloqueados
Volta da expectativa inflacionária 
Taxa crescimento mensal 3º quadrimestre: 14,8%
				 4º quadrimestre: 24,6%
=>pressão cambial (desvalorização)=> governo aumento juros
Declínio receita fiscal 1992: déficit operacional -2,5%
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Plano Collor II 
				Impacto da crise econômica: 				queda popularidade.
Maio 1992: denuncia corrupção pelo irmão Pedro Collor => Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
29/11/1992 441 x 38 votos pela abertura de processo judiciário => Collor tenta renunciar, Senado não aceitou e aprovou impedimento (impeachment) 29 de dezembro de 1992
Solução constitucional: assume o vice, 
Itamar Franco até final do mandato 
(31/12/1994)
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 Impeachment
20
10 minutos
Analise do fracasso plano anteriores:
1)Tendência de monetização acelerada e de explosão da demanda em momentos de desinflação abrupta;
2) existência de elevada liquidez dos haveres financeiros e da chamada moeda indexada;
3) precárias condições de financiamento da dívida pública (refinanciamento diária);
4) persistência restrição externa.
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Origens e Gênese do Plano Collor
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Dilema
??
Devido à alta liquidez das aplicações
Conceito moeda indexada:
 ativos financeiros de curtíssimo prazo com
 indexação garantida e liquidez assegurada =>
 títulos da dívida como quase-moeda (com objetivo
 de preservar a confiança dos agentes). 
Não havia compradores voluntários por prazo superior a alguns dias, Bacen vendeu papeis aos bancos que os financiavam com a revenda ao público em operações overnight com direito do tomador de resgate em dinheiro garantido.
Prática do Bacen de vender ao mercado um volume de títulos superior á média diária de financiamento disponível, comprometendo-se a recomprar diariamente títulos que excedam os recursos captados pelos bancos (zeragem automático).
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Existência moeda indexada
Não era alta
(21% do PIB entre 1986-1989)
assegurar pagamento + credibilidade austeridade fiscal (expectativa da capacidade de financiamento)
Problema: precarização das condições de financiamento => diminuição prazos chegando a rolagem diária de quase todo o estoque (divida flutuante) => financiamento (indexação diária)/ rolagem da divida se tornou mecanismo de propagação inflacionária.
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Dívida pública liquida interna
Como reduzir juros sem provocar fuga de capitais?
Como impedir monetização e movimentos especulativos (aumentos antecipadas na expectativa de aumento da demanda)?
Resposta ortodoxa (incl Plano Bresser): juros altos (evitar expansão crédito, estimular os depositantes a manter recursos aplicados)
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Dilema
Juros altos demais: 
risco efeito recessivo;
efeito-riqueza: consumo e compra ativos reais na expectativa que juros vão baixar (pq governo não vai aguentar custo fiscal da dívida interna + dificuldade compensar com privatização/ corte despesas/ elevação receita tributária);
desconfiança sobre expectativa trajetória futura da inflação.
Juros baixos demais: desconfiança sobre juros reais
implícitos nas taxas nominais (expectativa da volta da
inflação) => mede de ficar abaixo da inflação
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Juros altos, mas quanto?
Memória das experiências passadas aconselhe a comprar logo, antes que os preços subam e os produtos desapareçam.
Pressão cambial (câmbio flutuante)
- liquidez dos exportadores => escolhem momento adequado para liquidar o câmbio
- maior demanda por ativos em moeda estrangeira
=> desvalorização => inflação
Obs. Insensibilidade movimento de capitais internacionais ao nível de juros internos (diferença com Plano Real!)
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Dilema 
1ºProposta bloqueio teve origem no debate acadêmico (artigo Beluzzo & Almeida “Crise e Reforma Monetária no Brasil”);
2º levado à candidatura do Ulysses Guimarães como forma de acabar com overnight;
3º Kandir levou para candidatura do Lula;
Obs Durante campanha Collor acusou o Lula de planejar confisco da poupança
4º Depois do 2º turno chegou à equipe da Zélia (até então trabalha com propostas gradualistas)
Kandir se integre na equipe econômica do governo Collor
Bloqueio visto como última bala disponível
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Evolução debate
“apenas o ordenamento do exercício [dos direitos existentes], sem prejuízo de remuneração adequada, de maneira a conciliá-los com a capacidade de produção de bens e o funcionamento normal dos mercados financeiros e de capitais”
Diferenciar do confisco monetário: compromisso firme de devolução com calendário preanunciado
O que é bloqueio monetário? Suspensão (parcial ou total) do direito ao exercício da liquidez de ativos financeiros.
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Exposição de Motivos MP 168
1) Problema monetária (controle da inflação / oferta moeda) e 
2) fiscal (viabilizar ajuste fiscal, impossível sem redução custo dívida).
desvalorização real dos haveres financeiros detidos (juros reais negativos)
consolidação/ alongamento compulsório dos prazos da dívida pública (devido a participação elevada de títulos públicos no portfolio de pessoas físicas e jurídicas)
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Efeito desejado do bloqueio
1)Liberação descontrolada de valores retidos, provocada por pressões sobre o governo (já desde junho 1990) e por erros de gerenciamento do programa;
2) era inaplicável: manter a retenção dos haveres financeiros naquela escala era impossível já que implicaria a paralisação do sistema de pagamentos.
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Bloqueio falho porque?
Bacha:
Possibilidade de reforma monetária sem sequestro de ativos financeiros “Isto só foi possível graças ao grande volume de reservas internacionais acumuladas desde 1992”
Ancora cambial com entrada de fluxos financeiras. 
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O que mudou depois

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