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Testemunha Ocular Peter Burke

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Universidade Estadual Paulista- UNESP/Assis
Departamento de História
Disciplina: História Moderna II
Responsável: Prof. Dr. Eduardo José Afonso
Discente: Victor Gustavo de Souza 		Noturno
BURKE, Peter. Testemunha Ocular. História e Imagem. Bauru: EDUSC, 2004. 
Com a ascensão da história cultural e a ampliação dos objetos de pesquisa, não há muito, os historiadores desse ramo voltaram-se para o estudo do Outro. Esse “Outro”, com grafia em maiúscula, refere-se ao processo de homogeneização de grupos. 
Além do interesse pela homogeneização, os historiadores voltam seus estudos para a compreensão das identidades culturais e para o(s) encontro(s) que pode(m) ocorrer entre elas. Para Burke, quando uma cultura entra em contato com outra ocorre a possibilidade de duas reações distintas: 
Assimilação: quando ocorre a assimilação as diferenças culturais são negadas e surgem analogias. Essas diferenças são espelhadas em algo próprio da cultura que o grupo está inserido. 
Aversão: quando ocorre essa reação não há analogias e nem são vistas semelhanças com a cultura do “Outro”. Cria-se a imagem de que são totalmente opostas. 
 Independente da reação que ocorra algo é comum às duas: o estereótipo. O estereótipo pode ser falso ou verdadeiro, no entanto, para ambos os casos, falta-lhe nuances ou há exageros que não o tornam, necessariamente, reais. Muitas vezes, eles são hostis, desdenhosos ou condescendentes, o que pode estar relacionado à projeções de características indesejáveis do “eu” no “outro”, buscando mostrar “minha” superioridade frente à “sua”.
Esses estereótipos conseguem transformar o outro em objetos exóticos, monstros, sempre visando o distanciamento e superioridade, como, por exemplo, a demonização do indígena, visto como demônios, canibais que comiam seus semelhantes, raças de homens sem cabeças, os “não civilizados”. 
Considerando que estamos inseridos na cultura ocidental, nosso alvo de estereótipos torna-se a cultura oriental. Através da apropriação de termos linguísticos e modificação de seus reais significados cria-se todo um imaginário em volta de tais léxicos, destaque para terrorismo, extremismo e orientalismo. 
A arte é muito utilizada para propagar os estereótipos. Geralmente ela enfoca o que é considerado “típico” de uma determinada cultura, o problema surge quando o artista se engana e retrata algo que pode ser fruto de um episódio em particular, de sua rápida leitura daquela sociedade ou mesmo do preconceito para com o outro — promovendo ondas xenofóbicas.
Como já demonstrado, o distanciamento é uma das reações quando ocorre um encontro entre culturas, todavia, esse impulso de se diferenciar do outro também pode ocorrer dentro de uma mesma cultura. Os jovens buscam se diferenciar dos velhos; os homens, das mulheres; os ricos, dos pobres; os urbanos, dos camponeses; os magros, dos gordos; e muitos outros exemplos poderiam ser mencionados, porém, a questão é que essa jocosidade frente ao outro pode nos revelar muito como as pessoas consideram como normal.

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