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Estágio Supervisionado em Serviço Social III Aula 02 Online

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Aula 02 – A Formação Profissional na Atualidade e o Estágio Supervisionado
Introdução
Verificamos, na atualidade, que o assistente social ocupa cada vez mais espaço no mercado de trabalho o que exige uma formação crítica e construtiva para um fazer profissional propositivo e transformador da realidade social em consonância com os direitos sociais, e considerando o projeto ético político da profissão. E dentro da formação profissional, alicerçada em um pensamento crítico, e que busca propostas inovadoras de ação profissional, o Estágio Supervisionado é apresentado e compreendido como uma das atividades integradoras do currículo. Um dos eixos do processo sobre reformular a concepção profissional é o ensino da prática em suas dimensões teórica, ético-política e técnica, vinculado diretamente ao Estágio Prático Supervisionado enquanto atividade curricular obrigatória.
A preocupação permanente com a formação profissional é própria não somente ao Serviço Social, sendo uma necessidade nos diferentes campos profissionais.
As atuais transformações societárias demandam novas exigências às práticas profissionais e aos processos da formação profissional. A reflexão sobre o atual processo educativo‐formativo dos assistentes sociais é um exercício contínuo, pensando sobre o significado da profissão na divisão sócio técnica do trabalho, bem como sobre a opção política.
A ligação entre as transformações societárias e a necessidade de reflexão dos processos de formação profissional fazem parte do conteúdo desta aula.
O mercado
O mercado demanda um trabalhador polivalente, com características técnicas e intelectuais determinadas, ou seja, um trabalhador que possa atuar em diversas funções. 
As atuais mudanças societárias determinam outras maneiras de trabalhar, viver e pensar, delimitando a atuação profissional na subjetividade do trabalhador para demarcar uma sociabilidade.
O que isto quer dizer?
Que o mercado capitalista demanda perfis socioprofissionais que imprimam novos atributos, ideias e valores à força de trabalho, exigindo habilidades comportamentais marcadas na conduta individual. 
Destacam-se a criatividade, o empreendedorismo, a adaptabilidade e a capacidade de trabalhar sob forte tensão.
Entra em cena a concepção de competência, na qual destrezas e habilidades constituem atributo individual necessário.  
Competência
Vimos, anteriormente, a entrada, no mercado, do que denominamos competência, porém, ao estudar Marilda Iamamoto (2010), veremos que o compromisso da profissão não é com a competência assinalada na leitura capitalista, mas se trata de uma competência crítica capaz de desvendar os fundamentos conservantistas e tecnocráticos do discurso da competência burocrática.
O discurso competente é crítico quando vai à raiz e desvenda a trama submersa dos conhecimentos que explica as estratégias de ação. “Essa crítica não é apenas uma mera recusa ou denúncia do instituído, do dado.” (p. 16).
Como a ordem do capital é tida como natural e perene, apesar das desigualdades evidentes, o assistente social encontrar-se-ia atrelado às malhas de um poder tido como monolítico nada lhe restando a fazer. No máximo, caberia a ele aperfeiçoar formal e burocraticamente as tarefas que são atribuídas aos quadros profissionais pelos demandantes da profissão. Iamamoto, 1992.
O Serviço Social brasileiro contemporâneo apresenta uma feição acadêmico-profissional e social renovada, voltada à defesa do trabalho e dos trabalhadores, ruma à garantia da cidadania e dos direitos sociais.
O que são espaços ocupacionais?
Sobre os espaços ocupacionais, Marilda Iamamoto (2010) nos diz que:
“Os assistentes sociais realizam assessorias, consultorias e supervisão técnica; contribuem na formulação, gestão e avaliação de políticas, programas e projetos sociais; atuam na instrução de processos sociais, sentenças e decisões, especialmente no campo sociojurídico; realizam estudos socioeconômicos e orientação social a indivíduos, grupos e famílias, predominantemente das classes subalternas; impulsionam a mobilização social desses segmentos e realizam práticas educativas; formulam e desenvolvem projetos de pesquisa e de atuação técnica, além de exercem funções de magistério, direção e supervisão acadêmica.” (p. 26).
Verificamos, na atualidade, que o assistente social ocupa cada vez mais espaço no mercado de trabalho, o que exige uma formação crítica e construtiva para um fazer profissional propositivo e transformador da realidade social em consonância com os direitos sociais, e considerando o projeto ético político da profissão.
Os desafios da profissão
Marilda Iamamoto aponta também inúmeros desafios profissionais e acadêmicos que se apresentam ao Serviço Social na atualidade e que devemos ler com toda atenção, são eles:
1 - A exigência de rigorosa formação teórico-metodológica que permita explicar o atual processo de desenvolvimento capitalista sob a hegemonia das finanças e o reconhecimento das formas particulares pelas quais ele vem se realizando no Brasil, assim como suas implicações na órbita das políticas públicas e consequentes refrações no exercício profissional;
2 - rigoroso acompanhamento da qualidade acadêmica da formação universitária ante a vertiginosa expansão do ensino superior privado e da graduação a distância no país;
3 - a articulação com entidades, forças políticas e movimentos dos trabalhadores no campo e na cidade em defesa do trabalho e dos direitos civis, políticos e sociais;
4 - a afirmação do horizonte social e ético-político do projeto profissional no trabalho cotidiano, adensando as lutas pela preservação e ampliação dos direitos mediante participação qualificada nos espaços de representação e fortalecimento das formas de democracia direta;
5 - o cultivo de uma atitude crítica e ofensiva na defesa das condições de trabalho e da qualidade dos atendimentos, potenciando a nossa autonomia profissional.
A discussão atual sobre a profissão aponta para a necessidade de uma formação profissional atrelada aos novos tempos, com as novas demandas, surgindo à necessidade de uma revisão curricular, baseada no projeto ético-político-profissional.
Contexto histórico
Para refletirmos sobre a formação profissional do assistente social, precisamos compreender a emergência histórica da profissão, considerando o contexto de cada época.
Este novo contexto contemporâneo ressalta a necessidade de superação de práticas e a criação de outras, incentivando o olhar investigativo para a realidade atual.
A busca é para compreender o significado e o papel da profissão na sociedade do capital diante do processo de reprodução das relações sociais, desvendar as novas necessidades do mercado de trabalho, bem como se preparar para propiciar uma formação profissional que ofereça aos assistentes sociais subsídios teóricos, éticos, políticos e técnicos que sejam o alicerce para o desenvolvimento de habilidades, visando uma ação crítica, criativa e comprometida.
Nesse sentindo, pensar a formação profissional é refletir sobre o desenvolvimento do Serviço Social na sociedade brasileira. Faz-se necessário o desenvolvimento de uma proposta de formação profissional conciliada com a atualidade, comprometida com os valores democráticos, com um novo ordenamento das relações sociais.
Tanto em sua natureza, quanto no seu conteúdo, a formação do assistente social diferencia-se por suas particularidades institucionais, mas também se caracteriza pela diversidade de paradigmas interligados a outras ciências.
Vejamos, ao longo de alguns períodos, como se deu tal processo:
- Década de 1980 - Foi marcada pela reflexão e análise do Serviço Social frente às novas demandas da sociedade, bem como sobre o processo de formação profissional. 
Este período significou um fórum constante de discussões, estudos e análises sobre o desenvolvimento e a construção da própria profissão.
- Segunda metade dos anos de 1980 e a década de 1990 - Analisando, verificamos que este foi um período de inúmeros avanços para o Serviço Social, na reformulaçãode seus pressupostos técnico-acadêmicos e político-profissionais.
- 1993 - Foi aprovado o Novo Código de Ética do Assistente Social, mediante revisão do Código de 1986.
Também em 1993, foi sancionada a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei 8662/93 que regulamentou a profissão de Serviço Social, registrando no seu artigo 1º a caracterização da Assistência Social como direito do cidadão e dever do Estado, refirmando a necessidade da implementação da cidadania e a emancipação da população frente o reconhecimento, a garantia e a divulgação de seus direitos.
- Ainda nos anos de 1990 - Destacamos que o Serviço Social:
 “Deu um salto de qualidade em sua autoqualificação na sociedade. Essa adquiriu visibilidade pública por meio do Novo Código de Ética do Assistente Social, das revisões da legislação profissional e das profundas alterações verificadas no ensino universitário na área. (...) houve, também, um adensamento do mercado editorial e da produção acadêmica. (...) Os assistentes sociais ingressaram nos anos 1990, como uma categoria que também é pesquisadora, reconhecida, como tal, pelas agências de fomento” (Iamamoto, 2001, p. 51).
A exigência é a de um assistente social qualificado, que tenha competência e habilidades necessárias para negociar seus projetos profissionais no espaço sócio ocupacional onde desenvolve sua atuação, que saiba desvendar as questões oriundas da realidade social e propor ações que se concretizem na busca da efetivação dos direitos da população.
Profissional X Mercado de Trabalho
Sobre a relação da profissão com o mercado de trabalho, Marilda Iamamoto ressalta tal necessidade:
“Ora, a sintonia da formação profissional com o mercado de trabalho é a condição para se preservar a própria sobrevivência do Serviço Social. Como qualquer profissão, inscrita na divisão social e técnica do trabalho, sua reprodução depende de sua utilidade social, isto é, de que seja capaz de responder às necessidades sociais, que são a fonte de sua demanda” (2001, p. 172).
1 – exercício do pluralismo e da interdisciplinaridade como condições essenciais da vida acadêmica e profissional;
2 – qualificação de uma formação generalista e abrangente assegurada pelo rigor teórico, metodológico e técnico na apreensão dos conhecimentos e pelos padrões de competência técnica profissional, através da articulação dos conhecimentos básicos e dos conhecimentos específicos de cada área;
3 – ensino que assegure elevados padrões de competência profissional pelo domínio do instrumental técnico, operativo e das habilidades de cada área de formação, capacitando para a atuação nas diversas realidades e âmbitos de pesquisa e exercício profissional;
4 – compromisso ético-social como princípio formativo, perpassando o conjunto da formação curricular;
5 – articulação entre ensino, pesquisa e extensão não apenas como princípio, mas efetiva realidade na condução dos projetos acadêmicos;
6 – articulação das diversas dimensões investigativas e interventivas próprias dessas áreas de formação profissional, como expressão da relação teoria, realidade, através da constituição de um espaço de pensar crítico, da dúvida, da autonomia, da investigação e da busca de soluções;
7 – indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e profissional;
8 – padrões de desempenho e qualidade idênticos para os cursos diurnos e noturnos (formação universitária com um período mínimo de 4 anos);
9 – ensino organizado na observância dos Códigos de Ética e na observância das competências e atribuições previstas na legislação profissional de cada área específica de formação;
10 – dinamismo na organização dos currículos plenos de cada curso, possibilitando a definição e a organização dos vários componentes curriculares – disciplinas, oficinas, estágios supervisionados, núcleos temáticos, atividades complementares, como forma de garantir o acompanhamento das transformações sociais, culturais, científicas e tecnológicas.
O Estágio
Dentro da formação profissional, alicerçada em um pensamento crítico, que busca propostas inovadoras de ação profissional, que o Estágio Supervisionado é apresentado e compreendido como uma das atividades integradoras do currículo.
Um dos eixos do processo de reformulação da formação profissional é o ensino da prática em suas dimensões teórica, ético-política e técnica, vinculado diretamente ao Estágio Prático Supervisionado enquanto atividade curricular obrigatória.
Para Marilda Iamamoto (2001), coloca-se, pois como um dos problemas centrais a mediação entre o ‘ensino teórico’ e o ‘ensino da prática’, para que o discente se aproprie de um instrumental de análise e, pela apreensão crítica de situações singulares, possa compreender a particularidade de seu objeto de investigação e intervenção.
Enquanto espaço privilegiado de aprendizagem, o estágio é o espaço necessário para o aluno desenvolver sua identidade profissional, a partir de atributos tais como: responsabilidade, consciência, compromisso, espírito crítico e inovador.

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