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Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila Efeito do ultrassom terapêutico: Uma abordagem geral no aparelho e nas principais contra indicações Indiara de Alencar indiara.alencar@yahoo.com.br/ alencar.indiara21@hotmail.com Pós-graduação em traumato ortopedia com ênfase em terapias manuais – Faculdade Ávila Resumo O ultrassom terapêutico (UST) é um recurso amplamente utilizado na fisioterapia, sendo empregado na reabilitação das mais variadas patologias, tanto nos processos agudos como crônicos. Sua popularização é graças aos seus efeitos benéficos que foram e continuam sendo comprovados. Porém sua aplicação em regiões que apresentam implantes metálicos, útero gravídico e epífises de crescimento continuam sendo contra indicadas, resultando em controvérsias entre os profissionais que dele utilizam. Diante da situação em que muitos pacientes deixam de ser tratados, fica a dúvida quanto o uso do UST em tais pacientes. Visando esclarecer imprecisões quanto seu uso ou não nessas áreas, muitos trabalhos foram desenvolvidos. Por acreditar na necessidade de revisar estudos que abordam as principais contra indicações, este artigo teve por objetivo avaliar os efeitos do tratamento com ultrassom em implantes metálicos, útero gravídico e epífises de crescimento. No entanto ao analisar tais estudos, torna-se conclusivo que, em sua maioria os trabalhos apresentaram resultados controversos, pois foram realizados com metodologias nem sempre compatíveis com a clínica, com métodos e técnicas diferentes. Palavras-chave: ultrassom terapêutico, efeitos terapêuticos, implantes metálicos, útero gravídico e epífises de crescimento. Introdução Ultrassom é definido como uma forma de onda acústica, cujas frequências são superiores a 20 KHz (ECRI,1999). A primeira aplicação do ultrassom foi na década de 50, desde então vem evoluindo rapidamente. Atualmente, a energia ultrassônica é uma das mais utilizadas pelos profissionais fisioterapeutas, atuando no tratamento das mais diversas patologias (DIONÍSIO, 1999; FUIRINI & LONGO; GUIRRO et al., 1996). As ondas ultrassônicas podem ser aplicadas por dois métodos conhecidos como contínuo e pulsado (BASSOLI, 2001; GUIRRO & GUIRRO, 2002). A diferença nos dois modos está na continuidade da emissão da onda ultrassônica que resulta principalmente na geração de calor nos tecidos biológicos (BASSOLI, 2001). Os efeitos térmicos produzidos pelo ultrassom contínuo ocorrem pela vibração mecânica constante dos tecidos incididos. Fato que não ocorre no modo pulsado, pois a emissão é interrompida intercalando pausas, proporcionando assim que o calor seja dissipado (AGNE, 2004). As agitações mecânicas que ocorrem durante a aplicação do ultrassom, acaba produzido efeitos denominados térmicos e mecânicos. No entanto, BAKER et al., 2001, afirma que durante a terapia é improvável que ocorra apenas um efeito, e sim que os dois efeitos não podem ser separados, admitindo que efeitos mecânicos sempre apresentaram algum aquecimento. Quanto às frequências, variam de 0,5 a 5 MHz, sendo que as mais utilizadas são as de 1 MHz e 3 MHz (ABNT, 1998). Quanto maior a frequência, maior a absorção e menor a Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila profundidade de penetração (HAAR, 1999). Entre as intensidades, o ultrassom apresenta doses entre 0,125 W/cm² – 5 W/cm² (LEUNG, 2004). Porém, para a aplicação do ultrassom terapêutico, é importante que se respeite e tenha conhecimento das contra-indicações: útero na gravidez, áreas de tromboflebite, áreas pré- operatórias, sistema nervoso central, coração e portadores de marcapasso, cérebro e globo ocular, gônadas, infecções agudas, áreas tratadas por radioterapia, tumores malignos, epífises de crescimento, estados febris, perda da sensibilidade (áreas anestésicas), embora muitas destas contra-indicações tenham sido incluídas nesta lista sem que houvesse embasamento sem qualquer evidência científica significativa (YOUNG, 1998). Diante de tantas incertezas, vários estudos foram desenvolvidos, para tentar esclarecer realmente se a utilização de ultrassom é prejudicial em casos de algumas contra indicações. Entre as contra indicações as mais investigadas são: Áreas com implantes metálicos, útero gravídico e epífises de crescimento (LACERDA, CASAROTTO, BALSAN, 2004; OLIVEIRA, 2007; SOUSA et al.,2005), entre vários outros. Dessa maneira o presente estudo teve por objetivo avaliar os efeitos do tratamento com ultrassom em áreas ditas como contra indicadas pela maioria dos autores, e mostrar se dentro dos parâmetros utilizados nas diversas pesquisas, pode-se ou não causar alterações ou prejudicar o tratamento e principalmente causar lesões em pacientes. 1. Considerações gerais sobre o ultrassom terapêutico O termo ultrassom (US) surgiu por volta do século XX, quando foram produzidas e detectadas ondas sonoras com frequência superior aos níveis audíveis pelo homem (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986). De acordo com Agne ( 2009, p. 303), “no campo da fisioterapia, denomina-se ultrassom as oscilações cinéticas ou mecânicas produzidas por um transdutor vibratório, que se aplica sobre a pele com fins terapêuticos, penetrando e atravessando no organismo”. O ultrassom na fisioterapia foi introduzido inicialmente como uma técnica alternativa de diatermia, competindo com bolsas quentes, microondas e aquecimento por radiofrequência. Seu principal uso, foi inicialmente no tratamento de lesões do tecido mole, mais também foi usado em lesões ósseas para acelerar a consolidação de fraturas. Com o passar dos anos para utilizar-se mais dos efeitos não térmicos do ultrassom ocorreu uma diminuição nas intensidades usadas até então, na potência dos transdutores, ou ainda a escolha pelo uso no modo pulsado (HAAR, 1999). A partir da década de 40 e início da década de 50 a evolução do Ultrassom terapêutico (UST) ocorreu rapidamente. Desde então, seus efeitos vêm sendo investigados e descritos de maneira empírica, através dos tempos e da prática clínica de cada terapeuta (DIONÍSIO, 1999; LONGO & FUIRINI 1996; THOMSON, 1994). As ondas ultrassônicas podem ser aplicadas por dois métodos conhecidos como contínuo e pulsado, a diferença entre estes está na interrupção da propagação de energia. No modo contínuo não ocorre esta interrupção, havendo, portanto um depósito ininterrupto de energia sobre os tecidos irradiados (BASSOLI, 2001), a voltagem através do transdutor do US é aplicada continuamente durante todo o período de tratamento (TER HAAR, 1999). Neste modo as ondas sônicas são contínuas, sem modulação, com efeitos térmicos, alteração da pressão e micromassagem (FUIRINI & LONGO, 1996). O efeito mecânico do ultrassom contínuo (USC) consiste na vibração sobre os tecidos incididos. Se estes tecidos opõem resistência às ondas de 1 ou 3 MHZ, se gerará uma energia térmica por forte atrito intermolecular ou por agitação do meio eletrolíticos dos líquidos intersticiais, tanto da água como dos solutos nela contidos. Sua dosificação se controla melhor que a modalidade pulsada já que produz dor se houver uma sobrecarga térmica local. Sendo Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila contra indicada nos processos inflamatórios agudos e traumatismos recentes, áreas isquêmicas, ou com alteração de sensibilidade (AGNER, 2004). No modo pulsado, a voltagem é aplicada em rajadas (TER HAAR, 1999), apresenta características como ondas sônicas pulsadas, efeitos térmicos minimizados e alteração da pressão (FUIRINI & LONGO 1996), breves interrupções na propagação da energia queresultam em uma redução do aquecimento tecidual. (ROMANO 2001). Estas interrupções são regulares e reguláveis na liberação da energia nos tecidos irradiados. (McDIARMID & BURNS, 1987). No ultrassom pulsado (USP), a emissão é interrompida intercalando pausas com o fim de dissipar o mínimo calor gerado durante o pulso (AGNER, 2004). O efeito térmico é menos pronunciado e o efeito mecânico é superior, possibilitando a abertura de campos de tratamentos onde não é desejável o efeito predominantemente térmico (KITCHEN & PARTRIDGE, 1990). Com essa redução do aquecimento tecidual permite-se potencializar os efeitos não térmicos do ultrassom sobre os tecidos (DOCKER, 1987), permitindo-se seu uso na fase aguda de uma lesão, prevenindo lesões teciduais provocadas pelo calor excessivo (GAM & JOHANNEN, 1995). Esta modalidade é utilizada por seus efeitos positivos sobre a inflamação, dor e edema, sendo utilizado em processos agudos ou inflamatórios que careçam de efeito térmico (AGNER, 2004). Quando se refere de ultrassom terapêutico existem valores de freqüências que se situam entre 0,5 a 5 MHz, sendo que as mais utilizadas são as de 1 e 3 MHz (ABNT, 1998). Na Fisioterapia o controle da frequência de saída do ultrassom possibilita ao terapeuta o controle da profundidade a ser atingida pela energia ultrassônica. Assim, quanto maior for à frequência, maior será a sua absorção, sendo mais efetiva para o tratamento de tecidos superficiais, uma vez que seu poder de penetração diminui (GUIRRO et al., 1996; YOUNG, 1998; AGNE, J. E 2004). Frequências mais altas (3MHz) são absorvidas mais intensamente, tornando-as mais específicas para o tratamento de tecidos superficiais, enquanto que as frequências mais baixas (1MHz) penetram mais profundamente, devendo ser usadas para os tecidos mais profundos (DOCKER, 1987). Assim, como a perda de energia aumenta com a elevação das frequências do ultrassom, as frequências mais baixas penetram mais nos tecidos (LOW & REED, 2001). A penetração das frequências de 1 MHz, tem sido utilizado para aquecer estruturas a uma profundidade igual ou maior que 2,5 cm, enquanto o ultrassom de 3 MHz tem sido utilizado para aquecer estruturas a uma profundidade menor que 2,5 cm (HAYES, SANDREY & MERRICK, 2001). A energia em uma onda de ultrassom é caracterizada pela intensidade. A unidade usada para aplicações clínicas no ultrassom é o watts/cm² (KITCHEN, 2003). Quanto às intensidades, o UST pode ser dividido em duas classes: baixa intensidade (0,125 – 3 W/cm²) e alta intensidade (5 W/cm²) (LEUNG, 2004), na terapia por ultrassom a intensidade utilizada situa-se entre 0,1 e 3 W/ cm². Intensidades menores que 0,1 W/cm² são utilizadas para diagnóstico e maiores que 10 W/cm² para destruição tecidual (ABNT, 1998). A escolha da intensidade está relacionada com objetivo a ser atingido, o UST de baixa intensidade é frequentemente usado para estimulação de respostas fisiológicas normais perante injúrias ou aceleração da absorção transcutânea de drogas pela pele, enquanto que o de alta intensidade é usado na destruição de tecido de uma forma controlada, como durante procedimentos cirúrgicos (LEUNG, 2004). Efeitos térmicos significativos podem ser obtidos usando intensidade entre 0,5 e 1 W/cm², já o uso de intensidade de 0,5 W/cm² e inferiores é indicado quando se deseja obter efeitos mecânicos para que se acelere o processo de cicatrização em tecidos como pele, tendões e ossos, enquanto que níveis superiores a 1,5 W/cm² exercem um efeito adverso nos tecidos em processo de reparação (KITCHEN; BASIN, 1996). Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila É possível selecionar a intensidade apropriada, que também deve estar de acordo com a natureza da lesão, ou seja, para lesões agudas e pós-traumáticas, podem ser aplicadas intensidades de superfície na região de 0,25 a 1,0 W/cm2. É necessário lembrar que diferentes tecidos absorvem o ultrassom com graus diferentes de acordo com a presença de proteínas (LOW & REED, 2001), com a natureza do tecido, seu grau de vascularização e frequências empregadas (YOUNG, 1998). Como precaução, a evidência clínica sugere que a subdose é melhor que a superdose, e as intensidades mais baixas são mais efetivas (PIERCY et al., 1994). Ao ser aplicado em tecido biológico, o ultrassom terapêutico acaba produzindo agitações mecânicas (AMÂNCIO, 2003), consequentemente gerando efeitos classificados como térmicos e mecânicos (AMÂNCIO, 2003; DYSON, 1982). Os efeitos produzidos pela ação do ultrassom em tecidos biológicos dependem da interação de diversos fatores como, intensidade, frequência, tempo de exposição e estado fisiológico do tecido. Este grande número de variáveis complica a compreensão exata do mecanismo de ação do ultrassom na interação com os tecidos biológicos (SARVAZYAN, 1983). Esta interação acaba provocando alterações fisiológicas que podem ser benéficas ou acarretar em danos aos tecidos (BARNETT et al., 1994). Diante disso ressalta-se a necessidade de completa compreensão sobre o modo de ação dos efeitos biológicos produzidos pelo USt (ROBINSON, SNYDER-MACCKLER, 2001). 2. Efeitos térmicos Os efeitos térmicos, ou de calor, são produzidos pela fricção criada pelas ondas que passam através do tecido (ARNOULD-TAYLOR, 1999), ou seja a vibração celular e de suas partículas provoca um atrito entre elas, produzindo assim o efeito térmico. Segundo Dyson (1987) a produção de calor é maior nas áreas limítrofe músculo/osso. O aumento da temperatura induzida pelo Ultrassom terapêutico depende de diversos fatores, como frequência, duração do pulso, intensidade e tempo de exposição, aliados à propriedades do tecido insonado. De maneira geral, o efeito térmico está associado a altas intensidades de onda e ao modo contínuo (DALECKI, 2004); além desses fatores, Williams (1983), cita outros fatores determinantes para a geração de calor, técnica de aplicação (estacionária ou móvel), dimensões do corpo aquecido e a presença de superfícies refletoras na frente ou atrás do tecido de interesse. Agne (2009), completa dizendo que a dose de aplicação e as interfaces que separam os tecidos também interferem no efeito térmico. Existe uma relação diretamente proporcional entre a absorção do ultrassom e quantidade de proteína no tecido. Ou seja, quanto maior a concentração de proteína, maior será a absorção da onda sonora e maior o calor gerado (JOHNS, 2002) , assim como quanto maior a intensidade, maior a produção de calor nos tecidos (AMÂNCIO, 2003). Tecidos com alto conteúdo de proteína absorvem o ultrassom mais prontamente do que aqueles com conteúdo de gordura mais alto, e quanto maior a frequência maior a absorção (KITCHEN, 2003). Para que ocorra o efeito exclusivamente térmico é necessário o aumento da temperatura entre 40º a 45º, por no mínimo cinco minutos, acima de 45º, o efeito se torna lesivo ao tecido, podendo causar queimaduras (LOW & REED, 2001). Starkey (2001), relata que, um ultrassom de 3Mhz aquece três a quatro vezes mais rápido que um aparelho de 1MHz, embora os efeitos do US de baixa frequência possam durar mais tempo, o tratamento com intensidades de saída menores exigem uma duração maior para elevar a temperatura do tecido ao nível desejado. Depois de emitido, o calor é dissipado por difusão térmica e pelo fluxo sanguíneo local, o que pode ser um problema ao tratar locais com restrição de fluxo sanguíneo, tecido de Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila natureza vascular ou uso de prótese metálica, neste último caso a complicação pode ocorrer pela reflexão de 30% que atinge os tecidos moles ao redor(KITCHEN, 2003). Os efeitos fisiológicos provenientes do aquecimento tecidual incluem: aumento da circulação sanguínea, despolarização das fibras nervosas aferentes, efeitos sobre os nervos periféricos, aumento da extensibilidade em tecidos ricos em colágeno como tendões, ligamentos e cápsulas articulares, redução de espasmos musculares, alivio da dor e a resolução de processos inflamatórios crônicos (FUIRINI & LONGO, 2002; ROMANO, 2001; STARKEY, 2001), Campos (2000), acrescenta como efeitos da ação térmica o relaxamento, aumento do metabolismo tecidual e da permeabilidade das membranas. 3. Efeito Mecânico Os tratamentos com efeitos mecânicos envolvem a produção de baixos níveis de calor, que possivelmente sejam convertidos em alterações químicas no interior da célula (KITCHEN; PARTRIDGE, 1990; RODRIGUES; GUIMARÃES, 1998). A produção de efeitos biofísicos e térmicos ocorre no modo contínuo, enquanto que no modo pulsado ocorre a redução dos efeitos térmicos devido à interrupção cíclica da emissão da energia, mantendo os efeitos biológicos (FERREIRA et al. 2006). Os autores Baker, Robertson & Duck (2001), no entanto, sugerem ser inadequado associar que os efeitos biofísicos térmicos correspondam à exposição à onda contínua, e os efeitos mecânicos à onda pulsada, pois estes efeitos ocorrem simultaneamente. Compartilhando desta mesma linha de idéia Lacerda et al. 2004, define que o termo atérmico ou não térmico usado para tratar dos efeitos mecânicos, não são termos apropriados, pois independente do uso ser contínuo ou pulsado, sempre haverá produção de calor nos tecidos, no entanto no modo pulsado a geração de calor é dissipado pelos tecidos Os efeitos mecânicos do ultrassom terapêutico incluem: massagem (GARCIA, 2000; PRENTICE & VOIGHT, 2003), estimulação da regeneração dos tecidos; reparo de tecido mole, reparo ósseo, fluxo sanguíneo em tecidos cronicamente isquêmicos (YOUNG, 1998), além desses efeitos Fuirini & Longo (2002), acrescentam: regeneração tissular, síntese de proteína, diminuição de espasmos, normalização de tônus, ativação do ciclo de cálcio, estimulação das fibras nervosas aferentes. 4. Indicações para uso do ultrassom terapêutico A lista de indicações para uso do USt é consideravelmente extensa. Entre as mais mencionadas podemos citas as seguintes: Traumatismo do tecido ósseo; Traumatismo de articulações e músculos; Distensões; Luxações; Fraturas; Contraturas; Espasmos musculares; Neuroma; Pontos gatilho; Distúrbios do sistema nervoso simpático; Transtornos circulatórios; Processos inflamatórios agudos e crônicos; Reparo de lesões; Fibro edema geloide; Cicatrização de feridas. (FUIRINI & LONGO 1996; GUIRRO e GUIRRO, 2002; HAYES, 2002; MACHADO, 1991; STARKEY, 2001). 5. Contra indicações para uso do ultrassom terapêutico Dependendo de como é aplicada, a terapia por ultrassom pode apresentar riscos ou benefícios ao paciente. De modo geral deve-se estar atento às contra indicações que não devem ser expostas às ondas ultrassônicas : Áreas isquêmicas; Alterações circulatórias tromboflebites, tromboses, varizes (risco de promover embolias); Alterações sensitivas (Risco de queimaduras); Aplicada diretamente em endopróteses (Alta absorção do acrílico e seus componentes podem sofrer ações devido ao efeito térmico); Aplicada diretamente em implantes metálicos (Pode ocorrer aumento no índice de reflexão do feixe ultrassônico); Útero gravídico (possibilidade de ocorrer cavitação no líquido amniótico e dano potencial ao feto como; malformação devido ao efeito térmico) ; Neoplasias (Aceleramento do crescimento Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila e/ou metástases); Processos infecciosos (Podem ser acelerados pelo calor) ; Área cardíaca (Possível modificação no potencial de ação e de suas propriedades contráteis); Globo ocular (Dano à retina pelo possível efeito da cavitação); Placas epifisárias( Bloqueio do crescimento) ; Gônadas (Possível esterilidade); Sistema nervoso (FUIRINI & LONGO 2002; GUIRRO & GUIRRO, 2002; HAYES, 2002; KITCHEN, BAZIN & 2001; LOW, REED, 2001; STARKEY, 2001; YOUNG, 1998). Segundo Agne (2009), não devemos taxar como absoluta as contra indicações mais que sirva para os profissionais como forma de alerta e atenção durante o tratamento. 6. Implantes metálicos Os efeitos térmicos produzidos pela estimulação ultrassonica diante da presença de implantes metálicos, não estão totalmente esclarecidos principalmente sobre tecidos ósseos e muscular (GARAVELLO, et al 1997), especialmente por encontrarmos em relação ao tema diferentes posições, ocasionando controvérsias entre os profissionais atuantes na fisioterapia (LACERDA, CASAROTTO, BALSAN, 2004). Para a grande maioria dos autores a contra indicação ou precaução em relação à aplicação do USt em regiões que possuam implante metálico é geral (CHAMLIAN , 1999; FUIRINI, LONGO 1996; GUIRRO, GUIRRO, 2002; KITCHEN & BASIN, 2003; LOW, REED, 2001; OLIVEIRA, 2007, STARKEY, 2001; YOUNG, 1998; entre outros). Kanh (2001), é um dos autores que fez constar em sua lista de precauções a utilização de ultrassom em implantes metálicos, o autor declarou com firmeza em sua obra literária que o item metálico poderia induzir aumento de temperatura e causar queimaduras como possíveis riscos aos tecidos, uma vez a interface metal/tecido é o local ideal para a formação de calor lesivo. No entanto, experimentos com relação ao mesmo tema revelam exatamente o contrário. O primeiro pesquisador que decidiu investigar sobre o tema foi Gester (1958), o estudo foi realizado com diferentes tecidos entre eles tecido humano, consistiu da aplicação de Ultrassom terapêutico nos tecidos biológicos durante 5 minutos numa dose de 1W/cm². O estudo teve como objetivo avaliar o efeito da temperatura produzido pelo ultrassom terapêutico em implantes metálicos. O autor da pesquisa conclui que a presença de implantes metálicos não pode ser considerado uma contra indicação para o uso de USt pois o aumento de temperatura na estrutura metálica foi menor do que a verificada no tecido ósseo. Seguindo a mesma linha de pesquisa em que defende a utilização do UST, Lehmann et al. 1958 e Lane (1958), realizaram um estudo in vitro utilizando radiação ultrassônica em metais implantados nas coxas de porcos. Nos resultados obtidos descobriram que nas amostras com implantes metálicos o aumento de temperatura foi menor do que com as amostras sem implantes. Os autores concluíram que a presença de implantes poderia influenciar o aumento de temperatura dos tecidos adjacentes, por aumento no índice de reflexão das ondas ultrassônicas, o que poderia causar maior absorção de energia pelas interfaces teciduais. No entanto, isso não é suficiente para elevar a temperatura em determinada região, principalmente pelo fato do metal possuir condutividade superior que a dos tecidos biológicos fazendo com que o calor gerado seja levado para áreas longínquas. Pouco tempo depois, Lehmann et al. 1959, realizou outro estudo, desta vez in vivo. Foram implantados placas retas metálicas, fios de Kirschner e pregos de Smith-Petersen nas coxas de porcos vivos, aplicou-se radiação ultrassônica por 5 minutos com dose variando de 1,0 a 3,0W/cm². Foi verificada a temperatura nos implantes e observaram que nos fios de Kirschner e nos pregos de Smith-Petersen ocorreu aumento de até 44°C. Uma importante descoberta desse estudo foi à comprovação de que o aumento de temperatura nos tecidos próximos aos implantes metálicos não causou efeitos lesivos. Sendo importante ressaltar que esse aumento de temperatura se manteve na faixa considerada terapêutica, e estudos PòsGraduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila histológicos provaram que não houve danos como queimaduras nos tecidos adjacentes aos metais, confirmando assim achados da pesquisa anterior (LEHMANN et al. 1958). Diante dos resultados alcançados, os autores concluíram que a aplicação de USt em implantes metálicos pode ser seguramente utilizado (LEHMANN et al. 1959). Apesar dos estudos anteriores não comprovarem efeitos lesivos na utilização do UST, havia a necessidade de esclarecer melhor os efeitos térmicos sobre os tecidos ósseo, muscular e implantes metálicos, devido ao uso de diferentes métodos de medição. Diante disso, Garavello et al. 1997, realizaram um estudo experimental, fazendo uso da teletermografia para fazer a medição de temperatura. O objetivo principal foi averiguar os efeitos térmicos do USt sobre os tecidos ósseo e muscular, na presença de placa metálica implantada no fêmur de coelhos fêmeas. O estudo consistiu de 5 grupos experimentais, onde cada grupo possuía 5 coelhos fêmeas, todos os animais escolhidos para a pesquisa, tiveram ambos os fêmures analisados, sendo o fêmur direito usado como controle e o esquerdo como teste. Do lado esquerdo, foi implantada ao osso uma placa uma placa de osteossíntese de aço inoxidável. Do lado direito, apenas a abordagem cirúrgica foi realizada, sem o implante de placa metálica. Em ambos os fêmures foi imitida radiação ultrassônica com duração de 15 minutos, nas intensidades de 1,0; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0W/cm², de acordo com o grupo experimental. O teletermógrafo foi empregado para medir a temperatura ao mesmo tempo nos dois tecidos estudados, a medição foi realizada a cada 5 minutos. Ao avaliar a parte termográfica, observou-se que a temperatura elevou em todos os tecidos (osso e músculo) e na placa metálica, no entanto, sempre foi maior nos tecidos do que na placa de osteossíntese, foi notado na placa metade do aumento ocorrido nos músculos; sendo importante destacar que o aumento de temperatura foi maior nos músculos e fêmur do lado controle, sem implante metálico. Esse aumento aconteceu em todos os grupos experimentais, quanto maior a intensidade e duração de radiação, maior foram às temperaturas. Além da medida de temperatura, exames macroscópicos e histológicos da pele, do tecido celular subcutâneo e do músculo foram realizados, esses exames demonstraram que intensidades acima de 2W/cm² ocasionou efeitos danosos na pele e músculo, como isquemia e queimaduras. Com esse estudo os autores chegaram à conclusão que a presença de implantes metálicos não provoca aumento de temperaturas elevadas muito menos efeitos deletérios aos tecidos próximo, a não ser em intensidades acima de 2W/cm². (GARAVELLO et al, 1997). Muitos pacientes que procuram tratamento fisioterapêuticos apresentam implantes metálicos, seja para consolidação de fraturas ou para substituir articulações danificadas, nestes casos o uso de ultrassom terapêutico pode ser utilizado sobre áreas com implantes, não sendo considerando como fator que limite seu uso (LACERDA, 2004). Há relatos que estimulação ultrassônica emitida em fraturas estabilizadas por pinos e fixadores não interferem na segurança e eficácia do tratamento, mas atua como adjuvante na consolidação e reparo ósseo (FRANKEL & MIZUNO, 2001). Estudos realizados para analisar interações do USt com implantes metálicos, que utilizaram intensidades variando de 0,5W/cm² à 2W/cm² não causaram efeitos lesivos, permitindo-se concluir que a presença metálica não prejudica a segurança de consolidação em fraturas (COLUCCI, 2002). 7. Útero Gravídico A área da estética utiliza diversos recursos da fisioterapia, diante disso, uma nova e extensa área acabou surgindo na prática fisioterapêutica, a dermato-funcional, que vem conquistando novos espaços através da comprovação de sua eficácia. Sua atuação aplica-se no sentido de corrigir as disfunções estéticas restabelecendo aparência, sem comprometer a saúde Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila das mulheres (TOGNI, 2006). Em sua revisão bibliográfica Milani et al. 2006, verificou essas disfunções em que o fisioterapeuta pode atuar, como fibroedema gelóide, estrias, linfedema, no pré e pós-operatório de cirurgia plástica, queimaduras, cicatrizes hipertróficas e quelóides, flacidez, obesidade e lipodistrofia localizada. Um dos recursos amplamente usado na dermato-funcional é o ultrassom terapêutico. Sendo considerado um recurso fisioterápico , apenas na década de 70 começou a ser utilizado na área da estética, sendo sua aplicação feita por profissionais especializados, médicos ou fisioterapeutas (SILVA, 1997). No entanto, para sua utilização é necessário o conhecimento de suas contra indicações e precauções, como o útero gravídico (YOUNG, 1998). Muitas mulheres, a maioria em fase reprodutiva, que procuram tratamento para corrigir suas disfunções estéticas, podem estar em início de gravidez. Nessa fase inicial exposição à irradiação ultrassônica pode provocar lesões no embrião resultando em aborto precoce, que raramente a mulher percebe, exceto por uma hemorragia vaginal, muitas vezes, confundidos com distúrbio da menstruação (KOREN, 2007). Autores como Delisa; Gans (2000), útero gravídico está entre as contra indicações para a utilização de USt pois pode causar cavitação e elevação de temperatura, já para Guirro; Guirro (2004), pode induzir a malformações. Assim ao expor suas idéias , fica claro para ambos autores a contra indicação do ultrassom em pacientes gestantes. Atenções devem ser tomadas principalmente com estas estruturas, pois apresentam cavidades preenchidas por líquido, e consequentemente estão susceptíveis a risco de lesões decorrente da boa transmissão do ultrassom, assim, a aplicação do ultrassom terapêutico sobre útero em gestação deve ser evitada, seu uso oferece risco ao embrião, pois as suas células encontram-se em constante divisão e mudanças (LOW & REED, 2001). Efeitos térmicos e mecânicos promovem alterações fisiológicas dentro dos tecidos (STARKEY, 2001). Entre os diversos efeitos produzidos pelo ultrassom, alguns podem comprometer o início da formação embrionária, uma vez que suas células dependem da síntese de proteína, segregação de fatores de transcrição e sinalizações, que são efetuadas através de canais de cálcio, sódio e potássio para o processo de diferenciação (CATALA, 2000). Baseando nessas informações, vários estudos foram feitos para analisar os efeitos que o USt produz no útero gravídico (SILVA; OLIVEIRA, 2007; entre outros). Na tentativa de verificar os efeitos do ultrassom terapêutico no período gestacional, o autor Silva et al. 2006, utilizou 15 ratas, distribuiu as fêmeas em 3 grupos experimentais, cada um contendo 5 fêmeas, nomeados como controle, tratado e placebo. No grupo controle os animais não receberam nenhum tratamento, o grupo tratado foi o único submetido à aplicação do ultrassom, durante 3 minutos a cada 2 dias, até o 21° de gestação e o placebo recebeu a mesma manipulação, no entanto com o aparelho em intensidade zero. Os parâmetros utilizados foram intensidade de 0,5W/cm², cabeçote de 3MHz, modulado com frequência de 100 Hz a 20%. A análise desse estudo permitiu evidenciar que não houve diferenças entre o grupo controle e placebo, no entanto no grupo tratado apenas 40% das fêmeas levaram a gestação até o final com 100% dos fetos vivos, mesmo os que nasceram não apresentaram malformações, enquanto que 60% das ratas não conseguiram levar a gestação até o final. Assim, para o autor da pesquisa , conclui-se que em ratas prenhas o ultrassom terapêutico possui efeito abortivo.Outra pesquisa com o objetivo de avaliar os efeitos do ultrassom terapêutico no desenvolvimento embrionário foi realizado por Oliveira (2007), a pesquisa utilizou ratas , foram distribuídas 15 animais em cada grupo experimental, sendo o grupo 1: ultrassom pulsado (USP); grupo 2: ultrassom contínuo (USC) e grupo 3: ultrassom simulado (USS), neste último o aparelho ficou desligado. O ultrassom utilizado possuía ERA de 0,4 cm², frequência de 3MHz, intensidade de 0,6W/cm², os animais receberam aplicações do 1 º ao 5 º dia após inseminação, com duração de 5 minutos cada aplicação. As ratas foram pesadas no Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila 1º, 3º, 6º, 9º, 15º e 20º dias pós-inseminação, sendo sacrificadas no 20º, após o sacrifício, os animais foram analisados para averiguar possíveis lesões internamente, foram contados: fetos vivos, mortos e reabsorções. Os fetos foram pesados, analisados para observar más formações e órgãos como pulmão, fígado, rins e cérebro foram retirados. Como resultados, o estudo não notou alterações, ou resultados danosos nas ratas, a única mudança foi em relação ao aumento de triglicerídeos nos grupos (USS) e (USC) em comparação ao grupo (USS), em relação à análise dos fetos, não apresentaram más formações e o número de fetos mortos foi próximo em todos os grupos experimentais. As alterações relevantes a esse estudo em relação aos fetos de ratas submetidas ao ultrassom terapêutico indicam que a exposição ao aparelho no modo pulsado não produz alterações, entretanto quando aplicado no modo contínuo ocorre aumento de peso do coração, fígado, rins e pulmões fetais (OLIVEIRA, 2007). Pesquisa semelhante foi feita por Fisher at al. 1994, onde o autor usou ratas, aplicando o UST com intensidade de 3W/cm², frequência de 3Mhz, no modo pulsado, durante 10 minutos, sendo submetidas a esse procedimento do 4 º ao 19 º dia de prenhez. Este estudo equipara-se aos efeitos pesquisados por Oliveira (2007), pois não apresentaram fetos que sofreram alterações pela aplicação do ultrassom. Resultados semelhantes em relação à ausência de efeitos lesivos foram encontrados na pesquisa feita por Vorhees et al. 1994. Embora existam estudos sobre os efeitos do ultrassom terapêutico no útero na gravidez, a maioria deles, foi realizada com metodologias diferentes, no qual envolve frequência, intensidade, tipo de onda, tempo de exposição e ao período de gestação. Essa discordância talvez esclareça a variedades de resultados (OLIVEIRA, 2007). 8. Epífise de crescimento Considerado um instrumento indispensável pelos fisioterapeutas, o ultrassom destaca-se como uma forma terapêutica que apresenta evidências clínicas nas mais diversas patologias (MARQUES, 2003; SILVEIRA, 2008). Pelo seu frequente uso na fisioterapia, e o grande interesse por suas ações físicas, biofísicas e terapêuticas, vêm motivando estudos desde a sua implantação (PEREIRA et al., 1998; DIONÍSIO e VOLPON, 1999; LOWE et al., 2001; WARDEN e MCMEEKEN, 2002; HARR, 1999; BASSOLI, 2001). Diante dos variados efeitos que produz e de sua interação com os tecidos biológicos, sua aplicação em algumas regiões exige um maior cuidado por parte dos profissionais que dele utilizam. Uma dessas precauções refere-se ao uso do UST em placas epifisárias também chamada de placa de crescimento, que se encontram nas extremidades de ossos longos em desenvolvimento, sendo responsável pelo crescimento longitudinal dos ossos longos por um processo de ossificação endocondral (SCHOTT & GAMEIRO, 2003). Para muitos o Ultrassom terapêutico não pode ser aplicado sobre essas áreas, sendo considerada uma contra indicação (KANH, 1994; YONG, 1998; LOW & REED, 2001). A interação entre ultrassom e tecido ósseo resulta na produção de cargas elétrica na superfície do osso, gerada pela energia mecânica que o ultrassom proporciona através da propriedade piezoelétrica. Essa vibração constante faz com que os osteoblastos alteram seus potenciais de membranas. As células atuam, então, como um transdutor biológico, onde o estimulo elétrico produz uma maior atividade mitótica das células (GUIRRO & GUIRRO, 2002). Diante dessas informações, ainda existem muitas controvérsias sobre o uso de Ust em pacientes pediátricos, segundo estudos realizados, existi a possibilidade de distúrbios e danos à placa de crescimento (LYON, 2003; WILTINK, 1995), consequências como discrepância no comprimento dos membros ou um crescimento desigual em um lado do osso podem ocorrer pelo estímulo ao fechamento da placa epifisária (CARTY, 1998). Muitas crianças que procuram atendimento deixam de ser tratadas por esse recurso pela dúvida do fisioterapeuta em relação aos efeitos adversos nessa região (SANTOS et al. 2005). Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila Mesmo com os estudos realizados até hoje, ainda verifica-se há necessidade de pesquisas conclusivas quanto ao uso ou não do UST no tratamento de áreas contendo cartilagem de crescimento. Na tentativa de esclarecer essa dúvida, Pessina et al. (1998), desenvolveu sua pesquisa utilizando 30 coelhas, com 2 meses, os animais foram distribuídos em 2 grupos para o tratamento da seguinte forma: o primeiro grupo com 20 coelhas tratadas em curto prazo, 10 coelhas no segundo grupo para serem avaliadas tardiamente em relação aos efeitos do tratamento. Os animais receberam aplicação na região proximal da tíbia, utilizando-se do membro contralateral para controle. A aplicação foi feita uma vez por dia, com duração de 5 minutos, por 10 dias consecutivos, os parâmetros usados foram: modo pulsado, frequência de 1MHz, intensidade de 0,5W/cm². Ao final das sessões, os animais do grupo 1 e 2 foram sacrificados, respectivamente, três dias após a ultima sessão e ao 6 meses de idade, pois este período corresponde ao final do crescimento. A análise histológica confirmou que não houve diferenças morfológicas entre a cartilagem de crescimento do lado tratado e não tratado, ou seja, a utilização de USt não provocou nenhuma alteração transitória, permanentes ou funcionais na cartilagem de crescimento. No mesmo ano, um estudo com ultrassom de baixa intensidade em ossos de ratos foi realizado, o ultrassom foi aplicado diariamente por 20 minutos, em modo pulsado 3W/cm²e frequência de 1,5 MHz. Após os 28 dias de aplicação, não houve altercação no comprimento dos ossos e diferenças na densidade mineral óssea (SPADARO & ALBANESE, 1998) Anos depois outros autores, realizaram também estudos com ultrassom em epífise de crescimento de coelhos (GUIRRO & GUIRRO, 2004; MORENO et al. 2001). Guirro & Guirro (2004), obtiveram os achados após utilizar aparelho de ultrassom no modo pulsado, com frequência de 1MHz, intensidade de 0,5W/cm², realizando a aplicação por dez dias consecutivos. Já Moreno et al. 2001, fez uso do aparelho no modo contínuo e pulsado, frequência de 1MHz e intensidade 1W/cm², cada aplicação durava 2 minutos, os dias de aplicação foram os mesmo de Guirro & Guirro (2004). Mesmo não utilizando doses idênticas, os autores observaram que a aplicação do ultrassom terapêutico não estimulou o fechamento das epífises de crescimento, podendo concluir que o uso do ultrassom aplicado nas cartilagens de crescimento de coelhos não interfere no tempo de existência do mesmo, na qualidade do osso produzido após o tratamento ou efeitos danosos aos tecidos adjacentes. Confirmando os achados anteriores, quanto a ação não lesiva do USt em epífises de crescimento, Sousa et al. (2005), utilizou 32 coelhos, com 2 meses de idade, a irradiação ultrassônica foi feita foi aplicado na face medial da extremidade superior datíbia direita de cada coelho, o equipamento utilizado para aplicação possuía ERA de 3cm², com frequência de 1MHz, intensidade de 2W/cm² no modo contínuo e 3W/cm² no modo pulsado. Os animais em estudo foram divididos em três grupos. No primeiro grupo foi aplicado ultrassom pulsado em 10 animais, no segundo grupo 11 animais receberam aplicação de ultrassom contínuo e no terceiro grupo contendo 11 animais foi aplicado ultrassom continuo com ERA de 5cm² e intensidade de 2W/cm². No grupo I e II, cada aplicação teve a duração de 5 minutos, e no grupo III a aplicação foi de 3 minutos, por um período de dez dias. Todos os animais foram radiografados antes da primeira aplicação de US. Os animais foram sacrificados ao completarem 4 meses de vida, sendo novamente analisados radiograficamente para verificação de possíveis alterações nos membros tratados e não tratados, além de análises histológicas e paquímetro para medir o comprimento dos membros. Para o grupo I, tratado com USP estudos radiográficos, histológicos e medidas de paquímetro e não demonstraram qualquer tipo de alterações significativas. No entanto nos grupos II e III, tratados com USC, ocorreram diversas alterações em todas as análises. Sendo Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila importante ressaltar que todos os ratos do grupo III, sofreram queimaduras no local da aplicação do ultrassom contínuo, tal lesão provocada pelo efeito térmico do US aplicado. A partir dos resultados coletados, os autores concluíram que a utilização de ultrassom pulsado utilizado em doses terapeutas, até 2W/cm², pode ser aplicado próximo ou até mesmo em regiões com epífises de crescimento. Não podendo se dizer o mesmo em relação ao uso de ultrassom contínuo nas intensidades de 1W/cm² e 2W/cm², pois de acordo com análises histológicas, radiográficas e medição do paquímetro, as alterações ocorridas ao se aplicar o modo contínuo nessas intensidades podem prejudicar o crescimento normal do osso. Sendo que muitas das alterações apresentadas ocorreram principalmente pela utilização de altas intensidades. Pesquisas confirmadas pela colocação de Hoogland (1986), onde o autor relata que a utilização de ultrassom em placas epifisárias pode ser realizada, no entanto deve ser aplicada em baixa intensidade, ou seja, no modo pulsado. Anteriormente a esses estudos, Investigações in vitro também foram desenvolvidas, Elmer & Fleische (1974), os autores removeram tíbias de ratos recém-nascidos e analisaram as respostas de crescimento do osso após a aplicação de USt, os ossos foram submetidos ao modo contínuo, com frequência de 1MHz e intensidade de 1,8W/cm² por 3 a 5 minutos. O estudo apresentou pequenas alterações no aumento no comprimento da tíbia tratada, sendo que essa diferença não se mostrou significante quando comparada com o lado controle. Apesar do tratamento não produzir alterações grosseiras, os autores não sustentam a idéia que o osso em crescimento é totalmente insensível ao ultrassom (ELMER & FLEISHE, 1974). Em 1995, outra pesquisa utilizou USt em modelo in vitro, dessa vez testaram doses de ultrassom sobre ossificação endocondral de embriões, com ultrassom pulsado de 1MHz, com variadas intensidades : 0,1w/cm², 0,33w/cm², 0,49w/cm² ou 0,77w/cm², no modo contínuo a intensidade foi de 0,1W/cm² ou 0,5W/cm². No final do estudo, a utilização de ultrassom pulsado que testou a dose de 0,77w/cm² foi o que apresentou acelerações no crescimento da epífise tratada. Em análises histológicas, os autores expuseram que o USt pode influenciar a proliferação da zona cartilaginosa, ocasionando um aumento no comprimento da cartilagem. Por mais que esse estudo tenha sido feito in vitro, os autores revelam a necessidade de cuidados em aplicações de ultrassom terapêutico em crianças e jovens (WILTINK et al. 1995). Esse mesmo cuidado é descrito por autores como Mcdiarmid et al. (1996) e Deforest et al. (1953) onde relatam que a exposição de ultrassom deve ser feita em pequena quantidade e de forma segura em crianças. Estudo in vitro semelhante foi realizado por Nolte et al. (2001), os autores objetivaram também analisar os efeitos da utilização de ultrassom de baixa intensidade em ossificação endocondral de ratos com 17 dias de vida. A aplicação foi feita com ultrassom pulsado, com frequência de 1,5 MHz e intensidade de 3W/cm², durante 20 minutos por 6 dias. Os resultados obtidos permitiram concluir que a aplicação de USt de baixa intensidade estimulou a ossificação endocondral de ratos fetais. Sustentando a teoria que a ativação à ossificação ocorre por efeitos diretos do ultrassom nos osteoblastos. Ao desenvolver seu estudo, Fréz et al. 2006, foram utilizadas 8 coelhas de dois meses, divididas em 2 grupos. O aparelho utilizado possuía ERA de 4cm², intensidade de 1W/cm², frequência de 1MHz, no modo contínuo, com método de aplicação subaquática, durante 5 minutos, realizadas por 10 dias, com intervalo de dois dias após a 5° sessão. Sendo o lado direito o que recebeu a terapia e o membro posterior esquerdo utilizado como controle. Após 10 dias de terapia 4 animais foram sacrificados, para análise histológica e aos quatro meses os animais remanescentes foram examinados radiologicamente. Análises histológicas evidenciaram ação deletéria do ultrassom sobre placas de crescimento, pois ocorreram alterações na espessura da cartilagem do lado que recebeu aplicação ultrassônica, sugerindo Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila que ao se aplicar UST nessas áreas há um estímulo de proliferação celular, resultando no aumento de espessura da epífise. Tais achados histológicos já haviam sido comprovados anteriormente por Lyon et al. 2003, onde coelhas foram submetidos a ultrassom em doses terapêuticas (0,5W/cm²) e em doses mais elevadas (2,2W/cm²) no modo contínuo, com frequência de 1MHz, durante 20 minutos por dia em um total de seis semanas,. Os autores conseguiram através de análises histológicas verificar um significativo aumento na espessura da cartilagem de coelhas ao serem expostas ao US em doses elevadas, enquanto que no grupo tratado com doses terapêuticas não produziram efeitos adversos no crescimento ósseo. Ariza (2003), também obteve resultados em que foram observadas alterações significativas na espessura da cartilagem de crescimento, quando expostas a aplicação de ultrassom. Ao investigar os efeitos de ultrassom em epífises de crescimento, utilizou coelhas de 50 dias de idade que foram submetidas à aplicação de ultrassom com ERA de 4cm², frequência de 1 MHz e intensidades de 3,0 W/cm², sendo que cada sessão durava 5 minutos, aplicados durante 10 dias no método subaquático. Os dados obtidos por Ariza (2003), Fréz et al. 2006, Lyon et al. 2003, Sousa et al (2005) sugerem aceleração no processo de fechamento da placa epifisária, quando aplicado ultrassom terapêutico nessa região, quando utilizado o modo contínuo. Conclusão O ultrassom é provavelmente um dos recursos físicos mais utilizados entre os profissionais de fisioterapia, no entanto pouco se conhece dele, quando nos referimos sobre suas contra indicações. Muitos autores referem à necessidade de mais estudos sobre o ultrassom terapêutico devido este aparelho ser extremamente aplicado na prática da fisioterapia. Foi possível através desse trabalho de revisão bibliográfica perceber que diante de estudos realizados sobre o ultrassom terapêutico, ainda permanecem dúvidas durante os tratamentos referentes principalmente aos parâmetros que devem ser utilizados, resultando muitas vezes em um tratamento ineficaz. Da mesma forma que precisamosconhecer as patologias em que nos deparamos durante a prática clínica, é necessário tal empenho para conhecermos os recursos que nos são disponíveis para o programa de reabilitação. Observa– se que esse desconhecimento não se restringe simplesmente ao equipamento, mas aos efeitos produzidos pela interação do ultrassom com os tecidos biológicos. Os próprios autores dos trabalhos desenvolvidos confirmam a complicada compreensão exata do mecanismo envolvido na interação do ultrassom terapêutico com os tecidos biológicos. Tais efeitos produzidos pela aplicação do ultrassom dependem do modo utilizado (pulsado X contínuo), da intensidade, frequência, duração de aplicação e estado fisiológico do tecido. Outras pesquisas confirmaram que não existem parâmetros estabelecidos referentes a dosimetrias nas terapias com US e que seus efeitos vêm sendo investigados baseando-se na experiência de cada terapeuta. Ao se revisar os principais estudos do ultrassom terapêutico e seus efeitos térmicos sobre regiões com implantes metálicos, encontraram-se posições distintas em relação ao tema. Esse assunto se mostra tão controverso entre os profissionais da fisioterapia, principalmente, devido a essa discordância: se a estimulação ultrassônica pode causar ou não danos ao tecidos próximos a implantes metálicos. Quando citamos a maioria dos autores em relação a esse assunto, nos deparamos com metodologias distintas, assim como, encontramos na maioria delas a preocupação em relação a aplicação do USt em regiões com implantes. No entanto foi verificado que em sua maior parte as pesquisas indicaram que o ultrassom terapêutico pode ser aplicado sobre áreas com implantes metálicos sem produzir efeitos lesivos, desde que, empregados em intensidades Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila com limite de até 2W/cm², pois acima dessa intensidade pode produzir lesões como queimaduras em tecidos como pele e músculos. Atenções também são voltadas quando abordamos a aplicação de Ultrassom terapêutico sobre útero gravídico. Visto que esse recurso terapêutico é amplamente empregado pela dermato funcional em mulheres que procuram corrigir as disfunções estéticas, mulher esta que pode estar em início de gestação (período considerado crítico para o desenvolvimento do embrião). Vários estudos foram feitos para analisar os efeitos que o USt produz no útero gravídico, apesar da maioria dos autores concluírem que a utilização do aparelho em estudo pode provocar elevação de temperatura, induzir malformação, causando lesões na formação do embrião resultando em aborto precoce, finalizaram suas pesquisas indicando assim efeito abortivo quando aplicado sobre utero em gestação de ratas. No entanto foi encontradas pesquisas sobre o tema que demonstraram que exposição ao aparelho de ultrassom no modo pulsado não produz alterações ou resultados lesivos, e quando analisados efeitos da aplicação nos fetos, não foram encontradas más formações, assim como o numero de fetos vivos e mortos foram próximos. No entanto permanece ainda a questão da contra-indicação do seu uso em pacientes humanos durante a gravidez. Para muitos o UST não pode ser aplicado sobre áreas que apresentem placas epifisárias também chamadas de placa de crescimento, pois essas áreas são responsáveis pelo crescimento de ossos longos, considerado uma contra indicação sua aplicação sobre tal região. Muitas crianças deixam de ser tratadas por esse recurso pela dúvida gerada em relação aos efeitos adversos gerados sobre as placas epifisárias. A fim de esclarecer essa dúvida as pesquisas encontradas sobre o tema revelam em sua maioria que ao ser aplicado o ust, o mesmo não provocou nenhuma alteração, seja na alteração de comprimento do local tratado, alteração transitória, permanente ou funcional na cartilagem de crescimento, assim como não interferiu na qualidade do osso ou efeitos lesivos. Em resumo , a estimulçaõ ultrassonica pode ser realizada desde que aplicada em baixas intensidades e no modo pulsado. Pesquisas importantes concluíram que ossos em crescimento submetidos ao modo contínuo apresentaram alterações no comprimento da cartilagem, aumento da espessura da epífise, sugerindo assim que a aplicação do ultrassom contínuo pode induzir a aceleração no processo de fechamento da placa epifisária. Ponto importante é o relato de diferentes posições quanto ao uso do UST nas principais contra indicações: áreas com implantes metálicos, útero na gravidez e epífises de crescimento, ocasionando várias controvérsias entre os profissionais atuantes na fisioterapia. A variedade de resultados encontrados referente as contra indicações, talvez seja esclarecida pelas diferentes metodologias desenvolvidas nas pesquisas, nem sempre compatíveis com a clínica. Diante dos achados, ressalta-se a necessidade de um consenso quanto aos parâmetros para o desenvolvimento de pesquisas, para que assim possa se confirmar ou excluir se a utilização de USt é capaz de provocar alterações ou produzir lesões aos pacientes, pois somente quando realizarem estudos com metodologias iguais poderemos saber realmente quais efeitos são produzidos aos tecidos considerados contra indicados. REFERÊNCIAS AGNE, J. E. Ultra-som. in: ______. Eletrotermoterapia teoria e prática. Santa Maria: Orium Editora & Comunicação ltda, p 282-308. 2004. AGNE, J. E. Ultrassom. in: ______. Eu sei eletroterapia. Santa Maria: Pallotti, cap 35, p. 302-330 . 2009. Pòs Graduando em traumato ortopediacom ênfase em terapia manuais – Faculdade Ávila AMÂNCIO, A. G. Efeitos do ultra-som terapêutico na integração de enxertos da pele total em coelhos. 2003. 53 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, São Carlos, 2003. ARIZA, D. 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