Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DESCERAO CAMPO As trêsrevoluçõesda etnografia Pergunta:como se pode agarrarfirme a comunicação?Resposta: graçasao procedimentoetnográfico.Novapergunta:queéentãoa etnogra- fia?O dicionário Robertdiz simplesmente:"estudodescritivode diversos grupos humanos (etnias),de seus caracteresantropológicos,sociaisetc". Evidentemente,etnograjiaé um termono qual seencontrade tudo,e que pareceumpoucoultrapassado.Que sehádefazercomestapalavraquando se tratade analisara comunicaçãoem ato?É que estapalavranomeiatoda uma tradição de pesquisa.Gostaria de evocar muito rapidamenteesta última,paramostrarem que ela é, aindahoje, muitopertinentee particu- larmenteadequadaà investigaçãocientíficada comunicação. Quando se fala de etnografiano séculoXIX, queremfrancês,quer em inglês, remete-sea uma divisão muito nítida do trabalho científico. Aquele que é chamado"etnólogo",na verdadeainda não "antropólogo", permaneceem casa,em seu escritóriona universidade,em seu instituto, em seumuseu.Envia questionários"etnográficos"a viajantes,a missioná- rios, a comerciantes,em suma,a todos que vão, por exemplo,à África ou 129 à Ásia.Pede-Ihesquerespondamàsperguntase comprem,senãorou- bem,tudoo quepossamencontrar- comoarcos,tapetes,máscaras... Todos os objetossão bons para rechearas vitrinesdos museusde etnografia.EmBruxelas,o atualMuseuRealdaÁfricaCentraléaindauma belíssimailustraçãodo quese entendiapor etnografiano séculoXIX. Tratava-sedelevarao"MuseudoCongo"tudooquesepudesseencontrar noquenaquelemomentoaindaerapropriedadeparticulardoreiLeopol- doII, edealiconstituircoleçõesdeenfeites,deflechasete.Paralelamente, os missionáriosbelgaspreenchiamfichas,emespecialparao professor Halkin,titularda cadeirade geografiaetnográficada Universidadede Liege.Esteextraíadessasfichastrabalhossobreosababua(Halkin1911). A primeirarevoluçãonadisciplinaquelogopassaráa sechamar, no mundoanglo-saxão,antropologiaacontecepor voltade 1915-1920, quandoBronislawMalinowski,polonêsformadonaInglaterra,partepara o trabalhodecampo,dizendo:"Cadaumcomseuofício,osmissionários têmo seu,eu tenhooutro,~_YOJl eu mesmocoletaros dadosqueme interessam".Comodiránaintroduçãodeumdeseuslivrosmaiscélebres, OsargonautasdoPacificoocidental,eletentaassim"captaro pontode vistado indígena(...),compreendera suavisãodo mundo"(Malinowski 1922,1963,p. 71). É umaprimeirarevolução,pois,de um lado,o antropólogoé e permanecedurantemuitotempono campomesmo,e, por outrolado, nãoencaramaisaquelesqueobservacomograciososanimaisexóticos, mas,sim,comopessoasdignasderespeito,cujavidasocialsedevetentar reconstituirpor observaçãoàsvezesparticipante. A segundagranderevoluçãoetnográficaocorreno momento- e estamosno entreguerras,por voltade 1930-35- emqueantropólogos americanosdizemcomseusbotões:"Mas,afinal,o queestamosfazendo emterràestrangeira,poderíamosmuito_bemfazeremnossopaís".E é assimprincipalmentequeLloydWarnervaitrabalharemHarvardedepois emChicago,apósterestudadotribosaboríginesnaAustrália.Vairealizar estudosantropológicosde cidadezinhasde Massachusettse de Illinois. Vaiestudá-Iassistematicamente,comosesetratassedemicrossociedades. Seu procedimentoestápertodo do Departamentode Sociologiada Universidadede Chicago.Um dospaisfundadoresdesteúltimo,Robert 130 Park,foraprimeirojornalista.Queriaqueseusalunosfossem"aocampo"; paraele,aciêncianãosefaziaentrequatroparedes,mascirculandopela cidadede Chicago.Os primeirosestudosurbanosda futura"Escolade Chicago"baseiam-senesteprincípiomuitosimplesmasmuitorico: a cidadeéumlaboratórionatural.Geraçãoapósgeração,osestudantesirão "explorara cidade"- pararetomaro títulodo excelentelivro de Ulf Hannerz(1983).O procedimentodelesserásem dúvidaqualificado formalmentedesociológico,masseráemseusprincípiosmuitoantropo- lógico.Contribuidemaneiradecisivaparafazera antropologiavoltarao país. A terceirarevoluçãoacontecenosanos50,quandoessesantropó- logos"endóticos"(poroposiçãoa "exóticos")vãoaospoucoslibertando- sedessatendênciadefazerpesquisasobreospobres,osdesjustados,os dominados,porexemploosíndios,oscamponeses,osmendigosetc.Em WarnerenosestudosdaEscoladeChicago,o queobservamoscommuita freqüênciaé queos pesquisadoresprivilegiamambientescativos,gente queestámaisoumenosisolada,poisvivenumacidade,numbairro,num hospitalde ondemalpodesair.Só no finalda décadade 1950vamos encontrar,emWardGoodenough(957),umadefiniçãoda culturaque permitefazerantropologia"foradas ilhas".Suadefiniçãoda culturaé muitosimples:"Tudoo queé precisosaberparasermembro".Membro de quê?Membrode suafamília,mastambémmembrodo caféao lado, membroda cidadedeCampinas,membrodasociedadebrasileira.Cada um pertence,às vezesaté semsaber,a múltiplasmicrossociedades, formaise informais. A definiçãode culturadadapor Goodenoughé, portanto,ao mesmotempomuitoelástica(suaescala- senoscolocarmossobreum cursor- vaido aquie agoradasituaçãoatéasociedadeglobal)emuito operacional:apenasdizendo"tudoo quesedevesaberparasermem- bro",vocêspodemcomeçara seperguntarquaissãoasregrasexplícitas e implícitas,qualé o saberlatentee manifestoquepodemadquirir,de uma ou de outramaneira,parase sentiremmembrose paraserem, peranteosmembrosdessacultura,previsíveis.Poder-se-iaassimretomar paracadagradientedessaescalaa questãodasregrasde inclusãoe de exclusão,aquelasquefazemdevocêummembroou umnão-membro. 131 Seja,por exemplo,o membrode um bar:bastaque você estejaI1C J estrangeiropara se sentirridículo.Em Paris,por exemplo,é muilc) complicadopediraconta.Nãoseconseguechamaraatençãodogarçom. Eu,deminhaparte,muitasvezesdesenhoumretângulono arparapedir a conta,e sou agraciadocom o menude sobremesas.Estasregras implícitasfazemcomquesejamosmembrosou nãodeumbar,deuma cidade,enfim,deumasociedade. Vejama esterespeitoo estudode]amesSpradleye BrendaMann, intituladoLesfemmes,lesbarset Ia culture(1975,1979).Essesdois sociólogosamericanosinvestiramum barde Minnesotacomose fosse umapequenasociedadeautônoma.]amesficavado lado dos clientes; Brendaeragarçonete.Poucoapouco,o quesemostroufoi todaadivisão sexualdo trabalhono interiorde umasociedadeaindamuitomachista. O estudodo barvale"parae por si mesmo",masoferecetambémuma aberturapara a sociedadeglobal que permitea existênciade tais estabelecimentos.É aquiquea etnografiaminuciosa,masteoricamente informada,ganhatodaa suajustificação. Expliqueimuitorapidamentea evoluçãodo termo"etnografia" paralhesmostrarcomoa suadefinição,durantemuitotempoexótica, ancoradanum contextocolonialista,chegouhojea umaacepçãoque permiteutilizaro termoemtodosos lugares,emtodasascircunstâncias - mascomplenoconhecimentoteóricodecausa.Paramim,aetnografia hojeéaomesmotempoumaarteeumadisciplinacientífica,queconsiste emprimeirolugaremsaberver.É emseguidaumadisciplinaqueexige saberestarcom,comoutrose consigomesmo,quandovocêseencontra peranteoutraspessoas.Enfim,é uma arteque exige que se saiba retraduzirparaumpúblicoterceiro(terceiroemrelaçãoàquelequevocê estudou)eportantoquesesaibaescrever.Artedever,artedeser,artede escrever.Sãoestastrêscompetênciasquea etnografiaconvoca. otrabalhodecampoeassuasexigências Quandonos iniciamosno procedimentoetnográficodentrode nossaprópriasociedade,épreferívelcomeçarporumcampocujoslimites 132 .CQrrespondamaosdeumlugarpúblicoousemipúblico.NaUniversidade de Liege,no âmbitode um cursode segundociclo que se chama "Antropologiada Comunicação",convidomeusalunosa escolherum campo,dizendo-lhes:"Todocampoé bom,excetoos camposprivados. Não queroquevocêsvoltemparacasa,parasuasfamílias.É delicado demais.Sevocêscomeçaremaobjetivarasrelaçõesfamiliares,nuncavão sabercomoissovai acabar.Queroquevocêsescolhamcamposonde poderãoir e vir,ao mesmotempono planodasrelaçõescomosoutros (no sentidomesmodeque,sevocêsvoltaremalimuitasvezes,nãovão ficar pensando'maso que essecaraestáfazendoaL..') e no plano psicológicoefísico:sevocêsescolheremumlugardescobertoeestiverem numacidadechuvosacomoLiege,depoisdecertotempovãoficarcheios deestarnumlugarpúblicotentandoobservarcomoaspessoascirculampor ali.Devemser,portanto,lugaresconfortáveis,ondevocêsfiquemà vontade".Emtermosdelugarespúblicos,indico-lhesaindaquetambém nãoquerolugaresperigosos.Nosprimeirosanos,os estudantescorriam paraos baresde homossexuaisou paraos "boxons",comose diz em Liege,ou seja,baresqueexibemmulheresemvitrines.Minhasrecomen- daçõesiame aindavãono sentidocontrário:"A cidadenãoé isso,não peguemos aspectoslúgubres,complicados,perigosos,há muitomais parase ver em outroslugares.A cidadenão se reduza esseslugares ambíguos,quepertencemmaisà literaturada mídiasobrea cidadedo queà realidadedela.Queroquevocêsutilizemlugaressimples,comuns, porqueelesvão revelar-seà análiseterrivelmentecomplexos.Portanto, bares,restaurantes,estações,piscinas,igrejas,parques,tudo o que quiserem,contantoquesetratedelugaresfacilmenteacessíveis,contanto quevocêspossamvoltarali tantasvezesquantasquiserem". Porque,segundaexigência,é precisoquea observaçãodevocês possaser sistematizáve1.Vocêsdevempoder dizer:eu volto - por exemplo,aomeujardimpúblico- todososdias,àmesmahora,durante umasemana.Em oito dias,escolhereium outromomentodo dia,um outrodiadasemana.Vocêscomeçarãoassimacontrolarseuolhar.E esse controledo olharsebaseianumaprimeirasistematizaçãodosmomentos de observação.Isto quer dizer,em corolário,que vocêsvão tentar transcrevero que observaramemmapasao mesmotempoespaciaise 133 temporais.Vocês vão tentardesenhartopograficamenteo lugar. Não (- fácil. Em primeirolugar,porque quasetodosnós perdemoso domínio d() lápis e do papel - é muito difícil retraduzirem duas dimensõeso que existeem três.Mas é um exercícioextremamenteútil, ao qual é preciso voltar muitasvezes,porque ele obriga vocês a se colocarem,por exem- plo, a ql,!estãodasfronteiras.Sevocêstomaremum jardimpúblico, onde é que ele começae onde acaba?Se houver cercas,parecefácil. Mas este nem sempre é o caso. E mesmo quando há cercas,vocês podem se perguntar:não existeumazona intermediária,umacâmarade eclusa,por assim dizer, entre a cidade, sua animação,seus passantese o próprio jardim, que pode aparecercomo uma reserva,um lugar protegido?Não raro há uma "folga" entre os dois espaços.Tentando desenhá-Io,vocês dirigirão seu olhar até lá. E a questão dQs contornQsvai se revelar a vocês como uma questão que mereceser colocada. Vocês irão tambémtentar,sistematizandoseuprocedimento,fazer maQastempor:ai~.Vão dizer a si mesmosque a suapiscina,por exemplo, é na verdadeumareuniãode váriaspiscinasque podemosreduzira uma única piscina,masque tambémpodemosesticarcomo um acordeãopara estabelecera sériedelas.Há a piscinadamanhã,a de meio-dia,a da tarde; há a piscina do domingo, de segunda-feira,de quarta-feira,e assimpor diante.Vocêsdevemvisualizaro mapadas flutuaçõesem termosde uso, . em tipos de público, mastambémem sonoridade,em luz, em polifonia. , É trabalhandona dimensãotemporaldos seus lugaresque vocês conse- guirão dar-secontade que um lugarespacialmentedefinidoé sempreum lugar temporalmentedefinido e que as duas dimensõesestãoinextrica- velmentemisturadas.Os mapassão, portanto,um instrumentoessencial paraaqueleque querfazerum trabalhoetnográfico.Não há nadade novo nistoque lhesdigo. Em 1930,a primeirageraçãode estudantesda "Escola de Chicago" já fazia um trabalhocartográficosob a direçãode Park (cf. Faris 1970). Eu mesmo tomo explicitamenteemprestadasas minhas sugestõesde Schatzmane Strauss,Field research:Strategiesfor a natural sociology(1973).Trata-sede algo,portanto,muito clássico.Mas continua sendo importante. A terceiraexigência,a partirdo momento em que estãofazendo trabalho de campo, é obrigarem-seconstantementea fazer ida-e-volta 134 entIea práticaque estãovivendoe a teoriaque lerãoparalelamente. Pode-sedizerquetudoo quedescreviatéagoraqualquerbomjornalista seriacapazdefazer.E éverdadequemuitasinvestigaçõesjornaIísticasse parecemmuito,aforaalgunsmatizes,compesquisasetnográficas.Tenho em menteprincipalmenteos longos textosdos jornalistasliterários americanos,comoJohn McPhee(cf. N. Sims1984).O matizé queos jornalistasetnográficos- se pudermoschamá-Iosassim- não se impõemumarelaçãoconstantecoma teoria.Por quedizerisso?Nãoé simplesmenteparaencaixarosdadosnumareflexãomaisconceitualizan- te ou, maisambiciosamente,paratentarrompercomo sensocomum, comoprescrevemBourdieu,Chamboredone PasseronemLemétierde sociologue(1968).Não,é antesde tudoporquea teoriavai levara ver maisemaislonge.E nãoéprecisoencher-sedeteoriasparaproduziresse efeito.Tomoumexemplopreciso.Eu mesirvomuitocommeusalunos da obra de ErvingGoffman,um sociólogo/antropólogoformadona Universidadede Chicagoentre1945e 1953,cujaherançaeleassimilou inteiramente.VocêslêemOsritosdeinteração0967,1974);observamali umanoçãoprecisae, com essaidéia,voltamao trabalhode campo. Assim,Goffmanfaloumuitasvezesdo "envolvimento"lCinvolvement). Para ele, a partirdo momentoem que estamosnum lugarque não sozinhosemnossobanheiro,a partirdo momentoemqueestamosem co-presençafísica,sobo olharpossíveldealguém,ousepensarmosestar sob o olharde alguém,sentimo-nosna obrigaçãode nos projetarno espaçoconstituídopelapessoae por nósmesmos.E esseenvolvimento vai fazercom que não tenhamoscertoscomportamentosde ordem privadae quetenhamosoutros,julgadosadmissíveisempúblico.Mante- remoso queGoffmanchamadefachada:certamaneirade andar,certa posturadosombros,certaposiçãodospés,dasmãosetc.Umavezque estejamosnuma situaçãode interação,estamos,segundoele, sob o controleuns dos outros.Vocêspodem,então,colocara questão,se estiveremnumapiscinaou numaigreja,de que tipo de envolvimento produzemos co-participantes.Talvezeles não estejamem interação 1. A noçãodeenvolvimentoéobjetoprincipalmentedocapítulolI1de Behaviorinpublie plaees(1963;nãotraduzidoemfrancês),queretomeiem Ia nouvellecommunieation (Winkin1981,pp.267-278). 135 "centrada".Por exemplo,elespodemterentradosozinhosnumaigreja, masteremnotadodepoisdecertotempoumasombrapertodoaltar.Para Goffman,issoé suficienteparamodificaro comportamento.Quetipode envolvimentoterãoosatorespresentes,queposturafísica,quetensãonos ombros,queposiçãodasmãos,quecruzamentodepernas?Esteé o tipo de perguntas,de certamaneiramuitorasteiras,muitoempíricas,quea reflexãode Goffmanpropõenum primeiromomentoao observador. Goffmandá muitosexemplosdessa"etologiainteracional",mas em nenhumdeseuslivrospropôsumaetnografiacompletadeumlugar,de umainstituição,de umasociedade.De qualquerforma,elefeztrabalho etnográficoavidainteira.De seustrabalhosdecampo,extraiumúltiplos pequenosexemplosqueinformaramassuascontribuiçõesteóricas.Cabe aseusleitoresfazero caminhoinverso,tornarapartirdestasúltimaspara voltaraocampo,aomesmotempoparaconseguirvermaise maislonge, mastambém,eventualmente,paratestá-Iase paradefinirseu alcance heurístico. Continuemoscomo exemplo.A noçãode envolvimentoacarreta a de"pára-envolvimento"Cínvolvementshield).O pára-envolvimentosão todasasestratégiasquevamosutilizarparatentarnãonosenvolver- comtodalegitimidade.Estamosnumrestaurante;jantamosadois;vemos chegaralguémquenãoqueremosver.Umavezquenossosolharesse cruzarem,seremosobrigadosacumprimentá-loCa)comoseestivéssemos muitofelizescomesseencontro-surpresa.O quenosrestacomoestraté- gia de não-envolvimento?Colocarmo-nosatrásdo biomboconstituído pelo outroe nos absorvermosna conversa.Todosjá fizemosisso... É totalmenteidiota.Masissopodelevarvocêsa seperguntaremcomose estabelecempára-envolvimentosemseuslugares- restaurante,igreja, piscina,jardimpúblicoetc.É claroquejornais,árvores,obstáculosfísicos bastanteevidentesestãomuitasvezesàdisposiçãodosatores,masoutros sãomuitomaissutis.Por exemplo,no castelode N., quea cadaverão acolhebrilhantescolóquios,asconversassãosempreanimadas.Questão crucial:comoentrarou sairdelas?Realizeiumpequenoestudosobrea questãoháalgunsanos,comumcolegaamericanoCLeeds-Hurwitz/Win- kin 1992).Naspausasparao café,todossaíamdo casteloe algunsiam sentar-senos murinhosda pontequeatravessaos fossose mantinham 136pequenasconversas.Parachamaros participantesde volta,o diretor mandavatocarumsinoatravésdo castelo.Sevocêquisessesentar-seao ladode alguémdurantea sessão,deixavadesfilaremos participantesà sua frente.Quando a pessoaescolhidapassasse,você se levantava naturalmentee a seguiadeperto,iniciandoumaconversa,por exemplo comumsuspiro:"maisduashoras..." Masse,pelocontrário,umapessoa indesejávelo tivesseagarradodepassagem,vocêaindatinhaapossibili- dadede"selivrar"delaantesdeseversentadoaoseulado.De fato,no momentodeentrarnocastelo,umpontodeestrangulamentoobrigavaos participantesaentraremfilaindiana:aportaduplaestavasempresócom umdosbatentesaberto.Vocêpodia,então,deixareducadamentepassar primeiroo inoportunoe esperarqueatrásdevocêchegasseumapessoa maisagradável.Vocêa deixariapassardamesmaforma,mascomeçaria imediatamenteaconversarcomela.Vocêseservia,porassimdizer,dessa espéciedetorniquetequesãoosbatentesfechadoeabertodaportapara sedes-envolvere sere-envolver. Todosnósvivemossituaçõescomoessaetodosnóssomosmestres na artede administraressaspequenascoisasdavidado dia-a-dia,que parecemde somenosmasque,paraGoffman,sãoessenciaisparauma boagestãodavidasocial.Emsuaperspectiva,a ordemdainteração,ou seja,a gestãodessesminibalésque todosnós realizamosem nossas interaçõesé a ordemsocialno nívelinteracional.A ordeminteracionalé umadasmodalidadesdaordemsocialinteira.Comofuncionaa socieda- de,segundoele?Funciona,e elenãoo nega,nasrelaçõeseconõmicas, nasrelaçõessociais,nasestruturasde classeetc.,masfuncionatambém na interação.Toda infraçãoda ordemde interação,todarupturadas regrasqueregemainteraçãosãoigualmenterupturasdaordemsocial(cf. Goffman1988).Estaé umarespostaà perguntacrucial:que devemos fazerparasabercomoaspessoasseservemdasportas?A observaçãoda vidacotidianapodeparecertãobanal,tãoanódina,tãogratuitaquenão mereçaquelhedediquemosumsemestredepesquisa,emenosaindaum trabalhode tese.Issocontinuasendoverdadeenquantonãofizermosa passagementreumapráticade campo,comoa queestourapidamente descrevendo,e umateoriacomoadeGoffman.Mas,umavezquevocês seempenhememfazerumtrabalhodecampoquenãodescambeparaa 137 passagementre uma práticade campo, como a que estou rapidamente descrevendo,e uma teoriacomo a de Goffman,Mas, umavez que voc0s se empenhemem fazerum trabalhode campo que não descambepara ;1 descriçãogratuita,que procure construir seus quadros de percepção <l partirde empréstimostomadosaos trabalhosteóricosde um ou de outro sociólogo ou antropólogo,vocêsconservamsuaentradade pleno direito no universo da pesquisa em ciências sociais. Isso no que se refere ao papel da teoria. Asfunçõesdodiário(diary) Como administrarsimultaneamenteobservações,leituras,reflexões e frustrações?Tão logo cheguemao campo,vocêsdevemsecomprometer a ter um diário (diary).Todo antropólogolhes dirá que seu instrumento de pesquisaessencialé o diário. Um diário escritoem duas colunas: a coluna da direitaé paravocês,a coluna da esquerdaé paraassucessivas releiturase para os comentários.Um diário mantidocom muita regulari- dade, todas as noites, com uma disciplina que acaba tornando-se tão naturalquantoa de umviciadoemjoggingquenão conseguedispensá-Io. Quando voltarparacasa,exasperadocoma metadedo dia passada no jardim,onde essaespéciede louco mansoveio muitasvezesfalarcom você, você diz isso.É preciso que o diário tenhauma função<::.ªt;Í!!ica.É o que Schatzmane Strauss(1973)chamamde função emotivado diário. Atacou-se injustamenteMalinowski quando o acusaramde racismo por ocasião da publicação de seu diário íntimo (Malinowski 1967,1985),Se publicassemnão importaqual diário de antropólogo,descobrir-se-iaque elessãoescandalosamenteracistas- pelo menosmuitosdeles.É preciso que o diário sejaprivado,que sóvocêstenhamo direitode lê-Io e relê-Io. São, por assim dizer, notas.de psicanalista;não devem sair de seu consultório. A relação entre vocês e os seus diários é um trabalho de controle da contratransferência.O diário será o lugar do corpo-a-corpo consigo mesmos,anteo mundo social estudado. A segunqafunção do diárioé~111J2íriC:!l.Nele vocêsanotarãotudo o que chamar a sua atenção durante as sessõesde observação.Não 138 queasnoçõesteorizadasdeGoffman(ou outros),que"armam"o olhar, vãoproduzirplenamenteseusefeitos.Numprimeiromomento,vocês anotarãomuito,demaneiradescabelada- e issoémuitobom.Masnum segundomomento,umtantoexaustospeloesforçorealizado,vãorecor- rer a um procedimentomaisanalítico,que exigemenosesforços,e finalmentemaiseficazem suascolheitade dadospertinentes.Num terceiromomento,com a penamaiságil,vocêschegarãoa escrever muitíssimorapidamente,parasurpresadevocêsmesmos. A terceirafunçãododiárioéreflexivaeanalítica.Vocêsvãoreler-se regularmentee fazeranotações(à esquerda).Umarecomendaçãozinha: escrevamcom tintasde coresdiferentes,paraconstituir"estratos"ao longo dos meses.Aos poucos,verãosurgiremregularidades,que os americanoschamamdepatterns,queoscanadensesdoQuebectraduzem no seufrancêsporpatternese nóstentamostraduzirpor configurações. Sãorecorrênciascomportamentaisquenos levama falaremtermosde r~!as, quandonão em termosde códigos.Na verdade,trata-sede impressõesde regularidades,àsclarasou emfiligrana(coisasquenão aparecemsãotalveztãoimportantesquantoasqueaparecem).Quando escreveremseurelatóriofinal,retomarãoessessurgimentosde "regras" paraproporenunciadosdenaturezageneralizante. Os estudantesa quempropusessemétododetrabalhoaparente- mentemuitotrabalhosomuitasvezestentamescapardele levandoa campoum gravador,umamáquinafotográficaou atéumacâmerade vídeo.Eusempreosdesencorajo.A observaçãodeveprimeiropassarpelo !!?palhoa olho nu,pelasanotaçõesfeitasmaisou menosàspressasem campoe pelaslongasreescriturasno diário,ànoite,àbeirado fogo...Só muitomaistarde,bemestabelecidosemseusítio,vocêspoderãoeven- tualmentegravarseusdados.RayBirdwhistell,formadonosanos40pelo DepartamentodeAntropologiadaUniversidadedeChicago,foiquemme formounessetipodetrabalhoetnográfico,naUniversidadedaPensilvâ- nia,nadécadade1970.Nãoqueriaquetrabalhássemoscomumacâmera ou commáquinafotográfica,dizendoqueaquiloera,parausarassuas expressões,ora um aspirador- coletamosos dadossemsabero que aspiramos,ficamoscom uma bolsa cheia deles,exibimo-Iose não sabemoso quefazercomeles-, oraumpreservativo:vocêsseprotegem 139 do perigo;sentem-seà vontadepor trásda câmera,é umamaneirade nãoestarrealmentecaraa caracomo outro,e issoameaçaarruinaro , trabalhodecampodevocês.Paraele,e retomeiesteprincípioemminha docênciaeemmeuprópriotrabalho,nadadecâmera,nadadegravação, vamosa elesemescafandro,armadosapenasde umacanetae de uma caderneta. Maistardiamente,seráeventualmenteprecisorealizarentrevistas. A formaçãoparao procedimentoetnográficopassaprimeiropelaobser- vação,que, aliás,não devenecessariamenteser participante.Não é porquevocêestáfazendoumestudosobrea vidasocialde umbarque vocêtemdesergarçomdebar.É precisosimplesmenteestarali,viverno ritmodobar.Nãohánecessidadededesempenharumpapelprofissional no lugarestudado.Namesmalógica,sónumsegundomomentovocêvirá talveza realizarentrevistas,paratentarreconstituirapercepçãodo lugar por meio de seusdiferentesusuáriosprofissionaisou amadores.Não devemosenvolver-noscedodemaisnumasériedeentrevistas;maisvale, a meuver,termosnósmesmoschegadoaumacertaperspectivasobreo lugarurbanopesquisado do queconseguirlogode saídacertaschaves daquelesqueo conhecembeme àsvezesatébemdemais.2 Mencioneio quesedevefazersempre:o diário;o quese deve fazeràsvezes:fotografias;gostariaporfimdedizerumapalavrasobreo que,a meuver,nãosedevefazernunca:_observªçãoescondida.Tentar "esconder-se"paramelhorver. Isso não funciona.Acabarãosempre vendovocê,vocêacabarásempresendoexpulso.Tambémnão usem nuncaumdisfarce,umpapel,pensando:seriamelhorseeufingisseser um professorde nataçãona piscina,um sacristãona igreja... não. Negociemseusestatutoscomos outros,obriguem-sea estardentro,a jogaro jogo,a nãoenganaros membros"naturais"dolugar.Esteé ao mesmotempoumproblemametodológicoeumproblemadeontológico. Nãosebrincacomaspessoas.Pontofinal. 2. Seriaprecisodedicarumaatençãomuitomaiorà questãoda entrevistaetnográfica. Limitar-me-eiaquiaestaspoucasobservações,porqueseriaprecisofazerumaescolha: preferiinsistiremalgunsaspectos(aescolhado campo,a organizaçãodo jornal etc.) queosmetodólogos"qualitativos"têmmuitasvezestendênciaa negligenciar. 140 Issoquantoaosgrandesprincípios.Faltatentarresumirasdificul- dadescomquesedeparaamaiorpartedosestudantesqueestréianesse tipodeabordageme assoluçõesquenãorarosãopossíveis.Parece-me, maisumavez,queo trabalhoetnográficonãoéumtrabalhosimples,mas tampoucoé algoqueexijaanosdeformação.Podemosaprendermuito graçasa nossasprópriastentativase erros,é claro,mastambémgraçasa antropólogosquerelatamsuasprópriasexperiênciasdecampo.3 Primeirasdificuldades,primeirassoluções A primeiradificuldadeque surgeno trabalhode campoé a constatação:"Masnãoestouvendonada!"Sim,hámuitagentenadando, pessoasatravessandoa praça... e daí?Vocêsprovavelmentenãoverão nadademuitointeressante,demuitooriginal.Provavelmente,aprimeira reaçãode vocêsserá dizer: "Vou mudarde orientação,fazer outra coisa...". Podesertambémquevocêsnãodesistamimediatamente,mas inventemdesculpas,todasaceitáveis,umasmaisdo queasoutras:"Vou primeiroterminartal trabalho,depois... etc.".É o que o dicionárioLe GrandRobertpermitechamarde "procrastinação"(do latimeras:dia seguinte). Existeaindaumaoutramaneiradesefurtar,muitomaissutil.Consiste em se introduzirnumpapel,a priori legítimo,masqueos impedirána verdadedeencararo trabalho.Paranosiniciarnoprocedimentoetnográfi- co, Birdwhistellpedia-nosum textosobreuma famíliadesconhecida. Devía"mostrocarendereçosentreos alunose negociarnossaentradana família,maisou menoscomose negociaa entradanumasociedade. Birdwhistellqueriaumlevantamentotopográficodasala.Queriaquenos obrigássemosassimanosexplicarsobreumpedidoaparentementeridícu- lo,tantoperantenósmesmosquantoperanteafamíliaquenosobservava. A escapatória- sobretudonomeucaso,estudanteestrangeiro- consistia, tão logo a famíliame davaoportunidade,em passarparaas minhas 3. Sãocadavezmaisnumerosasaspublicaçõesdenarrativasdeexperiênciasdecampo. Limitadadurantemuitotempoa algunstextosquasemíticos(por exemplo,Bowen 1954),essalistaé hojequaseilimitada.CitemosapenasFreilich(1970). 141 impressõesamericanas,sobreaBélgicaetc.Eunãofaziao meutrabalhode campo,ao mesmotempoem que diziaparamimmesmo:"Estoume relacionando,ótimo...".Duashorasmaistarde,continuavasemtermapas. Tudosepassavacomoseeudissesseaosmembrosdafamília:"Porfavor, nãomedeixemfazero meutrabalho,peçam-mequeeucontinueafalarda Bélgica.É muitomaisagradáveldo quefazeressemalditotrabalhode topografiada sala de vocês...". Semdúvida,Os lugarespúblicosou semipúblicosurbanoscaracterizam-semaispelataciturnidadedo quepela prolixidade.Corremospoucorisco,a não serem certosbares,de nos ofereceremaoportunidadedeumconviteparaconversaredeassimmudar depapel.Maso papelsituacionaldolugarquevocêsestudam(nadarnuma piscina,lernumabiblioteca,rezarnumaigreja...) poderiaparecer-Ihesmuito sedutor... Diantedessasfugas,váriassoluçõessão possíveis.A primeira consisteem se dar contadelas,escrevendo-asno diário, e em se tranqüilizar,sabendoquese tratade umaetapamuitonormalna fase inicialdeentradano trabalhodecampo.Todospassarampor isso. A segundamaneiradelevá-Iosapermanecernocampoeacomeçar a ver"algumacoisa"neleconsisteem[azermap<ls,~squemas,pequenos desenhos.Comoaspessoassesentamnosbancos,quaissãoasposições doscorposnapiscina?Façamumaespéciederepertóriodoregistrocorporal ciisp9I1íveInumapiscina.Perguntem-setambém:atéondese podeir no registrocorporal"praia"numapiscinaabertaoucoberta?Quaissãoaspartes do corpoquesãomostradas?Quaisnãosãomostradas?Comqueidade? Quaissãoosautocontatos,osalocontatospermitidos,ou pelomenosque podemsernotados?etc.Voltemparacasa,completemseusmapas,escre- vamseudiário,masnãoescrevamdemais,nãovãologode saídaatéo fastídio.Seaescrituraforpenosademais,111anci~1l!u111açartaaseucolega. Obriguem-sea se correspondercomregularidade.Vocêsdevolverãoas cartasnofinaldotrabalhoeterãoseudiário.MargaretMead,aliás,mantinha rigorosamenteseudiário,aomesmotempoemqueescreviaquantidades de cartas,dasquaisextraiumaistardeum livro,intituladosimplesmente Lettersfromthefield(M.Mead1977). A segundadificuldadeéparalelaàprimeira:vocêscorremo riscode não se sentirbemconsigomesmos.Vãose sentirno campocomoum 142 voyeur, inútil, inoportuno,estúpido.Maisumavez, não se escondam. Estejamalie eventualmenteo digam:estãofazendoumtrabalhoparaesta ou aquelainstituição.Vocêsnãosãojornalistasneminspetoresdepolícia. Tranqüilizemaspessoase tranqüilizem-se.Aindae sempre,escrevamsuas "~n~stias"no diário,prendam-senos primeirostemposa objetivações fáceis(mapasde lugares,evoluçãodasfreqüênciasetc.).Aos poucos,o lugarIhesparecerámenos"agressivo"oumenosdesinteressante.Osdados vãoentraremquantidadescadavezmaisconsideráveis- a tal pontoque surgiráumaterceiradificuldade:Quefazercomtodasessasanotações?É nesseestádioqueentramasreleiturassucessivasdo diário,comvistasa demarcarpatterns,comovimosanteriormente.É tambémnesseestádioque o etnógrafosetornaliteralmenteumescritor.Tarefatemível. No início da décadade 1980,certonúmerode antropólogos americanose francesesdeclararam:a antropologiaé - exagerandoum pouco - em primeirolugar escritura.O que faz um antropólogo profissionalmente?Escrevea suaexperiênciadecampo.Senãoescrever, por maisque tenhaestadoem campo,issonão contará.Assimé que Clifforde Marcus(1986),Geertz(1988)ou Brady(1991)obrigarama comunidadeantropológicaa refletirsobreesteaspecto"poético"da disciplina,a tentarçiepreenderascaracterísticasdo "gênero"etnográfico. Por exemplo,umaespéciedeprincípiodetransparênciaparecetersido tomadoemprestadoao gêneroromanescorealista:o antropólogoextrai elementosbrutosde seudiárioe os reinserecomotaisemseurelatório final,aomesmotempopor razõesretóricas,mastambémporrazõesde demonstraçãocientífica.A revolução"textualista",comofoi chamada, semdúvidalevoumuitosantropólogosa tornarem-senarcisistas(Sanjek 1991),mas teve pelo menoso méritode tê-Iosfeito deixarde ser ingênuos.Até 10ou 15anosatrás,quandosefaziaetnografia,aindase podiaacreditarqueos dadostinhamumatal forçaquefalavampor si mesmos;o leitortinhaapenasde se deixarlevarpelacorrente.Hoje, reconhece-seque a capacidadeou a incapacidadede escreverpode modificarradicalmentea percepçãoda realidadedo trabalhorealizado. O treinamentoparaaescrituracomeça,assim,afazerparteintegranteda formaçãoantropológica.Abre-seaquium outrodebate:se a escritura constituium taldesafio,podeum inicianteenfrentá-Io?Semtertempo 143 para responder à perguntacom um pouco de vagar,responderei sem hesitarpela afirmativa.Aprende-sea escritura:pela leitura,pela imitação, pela prática- por sua transformaçãoem habitus,se ousarmosexprimir- nos assim.Não é que sejaprecisoimitaro "estilo"de ClaudeLévi-Strauss, Michel Leirisou StanleyDiamond;é precisoantesde tudo terconsciência da dimensãopacientementeconstruídados trabalhosdeles. A partir de então,é possívelcultivarnossaprópria escritura. Etnografiadacidadeouetnografiana cidade? Falta-metentar responder ao que para mim constitui a questão espinhosa do trabalho de campo. Deve o campo ser considerado um mero lugaronde podemosobservara comunicaçãoemação,ou deveser encarado como um contexto sem o qual essa comunicação sequer apareceria?Quando eu lhes propus observarcomo as pessoasse exibem à beira da piscina,produzem certotipo de envolvimentoou se valemde pára-envolvimentos,eu estavasugerindo a vocês que utilizassemesse lugar como uma espécie de reservatóriode comportamentos.Outros "reservatórios"poderiamserexploradosparaestudaressesenvolvimentos e outrasexibições de intenção.Mas estareieu tão certo disso?Não são essescomportamentosà beirada piscina~specíficosdesselugar,que por assim dizeros "produz"? Podemos reencontrá-Iasem outros lugares públicos e semipúblicos?Pertencempropriamenteà esferapública?Não ocorrem também em família? Os pára-envolvimentos,por exemplo, existem também no interior da esfera privada da família. Abre-se a perspectivaparaamplosestudoscomparativos...Minha respostaé menos teóricado que operacional.Digo aos meus alunos: "Comecemfazendo um trabalho bem circunscrito,utilizem seu lugar como um reservatório de comportamentos.Pouco a pouco, surgirácertaordema partirde seus dados e, paraalém disso,dos diferentestrabalhosde vocês,porque - e mais uma vez, emprego aqui um princípio goffmaniano - a ordem interacionalé tambémuma das modalidadesda ordem social. Trabalhar sobre as interaçõesé infine trabalharsobre a sociedadeinteira". 144 Masissosuscitaumaoutraquestãoigualmentecomplexa.Estáo ulliversalbem no coraçãodo particular?A respostapositivaa esta perguntaconstituio fundamentodo trabalhoetnográfico.Se vocês estudaremcombastanteminúciaummeio,umgrupo,umasituação,logo extrairãomuitasregularidadesquefundamesseconjuntoparticular.Ora, essasregularidadespertencemà comunidadeou à sociedadeglobal.É esseprincípioquefundaigualmenteo trabalholingüístico:quantomais pxecisossomos,maisestamosem condiçõesde generalizar.Entramos aquinumdebatequeéaomesmotempodeordemepistemológica(que teoriado socialutilizamosparaproporumatalrelaçãomicro/macro?)e de ordempessoal:acredita-seno trabalho"clínico"ou nãose acredita. Estaé a únicarespostaquetereiparaconcluir.Pessoalmente,creiona pertinênciado procedimentoetnográfico.Os trabalhosque ele pode produzir estãolonge de ser meras"monografiasde aldeias",como disseramalguns(sobretudona França).Ele permiteapreendero social comtodoo respeitoquelheédevido- e comtodoo prazerquedele podemosretirar. 145 BIBLIOGRAFIA METODOLÓGICA L Os relatosautobiográficosde pesquisaantropológicapodemserúteis no que diz respeitoa uma iniciaçãometodológica: ANDERSON,BarbaraGallatin(1990).Firstfieldwork:1bemisadventuresofan anthropologist.ProspectHeights,I1linois,WavelandPress. BARLEY, Nigel (1983).1beinnocentanthropologist:Notesfrom a mud hut. Londres,Penguin(trad.fr.: Unanthropologueendéroute.Paris,Payot, 1992). ___ o (1986).A plague of caterpillars:A return to the african bush. Londres,Penguin(trad.fr.:Le retourde l'anthropologue.Paris,Payot, 1994). ___ o (1988).Nota hazardoussport.Londres,Penguin. BELL,Diane;CAPLAN, Pate KARIM, Wazir(orgs.)(1993).Women,menand ethnography.Londres,Routledge. BETEILLE,André e MADAN, T.N. (orgs.)(1975).Encounterand experience: Personalaccountsoffieldwork.Delhi,Vikas. BOWEN, ElenoreS. (1954).Returntolaughter.NovaYork, HarperandRow. 147 BRADBURD, Daniel(998), Beingthere:Ibe necessityoffieldwork.Washing- ton,DC: SmithsonianInstitutionPress. CASSELL,Joan (1987).Children in thefield: Anthropologicalexperiences. FiladélfIa,TempleUniversityPress. CESARA,Manda (1982).Reflectionsof a woman anthropologist:No hiding place.NovaYork,AcademicPress. CLASTRES,Pierre(972). Chroniquedesindiensgl.layaki.P,uis,Plon. CONDOMINAS, Gearges(965), L 'exotiquepstquotidien.Palis,Plon. DE VITA, Philip R.Corg.)Cl991).Ibe nakedanthropologist:Talesfromaround theworld.Wadsworth. FOWLER, Don D. e HARDESIT, DonalclL. Corgs.)(994). Othersknowing others:Perspectiveson ethnographiccareers.Washington,D.C.,Smith- sonianInstitutionPress. FREIUCI!, Monis Corg.)(1970).Marginal natives:Anthropologistsat worn NovaYork, HarperanelRow. GEERTZ, Clifford (995), A/ter thefact: Two countries,four decades,one anthropologist.Cambridge,HarvarelUniversityPress. GHOSH, Amitav(994). Un infideleenEgypte.Paris,Seuil. GOLDE, Peggy (970). Womenin thefield: Anthropologicalexperiences. Chicago,AldinePublishingCO. HAMMOND, PhillipE. Carg.)(964). Sociologistsatwork:Essaysonthecraftof socialresearch.NovaYork, BasicBooks. HASTRUP,Kristen.Apassagetoanthropology:Betweenexperienceand theory. Londres,Routleclge. HOBBS, Dick e MAY, Tim Corgs.)(993). Interpretingthefteld:Accountsof ethnography.Oxford,ClarendonPress. ]AULIN, Robert.(971). IA mortSara.Paris,PIoR> D.G. e GUTKIND, W. (orgs.) Anthropologistsin lhe York, HumanitiesPress. KULICK, e Margar~t(orgs.)(1995). sex,identityand f?'f'Oticsubjeetivityin anthropologicalfieldwork. Routledge 148 ,,",,,,_.,,..- w IAREAU, Annettee SHULTZ,]effrey(orgs.)(996).Journeysthroughethno- graphy:Realistieaeeountsoffieldwork.WestviewPress. LÉVISfRAUSS, Claude(955). Tristestropiques.Paris,Plon. MALAURIE,]ean (976).Lesderniersroisde Tbulé.Paris,Plon. MEAD, Margaret(972). Blaekbeny winter:k{yearlieryears.Nova York, Morrow (trad.fr.:Du givreSUl' lesronees.Paris,Seuil,1977). ___ o (977). Lettersfrom lheField, 1925-1975.NovaYork, Harperand Row. MESSERSCHMIDT,DonaldA. (org.)(981).Anthropologistsat homein North Ameriea:Methodsand i.mtesin thestudyofone'sownsoeiety.Cambrid- ge,CambridgeUniversityPress. OKELY,Judith e CALLAWAY,Helen(orgs.)(992).Anthropologyand autobio- graphy.Londres,Routledge. OKELY,Judith (996). Own and othereulture.Londres,Routledge. POWDERMAKER, Hortense(966). Strangerand friend: T7Jeway of an anthropologist.NovaYork, Norton. PRICE,Richarde PRICE,Sally(1992).Equatoria.Londres,Routledge. RABINOW,Paul (988). Unethnologueau Maroe.Rijlexionssur uneenquête deterrain.Paris,Hachette(traduzidodo inglês). REED-DANAHAY,DeborahE. (org.)(997).Autolethnography:Rewritingthe se!!and thesocial.Oxford,Berg. SMITH,CarolynD. eKORNBLUM,William(orgs.)(989)./n thefield:Readings on thefteld researehexperienee.NovaYork, Praeger. SPINDLER,GeorgesD. e SPINDLER,Louise(orgs.)(970).Beingan anthro- pologist:Fieldwork in eleveneultures.Nova York,·Holt, Rinehart& Winston. VIDICH, Arthur; BENSMA.l~,]oseph e STEIN, Maurice R. (orgs.) (964). Rifleetionson eommunitystudies.NovaYork, Wiley. WAX, Rosalie(971).DOingfieldwork: Warningsand adviee.Chicago,The Universityof ChicagoPress. 14q WHITEHEAD, TonyLanye CONAWAY,MayEllen(orgs.)(986).Self,sexand gender in cross-culturalfteldwork.Urbanae Chicago,Universityof Illinois Press. WOLF, Diane L. e DEERE,CarmenDiana (orgs.)(996).Feministdilemmas infieldwork.WestviewPress. lI. Entre os manuaismaisconhecidose maisacessíveis,pode-se citar: AGAR, MichaelH. (980).7beprofessionalstranger:An informalintroduction toethnography.NovaYork, AcademicPress. BEAUD, Stéphanee WEBER,Florence(997).Cuidede l'enquêtedetermino Paris,La Découverte. BECKER,Howard S.(986).Writingforsocialscientists.Chicago,The Univer- sityof ChicagoPress. BECKER, Howard S. (998).Tricksofthe trade:Howtothinkaboutresearch whileyou 'redoingit.Chicago,The Universityof ChicagoPress. BERNARD, RussellH. (988).Researchmethodsin cultural anthropology. NewburyPark,Sage. BERTAUX,Daniel(997).Lesrécitsdeme.Paris,Nathan,col. "128". BOGDAN, Roberte TAYLOR, Steven]. (997).lntroduction to qualitative researchmethods:7besearchfor meaning.NovaYork, Wiley (Si! ed,). BURGESS,R. G. (org.)(982).Fieldresearch:A sourcebookandfield manual. Londres,G. Allen and Unwin. CAR SPECKEN, Phil Francis (1995). Critical ethnographyin educational research:A theoreticalandpracticalguide.Londres,Routledge. CHISERI-5'IRATER,Elizabethe SUNSTEIN,BonnieStone(997).Fieldworking: Readingand writingresearch.Prentice-Hall. CICOUREL,Aaron(1964).Methodand measurementin sociology.NovaYork, The FreePress. ISO CRANE,Julia G. e ANGROSINO, MichaelV. (orgs.)(974). Fieldprojectsin anthropology:A studenthandbookMorristown,NJ, GeneralLeaming Press. DENZIN, Nonnan e UNCOLN, Yvonna S. (orgs.) (1994).Handbook of qualitativeresearch.ThousandOaks,Sage. OOUGLAS,Jack D. (1976).Investigativesocialresearch:Individualand team fteld research.BeverlyHills, Sage. EILEN,R.E (org.)(984). ahnographicresearch.A guidetogeneralconduct. Londres,AcademicPress. EMERSON,RobertM. (988). Contemporaryfteld research:A collectionof readings.WavelandPress.EMERSON,Robelt M., FRETZ, Rachei1.e SHAW,Linda J.-. (1995).Writing ethnographicfieldnotes.Chicago,The Universityof ChicagoPress. FETfERMAN, DavidM. (989).Ethnographystepbystep.NewburyPark,Sage. FIL~TEAD,W.J. (1970).Qualitatiuemethodology:Firsthandinvolvementwith thesocialworld.Chicago,Markham. FlNNEGAN, Ruth (1992).Oral traditionsand the verbalarts.A guide to researchpractices.Londres,Routledge. GLAZER, Bamey e STRAUSS,Anselm (967). Yhe discoveryof grounded theory.Chicago,Aldine. GRILLS,Scott(org.)(1998).Doing ethnographicresearch:rz.eldworksettings. NewburyPark,Sage. GUBRIUM,Jaber (1988).Analyzingfteldreality.NewburyPark,Sage. HABENSTEIN, RobertW. (org.) (1970).Pathwaystodata:Field methodsfor studyingongoingsocialorganizations.Chicago,Aldine. HAMMERSLEY,Martyne ATKINSON, Paul (1993).Ethnography:PrincipIesin practice.Londres,Tavistock. HENDERSON,Neil J. e VESPERI,MariaD. (orgs.)(995).Ybecultureof long termcare:Nursinghomeethnography.BerginandGarvey. ]ACKSON, Bruce(987).Fieldwork.Urbana,Universityof IllinoisPress. JOHNSON, John M. (1975).Doingfteldresearch..NovaYork, The FreePress. 151 ]ORGENSEN, Danny L. (989),Participantobservation:A methodologyfor humanstudies.NewburyPark,Sage. ]UNKER, BufordH. (960).Fieldwork:An introductiontothesocialsciences. Chicago,The Universityof ChicagoPress. KUTSCHE, Paul (997).Field ethnography:A manual for doing cultural anthropology.Prentice-Hall. LAPASSADE,Georges(991).L'ethnosociologie.Lessourcesanglo-saxonnes. Paris,MéridiensKlincksieck. LAPLANTINE, François(996).Ia descriptionethnographique.Paris,Nathan, col. "128". LOFLAND,]ohn (976).Doingsociallife.NovaYork, Wiley. LOFLAND, ]ohn e LOFLAND, Lyn H. (984).Analyzing social settings. BeImont,Califómia,WadswOlth(2ªed.). McCALL,George].e SIMMONS]'1.(orgs.)(969),IssuesinparticijJantobserva- tíon:A textand a reader.Reading,Massachusetts,Addison-Wesley. NAROLL, Raoul e COHEN, Ronald(orgs.)(970).Handbookof methodin culturalanthropology.NovaYork, ColumbiaUniversityPress. PELTO, Pertti]. e PELTO, GreteIH. (978).Anthropologicalresearch:Ibe structureof inquiry.NovaYork, CambridgeUniversityPress. PIETfE, Albert(1996).Ethnographiedel'action.L'observationdesdétails.Paris, Métailié. RYNKIEWICH, MA e SPRADLEY,]amesP. (orgs.)(976).Ethicsand anthro- pology:Dilemmasinfieldwork.NovaYork, Wiley. SAGE QUAIlTATlVE RESEARCHMETHODS. Cerca de 40 volumes de 96 páginasou menos(apenasalgunstítulosforamretomadosnapresente bibliografia). SAN]EK,Roger(org.)(990).Fieldnotes:Ibe makingsofanthropology.Ithaca, ComeUUniversityPress. SCHATZMAN,Leonarde STRAUSS,AnseIm(973).Field research.Strategies for a naturalsociology.EnglewoodCliffs,NJ, Prentice-Hall. SCHWARTZ,Howarde]ACOBS,]erry(979).Qualitativesociology:A method tothemadness.NovaYork, The FreePress. 1'12 SPEIER, Matthew (973).How to observeface-toface communication:A sociologicalintroduction.PacificPalisades,GoodyearPublishingCo. SPINDLER, Georges e Louise (orgs.) (987).Interpretiveethnographyof educationathomeand abroM, Hillsclall,N], LawrenceErlbaum. SPRADLEY,]ames P. (979).Ibe ethnographicinterview.Nova York, Holt, RinehartandWinston. ____ o (980).Participant observation.Nova York, Holt, Rinehartand Winston. SPRADLEY, ]ames e Mc CURDY, David W. (orgs.) (1972). Ibe cultural e:x:perience:ethnographyin a complexsociety.Chicago,ScienceRe- searchAssociates. SlRINGER, ErnestT.; AGNELLO, Mary Francese BALDWIN, SheilaCona (orgs.)(997).Communitybasedethnography:Breaking traditional boundariesof research,trainingand learning.Hillsclall,NJ, Lawrence Erlbaum. WHYfE, WilliamF. (981).Learningfrom thefield:Aguidefrom e:x:perience. BeverleyHills, Sage. WOLLOTI, Hany F. (994). Transformingqualitativedata: Description, analysisand inte1pretation.ThousandOaks,Sage. ___ o (995).Ibe artoffieldwork.AltamiraPress. WOODS, Peter (997).Researchingthe art of teaching:Ethnographyfor educationaluse.Londres,Routledge. IH. Numerosos são os textos recentesque insistemsobre a dimensão narrativa/textualdo empreendimentoantropológico,como: ADAM, ]ean-Michel; BOREL, Marie-]eanne;CALAME, Claude e KILANI, Mondher(990).Lediscoursanthropologique.Description,narration, savoir.Paris,MéridiensK1incksieck. AGAR, Michael(986).Speakingofethnography.BeverlyHills, Sage. 153 ATKINSON,Paul(990). 7beethnographieimagination.Textualeonstruetions of reality.Londres,Routledge. . (992). Understandingethnographietexts.NewbutyPark,Sage. BEHAR, Ruthe GORDON, DeborahCorgs,)(995), Womenwritingeulture. Berkeley,Universityof CalifomiaPress. BENSON,P.Corg,)(993). Anthropologyand literature.Urbana,Universityof IllinoisPress. BRADY, Ivan Corg.)(991). Anthropologiealpoeties.Savage,Maryland,Row- man& LittlefieldPublishers. BRETIELL, CarolineB. Corg.)(993), Wbentheyread what we write: 7be palitiesofethnography.Bergin& Garvey. CAPPEm, Cada(993). WritingChicago:Modernism,ethnographyand the noveloNovaYork, ColumbiaUniversityPress. CLIFFORD, ]ames e MARCUS, GeorgeCorgs.)(986). Writingeulture:7be poetiesandpolitiesof ethnography.Berkeley,Universityof Califomia Press. CLIFFORD, ]ames (988). 7bepredieamentof eulture: Twentieth-eentury ethnography,literatureand ar!.Cambridge,HarvardUniversityPress. ___ o (997). Routes:TraveIand translationin thelatetwentietheentury. Cambridge,HarvardUniversityPress. COMMUNICA7JONS(994)."L'écrituredessciencesde l'horrune",nº 58.Paris, Seuil. DENZIN, Norman K. Corg,)(996). Intetpretiveethnography:Ethnographie praetieesfor the21steentury.Sage. ELLIS,CarolyneBOCHNER,ArthurP.Corgs.)(996). Comparingethnography: Alternativeforms ofqualitativewriting.AltamiraPress. ESPACES 1EMPS (991). "La fabriquedes sciencessociales.Lecturesd'une écriture",nQ!!47/48. E1VDESRURALES(985). "Letexteethnographique",janvier-juin,nQ!!97-98. FARDON, RichardCorg.)(990). Loealizingstrategies:Regionaltraditionsof ethnographiewriting.Edimburgo,ScottishAcademicPress. 1 "i) GEERTZ, Cliffard (1988). Worksand lives:Tbe anthropologistas author. Stanfard,Califómia,StanfordUniversityPress. GUPTA, Akhil e FERGUSON,James(args.)(1997).Anthropologicallocations: Boundariesand grounds of a field science.Berkeley,Universityof CaliforniaPress. JACOBSON, David (1991).Readingethnography.Albany,StateUniversityof New York Press. JAMES, Allison; HOCKEY, Jenny e DAWSON, Andrew (args.)(1997).After writingculture:Fpistemologyandpraxis in contemporaryanthropolo- gy.Londres,Routledge. KRUPAT,Amold (1992).Ethnocriticism:Ethnography,history,literature.Ber- keley,Universityof CalifomiaPress. LHOMME(1989). "Littératureetanthropologie",julho-dezembro,nQ§111-112. MANGANARO, Marc(arg.)(1990).Modernistanthropology:Fromfieldworkto textoPrinceton,PrincetonUniversityPress. MARCUS,Georgee FISCHER,MichaelM], (1986).Anthropologyas cultural critique:An experimentalmomentin thehumansciences.Chicago,The Universityof ChicagoPress. PALSSON,G. (arg.) (1994).Beyondboundaries:Understandingtranslation and anthropologicaldiscourse.Oxford,Berg. PRAlTIS, J. Ain (org.)(1985).Reflections:Tbeanthropologicalmuse.Washing- ton,D.e, AmericanAnthropologicalAssociation. ROSE,Dan (1990).Livingtheethnographiclife.NewburyPark,Sage·. STOLLER,Paul (1989).Tbetasteofethnographicthings.Filadélfia,University of PennsylvaniaPress. VAN MAANEN, John (1988). Talesof thefield: On writing ethnography. Chicago,The Universityof ChicagoPress. VISWESWARAN,Kamala(1994).Fictionsoffeministethnography.Minneapo- lis,Universityof MinnesotaPress. WOLF, Margery(1992).A thrice told tale:Feminism,postmodernismand ethnographicresponsability.Stanford,Califómia,StanfordUniversity Press. 155
Compartilhar