Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Formação de preço de venda 2ª Edição NEGÓCIOS SEJA UM EMPREENDEDOR 2 GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA Ficha técnica Governador do Distrito Federal RODRIGO ROLLEMBERG Secretário de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Distrito Federal ANTÔNIO GUTEMBERG GOMES DE SOUZA Secretário Adjunto do Trabalho THIAGO JARJOUR Subsecretário de Atendimento ao Trabalhador e Empregador ANTÔNIO VIEIRA PAIVA Coordenador de Qualificação Profissional GERSON VICENTE DE PAULA JUNIOR Equipe Técnica da Coordenação de Qualificação Profissional TALITA ALENCAR DE ALMEIDA DA SILVA – Assessora da Coordenação de Qualificação Profissional ALISSON ANANIAS LOPES – Diretor de Planejamento e Estratégias de Qualificação. ALBERTINA SOLINO EVELIN – Gerência de Planejamento. DÉBORA JEANE DE OLIVEIRA BATISTA – Diretora de Gestão de Programas e Projetos de Qualificação. CARLA NUNES SOUSA DE LIMA – Gerente de Capacitação para o Empreendedor. Programa Qualifica Mais Brasília É um Programa de Qualificação social e profissional que se destina a promover ações de qualificação aos trabalhadores e/ou empreendedores do Distrito Federal, visando potencializar as competências e habilidades deste público para atender as exigências apresentadas pelo mundo do trabalho. 3 GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA Sumário Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda ......................................... 5 1.1. O preço como fator estratégico de um negócio .................................................. 5 Estratégia de diferenciação por custo: ................................................................. 6 Estratégia de diferenciação por valor: ................................................................... 9 1.2. A composição do custo de produção em suas variáveis como fator de construção do preço ...................................................................................................................... 12 Variáveis econômicas: ......................................................................................... 16 Variáveis de custo ................................................................................................ 17 Variáveis mercadológicas .................................................................................... 17 Variáveis societárias e tributárias ....................................................................... 17 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis ................................................... 24 2.1 Método por absorção .......................................................................................... 24 Exemplos de método por absorção ..................................................................... 26 Vantagens e desvantagens do método por absorção........................................ 28 2.2 Método de custeio direto ..................................................................................... 32 Tipos de gastos .................................................................................................... 34 Processos de construção por meio do custeio direto ....................................... 36 2.3 Comparações e diferenças entre os dois métodos. .......................................... 43 Módulo 3: Avaliação de mercado ....................................................................... 46 3.1 Marketing ............................................................................................................. 46 Variáveis controláveis de marketing ................................................................... 47 3.2 O preço dentro de uma avaliação mercadológica .............................................. 49 A diferença entre o valor e custo de um produto ................................................ 51 Cadeia de valor ..................................................................................................... 55 3.3 Estratégias de precificação ................................................................................. 56 Análise dos fatores externos ............................................................................... 57 Estratégicas de preço ........................................................................................... 60 4 GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA Módulo 4: Fixação de preço de produtos e serviços ........................................... 70 4.1 Demanda de consumo. ........................................................................................ 71 4.2 Características endêmicas ao setor de serviços ............................................... 72 4.3 Métodos de fixação de preços ............................................................................ 76 Mark-up ................................................................................................................ 77 Método do retorno planejado .............................................................................. 81 Preço de valor ....................................................................................................... 82 Preços de mercado .............................................................................................. 82 GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 5 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda 1.1. O preço como fator estratégico de um negócio Você já parou para pensar sobre quais são os fatores que influenciam na precificação dos produtos e serviços que consumimos diariamente? Se sim, mentalize alguns desses fatores. Será que, além dos que você pensou, existem vários outros fatores que determinam por quanto um produto será vendido? Quais seriam eles? Certamente todo produto ou serviço produzido deve levar em conta uma série de fatores na hora de planejar o preço final, ou seja, o valor pago por determinado consumidor para adquiri-lo e, durante esse módulo, iremos nos aprofundar nos fatores-chave para a precificação. Fica evidente, então, desde já, perceber que a precificação de um produto ou serviço é uma decisão estratégica, pois essa aparentemente simples questão é na verdade uma complexa tomada de decisão que está intimamente ligada aos conceitos de custos, despesas, competitividade e rentabilidade. A partir desse entendimento, você compreenderá o real motivo do valor pago pela grande maioria dos produtos e serviços que consome no dia a dia. Antes de mais nada, precisamos entender alguns conceitos iniciais de grande importância para o estudo desse módulo: GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 6 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Preço de venda é, conforme Coutinho (2012), o valor justo cobrado do cliente pelo fabricante/prestador de serviço em troca do esforço produtivo para obter o produto/serviço, acrescido de uma remuneração pelo trabalho empresarial realizado, denominado lucro. Veja que, pela definição desse autor, o preço de venda precisa estar em equilíbrio justo entre o esforço produtivo – em outras palavras, o investimento financeiro para produzir/entregar acrescido do valor em que deseja ganhar em cima desse esforço, o lucro estimado. Para encontrar esse valor justo, não basta que calcule o valor do esforço produtivo e acrescente sobre esse valor o lucro. É necessário verificar também quanto os clientes estão dispostos a pagar por produtos/serviços semelhantes e por quanto os concorrentes estão vendendo esses mesmos produtos sob um olhar estratégico de mercado. Então, é necessário definir o que vem a ser estratégias de precificação. A estratégia de precificação demanda o entendimento sobre todos os recursos mobilizados pela empresa durante o processo de entrega/transformação de determinado produtoou serviço ao mercado. A partir desse entendimento, segundo Kotler (1998), será permitido o entendimento sobre qual estratégia de diferenciação a companhia está mais aderente, que em nível básico, podem ser dividida em duas: Estratégia de diferenciação por custo: É quando uma empresa foca seus processos de produção a partir de uma formatação mais enxuta possível. Nesse tipo de estratégia de precificação, o objetivo é colocar no mercado produtos ou serviços mais acessíveis possíveis. E assim, alcançar a lucratividade a partir do grande volume de vendas esperado. Ou seja, a estratégia de precificação por custo busca vender a um preço baixo e com foco no grande giro de mercadorias entregues/consumidas. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 7 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Quer um exemplo de empresa que trabalhe com essa estratégia de preços? Vamos lá! LEITURA COMPLEMENTAR GRUPO ACCOR: HOTÉIS ECONÔMICOS COM ALTO PADRÃO DE QUALIDADE A Accor é um grupo mundial que atua em diversos segmentos distintos e complementares: hotelaria e serviços às empresas são os dois eixos de negócio. No Brasil, opera com as marcas hoteleiras: Sofitel, Novotel, Mercure, Ibis e Formule 1. Ibis é a marca de hotéis econômicos e Formule 1 a dos hotéis supereconômicos. A marca Sofitel engloba os hotéis de luxo, Mercure e Novotel são hotéis de negócios (que pelo antigo padrão de classificação da Embratur seriam quatro estrelas). As bandeiras dos hotéis Accor estão em cerca de 200 endereços espalhados pelo Brasil. “Falar em alto padrão de qualidade em hotéis econômicos parece algo paradoxal” - afirma Roland de Bonadona, diretor geral da Accor Hospitality, no Brasil desde 1990. Mas é este elemento aparentemente paradoxal o grande responsável pelo êxito dos hotéis econômicos da Accor no Brasil, com as marcas Ibis e Formule 1 reproduzindo o mesmo resultado de outros países por onde elas estão. Não importa se o cliente se hospeda em São Paulo, Curitiba ou em Paris, os hotéis Ibis são muito parecidos e oferecem sempre a mesma equação de valor, um apartamento com conforto otimizado. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 8 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Quem viaja necessita, antes de qualquer coisa, de um apartamento confortável, limpo e agradável. Esta foi a primeira preocupação da marca: uma cama grande com colchão de excelente qualidade, televisão grande, um banheiro com chuveiro e água abundante, tudo sempre limpo, sem mofo e sem cheiros. O pessoal de atendimento, jovem e simpático, é receptivo ao cliente. Mas o serviço é reduzido. O hóspede pode, por exemplo, tomar um lanche 24 horas por dia, mas não há serviço de quarto. Para tanto, é preciso dirigir-se à recepção, escolher entre algumas opções limitadas, mas, sempre de qualidade impecável e pode comer ali mesmo no bar ou, se preferir, leva ao seu apartamento. Não há pessoas para transportar comida ou carregar a bagagem, mas nos hotéis Ibis os hóspedes têm à sua disposição lavanderia, restaurante, telefone com serviço de despertar, estacionamento, internet. E tudo por uma diária que em média gira em torno de R$ 99,00. Esta relação qualidade e preço resume bem a proposta de valor para os clientes. “Lá o cliente tem todas as facilidades para quem viaja a serviço e quer fazer a sua vida mais fácil, mas não dispensa a certeza de saber que está num hotel seguro, confortável e sempre o mesmo, não importa onde ele esteja”. “E as pesquisas mostram que esta segurança é muito importante para quem viaja a trabalho”, afirma Bonadona. Para viabilizar o conceito, foi preciso uma concepção que permitisse um padrão de construção de qualidade, mas com espaços reduzidos. Os hotéis Ibis não têm grandes áreas na recepção ou nos apartamentos, ou grandes escritórios para o pessoal do hotel. Têm, em geral, entre 80 e 100 apartamentos – número essencial para equilibrar a equação preço e qualidade. Além disso, hotéis econômicos não têm salões de reunião, nem funcionários para carregar bagagens, ou servir nos quartos. Um número pequeno de apartamentos e serviços reduzidos, trabalhando com taxas de ocupação altas, geram receitas e lucros que garantem o retorno do investimento na construção e mobiliário que foram também reduzidos. O círculo virtuoso se fecha quando, a partir de um investimento menor e custos operacionais menores, é possível oferecer uma diária reduzida. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 9 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Na hotelaria tradicional, pensando num hotel cinco estrelas, a estrutura é composta por um diretor geral, gerências para os principais departamentos: hospedagem, eventos, alimentos e bebidas, manutenção, contabilidade e o departamento de pessoal. Abaixo das gerências estão as chefias e, reportando- se a elas, os funcionários. “Se você pensar num cinco estrelas tem ainda as funções técnicas, um somelier apenas indica e serve os vinhos”, completa Bonadona. Na rede Ibis, há um gerente, um assistente e não há gerências e chefias. Os funcionários estão diretamente ligados a esse primeiro nível. Existe também a polivalência: alguém que atende na recepção serve o bar, que por esta razão está sempre ao lado da recepção. O fato de não ter chefias faz com que todos sejam muito mais próximos. Esse modelo de operação é algo que não se aprende nas faculdades de hotelaria. Por essa razão, foi preciso formar as lideranças do Ibis internamente. Um programa de trainees garante que os alunos recém-saídos das faculdades aprendam na prática a gerenciar um hotel com este perfil e as carreiras são mais rápidas porque a rede cresce muito. Na hotelaria de luxo tradicional é preciso até 15 ou 20 anos para alguém chegar a diretor do hotel. Na rede Ibis é possível ser um gerente geral em menos de cinco anos. Fonte: adaptado de: http://www.evef.com.br/artigos-e-noticias/ administracao-de-marketing/335-grupo-accor-hoteis-economicos-com- alto-padrao-de-qualidade Estratégia de diferenciação por valor: Nesse tipo de estratégia a empresa busca diferenciar-se frente às demais concorrentes a partir de atributos físicos do produto como design e durabilidade, ou atributos intangíveis como status ou imagem desse produto que passe um conceito e alto valor agregado. Essa percepção diferenciada proporciona ao empreendimento vender com uma margem superior de lucro. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 10 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Em outras palavras, empresas que focam na entrega valor, segundo Colauto et al (2005), “analisam além do valor do produto, os valores dos serviços, dos funcionários e da imagem da organização”. Pois colocam como ênfase na precificação a imagem daquele produto e o quanto o público-alvo consumidor da mesma está disposto a pagar para adquiri-lo. Quer ver uma empresa que aposta nessa estratégia de precificação? Vamos lá! LEITURA COMPLEMENTAR STARBUCKS: UMA HISTÓRIA DE INOVAÇÃO E RELACIONAMENTO A empresa começou com um estande no histórico mercado público Pike Place Market, em Seattle, nos Estados Unidos. No espaço, vendia-se diversos tipos de grãos de café torrados para consumo caseiro. Logo em 1971, a empresa definiu um logo e criou uma marca para se diferenciar dos concorrentes. O nome foi inspirado no marujo-chefe do romance de Moby Dick, Starbuck. Já o logo, uma sereia de duas caldas, remete a desenhos de entalhe da época das Grandes Navegações, o que relembra a tradição das viagens incertas a alto- mar e dos navegadores que começaram a comercializar o café pelo mundo. Em 1982, a empresa passou a ter três sócios e sua história começou a mudar quando o novo CEO e diretor de marketing, Howard Schultz, quis começar a vender não mais os grãos, mas o café pronto. Em uma viagem pela Itália, Schultz se encantou pelo romantismoque envolvia as cafeterias italianas e quis implementar a ideia nos Estados Unidos. “Um lugar para conversar, com um senso de comunidade. Um lugar intermediário entre trabalho e casa”, explica a empresa, em seu site. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 11 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda O conceito foi colocado em prática em uma nova loja, no Centro de Seattle. Depois da iniciativa, Schultz saiu da sociedade para abrir sua própria cafeteria, a Il Giornale. A Starbucks continuou crescendo e ganhando mercado. Em 1987, com a ajuda de investidores locais, a Il Giornale comprou a Starbucks e Schultz voltou a ser CEO da empresa. Ao final deste ano, a companhia já possuía 17 lojas, incluindo uma internacional, no Canadá. Ao longo de seu desenvolvimento, uma série de atitudes mostrou o pensamento inovador e estratégico de seu presidente. Em 1992, por exemplo, a companhia abriu capital e passou a oferecer ações na bolsa de valores. Cinco anos depois, inaugurou-se a Fundação Starbucks, com um programa global de alfabetização. Nesse momento, a empresa já possuía 1.412 lojas, incluindo espaços fora da América do Norte, como no Japão, Cingapura e Filipinas. Em 2001, em parceria firmada com a Conservação Internacional, a companhia colocou em prática sua orientação por só comercializar produtos de fontes éticas de produção de café. No mesmo ano, outra jogada de marketing: o Cartão Starbucks inova com um programa de fidelização de clientes. Em 2006, a empresa lançou o primeiro copo de papel de fibra reciclada, evitando que mais de 75 mil árvores fossem cortadas anualmente. Hoje, com presença em 55 países, quase 17 mil lojas e mais de 20 variedades de café, a Starbucks se tornou um fenômeno em seu mercado de atuação. “Nossa missão é inspirar e nutrir o espírito humano – uma pessoa, uma xícara de café e uma comunidade de cada vez”, divulga a empresa. Do conceito de marca e de branding à jogada de marketing e plano de expansão, a empresa é um ótimo caso de sucesso e serve de inspiração para todos. Fonte: adaptado de http://www.pensandogrande.com.br/starbucks-uma- historia-de-inovacao-e-relacionamento/, acesso em 19/11/2015. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 12 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Perceberam como as estratégias de diferenciação se traduzem em formas de precificação distintas. Não podemos dizer que uma das duas seja a mais adequada em função da outra – haja visto os dois exemplos mostram modelos de negócio de reconhecido sucesso. Cabe aos gestores de cada empresa entender seu produto e de maneira planejada perceber qual dessas duas estratégias está mais aderente ao seu produto e, principalmente, ao seu público consumidor. Então, recapitulando, até o momento você percebeu que a forma como um produto ou serviço chega ao mercado no que diz respeito ao preço de venda é uma ação pensada estrategicamente que deve ser definida no DNA de cada empresa, pois o preço praticado pela empresa é uma das formas como ela será percebida e diferenciada perante as marcas concorrentes. Esse entendimento é imprescindível, pois como adverte Coutinho (2012), o maior problema encontrado pelas empresas no momento de precificar um determinado produto/serviço está na valoração dos ativos intangíveis (marca, conhecimento e tecnologia). E é essa desatenção que resulta numa estratégia de preços incoerente e ineficaz. Com isso em mente, passemos para a segunda parte desse primeiro módulo. 1.2. A composição do custo de produção em suas variáveis como fator de construção do preço A composição de preço, bem como suas estratégias, nesse item, passam pelo entendimento e identificação da forma como a empresa realiza a transformação (produção) e a entrega (distribuição) desse produto ou serviço até o consumidor. Precificar em função dos custos de produção requer entender o investimento necessário para produzir uma única unidade desse produto, mesmo que o processo de transformação seja em larga escala. Assim, teremos uma métrica do custo por GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 13 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda produto. É evidente que o volume de produção irá alterar o valor de produção unitária, então podem existir diferentes cálculos provenientes a cada ritmo de produção. Coelho (2009:11) contribui: “Além de ser importante para a precificação, o cálculo do custo unitário é fundamental para valorar o estoque, calcular a lucratividade dos produtos e uma série de decisões, como: eliminar ou acrescentar linha de produto; produzir ou comprar componentes para a produção; expandir ou reduzir operações; aceitar pedidos especiais a preços diferentes do tabelado; determinar preço em uma concorrência, entre outros”. Por exemplo, a cozinha de um restaurante precisa calcular o preço de cada prato mesmo que os ingredientes comprados possam ser utilizados em mais de uma das opções do cardápio. Ou seja, de maneira bem genérica, podemos induzir que os mesmos ingredientes em cada prato – pelas suas características unitárias – terão diferentes contribuições. Podemos concluir, a precificação pelo aspecto de produção é somática e sistemática aos procedimentos e equipamentos a cada produto. Por isso mesmo que a forma mais interessante de facilitar esse cálculo é pelo custo por unidade produzida. E, por forma de rateio, cabe a análise não apenas dos custos diretos, mas, também, dos indiretos enquanto cada produto é produzido para chegar a um valor unitário assertivo. Cruz et al (2012) dão o próximo passo para o entendimento da construção do preço, onde estratificam uma estrutura inicial de precificação que é na verdade um fluxo interligado de fatores, conforme pode ser observado na figura abaixo: GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 14 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Figura 1 – Fluxo inicial de precificação Esse fluxo é um caminho mais facilitado para entender todo o processo de precificação sem precisarmos adentrar em questões mais técnicas e é corroborado em outras bibliográficas como a de Coelho (2009) e Bagio (2012), este por sua vez nos auxilia durante a primeira etapa do fluxo (entedimento) balizando alguns questionamentos a serem feitos com o intuito de aguçar o olhar do gestor, vamos a eles: I. O segmento de atuação da empresa (eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos, autopeças etc.). II. O perfil dos clientes. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 15 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda III. A estrutura da empresa. IV. A localização do ponto de venda. V. O atendimento oferecido. VI. A qualidade e a garantia dos serviços. VII. O relacionamento com os clientes após a venda. VIII. A quantidade de produtos comercializados. IX. A intenção de retorno do capital investido. X. A tecnologia empregada. XI. A credibilidade da marca. XII. O conhecimento sobre o assunto. O segundo passo do fluxo é identificar características típicas da produção de um determinado produto ou serviço. Da mesma forma como um cozinheiro realiza na construção de um prato – conforme exemplo citado acima. Dessa forma conseguiremos reunir os atributos típicos a cada produto para que, na próxima fase, possamos avaliar como esse conjunto de atributos operam e influem de maneira conjunta. Cruz et al (2012) destacam que é importante diferenciar durante a análise qual é a natureza de cada variável, conforme podemos avaliar na figura abaixo: GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 16 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Figura 2 – Variáveis da análise e de formação de preços Preço Variáveis de custo Variáveis econômicas Variáveis mercadológicas Variáveis societárias e tributárias Fonte: Cruz et al (2012) De maneira bem sintética,podemos descrever cada uma dessas variáveis em seus pontos mais destacados como se segue: Variáveis econômicas: Tratam o conjunto de condições que componham o cenário e as perspectivas econômicas e financeiras durante determinado processo de fabricação e que tenham influência direta sobre o custo de produção de um determinado produto. Os pontos mais comuns a serem levados em conta ao se mapear esse tipo de variável são: • Relação oferta e demanda; • Câmbio; • Políticas de crédito; • Nível de atividade da economia; • Nível de emprego e renda; • Taxa de juros de financiamentos e empréstimos. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 17 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Variáveis de custo São os pontos a serem mapeados e analisados que dizem respeito ao processo de produção em sua pluralidade. Pode ser realizado por diferentes metodologias, Coelho (2009), destaca duas, a de absorção e de custeio direto. • Custeio por absorção: É aquele que engloba os custos totais fixos, variáveis, diretos e/ou indiretos. Muito embora seja o critério legal exigido no Brasil, nem sempre é útil como ferramenta de gestão dos custos, por possibilitar distorções ao distribuir custos entre diversos produtos e serviços, possibilitando mascarar desperdícios e outras ineficiências produtivas. Da mesma forma, os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de produção. • Custeio direto: É aquele onde o gestor atribui para cada custo uma classificação específica, diferenciando os custos fixos dos variáveis. Nesse método, o custo final do produto ou serviço é a simples soma do custo variável dividida pela produção correspondente. Esse método permite valorar o grau de contribuição de cada produto para a lucratividade da empresa. Cruz et al (2012) indicam esse como o método mais recomendado no campo de vista gerencial. Variáveis mercadológicas É a análise do ambiente mercadológico, ou seja, do mercado como é da concorrência, fornecedores etc. Bem como do perfil comportamental dos clientes. Essas, talvez, sejam umas das variáveis fundamentais a serem observadas na fase de precificação, reforça Cruz et al (2012). Variáveis societárias e tributárias É o conjunto de fatores que estejam ligados ao posicionamento legal e tributário da empresa no que tange a formatação societária e classificação no regime de taxação de impostos. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 18 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Em suma, para chegarmos na última etapa da definição do preço devemos realizar um levantamento e estudo sobre pontos que interferem diretamente na forma como o produto é produzido, consumido, percebido pelo mercado, entregue e taxado. A tabela a seguir destaca os pontos mais importantes desse processo. Além disso, Cruz et al (2012) demarcam a importância da precificação com dois olhares: • Dimensão do produto ou serviço (análise individual); • Dimensão do mix de produtos ou serviços (coletiva). Procure refletir: Produtos/serviços semelhantes devem seguir a mesma estratégia de preços? LEITURA COMPLEMENTAR A IMPORTÂNCIA DA DIMENSÃO COLETIVA DE PRODUTOS NO MERCADO DE SABÃO EM PÓ PARA A UNILEVER E SEU MIX DE PRODUTOS O mercado brasileiro de sabão em pó movimenta anualmente, cerca de R$ 3 bilhões anuais, o que justifica o interesse cada vez maior das empresas em ingressar nesse mercado. O consumo anual médio do produto é entre 3,5kg e 4,0kg. A América Latina tem números que variam de 6kg a 8kg per capita, a Europa chega até a 12kg per capita, segundo dados da ABIPLA. O fator mais importante a ser levar em conta no mercado de sabão em pó é a forte concorrência. A Unilever há 75 anos no mercado, seguida de perto pela P&G. O mercado de sabão em pó é um dos mais disputados do segmentos de limpeza. Duas multinacionais disputam o setor, a Unilever com mais de 65% do mercado com suas marcas: GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 19 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda 1. OMO: Foi o primeiro detergente em pó no Brasil, e o primeiro na cor azul, levando em conta o hábito brasileiro de usar anil para realçar o branco da roupa (1957). A média de produção do detergente em pó líder no Brasil é de 1 milhão de embalagens por dia. Algumas de suas versões são, OMO multiação, OMO multiação Aloe Vera e OMO progress. 2. ALA: Lançada em 1996 na região Nordeste em Igarassú, Pernambuco, e hoje está também nos mercados da região Norte. Ala possui hoje 31% de participação em volume em Recife - fonte Ibope / dezembro 2004. A marca nasceu com o apoio de pesquisas que identificaram com precisão os desejos e necessidades da consumidora das classes D e E do Nordeste, bem como os hábitos de lavagem da região. 3. Brilhante: Chegou ao Brasil no início de 1998 com a mensagem de “Brancura impecável sem estragar tecidos e cores”. Em 2003, a marca esteve ainda mais próxima das consumidoras patrocinando a iluminação do Parque do Ibirapuera, em São Paulo e realizando dois concursos culturais: Futuro Brilhante e Casamento Branco Brilhante. A proximidade fez com que a marca tivesse 12,9% de participação de mercado (fonte Ibope, acumulado 2003). 4. Minerva: É uma das marcas mais tradicionais do país, lançada em 1957. Foi o primeiro detergente em pó a conter amaciante em sua fórmula. Além disso, foi a primeira marca a apresentar uma variante de perfume do mercado (Minerva Floral) e a implementar micro-cápsulas de perfume em sua fórmula, que liberam um aroma extra quando entram em contato com a água. A inclusão de silicone em seus ingredientes foi outra inovação trazida pelo detergente, que reforçou sua imagem de cuidado com as roupas. 5. Surf: Chegou ao Brasil em 2004 substituindo o detergente em pó Campeiro, lançado em 1972. O produto oferece por um preço acessível, uma fórmula indicada para a lavagem diária de todos os tipos de roupas. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 20 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda O forte apelo das marcas fortes traduz em qualidade percebida, fato que impacta o preço de cada produto. Entretanto, com o aumento das opções, os consumidores começaram a tentar experimentar outras marcas, que na etiqueta o preço é menos da metade e na embalagem muito embora, o fabricante seja o mesmo – como é o caso do portfólio de produtos da Unilever supracitados. Fonte: adaptado de http://www.ebah.com.br/content/ABAAAABbEAA/sabao- po, acesso em 19/11/2015. Tabela 1 - Mensuração qualitativa ou quantitativa do impacto das variáveis no produto ou serviço Variável/produto Produto ou serviço Variável econômica Câmbio Variável econômica Oferta x demanda Variável de custo Estrutura de custos e despesas variáveis Variável de custo Percentual de margem Variável mercadológica Perfil e estratégia da concorrência Variável mercadológica Perfil e comportamento do consumidor Variável tributária Variação de taxação por perfil da empresa Fonte: Cruz et al (2012) Bagio (2012), por sua vez, sintetiza as variáveis a partir de três janelas de mensuração a partir da forma como são entendidos os custos de produção em função da concorrência e dos clientes. Conforme podemos avaliar a seguir: GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 21 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Tabela 2 - Estratégias de preço em função dos custos de produção Custos Concorrência Clientes Baseado nos custos fixos e variáveis Baseado em pesquisa de mer- cado junto aos concorrentes Baseado em pesquisa de mercado junto aos clientes Leva em conta as pers- pectivas de retorno do investimento Leva em conta as vantagens competitivas dos produtos/ serviços da empresa diante dos produtos concorrentes Leva em conta o poder aquisitivo do cliente e seu perfil de compra É fixoe oscila somente com a variação da inflação É variável e oscila de acordo com as promoções É variável e oscila de acor- do com as variações da demanda Fonte: Bagio (2012) Com esses fatores em mente, Cruz et al (2012) amarram a discussão sobre variáveis de precificação com a própria tomada de decisão sobre o preço. Evidente que, passado os passos anteriormente descritos, essa etapa seja uma consequência de todos os pontos estratégicos pensados pelo gestor e que deve obedecer a seguinte organização para encurtar os esforços para essa atividade. Imagem 1 – Síntese do item 1.2 GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 22 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda Fazendo um link entre os pontos 1.1 e 1.2, toda e qualquer decisão de preço deve estar alinhada à estratégia desenhada pela empresa e não pode ir contra esses passos. Veja, por exemplo, que a Unilever possui várias marcas de sabão em pó para manter cada produto fiel à sua política de preços e mercados aos quais desejam atingir e encontrar os consumidores. Veremos nos próximos módulos que existem situações onde esses preços podem e devem variar, mas sempre em situação momentânea e alinhada a algum objetivo empresarial. Portanto, segundo Cruz et al (2012), o preço de venda deve ser fruto do bom entendimento entre o ambiente interno e o externo da organização vendedora, considerando todas as suas variáveis: tecnológicas, mercadológicas, operacionais, de pessoas, financeiras, dentre outras. Bagio (2012) reforça inclusive a importância da concorrência para medir o produto frente aos demais e comparativamente encontrar o mercado e preço mais adequado. No box a seguir, estão alguns dos principais erros cometidos na hora de precificar um produto. Coisa que você não mais fará! LEITURA COMPLEMENTAR OS ERROS MAIS COMUNS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA 1. Copiar o preço do concorrente. Cada empresa tem seu contexto diferente uma da outra, portanto, copiar o preço do concorrente envolve um alto risco de copiar um ambiente fora da realidade. Um grave erro. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 23 Módulo 1: Elementos que compõem o preço de venda 2. Confundir margem com lucratividade. Na hora de fazer as contas é muito comum que o empresário acredite que margem é igual a lucratividade, o que não é verdade. Margem é o resultado do preço de venda subtraídos os impostos sobre venda e o custo do produto/ serviço. Esquece-se, portanto, de ratear as despesas fixas como aluguel, telefone, água, salários etc. Lucratividade é o resultado final que se deseja alcançar. 3. Não considerar as despesas financeiras. Todas as instituições financeiras cobram tarifas/encargos para fazer as operações de crédito/cobrança como boletos, cartões de crédito etc. Você deve, portanto, levar em consideração as despesas financeiras nos cálculos do preço de venda. 4. Adotar o custo do produto como base de cálculo de despesas variáveis. Outro erro muito comum é aplicar as despesas variáveis – que variam conforme o preço de venda, como impostos e comissões – em cima do custo do produto. A forma correta é aplicar as despesas variáveis no preço de venda, pois é a partir do preço de venda que se varia os impostos e comissões que a empresa irá pagar. Desta forma, levantar e alocar todas as despesas fixas e variáveis nos cálculos da precificação é a forma mais assertiva para o desenvolvimento de um preço justo e flexível para o alcance de resultados. Fonte: http://www.profissionaldeecommerce.com.br/formacao-do-preco-de- venda/, acesso em 19/11/2015. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 24 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Nesse segundo módulo iremos adentrar no universo dos custos fixos e variáveis e entender como cada um deles interfere diretamente na decisão de preço para produtos ou serviços. Vimos no primeiro módulo que a empresa pode optar por duas formas de contabilizar os custos de produção visando conseguir mensurar o custo por unidade transformada. Sistema de custeio são as formas de apuração de custos de um determinado produto. Cabe destacar que dependendo do sistema de custeio adotado teremos diferentes custos para um mesmo produto. Basicamente, são elas: I. Método por absorção II. Método por custeio direto Vale a pena revisitarmos esses conceitos logo de início, para isso, leia os textos a seguir que ilustram cada um desses modelos. 2.1 Método por absorção O custeio por absorção, para Koliver (2000), caracteriza-se pela apropriação de todos os custos do ciclo operacional interno aos portadores finais dos custos. Esse método tem sua origem no sistema alemão desenvolvido no início do século 20 conhecido por RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit). Em síntese, é a absorção de todos os custos envolvidos na fabricação, gestão e da própria ação de vendas, sejam esses custos diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. O custeio por absorção é, tradicionalmente, o mais aplicado pela simplicidade de cálculo, principalmente em empresas de pequeno e médio porte. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 25 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis LEITURA COMPLEMENTAR O DESAFIO DA PRECIFICAÇÃO NAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS No âmbito de atuação da chamada economia de mercado, muitos empreendedores, principalmente aqueles que estão à frente de organizações de menor envergadura, têm sinalizado com dificuldades no que tange aos aspectos que envolvem critérios a serem adotados para a correta precificação de seus bens e ou serviços. Assim, se pode inferir que tais dificuldades tendem a apresentar causas distintas, dentre as quais se podem mencionar: ausência e conhecimento específico no trato para com o assunto em pauta, necessidade de formular preços finais, tomando-se por base as pressões exercidas pela arena de competição na qual a sua organização está inserida, ou mesmo a adoção de critérios incompatíveis com o esforço necessário para o correto tratamento do assunto. Neste aspecto em particular entende-se que existem lacunas na composição do nível de conhecimento julgado ideal para a realização e implementação de uma política de formação de preços, que se mostre aderente aos parâmetros e objetivos de crescimento das organizações, especialmente aquelas que atuam no segmento de prestação de serviços e, para estas o fato sugere a formulação da seguinte questão: qual método de custeio deve ser utilizado para que se consiga chegar ao preço final justo para um determinado serviço, que remunere o capital investido e se mostre suficientemente robusto para a geração de margem de comercialização? GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 26 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Muitas das vezes, com o objetivo de conquistar o cliente e competir com as grandes organizações, as micro, pequenas e médias empresas, acabam praticando preços a baixo do mercado com a finalidade criar relacionamento de médio e longo prazo e fechar contratos com grandes organizações. Por não possuir um planejamento financeiro, ela acaba tendo dificuldades de liquidez, não consegue repassar o valor para seu cliente e interfere na sua capacidade de pagamento com seus fornecedores que posteriormente para de fornecer prazos para empresa, desencadeando problemas no fluxo de caixa. Cabe ao administrador financeiro identificar os processos envolvidos no desenvolvimento do produto ou serviço, identificar as variáveis que influenciam os custos, elaborar um sistema de custos que pode ser desenvolvido no Excel, para ajudar o empreendedor a monitorar e tomar as decisões e a definição de um planejamento financeiro e comercial, para que estes estejam alinhados com os objetivos da organização e mercado. Retirado de: http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/o-desafio-da-precificacao-nas-micro-pequenas-e-medias- empresas/71076/, acesso em 24/11/2015. Exemplos de método por absorção Duarte et al (2012) exemplificam de maneira prática esse método, como pode ser observado a seguir. A título de exemplo, vamos supor que uma indústria manufature e comercialize um único produto cujo custo de matéria prima seja R$ 20,00 por unidade produzida. Agora suponha que a soma dos custos diretos e indiretos de fabricação montem a R$ 1.000,00. Se em determinado mês a empresa produzir 500 unidades desse produto, pelo método de custeio por absorção, seu custo unitário será igual a R$: 22,00, onde: Matéria-prima por unidade (a) R$20,00 Rateio dos custos fixos por unidade produzida (b) R$1000 / 500 = R$2,00 GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 27 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Total (a +b) R$22,00 Considerando o mesmo cenário, caso a empresa produzisse 450 unidades a um mesmo rateio, o custo unitário seria de R$22,20. Matéria-prima por unidade (a) R$20,00 Rateio dos custos fixos por unidade produzida (b) R$1000 / 450 = R$2,22 Total (a +b) R$22,20 Considerando um terceiro cenário, onde a produção seja igualmente de 450 unidades e o rateio dos custos fosse proporcional a produção das 500 unidades (conforme o primeiro exemplo, teríamos um rateio proporcional de R$900. Dessa forma, perceba que o total permanecerá igual ao do primeiro exemplo R$20,00. Matéria prima por unidade (a) R$20,00 Rateio dos custos fixos por unidade produzida (b) R$900 / 450 = R$2,00 Total (a +b) R$22,00 Imagine que a empresa esteja calculando uma produção menor, mas utilizando custos de rateio para uma produção maior, como o observado no segundo exemplo. Efetivamente ela estaria calculando o custo de produção de maneira equivocada e, consequentemente, precificando errado. Mesmo que os custos sejam valores pequenos unitariamente, no conjunto da produção em larga escala, isso pode gerar prejuízos e gastos desnecessários de enorme impacto. Fique sempre atento a essas variações para que seu custo por absorção seja o mais assertivo. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 28 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Trabalhar com o método de absorção implica entender seus pontos fortes e fracos para avaliar se de fato seria essa a melhor ferramenta a ser colocada em uso. Vantagens e desvantagens do método por absorção Entre as vantagens do custeio por absorção está o fato dele atender aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, editados pela resolução 1282/10 do Conselho Federal de Contabilidade, demonstrando de forma mais apropriada a relação de confronto ente receita e despesa na apuração do desempenho. Por este motivo é aceito pelo fisco brasileiro. Duarte et al (2012) detalham as razões pelas quais esse método aceito pelo Imposto de Renda do Brasil e pela Auditoria Externa, por atender aos seguintes princípios contábeis: • Princípio da Realização da Receita: ocorre a realização da receita quando da transferência do bem vendido para terceiros; • Princípio da Confrontação: as despesas devem ser reconhecidas à medida que são realizadas as receitas que ajudam a gerar (direta ou indiretamente); • Princípio da Competência: as despesas e receitas devem ser reconhecidas nos períodos de sua competência, ou seja, no período em que ocorrer o seu fato gerador. Em segundo lugar, como esse método demanda o entendimento de todos os custos de produção (diretos e indiretos / fixos ou variáveis), o levantamento da complexidade de todas essas informações merece uma busca minuciosa e que nesse entendimento resulte no melhor entendimento e controle de todas as variáveis da produção. Com isso a empresa consegue otimizar gastos e implementar ferramentas de controle para manutenção e gestão da produção e isso acaba reverberando para as demais áreas da empresa. Mas mesmo assim, essas informações não conseguem atingir grande volume de dados para tomada de decisões gerenciais. E o principal motivo para isso encontra-se a seguir. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 29 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Como ponto negativo desse método, podemos destacar a dificultosa ação de eleger quais são os custos indiretos e no subjetivismo dessas tomadas de decisão que podem tanto servir para aumentar a gestão da empresa como, também, pode inviabilizar ou custear de maneira errônea determinado produto pelo excesso ou escassez de variáveis adotadas. Melgroini (2000) conclui dizendo que “Se o critério adotado não for bem consistente, o resultado de custos ficará por certo deficiente para atender aos fins a que se propõem”. Quanto a essa visão míope, refere-se ao fato de que o modelo de Formação de Preços baseado em custos está intimamente ligado ao próprio sistema de custeio da empresa. Coelho (2009:61-65) aponta algumas diretrizes para minorar os riscos nesse momento: • Mensuração da demanda Há a necessidade de se definir a quantidade de produtos a ser comercializada ou de horas/homem que será vendida. Entretanto, na prática, esta definição é bastante subjetiva, por conta da intensa dinâmica mercadológica. Por mais que exista pesquisa de mercado, conhecimento do mercado, projeções de cenários econômicos e qualquer outra forma de tentar antecipar tendências, haverá sempre o risco de errar a quantidade e, consequentemente, a lucratividade do empreendimento. • Definição do critério de rateio dos custos e despesas fixos As empresas têm dois custos: o variável, aquele que pertence ao produto, e o fixo, aquele que está correlacionado com a estrutura e, portanto, deve ser rateado aos produtos. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 30 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Partindo desta lógica, se, por exemplo, uma empresa resolve adicionar um novo produto e isso não impactar aumento nenhum dos custos fixos por existir ociosidade na empresa, então o preço de todos os outros produtos existentes deveria cair. Em outras palavras, se existe mais um produto na linha de produção e não há custos maiores da estrutura, significa que parte dos custos, antes rateados para X produtos, passa a ser rateada por (X + 1), o que, pela lógica da formação de preços baseada em custos, fará com que todos os produtos que compõem o X fiquem mais baratos. Tecnicamente, esta matemática está coerente, mas nenhuma empresa implementará tal dinâmica. • Objetivos de lucratividade Precisamos perceber que quem tem que gerar lucro é a empresa, ou seja, o somatório de todos os produtos deve gerar margem de contribuição suficiente para que a empresa pague seus custos fixos e, ainda, gere remuneração adequada e, por isso, individualmente, nem todos os produtos devem gerar lucro. O que vale mais é: • sinergia entre os produtos: sensibilidade de saber que a demanda de um produto interfere na oferta de outro. • Questões estratégicas: alguns produtos podem e serão usados como forma de garantir participação de mercado, posicionamento da marca, entre outros. • Diferença de preço entre produtos similares: outra abordagem interessante quanto ao gerenciamento de mix esta correlacionada à noção de que muitas vezes o cliente não vislumbra preço, mas a diferença de preços de produtos similares. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 31 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis LEITURA COMPLEMENTAR ENTENDA A SAZONALIDADE DO SEU PRODUTO Quando um empreendedor tem a ideia de um novo produto, monta um planejamento de como ele será lançado, o público que vai atingir, o mercado que quer conquistar, se tem concorrentes, como faria o marketing, embalagem, preço, como faria para produzir, tendo fábrica ou terceirizando a operação…. enfim, ele cria todo um business plan que depois vai se tornar oficial diante doestudo real de mercado. Mas há situações em que o produto esbarra na tal sazonalidade. É o caso de produtos especiais de verão, carnaval, Natal e todas as datas comemorativas. É normal acontecer do consumidor reduzir o ritmo da compra de sorvetes no inverno, de água, de protetor solar… o inverso também funciona. Alguém se imagina comprando cobertor em janeiro? Mas esta análise não é a mais profunda. A gente tem que ponderar clima, se vamos ter campanhas de incentivo, promoções, lançamentos…. tudo isso tem que ser levado em consideração quando pensamos em sazonalidade – porque este conceito nem sempre é válido. Vou dar um exemplo que acaba de acontecer comigo. Minha nova empresa, a beauty´in, tem o beautydrink como carro chefe. Trata-se de uma bebida com muitas vitaminas e ativos de frutas que precisa ser consumida bem gelada. A princípio, pensamos que os meses de inverno seriam mais fracos para o produto, mas fomos surpreendidos por essa recente onda de calor que nos ofereceu um inverno quente e muito seco, trazendo uma explosão no consumo do beautydrink. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 32 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Ou seja, certeza mesmo a gente só tem que Papai Noel é tema de dezembro. Em relação ao resto, o empreendedor nunca pode sossegar. Analisar e criar estratégias que se adaptem à realidade é nossa obrigação. Retirado de https://endeavor.org.br/como-entender-a-sazonalidade-do- meu-produto/, acesso em 26/11/2015. 2.2 Método de custeio direto O método de custeio direto ou de custeio variável, como alguns também autores o nomeiam, se difere do método anterior na medida que durante um período de produção leva em conta apenas os custos variáveis de uma operação. Dessa forma entende os custos classificados como fixos na posição de despesas e, por conseguinte, desatrelados dessa equação. O método de custeio direto proporciona maior flexibilidade nas decisões de precificação, esse manejo proporciona maior janela de composição dessa variável frente a ações, ameaças e oportunidades diante o mercado. Pode auxiliar, por exemplo, em cenários onde os compradores possuem maior resistência aos preços ofertados. Para isso, como já exposto, tem sua total ênfase nos custos variáveis, ou seja, desembolsos diretos de caixa, para determinar o limiar de custos. Acima deste, haverá a absorção das despesas e dos custos indiretos, cuja incidência no custo final deverá ser calibrada de acordo com as reais condições de mercado. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 33 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Em suma, podemos destacar alguns pontos iniciais que merecem ser frisados em função da atuação prática empresarial nos seguintes benefícios: • Aumentar o poder competitivo da empresa; • Planejar e controlar o resultado econômico da empresa; • Equalizar a capacidade de produção e o comportamento do mercado. Coelho (2009) localiza historicamente o método que tem seus primeiros registros no final do século XIX, nos Estados Unidos da América e em 1936 Jonathan Harris emprega pela primeira o termo, mas somente a partir de 1950, que o mesmo se firma e consegue deixar latente seus benefícios empresariais. Sendo que a primeira definição amplamente divulgada ocorre em 1951, em artigo de autoria do W.W. Nerik, que definiu o custeio direto da seguinte forma: “O custeio direto deve ser definido como uma separação entre os custos de fabricação e os custos variáveis com o volume de produção. Para determinar o custo do produto em estoque, assim como o custo do produto vendido, somente se computam os custos primários e os custos indiretos variáveis. As despesas fixas referentes à fabricação, vendas e administração serão debitadas a lucros e perdas. É importante notar, porém, que o custeio direto consiste, em primeiro lugar, na separação de despesas, e somente em segundo lugar, num método para determinar o valor dos produtos em estoque. Na análise do lucro pelo método do custeio direto, todos os itens referentes ao custo e às despesas são colocados em ordem decrescente de acordo com sua variabilidade. O primeiro item a ser deduzido da receita bruta de vendas é o custo variável de fabricação. Também a parte diretamente variável das despesas de vendas como as comissões, por exemplo, deve ser deduzida. A importância líquida após estas deduções é convencionalmente chamada de margem comercial. As deduções seguintes serão todas de GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 34 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis natureza fixa, isto é, despesas fixas de administração, vendas e fabricação, obtendo-se assim o lucro líquido da empresa, anterior à tributação sobre a renda, para determinado período” Schoelps (1992) apud Nerik (1951). Tipos de gastos O método de custeio direto, segundo Cruz et al (2012), leva em conta os seguintes gastos na hora de calcular o valor de produção: Imagem 2 – tipos de gastos GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 35 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Para explicar essas três variáveis e como elas se relacionam, primeiro devemos conceituar cada um desses termos e exemplificá-los de acordo. Para isso, nos apoiaremos em Cruz et al (2012): • Custos Trata-se dos gastos diretos e/ou indiretos ligados a produção do produto ou serviço. Quando estamos falando do método de custeio direto, entendem-se como: custos fixos, variáveis e híbridos. 1.1. Custos fixos: são gastos voltados para a produção do produto ou serviço que não variam conforme a quantidade produzida. Ou seja, são valores a considerar que não terão mudanças mesmo com uma oscilação maior ou menor da produção. Podemos destacar alguns custos fixos, por exemplo, aluguel do barracão da fábrica; salário dos funcionários, dentre outros. 1.2. Custos variáveis: em contraposição aos custos fixos, custos variáveis oscilam conforme o volume de produção. Algumas vezes entram em cena apenas quando há de fato a produção de determinado produto ou serviço. Podemos destacar alguns custos variáveis, por exemplo, compra de matéria-prima, aluguel de equipamentos específicos e/ou contratação de mão de obra ocasional para determinada produção. 1.3. Custos híbridos: são custos envolvidos na produção de um produto ou serviço que podem ser entendidos como parcialmente fixos e variáveis. Portanto, devemos entender que custos dessa natureza apresentam custos fixos até determinado patamar de produção e que ao ultrapassá-lo torna-se variável. Podemos destacar alguns custos híbridos, por exemplo, contratação de mão de obra temporária para compor a equipe GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 36 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis atual, determinado produto promocional com a composição do produto ou embalagem alterada ou também pode-se considerar a remuneração por desempenho, até certa quantidade produzida, valor fixo (semifixo) a partir dessa quantidade estabelecida variável. • Investimentos São gastos realizados no que tange o aporte de capital no intuito de manter a competitividade da empresa, acontece por meio da aquisição de infraestrutura, tecnologia, capacidade de produção e pesquisa para inovação. Da mesma forma, a ampliação da atuação por uma nova unidade de negócios entra nessa seara de gastos. • Despesas São gastos associados à questão administrativa do empreendimento, portanto, não apresentam ligação direta ou indireta ao processo de produção. Pelo método de custeio direto as despesas entram na mesma classificação dos custos (separados em fixos, variáveis e híbridos) Processos de construção por meio do custeio direto Os processos de construção por meio do custeio direto se dão da seguinte maneira, conforme podemos observar na imagem a seguir: GESTÃO FINANCEIRACURSO A DISTÂNCIA 37 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Imagem 3 A partir da imagem, percebemos como o método em questão consegue reunir e separar a estrutura de despesas e custos fixos dos variáveis de forma a entender quais são aqueles que competem diretamente à transformação de produtos e serviços. Com essa separação, somos capazes de entender o peso de cada uma dessas frentes de gastos e, por conseguinte, obter um melhor entendimento sobre a estrutura e a contribuição de cada produto nessa equação, conforme veremos esquematizado na figura a seguir. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 38 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Imagem 4 – Evidências do método direto Entender o peso de cada estrutura da empresa, como a Imagem 4 descreve, é um dos fatores de extrema relevância para que a equipe de gestores possa definir e antecipar estratégias empresariais. Isso se dá pela identificação de custos e despesas fixas que demonstram o quanto a empresa desprende caso suas atividades oscilem ou estejam em pouca atividade. Por isso, o entendimento sobre esses devem ser fatores-chave de sucesso para organizações que busquem competitividade. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 39 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis LEITURA COMPLEMENTAR PRECIFICAÇÃO POR MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO A margem de contribuição consiste no quanto a empresa tem para pagar as despesas fixas e gerar o lucro líquido. Por isso o nome contribuição, esta margem contribui para o pagamento dos custos fixos e lucro desejado. Não podemos confundir a margem de contribuição com o lucro, já que faltam ainda os custos fixos. Veja a figura abaixo: Faturamento Gastos Variáveis Margem de contribuição Gastos fixos Lucros O custo fixo existe independente da produção e venda de um produto. De que adianta então considerarmos para cada unidade de cada produto uma parcela do custo fixo? Voltamos assim ao conceito de Margem de Contribuição, que é a diferença entre o preço de venda e os gastos variáveis de cada produto, de acordo com a fórmula: Margem de Contribuição = Valor das Vendas – (Custos Variáveis + Despesas Variáveis) Os custos fixos ficam, portanto, separados e tratados como se fossem despesas do período, indo diretamente para o Resultado (Custeio Variável). A margem de contribuição atrelada ao custeio variável possibilita vantagens importantes ao negócio, como: • Conhecimento do produto com maior margem de contribuição, o qual deve ter sua venda incentivada; GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 40 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis • Decisão de produtos que a empresa irá deixar de comercializar; • Identificação do ponto de equilíbrio (volume de vendas necessário para pagar despesas fixas e variáveis; ponto a partir do qual, se começa a gerar lucro); • Simulação e elaboração de tabelas de preços com descontos especiais, podendo, por exemplo, conseguir desconto grande em um produto, deixando-o sem margem de contribuição, de forma a obter uma grande margem em outro produto que permita, no total do negócio, uma boa margem; • Realização de campanhas de vendas com análises de descontos/ bonificações x quantidade de venda necessária para obtenção de resultados; • A decisão de produção (e quantidade) de determinados produtos, baseado em qual poderá trazer mais retorno para a empresa no caso de poucos recursos disponíveis. O ideal na precificação é o ajuste dos preços de venda de forma a conseguir boa margem de contribuição e ainda permanecer com valores inferiores aos da concorrência. Para buscar esse ideal, o gestor deve: • Negociar mais com fornecedores para redução máxima dos custos variáveis dos produtos/serviços; • Verificar melhor enquadramento tributário, visando menos gastos possíveis com impostos; • Consolidar uma estratégia de bonificações aos vendedores que não impacte significativamente nas despesas variáveis e ao mesmo tempo motive as vendas; GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 41 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis • Avaliar continuamente as despesas fixas de modo a evitar gastos desnecessários. Veja as formas de execução dessa tarefa e em quais situações elas são recomendadas: Sistema Integrado Utilizando um sistema integrado (ERP), quando a compra é lan- çada confirmando uma nota fiscal de entrada, o próprio sistema faz automaticamente a apuração do custo do produto e calcula o preço de venda para o item que está sendo comprado, de acordo com parâmetros (valores pré-definidos) já cadastrados. Reco- mendado para empresas que possuem uma ampla gama de pro- dutos, formando seus preços de venda de maneira automática, segura e confiável. Eletrônico Manual Utilizando planilhas eletrônicas ou programas separados para incluir todos os elementos para formação de preço por margem de contribuição, independente das demais operações internas da empresa. Indicado para empresas com baixa variação de produ- tos. A não integração dos processos faz com que o procedimento fique sujeito a erros no momento do registro das informações. Manual Utilizando apontamentos em papel de todos os elementos para formação de preço por margem de contribuição. Esse método pode ser utilizado por empresas que trabalham com apenas um tipo de produto, sem variações. Retirado de https://www.mahagestao.com.br/conteudos/precificacao-por- margem-de-contribuicao, acesso em 29/11/2015. O texto complementar ilustrou bem como fazer e a importância do entendimento sobre a margem de contribuição por produto, aprofundando ainda mais a Imagem 4. Evidências do método direto, Cruz et al (2012) vão além e classificam ao grau de contribuição em três níveis a seguir: GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 42 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis • Margem positiva: quando o produto ou serviço é favorável ao negócio. • Margem nula: produto ou serviço indiferente ao negócio. • Margem negativa: produto ou serviço não favorável ao negócio. Para chegar a esse entendimento, ainda recorrendo a Cruz et al (2012), devemos ter em mente que a margem de contribuição é o resultado da subtração entre o preço de venda e os custos variáveis, conforme podemos observar a seguir: PREÇO DE VENDA – CUSTOS VARIÁVEIS = MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Nesse momento já deve estar claro para você que a margem de contribuição é um indicador de desempenho, talvez o principal, para averiguar se determinado produto é de fato economicamente viável para a empresa. Você também já sabe que o referencial para esse entendimento é a contribuição desse produto em função dos custos fixos indexados. O gráfico a seguir representa as três análises da margem de contribuição supracitadas. Gráfico 1 – Representação dinâmica da margem de contribuição GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 43 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Para ler o gráfico 1 da maneira correta, admita que: PV = Preço de venda. CV = Custos variáveis. DV = despesas variáveis. Para finalizarmos a análise desses dois métodos, podemos sintetizar algumas informações principais. Vamos lá? 2.3 Comparações e diferenças entre os dois métodos. Percebemos que a questão de precificação em função das variáveis de custos pode ser encarada como uma atividade primordial para que empresas consigam a sobrevivência de mercado. O modelo de custeio direto é uma excelente maneira para que o gestor consiga avaliar de maneira individualizada o comportamento de cada um dos produtos que compõem o portfólio da empresa de modo a torná-lo apto no que diz respeito à assertividade para tomada de decisões que impliquem a continuidade ou não de determinado produto, da mesma maneira ele saberá onde deve alocar maioratenção frente à rentabilidade de cada produto e isso auxiliará em decisões de todo escopo de negócio. O método de absorção, por sua vez, talvez seja a ferramenta mais óbvia para precificação e igualmente a mais facilitada. Sempre vale ressaltar a aceitação do método de absorção para a preparação de demonstrações contábeis. A seguir, temos uma tabela elaborada por Moura (2005) que compara os dois métodos. Vamos a ela: GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 44 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis Tabela 3 – Diferenças entre custeio por absorção e direto Custeio por absorção Custeio direto Todos os custos de fabricação são considerados como custo do produto Apenas os custos variáveis são considerados O resultado varia em função da pro- dução O resultado varia somente em função das ven- das É necessário utilizar métodos de ra- teio muitas vezes arbitrários para de- finir custos fixos aos produtos Não se utiliza de métodos de rateio, os custos fixos são considerados como despesas e não custo do produto É possível estabelecer um custo uni- tário total Há um custo unitário parcial Não identifica a margem de contri- buição Identifica a margem de contribuição unitária e global Importante para decisões de longo prazo Importante para decisões de curto prazo Fonte: Moura (2005) GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 45 Módulo 2: Custos e despesas fixas e variáveis LEITURA COMPLEMENTAR OUTRO MÉTODO DE CUSTEIO: MÉTODO ABC O método, ou sistema ABC (Activity-Based Costing) é uma técnica ou método contabilístico, desenvolvido por Robert Kaplan e Cooper em Harvard em meados da década de 80 sendo aplicado na contabilidade analítica com o objetivo de garantir uma correta imputação de todos os custos, incluindo os custos indiretos às atividades que estão na sua origem. A utilização do método ABC permite às organizações determinarem os custos associados a cada atividade, segmento, área ou produto (ou seja, a cada centro de custos) e, desta forma, avaliar a rentabilidade ou contribuição de cada centro de custos para a rentabilidade da empresa como um todo. Os custos são analisados, associando-se as atividades aos produtos ou serviços com base na procura por tais atividades pelo produto ou serviço durante o processo de produção. De fato, o método ABC demonstra a relação entre Recursos consumidos (o que foi gasto: água, energia, salários, matérias- primas, etc.), Atividades executadas (onde foi gasto: produção, informática, vendas, serviços pós-venda, etc.) e Objetos de Custo ou Outputs (para que foi gasto: produto A, Produto B, Atividade C, etc.). Enquanto nos métodos tradicionais utilizados na contabilidade analítica a alocação dos custos é efetuada através de critérios de rateios limitados (geralmente quantidade produzida ou vendida), no método ABC existe uma multiplicidade de critérios (denominados de direcionadores de custos ou cost drivers) cada qual específico à atividade (custo) a que se relaciona. O direcionador de custos (cost driver) representa a causa do volume de recursos consumidos pela atividade. Fonte: adaptado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Custeio_baseado_em_atividades, acesso em 29/11/2015. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 46 Módulo 3: Avaliação de mercado Módulo 3: Avaliação de mercado É fundamental o estudo das estratégias de precificação que a empresa deve ter, a fim de que se possa dirigir a organização para onde se deseja alcançar. Assim, as estratégias de apreçamento têm o mérito de serem capazes de explorar ao máximo as possibilidades que o meio apresenta e minimizar os efeitos negativos da tomada de decisão. O estudo da precificação é algo vivo e em constante contato com fatores diretos, paralelos e tangenciais à própria empresa. Nesse módulo, adentraremos em como o preço pode ser por si só uma vertente estratégica perante o mercado consumidor e dos concorrentes. Para isso, veremos em alguns conceitos de marketing onde no marketing mix: promoção, produto, praça e preço caminham harmonicamente para garantir parcelas de clientes e a rentabilidade da organização. Mas primeiro devemos caracterizar o que é a disciplina do marketing em função de alguns mitos que o permeia. 3.1 Marketing Uma vez que a palavra marketing, é tão mal usada e banalizada que, ao longo do tempo, surgiram diversos mitos relacionados ao marketing, por exemplo: 1. “Marketing é a propaganda feita para aumentar vendas”. 2. “Atividades para promover uma pessoa”. 3. “Atividades para criar necessidades”. 4. “Forma capitalista de fazer as pessoas quererem coisas de que não necessitam”. 5. “Marketing não é ético”. 6. “Marketing é vendas”. Marketing pode ser entendido de uma maneira simplificada como a ciência e arte de realizar trocas entre entes - pessoas jurídicas e/ou físicas - que sejam eficientes e eficazes de modo a garantir a reputação e a perpetuação desses para futuras trocas e assim cunhando a durabilidade dos mesmos em função ao mercado. Portanto, GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 47 Módulo 3: Avaliação de mercado preocupa-se com o desenvolvimento e a manutenção das relações que envolvem produtos, organizações, pessoas, lugares, causas e tudo mais em que o beneficio da troca possa ser maximizado para as partes envolvidas no processo. Outra forma de entendimento é dada por Cortez (2006:10) ao afirmar que “pode-se dizer que as atividades de marketing consistem na procura da composição das variáveis controláveis de marketing que maximizem os objetivos da organização à luz do comportamento das variáveis ambientais não controláveis”. Variáveis controláveis de marketing Quando falamos nas variáveis controláveis de marketing, o primeiro conceito que nos vem à tona é do Mix marketing - os famosos 4 Ps: Preço, praça, produto e promoção. Cortez (2006:10) continua: “As variáveis de decisão de marketing (4 P’s) são caracterizadas como fatores controláveis pela organização e que podem ser manipuladas para influenciar as trocas (também chamadas de instrumentos de política de marketing ou ferramentas de marketing). A tarefa básica da organização é encontrar as melhores combinações para essas variáveis, de modo integrado”. Morante (2009: 62-65) nos dá uma breve e elucidante explicação sobre cada uma dos itens que compõem o composto de marketing: O “P” de produto envolve o entendimento sistêmico de todas as características relacionadas diretamente ao portfólio da empresa em cada um desses objetos e serviços oferecidos, tais como características técnicas e construtivas, desempenho, GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 48 Módulo 3: Avaliação de mercado forma, design, marca, embalagem etc., aplicáveis a cada produto e sua inclusão em determinadas linhas. Estrategicamente, uma linha de produtos deve ser analisada do ponto de vista da sua extensão e da sua profundidade. A extensão configura a complementaridade, enquanto a profundidade diz respeito aos diversos tipos de uma mesma “família” de produtos. O segundo P, de praça, comporta os aspectos relacionados à localização física de suas unidades comerciais, canais de distribuição, logística e demais itens afetos à área de operação da empresa com vistas ao alcance físico dos potenciais compradores. Nesse particular aspecto, as evidências de racionalização de custos operacionais são recorrentes. Em uma situação em que os custos com transporte e locomoção se avolumam, por efeitos conjunturais, a instalação de entrepostos contribui enormemente para a diminuição dos custos operacionais. Em outras situações, pode ser mais conveniente a utilização de canais de vendas e distribuição de terceiros, ao invés de força de vendas e filiais próprias. O terceiro P, de preço, abarca todos os aspectos direta e indiretamenterelacionados com o real custo de aquisição do produto para o consumidor que devem ser alvo de análise nesse aspecto. Uma política de preços que possa atender a distribuidores atacadistas, revendedores, representantes comerciais e consumidor final, mediante a prática de descontos sobre uma lista de preços com aplicação nacional, certamente pode transformar- se em vantagem competitiva perante distribuidores regionais e até mesmo o consumidor final, contribuindo para a formação de uma imagem positiva da empresa junto a seus parceiros e clientes. As condições de pagamento também devem ser consideradas neste P, bem como descontos promocionais e outras atividades que possam ser diretamente relacionadas ao custo de aquisição do produto para o consumidor final. O quarto P, de promoção, diz respeito à estratégia de comunicação com o mercado e ações promocionais voltadas para a penetração e consolidação do produto, da marca, campanhas de vendas, treinamento da força de vendas, material de ponto de venda, propaganda cooperada e outras formas de divulgação do produto. A figura a seguir resume algumas das funções para cada um dos itens que compõem o composto de marketing. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 49 Módulo 3: Avaliação de mercado Figura 3 – Composto de marketing Como nosso material trata sobre a formatação do preço de venda, agora que você já conhece de maneira completa o composto de marketing, passaremos para a análise do item mais pertinente que seria o preço dentro de uma avaliação mercadológica. 3.2 O preço dentro de uma avaliação mercadológica Evidente que nessa hora algumas perguntas devem passar em sua cabeça, por exemplo: • Por que um cliente compra um produto ou serviço? • Por que um cliente escolhe determinado produto em detrimento dos demais ofertados no mercado? Precisamos entender que o cliente compra um produto porque ele é aquele que atende aos anseios de consumo da maneira mais adequada. Ou seja, é aquele que teve o apelo de venda e os gatilhos de consumo mais encadeados. No texto complementar a seguir, veremos como funciona esse processo e como tornar o produto mais desejável para o consumidor. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 50 Módulo 3: Avaliação de mercado LEITURA COMPLEMENTAR COMO É O PROCESSO DE DECISÃO DO CONSUMIDOR? O modelo do processo de decisão do consumidor representa as etapas que os consumidores passam antes, durante e depois de fazerem alguma compra. Começa quando os consumidores reconhecem que têm uma necessidade não satisfeita e querem fazer alguma coisa para mudar essa situação. O passo seguinte é a busca de informação, quando os consumidores procuram se lembrar de experiências passadas ou procuram em fontes externas. Hoje em dia, as redes sociais têm desempenhado importante função nessa etapa do processo. A terceira etapa é a avaliação das alternativas disponíveis. Nesse ponto, é crucial conhecer quais são os atributos mais importantes para o seu consumidor- alvo, pois é muito provável que ele abra mão de algumas características do produto em detrimento de outras que considera mais urgentes para satisfazer sua necessidade. A quarta etapa é a compra em si, momento no qual é importante garantir que o produto esteja acessível. Muitas empresas tentam fazer desse momento algo memorável, proporcionando uma experiência única para seus consumidores. A última etapa do processo de decisão do consumidor é o pós-compra. Diversas empresas negligenciam essa etapa, perdendo a oportunidade de saber se o produto foi capaz de satisfazer as necessidades do consumidor e de construir um relacionamento duradouro e lucrativo. É extremamente importante compreender como seus consumidores se comportam em cada etapa do processo de decisão de compra para garantir o sucesso da sua empresa. Retirado de http://exame.abril.com.br/pme/noticias/como-e-o-processo-de- decisao-do-consumidor, acesso em 30/11/2015. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 51 Módulo 3: Avaliação de mercado Entendendo o processo de decisão do consumidor, precisamos também entender como a estratégia de preço pode influenciar a demanda de consumo. Para isso, é necessário entender a diferença de valor e custo de um produto. A diferença entre o valor e custo de um produto Resumidamente, podemos diferenciar custo como o montante necessário para a entrega do produto ou serviço e valor como o cliente percebe esse produto, seja pelas características que o diferenciam dos demais quanto pelo status e percepção da marca no mercado. No texto complementar a seguir há uma ilustração mais detalhada sobre esses dois conceitos muito importantes para entender a variável preço dentro do composto de marketing. LEITURA COMPLEMENTAR ENTENDENDO A DIFERENÇA ENTRE CUSTO E VALOR A análise dos custos empresariais permite o empresário ter uma visão holística da empresa, apontando: primeiro, a origem de cada custo, segundo, em que momento este custo aconteceu, terceiro qual a proporção deste custo, quarto e não menos importante, qual o lucro líquido do produto. Para entender melhor tudo isso, faz-se necessário diferenciar custo de valor; segundo o dicionário, custo significa “preço pelo que se compra um ou fabrica um produto”, porém para o mundo empresarial, custo tem um significado diferenciado, que é o gasto econômico que representa a fabricação e/ou a comercialização de um produto ou a prestação de um serviço. Já, quando o assunto é valor, no dicionário seu significado é “preço atribuído a uma coisa; estimação, produto”, porém para o mundo dos negócios, valor significa corresponder às necessidades e desejos de nossos clientes, onde que, a competitividade nos força a uma adaptação quase total a eles. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 52 Módulo 3: Avaliação de mercado Quando falamos de valor, temos que considerar três esferas com definições diferenciadas: primeira, para o fornecedor, valor significa qualidade do produto, valor agregado; segunda, para o cliente, valor significa a realização de um desejo ou necessidade; e a terceira definição será o meio-termo que permitirá a realização efetiva de uma venda. Mas, será que essa é de fato uma prática corrente ou é apenas mais um discurso ilusório para mostrar aos clientes quem está mais bem preparado para atendê-los? Verdade ou não, a contrapartida do compromisso em atender melhor o cliente é que queremos cobrar mais por isso. Em tese, a empresa fornecedora dispõe de um produto ou serviço, agrega mais valores para poder cobrar mais e vende o pacote que o cliente quer. Quem vende tem a sua composição de custos, que inclui matéria-prima, produção e mão-de-obra, entre outros, além da sua marca e outras características inerentes ao seu produto ou serviço, entretanto, para quem compra nada disso tem valor. O valor está nos fatores que são importante para si como a utilidade, benefício, longevidade ou a garantia, o resto é dispensável, sendo incorporado ao produto/serviço só para se pagar mais caro. Quem está de fato preocupado em atender ao seu cliente de maneira personalizada é que vai poder encontrar a melhor definição de valor, ou seja, a medida variável que se atribui a um produto ou serviço necessário ou desejoso aos desígnios humanos. Nessa definição, existe um componente variável que é uma grande pedra no nosso sapato: o concorrente trazendo novos sentidos para a mesma palavra. Está mais do que na hora de compreendermos esse cenário e deixar a palavra preço de lado, está mais do que claro que preço é um componente do valor. Chegou o momento de aplicarmos os conceitos que ouvimos a todo o momento, como segmentação, nicho, customização, um-a-um, CRM, etc. e transformarmos nossos comportamentos. GESTÃO FINANCEIRA CURSO A DISTÂNCIA 53 Módulo 3: Avaliação de mercado
Compartilhar