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Unidade 3 Gerenciamento de preços Danilo Pereira da Silva © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Sumário Unidade 3 Gerenciamento de preços ............................................................................. 5 Seção 1 O preço como elemento de estrátegia empresarial ........................ 7 Seção 2 Componentes na formação de preços ............................................18 Seção 3 Adequação de preços........................................................................28 Seção 4 Mudança de preços ...........................................................................36 Unidade 3 Danilo Pereira da Silva Gerenciamento de preços Convite ao estudo Olá, prezado aluno! Cotidianamente você passa por situações em que avalia situações de compra, seja a bala oferecida no semáforo ao parar seu carro, seja na hora de adquirir um plano telefônico ou na hora de ao comprar um computador. Em todas elas o preço é um fator influenciador e em alguns casos determinante na hora de efetuar a concretização da compra. Há diversas formas de efetuar a precificação dos produtos, e na era digital novos desafios são lançados aos profissionais de marketing: como precificar seus produtos? Quais estratégias e meios para definir preços para canais de venda on-line e off-line? Quais são os componentes que formam o preço do produto e serviço? No decorrer deste estudo vamos avançar nestas questões e destrinchar os principais conceitos para a precificação, a diferenciação dos custos e preços on-line e off-line, como adequar os preços e estratégias para mudanças de preços. Como profissional de marketing, você poderá ao fim destes estudos elaborar planos de precificação de produtos e serviços, obtendo, assim, novas habilidades e conhecimentos para sua atuação diária. Vamos aos estudos! Não pode faltar Olá, caro aluno! Nas últimas etapas aprendemos muito sobre o conceito do marketing, suas estratégias e as influências no processo decisório, além de nos aprofun- darmos nas questões de produtos, canais de distribuição, comércio digital e gestão de marca. Agora vamos um pouco além do conceito de marketing e produto em si. Você já percebeu que o mesmo produto tem preços diferentes ao pesquisarmos em bairros diferentes? E se comparamos um na loja física e na virtual? Muitas vezes o preço também é muito diferente! Além disso, quanto vale determinado produto? São esses questionamentos que vamos procurar esclarecer nos próximos itens. Para isso, vamos acompanhar duas irmãs empreendedoras com uma loja de semijoias e bolsas em um bairro de sua cidade. Elas passaram por dificul- dades para se adaptar a um novo cenário, em que uma grande loja de produtos femininos se estabeleceu em um shopping da região. Para que seu negócio não fosse à falência, elas buscaram entender o conceito de marketing, segmentar e influenciar seus clientes, criaram um plano de marketing e decidiram investir em uma loja virtual. Agora elas chegaram a um momento crucial: como precificar seus produtos? Será que elas devem manter o valor dos produtos da loja física no e-commerce? Os produtos da loja física já estão com seus valores abaixo do esperado, e mesmo com o movimento que suas estratégias de marketing estão trazendo, elas ainda estão passando por dificuldades. Será que elas devem alterar o valor dos seus produtos? Novamente elas resolveram contar com você para auxiliá-las nesta etapa do negócio e para responder essas questões. 7 Seção 1 O preço como elemento de estrátegia empresarial Diálogo aberto Precificar seus produtos é uma atividade crucial para estratégia de marke- ting da empresa, e por isso não deve ser tomada de forma simplista. Há diversos fatores que influenciam a precificação. Seja para manter seus serviços, como caso de Organizações Não Governamentais (ONG), seja visando lucro, como empresas tradicionais, o preço é um elemento chave para todas as organizações. O preço é um dos elementos mais importantes do mix de marketing e deve ser observado com o devido cuidado. Dias afirma que: O preço é uma variável tão relevante para a empresa que uma corrente de pensadores postula que a empresa, quando os preços no mercado não mais desempenham satisfatoriamente seus papeis na alocação de recursos, é apenas uma forma de organização interna da função da produção. (DIAS, 2003, p. 254) Kotler, considerado o principal especialista de marketing do mundo, pontua que: Preço é o elemento do mix de marketing que produz receita; os demais produzem custos. Ele também é um dos elementos mais flexíveis: pode ser alterado com rapidez, ao contrário das características de produtos e dos compro- missos com canais de distribuição. (KOTLER, 2000, p. 476) Podemos, assim, observar a importância do elemento preço. Seu principal desafio, agora, é como precificar um produto ou serviço. Tradicionalmente as organizações seguem lógicas semelhantes à seguinte: cobrir os custos de produção, custos indiretos e adicionar uma porcen- tagem de lucro. Essa ideia não está exatamente errada, mas há formas mais 8 eficientes de precificar seus produtos e obter resultados melhores. Vamos juntos entender um pouco mais sobre elas. Curva de Demanda A curva de demanda é um dos primeiros itens que devemos levar em conta na formação de preço após cobrir os custos de produção. Este conceito explora graficamente a variação de demanda versus preço de determinado produto, conforme Figura 3.1. Em geral, a tendência da curva de demanda é que quanto menor o preço, maior a demanda por tal produto. Figura 3.1 | Curva de demanda Fonte: elaborada pelo autor. Neste exemplo, um produto sendo vendido a R$ 5,00 tem uma demanda de 10.000 unidades. Este mesmo produto, quando vendido a R$ 40,00, tem uma demanda de 1.000 unidades. Cada produto ou serviço deve ser analisado separadamente, pois suas curvas de demandas são diferentes. Alguns fatores influenciam drasticamente curva de demanda de um mercado. São eles: • Monopólio: situação em que uma empresa detém exclusivamente a comercialização de um produto e não existe a possibilidade de um produto substituto. Nestes casos, a curva de demanda é pouco influenciada pelo valor do produto 9 • Oligopólio: em um mercado com poucos concorrentes devido à barreira de entrada no setor – e mesmo com algumas diferencia- ções dos produtos entre si –, a curva de demanda tem a tendência de ser plana. • Cartel: tipo ilegal de aliança entre empresas, em que existe a combi- nação de preços e, assim, a dominação de um setor por um grupo de empresas. Além de lesar o consumidor, em geral ocasiona barreiras de entradas a novos competidores, para manter sua curva de demanda estável. • Concorrência monopolista: situação em que há diversas empresas que vendem o mesmo produto, porém concorrem em segmentos diferentes devido a diferenciações no produto. Neste caso, suas curvas de demanda tendem a estar estáveis e planas. • Concorrência pura:situação em que temos diversas empresas concorrendo diretamente, com produtos idênticos e substituíveis. Neste caso, a curva de demanda dos produtos da organização segue a tendência do mercado no qual está inserida. No Quadro 3.1 vamos avaliar alguns exemplos destes casos para compre- ender melhor cada modelo. Quadro 3.1 | Modelos de Concorrência Tipo Exemplo Observações Monopólio Energia elétrica Apenas uma empresa oferece o serviço. Oligopólio Telefonia móvel Poucas empresas oferecem o serviço e o setor tem altas barreiras de entrada. Cartel Cartel de combus-tíveis Cartel identificado em 2007. Concorrência monopolística Restaurantes de comida asiática Restaurantes que focam na culinária asiática, com poucos concorrentes. Concorrência pura Restaurantes de comida por quilo Mercado aberto, em que diversos concorren- tes ofertam o mesmo produto. Fonte: elaborado pelo autor. Para efetuar a curva de demanda, os profissionais de marketing utilizam alguns dados, como Churchill e Peter (2012) nos apresentam: • Ciclo de vida: ao longo da vida do produto há diversas altera- ções, sejam promoções que deslocam a curva, novos concorrentes, 10 produtos substitutos, inovações tecnológicas e mudanças no gosto dos consumidores. • Estimativa de demanda: os profissionais de marketing não têm a certeza da demanda em cada nível de preço; então para estimar, efetuam pesquisas de fatores demográficos e psicológicos e assim avaliam quanto o mercado é sensível a mudanças de preços. • Fatores demográficos: podem demonstrar qual o tamanho do mercado, potencial e seus recursos. • Fatores psicológicos: o profissional pode observar se o preço é um fator considerado indicador de qualidade para determinado público; por exemplo, se esse público é atraído por números “quebrados”, como R$ 1,99 em vez de R$ 2,00. Reflita Lembre-se, em seu histórico de compras, de quando você comprou um produto comum. Você acha que foi influenciado por estratégias de valor fracionado? Levou em conta o pres�gio da marca? Considerou o preço como um indicador de qualidade? Considerou o preço como um fator para deter- minar a compra? E se a compra foi de um produto de tecnologia, suas respostas perma- necem as mesmas? Elasticidade de Demanda Outro fator que deve ser considerado na precificação é a elasticidade de demanda. Churchill e Peter (2012, p. 342) definem este conceito como “[…] a medida da sensibilidade da demanda à mudanças nos preços.” Em suma, isso significa o quanto a alteração do preço influencia a demanda. Esta análise se baseia no cálculo: Elasticidade de Preço = Mudança na quantidade / Quantidade OriginalMudança no Preço / Preço Original Mudança na quantidade / Quantidade Original Elasticidade de Preço = Mudança Percentual na demandaMudança Percentual no Preço 11 A partir do resultado desta análise, é possível identificar a sensibilidade do mercado à alteração de preço. Caso o resultado desta equação seja maior que 1 a demanda é definida como elástica, ou seja, uma pequena alteração no preço resulta em grandes mudanças na quantidade demandada. Se o resultado for menor que 1 a demanda é definida como inelástica, ou seja, a mudança no preço produz pouca alteração na demanda. Na prática podemos observar demandas inelásticas em produtos de necessidade básica e/ou sem produtos substituíveis. O café pode ser conside- rado um produto de demanda inelástica, pois mesmo que seu valor unitário aumente, os consumidores continuarão consumindo. No caso de demandas elásticas, exemplos são produtos facilmente substituídos: se o preço da viagem de turismo ao exterior subir, os consumidores passam a optar pelo turismo nacional. Conhecer a elasticidade da demanda do seu produto é fundamental para construir sua receita. Em casos de demandas elásticas, quanto menor o preço maior a receita: se o valor da viagem ao exterior estiver mais baixo, o número de turistas aumenta e, assim, a organização lucra no volume de vendas. Já em demandas inelásticas é exatamente o contrário: a receita aumenta ao aumentar o preço, pois o consumo se manterá ou diminuirá em baixa quantidade. Assimile Para entender melhor a diferença entre demandas elásticas e inelás- ticas, podemos observar o consumo do povo brasileiro. O arroz é um produto base da alimentação do brasileiro, que mesmo sofrendo aumentos não tem seu consumo diminuído significativa- mente, sendo assim um produto de demanda inelástica. Por outro lado, por mais que a carne bovina seja um produto apreciado pelos brasileiros, o aumento de preços ocorrido no último ano diminuiu a demanda de consumo do produto drasticamente, sendo ele substi- tuído por outros alimentos, como a carne suína. Isso mostra que ela é um produto de demanda elástica. Precificação As estratégias para precificação são diversas. Há entre ela as fundamen- tadas em análise marginal, baseadas em custos, em concorrência, em valor para os clientes, não sendo exclusivas. Churchill e Peter (2012, p. 328) trazem uma versão síntese da precificação “O que meus fornecedores cobram me diz 12 o máximo que posso descer. O que meus concorrentes cobram é o máximo que posso subir. Eu escolho um ponto intermediário e esse é meu preço”. De forma geral os preços devem ser altos o bastante para cobrir o custo total de produção e marketing. Este custo engloba os custos fixos, que não se alteram independentemente da quantidade produzida, como gastos com funcionários administrativos e aluguel, e custos variáveis, que são direta- mente influenciados pela quantidade produzida, como a matéria-prima e a mão de obra. Além de cobrir seus custos, é necessário obter retorno para se manter no mercado. O Markup é uma maneira utilizada por profissionais de marketing utilizam para obter esse retorno, em que é acrescentado um percentual ou valor sobre o preço de custo. Outra maneira é a Taxa de Retorno, pela qual o profissional determina os custos totais e adiciona a eles uma porcentagem desejada sobre o valor investido, para determinar o preço de venda. Precificação on-line e off-line Nesta era tecnológica é necessário entender como precificar os produtos tanto no mundo off-line quanto no mundo on-line. Uma situação que ocorre normalmente é as organizações transporem seu preço da loja física para a loja virtual, porém, ao analisar mais detalhadamente, é possível perceber que esta transposição pode ser um erro. Vamos analisar um exemplo do mundo real para entender essa diferença. Tomaremos por exemplo os custos de uma livraria: • Custos fixos: aluguel do ponto de venda, estantes e material para exposição, funcionários administrativos, energia elétrica, água, serviços de manutenção e serviço de segurança. • Custos variáveis: custo original do livro, banners promocionais, vendedores e comissões. Devemos levar em conta que a praça (elemento do mix de marketing) deve ser escolhida com muito cuidado, pois o local deverá ter um bom movimento e para garantir o fluxo de clientes. Este é um item que geralmente tem alto custo à empresa, pois o aluguel destes pontos é concorrido e deve ser diluído na venda dos livros, aumentando assim seu preço. Outro fator que inflaciona o preço são as comissões dadas aos vende- dores, que influenciam as vendas mas ocasionam um valor maior de custo por mercadoria vendida. 13 Ao analisar uma loja virtual estes custos fixos e variáveis sofrem mudanças, conforme segue: • Custos fixos: aluguel do centro de distribuição (CD), estrutura de armazenamento, funcionários administrativos, energia elétrica, água, serviços manutenção e serviço de segurança, loja virtual. • Custos variáveis: custo original do livro, anúncios on-line. No caso de uma loja on-line o custo do aluguel é menor, pois o local onde o CD estará alocado não necessita ser um ponto de alto movimento, mas sim um local estratégico para envio dos livros. Um novo custo fixo que surge é a necessidade do “aluguel” do domínio e loja virtual, porém o custo do CD e da lojavirtual é inferior ao custo de um ponto comercial de alta performance. Outro custo que é alterado é o custo variável de comissões a vendedores, pois a loja virtual elimina a necessidade desses funcionários, e o cliente passa a procurar as informações e produtos sozinho. No Quadro 3.2 podemos analisar os custos de cada situação, conside- rando a avaliação de um mês de operação. Lembre-se de que são parâmetros de exemplo. Quadro 3.2 | Custos lojas físicas e on-line Tipo Custo Loja Física Loja On-line Cu st o Fi xo Aluguel e Condomínio R$ 20.000 R$ 5.000 Estantes R$ 5.000 R$ 2.000 Loja Virtual - R$ 1.000 Funcionários Adm. R$ 15.000 R$ 15.000 Água e Luz R$ 2.000 R$ 1.000 Serviços R$ 5.000 R$ 3.000 Cu st o Va riá ve l Custo do Livro R$ 30.000 R$ 30.000 Banners Físicos R$ 1.000 - Vendedores R$ 17.000 - Comissão R$ 1.500 - Anúncio On-line - R$ 1.000 Gastos Totais R$ 96.500 R$ 58.000 Unidades Vendidas 1.000 1.000 14 Tipo Custo Loja Física Loja On-line Custo Médio R$ 96,50 R$ 58,00 Fonte: elaborado pelo autor. Desprezando as dificuldades de cada modalidade e comparando ambos os cenários, é possível observar que o custo da venda on-line é menor, podendo seguir uma estratégia de precificação diferente da loja física. A competição entre lojas virtuais e lojas físicas tem causado dificuldade a empreendedores, principalmente pela diferenciação dos preços e custos. Uma situação comum nos dias de hoje é a mesma empresa manter lojas físicas e lojas virtuais e praticar preços diferentes para o mesmo produto. Isso pode ocorrer por diversos motivos: segmentação dos departamentos de venda, incentivo ao comércio eletrônico e dificuldades em alinhar custos, entre outros. Na prática, essa concorrência entre canais de venda tem ocasionado problemas para algumas lojas, pois o cliente pesquisa o produto na loja on-line e vai à loja física para compra e retirada imediata, porém encontra a situação de preço e condições de compras diferentes. Visando melhorar sua competitividade, algumas empresas estão apostando em estratégias para equilibrar esta equação e conseguir praticar o mesmo preço tanto on-line quanto off-line. Algumas das mudanças que estão sendo práticas são: a instituição da loja como CD, construção de cenário de custo unitário, balanceando assim os custos de ambos os cenários, foco na diminuição das despesas gerais, vendas e administração. Exemplificando O mercado livreiro no Brasil passa por uma grande transformação nos últimos anos. As primeiras abaladas foram as pequenas livrarias, que entraram em declínio com o surgimento das megastores, devido à impossibilidade de competir com os preços. Agora é a vez destas mesmas megastores sofrerem com a concorrência do e-commerce. Em 2018, grandes nomes entraram em recuperação judicial por sofrerem com os preços praticados no mercado on-line. No momento, estas empresas estão buscando enxugar custos e aumentar sua participação no comercio on-line. 15 Mas não é apenas neste segmento que o comércio on-line tem afetado as lojas físicas; é importante se manter atualizado e atento a esta nova era. Após conhecer estes conceitos e suas aplicações, vamos auxiliar nossa dupla de empreendedoras. Sem medo de errar Vamos voltar ao caso das irmãs empreendedoras? Após passarem pelas por dificuldades com o surgimento de um novo competidor, elas buscaram aprimorar seu negócio e assim contaram com a sua ajuda para conhecer melhor o conceito de marketing e segmentar seu mercado. Por fim, decidiram investir em uma loja virtual para melhorar os resultados e conquistar um novo público. Sua principal dúvida era: como precificar seus produtos em ambos os cenários, on-line e off-line. A primeira análise a ser construída é a estrutura de custos para a loja física e loja on-line. Para que elas possam verificar como precificar seus produtos, provavelmente a loja on-line poderá ter custos menores, e os preços prati- cados tendem a ser inferiores a loja física, mantendo, ainda assim, uma taxa de lucratividade elevada. Desta maneira o preço on-line será diferente do preço off-line. Outro fator que é decisivo na precificação tanto on-line quanto off-line é a análise da elasticidade de demanda. Como o mercado de semijoias tem a tendência de ser elástico, aumentos nos preços tendem a ocasionar diminuição na demanda. O caminho para a loja física deverá ser enxugar seus custos fixos e variá- veis, a fim de melhorar o custo total do produto. Seguem algumas estratégias que podem ser adotadas: Para reduzir os custos fixos da loja presencial, elas podem seguir algumas estratégias, como procurar um ponto de venda próximo com aluguel mais barato, para reduzir este custo ou renegociar o aluguel atual com o locatário. Os custos com energia elétrica podem ser revistos trocando a iluminação por lâmpadas econômicas. Nos custos variáveis elas devem efetuar uma nova negociação com os fornecedores, argumentando que suas compras são maiores agora devido à loja on-line. Então podem requerer um desconto devido à compra de 16 grandes quantidades adquiridas. Outra forma de diminuir os custos variá- veis é trocar a embalagem dos produtos por outra mais simples: em geral elas são as primeiras a serem descartadas e não agregam valor ao produto. Em caso de presentes, ofertar embalagens especiais, agregando valor ao presente e aumentando seu lucro com este produto complementar. Além destas ações, caso seja necessário efetuar ajustes nos preços, efetuá- -los com cautela para evitar a diminuição da demanda. Para a loja on-line é necessário efetuar o cálculo de custos de forma apartada, pois ela funciona de forma diferente da loja física. Seu estoque pode ficar guardado em um local com um aluguel mais baixo ou até na residência das proprietárias, minimizando este custo fixo. Além deste custos, energia e água também serão diminuídos, auxiliando na competição on-line, em que as irmãs podem precificar o produto abaixo do preço na loja física, além de se beneficiarem do mesmo desconto aplicado na aquisição dos produtos pela quantidade maior. Faça valer a pena 1. Guilherme trabalha em uma pequena de rede de postos de combus- tível e ficou responsável por efetuar a análise da elasticidade de demanda da gasolina. Após efetuar suas análises, o resultado da equação resultou em 0,70. Isso significa que a elasticidade de demanda é: Assinale a opção que corresponde a alternativa correta: a. Negativa. b. Elástica. c. Inelástica. d. Fixa. e. Positiva. 2. A empresa de Jonas está passando por uma série de reduções de custo para a adequação dos preços, e para tal ele deverá efetuar a alteração em algum item dos custos variáveis do produto. O item a ser alterado é: a. Aluguel da fábrica. b. Gastos com administração. c. Matéria-prima. 17 d. Vale-refeição dos funcionários. e. Serviços de segurança. 3. Uma indústria farmacêutica desenvolveu um novo medicamento altamente eficaz para o tratamento de epilepsia. Seu departamento de marke- ting efetuou uma análise de elasticidade de demanda e concluiu que sua demanda é inelástica. Assim, podemos afirmar que: a. Elevar o preço não aumenta significativamente a demanda. b. Elevar o preço não diminui significativamente a demanda. c. Diminuir o preço aumenta significativamente a demanda. d. Diminuir o preço diminui significativamente a demanda. e. Elevar o preço diminui significativamente a demanda. 18 Seção 2 Componentes na formação de preços Diálogo aberto Olá, caro aluno, seja bem-vindo a mais uma etapa dos nossos estudos. Você já notou, quando vai ao mercado, como cada empresa adota uma forma diferente de precificar seus produtos? Uma marca vende um produto por um preço mais elevado, outras marcas vendem o mesmo produto em faixa de preços semelhantes e ainda tem aquela marca que vende o produto a um preço bem abaixo dos concorrentes. Essas são estratégias de precificação e composição do preço. Após sair do emprego, uma jovem empreendedora resolveutocar o próprio negócio de venda de camisetas personalizadas. Ela já tinha esse negócio paralelamente ao seu emprego formal, e age da seguinte maneira: compra as camisetas abaixo custo (R$ 20,00) e as vende por R$ 40,00, o dobro do valor. Com esses preços, ela vende 100 camisetas por mês. Nas lojas próximas à sua casa, o preço de camisetas personalidades com a mesma qualidade é de R$ 50,00. Porém, agora para se manter, ela precisa aumentar as vendas e, pesqui- sando sobre o assunto na internet, percebeu que a estratégia adotada – cobrar 100% acima do custo da matéria-prima – pode não ser a melhor. Agora ela precisa de ajuda para entender se o preço que ela cobra está correto, como ela pode pagar suas contas mensais apenas com esse negócio e qual estratégia de preço que ela pode usar para aumentar seu lucro. Ela mora com seus pais, mas ainda tem os seguintes custos mensais: • Alimentação – R$ 500,00. • Auxílio nas despesas da casa – R$ 300,00. • Cartão de crédito – R$ 700,00. • Gastos diversos – R$ 300,00. • Faculdade – R$ 500,00. Ela conta com a sua ajuda para responder essas questões. 19 Não pode faltar Entender as estratégias e os componentes da formação de preço é funda- mental no momento de desenvolver seu plano de marketing. Por exemplo: você já pode ter visitado uma loja de alto padrão e observado que o preço dos produtos nem sempre está visível. Isso acontece porque esta é uma estratégia de bens de luxo. Dias (2003) argumenta que o preço é uma variável determinada por meio de diversas análises de itens agrupados, conforme Figura 3.2. São eles: estrutura de custos, ambiente, aspectos organizacionais, concorrência e consumidor. Figura 3.2 | Fatores determinantes de preço Ambiente Estrutura de custos Concorrência Aspectos organizacionaisConsumidor Preço Fonte: adaptada de Dias (2003, p. 256). A estrutura de custos é formada pelos custos fixos e variáveis. Com estes dados é possível obter o preço de equilíbrio que, segundo Dias (2003, p. 256), “Cobre os custos totais, incluindo o custo de capital. É uma visão parcial e idealizada, que pressupõe que a oferta será absorvida segundo a projeção de demanda”. 20 Os aspectos organizacionais são os fatores internos que influenciam a tomada de decisão do preço, como a estrutura da empresa, o tipo de mercado em que ela está inserida (concorrência perfeita, monopólio, oligopólio etc.) e o segmento em que atua. Outro fator fundamental na composição do preço é levar em conta o consumidor. Deve-se estudar profundamente o perfil do consumidor, sua sensibilidade a preços, seu comportamento e suas atitudes. Como dito anteriormente, conhecer a influência de elasticidade de preço para cada tipo de consumidor é fundamental. Além disso, os valores percebidos pelo cliente em cada produto são fatores determinantes na decisão de compra e na avaliação do preço. Comportamento da concorrência é outro fator decisivo na composição de preço. Dias (2003) afirma que conhecer a estrutura de custos dos concor- rentes é fundamental para estabelecer o preço do seu produto, pois esta é o piso do mercado quando considerado o menor preço a ser praticado. Ele ainda lembra que, se um concorrente tem uma estrutura de custos relativa- mente menor que os concorrentes, esta é uma empresa que tende a ser uma ameaça competitiva as demais. Outro fator ligado a concorrência é a estratégia e política de preços, ao qual devemos nos atentar à forma como os concorrentes estabelecem o preço, por exemplo, poder estabelecer o produto conforme uma estratégia de preços premium, para indicar que seu produto tem uma qualidade superior. E, por último, na análise da concorrência é fundamental analisar as linhas de produtos, pois em muitos casos o concorrente pode ofertar produtos comple- mentares, para provocar uma sensação de valor agregado. Os fatores ambientais são os últimos fatores que compõem o preço. São fatores macro ambientais que afetam todos o mercado. Dias (2003) elenca esses fatores: • Governo: pelos impostos, alíquotas e legislações que impactam os produtos. • Novos entrantes: que buscam se firmar no mercado usando estraté- gias para aumentar seu marketshare, seja por meio de preços premium ou com preços abaixo da concorrência. • Novas tecnologias: podem afetar todo o cenário, alterando, assim, a estrutura de preços estabelecida. 21 Vocabulário Marketshare: expressão comumente utilizada para determinar fatia do mercado que empresa detém ou busca obter. Assimile Dentro dos fatores ambientais, o governo (seja federal, estadual ou municipal) é um grande influenciador, pois ele define legislações, impostos e regras para as empresas. Entre os impostos podemos destacar o Imposto Sobre Serviços (ISS) ou Impostos sobre Produtos industrializados (IPI), que impactam o mercado de forma geral. Estratégia de precificação Existem diversas estratégias para estabelecimento de preço. Kotler e Armstrong (2003), em seu livro Administração de Marketing, afirma que a empresa deve avaliar onde posicionar seu produto de acordo com os fatores qualidade e preço. Na Figura 3.3 podemos analisar uma matriz apresentada por Kotler a Armstrong, que relaciona nove estratégias de preço e qualidade. Figura 3.3 | Estratégias de preço versus qualidade 1. Estratégia de Preço Premium 2. Estratégia de Alto Valor 3. Estratégia de Super valor 4. Estratégia de Preço Excessivo 5. Estratégia de Valor Médio 6. Estratégia de Valor Bom 7. Estratégia de “Assalto ao Cliente” 8. Estratégia de Falsa Economina 9. Estratégia de Economia Preço Alto Médio Baixo A lto M éd io Ba ix oQ ua lid ad e do P ro du to Fonte: adaptada de Kotler e Armstrong (2003, p. 475). 22 Nesta matriz, podemos analisar graficamente a posição das nove estraté- gias, e no Quadro 3.3 podemos verificar suas aplicações. Quadro 3.3 | Exemplos de estratégias # Estratégia Preço Qualidade Observação 1 Preço premium Alto Alto Top de linha, alta qualidade e preço elevado. 2 Alto valor Médio Alto Produto com qualidade igual a 1º, porem com valor menor. 3 Super valor Baixo Alto Produto com qualidade igual ao 1º e 2º com valor ainda menor. 4 Preço excessivo Alto Médio Produto com valor superior ao benefício obtido (caro). 5 Valor médio Médio Médio Produto com qualidade média e pelo justo. 6 Valor bom Baixo Médio Produto com qualidade igual a 5º com valor melhor. 7 Assalto ao cliente Alto Baixo Produto extremamente caro em vista da baixa qualidade. 8 Falsa economia Médio Baixo Produto com preço elevado em vista da baixa qualidade. 9 Economia Baixo Baixo Produto econômico, baixo preço e baixa qualidade. Fonte: elaborado pelo autor. Em um mesmo mercado essas estratégias podem conviver umas com as outras. Por exemplo, temos um produto de preço premium (1), um produto de valor médio (2) e um produto de economia (9). É claro que pode haver público para cada uma das faixas, ou seja, clientes que prezem pela qualidade acima de tudo, cliente ponderados e clientes em busca de economia. As estratégias 2, 3 e 6 são estratégias para atingir os produtos base de cada faixa de cliente, ofertando o produto com igual qualidade e preço inferior. Já as estratégias 4, 7 e 8 são práticas de preço excessivos, com as quais o cliente pode se sentir lesado. 23 Exemplificando Podemos ver a utilização dessas estratégias no mercado automobilís- tico. Uma mesma montadora atende a diversos públicos com diferentes linhas de carros. Vamos analisar as montadoras Ford (CAOA, 2019) e Chevrolet (CHEVROLET, 2019): • Preço Premium: Camaro (Chevrolet) – veículo top de linha com inova- ções tecnológicas, com foco na qualidade e experiência do usuário. • Alto Valor: Mustang (Ford) – veículo com tecnologia, qualidade e experiências do usuário semelhante ao concorrente (Camaro) e com um custo menor. • Preço Médio: Onix (Chevrolet) – veículo que tem qualidade percebida e alinhada ao preço, somando tecnologia e preço acessível. • Valor Bom: New Fiesta(Ford) – veículo com características semelhantes ao anterior, porém com um preço menor. • Econômico: Ka (Ford) – sendo um veículo de menor valor, entrega uma qualidade inferior ao anteriores, sendo considerado um veículo de entrada. As outras categorias podem ser localizadas nestas e em outras monta- doras, analisando os benefícios de cada veículo. Para Kotler e Armstrong, existem seis passos a serem seguido para deter- minação do preço: (1) seleção do objetivo da determinação de preços; (2) determinação da demanda; (3) estimativa de custos; (4) análise de custos, preço e ofertas dos concorrentes; (5) seleção de um método de determinação de preços, (6) seleção do preço final. (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 477) Com base nestes itens para determinação de preço vamos aprofundar nossos estudos nos componentes que formam o preço final. De acordo com Churchill e Peter (2012) existem três abordagens diferentes para precificar seus produtos: preços baseados em custos; preços baseados na concorrência; preços baseados no valor para o cliente. 24 Preços baseados em custo Dias (2003) afirma que esta é uma maneira simples e vulnerável de deter- minação de preços, pois a concorrência pode agir rapidamente para suplantar esta estratégia. Os métodos para efetuar essa precificação são: • Preço de equilíbrio, no qual determinado valor de venda unitária compensa todos os custos totais, podendo, inclusive, incluir um lucro objetivado dentro deste ponto de equilíbrio, como variação da forma original. • Método de adição a custo, em que após apurar todos os custos unitá- rios adiciona-se um percentual de retorno. Precificação baseada na concorrência Nesse modelo, a organização assume que o consumidor efetua sua decisão de compra baseado na comparação entre concorrentes. Dessa forma, é neces- sário precificar de acordo com esse fato. Os métodos para essa precificação são: • Equivalência de mercado: em que o preço de seu produto mantém-se alinhado à concorrência. Segundo Dias (2003, p. 263), isso ocorre quando “o produto não possui diferencial e a elasticidade de demanda é difícil de ser determinada”, de tal maneira que o valor orbita em valores próximos aos da concorrência, sem considerar a estrutura de custos. Dias ainda traz uma crítica a este método, dizendo que é a não otimização do potencial de lucro, e que os preços da concorrência podem mudar a cada negociação com fornecedores, gerando, assim, uma diferença significativa na percepção dos clientes. • Proposta selada: esta é uma modalidade utilizada principalmente em concorrências públicas, de tal forma que a estrutura de custos não pode ultrapassar o concorrente. Existe um histórico de preços que pode ser cruzado com uma matriz de probabilidade de sucesso, e assim o preço a ser determinado é aquele que trará maior esperança de resultado. Preços baseados em valor para o cliente Essa estratégia é baseada em pesquisa de marketing para entender a percepção do cliente sobre o valor do produto. Churchill e Peter (2012, p. 333) 25 afirmam que “os compradores potenciais podem não comprar o produto se não acharem que a oferta vale seu dinheiro”, ou seja, é necessário identificar o valor percebido pelo cliente, independentemente dos custos ou do preço praticado pela concorrência. Nessa modalidade os profissionais de marketing buscam entender qual a faixa de valor aceitável e quais são as qualidades/características esperadas pelos clientes. O preço de referência, segundo Churchill e Peter (2012, p. 333) é “o preço que os compradores usam para comparar o preço oferecido de um produto ou serviço”, ou seja, quanto os clientes esperam pagar pelos produtos. Assim, é possível se colocar abaixo deste valor a fim de chamar a atenção dos clientes. Com base nesse valor, é possível, subtraindo o valor de revenda e o lucro esperado, chegar ao valor ideal de custo de produção. Dessa maneira você pode ajustar seus custos de produção ou aumentar suas margens. Reflita A partir desses tipos de precificação, você consegue determinar qual o modo praticado pela organização em que você trabalha? Você acredita que ele é o correto para o público que ela atende? E qual seria o impac- tado em vendas se ela utilizar uma das outras opções? A partir dos conhecimentos obtidos nesse estudo, vamos voltar à situa- ção-problema e encontrar uma solução. Sem medo de errar Com base no que aprendemos, vamos auxiliar a nossa jovem empreende- dora a precificar melhora a venda de suas camisetas personalizadas. Ela compra a matéria-prima por R$ 20,00 e a vendia por R$ 40,00. Além disso, ela tem um custo fixo de R$ 2.300,00. Atualmente, ela vende 100 camisetas por mês. Então o seu resultado hoje é o seguinte: • Receita: R$ 4.000,00. • Custo variável: R$ 2.000,00. • Custo fixo: R$ 2.300,00. • Resultado: R$ 300,00 negativos. 26 Hoje, com esse preço praticado, ela tem prejuízos no final do mês. Para ela melhorar seus resultados, considerando que a demanda não aumentará significativamente nos próximos meses, ela precisa decidir qual estratégia tomar e como vai se posicionar no mercado, podendo comprar camisetas mais baratas e, por consequência, de qualidade inferior, diminuindo seu custo variável, ou aumentar seu preço. Na sua situação atual, o preço de equilíbrio seria: (custo fixo + custo variável) / demanda, ou seja, (2.300,00 + 2.000,00) / 100 = R$ 43,00. Esse não é um aumento de preço elevado, considerando que a concor- rência vende o mesmo produto por R$ 50,00. Ela pode adotar a estratégia de precificação valor bom, vendendo o produto a R$ 45,00, com um preço inferior ao da concorrência, mas mantendo a qualidade. Ela teria os seguintes resultados: • Receita: R$ 4.500,00. • Custo variável: R$ 2.000,00. • Custo fixo: R$ 2.300,00. • Resultado: R$ 200,00 de lucro. Assim, ela paga todas suas despesas com os custos variáveis e fixos e ainda retorna algum lucro. O preço máximo que ela pode cobrar é de R$ 50,00 tendo um lucro de R$ 700,00 caso a demanda se mantenha. Faça valer a pena 1. Para determinar a precificação de seus produtos, a empresa necessita conhecer e estudar os diversos fatores agregados que são fundamentais e influenciam diretamente a precificação, para que essa ação seja tomada de forma correta. Quais são os fatores agregados que influenciam a determinação do preço? a. Custos fixos, aspectos organizacionais, consumidor, concorrência e ambiente. b. Custos variáveis, aspectos organizacionais, consumidor, concorrência e governo. c. Custos fixos, custos variáveis, consumidor, concorrência e ambiente. d. Estrutura de custos, aspectos organizacionais, consumidor, concor- rência e governo. 27 e. Estrutura de custos, aspectos organizacionais, consumidor, concor- rência e ambiente. 2. A dona de um grande conglomerado está analisando qual deve ser o preço de venda de um novo produto. Para tal, ela levantou todos os custos fixos e variáveis do produto e o custo de capital envolvido, chegando assim ao: Assinale a opção que corresponde à alternativa correta. a. Preço de oferta. b. Preço de equilíbrio. c. Preço de penetração. d. Preço psicológico. e. Preço premium. 3. Uma empresa coreana está entrando no mercado de telefonia brasileira. Ela oferece smartphones de alta qualidade, com as melhores tecnologias disponí- veis no mercado a um valor levemente abaixo da principal concorrente. Esta é uma estratégia de precificação de: a. Preço bom. b. Preço premium. c. Alto valor. d. Preço excessivo. e. Economia. 28 Seção 3 Adequação de preços Diálogo aberto Caro aluno, vamos iniciar o estudo de mais uma seção. Diariamente temos contato com produtos que ontem custavam um valor e hoje estão com esse valor alterado, seja por um novo desconto, uma promoção ou até um aumento. Isso ocorre por diversos fatores sociais, organizacionais e temporais que estudaremos a seguir. Após se aposentar, um empreendedor decide realizar seu sonho de se mudar para uma cidade de praia e abrir umquiosque na ponta da praia. Ele tem pensando em inovar, e além de efetuar as tradicionais vendas diretas de petiscos no quiosque, agregar um serviço de entregas pela cidade por meio de algum aplicativo. Como sempre foi um frequentador de litorais, percebeu que cada quiosque adota uma estratégia de precificação dos produtos. Júlio investiu suas economias neste negócio e sabe que deverá adotar uma estratégia que traga resultados para se manter o ano inteiro, considerando a baixa tempo- rada de clientes em épocas de chuva e tempo frio. Para isso, ele pediu a sua ajuda para estudar e entender as melhores estra- tégias de precificação para o seu negócio. Como ele pode se adequar para obter o melhor lucro possível? Quais são as estratégias que ele pode usar? Vamos ajudá-lo? Não pode faltar Estar atento à dinâmica do mercado é muito importante para os profis- sionais de marketing. Uma estratégia de precificação que funcionou até hoje pode não funcionar mais amanhã, devido a uma mudança no cenário geral, seja no perfil dos consumidores, seja com uma estratégia de resposta dos concorrentes, uma nova tecnologia disponível ou por uma infinidade de outros motivos. Dessa forma, os profissionais de marketing devem estar aptos a efetuar alterações no seu planejamento e principalmente no seu preço de forma rápida, para corresponder a essas mudanças. 29 Kotler e Armstrong, em seu livro Administração de Marketing (2003), trazem um olhar sobre o que entendem como planejamento e determinação de preço das empresas: As empresas geralmente não determinam um preço único, mas elaboram uma estrutura de determinação de preços que reflete variações geográficas na demanda e nos custos, exigências de segmentos de mercados, oportunidades de compra, níveis de pedidos, frequência de entrega, garan- tias, contratos de serviços e outros fatores. (KOTLER; ARMSTRONG, 2000, p. 491) A partir desta estrutura é que, segundo os autores, as empresas criam suas políticas de descontos, promoções, redução e aumento de preço. Vamos estudar as principais estratégias de adequação de preço. Preço geográfico Essa estratégia de adequação ocorre quando efetuamos a venda em outra região, diferente da nossa base de operação. Essa ação pode aumentar o valor do produto para envio à determinada região, ou, pelo contrário, um preço inferior naquela região para incentivar o consumo. Provavelmente você já passou pela experiência de pesquisar um produto on-line, percebendo um preço fixado atraente, mas, ao incluir as informações para entrega, verificou que o frete cobrado para sua residência é relativa- mente alto e, caso você consulte o mesmo produto em outro site, ele pode estar na mesma faixa de preço, porém com um frete menor ou até gratuito. Esse é o preço geográfico. Outro fator que compõe o preço geográfico são as transações baseadas em trocas ou permutas, em que o comprador paga parte ou a totalidade do preço do produto com outros produtos. Kotler e Armstrong (2003) enumeram algumas destas formas: • Escambo: o pagamento é feito totalmente com base em troca de produtos. • Acordo de compensação: parte do pagamento é feita em moeda e outra parte em trocas. Os autores inclusive citam um caso em que uma fabricante de aviões britânica efetuou uma transação de venda de aviões com o Brasil recebendo 70% do valor em moeda e 30% em café. 30 • Acordo de recompra: o vendedor aceita receber parte do pagamento pelo bem fornecido como o produto manufaturado. • Reciprocidade: a companhia recebe o pagamento completo, mas se compromete a gastar ou investir parte do pagamento naquele país. Isso faz com que o dinheiro continue circulando no país e gerando recursos e resultados. Preço com descontos A estratégia de precificação contém uma grande variedade de situações nas quais é possível aplicar descontos. As empresas, ao efetuar suas precifi- cações, deixam margem para que estes descontos possam ser aplicados sem afetar drasticamente o lucro esperado com o produto. Diversos são os fatores que levam a essa política de descontos, porém é importante manter em perspectiva que essa estratégia pode ser arriscada por diminuir as margens. Os principais fatores influenciadores para alterar o preço com políticas de descontos são: • Pagamentos em dinheiro: atualmente temos diversas empresas que operam com cartões de crédito e máquinas de pagamento, e todas elas cobram alguma taxa de administração. Para incentivar o pagamento em dinheiro e fugir das taxas, algumas empresas oferecem descontos nessa modalidade. Outro fator que pode levar empresas a fornecer descontos é a liquidez que o pagamento em dinheiro fornece. • Compras em quantidade: essa é outra modalidade de desconto bem comum. Para incentivar um consumo maior, a empresa oferece um desconto a partir de determinada quantidade de compra. Assim ela diminui o lucro unitário, mas ganha no lucro total da grande quanti- dade vendida. • Sazonais: essa estratégia está focada em prover vendas e movimento em períodos de baixo movimento, como em caso de hospedagens de cidades praianas que oferecem maiores descontos em períodos de baixo turismo. Assimile Atualmente surgiram no Brasil diversas redes de vendas de “atacarejos” (um neologismo da junção das palavras atacado e varejo), em que o cliente 31 pode comprar produtos unitários pagando um valor cheio ou levar uma quantidade mínima predeterminada e pagar um valor com desconto. Dessa forma, essas redes atendem ambos os públicos, praticando a estra- tégia de preços com desconto em compras em quantidade. Além disso, essa prática incentiva o consumidor a comprar mais produtos, ao expor os preços lado a lado, aumentando o lucro nas grandes quanti- dades vendidas. Preço promocional Essa estratégia, muitas vezes confundida com a estratégia de desconto, tem como característica ser facilmente copiada. Kotler e Armstrong (2003, p. 493) afirmam que “As estratégias de determinação de preços promocionais costumam ser nulas. Se funcionam, os concorrentes as copiam e elas perdem a eficácia. Se não funcionam, desperdiçam verbas da empresa”. As principais técnicas utilizadas são: • Preço “isca”: um produto de boa qualidade com valor abaixo da média dos concorrentes para atrair movimento. • Preço de ocasião: um exemplo é a Black Friday, quando a maioria das empresas efetuam promoções com preços baixos. • Descontos psicológicos: situação que ocorre em eventos como a Black Friday, quando algumas empresas aumentam propositalmente o preço para depois efetuar um desconto que pareça maior que o real. Exemplo: uma televisão que custa R$ 1.000,00 passa a custar R$ 1.200,00. Aplica-se, então, um desconto de 30%, e a mercadoria é vendida a R$ 910,00. Nesse caso, o desconto parece maior. • Prazos de pagamentos mais longos: o cliente deixa de levar em conta o custo do financiamento e apenas se atenta ao valor da parcela. Preço discriminatório A estratégia de preço discriminatório é desenvolvida para que a empresa possa atuar com diversos públicos, produtos e locais diferentes. Kotler e Armstrong (2003, p. 493) afirmam que ele “ocorre quando uma empresa vende um produto ou serviço por dois ou mais preços que não refletem uma diferença proporcional de custos”. 32 Alguns exemplos desta estratégia podem ser observados em cinemas e museus, que cobram meia entrada para estudantes, idosos e professores. A segmentação de preço por tipo de lugar é comum em grandes shows, em que há várias faixas de preço dependendo da proximidade do palco. Outra forma comum de preço discriminatório é o preço de grandes lojas e supermercados, que, dependendo da localização da loja, pratica preços diferentes: nas periferias, valores mais baixos do que os cobrados em bairros de classe A e B. Preços do mix de produtos São estratégias diversas que nos impactam de formas diferentes, em que produtos recebem preços diferentes conforme participem de diversos mix de produtos. Um exemplo é o popular casode redes de fast-food, nos quais o combo de um hambúrguer, com batatas e refrigerante, sai mais barato que a venda desses produtos separadamente. Kotler e Armstrong (2003) destacam as seguintes formas: • Preço para linha de produtos: marcas de roupa utilizam muito essa estratégia, na qual é comum ver a mesma loja de ternos, por exemplo, trabalhando com três linha de preço. • Preço para características opcionais: estratégia comum em venda de veículos automotores, em que o carro sem os opcionais tem um valor base e, a cada pacote de opcionais, o valor do carro é alterado juntamente com o valor dos opcionais. • Preço para produtos complementares: esse é um exemplo claro de mix de produtos, no qual a empresa trabalha com dois produtos. Um exemplo é a Kodak, que trabalha com máquinas fotográficas, mas tirava seu lucro da venda e revelação de filmes e, atualmente, lucra com impressoras e o mercado de venda de tintas. • Preço composto: o consumidor paga um valor fixo mensal e uma variável pelo uso. É comum em empresas de telefonia, com as quais o usuário tem a tarifa mensal, mais o custo por ligação. Outro exemplo mais moderno são as tarjetas eletrônicas para pagamento de estacio- namentos, postos de combustível e pedágios, que cobram o valor da assinatura e a utilização de cada item. 33 Exemplificando Os produtos complementares, apesar de ser uma estratégia antiga, renova-se cada vez mais e ganha novo fôlego com a tecnologia. Empresas vêm aproveitando muito bem essa tendência. Grandes marcas de café passaram a oferecer máquinas de café expresso a preços populares e lucram com a venda de cápsula. Outro exemplo é o dos videogames, em que é comum a compra do console e do jogo e, após isso, novas compras de melhorias. Essa estratégia pode trazer ótimos resultados se for bem aplicada. Agora que conhecimentos as principais estratégias de precificação e adequação a preços, vamos voltar à situação-problema e aplicar as melhores estratégias para o caso apresentado. Sem medo de errar Você lembra da história do nosso empreendedor, um aposentado que decidiu investir suas economias e um novo negócio e abrir um quiosque na praia? Além disso, ele decidiu vender também seus produtos em aplicativos de entregas. Sua principal dúvida é sobre como precificar seus produtos em ambas as modalidades, lembrando que seu negócio fica em uma cidade praiana que vive do turismo e necessita conquistar o máximo de lucro no período de alta temporada, para se manter no período de baixa. O primeiro passo é analisar quais são seus custos para manter o negócio aberto no período de alta e baixa temporadas. Ao encontrar seu preço de equilíbrio, ele deve buscar entender as melhores práticas de adequação de preço. No período de alta temporada ele deve precificar seus produtos conforme a concorrência, como visto anteriormente, como um produto de preço bom, mantendo o valor alto dos seus produtos, como é comum nos produtos vendidos diretamente nos litorais, visando acumular lucros para se manter na baixa temporada. Ele ainda pode efetuar uma estratégia de mix de produtos, para incentivar o consumo casado de alguns deles, como porções de peixe, fritas e bebidas para dar um desconto psicológico em um preço que já estará alto para incentivar o consumo elevado. 34 No período de baixa temporada, ele pode praticar o preço sazonal, reduzindo os valores cobrados para manter o consumo dos clientes, mantendo a estratégia de mix de produtos. Outra estratégia que ele pode utilizar é o desconto por quantidade, com o qual os clientes que pararem no quiosque e consumirem acima de uma determinada quantidade tenham um desconto, assim fidelizando o cliente e aumentando o lucro, por mais que diminua a margem. No caso da venda via aplicativos, ele pode praticar um preço diferen- ciado, com uma estratégia de preço discriminatório, podendo oferecer um preço inferior aos clientes que estão distantes da praia para incentivar o consumo do seu produto, ao mesmo tempo que não cria uma concorrência com sua venda local. Assim, ele poderá efetuar estratégias para cada período e canal de venda, podendo ter um resultado e mantendo seu lucro ao longo do ano. Faça a valer a pena 1. O administrador do Hotel da Folha, em uma instância turística, tem como período de maior movimento as épocas de frio intenso, quando a cidade atrai um grande número de visitantes. Após essa época, o administrador efetua uma baixa nos preços, utilizando uma determinada estratégia de adequação de preços. Qual a estratégia de preços utilizada pelo administrador? Assinale a alterna- tiva correta: a. Temporal. b. Sazonal. c. Geográfica. d. Preço “isca”. e. Preço de mix de produto. 35 2. O dono de um restaurante de comida japonesa vende uma série de refei- ções típicas, porém ele identificou que alguns produtos não estão tendo saída. Dessa forma, ele teve a ideia de criar um combinado com alguns itens do cardápio, unindo os campeões de vendas, uma bebida e um adicional que tem baixa saída e cobrando um valor levemente abaixo da soma dos preços individuais dos produtos. Esta é uma estratégia de: a. Preço promocional. b. Preço “isca”. c. Preço com desconto. d. Preço de mix de produto. e. Preço discriminatório. 3. Um cliente está em busca de um novo computador. Visitou algumas lojas virtuais e lojas físicas, encontrando diversos preços para o mesmo produto, sendo que algumas lojas on-line cobram um preço maior para entrega que outras. As lojas físicas têm pronta-entrega, porém seus preços são superiores a todos os preços on-line. Esse modelo de adequação de preços é: a. Mix de preços. b. Preço agregado. c. Preço geográfico. d. Preço competitivo. e. Preço promocional. 36 Seção 4 Mudança de preços Diálogo aberto Olá, caro aluno! Quão dinâmicos são os preços dos produtos? Na era digital, acompa- nhamos as alterações de preços dos produtos quase que diariamente; uma empresa lança seu produto a determinado preço, a concorrência, na sequência, efetua uma ação de redução de preços para impedir que o novo produto ganhe mercado. Outra situação que vemos diariamente é o surgimento de submarcas; empresa de bebidas alcoólicas fazem muito isso: quando um concorrente baixa muito os preços, elas lançam uma nova marca de combate, com quali- dade e preços inferiores, e mantêm sua marca principal com os preços atuais – ou até elevam esses preços. O gerente de marketing de uma empresa trabalha com duas linhas de café – o premium, com preço mais elevado, que atende um nicho específico de apreciadores, e o café standard, a linha padrão com um preço alinhado ao mercado. O café standard, que é vendido a R$10,00 a embalagem de 500 gramas, tem seus custos totais fixados em R$ 7,00 a unidade. Em sua região a marca é bem reconhecida e tem domínio de 70% do mercado, com os outros 30% divididos em outras pequenas marcas que não ofereciam grandes risco e seguiam a média de preço, porém, com uma qualidade levemente inferior ao produto desta empresa. No último mês uma nova fabricante de café se instalou na região e estava se preparando para lançar sua marca de café. Os diretores e o próprio gerente estavam atentos às suas ações, porém o que ninguém esperava é que essa empresa estivesse disposta a vender seu café a R$ 8,00. Além disso, em sua campanha publicitária, informa que esse não é o preço promocional de lançamento, mas o preço real. Diante desse cenário, a fatia do mercado que era totalmente dominado pela empresa desse gerente percebeu um grande declínio nas suas vendas. O café do concorrente tem uma qualidade inferior ao produto standard, mas mesmo assim a empresa amargou a queda de 20% do mercado. 37 O gerente de marketing ficou incumbido de criar uma estratégia de preços para combater essa nova concorrente antes que ela possa causar mais estragos, e recuperar o marketshare perdido. Neste momento, ele estuda qual a melhor estratégia para combater esse concorrente. Será que é efetuaruma promoção? Diminuir os preços? Quais os riscos de não efetuar uma alteração de preço? Vamos entender melhor como reagir a alterações em preços e auxiliar o gerente de marketing? Não pode faltar Na era digital do acesso à informação, é fundamental que as empresas estejam aptas a entender as estratégias dos concorrentes, principalmente a precificação dos seus produtos e os ajustes práticos. No mercado brasileiro é raro um segmento em que seja impossível comparar preços e caracterís- ticas. Existem diversos sites de busca e comparação especializados nos mais variados tipos de produtos, de carros a produtos farmacêuticos. O profis- sional de marketing deve conhecer as principais práticas para dar resposta à alteração de preços. Resposta à alteração de preços dos concorrentes O profissional de marketing deve estar sempre atento às tendências do mercado e às alterações de preços dos concorrentes. Além disso, é importante que se conheça as estratégias que a concorrência utiliza, sua saúde financeira, sua política de preços, seu marketshare e seus resultados. Pode parecer muito, mas é possível obter boa parte dessas informações diretamente das próprias empresas. Muitas empresas publicam seus balancetes e demonstrativos de resultados, nos quais os dados financeiros podem ser exibidos. Como profis- sional de marketing, você deve acompanhar a evolução do seu marketshare e de seus concorrentes. Apesar de apresentarmos, a partir daqui, de forma estruturada as reações, o mercado em geral não tem muitas vezes tempo hábil para analisar todas as variantes, sendo o ideal manter essas análises efetuadas para diversos cenários e prever as ações da concorrência para tomar a decisão o mais rápido possível. Philip Kotler (2000), em seu livro Administração de Marketing, apresenta dois cenários para reação à alteração de preços de concorrência em mercados homogêneos, ou seja, no qual as caraterísticas são comuns a todos. Exemplo desse tipo de mercado é o mercado de postos de gasolina. 38 Caso o concorrente reduza o preço a empresa deve: • Se possível, aumentar sua qualidade percebida. • Acompanhar a redução de preços. Caso o concorrente aumente o preço a empresa deve: • Caso esse aumento não for benéfico ao restante do mercado e as demais não seguirem o aumento, o concorrente será obrigado a reduzir o preço. Não será necessária ação da empresa. • Caso contrário, a empresa deverá seguir as demais e aumentar seus preços. Em mercados heterogêneos há mais espaço para análise e manobras. Antes de tomar alguma decisão é necessário avaliar os motivos e reações em relação àquela mudança de preços. Algumas perguntas devem ser respon- didas, conforme Quadro 3.4. Quadro 3.4 | Questões para analisar a alteração de preços Perguntas Possíveis motivos Qual o motivo dessa alteração? • Aumento de marketshare. • Capacidade excedente do mercado. • Alteração nos custos. • Liderar uma mudança de preço no setor. Essa é uma mudança permanente? • Uma promoção. • Queimar estoque. • Reposicionar o preço e marca. Quais os impactos da não reação? • Diminuição considerável do market- share. • Perdas consistentes no lucro. As demais concorrentes reagirão? Quais suas ações? • Competir no preço. • Aumentar a qualidade. • Aumentar a divulgação. Fonte: elaborado pelo autor. De posse dessas informações, a empresa pode escolher as melhores maneiras de reagir. Empresas tradicionais e líderes de cada mercado sofrem ataques por meio de redução de preço de empresas menores ou emergentes e devem reagir, de acordo com sua análise, conforme explicitado no Quadro 3.5: 39 Quadro 3.5 | Reação à redução de preços Reação Razões Críticas Manter o preço • Evitar perda significativa do lucro com redução. • Não existe possibilidade de grande perda de market- share. • Pode reconquistar os clien- tes perdidos. • A empresa que efetuou o ataque ganha mais con- fiança. • Possível queda no market- share maior que o esperado. Manter o preço e agregar valor • Aumentar a qualidade per- cebida pelo cliente em vez de competir em preços. • Diminuição da margem de lucro. Reduzir preços • Seus custos diminuem com o aumento de volume. • Perda de marketshare, pois o mercado é sensível a preço. • Dificuldades em recuperar seu markeshare. • Redução de lucros no curto prazo. Aumentar preço e qualidade • Posicionar-se como empre- sa referência com produtos de alta qualidade. • Queda no marketshare. Lançar sublinha com preço menores • Não desgasta a marca principal. • Concorre em preços e mantém o marketshare. • Possível canibalismo entre as linhas de produtos. Fonte: elaborado pelo autor. Mudanças de preços Além de mudanças de preço motivadas pela concorrência, pode haver outros fatores que influenciam as empresas a mudar seus preços, como inflação, aumento dos custos, necessidade de aumentar a margem, excesso de estoque e diminuição do marketshare, entre outros. Todas essas situa- ções podem levar ao aumento ou diminuição de preços, e é fundamental ao profissional de marketing entender quais as melhores maneiras de alterar seus preços e o impacto que isso ocasionará em seus clientes e concorrentes. Estratégias de redução de preços são comuns em situações de autoes- toque ou para aumentar o seu marketshare, porém, isso pode desencadear uma guerra de preços com a concorrência. Logo, deve-se estudar bem o mercado para efetuar esta estratégia. Kotler (2000, p. 498) apresenta algumas armadinhas dessa tática: 40 • Consumidores podem supor que o produto perdeu qualidade. • Conquista de mercado frágil, pois os clientes que migram para outra marca devido a preços baixos são propensos a seguir outra marca que baixar o preço. • Concorrentes com maiores reservas financeiras podem baixar e manter o custo baixo por um tempo prolongado, derrubando sua estratégia. Em estratégias de aumento de preço, pequenos aumentos podem aumentar significativamente o lucro da empresa, desde que o volume de vendas se mantenha estável. Kotler (2000) apresenta um exemplo em que “um aumento de 1 por cento nos preços elevará os lucros em 33 por cento”. Por outro lado, um dos grandes influenciadores em aumentos de preços são os aumentos dos custos, dessa maneira o preço necessita ser elevado para manter a margem. Além do aumento de custo, o excesso de demanda é um grande influenciador para aumento de preço, pois em casos em que a demanda é maior que a oferta, as empresas podem aumentar seus preços e elevar, assim, sua margem de lucro. Exemplificando No ano de 2019 o mercado global sofreu com o desabastecimento de carne bovina, e países asiáticos, principalmente a China, aumentaram sua demanda pela carne brasileira. A venda em dólar é mais vantajosa para as grandes empresas, logo, elas aumentaram suas exportações. Isso gerou falta de produtos no mercado interno, e com isso as empresas praticaram estratégias de aumento de preço, aumentando, assim, suas margens de lucro. Para aumentar os preços ou lucros, as empresas podem se valer de diversas estratégias para evitar problemas futuros. Kotler (2000) elenca os seguintes: • Preço pela data de entrega: o preço final é apenas determinado na entrega do produto, após contabilizados todos os custos. • Índices de reajuste: prática comum em contratos de curto a longo prazo, em que é definido um índice que será utilizado para reajustar os valores, como a inflação nacional. • Desagrupamento: a empresa retira elementos que faziam parte da oferta ou do mix de produto, mas mantém o preço. 41 • Redução de descontos: redução gradual dos descontos para aumentar a receita. Ações de alterações de preço provocam reações dos clientes e concor- rentes, então é fundamental conhecer essas reações e estar preparado para elas. Para os clientes, ações de alteração de preço são vistas com certa descon- fiança em caso de diminuição de preço: eles se questionam se o produto perdeu qualidade, se a empresa está com problemas financeiros ou se oproduto não está vendendo bem. Em situações de aumento de preço as vendas podem cair, mas isso pode ser associado a um grau de excelência no produto. Clientes são mais sensíveis a alterações de preço de produtos de valor mais elevado; produtos corriqueiros ou de baixo valor muitas vezes têm suas alterações vistas como imperceptíveis. Reflita Diariamente identificamos alterações de preços, tanto em produtos comuns e de baixo valor, quanto em produtos de valor elevado, como carros e computadores. Como você, como cliente, entende e reage à alteração de um produto comum, como o preço de uma palha de aço? Você começa a procurar produtos similares de outras marcas, acreditando que a qualidade caiu, caso seja uma redução? Ou imagina que o produto tem qualidade superior, em casos de aumento? E em casos de alterações de preços em produtos de valor elevado, como uma televisão, você considera reduções como qualidade inferior? E aumento de preços, você considera como um produto de qualidade? Os concorrentes tendem a estudar as alterações de preço para escolher a melhor maneira de reagir. Cada uma delas busca reagir de acordo com suas estratégias e interesses. Conforme visto anteriormente no Quadro 3.5, elas podem atuar de diversas formas. 42 Assimile Esse estudo de reação da concorrência é importante para definir suas ações. Podemos comparar esse estudo a um jogo de xadrez: • Ao prever a redução de preço de um produto, a sua organização espera que a concorrência efetue uma redução de igual ou menor valor. • Devido a isso, a sua organização efetua uma redução menor que o previsto. • Após a reação da concorrência, efetua uma campanha de marke- ting falando da sua redução, e efetua uma nova redução para o valor previsto inicialmente. Desta forma, a empresa atua de forma estruturada à reação de preços, com estratégias para as reações dos concorrentes. Com base nos conhecimentos obtidos, vamos praticar, resolvendo a situação-problema apresentada no começo deste estudo. Sem medo de errar Você lembra da situação do gerente de marketing? Ele trabalha em uma empresa líder na venda de café na sua região, dominando 70% do mercado com um produto de qualidade superior aos concorrentes e ao um preço médio de R$ 10,00 e custo de R$ 7,00. Porém, uma nova concorrente surgiu, estabelecendo o preço do seu produto e R$ 8,00, bem abaixo da média do mercado, e roubando uma boa fatia dos clientes da sua empresa. Ficamos de auxiliá-lo a tomar uma decisão de como combater este concorrente. O produto café standard desta empresa é avaliado como um produto de qualidade superior aos demais, inclusive ao novo concorrente. Para comba- tê-lo, a empresa poderia baixar seu preço, porém isso afetaria diretamente a margem de lucro, além de levantar um questionamento no cliente, em relação à queda de qualidade. Dessa maneira, o caminho que o gerente de marketing pode adotar é criar uma submarca, podendo nela enxugar um pouco os custos, oferecendo um café com uma qualidade inferior, mas compatível com o novo concorrente, inserindo-a no mercado com uma marca de combate em preços. 43 Esta marca – que vamos chamar de Café do Povo – teria margem de lucro menor que o café standard, mas competiria no mesmo nível de preço e quali- dade do concorrente, recuperando assim a fatia de clientes perdidos, desen- corajando novas investidas deste e de outros concorrentes, além de não gerar desgastes à marca principal. Um risco nesta estratégia é a canibalização entre as marcas próprias, mas que, no contexto geral, traria lucro para a mesma empresa. Faça valer a pena 1. Postos de gasolina são um mercado de produtos homogêneos. Quando um grande concorrente do mercado efetua uma ação de redução dos preços, qual é a tendência de reação dos demais empresas do mercado? Assinale a alternativa correta: a. Manter os preços e efetuar propagandas. b. Aumentar os preços e a qualidade percebida. c. Efetuar uma promoção por tempo determinado. d. Acompanhar a tendência do mercado e reduzir os preços. e. Formar uma aliança com a empresa líder para combinar os preços. 2. Uma empresa de produtos tecnológicos, a Cápsula, é a líder do segmento. Uma concorrente nova está investindo em produtos de qualidade duvidosa e preços mais acessíveis. Como estratégia de precificação, a gerente da Cápsula indicou que o melhor caminho é aumentar seus preços para se distanciar da imagem dessa nova concorrente. O resultado esperado dessa estratégia é: Assinale a alternativa correta: a. Verificar queda das vendas dos produtos. b. Ser considerada uma empresa firme. c. Posicionar-se com uma empresa de alta qualidade e referência. d. Aumentar as vendas indiretas. e. Inviabilizar o crescimento da concorrente. 44 3. Uma empresa de telemarketing efetuou um contrato de longa duração para atendera os clientes de uma grande varejista. Neste contrato, ela especi- ficou o valor atual mensal e incluiu um item no contrato, estabelecendo que este valor deverá ser ajustado conforme a inflação anual. Essa é uma estra- tégia de aumento de preços de: Assinale a alternativa correta: a. Desagregação de valores. b. Índice de reajuste. c. Redução de promoções. d. Valor futuro. e. Preço na data de entrega. Referências BRASIL. Ministério da Justiça. Combate a cartéis e programa de leniência. Secretaria de Direito Econômico, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. 3. ed. Brasília: Ministério da Justiça, 2009. Disponível em: http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-ins- titucionais/documentos-da-antiga-lei/cartilha_leniencia.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019. BOZA, M. Como calcular o preço de venda. Sebrae. Mato Grosso do Sul, [s.d.]. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ms/videos/como-calcular-o-preco-de-ven- da,c1cd466c1f0bb510VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em: 31 dez. 2019. CAOA. Conheça todos os modelos da Ford. [S. l.], 2019. Disponível em: https://caoa.com.br/ ford. Acesso em: 30 dez. 2019. CHEVROLET. Página inicial. [S. l.], 1 jan. 2020. Disponível em: https://www.chevrolet.com.br/. Acesso em: 30 dez. 2019. CHURCHILL, G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. DIAS, S. R. (Coord.). Gestão de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. KOTLER, P. Administração de Marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. SEBRAE. Saiba como definir o preço de venda do seu produto ou serviço. São Paulo, 15 jan. 2020. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/videos/saiba- -como-definir-o-preco-de-venda-do-seu-produto-ou-servico,793681310eb3c510VgnVCM- 1000004c00210aRCRD. Acesso em: 10 jan. 2020. SEBRAE. Saiba como estabelecer a melhor política de preços para o seu negócio. Sebrae Nacional, 2 dez. 2019. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ artigos/como-estabelecer-uma-polit ica-de-precos,e1c926ad18353410VgnVCM- 1000003b74010aRCRD. Acesso em: 9 jan. 2020.
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