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Instalações Elétricas I Prof. Fábio de Araújo Leite FACULDADE SANTO AGOSTINHO - FSA ENGENHARIA ELETRICA Aterramento Aterramento Introdução O aterramento elétrico, com certeza é um assunto que gera um número enorme de dúvidas quanto às normas e pressentimentos no que se refere ao ambiente elétrico industrial. Muitas vezes, desconhecimento das técnicas para realizar um aterramento eficiente, ocasiona a perda de equipamentos, ou pior, o choque elétrico nos operadores desses equipamentos. Mas o que é “terra”? Qual a diferença ente terra, neutro,e massa? Quais são as normas quer devo seguir para garantir um bom aterramento? Bem, esses são os tópicos que este assunto “aterramento”é bastante vasto e complexo, porém, demonstramos algumas regras básicas PARA QUE SERVE O ATERRAMENTO ELÉTRICO? O aterramento elétrico tem três funções principais: a – Proteger o usuário do equipamento das descargas atmosféricas, através de viabilização de um caminho alternativo para a terra, de descargas atmosféricas. b – “Descarregar” cargas estáticas acumuladas nas carcaças das máquinas ou equipamentos para a terra. c – Facilitar o funcionamento dos dispositivos de proteção (fusíveis, disjuntores, etc.), através da corrente desviada para a terra. Simbologia de Aterramentos * Condutor neutro(N) Condutor de proteção(PE) Condutor PEN Segundo a Norma NBR 14039/2003, são considerados os esquemas de aterramento para sistemas trifásicos comumente, descritos, sendo estes classificados conforme a seguinte simbologia: Primeira Letra – Situação da alimentação em relação à terra: T = um ponto de alimentação (geralmente neutro) diretamente aterrado; I = isolação de todas as partes vivas em relação ou aterramento de um ponto de um impedância. Simbologia de Aterramentos * Condutor neutro(N) Condutor de proteção(PE) Condutor PEN Segunda Letra – situação das massas da instalação elétrica em relação à terra: T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento eventual de ponto de alimentação; N = massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto aterrado é normalmente o neutro). Simbologia de Aterramentos * Condutor neutro(N) Condutor de proteção(PE) Condutor PEN Terceira Letra – situação de ligações eventuais com as massas do ponto de alimentação: C = as massas do ponto de alimentação estão ligadas simultaneamente ao aterramento do neutro da instalação e às massas da instalação; S = as massas do ponto de alimentação estão ligadas a um aterramento eletricamente separado do neutro e daquele das massas da instalação. DEFINIÇÕES TERRA, NEUTRO, E MASSA. Antes de falarmos sobre os tipos de aterramento, devemos esclarecer (de uma vez por todas!) o que é terra, neutro, e massa. Na figura 1 temos um exemplo da ligação de um PC à rede elétrica, que possui duas fases (+110VCA, -110VCA), e um neutro. Essa alimentação é fornecida pela energia elétrica, que somente liga a caixa de entrada ao poste externo se houver uma haste de aterramento padrão dentro do ambiente do usuário. Além disso, a concessionária também exige dois disjuntores de proteção. ATERRAMENTO PC Teoricamente, o terminal neutro da concessionária deve ter potencial igual a zero volt. Porém devido ao desbalanceamento nas fases do transformador de distribuição, é comum esse terminal tender e assumir potenciais diferentes de zero. O desbalanceamento de fases ocorre quando temos consumidores com necessidades de potências muito distintas, ligadas em um mesmo link. Por exemplo, um transformador alimenta, em um setor seu, um pequeno supermercado. Essa diferença de demanda, em um mesmo link, pode fazer com que o neutro varie seu potencial (flutue). Para evitar que esse potencial “flutue”, ligamos (logo e entrada) o fio neutro a uma haste de terra. Sendo, qualquer potencial que tender a aparecer será escoado para a terra. Ainda analisando a figura 1 veremos que o PC está ligado em 110 VCA, pois utiliza uma fase e o neutro. Mas, ao mesmo tempo, ligamos sua carcaça através de outro condutor na mesma haste, e damos o nome desse condutor de “terra”. Pergunta “fatídica”: Se o neutro e o terra estão conectados ao mesmo ponto (haste de aterramento), porque um é chamado de terra e o outro de neutro? Aqui vai a primeira definição: o neutro é um “condutor” fornecido pela concessionária de energia elétrica, pela qual há “retorno” da corrente elétrica. O terra é um condutor construído através de uma haste metálica e que, em situações normais, não deve possuir corrente elétrica circulante. Resumindo: A grande diferença entra terra e neutro é que, pelo neutro há corrente circulando, e pelo terra, não. Quando houver alguma corrente circulando pelo terra, normalmente ela deverá ser transitória, isto é, desviar de uma descarga atmosférica para a terra, por exemplo: O fio terra, por norma, vem identificado pelas letras PE, e deve ser de cor verde e amarela. Notem ainda que ele está ligado à carcaça do PC. A carcaça do PC, ou de qualquer outro equipamento é o que chamamos de “massa”. TIPOS DE ATERRAMETO A ABTN (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui uma norma que rege o campo de instalações elétricas em baixa tensão. Essa norma é a NBR 5410,a qual, como todas as demais normas da ABNT, possui subseções: 6.3.3.1.3 referem-se aos possíveis sistemas de aterramento que podem ser feitos na indústria. Os três sistemas da NBR 5410 mais utilizados na indústria são: ESQUEMA TN Este esquema possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, sendo as massas ligadas a esse ponto através de condutor de proteção: ✓ TN-S, o condutor neutro e o de proteção são distintos; ✓ TN-C, o condutor neutro e o de proteção são combinados em um único condutor ao longo de toda a instalação. ✓ TN-C-S, o condutor neutro e o de proteção são combinados em um único condutor em uma parte da instalação; a) Esquema TN-S PE T N (as massa são ligadas à terra através do neutro) massas ligadas ao neutro ponto neutro ligado à terra b) Esquema TN-C c) Esquema TN-C-S c) Esquema TN-C-S ESQUEMA TT (neutro aterrado) Este esquema possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligado à eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de aterramento da alimentação. massas à terra neutro ligado à terra T T (neutro à terra) Esquema IT (neutro isolado ou aterrado por impedância) Este esquema não possui nenhum ponto de alimentação diretamente aterrado, somente as massas da instalação são aterradas. I T (neutro isolado) massas à terra neutro isolado ou aterrado através de uma resistência de valor elevado RESISTÊNCIA DO TIPO DE SOLO TIPO DE SOLO R(Ohm-m) ✓ PANTANOSO 30 ✓ TERRA DE CULTURA 100 OU ARGILOSA ✓ TERRA ARENOSA 200 ✓ TERRA DE CERRADO - ÚMIDA 500 ✓ TERRA DE CERRADO – SECA 1000 ✓ SOLO ROCHOSO 3000 TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO Como já observamos, a resistência do terra depende muito da constituição química do solo. Muitas vezes, o aumento de número de “barras” de aterramento não consegue diminuir a resistência do terra significativamente. Somente nessa situação devemos pensar em tratar quimicamente o solo. O tratamento químico tem uma grande desvantagem em relação ao aumento do número de haste, pois a terra, as poucos, absorve os elementos adicionados. Com o passar do tempo, sua resistência volta a aumentar, portanto, essa alternativadeve ser o último recurso. TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO Temos vários produtos que podem colocados no solo antes ou depois da instalação da haste para diminuirmos a resistividade do solo. A Bentonita e o Gel são os mais utilizados. De qualquer forma, o produto a ser utilizado para essa finalidade deve ter as seguintes características: - Não ser tóxico - Deve reter umidade - Bom condutor de eletricidade - Ter pH alcalino (não corrosivo ) Uma observação importante na que se refere a instalação em baixa tensão é a proibição (por norma) de tratamento químico do solo para equipamentos a serem instalados em locais de acesso público (colunas de semáforos, caixas telefônicas, controladores de tráfego, etc...) Essa medida visa a segurança das pessoas nesses locais. CONFIGURAÇÃO DE HASTES Fig. 7 – Detalhe de ligação no quadro MEDIÇÃO DE TERRA PROCEDIMENTOS PARA MEDIÇÃO DO TERRA(MÉTODO DA QUEDA DE TENSÃO) Este método consiste na aplicação de uma determinada corrente no sistema de aterramento em teste (T) fazendo-a circular através do eletrodo de corrente (C).A corrente I provocará a aparição de potenciais na superfície do solo. Esses potenciais são medidos através do eletrodo P. Os potenciais ao longo do trechoTC terão o aspecto da figura 2, assumindo, por conveniência, que o potencial em T é zero. As resistências aparentes R =V/I ao longo do trechoTC terão a mesma configuração. A resistência do sistema de aterramento em teste é o valor em ohms do trecho da curva que tem valores constantes, constituindo um patamar. Para se obter o valor real da resistência é preciso se instalar o eletrodo de potencial P fora das áreas de influência do sistema em teste (trecho A da curva) e do eletrodo de corrente (trecho B). Comprova-se que o patamar é atingido quando : X = 0,618 . d A distância “d” deverá ser a maior possível para que o patamar seja formado com clareza. Os valores práticos dos espaçamentos a serem utilizados estão indicados no item seguinte. ESPAÇAMENTO ENTRE ELETRODOS Os espaçamentos entre os eletrodos T, P e C da montagem indicada na figura 1, dependem da dimensão do sistema de aterramento a ser medido. A tabela I, a seguir, fornece os espaçamentos sugeridos para as configurações dos sistemas de aterramento mais usuais. Quando o espaço disponível no local não permitir tais distâncias, utilizar os espaçamentos mínimos da tabela II. Nos casos especiais nos quais as configurações dos sistemas de aterramento não se assemelham a nenhuma das constantes dessas tabelas, pode ser utilizada a regra geral de que o eletrodo de corrente poderá ser instalado à uma distância igual a cinco vezes a maior dimensão ou diagonal do eletrodo, ou da malha. Os valores indicados nas tabelas I e II foram montados com os seguintes dados : - comprimento das hastes : 3 m - diâmetro da haste : 0,016 m - espaçamento entre hastes : 3 m PROCEDIMENTOS DE CAMPO 1 - A montagem no campo deverá seguir o esquema de medição semelhante ao da figura 1, com as seguintes observações : A - os espaçamentos entre eletrodos estão indicados nas tabelas I e II. Sugere-se, entretanto, usar sempre que possível os cabos de 50 m e 80 m, que servem para qualquer configuração de aterramento. Os cabos adquiridos com o aparelho são: 2 cabos de 18 m, 2 cabos de 50 m e 1 cabo de 80 m; B - as hastes de prova devem ser fincadas o mais profundo possível (aproximadamente 30 cm já que as hastes padronizadas medem 40cm); C - o alinhamento dos eletrodos (em teste, de tensão e de corrente) é desejável, porém, não rigorosamente necessário. 2 - Após realizar a medição adotando os espaçamentos estabelecidos em tabelas, realizar mais duas medições deslocando o eletrodo de tensão de uma distância “0,1d” em relação ao ponto da primeira, pois devem estar no patamar, de acordo com o explicado em item 3. Se ocorrem diferenças sensíveis, será necessário aumentar as distâncias “d” e “x”. Exemplo: Quando estiver sendo usado d = 80 m e x = 50 m, as novas medições deverão ser feitas aproximadamente em x = 42 m e x = 58 m. 3 - Se não se conseguir medições, tentando-se as várias escalas do equipamento, (considerando que o aparelho e a bateria estão em bom estado), será preciso verificar a resistência dos eletrodos de prova. Para testar a resistência do eletrodo de tensão basta trocar entre si, no aparelho, as conexões dos cabos que ligam o eletrodo em teste e o eletrodo de tensão (figura 4). A resistência do eletrodo de tensão não poderá suplantar 1kΩ, qualquer que seja o equipamento usado. 4 - Se forem notadas medições discrepantes ou a existência de interferências, outra medição deverá ser feita na direção perpendicular em relação a anterior. 5 - Nem sempre a existência de muros, pequenas edificações e outros obstáculos impedem a realização das medições. Muitas vezes esses obstáculos podem ser contornados ou suplantados pelos cabos permitindo fincar-se as hastes em locais aparentemente escondidos, montando-se assim o esquema da figura 1. IMPLICAÇÃO DE UM MAU ATERRAMENTO Ao contrário do que muitos pensam, os problemas que um aterramento deficiente pode causar não se limitam apenas aos aspectos de segurança. É bem verdade que os principais efeitos de uma máquina mal aterrada são choques elétricos ao operador, e resposta lenta (ou ausente) dos sistemas de proteção (fusíveis, disjuntores, etc...). Caso alguém se identifique com algum desses problemas, e ainda não checou seu aterramento, está aí a dica: Quebra de comunicação entre máquina e PC (CPL, CNC, etc...) em modo online. Principalmente se o protocolo de comunicação for RS 232. Excesso de EMI gerado (interferências eletromagnéticas). Aquecimento anormal das etapas de potência (inversores, conversores, etc...) e motorização. Em caso de computadores pessoais, funcionamento irregular com constantes “travamentos”. Queima de CI´s ou placas eletrônicas sem razão aparente, mesmo sendo elas novas e confiáveis. Para equipamentos com monitores de vídeo, interferência na imagem e ondulações podem ocorrer. CONCLUSÃO Antes de executarmos qualquer trabalho (projeto, manutenção, instalação, etc...) na área de eletrônica, devemos observar todas as normas técnicas envolvidas no processo. Somente assim poderemos realizar um trabalho eficiente, e sem problemas de natureza legal. Atualmente, com os programas de qualidade das empresas, apenas um serviço bem feito não é suficiente. Laudos técnicos, e documentação adequada também são elementos integrantes do sistema. Referências Bibliográficas [1] COTRIM, A.A.M.B. Instalações elétricas. 5.ed. Makron, São Paulo, 2008. [2] CREDER, H. Instalações elétricas residenciais. 15.ed. LTC/RJ, 2007. [3] NISKIER, Julio. Manual de instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2013. [4] NBR 5410. Instalações elétricas de baixa tensão. Norma ABNT, 2004. [5] NBR 5419. Proteção de edificações contra descargas atmosféricas. Norma ABNT, 2004.
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