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Análise de Cenários Econômicos

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1 
 
 
 
 
 
 
Análise de Cenários Econômicos 
 
 
 
 
Aula 4 
 
 
Prof. Joaquim Israel Ribas Pereira 
 
 
 
 
 
 
2 
Conversa Inicial 
Naturalmente, ao assistir a noticiários de televisão ou acessar portais de 
notícias na internet, você já se deparou com matérias que tratavam da 
economia brasileira, porém relacionadas à economia internacional. A economia 
moderna, pós-Revolução Industrial e, principalmente, posterior à revolução 
liberal dos anos 1980, impulsionou o comércio internacional e alavancou o 
interesse das empresas por mercados externos. 
Só no mercado nacional, podemos citar o caso da Embraer, que fabrica 
aviões e os vende para o exterior. Podemos também mencionar a Brasil Foods, 
maior exportadora de produtos de origem animal. 
Outro aspecto importante, que está relacionado com o comércio 
internacional, são as reservas internacionais do Brasil, e os motivos por que o 
Fundo Monetário Internacional (FMI) realiza empréstimos para alguns países. 
Iremos ver, nos próximos temas, conteúdos que fornecem uma ideia 
geral sobre a economia internacional, e que são fundamentais para que se 
possa entender a situação econômica de qualquer país. 
 
Contextualizando 
O passo inicial para se discutir a economia internacional e como ela é 
necessária para uma análise econômica, é entender de maneira clara os seus 
fundamentos. Para darmos esse primeiro passo, vamos apresentar o conceito 
de taxa de câmbio e ver o que ela representa. 
Posteriormente, apresentaremos os principais agentes que atuam no 
mercado de câmbio, e o que significa taxa de câmbio fixa e taxa de câmbio 
flutuante. Para entendermos porque alguns países se mostram mais 
competitivos no mercado internacional, vamos apresentar as principais teorias 
econômicas que sustentam essas situações. 
Os motivos que levam um governo a aplicar tarifas sobre importação e 
 
 
3 
subsídios para exportação será discutido no Tema 3. No tema seguinte, 
conheceremos o papel da Organização Mundial do Comércio e veremos como 
essa organização é importante para o Brasil. Os blocos comerciais e seus 
níveis de colaboração também fornecerão conteúdo para o nosso estudo. 
Por fim, para uma análise completa de cenários econômicos, vamos 
observar o efeito de um aumento da renda e dos juros sobre a balança 
comercial. 
 
Pesquise 
Antes de começarmos, pesquise no site do Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) notícias sobre acordos 
comerciais, sobre a situação do Mercosul e procure descobrir o que é Tarifa 
Externa Comum. 
 
Tema 1 – Taxa de Câmbio 
Em abril de 2011, a relação dólar/real estava no patamar de R$ 1,56. 
Isso permitiu que diversos brasileiros pudessem fazer sua primeira viagem 
internacional, e também gastar bons volumes de dinheiro em compras. 
Entretanto, em 2015, a maré virou: o Brasil viu o dólar disparar aos 4 reais. 
Que razões econômicas haviam feito com que, no primeiro momento, compras 
no Estados Unidos ficassem tão baratas e por que elas mudaram para o 
segundo momento? Podemos dizer que o saldo da balança comercial e as 
expectativas em relação à economia foram os principais fatores que motivaram 
as mudanças na taxa de câmbio. 
A taxa de câmbio, numa definição simples e direta, é o preço de uma 
moeda em termos de outra. Sendo a moeda também um ativo, a taxa de 
câmbio representa o valor de um ativo em relação a outro. De modo 
semelhante, a taxa está intimamente relacionada às expectativas das pessoas. 
Se existe otimismo em relação a certo país, os valores dos ativos se valorizam; 
 
 
4 
numa situação de pessimismo, ocorre o contrário. 
A tendência é que cada país possua sua moeda, na qual os preços dos 
seus bens e serviços são cotados — a Argentina com o peso argentino, a Índia 
com a rupia, a Grã-Bretanha com a libra esterlina —, mas existem exceções, 
países que adotaram o dólar como moeda local, geralmente devido a 
problemas na balança de pagamentos, e países como os da União Europeia, 
que adotaram uma moeda única. 
Temos duas formas de representação do câmbio: 
 
 Em termos indiretos: mostra o preço do real em termos da moeda 
estrangeira; 
 Em termos diretos: maneira usualmente adotada no Brasil, mostra o 
preço da moeda estrangeira em termos de reais. 
 
O que significa uma depreciação da taxa de câmbio? É uma depreciação 
do real em relação a uma moeda estrangeira, o que leva os empreendedores 
nacionais a descobrirem que suas exportações estão baratas e as importações 
estão mais caras. Como, porém, estamos tratando de preços relativos, os 
preços dos bens nacionais ficam depreciados em relação aos dos bens 
estrangeiros. 
Assim como qualquer outro ativo, o preço da moeda é determinado entre 
compradores e vendedores, que compram e vendem moeda estrangeira para 
realizar seus negócios. O mercado em que se dá o comércio de moeda 
internacional é denominado mercado de câmbio. 
No mercado de câmbio, como explicam Krugman e Obstfeld (2012, p. 
333-334), existem quatro participantes principais: 
 Bancos comerciais: quase todas as transações internacionais com 
volumes elevados envolvem transações por meio de bancos comerciais 
de vários centros financeiros. Assim, a maioria das transações envolve 
os chamados depósitos bancários. Exemplo: uma indústria local precisa 
 
 
5 
pagar um fornecedor na Europa, ou seja, o pagamento deverá ser feito 
em euros. A indústria entra em contato com o setor de câmbio de um 
banco como o Santander ou o Bradesco e solicita que essa transação 
seja feita. O valor será debitado da conta em reais, convertido em euros, 
e o banco enviará o valor correspondente para a conta do fornecedor 
europeu. 
 Empresas: são os agentes que se utilizam do sistema financeiro para as 
suas obrigações. 
 Instituições financeiras não bancárias: agências de turismo, com 
autorização do Banco Central para operações de compra e venda de 
moeda destinadas a viagens internacionais. Também a Empresa de 
Correios e Telégrafos (ECT) tem autorização para realizar operações 
com vales postais internacionais. 
 Bancos Centrais: operam por meio de intervenções no mercado de 
câmbio. São também os responsáveis por autorizar agentes a participar 
do mercado de câmbio. 
Os bancos de desenvolvimento, as agências de fomento, as sociedades 
de crédito, financiamento e investimento, as corretoras de câmbio ou de títulos 
e valores mobiliários, podem ser autorizados a realizar operações de forma 
limitada. 
Por fim, você já deve ter ouvido falar de taxa de câmbio flutuante e taxa 
de câmbio fixa. Qual a diferença entre as duas? A taxa de câmbio flutuante 
segue as alterações na demanda e oferta de moeda, sem intervenção do 
governo. A taxa de câmbio fixa é mantida por intervenção do Banco Central, 
que, via reservas internacionais, conserva o preço dos ativos sempre no 
mesmo patamar. 
Usualmente, usamos no Brasil um sistema chamado de dirty floating ou 
flutuação suja, em que o câmbio flutua conforme o mercado, mas recebe 
intervenções pontuais do Banco Central para evitar variações bruscas. 
Ao final deste tema, você já é capaz de entender que a taxa de câmbio 
 
 
6 
representa o preço relativo de dois ativos em países diferentes. Saber qual 
produto tem um preço relativo melhor, ajudará nas escolhas de insumos mais 
baratos. 
 
Tema 2 – Por Que Ocorre o Comércio Internacional? 
Vamos tratar, neste tema, de uma parte mais teórica da economia: 
iremos analisar as teorias que fornecem as bases para o estudo da economia 
internacional. Primeiramente, nossa discussão será focada nos ganhos do 
comércio e, posteriormente,no que determina o padrão do comércio, isto é, 
qual o papel de cada país no comércio internacional, e qual o motivo de 
exportarmos laranjas e importarmos produtos eletrônicos. Acho que é 
unânime a noção de que um pouco de comércio internacional é bom: ninguém 
acha que a Noruega deva tentar a plantação de kiwi, deixando de importar do 
Chile, um país com características ambientais bem diferentes. Entretanto, não 
existe acordo entre os pesquisadores sobre que nível de comércio deve existir 
entre os países. 
De maneira simplificada, podemos dizer que existe uma dicotomia entre 
aqueles que acreditam que o comércio internacional deve ser o mais livre 
possível e os que defendem que ele deve ser restrito, visando a proteger os 
trabalhadores locais. Vejamos de que lado você estaria. Você acha que o 
governo deveria tarifar os brinquedos provenientes da China para proteger a 
indústria nacional de brinquedos? 
Provavelmente, entre as suas respostas pode-se encontrar algo como: 
as indústrias chinesas produzem com mão de obra muito barata, portanto a 
concorrência com a produção das indústrias brasileiras não é justa e o governo 
deveria proteger estas últimas, sim. O contra-argumento poderia ser que o 
interesse do consumidor deve ser atendido em primeiro lugar, que este tem o 
direito de receber produtos mais baratos e, portanto, o governo não deve 
proteger a indústria nacional. 
 
 
7 
O primeiro modelo teórico que veremos, a teoria da vantagem absoluta, 
prediz que todos os países sairão ganhando no comércio internacional se cada 
um deles produzir aquilo que sabe fazer melhor. A segunda teoria, das 
vantagens comparativas, demostra que dois países podem comercializar para 
benefício mútuo, mesmo quando existe uma diferença de eficiência entre eles. 
Por fim o terceiro modelo teórico, de Heckscher-Ohlin, conclui que o 
comércio propicia benefícios ao permitir que países exportem recursos que são 
localmente abundantes e importem bens que são escassos em seus territórios. 
Vejamos cada uma dessas teorias um pouco mais detalhadamente. 
 
Teoria das Vantagens Absolutas 
Esta teoria foi criada por Adam Smith, no final do século XVIII. Smith 
defendia um sistema que visava ao livre comércio, segundo o qual cada país 
deveria se especializar na produção de bens em que fosse mais eficaz. 
Vejamos um exemplo: 
Imagine dois países (Brasil e Argentina). No Brasil, um trabalhador 
consegue produzir duas camisetas por hora e cinco jaquetas por hora. Na 
Argentina, um trabalhador consegue produzir cinco camisetas por hora e 
duas jaquetas por hora. Segundo Adam Smith, o Brasil deveria se 
especializar na produção de jaquetas, enquanto a Argentina se dedicaria à 
produção de camisetas. 
Assim, por exemplo, ao final de 4 horas de trabalho, no Brasil teríamos 
20 jaquetas prontas para serem comercializadas e na Argentina, 20 camisetas, 
totalizando 40 peças. 
Por outro lado, imagine que ambos os países resolvessem produzir 
jaquetas e camisetas indistintamente, sem fazer trocas via comércio 
internacional. Nesse caso, a cada 4 horas de trabalho no Brasil seriam 
produzidas 4 camisetas e 10 jaquetas e na Argentina, 10 camisetas e 4 
jaquetas. Por fim, as duas economias produziriam apenas 28 peças de roupa, 
ou seja, uma redução relativamente grande na produção total. 
 
 
8 
 
Teoria das Vantagens Comparativas 
Essa teoria foi elaborada originalmente pelo economista inglês David 
Ricardo, no início do século XIX. De acordo com ela, o país vai produzir aquilo 
em que é mais eficiente e não somente mais eficaz. Vejamos um exemplo: 
Imagine novamente dois países (Brasil e Inglaterra). No Brasil, um 
trabalhador consegue produzir duas camisetas por hora e três bolsas por hora. 
Na Inglaterra, por outro lado, um trabalhador consegue produzir oito camisetas 
por hora ou quatro bolsas por hora. 
Nessa situação, a Inglaterra se mostra mais eficiente na produção dos 
dois bens. Sendo assim, valeria à pena a comercialização entre os dois 
países? Segundo a Teoria da Vantagens Comparativas, sim, e nesse caso a 
Inglaterra deveria se especializar na produção de camisetas pois é a atividade 
em que apresenta vantagem comparativa. O Brasil, nesse exemplo, deveria se 
especializar na produção de bolsas. 
Para ficar mais claro vejamos qual seria o montante produzido em cada 
país, com e sem comércio internacional. 
 Inglaterra em 4 horas de trabalho = 32 camisetas em produção 
especializada, ou 16 camisetas e 8 bolsas sem participar do comércio 
internacional. 
 Brasil em 4 horas de trabalho = 12 bolsas em produção especializada, 
ou 4 camisetas e 6 bolsas caso opte por não participar do comércio 
internacional. 
 
Note que mesmo o Brasil sendo menos eficiente que a Inglaterra, ainda 
vale a pena o comércio internacional, pois graças a ele cada país produzirá 
aquilo em que apresenta uma vantagem relativa. 
 
A Teoria de Heckscher-Ohlin 
Desenvolvida por dois economistas suecos, Eli Heckscher e Bertil Ohlin, 
 
 
9 
essa teoria enfatiza a importância dos fatores (mão de obra, terra, capital e 
recursos naturais) como determinantes para a produção de bens. 
Vamos supor outros dois países (Brasil e Portugal). O Brasil tem uma 
relação terra/trabalho mais alta, isto é, temos relativamente poucos 
trabalhadores por espaço territorial. Portugal, por outro lado, apresenta uma 
relação maior de trabalho por terra. Portando, Brasil é definido como terra-
abundante e Portugal é trabalho-abundante. 
A produção de alimentos é definida como terra-intensiva, ou seja, sua 
produção demanda mais espaço territorial do que mão de obra. Por sua vez, a 
produção de bens manufaturados, como os tecidos, é trabalho-intensiva, isto é, 
necessita mais de mão de obra que de espaço territorial. 
A conclusão da Teoria de Heckscher-Ohlin é que os países tendem a 
exportar bens cuja produção é intensiva em fatores dos quais são dotados em 
abundância, ou seja, por mais que a Suíça seja altamente eficiente na 
produção de bens alimentícios, dificilmente produzirá soja, devido à baixa 
disponibilidade de terras. 
O que devemos ter em mente é que o comércio internacional geralmente 
se mostra vantajoso, pois por meio dele podemos optar por encontrar 
fornecedores — tanto de bens quanto de serviços — mais baratos e eficientes 
do que quando somente procuramos dentro do Brasil. 
 
Tema 3 – Instrumentos de Política Comercial 
Neste tema, vamos examinar as políticas que os governos utilizam em 
relação ao comércio internacional, como impostos sobre movimentações 
comerciais, subsídios, e limites de compra para determinadas importações. Ao 
fim deste tema, será possível entender quais são os efeitos dessas políticas 
sobre a economia. Seremos capazes de responder quem se beneficiará e 
quem perderá com uma cota de importação, informação importantíssima para 
qualquer empresa. 
 
 
10 
Iniciaremos analisando as tarifas, o instrumento mais simples de política 
comercial. Como explicam Krugman e Obstfeld (2012, p. 195), a tarifa é 
basicamente um tipo de imposto cobrando quando um bem é importado ou 
exportado. Temos dois tipos de tarifas: 
 Tarifas específicas: são cobradas como um valor fixo para cada unidade 
importada. Exemplo: R$ 10,00 sobre cada par de óculos importado. 
 Tarifas ad valorem: cobradas sobre uma fração do valor dos bens. Por 
exemplo, uma tarifa de 20% sobre cada automóvel importado. 
O governo utiliza as tarifas por dois motivos principais, o primeiro, como 
fonte de receita; o segundo, para proteger determinados setores da economia 
doméstica. 
É comum também a utilização pelo governo de barreiras não tarifárias, 
como restriçõesà exportação (restrições muitas vezes impostas pela 
Organização Mundial do Comércio) e cotas de importação (limitações à 
quantidade de importações). 
Vamos, primeiramente, analisar o efeito da implantação de uma tarifa 
específica. Para tanto, vamos utilizar gráficos que auxiliem nossa 
compreensão. Vejamos a Figura 1. 
 
 
 
 
11 
Figura 1 – Efeito de uma aplicação de tarifa no mercado local 
 
 
Fonte: Adaptado de Krugman; Obstfeld, 2012, p.197. 
 
A Figura 1 ilustra os efeitos de uma tarifa específica (T) sobre o mercado 
de certo produto. Vemos a curva de demanda e de oferta desse bem e, na 
ausência de tarifa, o preço seria igual a P0 no mercado local. Como podemos 
notar, nesse nível de preço a oferta local (Qs0) é bem inferior à demanda local 
(Qd0), o que implica que esse excesso de demanda será atendido por 
fornecedores externos. 
Uma vez implementada a tarifa (T), o preço no mercado local irá subir 
para P1. Nesse nível de preço, os produtores locais irão ofertar mais e os 
clientes irão demandar menos, fazendo com que o montante importado diminua 
(Qd1 – Qs1). A área A, no gráfico, representa o ganho dos produtores locais com 
a implementação da tarifa. Por outro lado, a soma das áreas A, B, C e D 
representa a perda dos consumidores. 
Você se lembra dos dois motivos para a implantação de uma tarifa? Um 
deles era dar proteção ao produtor local; o outro era promover ganho de receita 
para o governo. A receita do governo é representada pela área D, que 
 
 
12 
basicamente é a tarifa (T) multiplicada pelo montante importado (Qd1 – Qs1). 
Uma vez entendido o funcionamento das tarifas, fica fácil compreender 
os outros instrumentos do comércio internacional. Um subsídio ao exportador 
é um repasse feito pelo governo a uma empresa ou indivíduo que envia um 
bem para o exterior (Krugman; Obstfeld, 2012, p. 206) 
O efeito de um subsídio à exportação é exatamente o oposto do efeito 
de uma tarifa. Para entender isso, vejamos a Figura 2. 
 
Figura 2 – Efeito de uma aplicação de subsídio no mercado local 
 
 
Fonte: Adaptado de Krugman; Obstfeld, 2012, p. 206. 
 
Nesse caso, vemos que o preço no país exportador aumenta de P0 para 
PS. No país exportador, os consumidores são prejudicados (A+B), os produtores 
ganham (A+B+C) e o governo perde porque gasta dinheiro com o subsídio 
(A+B+C+D). Observe, portanto, como é custosa a implantação de subsídio. 
Ao final deste tema, você já é capaz de entender qual o efeito da 
aplicação de uma tarifa ou subsídio no mercado interno, e quem sai ganhando 
ou perdendo com a política comercial de um governo. Isso será de suma 
importância numa análise de cenário econômico, principalmente quando existe 
 
 
13 
uma previsão de alteração em períodos futuros. 
 
Tema 4 – Blocos Econômicos e Acordos Comerciais 
Vamos avançar agora sobre a faceta institucional do comércio 
internacional, ou seja, vamos aprender sobre os acordos comerciais realizados 
no mundo e quais suas motivações. Além disso, veremos qual é a principal 
entidade que administra os conflitos comerciais, a qual deve ser a sua principal 
fonte de informações sobre comércio internacional. 
Primeiramente, devemos entender o que significa sistema multilateral 
de comércio. Trata-se de um conjunto de acordos e regras que regulam o 
comércio internacional, os quais são formulados pela Organização Mundial do 
Comércio (OMC) — ou World Trade Organization, em inglês. 
A OMC é um órgão multilateral que, em termos gerais, busca administrar 
os conflitos comerciais entre os países membros, que atualmente conta com 
162 participantes. Além de administrar conflitos, a OMC visa a coibir práticas 
ilegais de comércio, como o dumping, e encontrar caminhos para propiciar 
maior liberdade comercial. 
A OMC foi fundada em 1995. Entretanto, ela é fruto de um acordo 
predecessor, o General Agreement on Tariffs and Trade (GATT), criado em 
1947, e que, portanto, operou até 1994. O GATT surgiu após a Segunda 
Guerra Mundial, para promover a integração comercial e reduzir os 
protecionismos entre os países. 
Esse acordo internacional regeu o sistema multilateral de comércio 
durante quase 50 anos, até que fosse criada a OMC. É importante, aqui, fazer 
uma ressalva: o GATT não foi uma organização e sim um acordo; diferente do 
que temos atualmente, pois a OMC é uma organização. 
Por que é importante entender o papel da OMC? Segundo Costa e 
Souza-Santos (2010) a OMC é de vital importância para países como o Brasil, 
que devido ao seu menor poder comercial precisam de um sistema de normas 
 
 
14 
para defender seus interesses. Exemplo disso foram as recentes vitórias do 
Brasil no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, que considerou desleais 
os subsídios que os Estados Unidos forneciam aos seus produtores de 
algodão, que impediam a entrada do produto brasileiro naquele país. 
Agora que já conhecemos a OMC, podemos passar para a estudo de 
algo que vem sendo mencionado com frequência: blocos econômicos ou 
blocos comerciais ou, ainda, áreas de livre comércio. Afinal, o que são eles? 
São conjuntos de países que buscam, mediante acordos, maior integração 
econômica e comercial, via diminuição de tarifas, e protecionismos, e 
instituição de regras de mercado em comum. 
Existem quatro estágios de integração regional, que definem em que 
grau os membros de um acordo comercial estão avançados na eliminação de 
barreiras e na livre circulação de produtos, serviços, capitais e pessoas. 
 
1) Área de livre comércio: é o primeiro estágio de integração, e que, 
portanto, apresenta o menor nível de integração. Consiste na 
autorização de livre circulação de bens e serviços, contanto que estejam 
discriminados no acordo. Entretanto, devemos esclarecer que 
dificilmente ocorre uma eliminação completa das barreiras comerciais, 
mas sim somente uma diminuição. Países que fazem parte de um 
acordo diminuem as barreiras entre si, mas continuam livres para definir 
as tarifas praticadas com os demais países. Exemplo de área de livre 
comércio é o Nafta (acordo entre México, Estados Unidos e Canadá). 
2) União aduaneira: tem por característica a livre circulação de 
mercadorias e serviços entre seus integrantes e, ainda, a igualdade na 
política comercial em relação a terceiros. Esta igualdade é representada 
pela Tarifa Externa Comum (TEC), que é uma tabela de tarifas de 
importação que deve ser igual entre os países que fazem parte do 
acordo. Exemplo: o Brasil é obrigado a cobrar a mesma alíquota de 
imposto sobre um bem importado que os demais membros do Mercosul. 
 
 
15 
3) Mercado comum: pressupõe a livre circulação de mercadorias e 
serviços, igualdade na política comercial em relação a outros países e, 
ainda, livre circulação de fatores de produção (mão de obra, capital e 
tecnologia). Exemplo de mercado comum era a Comunidade Econômica 
Europeia, formada em 1993, e que formou a base da União Europeia. 
4) União econômica: o quarto estágio de integração, em que, além das 
características anteriores, há ainda a equalização das políticas 
econômicas. Nesse caso, as políticas cambial, monetária e fiscal são 
unificadas, geralmente com a criação de uma moeda comum e um único 
Banco Central. Exemplo desse tipo de união é o atual estágio 
institucional da União Europeia. 
 
Por fim, deve ficar claro que as relações e acordos entre países são 
fundamentais, pois irão determinar como empresas, fornecedores e clientes de 
diferentes nações irão se relacionar. Uma análise de cenário econômico não 
deve desprezar mudanças institucionais, e sim levar em conta as possíveis 
mudanças implantadas por elas. 
 
Tema 5 –Comércio de Bens, Equilíbrio de Mercado e Balança 
Comercial 
Após termos visto os conceitos básicos de comércio internacional, 
podemos agora estudar os efeitos do comércio de mercadorias sobre o nível de 
renda e sobre a balança comercial. Algumas simplificações serão tomadas 
aqui, pois consideramos que o nível de preços é dado, ou seja, que nenhum 
agente tem poder de mercado para mudá-los, e que a conta do balanço capital 
da balança de pagamentos não se altera. 
Vamos começar lembrando que, numa economia aberta, parte do PIB é 
efeito da venda para estrangeiros via exportação, e parte dos gastos dos 
residentes domésticos é consumida em bens e serviços do estrangeiro 
 
 
16 
(importações). 
Vamos lembrar da identidade do PIB (Y): 
 
Y ≡ C + I + G + (X-M) 
 
As exportações líquidas (NX = X – M) são iguais à diferença do valor das 
exportações (X) sobre as importações (M). As exportações líquidas dependem 
da renda dos nacionais (Y), que afeta os gastos com importações; da renda 
dos estrangeiros (Ye), que afeta a demanda externa pelas nossas exportações; 
e da taxa de câmbio real (R). 
Portanto, 
 
NX = f(Y, Ye, R) 
 
Como explicam Dornbusch, Fischer e Startz (2013, p. 282), esta função 
apresenta três conclusões importantes: 
 Um aumento de renda no exterior, com todo o resto mantendo-se 
igual, melhora a balança comercial do país de origem e, portanto, 
eleva sua renda. 
 Uma depreciação real do cambio nacional melhora a balança comercial 
e, assim, eleva a demanda agregada. 
 Um aumento na renda nacional eleva o gasto com importações e, assim, 
piora a balança comercial. 
 
Para ficar mais claro, vamos sintetizar as conclusões por meio de um 
quadro. 
 
 
 
 
 
 
17 
Quadro 1 – Efeitos sobre a renda e sobre a balança comercial 
 
 RENDA EXPORTAÇÕES LÍQUIDAS 
Aumento do gasto local ↑ ↓ 
Aumento da renda no 
exterior 
↑ ↑ 
Depreciação real do câmbio ↑ ↑ 
Fonte: Elaboração própria, com base em Dornbusch; Fischer; Startz, 2013. 
 
O quadro acima resume os principais efeitos de diferentes 
perturbações sobre os níveis de renda e das exportações. O quadro pode ser 
usado como referência na análise de cenários. Por exemplo, uma perspectiva 
de acréscimo do gasto local se refletirá em aumento da renda e queda das 
exportações líquidas. 
Caso o oposto ocorra, é só inverter o sentido dos efeitos. Por exemplo, 
uma diminuição da renda no exterior refletir-se-á numa queda da renda e numa 
queda das exportações líquidas. 
Vejamos, agora, como seria uma política monetária baseada 
principalmente em alterações na taxa Selic — taxa de juros que remunera os 
títulos públicos — e como ela afetaria o saldo da balança de pagamentos. 
Se a taxa de juros no Brasil for maior que no exterior (If), estrangeiros 
irão trazer seu dinheiro para aproveitar os juros altos. Exemplo: as taxas de 
juros dos títulos públicos dos EUA estão próximas de 0%, enquanto no Brasil 
elas passam de 10%. Qual você consideraria um lugar melhor para aplicar seu 
dinheiro? Claramente o Brasil. Esse fluxo de dinheiro irá se refletir sobre a 
balança de pagamentos, que apresentará saldo positivo ou superávit. 
Vejamos a Figura 3, que mostra o equilíbrio entre juros e a renda. 
 
 
 
 
18 
Figura 3 – Equilíbrio entre juros e produto 
 
 
Fonte: Elaboração própria, com base em Dornbusch; Fischer; Startz, 2013. 
 
Portanto, se os juros forem maiores que os praticados no exterior (If), 
isso irá atrair dinheiro, levando a um superávit na balança de pagamento. Em 
relação ao emprego, políticas como as vistas anteriormente — aumento dos 
gastos locais, aumento na renda do exterior etc. — provocarão deslocamento 
do produto natural da economia, levando ao pleno emprego, isto é, aos 
menores níveis possíveis de desemprego. 
De maneira geral, esta etapa da aula visa a esclarecer alguns dos 
principais efeitos e suas causas numa economia aberta. Ao fim, você já é 
capaz de explicar, por exemplo, qual será o efeito de um aumento dos gastos 
do governo sobre as exportações líquidas e o que uma diminuição dos juros 
pode causar na balança de pagamentos. 
 
 
 
19 
Trocando ideias 
Discuta no fórum quais as vantagens e desvantagens de um acordo 
comercial. O acordo do Mercosul é vantajoso para o Brasil? Qual a diferença 
entre o que está ocorrendo entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul? 
 
Na Prática 
Vamos supor que você seja um analista do Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Internacional, e que o atual ministro 
deseje saber como a taxa de câmbio está afetando as exportações. Para 
atender a demanda do ministro, produza um relatório apresentando como foi o 
comportamento do câmbio e também o de um produto manufaturado e de um 
produto agrícola. 
Para tornar a apresentação mais precisa use, em vez de valores brutos 
de exportação, os coeficientes de exportação de cada produto. 
 
Protocolo de resolução da situação proposta 
Leia o caso acima e, com base no conteúdo e nos materiais já 
apresentados nesta aula, siga as recomendações propostas abaixo, buscando 
ampliar seu conhecimento. 
 
1) A taxa de câmbio histórica pode ser encontrada nas séries temporais do 
Banco Central. 
2) Os dados de comércio exterior podem ser encontrados na seção de 
estatísticas de comércio exterior da seção de Macroeconomia do 
IPEADATA. 
3) Tabule os dados no Excel e, se possível, crie gráficos. 
4) Apresente os resultados de forma concisa. 
 
 
 
 
20 
Resolução do caso 
A primeira dificuldade que você encontrará será ajustar os dados para o 
mesmo período. Os dados dos coeficientes de exportação — que indicam seu 
peso no produto da economia — são calculados trimestralmente desde 2006; 
antes disso, esse cálculo era feito apenas uma vez ao ano. 
A taxa de câmbio, por sua vez, é fornecida numa base diária. No nosso 
exemplo, vamos ampliar o período e apresentar os resultados desde 1996. 
Para tanto, vamos usar somente os valores de dezembro de cada ano para o 
dólar. Poderia se optar, também, pela média anual do câmbio. 
A tabela obtida em nosso exemplo, a partir dos coeficientes de 
exportação de papel e celulose, produtos alimentícios e máquinas e 
equipamentos, foi a seguinte: 
 
Tabela 1 – Taxas de câmbio x coeficientes de exportação 
 
Data Taxa 
de 
Câmbio 
Coeficiente 
de 
exportação - 
produtos 
alimentícios 
Coeficiente 
de 
exportação - 
máquinas e 
equipamentos 
Coeficiente de 
exportação - 
celulose, papel e 
produtos de papel 
1996 T4 1,0394 17,2 17,1 14,8 
1997 T4 1,1157 15,5 17,5 16,4 
1998 T4 1,2084 15,1 16,9 17,1 
1999 T4 1,817 20,2 21,8 21,6 
2000 T4 1,9554 16,5 19,9 21,0 
2001 T4 2,3204 23,2 19,7 21,5 
2002 T4 3,5333 25,6 23,1 20,4 
2003 T4 2,8883 25,8 26,8 23,4 
2004 T4 2,6836 27,2 30,1 22,0 
2005 T4 2,3407 26,3 30,8 21,2 
2006 T4 2,138 24,9 28,8 21,2 
2007 T4 1,7713 3,2 29,9 6,6 
2008 T4 2,3956 3,4 32,6 7,7 
2009 T4 1,7421 3,3 33,0 7,0 
2010 T4 1,6788 21,5 15,1 22,8 
2011 T4 1,8758 21,6 17,0 21,8 
2012 T4 2,0435 21,5 19,4 22,7 
2013 T4 2,3426 21,3 15,8 25,2 
2014 T4 2,6783 21,3 16,9 26,5 
2015 T3 3,8492 20,5 19,9 30,8 
 
 
21 
 
Transformando esses dados em gráfico, para facilitar o entendimento, 
obteremos a figura abaixo. 
 
Figura 4 – Gráfico das taxas de câmbio x coeficientes de exportação 
 
 
 
Note que o câmbio teve um período de desvalorização entre 1996 e 
2002, seguido de um período de valorização até 2008, quando houve uma 
inflexão devido à crise. As exportações dos três produtos seguiram crescendo 
até 2006, quando ocorreu uma grande quedanos coeficientes de exportação 
de papel e celulose e de produtos alimentícios, os quais só retornaram ao 
patamar anterior após 2010. 
O coeficiente de exportação de máquinas e equipamentos seguiu 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Taxa de Câmbio
Coeficiente de exportação - produtos alimentícios
Coeficiente de exportação - máquinas e equipamentos
Coeficiente de exportação - celulose, papel e produtos
de papel
 
 
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crescendo, com pequenas variações, no período de 1996 a 2009, mas 
apresentou uma queda brusca em 2010. Por fim, a taxa de câmbio, com 
exceção de 2008, não parece ser o principal determinante da pauta de 
exportações. 
O caso ainda permite extrapolar as respostas apresentadas aqui. 
Procure identificar outras situações, ou exercite-se, reescrevendo o caso com 
enfoque em outras possibilidades. 
 
Síntese 
Ao longo desta aula, discutimos os principais aspectos do comércio 
internacional. Iniciamos aprendendo sobre o conceito de taxa de câmbio, e que 
esta representa uma relação entre os valores de diferentes moedas. 
Em seguida, apresentamos os principais agentes que atuam no mercado 
de câmbio (banco central, empresas, bancos comerciais). Para entender por 
que alguns países exportam mais produtos agrícolas, e outros mais produtos 
manufaturados, discutimos as principais teorias econômicas sobre o assunto, 
como a teoria das vantagens comparativas. 
Por meio de gráficos, mostramos os efeitos que subsídios e tarifas 
provocam no mercado de bens. Subsídios causam aumento das exportações e 
dos preços, e tarifas causam diminuição das importações e aumento dos preços. 
O quarto tema esclareceu o papel da Organização Mundial do Comércio 
e os quatros tipos de acordo comercial; ele demonstrou por que a União 
Europeia é considerada uma união econômica. 
Por fim, visualizamos, por meio de tabelas e gráficos, os efeitos que as 
alterações na renda e na taxa de juros exercem sobre a balança comercial. 
 
 
 
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Referências 
 
COSTA, A. J. D.; SOUZA-SANTOS, E. R. de . Economia Internacional: teoria 
e prática. Curitiba: Ibpex, 2010. 
 
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S.; STARTZ, R. Macroeconomia. Tradução de 
João Gama Neto. 11. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 
 
KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economía internacional: teoría y política. 
9. Ed. Madri: Pearson, 2012.

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