Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teoria Crítica da Arquitetura II Professora: Hulda Erna Wehmann Email:wehmann.hulda@gmail.com 28/07/2013 Aula 01 - Conceituações DEFINIÇÕES INICIAIS: TEORIA Agrupamento ou conjunto de idéias e conhecimentos elaborados e sistematizados de forma obter um certo grau de credibilidade a partir das suas explicações e interpretações sobre determinado assunto - atividade prática de verificaçáo, análise e interpretação Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 2 CRÍTICA Faculdade de examinar e julgar as obras humana, sem criar verdades, nem classificar nada como positivo ou negativo, mantendo-se neutra, porém, buscando sempre discernir o “erro” da “verdade”. TEORIA x CRÍTICA Ambas examinam e verificam, mas teoria sistematiza e organiza fatos, a fim de se chegar a uma conclusão. Já a crítica busca por à prova, questionar intenções, resultados e atitudes. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 3 PRAGMATISMO Crença de que uma idéia é verdadeira se for útil e propicie algum êxito ou satisfação – ou seja, depende exclusivamente do resultado prático, sem considerar as questões subjetivas. dialética da arte: Arte como Função x Arte pela Arte Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 4 PROJETO Conjunto de idéias e informações organizadas de forma a dar as condições para execução de um determinado empreendimento. Resultado não apenas da intenção funcional e da forma, mas do contexto histórico em que está inserido. Reprodução de idéias intuitivamente, posteriormente explicadas e justificadas racionalmente, a partir da reflexão sobre a prática, seja individual do arquiteto, seja coletiva. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 5 ENSINO DE PROJETO EM ATELIER Sem “a maneira corretar de projetar” através de um modus operandi estabelecido – que dispensa teoria e emprega critérios irreais de “certo x errado” ou “batalha de estilos”, entre faculdades defensoras do “moderno” vs. Faculdades seguidoras do “pós-moderno” Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 6 ENSINO DE PROJETO EM ATELIER Independentemente do rótulo que se coloca (desconstrutivismo, minimalismo, super-modernismo, neo-modernismo, etc…), a idéia tem valor superior à forma a TEORIA não nasce das idéias mas dos fatos concretos… a partir do resultado das idéias (a arquitetura construída) é que as teorias serão desenvolvidas. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 7 PROJETO ARQUITETÔNICO – processo de pesquisa e construção do pensamento TEORIA - instrumento no processo de elaboração de projeto a crítica responsável buscará discutir idéias que já foram postas à prova ou à experimentação - a partir de um projeto a contextualizá-lo A TEORIA busca caminhos para ajudar a efetivar a IDÉIA – não é REPERTÓRIO. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 8 INTRODUÇÃO À PROBLEMÁTICA DA CRÍTICA O sentido da crítica O que é a crítica? Quais os seus objetivos e significados? MONTANER, Josep Maria. Arquitectura y Crítica. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2002. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 9 Comporta dentro dela um juizo estético (não imediato de promoção ou negação da obra), ou seja, uma avaliação individual da obra arquitetônica a partir: - da sua bagagem (background) e da metodologia que utiliza - da sua capacidade analítica e sintética - da sua sensibilidade, intuição e gosto MONTANER, Josep Maria. Arquitectura y Crítica. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2002. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 10 Tem origem no desenrolar da DÚVIDA! “Quem sabe até onde me levará o encadeamento das idéias?” (Denis Diderot) Vale lembrar que a Crítica Arquitetônica é MULTIDISCIPLINAR, pois, a arte é reflexo da cultura em que está inserida. - Ernest Gombrich (arte), Claude Lévi-Strauss (antropologia) e George Steiner (literatura). Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 11 Simplificando: A CRÍTICA BUSCA COMPREENDER A OBRA E EXPLICAR SUA ESSÊNCIA DEVE HAVER SEMPRE, PORÉM, UM COMPROMISSO ÉTICO: A MELHORIA DA SOCIEDADE, DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA E ARQUITETÔNICA - opinião coletiva. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 12 1 - SÓ EXISTE CRÍTICA QUANDO EXISTE TEORIA. base de onde retirar os entendimentos que sustentam as interpretações e julgamentos. Do mesmo modo, toda teoria necessita da experiência prática para pôr-se à prova na crítica. Ou seja, toda crítica é colocar à prova uma teoria. 2 – SÓ EXISTE CRÍTICA QUANDO EXISTEM VISÕES CONTRAPOSTAS. Diversidade de possibilidades Vitruvius e os tratados renascentistas são entendidos como textos de teoria, não de crítica A crítica nasce no final do séc. XVIII: Neoclassicismo Vs. Barroco Iluminismo vs. Academicismo Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 13 Segunda metade do século XVIII 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL + ILUMINISMO (Era da Razão – inspirado nos racionalistas do século XVII Spinoza, Locke e Newton) + NEOCLASSICISMO (princípios estéticos de moderação, equilíbrio e idealismo) 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL http://www.brasilescola.com/upload/e/primeira%20revolucoa%20industrial1.jpg Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 14 ARTE DE VANGUARDA + MOVIMENTO MODERNO Período em que se consolidou o papel da crítica arquitetônica Características gerais: - fim da arte como mímese (reprodução fiel) - abstração como expressão artística - arquitetura racionalista, funcionalista, social e tecnológica A CIDADE (Tarsila do Amaral) Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 15 Ensaio/Dissertação, “a mais genuína ferramenta da crítica”. O que é? - INDAGAÇÃO LIVRE E CRIATIVA - NÃO-EXAUSTIVA - RACIOCÍNIO + COMPARAÇÃO - REFLEXÃO ABERTA E INACABADA - PROPOSIÇÃO DE IDÉIAS - UMA TENTATIVA DE APROXIMAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 16 A crítica arquitetônica analisa, em sua essência, questões multidisciplinares, relacionadas ao mundo da ciência e da técnica, da arte e da subjetividade, da antropologia e da cultura, do direito, da geografia e do meio ambiente, e da história: - funcionalidade distributiva - função social - beleza e expressão de símbolos e significados - adequado uso das técnicas e materiais construtivos - relação com seu contexto urbano - o lugar e o meio ambiente Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 17 Os extremos ilusórios e falsos da crítica: - racionalista e metodológico - irracionalista, arbitrário e bárbaro A crítica deve ser um equilíbrio entre ambos os extremos, ou seja, deve ser fruto da INTERPRETAÇÃO. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 18 O exercício da crítica mantém uma estreita relação com o ESPAÇO em que se insere. Nas demais formas de expressão artística, a percepção é ESTÁTICA! LITERATURA – biblioteca CINEMA – sala de projeção ARTES PLÁSTICAS E VISUAIS – museu, galeria ou espaço urbano (preferencialmente na presença do original) Na arquitetura, a percepção é DINÂMICA! ARQUITETURA – interior e exterior da própria obra arquitetônica - experiência racional e sensorial (articulação dos espaços, escala e luz, toques e texturas, detalhes construtivos, funcionamento, paisagem, entorno urbano, etc.) Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 19 POR QUE A TRADIÇÃO CRÍTICA ARTÍSTICA SE CONSOLIDAEM UNS PAÍSES, E NÃO EM OUTROS? POLÍTICO: Geografia da democracia e da liberdade permite a reprodução dos grandes museus e dos grandes editoriais artísticos. METODOLÓGICO: é comum em países periféricos a não-absorção dos métodos e conhecimentos acadêmicos e científicos, que se acumulam de geração em geração. Arte ainda é vista como dádiva. MEDIÁTICO: é o meio de expressão e divulgação, ou seja, é necessário haver os canais de difusão. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 20 DÉCADA DE 1960 – O DESCRÉDITO DA CRÍTICA!? Susan Sontag – “Against Interpretation” (1966) O excesso de interpretações terminaram por envenenar, domesticar e reduzir a complexidade das grandes obras de arte! DÉCADA DE 1970 Movimento Pós-Moderno, mass culture, a arte conceitual, a pop art. A crítica é entendida como supérflua devido ao excesso de redundância e academicismo. A arte deveria fundir-se com a própria vida. http://www.susansontag.com/images02/HomepageSontagPhoto.jpg Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 21 22 Antigos questionamentos renascem: A ARTE DE VANGUARDA / ABSTRACIONISTA É REALMENTE MAIS PROGRESSITA QUE A ARTE REALISTA / MIMÉTICA? A arte abstrata passou a ser vista como vazia e elitista, repetida e conservadora, um “instrumento de alienação”. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 22 LUCIEN FREUD e o Novo Realismo Europeu http://fc08.deviantart.net/fs70/f/2010/144/5/d/lucien_freud_transcription_by_freatoxim.jpg ANDY WARHOL e JEAN-MICHEL BASQUIAT http://www.artexpertswebsite.com/pages/artists/Basquiat_Images/BasquiatWithWarhol.jpg Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 23 EM ARQUITETURA: ERNESTO NATHAN-ROGERS e a Torre Velasca http://www.lombardiabeniculturali.it/img_db/percorsi/archivi-architetti/62-l.jpg LINA BO BARDI e o SESC Pompéia http://1.bp.blogspot.com/_qvnVkgH1svY/S7f5oVLuhVI/AAAAAAAAImw/nzFOE4dnkN8/s1600/Lina+Bo+Bardi+Pompeia,+1977jpeg ROBERT VENTURI e a Vanna Venturi House http://0.tqn.com/d/architecture/1/0/s/G/vannaventurihouse- ppl.jpg Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 24 Porém, tanto abstração quanto figuração são COMPLEMENTARES. Não há arte, por mais figurativa que for (nem a fotografia ou o cinema), que consiga reproduzir o mundo visível sem modificá-lo, simplificá-lo, depurá-lo, fazendo com que sempre dependa da PERCEPÇÃO + INTERPRETAÇÃO. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 25 “Como encarar o trabalho da crítica de arquitetura dentro das incertezas contemporâneas e da grande pluralidade de posições e interpretações?” ENTENDIMENTO DE PARTIDA / PREMISSAS: “Uma obra é uma criatura viva; uma peça que cada geração verá e interpretará de maneiras distintas.” – sem posturas dogmáticas, ao contrário, deve ser dialética. Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 26 “Toda construção surge em um contexto social, político e econômico, e que toda grande obra é resultado de decisões políticas e do conflito entre os interesses privados e públicos, dos diversos grupos e operadores urbanos” MANFREDO TAFURI (historiador italiano de arquitetura) ROBERTO SEGRE (historiador de arquitetura milanês radicado na Argentina) “cada obra de arquitetura possui uma missão ideológica”. Dessa forma, “a mesma cidade é o banco de provas e comparações mais eficaz” Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 27 MISSÕES BÁSICAS DA CRÍTICA: - contextualizar toda nova produção dentro de correntes, tradições, posições e metodologias estabelecidas, reconstituindo o meio na qual se criaram essas obras; - revelar as raízes, os antecedentes, as teorias, métodos e posições que estão implícitos no objeto; COMO RESULTADO: - combate-se a tendência à “arte pela arte”, ao individualismo e criacionismo em que se escondem muitos artistas e arquitetos, que rejeitam críticas e interpretações Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 28 TEORIA + CRÍTICA = estreita relação Até mesmo as origens da arquitetura como pensamento independente das artes (criação + técnica) nunca esteve fundamentada sobre premissas independentes, mas possuía estreita relação com as idéias, as artes e a ciência. TEORIA + CIÊNCIA + CRITICA + HISTÓRIA = arquitetura Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 29 Textos para Avaliação Parcial 1.1 Capítulo 03 - A representação do Espaço ZEVI, B.; p. 29 a 52 Saber ver a Arquitetura - Livro A produção do Espaço BARRIOS, S.; p 1 a 24 O lugar do juízo (e da crítica) na arte contemporânea OSORIO, L. p. 42 a 53 Professora: Hulda Erna Wehmann Teoria Crítica da Arquitetura II 30
Compartilhar