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Revisão - P2 - Penal 1

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TEORIA DO ERRO
Erro de tipo essencial: 
Falsa percepção da realidade acerca dos elementos constitutivos do tipo penal. 
Exemplos:
Caçador mata homem supondo ser animal – erro quanto ao elemento constitutivo “alguém” do crime de homicídio.
“A” pega o livro de seu colega de faculdade, suponde ser o seu – erro quanto ao elemento constitutivo “alheia” do crime de furto. 
“A” pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14, supondo que a pessoa era maior – erro quanto ao elemento constitutivo “menor de 14” do crime de estupro de vulnerável. 
Erro escusável: aquele plenamente justificável pelas circunstâncias. Aqui, usa-se o critério do homem médio. Se o agente fosse substituído por um ser humano de diligência média, este também incorreria na falsa percepção da realidade sobre os elementos constitutivos do tipo penal. É um erro invencível. 
Erro inescusável: é aquele erro evitável. Também adota-se o critério do homem médio. Se o agente tivesse adotado a cautela e prudência de um ser humano de diligência média, poderia evitar tal erro. 
O erro de tipo, seja escusável ou inescusável, SEMPRE exclui o dolo. Afinal, para uma pessoa responder por um crime doloso, ela deve ter a consciência de todos os elementos constitutivos do tipo penal. 
O erro escusável irá excluir o dolo e a culpa e, por conseguinte, tornará o fato atípico. 
O erro inescusável exclui o dolo, mas permite a punição a título de culpa, se prevista a modalidade culposa em lei. Se a modalidade culposa não for prevista, o fato será atípico, ainda que o erro seja inescusável. 
Crime putativo por erro de tipo
Crime imaginário, que acontece exclusivamente na mente do agente. Ele quer praticar um crime, mas, por erro, acaba por cometer um fato penalmente irrelevante. Ex: “A” deseja praticar o crime de tráfico de drogas, mas, por desconhecimento, comercializa talco, pensando ser cocaína. 
Erro de tipo acidental
Esse erro não recai sobre os elementos constitutivos de tipo penal, mas sim sobre uma circunstância (qualificador, agravante, causas de aumento de pena) e fatores irrelevantes, não essenciais da figura típica. Esse erro não afasta a responsabilidade penal.
Obs: circunstâncias são aqueles fatores que se agregam à figura típica, mas que não são essenciais para a sua configuração, apenas são importantes para a aplicação da pena (dosimetria). Exemplos: qualificadoras, causas de aumento de pena, circunstâncias agravantes...
Erro sobre a pessoa ou error in persona
Agente confunde a pessoa visada, contra a qual desejava praticar a conduta criminosa, com pessoa diversa. Ele erra quanto à identificação da vítima. 
Exemplos: 
“A”, com intenção de matar “B”, efetua disparos de arma de fogo contra “C”, irmão gêmeo de “B”, confundindo-o com aquele que efetivamente queria matar. 
Agente queria matar o próprio pai, mas acaba causando a morte de seu vizinho, por confundi-lo com aquele. 
Nesses casos, para a aplicação da pena, consideram-se as condições ou qualidades da vítima que o sujeito pretendia atingir. No segundo exemplo, aplicar-se-á à dosimetria do agente a agravante genérica relativa ao crime praticado contra ascendente, embora, no caso concreto, não se tenha cometido parricídio. 
Erro sobre o objeto
O sujeito crê que sua conduta recai sobre um determinado objeto, mas na verdade incide sobre objeto diverso. Exemplo: o agente acredita furtar um colar de ouro, mas na verdade trata-se de bijuteria. No caso, esse erro é irrelevante e não interfere na tipicidade penal. O que interessa é que houve a subtração do patrimônio alheio, pouco importando seu efetivo valor para se configurar a tipicidade da conduta do agente. 
Aberratio causae (erro sobre o nexo causal)
É o erro que recai sobre o meio de execução do crime. Inexiste erro quanto às elementares do tipo, bem como no tocante à ilicitude do fato.
Exemplo: agente almejando matar a vítima por afogamento, a arremessa de uma ponte, vindo esta a bater em um pilar e falecer por traumatismo craniano em razão da batida. Agente acredita ter matado a vítima por afogamento, mas no momento em que ela caiu no mar, já estava morta em virtude da batida. 
Para fins de qualificação do delito, será considerado o meio de execução que o agente desejava empregar para a consumação do mesmo e não aquele que, acidentalmente, produziu o resultado. 
Aberratio ictus (erro na execução)
O agente não se engana quanto à pessoa que desejava atacar, mas age de modo desastrado, erra na execução do delito, e acaba atingindo pessoa diversa da pretendida. 
Aqui, aplica-se as mesmas regras relativas ao erro sobre a pessoa: consideram-se, para a para a aplicação da pena, as condições ou qualidades da vítima que o sujeito pretendia atingir.
No erro sobre a pessoa, o agente confunde a pessoa que queria atingir com pessoa diversa. A vítima que realmente queria atingir não sofre perigo, pois a sua conduta é diretamente direcionada a outra pessoa.
No erro na execução, o agente não confunde a pessoa que desejava atingir com outra, mas por aberração no ataque, acaba por acertar pessoa diversa. A vítima que pretendia atingir é exposta à situação de perigo: poderia ter sido atacada, o que somente não ocorreu por falha na pontaria. 
Se o agente, além de atingir a vítima pretendida, atinge outra pessoa culposamente, responde por concurso formal próprio de crimes (acho que vocês não precisam saber isso). 
Aberratio criminis (resultado diverso do pretendido)
O agente desejava cometer um crime, mas por erro na execução, acaba por cometer crime diverso. 
Exemplo: sujeito atira uma pedra para quebrar a vitrine de uma loja, mas, por erro na execução, atinge uma pessoa que passava pela rua, lesionando-a. 
Se o agente só atingiu a pessoa, ser-lhe-á imputado apenas o crime de lesão corporal culposa. 
Se atingir o bem jurídico que queria atingir (vidraça) e a pessoa responde por concurso formal próprio de crimes, aplicando-se a pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 a ½. 
Erro determinado por terceiro
Quem pratica a conduta tem uma falsa percepção da realidade em decorrência da atuação de terceira pessoa, chamada de agente provocador.
O agente não erra por conta própria (erro espontâneo), mas sim, de forma provocada, isto é, determinada por outrem. 
O agente provocador pode determinar o erro de forma culposa ou dolosa. 
Quando o provocador atua dolosamente, a ele deve ser imputado, na forma dolosa, o crime cometido pelo provocado. 
Se o agente provocador agiu culposamente, por imprudência, negligência ou imperícia, a ele será imputado o crime culposo praticado pelo provocado, se previsto em lei. 
Exemplos:
- “A”, apressado para não perder o ônibus, pede na saída da aula para “B” lhe arremessar seu celular que esquecera na mesa. “B”, dolosamente, entrega o celular pertencente a “C”, seu inimigo.
- Médico ministra veneno na injeção e enfermeira a aplica, supondo tratar-se de anestésico. 
Consequência jurídica: art. 20, §2º, CP: “Responde pelo crime o terceiro que determina o erro”. Esse terceiro será o autor mediato (indireto) do delito, pois ele utilizou essa pessoa, que incorria em erro por ele determinado, como instrumento para a consecução do delito. 
Descriminante putativa
Descriminante putativa é a falsa percepção da realidade que recai sobre uma causa de exclusão da ilicitude. 
Descriminante putativa por erro de tipo ou erro de tipo permissivo:
Erro incide sobre uma situação fática, que é pressuposto de uma causa de exclusão da ilicitude. Essa situação fática é imaginária, ou seja, só existe na mente do agente. Se essa situação fática existisse concretamente, a ação seria lícita. 
Exemplo:
“A” encontra seu inimigo na rua, e nota que essa pessoa coloca a mão no bolso. Achando que seu inimigo está pegando uma arma, pega sua própria arma primeiro e o mata. Mas, na verdade, a vítima estava apenas pegando seu celular. Temos, aqui, uma legítima defesa putativa. “A” se engana quanto a um fato, que é pressuposto da legítima defesa, qual seja, a agressão injusta. 
Consequência jurídica:Erro escusável: isenta de pena.
Erro inescusável: afasta o dolo, mas permite a punição a título de culpa, se prevista em lei a modalidade culposa. É o que a doutrina chama de “culpa imprópria”, pois, não obstante a conduta ter sido dolosa, o agente responde a título de culpa. 
Descriminante putativa por erro de proibição ou erro de proibição indireto:
O erro recai sobre a existência ou os limites de uma causa de exclusão da ilicitude.
Exemplos:
Erro relativo à existência de uma causa de exclusão da ilicitude: marido mata amante da esposa, acreditando estar agindo em “legítima defesa da honra”. 
Erro relativo aos limites de uma causa de exclusão da ilicitude: “A” recebe um tapa na cara de “B” e o chuta. O chute foi suficiente para cessar a agressão injusta de “B”. No entanto, “A” acha que pode continuar a chutar “B”, mesmo depois de ele ter cessado a agressão, pois está amparado pela legítima defesa. Neste caso, cuida-se da figura do excesso, pois ele extrapolou os limites previstos em lei para a legítima defesa.
Erro escusável: exclui a culpabilidade em decorrência do afastamento da potencial consciência sobre a ilicitude do fato.
Erro inescusável: diminui a pena de 1/6 a 1/3. 
Aqui, como estamos em sede de culpabilidade, o critério para aferirmos se o erro é escusável ou não será o do perfil subjetivo do agente, levando em consideração suas condições pessoais, sua cultura... Não será o critério do homem médio utilizado no erro de tipo, pois lá estamos em sede de estrutura do tipo penal e, portanto, o critério será sempre objetivo. Na culpabilidade, o que nos interesse é a pessoa do agente, para sabermos se esse sujeito, em virtude de suas características pessoais merece ou não ser punido pelo Estado.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE OU CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Há um conflito entre dois bens amparados pelo ordenamento jurídico. 
Teoria adotada pelo nosso CP:
Teoria unitária: o estado de necessidade é causa de exclusão da ilicitude, desde que o bem jurídico sacrificado seja de igual valor ou de valor inferior ao bem jurídico preservado. Só assim não seria razoável exigir da pessoa o sacrifício do bem preservado. Ou seja, nesse caso, há razoabilidade na conduta do agente, pois para preservar direito próprio ou de terceiro, ele pode sacrificar bem jurídico alheio, desde que o valor do bem sacrificado seja igual ou inferior ao do bem preservado. Neste caso, sua ação será legítima, pois ele estará amparado por uma causa de exclusão da ilicitude. Logo, não haverá crime. Se, todavia, o interesse sacrificado for superior ao preservado, já seria razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado. Então, subsistirá o crime, incidindo uma causa de diminuição de pena (1/3 a 2/3). Essa é a teoria que nosso CP adota em seu art. 24.
OBS: para a teoria diferenciadora haverá estado de necessidade justificante (causa de exclusão de ilicitude) somente nas hipóteses em que o bem afetado for de valor inferior àquele que se defende. Nas demais situações, quando o bem salvaguardado for de valor igual ou inferior àquele que se agride, o estado de necessidade seria exculpante (causa de exclusão da culpabilidade). 
Não obstante nosso código ter adotado a teoria unitária, se o bem que o agente defender for de valor inferior ao que se agride, abre-se a possibilidade de o fato ser discutido em sede de culpabilidade, na análise da exigibilidade da conduta diversa, pois isso pode configurar uma causa supralegal de exclusão da culpabilidade. Se o agente não puder ser beneficiado com o afastamento da culpabilidade, terá o direito a uma redução da pena. 
Requisitos cumulativos para a configuração do estado de necessidade:
Perigo atual
Perigo é a exposição do bem jurídico a uma situação de probabilidade de dano. 
A situação de perigo pode ser oriunda de 
- um fato da natureza. Exemplo: diante de uma inundação, o agente subtrai o barco de seu vizinho para sobreviver. 
- de seres irracionais. Exemplo: um cão enorme vem em direção ao agente para atacá-lo, então este, para preservar sua vida ou integridade física, atira contra o cão. 
- de atividade humana
Perigo atual: deve estar ocorrendo a situação de perigo no momento em que o fato é praticado.
Em relação ao perigo iminente, há controvérsia doutrinária. Há quem entenda que equivale-se ao perigo atual, excluindo o crime. Há posições, porém, no sentido de que o perigo iminente não autoriza o estado de necessidade, tendo em vista que o art. 24 só inclui a expressão “perigo atual” e, se a vontade do legislador fosse abarcar o perigo iminente, o teria incluído expressamente no artigo, como fez no art. 25, em relação à legítima defesa (pelo que vocês falaram na monitoria, Renata adota a segunda posição e considera apenas o perigo atual). 
Perigo remoto ou futuro, bem como o pretérito não caracterizam o estado de necessidade. 
Perigo não provocado voluntariamente pelo agente
Controvérsia doutrinária se o “voluntariamente” abarca somente o dolo ou o dolo e a culpa. 
1ª corrente (Damásio de Jesus, Rogério Greco...): a expressão “que não provocou por sua vontade” quer traduzir tão somente a conduta dolosa do agente na provocação da situação de perigo, seja esse dolo direto ou eventual. Exemplo: se o agente dá início a um incêndio dolosamente, não pode, visando salvar a própria vida, disputar a única saída de emergência, causando lesão ou morte de outras pessoas. 
2ª corrente (Nélson Hungria, Noronha...): abarca também a culpa. A culpa é voluntária em sua origem; involuntário é o resultado naturalístico. Ademais, de acordo com uma interpretação sistemática, se quem cria a situação de perigo, dolosa ou culposamente, tem o dever jurídico de impedir o resultado (art. 13, §2º, c – estudamos isso na P1 no tópico da omissão imprópria!), quem cria o perigo, dolosa ou culposamente, não pode invocar a causa de justificação (Pelo o que vocês me falaram na monitoria, é essa a posição da Renata). 
Inevitabilidade do dano
O sacrifício de um dos bens juridicamente protegido somente está autorizado quando a salvação do outro só possa fazer-se à custa desse sacrifício. Isso significa que aquele que age em estado de necessidade, na verdade, não tem opção de escolher, pois sempre deverá seguir o caminho menos gravoso. 
Não haverá estado de necessidade se o agente tinha como evitar o dano, deixando de praticar a conduta; ou se entre duas opções danosas, o agente podia ter escolhido a menos gravosa para a vítima. 
No estado de necessidade há dois bens jurídicos protegidos em confronto. Portanto, sempre a alternativa menos danosa é a que deverá ser escolhida, pois, caso contrário, o agente responderá por seu excesso. 
Exemplo: se para fugir de um cão feroz, o agente pode facilmente pular uma cerca, não estará autorizado a matar o animal. Se matar o cão, incorrerá no excesso, tendo em vista que tinha como ter evitado esse dano e, aí, responderá por seu excesso, que não estará amparado pelo estado de necessidade. 
Ameaça de direito próprio ou alheio
O estado de necessidade pode ser próprio (agente salvaguarda um bem seu) ou de terceiro (agente atua para proteger um bem juridicamente tutelado de terceiro). 
Para a proteção de bem jurídico de terceiro, a lei não reclama a existência de uma relação de parentesco ou intimidade, sendo assim nada impede que o agente aja em prol de pessoas desconhecidas. 
Contudo, aquele que está fora da situação de perigo só poderá auxiliar terceira pessoa, valendo-se do argumento de estado de necessidade, se o bem que estiver em jogo for considerado indisponível (vida, ex.). Caso contrário, sendo disponível o bem, a exemplo do patrimônio, não poderá o estranho àquela situação de perigo intervir, a não ser que o terceiro o autorize. 
Exemplos: 
Dois náufragos disputamuma última vaga no bote salva-vidas. Poderá terceira pessoa auxiliar qualquer deles, sob o argumento de estado de necessidade, haja vista que a vida é um bem indisponível e, portanto, passível de defesa por terceira pessoa. 
Em um condomínio residencial tem um incêndio em uma das casas ali construídas. Todas as residências foram edificadas uma ao lado das outras. O incêndio teve início na casa 1 e seguiu em direção às demais. Nesse caso, agente não pode destruir a casa 2, visando preservar a casa 3, que não é sua, mas de terceiro, alegando estado de necessidade, pois o bem é disponível. Então, o agente não pode se colocar em lugar de terceiro, decidindo pela sua não disponibilidade. Ele só pode agir se o terceiro autorizar sua conduta. 
Ausência de dever legal de enfrentar o perigo
Quem tem o dever legal de enfrentar situações perigosas, como bombeiros e policiais, geralmente não pode alegar o estado de necessidade. Claro que temos que aplicar o princípio da razoabilidade. Não pode um bombeiro , para salvar um morador de uma casa em chamas, destruir a residência vizinha, quando possível fazê-lo de forma menos danosa, ainda que mais arriscada à sua pessoa. Mas se o bombeiro estiver tentando salvar patrimônio alheio e a sua vida correr perigo extremo (não o normal da sua profissão), poderá optar em salvar-se a preservar o patrimônio de outra pessoa. 
Estado de necessidade defensivo e agressivo
Defensivo: a conduta do agente recai diretamente sobre o causador da situação de perigo. Exemplo: para se proteger de um cão feroz que vinha em sua direção com a finalidade de mordê-lo, o agente desfere um tiro contra o animal. 
Agressivo: a conduta do agente sacrifica bens de um inocente, não causador da situação de perigo. Exemplo: um caminhão desgovernado vem atrás do agente e este, para salvar sua vida, joga seu automóvel para o acostamento, vindo a colidir com outro veículo. Aqui, foi atingido bem de terceiro inocente, não provocador da situação de perigo. 
Aberratio e estado de necessidade
Exemplo: agente atira em direção a um cão feroz, mas, por erro na execução, atinge uma pessoa que passava. Aqui, temos aberratio criminis (resultado diverso do pretendido). O resultado aberrante não poderá ser atribuído ao agente, que se encontrava amparado pela causa de justificação do estado de necessidade.
Estado de necessidade putativo
A situação de perigo é imaginária, só existe na mente do agente. 
Exemplo: em uma sessão de cinema, o agente escuta alguém gritar “fogo!” e, acreditando estar ocorrendo um incêndio, com a finalidade de salvar-se, corre à porta de saída, causando lesões nas pessoas pelas quais passou, mas, na verdade, tudo não passava de uma brincadeira. 
Se o erro for escusável (plenamente justificado pelas circunstâncias, invencível) o agente deverá ser considerado isento de pena, ou seja, terá sua culpabilidade excluída. Se for inescusável, não responde pelos resultados por ele produzidos a título de dolo, mas será responsabilizado por crime culposo. Temos, aqui, a chamada “culpa imprópria”, pois o agente, apesar de ter agido dolosamente, responderá pela modalidade culposa, havendo a previsão desta. 
Estado de necessidade e dificuldades econômicas
Não é qualquer dificuldade econômica que abre a possibilidade de o agente ser amparado pelo estado de necessidade, mas sim aquela situação que inviabiliza a sua própria existência. Exemplo: sobrevivência da família do agente que não tem dinheiro para comprar comida X patrimônio do supermercado. 
Legítima Defesa
Trata-se de uma causa de exclusão da ilicitude, consistente em repelir uma injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários (art. 25, CP). 
É preciso que o agente se veja diante de uma situação de total impossibilidade de recorrer ao Estado, responsável constitucionalmente por nossa segurança pública e, só assim, uma vez presentes os requisitos legais, poderá agir em sua defesa ou em defesa de terceiros. Por exemplo, se alguém está sendo vítima de uma ameaça de um mal futuro, injusto e grave, não poderá valer-se da legítima defesa. Não obstante a liberdade pessoal ser amparada pelo nosso ordenamento jurídico, o mal prenunciado à vítima ser injusto, não é atual, nem iminente, de modo que ela tem plena possibilidade de recorrer ao Estado. 
Requisitos cumulativos da legítima defesa:
Agressão injusta
Essa agressão só pode ser proveniente de uma conduta humana! Não pode ser efetuada por um animal ou pela natureza. 
Portanto, animais que atacam e coisas que oferecem risco às pessoas podem ser sacrificados ou danificados com fundamento no estado de necessidade, e não na legítima defesa, reservada a agressões emanadas do homem. 
Nada impede, entretanto, a utilização de animais como instrumentos do crime, como nos casos em que são incitados por alguém ao ataque de determinada pessoa. Nesse caso, se o agente vem a sacrificar o animal, que foi estimulado por outra pessoa a atacá-lo, estará amparado pela legítima defesa, e não pelo estado de necessidade. 
A agressão pode vir de um inimputável?
Entendimento majoritário: a agressão pode emanar de um inimputável. Afinal, um inimputável pratica um injusto típico e ilícito. Não há de se falar, nesse caso, em estado de necessidade, tendo em vista que a conduta do inimputável não é amparada legalmente, e o estado de necessidade pressupõe o conflito entre dois bens amparados pelo ordenamento jurídico. Contudo, há posições em sentido contrário, como a de Nelson Hungria, que equipara os inimputáveis aos seres irracionais e sustentam que a defesa contra ataques deles originado caracteriza o estado de necessidade, e não a legítima defesa. 
Mas é pacífico na doutrina que a condição de inimputável do agressor, se conhecida do agredido, impõe a este a obrigação de causar o menor dano possível, ou mesmo, em determinadas situações, de desconsiderar a agressão. 
Em regra, a agressão é praticada por meio de uma ação, mas nada impede que seja levada a efeito por uma omissão, caso o omitente tenha, no caso concreto, o dever jurídico de agir. Exemplo: carcereiro tem o dever de liberar o recluso cuja pena foi integralmente cumprida. Se assim não o fizer, sua omissão é ilícita, o que autoriza o preso a agir em legítima defesa. 
Agressão “injusta” é aquela contrária ao Direito. Não se exige, para ser injusta, que a agressão seja prevista como infração penal. A conduta no chamado “furto de uso”, embora não seja considerada criminosa, é tida como um ilícito civil, dando ensejo à legítima defesa, uma vez que goza do status de agressão injusta. 
A agressão injusta é objetivamente considerada. Toda agressão contrária ao ordenamento jurídico é injusta. Logo, cabe legítima defesa contra agressões culposas. 
Agressão injusta é diferente de provocação injusta. A provocação injusta não exclui a responsabilidade penal. Embora toda a agressão possa ser uma provocação (tapas, empurrões), nem toda provocação constitui verdadeira agressão (pilhérias, insultos). Uma provocação verbal pode ser razoavelmente repelida com expressões verbais, e não com uma agressão. A provocação injusta não exclui a responsabilidade penal, mas permite a incidência de uma circunstância atenuante quando da aplicação da pena (art. 65, III, c, CP). No caso do homicídio, por exemplo, a provocação injusta é uma causa especial de diminuição da pena. Aquele que provoca alguém sem o intuito de agredi-lo pode agir em legítima defesa de sua pessoa, caso o provocado parta para a agressão. Essa possibilidade não é permitida àquele que comete injusta agressão.
Agressão atual ou iminente
Atual: agressão presente, que já se iniciou, mas ainda não encerrou a lesão ao bem jurídico. Exemplo: vítima está sendo atacada com golpes de faca. 
Iminente: agressão que está prestes a acontecer. Exemplo: agente anuncia à vítima a intenção de matá-la, mostrando-lhe uma faca. 
Agressão futura ou passada não admite a legítima defesa, tendo em vista a possibilidade de a pessoa recorrer à autoridade pública.Agressão a direito próprio ou alheio
A legítima defesa pode ser de terceiro: agente intervém em defesa de terceira pessoa, que pode ser desconhecida. Deve-se averiguar, aqui, o animus (intenção) do agente para saber se ele, efetivamente, agia com a finalidade de auxiliar terceiros. Por exemplo, se o agente, percebendo que seu maior inimigo está prestes a matar alguém e, aproveitando-se desse fato, o elimina, sem que tenha a intenção de agir em defesa de terceira pessoa, mesmo que tenha salvado a vida desta última, responderá pelo delito de homicídio, porque o elemento subjetivo exigido nas causas de justificação encontrava-se ausente, ou seja, querer agir na defesa de terceira pessoa. 
Aqui, cabem as mesmas considerações sobre o estado de necessidade de terceiro: se o bem jurídico de terceiro for disponível, haverá necessidade de concordância do titular do desse direito, tendo em vista que, por ser disponível, o titular pode optar, inclusive, por não oferecer resistência. 
Reação com meios necessários
Meio necessário é aquele que o agente tem à sua disposição para repelir a agressão injusta, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Suponhamos que o agressor esteja se utilizando de uma barra de ferro para bater no agredido e o agente só tenha um único meio disponível para repelir a agressão, consistente em uma arma de fogo. Apesar desse meio ser desproporcional em relação à barra de ferro, o agente pode utilizá-la, por ser o único meio disponível ao seu alcance e estará caracterizada a legítima defesa, desde que a use MODERADAMENTE. 
Agora, suponhamos que a pessoa seja atacada por socos. Essa vítima tem à sua disposição um guarda-chuva, uma barra de ferro e uma arma de fogo. Se ela optar pela arma de fogo para repelir a agressão, o meio será desnecessário, o que configurará o EXCESSO de legítima defesa. Quando o agente tiver à sua disposição vários meios aptos a ocasionar a repulsa à agressão, deverá sempre optar pelo menos gravoso, sob pena de considerarmos como desnecessário o meio por ele utilizado.
Uso moderado dos meio necessários
Os meios necessários têm que ser empregados na medida SUFICIENTE para afastar a agressão injusta. É preciso que haja uma proporção entre a reação e o ataque. Ou seja, se o agente ultrapassa aquilo que seria efetivamente necessário para fazer cessar a agressão que estava sendo praticado, ele responderá pelo seu excesso. 
Legítima defesa real recíproca (legítima defesa real contra legítima defesa real)
É impossível a ocorrência da legítima defesa real recíproca, pois o pressuposto da legítima defesa é a existência de uma agressão injusta. Se duas agressões são injustas, não se cogita a hipótese, pois ambas as condutas são contrárias ao ordenamento jurídico. 
Temos o agressor inicial X (ele agride injustamente Y), se Y reage, utilizando moderadamente dos meio necessários à agressão de X, sua agressão não é injusta, mas sim, lícita, tendo em vista que está ampara pela legítima defesa. Logo, “X” não pode se valer da legítima defesa para reagir ao ataque de Y, pois a agressão de Y é JUSTA. 
Legítima defesa putativa versus legítima defesa autêntica ou real
Podem coexistir uma legítima defesa putativa e uma legítima defesa real. Afinal, a legítima defesa real pressupõe uma agressão injusta e essa agressão injusta estará presente na legítima defesa putativa. Exemplo: “A” caminha em uma área perigosa. De repente, visualiza “B” colocando a mão no interior de sua blusa e, acreditando que seria assaltado, “A” saca uma arma de fogo e aponta para “B”, que, na verdade, estava apenas pegando seu celular. “B”, então, diante dessa agressão injusta, pega sua própria arma e mata “A” para se defender. 
“A” agiu em legítima defesa putativa, ensejando a legítima defesa real por parte de “B”. 
Legítima defesa contra outra excludente real
É impossível a ocorrência de legítima defesa contra outra causa de exclusão de ilicitude real. Isso porque, se a excludente é real, não haverá agressão injusta. Exemplo: “A” causa lesões em “B” para chegar à saída de emergência em virtude de um incêndio. “B” não pode agredir “A” alegando legítima defesa, pois a agressão de “A” é justa, tendo em vista que amparada pelo estado de necessidade. “B” só pode causar lesão em “A” para chegar mais rápido à saída de emergência, caso em que estará atuando em estado de necessidade, não em legítima defesa, pois haverá conflito entre dois bens (ambos amparados pelo ordenamento jurídico). 
Legítima defesa e aberratio ictus
Na hipótese de aberratio ictus, subsiste a legítima defesa. Pode ocorrer que o agente, almejando repelir agressão injusta, acaba errando na execução e ferindo pessoa diversa que não o seu agressor ou mesmo ambos. O resultado advindo da aberração no ataque também estará amparado pela legítima defesa. Afinal, considera-se o crime praticado contra a pessoa visada e não contra aquela que foi efetivamente atingida (art. 73 CP). 
Quando pode ocorrer excesso na legítima defesa?
a) Agente utiliza meio desnecessário
b)Agente utiliza imoderadamente meio necessário
c)Agente continua a repulsa, mesmo depois de cessada a agressão injusta. 
O excesso pode ser culposo ou doloso. 
Excesso intensivo: o agente, durante a repulsa à agressão injusta, intensifica-a imoderadamente, quando poderia fazer cessar a agressão de maneira menos lesiva. 
Excesso extensivo: agente atuou nos limites impostos pela lei até cessar a agressão injusta, mas, depois de cessada a agressão, deu continuidade à repulsa. 
Legítima defesa sucessiva
Para que se possa alegar a legítima defesa é preciso que o agente atue nos exatos limites previstos pela lei, sem qualquer excesso. Se houver excesso, doloso ou culposo, o agente terá que responder por ele, uma vez que a legítima defesa estava permitida até o momento de cessar a agressão injusta. Então, a agressão praticada pelo agente, embora inicialmente legítima, transforma-se em agressão injusta quando incide no excesso. Dessa forma, o agressor inicial poderá agir em sua legítima defesa contra o excesso praticado pelo até então agredido. Essa legítima defesa recebe o nome de “legítima defesa sucessiva”.
Estrito cumprimento do dever legal
Há um dever imposto ao agente por lei. É necessário que o cumprimento desse dever se dê nos exatos termos impostos pela lei, não podendo em nada ultrapassá-los, sob pena de se incorrer no excesso. 
Se, no Brasil, por exemplo, houvesse pena de morte, não poderia ser o executor responsabilizado por homicídio. 
Aqui, não trata-se de uma faculdade, mas de um dever legal de agir. 
Estrito cumprimento do dever legal não exclui crimes culposos: a lei não obriga ninguém a agir com imprudência, negligência ou imperícia. A situação, geralmente, é resolvida pelo estado de necessidade. Exemplo: bombeiro dirige a viatura com excesso de velocidade para salvar uma pessoa queimada em um incêndio e, em razão disso, atropela alguém. Nesse caso, não responde pelo crime de homicídio culposo, em face da exclusão do crime pelo estado de necessidade agressivo. 
Exercício regular de direito
Exemplo:
- Art. 301 do CPP. “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. Com essa norma, dá para entender bem a diferença de estrito cumprimento do dever legal para exercício regular do direito. Ao particular, a lei autoriza que ele efetue a prisão em flagrante de quem pratica uma infração penal. Ele tem a faculdade de fazer isso ou não. Se o fizer, não lhe pode ser imputado o crime de constrangimento ilegal, pois ele está amparado pela excludente do exercício regular de um direito. Já às autoridades policiais, a lei impõe um dever: a autoridade policial é obriga a efetuar a prisão e não responderá por crime em virtude do estrito cumprimento do dever legal. 
- Intervenções médicas e cirúrgicas consentidas pelo paciente.
- Resultado danoso que decorre do boxe, da luta livre, desde que o esporte seja exercido observando os limites do regulamento. 
Ofendículos
São aparelhosvisíveis destinados, precipuamente, para a proteção da propriedade (arame farpado, cães de guarda...). O titular do bem jurídico prepara previamente o meio de defesa, quando o perigo ainda é remoto e incerto, e o seu funcionamento somente se dá em face de uma agressão atual ou iminente.
Duas posições na doutrina acerca da espécie de excludente configurada pelos ofendículos:
Exercício regular de direito
Legítima defesa preordenada: os instrumentos somente agiriam quando os bens estivessem sendo agredidos e, dessa forma, já haveria uma situação de defesa legítima. 
Posição de Bitencourt (me parece a melhor): a instalação dos ofendículos constitui exercício regular de direito, pois se está exercendo o direito de se autoproteger. No entanto, quando/se reage ao ataque esperado, constitui legítima defesa preordenada. 
CULPABILIDADE
Controvérsia doutrinária:
Conceito tripartido: o crime é definido pelo fato típico e ilícito, praticado por agente culpável, sendo a culpabilidade elemento do crime. 
Conceito bipartido: o crime é formado pelo fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade um pressuposto para a aplicação da pena. 
A imputabilidade deve ser analisada ao tempo da ação ou da omissão (lembrando que o nosso CP adota a teoria da atividade para o tempo do crime). 
A culpabilidade pode ser afastada por inimputabilidade, pelo fato de a pessoa não ter potencial consciência sobre a ilicitude do fato ou pela inexigibilidade de conduta diversa.
Causas de inimputabilidade
Idade: menor de 18 é inimputável! CP adotou, para a idade, o critério biológico. Basta ser menor de 18 anos para ser inimputável, sendo irrelevante se a pessoa era capaz ou não de compreender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. A presunção de inimputabilidade é absoluta, pois não admite prova em contrário. Não interessa se ele foi emancipado civilmente, no campo penal, ele continuará inimputável. Os crimes permanentes são aqueles em que a consumação se prolonga ao longo do tempo. Nesses casos, é possível que seja uma conduta iniciada quando a pessoa ainda é menor de 18 e, somente se encerre, quando atingida a maioridade penal. O agente só será responsabilizado pelos atos praticados após o início de sua imputabilidade penal. 
Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Aqui, o CP adota o critério biopsicológico para a verificação de inimputabilidade: não basta ter doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. É preciso averiguar se, ao tempo da ação ou da omissão, o sujeito era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Logo, se o sujeito sofre de uma doença mental, mas estava em “intervalo de lucidez” ao cometer o crime, ele será imputável e responderá pelo delito. 
Art 26, Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Doutrina chama isso de “semi-imputabilidade”. Para Bitencourt trata-se de “culpabilidade diminuída”. 
Embriaguez COMPLETA proveniente de caso fortuito ou força maior. 
Caso fortuito: 
- indivíduo não percebe que está sendo atingido pelos efeitos do álcool ou de substâncias de efeitos análogos. Exemplo: sujeito mora ao lado de uma destilaria que solta vapores e, ao poucos, fica embriagado pelos vapores da bebida que inala sem perceber. 
- desconhece uma condição fisiológica que o submete às consequências da ingestão do álcool. Exemplo: não sabe que o remédio que toma potencializa os efeitos do álcool, então, toma um copo e já se embriaga. 
Força maior:
- sujeito é obrigado a beber: agente é amarrado e injetam em seu sangue elevada quantidade de álcool. 
- sujeito trabalha em uma destilaria e cai em um balde cheio de aguardente. 
Esse tipo de embriaguez, que é chamada de ACIDENTAL ou FORTUITA, só excluirá a imputabilidade se completa. Isto é, se ao tempo da conduta, o agente era INTEIRAMENTE incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Se a embriaguez acidental ou fortuita for incompleta, pois retira do agente parte de capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, o agente fará jus a uma diminuição de pena (1/3 a 2/3), ou seja, será semi-imputável. 
Causas que NÃO excluem a imputabilidade:
Emoção e Paixão. Emoção é a perturbação psicológica temporária (alegria, tristeza). Paixão é a perturbação psicológica permanente (amor, inveja, ódio). Eles não excluem a culpabilidade, mas podem ser consideradas nas circunstâncias judicias, ou como circunstância atenuante (art. 65, III, CP) ou como causa especial de diminuição de pena (art. 121, §1º). Se a paixão for patológica, caracterizando a psicose, podemos equipará-la à doença mental. 
Não exclui a imputabilidade a embriaguez voluntária ou culposa, ainda que completa.Isso se fundamenta na teoria da actio libera in causa (ação livre na causa), ou seja, se a ação foi livre na causa, o agente deve responder pelo resultado. Aqui, a análise do dolo e de culpa, é feita no momento em que o agente se embriaga, e não na prática da conduta. 
Voluntária: agente ingere a bebida com a intenção de embriagar-se.
Culposa: agente quer somente beber, mas acaba se embriagando, por não observar seu dever objetivo de cuidado. 
Atenção: na embriaguez voluntária ou culposa o agente não bebe para praticar a infração penal. Se ela faz isso, a embriaguez é preordenada, sendo, inclusive, uma circunstância agravante. 
Obs: embriaguez patológica (alcoolismo) pode ser equiparada às doenças mentais.
Potencial consciência sobre a ilicitude do fato
Ela é afastada pelo erro de proibição escusável, que afasta a culpabilidade, isentando o agente da pena. 
Erro de proibição direto: erro recai sobre o conteúdo de uma norma proibitiva
Erro de proibição indireto: visto acima, na descriminante putativa por erro de proibição.
Erro de proibição mandamental: recai sobre o mandamento dos crimes omissivos, próprios ou impróprios. 
Causas de exclusão da exigibilidade da conduta diversa
Diante das circunstâncias em que o agente se encontrava, não se poderia exigir dele que agisse em conformidade ao Direito. 
- Coação MORAL irresistível:
Consiste na ameaça de um mal grave e iminente. Como estamos em sede de culpabilidade, para aferirmos a gravidade e a irresistibilidade da ameaça, levamos em consideração o perfil subjetivo do agente. 
Exemplo: “A” aponta uma arma para a cabeça de “B” ameaçando matá-lo se ele não furtar uma bicicleta. 
Só o autor da coação vai responder pelo delito. Estaremos diante de um caso de autoria mediata, pois o coator ameaça o coagido, infundindo-lhe temor, de modo que este realiza a conduta, mas sua vontade está viciada. Ou seja, o coagido é um mero instrumento nas mãos do coator para a consecução do delito. 
- Obediência hierárquica
Só é punível o autor da ordem, que será o autor mediato. Essa obediência hierárquica só engloba relações de Direito Público. A ordem não pode ser manifestamente ilegal, ou seja, a ordem é ilegal, mas tem aparência de legalidade. Se a ordem for manifestamente ilegal (tortura, ex.), tanto o executor, como o mandante, responderão pelo crime. Se a ordem for legal, o funcionário público subordinado estará agindo amparado pela causa de justificação relativa ao estrito cumprimento do dever legal. 
A inexigibilidade de conduta diversa tem sido entendida como um princípio do Direito Penal e tem sido sustentada a possibilidade de causas supralegais excludentes da culpabilidade em decorrência da inexigibilidade de conduta diversa (ex, bem sacrificado de valor superior no estado de necessidade, ordem de chefe em relação de Direito Privado...). 
CONCURSO DE PESSOAS
Conceito: é a colaboração empreendida por 2 ou mais pessoas para a consecuçãode um crime ou de uma contravenção penal. 
Desenvolveu-se para solucionar os problemas envolvendo os crimes “unissubjetivos” ou de “concurso eventual”, que são, em regra, praticados por 1 pessoa, mas admitem o concurso de agentes. 
Para os crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário, essa regra não é necessária, uma vez que a presença de, no mínimo, 2 pessoas é obrigatória. 
Requisitos do concurso de pessoas:
Pluralidade de agentes e de condutas
Necessidade de, no mínimo, 2 pessoas e, consequentemente, de ao menos duas condutas penalmente relevantes. Essas condutas podem ser principais, no caso de coautoria, ou então uma principal e outra acessória, praticadas pelo autor e partícipe, respectivamente. 
Os autores e partícipes devem ser culpáveis, ou seja, dotados de culpabilidade, sob pena de caracterização da autoria mediata. 
Relevância causal das condutas para a produção do resultado
A conduta levada a efeito por cada agente deve influir para o cometimento da infração penal. Se a participação for inócua, que em nada contribuiu para a realização do delito, devemos desconsiderá-la e concluir que o agente não concorreu para a sua prática. Exemplo: A, já tendo decidido causar a morte de B, pelo fato de não haver encontrado a sua arma, vai até a residência de C e, explicando-lhe o fato, pede o revólver emprestado. C, mesmo sabendo da intenção de A, empresta a arma. Acontece que antes de ir ao encontro de B, A procura mais uma vez sua própria arma e a encontra. Destarte, deixa de lado a arma que lhe fora emprestada e usa a sua para causar a morte de B. 
Como o agente já estava decidido a cometer o delito e não utilizou a arma emprestada, a conduta de C passou a ser irrelevante na cadeia causal. Então, mesmo querendo contribuir, sua conduta fará com que não seja responsabilizado penalmente pelo resultado. 
Vínculo subjetivo entre os agentes
Agentes têm que estar ligados entre si por um vínculo subjetivo, um nexo psicológico. Há um vínculo psicológico que une os agentes para a prática da mesma infração penal.Caso contrário, não haverá um crime praticado em concurso, mas vários crimes simultâneos. Os agentes devem revelar vontade homogênea, visando a produção do mesmo resultado. Sem o vínculo subjetivo, estaremos diante da autoria colateral. Na autoria colateral, cada um responderá, isoladamente, pela sua conduta. 
Exemplo: A e B atiram, simultaneamente, contra C, sendo que um deles acerta mortalmente o alvo e o outro erra. Suponhamos que não se sabe qual deles provocou o resultado morte. Se chegarmos à conclusão que eles agiram unidos por um liame subjetivo, não importará saber, a fim de condená-los pelo crime de homicídio, qual deles, efetivamente, conseguiu acertar a vítima. Aqui, o vínculo subjetivo fará com que ambos respondam por homicídio consumado, pela teoria monista (art. 29, CP).
Agora, se chegarmos à conclusão de que os agentes não atuaram unidos por liame subjetivo, cada qual deverá responder por sua conduta, pois estaremos diante da autoria colateral. Na autoria colateral, duas ou mais pessoas, ignorando uma a contribuição da outra, realizam condutas convergentes objetivando a execução da mesma infração penal. Não há concurso de pessoas, tendo em vista a ausência de vínculo subjetivo unindo os agentes. O dolo individual de cada autor irá estabelecer os limites da responsabilidade penal. Cada um responde por sua conduta. Por isso, na autoria colateral, é indispensável saber quem praticou o que.
Se a perícia identificar que “A” desferiu o projétil que atingiu o coração da vítima e que “B”, apesar do dolo de matar, atingiu o braço, “A” responderá por homicídio consumado e “B” por tentativa de homicídio. Se a perícia não conseguir identificar quem foi o responsável pelo resultado morte, estaremos diante da autoria incerta. Na autoria incerta, sabe-se quem executou a ação, mas ignora-se quem produziu o resultado.No caso, como não sabemos qual autor foi o responsável pelo resultado morte, ambos deverão responder por tentativa de homicídio, pois a dúvida sempre deve ser interpretada em favor do agente, em homenagem ao princípio in dubio pro reo. Isso é diferente da autoria desconhecida, em que se desconhece quem praticou a ação.
Atenção:para a caracterização do vínculo subjetivo, é suficiente a atuação consciente do partícipe no sentido de contribuir para a conduta do autor, ainda que este desconheça a colaboração. Não se reclama prévio ajuste. Exemplo: “A” ouve “B” falando no telefone que pretende matar “C” depois do expediente, às 18hrs. “A” nota, no entanto, que “C” está saindo 10 minutos antes do esperado, então faz com que “C” tropece, de modo que “A” possa chegar a tempo de matá-lo. Nesse caso, “A” será considerado partícipe do delito de homicídio, ainda que “B” desconheça a colaboração e que não tenha havido prévio ajuste entre eles, pois “A” tem consciência de contribuir para a conduta do autor. 
Unidade da infração penal para todos os agentes
Os agentes, unidos por liame subjetivo, devem querer praticar a MESMA infração penal. 
Teorias do concurso de pessoas
Teoria pluralista
O número de agentes corresponde ao número de infrações penais. Exemplo: se 10 pessoas, com unidade de desígnios, esfaqueiam alguém, temos 10 crimes de homicídio. 
Teoria dualista
Essa teoria distingue o delito praticado pelos autores daquele cometido pelos partícipes. Ou seja, há uma infração penal para os autores e outra para os partícipes. 
Teoria unitária ou monista
É a teoria adotada pelo nosso Código penal, em seu artigo 29. 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Para essa teoria existe um crime único, atribuído a todos aqueles que para ele concorreram, autores ou partícipes. Assim, se 10 pessoas, com unidade de desígnios, esfaqueiam alguém, tem-se um crime de homicídio, nada obstante existam 10 agentes (coautores ou partícipes). 
É claro que a teoria monista sofre exceções, não é adotada em sua forma pura, mas sim de maneira temperada. 
Exemplos de exceções pluralistas à teoria monista:
Crime de aborto: terceiro que provoca o aborto com o consentimento da gestante responde pelo artigo 126. Enquanto a gestante que provoca o aborto em si mesma ou consente que terceiro o provoque responde pelo artigo 124. 
Corrupção passiva e ativa:
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa
O funcionário público que solicitou ou recebeu a vantagem indevida responderá pelo art. 317 (corrupção passiva). Já o particular, que ofereceu ou prometeu a vantagem indevida, responderá pelo 333 (corrupção ativa). 
Ademais, o parágrafo primeiro do art. 29 aproxima a teoria monista da teoria dualista ao determinar a punibilidade diferenciada da participação:
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Só saberemos se a participação é de menor importância analisando o caso concreto. Eu acho que um bom critério para aferir a importância da participação é analisando se, no caso concreto, o autor poderia ter conseguido aquela colaboração facilmente de outro modo. Por exemplo, partícipe empresta uma escada para o autor, para que este viole o domicílio de alguém. Ora, o autor poderia conseguir facilmente essa escada de outra forma (com outra pessoa, comprando no supermercado...). Agora, se o partícipe empresta uma máquina de falsificar moedas para o autor, isso é um bem que o autor se depararia com dificuldades de conseguir, se não fosse a colaboração dopartícipe, então essa participação seria de maior importância. 
Cooperação dolosamente distinta:
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Em relação ao crime mais grave os agentes não estavam ligados pelo vínculo subjetivo, isto é, não tinham unidade de desígnios quanto à produção do resultado. Logo, em relação ao crime mais grave não há concurso de pessoas. 
A pena será aumentada até a ½ se resultado mais grave era previsível. 
Exemplo: “A” combina com “B” de cometer o crime de furto. “A” fica vigiando do lado de fora, enquanto “B” entra na casa para furtar a televisão. No entanto, “B” se depara com o dono da casa acordado e o mata. Nesse caso, “B” cometeu o crime de roubo qualificado pelo resultado morte, mas “A” não queria participar desse crime, apenas do crime menos grave, de furto. Então, “A” responderá por furto e “B” por latrocínio. 
Se o latrocínio foi previsível, “A” responderá por furto, mas incidindo uma causa de aumento de pena. Exemplo: “A” sabia que “B” tinha o hábito de andar armado e que já havia matado pessoas antes. 
Teorias da autoria
O CP não traduziu os conceitos de autor e partícipe. Tais definições ficaram a cargo da doutrina. 
Teoria objetiva
Teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a conduta descrita no núcleo (verbo) do tipo penal. Por sua vez, partícipe é quem de qualquer modo concorre para o crime, sem praticar o núcleo do tipo. 
Crítica: dificuldades em explicar a autoria mediata, modalidade de autoria em que o autor realiza indiretamente o núcleo do tipo, valendo-se de pessoa sem culpabilidade ou que age sem dolo ou culpa. 
Teoria objetivo-material: autor é quem presta a contribuição objetiva mais importante para a produção do resultado, e não necessariamente aquele que realiza o núcleo do tipo penal. 
Conceito extensivo de autor
Não diferencia o autor do partícipe, baseando-se na teoria da equivalência dos antecedentes causais. Todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram para a prática do delito, são considerados autores. Isso significa que a autoria e participação não podem distinguir-se objetivamente, porque ambas são equivalentes dentro da cadeia causal. Somente resta a possiblidade de buscar a distinção em um critério subjetivo. Por essa razão, o conceito extensivo de autor segue atrelado à teoria subjetiva da participação. 
A teoria subjetiva procura traçar um critério de distinção entre autores e partícipes, valorando o animus (a intenção) dos agentes. Existe uma vontade de ser autor quando o agente quer o fato como próprio. Existe uma vontade de ser partícipe quando o agente não quer o fato como próprio, mas como alheio, exercendo um papel secundário, acessório. 
Crítica: tal distinção pode, em algumas situações, tornar-se equívoca. Exemplo: o tribunal alemão condenara como cúmplice o agente que causara a morte de um recém-nascido, a pedido da mãe deste último. Como praticara o fato atendendo a uma solicitação da mãe da criança, não queria o fato como próprio, mas sim como alheio. Então, não foi condenado a título de autor, mas tão somente de cúmplice. 
Teoria do domínio do fato
É a teoria mais aceita pela doutrina e jurisprudência. Ocupa posição intermediária entre as teorias objetiva e subjetiva. Autor é quem possui o controle final do fato.Ou seja, o autor é aquele que tem poder decisório sobre a execução do delito. Autor, então, não é só quem executa a ação típica (autoria imediata), mas também aquele que se utiliza de outrem, como instrumento, para a execução da infração penal (autoria mediata). Esse conceito não é fechado, deve ser analisado à luz do caso concreto: quem simplesmente colabora, sem ter poderes decisórios a respeito da consumação do fato, é partícipe. 
Então autor é quem tem:
Domínio da ação: quem realiza pessoalmente todos os elementos do tipo. É a manifestação mais evidente da figura da autoria. 
Domínio da vontade: é autor quem executa o fato utilizando outra pessoa como instrumento. O autor imediato tem sua vontade dominada pelo autor mediato. 
Domínio funcional do fato: ocorre nas hipóteses de coautoria, quando o agente realiza uma contribuição importante, ainda que não seja um fato típico, mas realiza uma parte necessária para a execução do plano global. 
Essa teoria só tem aplicação nos delitos dolosos. 
Coautoria
Coautor é aquele que tem o domínio funcional do fato, dentro do conceito de divisão de tarefas. Serão coautores todos aqueles que tiverem uma participação importante e necessária ao cometimento da infração, não se exigindo que todos pratiquem a conduta descrita no núcleo do tipo. Com relação a essa função que lhe foi atribuída na empreitada criminosa, ele terá total controle, e essa função deverá ter importância fundamental no cometimento da infração penal. Ou seja, sua parte é necessária para a execução do plano global. Em suma, podemos falar de coautoria quando houver reunião de autores. Não há relação de acessoriedade, como acontece com o partícipe, pois cada autor desempenha uma função fundamental para a consecução da mesma infração penal. Exemplo: “A” segura a vítima enquanto “B” pratica a conjunção carnal ou outro ato libidinoso. 
Coautoria sucessiva: a regra é de que todos os coautores incidem ,juntos, a empreitada criminosa. Mas pode acontecer que alguém, ou mesmo o grupo, já tenha começado a percorrer o iter criminis, ingressando na fase dos atos de execução, quando outra pessoa adere à conduta criminosa, e agora, unidos pelo vínculo psicológico, passam, juntos, a praticar a infração penal. Em casos como esse, quando o acordo de vontades vier a ocorrer após o início da execução, fala-se em coautoria sucessiva. Quando o coautor sucessivo adere à conduta dos demais, responderá pela infração penal que estiver em andamento, desde que todos os fatores anteriorestenham ingressado na sua esfera de conhecimento, e desde que eles não importem fatos que, por si sós, consistam em infrações mais graves já consumadas. 
Autoria imediata e mediata
Autor imediato ou direto: aquele que executa diretamente a conduta descrita pelo núcleo do tipo penal. 
Autoria mediata ou indireta
Agente não realiza diretamente a conduta prevista pelo núcleo (verbo) do tipo penal, valendo-se de outra pessoa, que lhe serve como instrumento para a prática da infração penal. O autor mediato tem o domínio da vontade do autor imediato, tendo o controle final do fato. 
Nosso CP prevê expressamente quatro casos de autoria mediata:
Erro determinado por terceiro. Exemplo: enfermeira aplica em um paciente, a pedido do médico, injeção contendo veneno letal, sem saber o seu conteúdo. O médico é autor mediato do crime do homicídio. 
Coação moral irresistível. Exemplo: “A” aponta uma arma para a cabeça de “B”, ameaçando-o matar, caso “B” não furte uma bicicleta. O coator “A” é autor mediato.
Obediência hierárquica
Inimputabilidade penal do executor do núcleo do tipo penal por menoridade, embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior ou doença mental. 
Além dessas hipóteses, pode ocorrer, ainda, a autoria mediata quando o autor se vale de interposta pessoa que não age com dolo ou culpa em virtude da presença de uma causa que implica a ausência de conduta (força física irresistível, estado de inconsciência...). 
Participação
O partícipe não realiza atos propriamente de execução, mas realiza uma atividade secundária que contribui, estimula ou favorece a consecução do delito. 
A autoria é sempre a atividade principal e a participação será sempre uma atividade acessória, dependente da principal. Logo, a participação pressupõe a existência de um autor principal. A conduta do partícipe só será punida pelo Direito Penal se o autor chegar à fase dos atos de execução, ainda que o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Como atividade acessória, a participação pode sermoral ou material. 
Participação moral:
Induzimento: criar, fazer brotar a ideia criminosa na cabeça do autor, que até então era inexistente.
Instigação: estimular, reforçar uma ideia criminosa já existente na mente do agente. 
Participação material (cumplicidade): na cumplicidade ou prestação de auxílios materiais, o partícipe facilita materialmente a prática da infração penal. Exemplos: fornece arma para aquele que deseja matar, fornece escada para que o autor viole o domicílio da vítima... Em toda prestação de auxílio material, existe embutida uma dose de instigação. Nada impede que a cumplicidade ocorra sob a forma de omissão, como no caso do segurança que deixa propositalmente aberta a porta do estabelecimento, para que o autor realize a subtração. 
É indispensável que na participação se tenha eficácia causal e consciência de colaborar na ação criminosa de outrem.
Tentativa de participação
Não é possível, pois se o autor não vem a praticar qualquer ato de execução, a conduta do partícipe é considerada um indiferente penal. Sendo a participação uma atividade acessória, sua punição dependerá, obrigatoriamente, da conduta do autor. Se o autor permanecer tão somente na fase da cogitação ou dos atos preparatórios, a participação não será punível. A conduta do partícipe só será relevante penalmente se o autor ingressar, no iter criminis, na fase dos atos de execução. Caso não se dê início à execução do crime para o qual foi induzido, instigado ou auxiliado pelo partícipe, este último por nada poderá ser responsabilizado.
Circunstâncias incomunicáveis:
São as que não se estendem, isto é, não se transmitem aos coautores ou partícipes de uma infração penal. 
Não se comunicam as circunstâncias e condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
Elementares: elementos constitutivos do tipo penal, essenciais para configurá-lo. Sem eles, há a atipicidade da conduta ou a sua desclassificação para outra infração penal. Exemplo: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. “Funcionário público” é uma elementar de caráter pessoal do crime de desacato. Sem ela, o crime é desclassificado para injúria (art. 140)
Circunstâncias: fatores que se agregam ao tipo penal; são dados acessórios que gravitam ao redor da figura típica, somente interferindo na graduação da pena. São circunstâncias de caráter pessoal do homicídio o “motivo torpe”, “motivo fútil”, “relevante valor moral”. 
Caráter pessoal: relaciona-se à pessoa do agente, e não ao fato por ele praticado. Relação de parentesco com a vítma, motivos do crime...
Circunstâncias objetivas: circunstâncias que dizem respeito ao fato objetivamente considerado, à infração penal cometida. Exemplo: meios de execução para o cometimento do homicídio. Meios de execução, tempo e lugar do crime. 
Condição pessoal: as qualidades pessoais de determinado individuo (reincidência, idade)
As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam, independentemente de tais dados ingressarem ou não na esfera de conhecimento dos demais agentes. Exemplo: pai contrata uma pessoa para matar estuprador de sua filha. O pai responde por homicídio privilegiado, devido ao motivo de relevante valor moral; já o executor, ainda que conhecendo tal circunstância, responde por homicídio qualificado por motivo torpe, tendo em vista que ele cometeu o crime por dinheiro. 
Comunicam-se as circunstâncias objetivas, se estas tiverem ingressado na esfera de conhecimento dos demais agentes, sob pena de caracterização da responsabilidade penal objetiva. Exemplo: agentes combinam que irão matar a pessoa queimada – ambos responderão por homicídio qualificado por meio cruel, mesmo quem não praticou a conduta descrita no núcleo (verbo) do tipo penal.
Comunicam-se as elementares, subjetivas ou objetivas, desde que as elementares tenham entrado no âmbito de conhecimento dos agentes. Exemplo peculato 312. 
Art. 312 –“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”. Se particular concorre para esse crime, conhecendo a posição de funcionário público do outro, ele também responderá por peculato, não obstante não ostentar a condição de funcionário público. 
ATENÇÃO!
Esse requisito depende de uma contribuição prévia ou concomitante à execução, isto é anterior à consumação. A contribuição após a execução só caracterizará concurso de pessoas, se houver sido ajustada anteriormente. Se “A” se compromete perante “B” a auxiliá-lo a fugir e a escondê-lo depois de matar “C” será partícipe do homicídio. Mas se somente depois da morte de “C” se dispuser a ajudá-lo a se esconder da autoridade pública, não será partícipe do homicídio, e sim, responsabilizado por delito autônomo, qual seja, de favorecimento real. 
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

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