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Direito Administrativo I - Profª Ellen Delmas (questões)

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Universidade Federal do Rio de Janeiro - Faculdade Nacional de Direito 
 Direito Administrativo I - Professora Ellen Delmas 
 Ingrid Caroline Grandini Rodrigues 
 Izabela de Matos Bonifácio 
 Rio de Janeiro - 2017 
 
1 - Considerando as teorias que explicam a relação entre o agente, o órgão público e o 
ente federativo, elenque-as bem como justifique os motivos de todas elas. 
(manuscrito) 
Em primeiro lugar, definiremos agente público, órgão público e ente federativo. 
Agente Público, para Celso Antônio Bandeira de Mello, é toda pessoa física que 
presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta, em acordo com 
o art. 37, CF/88. Bandeira de Mello ainda os classifica em quatro categorias: agente 
políticos, servidores públicos, militares e particulares em colaboração com o Poder 
Público. 
Órgão Público, por sua vez, seguindo o conceito de José dos Santos Carvalho 
Filho, “é o compartimento da estrutura estatal a que são cometidas funções determinadas, 
sendo integrado por agentes que, quando as executam, manifestam a própria vontade do 
Estado. 
Ente federativo, entretanto, são as territorialidades (que possuem autonomia 
política, legislativa, administrativa, financeira e um poder constituinte decorrente) que 
integram uma federação. Esses entes possuem personalidade jurídica de direito público 
interno e se relacionam dentro dos limites de suas competências. 
A partir desse ponto passamos a discorrer sobre as Teorias que relacionam esses 
três conceitos ditos anteriormente. Essas teorias são três: (i) teoria do mandato, (ii) teoria 
da representação e (iii) teoria do órgão. 
A Teoria do Mandato, segundo Carvalho Filho, era aquela que os agentes públicos 
eram os mandatários do Estado, ou seja, estabelece que o Estado deva dar uma procuração 
para que o agente possa se manifestar com a autorização do Estado A crítica que o 
doutrinador faz a ela é que sua prosperidade não era possível pois o Estado não poderia 
outorgar mandato. 
Posteriormente, surgiu a Teoria da Representação que trouxe os agentes como 
representante dos Estados. Todavia, também surgiram críticas sobre essa teoria por dois 
motivos, um deles [e que o Estado estaria sendo considerado um incapaz que precisa de 
representação, o outro considera a hipótese do representante exorbitar em seus poderes não 
poderia ser o Estado o responsabilizado, visto que é representado. 
 
 
Continuando na linha evolutiva das Teorias, chegamos, enfim, na Teoria do Órgão 
(organicista ou ainda imputação volitiva) é essa a teoria que informa que o agente 
manifesta a vontade do ente federativo como se ele fosse e ela deve ser atribuída aos 
órgãos que a compõem, sendo os órgãos compostos pelos agentes, ou seja, o agente 
publico nao esta ligado ao ente de forma direta e, sim, ligado ao órgão. 
 
2 - Estabeleça a diferença entre os princípios da legalidade e da juridicidade com 
fundamento no sistema de ponderação dos princípios, dando exemplos. 
O princípio da legalidade está expresso na Constituição Federal, em seu art. 37, 
caput. Tal princípio rege que o administrador público só poderá fazer o que a lei autoriza, 
enquanto ao cidadão comum é permitido realizar o que a lei não proíbe. Com a evolução 
do Direito Administrativo, percebeu-se a necessidade de algo maior que o princípio da 
legalidade, maior que a ideia da tomada de decisões com a simples vinculação à lei. 
O princípio da juridicidade, dessa forma, permite que administrador público utilize 
de outros meios que não a lei para preencher as lacunas existentes no exercício da 
Administração Pública, dispondo de todo ordenamento jurídico e principalmente da 
Constituição Federal. É através do princípio da juridicidade, também, que a administração 
pública se torna mais autônoma em relação ao Poder Legislativo, podendo, ao se deparar 
com normas institucionais, deixar de aplicá-las em virtude de outra norma. Esse princípio 
se traduz na constitucionalização do direito e na ideia da ponderação entre os princípios 
constitucionais realizada de forma a solucionar as colisões. 
Os dois princípios se correlacionam na Administração Pública na medida que essa 
atividade administrativa se realiza nos moldes do princípio da legalidade, porém não se 
atentando somente a este princípio, podendo realizar uma ponderação entre a legalidade e a 
aplicação dos princípios constitucionais. 
Dois exemplos ilustram perfeitamente de que forma esses princípios podem ser 
aplicados no âmbito da administração pública. O primeiro deles diz respeito ao direito de 
greve dos servidores públicos. Por se tratar de direito social que se encontra expressamente 
positivado na Constituição Federal, é aceito em âmbito administrativo ainda que não exista 
uma lei do direito administrativo regulando tal situação. 
Outro exemplo a ser observado que ilustra muito bem a questão é a vedação a 
nomeação de parentes para a ocupação de cargo público. Mais uma vez, não há lei formal 
 
específica que regule este comportamento na esfera administrativa, e, no entanto, o 
administrador público segue os ditames da Constituição que diz sobre os princípios da 
moralidade e da impessoalidade, art. 37, caput, CF, trazendo este entendimento também 
para o direito administrativo. 
Dessa forma, o princípio da legalidade dialoga com o princípio da juridicidade 
através da ponderação dos princípios, o que permite, como visto nos exemplos trazidos, ao 
administrador público não mais se ater somente ao princípio da legalidade e tratá-lo como 
soberano, como feito em outros tempos. Com isso, a administração pública passa a se 
realizar, em regra, de acordo com a lei, podendo encontrar fundamento diretamente na 
Constituição ou, ainda, encontrar legitimação na ponderação entre legalidade e demais 
princípios constitucionais.

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