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Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 1 Fatores epidemiológicos na gravidez Prof.ª MSc. Juliana C.L.S. Marchesi Curso de Nutrição Disciplina: Nutrição Materna, da Criança e do Adolescente Sumário • Fatores epidemiológicos da gravidez: • Idade materna • Estado nutricional • Peso e altura • Ganho ponderal gestacional • Intervalo interpartal e paridade • Tabagismo e uso abusivo de álcool • Condições socioeconômicas e de vida • Assistência pré-natal: cuidado nutricional, ganho de peso, orientação para anemia, cegueira noturna. • Atenção à gestante e puérpera no SUS (Manual Técnico do Pré-natal e puerpério – Atenção qualificada e humanizada) Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 2 Introdução Resultado da gestação Resultado da gestação Morbimortalidade materna Morbimortalidade materna Peso ao nascerPeso ao nascer Mortalidade perinatal Mortalidade perinatal Fatores associados ao resultado da gestação - Estatura - Peso materno - IMC pré-gestacional - Tamanho placentário - Peso ao nascer - Índices de morbidade neonatal Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 3 Peso materno Peso pré-gestacional excessivo Necessidade de cesárea RN com peso maior em comparação ao de mães com peso pré-gestacional normal Estatura materna • Desproporção cefalopélvica • Cesárea • BPN Baixa estatura (< 150 cm) Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 4 IMC pré-gestacional • Risco de Síndrome Hipertensiva da gravidez (SHG) • Risco Diabetes Gestacional Obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) • Risco de RN com BPNBaixo Peso (IMC ≤ 18,5) Ganho de peso gestacional • BPN • Parto prematuro • Índice de morbimortalidade neonatal Ganho de peso insuficiente • Macrossomia fetal e Diabetes Gestacional Ganho de peso excessivo Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 5 Idade materna Adolescente (idade < 19 anos) BPN Desproporção cefalopélvica Prematuridade Cesárea SHG Mulher com Idade > 35 anos Anomalias congênitas SHG Diabetes Gestacional Índice de morbidade perinatal Gestação dos extremos da idade reprodutiva Idade materna Idade > 35 anos = maiores riscos de complicações: • Aborto espontâneo 1º trimestre (descolamento placentário) • Hipertensão crônica • Placenta prévia* Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 6 Idade materna Placenta prévia Tipos de placenta prévia Idade materna • Elevados índices de nascimento pré-termo, baixo peso ao nascer e boletim de Apgar* no quinto minuto menor que sete entre adolescentes e em mulheres com idade igual ou superior aos 35 anos. Fonte: Gravena, AAF., et al. Idade materna e fatores associados a resultados perinatais. Acta Paul Enferm. 2013; 26(2):130-5. Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 7 Idade materna Idade > 40 anos = riscos das anomalias genéticas: Ex: Trissomia do cromossomo 21 (Síndrome de Down) Idade materna Fonte: M Loane et al. Twenty-year trends in the prevalence of Down syndrome and other trisomies in Europe: impact of maternal age and prenatal screeningEuropean Journal of Human Genetics (2013) 21, 27–33 Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 8 Idade materna Cada unidade de idade materna (anos) Influencia negativamente no peso ao nascer Redução de 10 g no peso do concepto Idade materna • Importante: Mais importante que a idade = condições de vida e saúde da gestante, qualidade da assistência obstétrica no pré-natal e no parto. Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 9 Intervalo Interpartal Adequado • Quando ≥ 24 meses e multiparidade Inadequado • Associado ao esgotamento das reservas maternas de nutrientes e BPN Paridade Primigestas – prevalência Distúrbio hipertensivo específico da gravidez (com outros fatores associados) Estudos nacionais (NÓBREGA, 1985; NÓBREGA et al., 1992) “Quanto mais paridade (multiparidade), maior a obesidade nas mulheres” Paridade = número de filhos nascidos vivos XIMENES et al., 2004 Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 10 Condições socioeconômicas e de vida • Baixa escolaridade materna • Baixa renda familiar • Condições inadequadas de saneamento • Situação marital insegura • Baixo número de consultas da assistência pré-natal • Não planejamento ou aceitação da gestação • Violência doméstica menor ganho de peso gestacional Resultado da gestação = indesejável Tabagismo • Crescimento intrauterino restrito • Menor perfusão placentária devido a ação vasoconstritora da nicotina • Associado a inadequação do ganho de peso gestacional Responsável por 20% dos casos de fetos com baixo peso ao nascer, 8% dos partos prematuros e 5% de todas as mortes perinatais Fonte: Leopércio, W; Gigliotti, A. Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação: uma revisão crítica. Jornal Brasileiro de Pneumologia 30(2) - Mar/Abr de 2004 Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 11 Álcool • Efeito tóxico para o feto • Anomalias fetais • Restrição do crescimento intrauterino • Síndrome fetal alcoolica (SAF) A SAF é uma condição irreversível caracterizada por anomalias craniofaciais típicas, deficiência de crescimento, disfunções do sistema nervoso central e várias malformações associadas Fonte: Freire, T.M; et al. Efeitos do consumo de bebida alcoólica sobre o feto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005; 27(7): 376-81 Assistência pré-natal Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 12 Acompanhamento Pré-Natal Assistência Pré-Natal (APN) decisivo no resultado da gestação Sucesso da assistência pré-natal Equipe multidisciplinar 10 a 20% das gestações – alto risco Intercorrências gestacionais mais prevalentes – intervenção nutricional • Eficaz – prevenção e/ou tratamento • Ex: anemia ferropriva, deficiência de vitamina A, SHG e diabetes gestacional Portanto: • Valorização do Cuidado Nutricional impacto positivo no resultado obstétrico Objetivos da Assistência Pré-Natal • Previsto pelo Ministério da Saúde do Brasil “Acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando, no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal” Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 13 Calendário de consultas Início da APN – imediatamente após confirmação do diagnóstico de gravidez No caso do SUS – consultas devem ser realizadas na Unidade de Saúde ou durante visitas domiciliares Número mínimo de consultas = 6 • Uma no 1º trimestre • Duas no 2º trimestre • Três no 3º trimestre Acompanhamento da mulher no ciclo gravídico-puerperal = iniciar o mais precocemente possível e encerrar após o 42º dia de puerpério. Consulta com NUTRICIONISTA Deve ocorrer em todas as consultas de APN (o ideal) Procedimentos para consulta de Nutrição Identificação detalhada do prontuário dos seguintes itens: Idade gestacional Idade materna Atividade profissional Pareceres da equipe de saúde Fatores de risco História reprodutiva anterior desfavorável Doença obstétrica atual Intercorrências clínicas e enfermidades crônicas Avaliação da evolução da alturauterina Avaliação da sintomatologia digestiva Avaliação da picamalácia Avaliação das condições para o aleitamento materno Avaliação de exames complementares Avaliação Nutricional Primeira consulta Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 14 Procedimentos para consulta de Nutrição Avaliação Subsídio para elaboração do cuidado nutricional individualizado Orientação alimentar detalhada com ênfase: Nas orientações das porções e da lista de substituição de alimentos Orientações específicas para a sintomatologia digestiva Incentivo ao aleitamento materno Procedimentos para consulta de Nutrição Consultas subsequentes: Revisão do prontuário • Avaliação do ganho de peso desde a última consulta e ganho total • Reavaliação do ganho de peso recomendado até a 40ª semana Avaliação dietética detalhada: • Verificar adesão ao cuidado nutricional prescrito nos seguintes aspectos: • Quantidade das porções dos alimentos consumidos • Qualidade (grupos de alimentos adotados) • Padrão de refeições (alimentos/substitutos incluídos nas refeições; número, horários e intervalos entre as refeições) Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 15 Procedimentos para consulta de Nutrição (continuação)... Consultas subsequentes Investigar: • sintomatologia digestiva • Intercorrências gestacionais Acompanhamento de exames e da evolução da altura uterina Ajustar orientação nutricional (conforme estado nutricional/ganho de peso) Incentivar aleitamento materno Esclarecer dúvidas Avaliação do estado nutricional na consulta de nutrição do pré- natal Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 16 Avaliação do Estado Nutricional Primeiro passo: Aferir o peso Aferir a altura Calcular a idade gestacional (conforme técnicas descritas na aula 1) Avaliação do Estado Nutricional Objetivo: avaliar e acompanhar o estado nutricional da gestante e o ganho de peso durante a gestação para: • Identificar, a partir de diagnóstico oportuno, as gestantes em risco nutricional (baixo peso, sobrepeso ou obesidade) no início da gestação; • Detectar as gestantes com ganho de peso baixo ou excessivo para a idade gestacional; • Realizar orientação adequada para cada caso, visando à promoção do estado nutricional materno, condições para o parto e peso do recém-nascido. Avaliação antropométrica Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 17 Avaliação do Estado Nutricional TÉCNICAS PARA A TOMADA DAS MEDIDAS DO PESO E DA ALTURA • O peso deve ser aferido em todas as consultas de pré-natal. • A estatura da gestante adulta (idade > 19 anos) deve ser aferida apenas na primeira consulta e a da gestante adolescente pelo menos trimestralmente. • Recomendado: utilização de balança eletrônica ou mecânica, certificando-se se está em bom funcionamento e calibrada. • O cuidado com as técnicas de medição e a aferição regular dos equipamentos garantem a qualidade das medidas coletadas. Avaliação do Estado Nutricional Avaliação antropométrica 1º Calcular IMC 2º Para o Diagnóstico Nutricional: a) Calcule a semana gestacional; Obs.: quando necessário, arredonde a semana gestacional da seguinte forma: 1, 2, 3 dias considere o número de semanas completas; e 4, 5, 6 dias considere a semana seguinte. Exemplo: • Gestante com 12 semanas e 2 dias = 12 semanas • Gestante com 12 semanas e 5 dias = 13 semanas b) Localize, na primeira coluna do Quadro 1, a semana gestacional calculada e identifique, nas colunas seguintes, em que faixa está situado o IMC da gestante, calculado conforme descrito no 1º item; Continua Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 18 Avaliação do Estado Nutricional c) Classifique o estado nutricional (EN) da gestante, segundo o IMC por semana gestacional, da seguinte forma: Baixo peso: quando o valor do IMC for igual ou menor que os valores apresentados na coluna correspondente a baixo peso; Adequado: quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de valores apresentada na coluna correspondente a adequado; Sobrepeso: quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de valores apresentada na coluna correspondente a sobrepeso; Obesidade: quando o valor do IMC for igual ou maior que os valores apresentados na coluna correspondente a obesidade. Avaliação do Estado Nutricional Quadro 1 Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 19 Avaliação do Estado Nutricional Avaliação do Estado Nutricional 4. Classifique o estado nutricional (EN) da gestante, segundo IMC/semana gestacional em: BP (baixo peso), A (adequado), S (sobrepeso), O (obesidade). Obs.: O ideal é que o IMC considerado no diagnóstico inicial da gestante seja o IMC pré- gestacional referido ou o IMC calculado a partir de medição realizada até a 13ª semana gestacional. Caso isso não seja possível, inicie a avaliação da gestante com os dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra após a 13ª semana gestacional. Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 20 Ganho de Peso Gestacional Ganho de Peso Gestacional Nutrição Materna, da criança e do adolescente 18/08/2017 Profª MSc. Juliana CLS Marchesi 21 Observações sobre a avaliação do estado nutricional • É de extrema importância o registro do estado nutricional tanto no prontuário quanto no cartão da gestante • A avaliação do estado nutricional é capaz de fornecer informações importantes para a prevenção e o controle de agravos à saúde e nutrição, contudo vale ressaltar a importância da realização de outros procedimentos que possam complementar o diagnóstico nutricional ou alterar a interpretação deste, conforme a necessidade de cada gestante. • Assim, destaca-se a avaliação clínica para detecção de doenças associadas: • À nutrição (ex.: Diabetes) • Presença de edema, que acarreta aumento de peso e confunde o diagnóstico do estado nutricional • A avaliação laboratorial, para diagnóstico de anemia e outras doenças de interesse clínico • Gestante adolescente*
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