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4. A Consciência Mítica e os primeiros filósofos

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1 
 
________________________ 
FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da Psicologia. 7ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002. Cap. 1: A Psicologia filosófica ou pré-
científica. p. 23 a 42. (Com adaptações). 
A CONSCIÊNCIA MÍTICA 
 
“Mito são narrativas utilizadas pelos povos gregos 
antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos 
da natureza, as origens do mundo e do homem, que 
não eram compreendidos por eles.” 
 
O QUE É O MITO? 
É a primeira forma que o homem encontra de compreender a realidade, surgindo como uma verdade 
intuída, não exige comprovação, é transmitido de geração a geração, é coletivo e inquestionável. As 
pessoas aderem aos mitos pela crença, suas raízes encontram-se na realidade vivida, pré-reflexiva, nas 
emoções e na afetividade. Sendo uma forma que o homem encontra para afugentar seus medos e 
inseguranças diante do poder da natureza. 
Os festejos e rituais são formas de se representar e repetir o sagrado e têm como função tranquilizar o 
homem. Por exemplos: funerais, casamentos, festa de 15 anos, a circuncisão masculina e feminina (mais 
conhecida como mutilação genital feminina), entre outros. 
A consciência mítica é comunitária, onde não há percepção de si mesmo e as prescrições são sempre 
aceitas por todos que daquela determinada sociedade fazem parte. O mito procura explicar a realidade, os 
fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses e heróis. Ao mito 
está associado o RITO, que é o modo de se pôr em ação o mito na vida do homem - em cerimônias, danças, 
orações e sacrifícios. 
Uma nova concepção de pensamento surge quando o homem possibilita dessacralizar (tirar do campo do 
sagrado) o pensamento e a ação: filosofia. 
 
PENSAMENTO FILOSÓFICO E CONSTITUIÇÃO DAS IDEIAS PSICOLÓGICAS SOBRE O COMPORTAMENTO 
A Psicologia pré-científica - os primeiros filósofos do PERÍODO COSMOLÓGICO 
Tales de Mileto (640-548 a.C.) 
É apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga, considerava a água como sendo a origem de todas 
as coisas, e seus seguidores, embora discordassem quanto à “substância primordial” (que constituía a 
essência do universo), concordavam com ele no que dizia respeito à existência de um “princípio único" para 
essa natureza primordial. 
Tales aparece como o iniciador da filosofia, por causa de seu esforço em buscar o princípio único da 
explicação do mundo não só constituiu o ideal da filosofia como também forneceu impulso para o próprio 
desenvolvimento dela. 
Esse esforço investigativo de Tales no sentido de descobrir uma unidade, que seria a causa de todas as 
coisas, representa uma mudança de comportamento na atitude do homem perante o cosmos, pois 
abandona as explicações religiosas até então vigentes e busca, através da razão e da observação, um novo 
sentido para o universo. 
Quando Tales disse que todas as coisas estão cheias de deuses, ou que o magnetismo se deve à existência 
de “almas” dentro de certos minerais, ele não estava invocando as palavras Deus e Alma, no sentido 
religioso como as conhecemos atualmente, mas sim adivinhando intuitivamente a presença de fenômenos 
naturais inerentes à própria matéria. 
�� 
AS ORIGENS 
FILOSÓFICAS DA 
PSICOLOGIA 
�� 
2 
 
________________________ 
FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da Psicologia. 7ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002. Cap. 1: A Psicologia filosófica ou pré-
científica. p. 23 a 42. (Com adaptações). 
Embora suas conclusões cosmológicas estivessem erradas podemos dizer que a Filosofia começou então 
com Tales, que ao estabelecer a proposição de que a água é o absoluto, provoca como consequência o 
primeiro distanciamento entre o pensamento racional e as percepções sensíveis. 
Era geômetra, astrônomo, físico, político e comerciante. Fundou a Escola de Mileto, que é considerada o 
marco fundamental da mudança da mentalidade mítica para "científica", muito embora seus métodos 
fossem inteiramente racionais. 
É um precursor da ciência e da filosofia grega e ocidental. Quanto às obras de Tales, como às dos outros 
pré-socráticos. Só restam fragmentos encontrados na doxologia (escritos religiosos). 
Em resumo: Primeiro expoente do período Cosmológico; 
Elemento único: água; 
Ênfase: elementista (estável). 
 
Contribuição para a Psicologia: busca, através da razão e da observação, um novo sentido do universo; 
Mentalidade mítica para a mentalidade “científica”; 
Heráclito de Éfeso (540-475 a.C.) 
Heráclito, inserido no contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada 
pode permanecer estático. Para ele a realidade acontece na mudança ou, como ele chama, na guerra entre 
os opostos: mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas 
quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas umedecem etc.. 
Foi muito lembrado em toda a história, ora para ser contestado como no caso de Platão e Aristóteles, ora 
para ser aceito pelas mais distintas correntes de pensamento: foi considerado cristão por Justino. O mártir; 
retomado por Hegel e considerado o pai do materialismo dialético por Lenin. 
Escreveu: "Da Natureza", obra da qual só restam fragmentos divididos em três partes: o universo, a política 
e a teologia. 
Em resumo: Ênfase: mundo dinâmico 
O que é permanente: apenas as ilusões do nosso sentido. 
Contribuição para a Psicologia: “não se trabalha com unidades fixas, mas com processos mutáveis, onde a 
variação é inevitável” (FREIRE, 1997, p.27). 
 
Pitágoras de Samos (570-496 a.C.) 
Da vida de Pitágoras quase nada pode ser afirmado com certeza, já que ele foi objeto de uma série de 
relatos tardios e fantasiosos, como os referentes a viagens e contatos com as culturas orientais. 
O filósofo e seus seguidores (os pitagóricos) investigaram as relações matemáticas e descobriram vários 
fundamentos da física e da matemática. 
Pitágoras seguia uma doutrina diferente. Teria chegado à concepção de que todas as coisas são números e 
o processo de libertação da alma seria resultante de um esforço basicamente intelectual. 
Pitágoras circulou em vários campos: foi filósofo, passou pela música, cunhando o conceito de harmonia no 
sentido de ajustamento ordenado das partes e astrônomo; estudou as artes médicas e principalmente 
destacou-se como matemático, e, por fim, foi o fundador da numerologia. 
Admite-se que Pitágoras não deixou nenhum trabalho escrito. A exposição de suas ideias foi feita pelo 
filósofo Filolau de Crotona. 
Em resumo: Ênfase: o número é a essência permanente das coisas 
O que é permanente: os princípios matemáticos 
3 
 
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FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da Psicologia. 7ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002. Cap. 1: A Psicologia filosófica ou pré-
científica. p. 23 a 42. (Com adaptações). 
Precede ao pensamento de Platão 
Contribuição para a Psicologia: para a ciência, trabalhou com os termos quantitativos, obtendo-se, assim, 
um conhecimento mais exato dos fenômenos; afirmava que a ordem permanente deveria prevalecer nas 
relações humanas e educação (FREIRE,1997, p.26); considerava a alma imortal e distinta do corpo. 
 
Anaxágoras de Clazômenas (499-428 a.C.) 
Sua visão metafísica da natureza, vista como conjunto de coisas diversas que procedem de um mesmo 
princípio e que a ele retornam, mais o reconhecimento de uma inteligência ordenadora no universo, 
influenciaram muito os filósofos do período clássico: Sócrates, Platão e Aristóteles. É o que se vê nas obras 
de Platão: Fédom, Filebo e Timeu; e Aristóteles: Física, Da Alma, Metafísica e Ética a Nicômaco. Sua 
doutrina levou Aristóteles a dizer que o filósofo de Clazômenas era o único com bom senso. 
Anaxágoras propôs um princípio que atendesse tanto às exigências teóricas do "ser" imutável, princípio de 
tudo, quanto à contestação da existência das múltiplasmanifestações da realidade. 
Em resumo: Ênfase: diversidade de elementos (germens das coisas). 
“tudo está em tudo, pois em cada coisa há uma parte de todas as outras” (FREIRE, 1997, 
p.27). 
Contribuição para a Psicologia: “dado atenção ao processo psicológico, enquanto relatava suas próprias 
reflexões sobre o universo” (id. ibidem) – seus conceitos fundamentaram a Gestalt. 
 
Demócrito de Abdera (460-370 a.C) 
Foi o último elementista do período e um dos iniciadores do atomismo. Demócirto considerava o átomo 
como elemento fundamental da natureza e tentou explicar a sua origem. Eliminando, assim, todo o aspecto 
mítico daquela época. 
Demócrito escreveu numerosos trabalhos de caráter enciclopédico dos quais restam apenas fragmentos e 
sua teoria foi transmitida ao Ocidente através dos filósofos Epicuro e Lucrécio. Na Idade Média, foi 
esquecido, retornando à cena a partir do século XVII. 
Em resumo: Ênfase: a alma é constituída por átomo, estando sujeita à decomposição e morte. 
Os movimentos que unem e separam os átomos são mecânicos. 
Primeiro e grande sistema materialista da Antiguidade. 
Através do determinismo, considerava que a natureza se explica por si mesma (FREIRE, 
1997, p.28). 
Contribuição para a Psicologia: afirmou que os estímulos externos (ambientais), influenciavam na 
determinação do comportamento, fundamentando, assim, os conceitos do Behaviorismo, por isso, os seres 
humanos não tem controle das próprias ações. 
 
 
 
 
 
 
 
TODOS OS FILÓSOFOS buscavam um elemento básico para a criação de todo 
o universo, de todo ser: a ‘arché’; restam de suas obras apenas fragmentos. 
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FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da Psicologia. 7ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002. Cap. 1: A Psicologia filosófica ou pré-
científica. p. 23 a 42. (Com adaptações). 
A Psicologia pré-científica - os primeiros filósofos do PERÍODO ANTROPOCÊNTRICO 
Os Sofistas 
Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições 
públicas (discursos, etc.) para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. O 
foco central de seus ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco em estratégias de 
argumentação. Os mestres sofistas alegavam que podiam "melhorar" seus discípulos, ou, em outras 
palavras, que a “virtude" seria passível de ser ensinada. 
Os sofistas deslocaram o objeto de suas especulações (indagações) do mundo para o homem. Fizeram 
brotar, assim, a fase antropocêntrica, dando um direcionamento totalmente novo ao pensamento grego 
(humanismo). A partir das reflexões sobre os problemas humanos, vão surgindo questões específicas de 
ordem psicológica. 
A pergunta inicial: “como conhecemos” é uma das primeiras e centrais questões do período 
antropocêntrico, em seguida, outra surge outra pergunta: “como podemos conhecer” que, a princípio, 
foram questões de ordem epistemológica (conhecimento científico) que, com o tempo, transformaram-se 
em psicológicas. 
Os sofistas não foram, propriamente, filósofos, mas pensadores que se ocuparam em formar cidadãos a 
partir de reflexões críticas sobre as coisas do mundo, numa tentativa de convencer as massas (o povo). 
Usando da eloquência (a arte de bem falar; talento em convencer através da fala), este novo tipo de 
mestres tinham a função de buscar conclusões racionalmente aceitas e jamais estando seguros de que se 
conhece alguma coisa, pois onde buscar critérios para saber se algo está certo ou errado, é falso ou 
verdadeiro, é mau ou bom? Qualquer critério aceito seria arbitrário (depende do critério ou vontade). 
 
Sócrates de Atenas (436-36 a.C.) 
Sócrates foi um dos mais conhecidos filósofo grego. Ensinava que o conhecimento do meio que nos cerca é 
imperfeito, pois nos vem pelos sentidos, via sujeita a ilusões. 
Ele afirmava que o único conhecimento possível era: o do próprio eu - “Conhece-te a ti mesmo” é um 
método filosófico e introspectivo. 
Não impunha ideias, não abusava da retórica (arte de bem falar), utilizava-se do método maiêutico (“dar à 
luz um conhecimento claro”), um questionamento por indução (sugestão; conclusão), através de um 
diálogo crítico – analisava e criticava, em profundidade, as tradições, usos e costumes, religião, etc.. 
Utilizou-se de um princípio didático: “sei que nada sei”, que significa que o indivíduo deve ter consciência 
de sua própria ignorância, sendo este o ponto de partida da ciência e do conhecimento. 
Sócrates não abusava da técnica da palavra ou da retórica, ou seja, não impunha suas ideias, mas através 
do diálogo crítico procurava descobrir a verdadeira essência das coisas, fazendo com que as pessoas 
pudessem compreender como suas ideias acerca de diferentes assuntos eram contraditórias e confusas 
(ironia). Contudo, eram ideias que levariam ao conhecimento claro das coisas. 
Em resumo: Ênfase: “Conhece-te a ti mesmo” e “sei que nada sei”; 
Diálogo crítico sobre a essência das coisas; 
Indivíduo: consciência de si e de sua ignorância. 
Contribuição para a Psicologia: utilização do método da introspecção; através do questionamento e da 
indução, pode-se chegar à generalização. 
 
 
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FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da Psicologia. 7ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002. Cap. 1: A Psicologia filosófica ou pré-
científica. p. 23 a 42. (Com adaptações). 
Platão (427-347 a.C.) 
Foi aluno de Sócrates e intérprete de sua obra. Considerava a existência de um reino das idéias que é o 
permanente e o perfeito que existe fora do homem e é independente dele. 
Platão ainda explica que a alma antes de encarnar contemplou este mudo das idéias, mas sua união ao 
corpo fez esquecê-las e que é pelo processo de educação e com as experiências, as ideias retornam. 
Como Herláclito, percebeu que tudo que é real se encontra em constante mutação e somente o mundo das 
idéias é perfeito, imutável e eterno (teoria da reminiscência). 
Dessa visão dualista da filosofia platônica, identificando dois mundos - um perfeito, o mundo das idéias, o 
espírito pensante no homem, e o outro imperfeito, o mundo material, o corpo, o desejo, os sentidos, etc. - 
surgiram duas grandes correntes filosóficas e pedagógicas. A primeira é a da essência e a segunda é a da 
existência. 
Assim temos a identificação de dois mundos: 
� Um perfeito, o mundo das idéias, o espírito pensante no homem – essência humana. 
� Outro imperfeito, o mundo material, o corpo, o desejo, os sentidos, etc. – existência humana. 
� Distingue o homem como ser dualista, composto de mente e corpo, raiz mestra da história da 
psicologia. 
Depois de identificar mente e matéria, associou um conjunto de valores: 
Mente – belo e bem Matéria – parte inferior do homem e do universo 
Em resumo: O Conhecimento: considerado imperfeito. 
Visão dualista de dois mundos: ideias (mente-essência humana) e material (corpo-
existência humana) 
“Conhecer é um processo de lembrar o que está dentro e não de apreender o que está 
fora” (FREIRE, 1997, p.34). 
Contribuição para a Psicologia: visão dualista do homem, pensamento filosófico considerado como a raiz 
mestra da história da Psicologia, pois distingue o homem como um ser dualista composto de mente x 
corpo. 
 
Aristóteles (436-336 a.C.) 
Aristóteles foi discípulo de Platão e, ao mesmo tempo, foi seu opositor, porque não acreditava na 
existência de idéias inatas e nem no mundo das idéias. 
Trouxe a ideia da criança como uma ‘tábula rasa’ ao nascer, adquirindo conhecimento pela experiência, 
que não existe sem a presença dos sentidos, expondo a sensação como o elemento básico, o início de toda 
a experiência. 
De seu mestre, Aristóteles retomou e ultrapassou o dualismo, mente x corpo, considerando que ambos são 
indivisíveis como forma e matéria. 
Para ele a matéria seria a formapotencial, enquanto o objeto é a forma atualizada (o mármore é a matéria 
para a estátua). 
Aristóteles admitia a imortalidade da alma. Que ela era uma espécie de intelecto ativo, imaterial. Ponto de 
vista que se tornou o centro de interesse dos teólogos da Idade Média. Nesse sentido, a alma era aquilo 
pelo que se vive, pensa e percebe, "causa e princípio do corpo vivo”. 
A Psicologia, assim, estaria ligada à biologia (matéria) e à botânica (natureza). Dividindo a alma sob três 
formas: uma espécie de alma nas plantas (alma vegetativa), nos animais (alma animal) e no homem (alma 
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FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da Psicologia. 7ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002. Cap. 1: A Psicologia filosófica ou pré-
científica. p. 23 a 42. (Com adaptações). 
racional). Ele observou que, em muitos casos, o comportamento dos animais apresenta analogias com o 
comportamento do homem. 
Aristóteles foi o primeiro filósofo a escrever tratados sistemáticos de psicologia “de anima” (a respeito da 
mente), sobre a memória e de como ela funciona, utilizando-se de dois métodos: da intuição e do 
raciocínio. 
Destes estudos, a memória foi o mais significativo para a Psicologia. Afirmando, ainda, que as associações 
das coisas não se fazem por acaso, mas obedecem a uma lei. Com isso, Aristóteles dá outro passo para o 
esclarecimento da questão central do período: "como se adquire conhecimento". Chegou a essas 
conclusões através da intuição e do raciocínio. 
Em resumo: Identifica as primeiras impressões psicológicas: reações de bem e mal estar, sensações 
gustativas, visuais, térmicas. 
Através dos métodos da intuição e do raciocínio - "como se adquire conhecimento". 
Contribuição para a Psicologia: os estudos da memória - o mais significativo para a Psicologia. 
 
Outros filósofos 
Nos últimos séculos da Idade Antiga, desenvolveram-se duas correntes filosóficas defendidas pelos estoicos 
e pelos epicuristas. Merecem referência pela maneira contrastante de sugerir a aplicação prática da 
psicologia. 
O estoicismo foi uma doutrina pregada pelo filósofo grego Zenão de Cicio, Chipre (340-264 a.C.), e teve 
vários seguidores, tanto gregos como romanos. Os estoicos defendiam que a virtude deveria ser cultivada 
como valor intrínseco, seguindo a linha da pedagogia da essência. Com esse objetivo, o desejo deveria se 
submeter à razão. Seguindo a linha platônica, sugeriam que a virtude é superior aos desejos materiais, 
considerados parte inferior na escala da evolução do homem. A virtude seria o único bem e o vício o único 
mal. Com essa visão, prepara o advento da ética cristã. 
O epicurismo é a doutrina pregada por Epicuro (341-270 a.C.) de Samos, filósofo grego, e por seus 
seguidores gregos e latinos. Contrário à escola platônica e aristotélica, buscava uma filosofia prática. 
Valorizava a natureza do ser humano, meio para se conseguir a felicidade e a tranquilidade. O supremo 
bem era a obtenção do prazer em toda a atividade humana. Era preciso viver o presente sem ambições 
nem projetos. No entanto, os prazeres mais duradouros eram os do espírito. Os discípulos de Epicuro 
deturparam sua visão e atiraram-se aos gozos materiais e à dissolução moral. A felicidade constituía o fim e 
a perspectiva de toda a existência. Os epicuristas eram, pois, favoráveis à expressão e satisfação dos 
impulsos naturais e por isso são considerados os precursores do existencialismo. Muitos autores 
confundem o epicurismo com o hedonismo, pois, como o próprio nome indica "hedoné", do grego, quer 
dizer prazer, gozo. Outros autores consideram que o hedonismo foi inaugurado por Aristipo, discípulo de 
Sócrates, e não por Epicuro. Tendo qualquer uma das origens, o seu objetivo era fugir da dor e buscar o 
prazer. O sábio saberia encontrar o equilíbrio, entre as paixões e a sua satisfação. 
Esse foi o período fundamental para a história da psicologia, pois nele brotaram as principais raízes do seu 
desenvolvimento. Questões como o nativismo x empirismo, o dualismo corpo x alma, a memória, o 
associacionismo, bem como a filosofia e pedagogia da essência e da existência, foram as raízes ou colunas-
mestras da psicologia. Elas delinearam as mais diversas correntes do pensamento psicológico que 
conduziriam a psicologia até à sua emancipação da filosofia.

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