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Trabalho sobre pedágio DIREITO TRIBUTÁRIO

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Para o dicionário pedágio significa: Taxa que se paga para transitar em uma estrada, ponte etc.
Neste trabalho será visto as duas possíveis naturezas jurídicas do referido tema e as devidas discussões que o cercam.
Pedágio de fato é uma Taxa? Ou uma Tarifa?
Mas o que é Pedágio? 
Para Plácido e Silva:
“Na terminologia jurídica, pedágio exprime propriamente a tributação ou taxação devida pela passagem por uma estrada ou rodovia, por uma ponte ou qualquer outro lugar, onde o, trânsito não se faça livre e gratuito. O pedágio pode ser cobrado pelo próprio governo ou por particular, em conseqüência de concessão, que lhe é atribuída pelo governo, a respeito de estradas ou vias de comunicação particular. O pedágio é também conhecido pelo nome de tributo de barreira, em face do sistema adotado para sua cobrança: uma barreira posta em meio da estrada, pela qual não passa a pessoa ou veículo, sem que pague primeiro a taxa que lhe é exigida (2002, p. 596).”
E sobre essa terminologia muito se discute a sua natureza jurídica. Qual a correta?
No art 150,V, da Constituição Federal de 1988 é tratado sobre o pedágio
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
A hermenêutica do referido inciso do art 150 da CF/88 fica da seguinte forma:
Toda vez que um serviço for fornecido por uma concessionária, o pagamento será por TARIFA,como afirma o art 175 da Carta Magna.E apesar de ser obrigatório o pagamento do pedágio, configura Tarifa e não Taxa.
A doutrina diverge sobre o assunto.
 Para Sabbag (2009, pg. 224):
“Caso a administração da via pública, objeto de cobrança do pedágio, seja feita por próprio órgão da administração direta (…), a exação deverá ser considerada uma taxa (…) “se a via for explorada por entidade particular (concessionárias, permissionárias, etc.), poderá haver uma escolha da exação pelo legislador – se pedágio-taxa ou pedágio-tarifa”
Com a citação acima podemos notar que para Sabbag, o que deve ser observado é a situação e a forma com que é cobrado.
Em oposição vem DININI (2008, pg. 91)
“A ressalva à cobrança de pedágio, pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público, demonstra que o constituinte compreendeu o pedágio como tributo. Assim não fosse, não haveria porque excepcioná-lo em dispositivo que veda restrição à livre circulação por meio de tributos interestaduais e intermunicipais. Considerado tributo pela Constituição, entre as espécies deste gênero, situa-se o pedágio como taxa de serviço (de conservação de vias públicas).”
Nessa posição, o pedágio, quando é cobrado de modo direto pelo Poder Publico,será de Natureza Jurídica de Taxa, enquanto que nos casos em que o serviço é concedido por uma concessionária, será cobrado por preço público e não se sujeita às regras tributárias. 
O Doutrinador SABBAG (2012, p. 260) ainda ressalta que:
“Não havendo a existência de via alternativa – rodovia de tráfego gratuito, localizada paralelamente àquela por cujo uso se cobra pedágio – a exação se torna compulsória, sem liberdade de escolha, o que tornaria a feição tributária, própria da taxa”.
Ou seja, o pedágio torna-se obrigatório quando não há uma segunda opção, e a obrigatoriedade é requisito para tributo.
E na corrente que diverge, alegando que pedágio seria sim, TARIFA, pois é alegado que o serviço é não obrigatório e concedido pelo poder privado e não publico, ou seja, é fornecido por uma concessão.
Com isso, o doutrinador Ricardo Lobo Torres (2005, p. 486) argumenta que:
”Já os que sustentam tratar-se de preço público, com natureza contratual, o fazem com base nas seguintes considerações: (a) a inclusão no texto constitucional apenas esclarece que, apesar de não incidir tributo sobre o tráfego de pessoas ou bens, pode, excepcionalmente, ser cobrado o pedágio, espécie jurídica diferenciada; (b) não existir compulsoriedade na utilização de rodovias; e (c) a cobrança se dá em virtude da utilização efetiva do serviço, não sendo devida com base no seu oferecimento potencial”.
Tem-se além de doutrinaria, a divergência jurisprudencial, na qual o TRF4 do estado do Rio Grande do Sul, afirma que PEDÁGIO É SIM, TAXA. Vejamos abaixo a decisão, do ano de 2010,pelo relator Ministro CARLOS VELLOSO:
ADMINISTRATIVO. VALE-PEDÁGIO. PAGAMENTO EM ESPÉCIE. MULTA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. NATUREZA JURÍDICA DO PEDÁGIO. TAXA. COMPETÊNCIA PARA TRIBUTAR O SERVIÇO DE TRANSPORTE. 1. O art. 3º da Lei nº 10.209/01, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.561/2002, ao exigir a antecipação do vale-pedágio em modelo próprio, e não em moeda nacional, tem por finalidade o controle do não-repasse do valor do pedágio ao transportador. Assim, restou imposta a antecipação unicamente por modelo próprio, suprimida a opção pela antecipação em espécie. 2. A aquisição do vale-pedágio não implica violação ao efeito liberatório da moeda, apenas busca regulamentar a forma de troca da mesma, como meio propício para evitar a inobservância do disposto na Lei nº 10.209/01. 3. A previsão constitucional para competência para tributar o serviço de transporte diz respeito à instituição de impostos (arts. 155, II e 156, III, da CF). Contudo, o pedágio, segundo o que já decidiu o STF (RECURSO EXTRAORDINÁRIO nº 181475/RS; Rel.: Min. CARLOS VELLOSO; DJ DJ 25-06-1999), tem natureza jurídica de taxa e, portanto, não se encontra abrangido pelo norma invocada na hipótese.
(TRF-4 - AC: 2464 RS 2006.71.14.002464-0, Relator: SÉRGIO RENATO TEJADA GARCIA, Data de Julgamento: 03/03/2010, QUARTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 15/03/2010)
 Já para o que foi decidido no ano de 2012, pelo Relator Edgard Penna Amorim, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, aponta para a natureza jurídica de Preço Público, ou seja, Tarifa:
AÇÃO ORDINÁRIA - COBRANÇA DE PEDÁGIO - FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL QUANTO A TERCEIROS - NATUREZA JURÍDICA - PREÇO PÚBLICO - CONTRATO DE CONCESSÃO - CONSERVAÇÃO DAS VIAS - NECESSIDADE - ART. 150, INC. V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS CONTRATUAIS - ÔNUS DA PROVA - AUTOR - FALTA DE DEMONSTRAÇÃO. 1. Não cabe à parte por meio de ação ordinária pleitear em nome próprio direito alheio, ou direitos coletivos cuja discussão seria cabível em sede de ação popular ou ação civil pública. 2. O pedágio constitui preço público, sendo necessário que haja a prestação de serviço em favor do usuário, consistente na conservação das vias, sob pena de se converter em tributo de barreira (art. 150, inc. V, da CR/88). Sem embargo, o ônus da prova de desatendimento pela concessionária das condicionantes consignadas no contrato de concessão caberia ao autor, que dele não se desincumbiu, havendo, ao revés, elementos comprobatórios do referido cumprimento. 3. Recurso não provido.
(TJ-MG - AC: 10024089424147002 MG , Relator: Edgard Penna Amorim, Data de Julgamento: 08/08/2013, Câmaras Cíveis / 8ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 19/08/2013)
Para finalizar, deixo aqui a minha opinião, que é referente a um “meio termo” entre Taxa e Tarifa. Como podemos visualizar na tabela abaixo, um dos requisitos para taxa é a sua obrigatoriedade, e um dos requisitos para preço público, é a não compulsoriedade, e que sua realização seja feita por um ente privado, ou seja uma concessionária. E é evidente que o pedágio é de pagamento obrigatório, pois em casos de não haver, segunda via para a “fuga” do pagamento, será obrigatório o seu pagamento para que se possa transitar naquela estada. E outro ponto a ser focado é a finalidade do pedágio, que é a conservação das estradas, e a tarifa tem como requisito a existência de uma finalidade.
Pedágio é, portanto, de uma natureza jurídica ainda inominada, intermediária a Tarifa e Taxa.
	  
	Taxa 
	Tarifa 
	Objeto 
	Exercício dopoder de polícia ou a utilização de serviços públicos específicos e divisíveis. Art. 145, II, CF. 
	Serviços públicos explorados por concessionários. Art. 175, parágrafo único, III, CF. 
	Obrigatoriedade 
	Existente por se tratar de tributo. A contraprestação pelo serviço é devida independentemente da vontade do contribuinte. Art. 145, II, CF 
	Inexistente. Fica obrigado a pagar somente aquele que opta pelo serviço. 
	Finalidade Lucrativa 
	Não há. A prestação pecuniária existe apenas para cobrir os custos da atividade. 
	Existente como o principal interesse do particular em explorar uma atividade pública. 
	Natureza jurídica 
	Tributo 
	Preço público 
  
 
Referências:
(Diferença entre taxa e tarifa- Tabela)http://www.perguntedireito.com.br/1920/qual-a-diferenca-entre-taxa-e-tarifa 
DININI, Luiz Felipe Silveira. Manual de Direito Tributário. 4ª ed. São Paulo: Saraiva. 2008.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva. 2009.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 4ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 12ª ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2005.

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