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Introdução á Farmacologia Prof. Cristiano Saldanha Rio/2011 1 CONCEITOS Ciência que estuda a interação entre uma substância química e um organismo vivo ou sistema biológico, resultando em um efeito maléfico (tóxico) ou na maioria das vezes benéfico (medicamento). DROGA: É toda substância capaz de alterar uma função fisiológica. É O COMPOSTO BIOLOGICAMENTE ATIVO. Podem estar presentes:medicamentos; componentes de alimentos, bebidas e cigarros; substâncias abuso; cosméticos 2 Quais os limites da farmacologia como disciplina? A farmacologia como disciplina não inclui a preparação e a dispensação de drogas. A farmacologia preocupa-se com o efeito das drogas nos sistemas vivos ou nos seus componentes tais como células, membranas ou enzimas. Como resultado sua abrangência inclui desde a compreensão da interação Molecular das drogas até o efeito das drogas sobre a população. 3 Conceitos FÁRMACOS: São substâncias que produzem efeitos benéficos no organismo, diferente da ação dos alimentos. MEDICAMENTO: É toda substância capaz de curar, prevenir ou diagnosticar uma enfermidade. REMÉDIO: É toda substância ou medida utilizada para curar uma determinada enfermidade. TÓXICO (VENENO): É a substância química que ingerida ou aplicada externamente, e que sendo absorvida, determina a morte do indivíduo, ou coloca sua vida em risco. POSOLOGIA: Estuda a dosagem dos medicamentos, e a freqüência com que estes devem ser administrados. 4 Ramos da Farmacologia FARMACOGNOSIA: Ramo da farmacologia que estuda a origem dos fármacos. ORIGEM: Natural, sintética, semi-sintética. FARMACOTÉCNICA: Estuda a preparação de fármacos. FARMACOCINÉTICA: Estuda o movimento dos fármacos no organismo. FARMACODINÂMICA: Estuda a ação do fármaco e o mecanismo desta ação no organismo. TOXICOLOGIA: É o ramo que estuda os efeitos colaterais dos fármacos. CRONOFARMACOLOGIA: Estuda o horário em que o remédio deve ser administrado. FARMACOGENÉTICA: Estuda a ação dos fármacos sobre os gens. IMUNOFARMACOLOGIA: Estuda a ação dos fármacos sobre o sistema imune. FARMACOEPIDEMIOLOGIA: Estuda o comportamento dos fármacos em uma comunidade. FARMACOTERAPIA: Estuda a aplicação dos fármacos nas doenças (Farmacologia Clínica). 5 Farmacocinética X Famacodinâmica • Farmacocinética - Estuda o caminho percorrido pelo medicamento no organismo. A farmacocinética corresponde as fases de absorção, distribuição e eliminação (biotransformação e excreção) das drogas. • Através da farmacocinética se consegue estabelecer relações entre a dose e as mudanças de concentração das drogas nos diversos tecidos em função do tempo; Ex: captopril 25mg - via de administração - via oral – • função: anti-hipertensivo • Famacodinâmica - Estuda o mecanismo de ação dos fármacos , as teorias e conceitos relativos ao receptor farmacológico, a interação droga-receptor, bem como os mecanismos moleculares relativos ao acoplamento entre a interação da droga com o tecido alvo e o efeito farmacológico; • A farmacodinâmica estuda as modificações que o fármaco vai provocar no organismo; • (mecanismo de ação das drogas) Fármaco --------------------modificações------ --------------organismo. 6 MEIA-VIDA DAS DROGAS • A meia-vida de uma droga consiste no período de tempo, a contar do momento da administração, em que a concentração da droga fica reduzida à sua metade. Atualmente, alguns autores consideram que a contagem do tempo da meia-vida de um fármaco deve iniciar quando este medicamento alcança a corrente sangüínea, e, conceituam a meia-vida de um fármaco como o tempo necessário para que a metade da droga absorvida seja eliminada do organismo. Também é denominada de meia-vida plasmática da droga ou meia-vida biológica da droga. O conhecimento da meia-vida da droga é útil para se obter a concentração máxima plasmática constante, após doses repetidas em intervalos que representem a meia-vida, com o objetivo de orientar a posologia. Tendo como exemplo o propranolol (utilizado no tratamento da hipertensão arterial e da cardiopatia isquêmica), que tem uma meia-vida que varia de 3,4 a 6 horas. Depois de administrado, durante algum tempo, cerca de seis meias-vidas, obtém-se uma concentração plasmática constante média (para alguns fármacos o estado constante é alcançado em quatro a cinco meias-vidas). 7 FARMACOCINÉTICA • Estuda o comportamento da droga no organismo • Absorção • Distribuição • Biotransformação • Excreção 8 As fases da farmacocinética são: • As fases da farmacocinética são: • 1- Absorção • Absorção farmacológica; • A absorção, é a primeira etapa que começa com a escolha da via de administração • até o momento que a droga entra na corrente sanguínea. • Vias de administração como: intra-venosa e intra-arterial não passam por essa etapa, entram direto na circulação sangüínea. • Existem fatores interferem nessa etapa, dentre estes temos : o pH do meio, forma farmacêutica e patologias (úlceras por exemplo), dose da droga a ser administrada, concentração da droga na circulação sistêmica,concentração da droga no local de ação, distribuição da droga organicamente, as drogas nos tecidos de distribuição e a eliminação metabolizada ou excretada. • Temos ainda um fator a ser relevado que é a característica química da droga pois esta interfere no processo de absorção. 9 · Efeito de primeira passagem • ·Efeito de primeira passagem • É a metabolização do medicamento pelo fígado e pela microbiota intestinal, antes que o fármaco chegue à circulação sistêmica. As vias de administração que estão sujeitas a esse efeito são: via oral e via retal*(em proporções bem reduzidas). • 2-Distribuição farmacológica • Nesta etapa a droga é distribuída no organismo através da circulação. • O processamento da droga no organismo passa em primeiramente nos órgãos de maior vascularização (como SNC, pulmão, coração) e depois sofre redistribuição aos tecidos de menos irrigação (tecido adiposo por exemplo). É nessa etapa em que a droga chega ao ponto onde vai atuar. 10 Endovenosa Subcutânea Intramuscula r Sublingual oral Inalação A o rt a D is tr ib u iç ã o Comprimido Solução Desintegração Disolução Passagem Esôfago Estômago Piloro Intestino CÁPSULA Tablete revetido Dissolução da capa Desintegrasão Dissolução e passagem Dissolução da cápsula 11 Nesta etapa a droga é distribuída no organismo através da circulação Distribuição farmacológica Fígado 12 FARMACOCINÉTICA - DISTRIBUIÇÃO LIGAÇÃO DOS FÁRMACOS ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS ALBUMINA + FÁRMACOS ÁCIDOS FÁRMACO PROTEÍNA FÁRMACO LOCAL DE AÇÃO Falta de proteína no plasma: Hipoalbuminemia secundária à doença hepática Síndrome nefrótica Desnutrição severa. Aumento de proteína no plasma: Câncer na fase aguda Artrite na fase aguda Infarto do miocárdio na fase aguda 13 28 BIODISPONIBILIDADE n É a fração do fármaco administrado que atinge a circulação sistêmica. n É expressa como a fração do fármaco administrado que tem acesso a circulação sistêmica na forma quimicamente inalterada. n Quantidade de fármaco disponível no organismo para utilização. n Absorção adequada não garante biodisponibilidade, devido alguns fármacos serem biotransformados, no fígado, antes de atingirem a circulação geral. (Metabolismo de primeira passagem). n Influencia: Resposta clínica, escolha de doses e vias de administração. 14 • 3- Biotransformação • Fase onde a droga é transformada em um composto mais hidrossolúvelpara a • posterior excreção. A Bio transformação dá em duas fases: • A fase 1 - não é um processo obrigatório, variando de droga para droga e diferente • da fase 2, obrigatória a todas as drogas. O fígado é o órgão que prepara a droga para a excreção. • Essa é a fase que prepara a droga para a excreção. 15 BIOTRANSFORMAÇÃO (METABOLISMO) DAS DROGAS O fígado é o principal órgão de biotransformação de medicamentos, embora algumas drogas sejam biotransformadas no plasma, intestino (como o salbutamol que é biotransformado no intestino) ou outro órgão. grupo de isoenzimas citocromo P-450 Biotransformação das Drogas Excreção 16 Absorção Distribuição Biotransformação Excreção 17 • 4- Excreção • Pela excreção, os compostos são removidos do organismo para o meio externo. • Fármacos hidrossolúveis, carregados ionicamente, são filtrados nos glomérulos ou • secretados nos túbulos renais, não sofrendo reabsorção tubular, pois têm dificuldade em • atravessar membranas. Excretam-se, portanto, na forma ativa do fármaco. • Os sítios de excreção denominam-se emunctórios e, além do rim, incluem: • · pulmões, · secreção biliar; • suor; • fezes; • l lágrimas, • saliva, • l leite materno. Néfron 18 Índice Terapêutico (IT): É a relação entre a dose letal (ou tóxica) e a dose efetiva do fármaco. Dose letal: É a dose capaz de matar 50% de uma população. Dose efetiva: É a dose capaz de produzir o efeito farmacológico. Nível plasmático efetivo: É a quantidade mínima de droga capaz de provocar resposta farmacológica. Concentração máxima tolerada: É a quantidade máxima de droga tolerada pelo organismo. Se essa concentração for ultrapassada, provoca efeito tóxico. Índice Terapêutico (IT) 19 20 CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS FARMACÊUTICAS FORMA SÓLIDA: Pó (liofilizado/granular) Comprimidos Drágeas Pastilhas Supositórios Cápsulas Pílulas 21 FORMAS LÍQUIDAS: Soluções aquosas (PA + H2O)(xarope) Emulsões (H2O + óleo) Suspensões (H2O + sólido) Injeções Líquidos voláteis (éter, halotano) Enemas Colírios Loção 22 Vias de Administração INALAÇÃO ⇨PULMÕES ⇨CORAÇÃO ⇨CIRC. SISTÊMICA VIA ORAL ⇨ ESTÔMAGO/INTESTINO ⇨ CIRC. PORTA ⇨ CIRC. SISTÊMICA VIA IM ⇨ MÚSCULO ⇨ CIRC. GERAL VIA EV ⇨ DIRETA NA CIRCULAÇÃO 23 Vias de administração e escolha da via • Tipo de ação desejada: Local ou sistêmica • Tempo para ação Emergência: EV • Natureza do medicamento Volátil: pulmonar Insolúvel: parenteral Gastro-resistente: VO • Forma farmacêutica 24 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Parenteral • Intravenosa (IV) • Intrarterial • Subcutânea (SC) • Intramuscular (IM) • Intradérmica (ID) • Intraperitoneal (IP) • Intratecal (IT) Enteral • Via oral (VO) • Transmucosa • Retal • Sub lingual (SL) Transmucosa • Conjuntival • Nasal • Otológica • Traqueobrônquica • Vaginal 25 Vias de Administração USO INTERNO: Significa ingestão de drogas. USO EXTERNO: Administração sem ingestão. Via parenteral (IM, EV, SC, conjuntival) 1) ENTERAL: Qdo o fármaco entra em contato com qq parte do trato digestivo (SL, oral, bucal e retal) 2) PARENTERAL: Não utilizam tubo digestivo.(injeção, cutânea, respiratória, conjuntival, etc...) EFEITOS: LOCAL E SISTÊMICO. 26 Enteral – Via Oral Vantagens Segurança, comodidade e economia Limitação e Desvantagens Cooperação do paciente Muitos fatores interferentes Distúrbios gástricos e irritação da mucosa 27 ADMINISTRAÇÃO ORAL Na grande maioria, os fármacos são tomados pela boca e engolidos. Método mais seguro, conveniente e econômico. Cerca de 75% de um fármaco administrado é absorvido em 1-3 h. Comprimidos, drágeas, cápsulas e xaropes. As medicações orais são algumas vezes prescritas em doses maiores que seus equivalentes parenterais, porque após absorção através do trato gastrointestinal, elas são imediatamente metabolizadas no fígado antes de atingir a circulação sistêmica, diminuindo assim efeitos adversos ( CASTRO & COSTA, 1999 ). A administração oral é contra-indicada em pacientes inconscientes, náuseas e vômitos, bem como naqueles incapazes de engolir. 28 ADMINISTRAÇÃO SUBLINGUAL • Sublingual Permite a retenção do fármaco por tempo mais prolongado. Propicia absorção rápida de pequenas doses de alguns fármacos, devido ao suprimento sanguíneo e a pouca espessura da mucosa absortiva, permitindo a absorção direta na corrente sanguínea. O dinitrato de Isossorbida (5mg) é uma medicação administrada via sublingual em casos de Crise de Angina do Peito. As formas farmacêuticas são geralmente comprimidos que devem ser dissolvidos inteiramente pela saliva, não devendo ser deglutidos. Via Sublingual 29 É utilizada em pacientes que apresentam vômitos, estão inconscientes ou não sabem deglutir. As formas farmacêuticas empregadas são soluções, suspensões e supositórios. Limitações - suas maiores limitações de uso são incomodidade de administração, possibilidade de efeitos irritativos para a mucosa e absorção errática devido à pequena superfície absorsiva e incerta retenção no reto. ADMINISTRAÇÃO RETAL 30 ADMINISTRAÇÃO PARENTERAL O termo parenteral provém do grego “para” (ao lado) e “enteros”(tubo digestivo), significando a administração de medicamentos “ao lado do tubo digestivo” ou sem utilizar o trato gastrointestinal ( CASTRO & COSTA, 1999 ). Esta via é indicada para administração de medicamentos a pacientes inconscientes, com distúrbios gastrointestinais e nos pacientes impossibilitados de engolir. É indicada ainda quando se espera uma ação mais rápida da droga, na administração de medicamentos que se tornam ineficientes em contato com o suco digestivo ( HORTA et al, 1973 ) A via parenteral consiste na administração de medicamentos através das seguintes vias: 31 Via Endovenosa VIAS DE ADMINISTRAÇÃO - Parenteral É a administração de uma droga diretamente na veia, a fim de obter uma ação imediata do medicamento. A medicação poderá ser administrada em qualquer veia periférica acessível, mas com preferência para: Dobra do Cotovelo: Basílica, Mediana e Cefálica; Antebraço; Dorso das mãos. A medicação poderá ser administrada ainda em veias profundas, por meio de cateteres endovenosos introduzidos por punção ou flebotomia ( HORTA et al, 1973 ). Esta via é utilizada em casos de emergência na qual o paciente se encontra inconsciente, como por exemplo, nos casos de Crise Hipoglicêmica, onde a conduta seria a administração de Glicose 50% por via intra- venosa ( MENDES et al, 1988 ). 32 Jelco - Tratamento a longo prazo - 72 horas Scalp Tratamento a curto prazo - 12 horas 33 Via Intramuscular Usos e Vantagens Soluções aquosas e oleosas (depósitos) Absorção rápida ou lenta Pacientes inconscientes Volume moderado no deltóide e glúteo Máximo de 10 mL - mais comum (1 a 5 mL) Limitação e Desvantagens Dor e irritação As injeções intramusculares são contra-indicadas em pacientes com mecanismo de coagulação prejudicados, em pacientes com doença vascular periférica oclusiva, edema e choque, porque estas moléstias prejudicam a absorção periférica. Além de não serem administrado em locais inflamados, edemaciado ou irritado ou ainda em locais com manchas de nascença, tecido cicatrizado ou outras lesões. 34 ADMINISTRAÇÃO INTRAMUSCULAR Injeções Intramusculares depositam a medicação profundamente no tecido muscular, o qual é bastante vascularizado podendo absorver rapidamente.Esta via de administração fornece uma ação sistêmica rápida e absorção de doses relativamente grandes (até 5ml em locais adequados). Pelo fato de possuir uma ação rápida, esta via é utilizada em quadros de Reação Anafilática, através da administração Intramuscular de Betametazona ou Dexametasona (Disprospan ou Decadron ), como conduta emergencial ( MENDES et al, 1988 ). As injeções intramusculares são recomendadas para os pacientes não cooperativos ou aqueles que não podem tomar a medicação via oral e para as medicações que são alteradas pelo suco digestivo. Os tecidos musculares possuem poucos nervos sensoriais, permitindo na injeção uma administração menos dolorosa de medicações irritantes. O local de uma injeção intramuscular deve ser escolhido cuidadosamente, levando em consideração o estado físico geral do paciente e a proposta da injeção. 35 Via Subcutânea Usos e Vantagens Absorção constante e lenta manter o efeito Aplicações de suspensões insolúveis Aplicação de implantes na forma de pellets Volume – 1 a 2 mL Limitação e Desvantagens Utilizada apenas para fármacos não irritantes Dor e necrose Volume pequeno 36 Via Intradérmica Usos e Vantagens Avaliação de testes de sensibilidade e imunológico Aplicação de vacinas Ex: BCG para Tuberculose Volume – 0,1 mL Limitação e Desvantagens Dor e desconforto 37 ADMINISTRAÇÃO INTRA-ARTERIAL GASOMETRIA Pouco usada. Geralmente em exames diagnósticos. Deve ser realiza por especialistas. Não existem os efeitos da primeira passagem pulmonar e de depuração no pulmão. Função: Obter resultados dos gases diretamente do sangue arterial. O2, Co2, H. Na Insuficiência respiratória. Pneumonia grave Asma Situações que afetem a respiração pulmonar 38 Via Intraperitoneal Usos e Vantagens Absorção rápida Volumes grandes e controle da aplicação Quimioterapia e diálise peritoneal 39 Transmucosa Traqueobrônquica Nebulização – Berotec, atrovent Anestesia realizada por anestésicos gasosos – enflurano, oxido nitroso Nebulização Anestesia gasosa 40 APLICAÇÃO TÓPICA PELE: poucos fármacos penetram rapidamente na pele integra. Absorção proporcional à área da superfície de aplicação. 41 ADMINISTRAÇÃO TÓPICA OLHO: Efeitos locais. A absorção sistêmica pelo canal nasolacrimal geralmente Absorção via córnea: evita-se efeitos sistêmicos. www.soenfermagem.net 42
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