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O discurso adolescente numa sociedade na virada do século

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Aluno: Hércules Duailibe Barreira
RA: B941EJ-0 Turma: PS9P30
Referência Bibliográfica
MATHEUS, T. C. O discurso adolescente numa sociedade na virada do século. Psicol. USP [online], v. 14, n. 1, pp. 85-94, 2003. ISSN 0103-6564.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65642003000100006. 
 SEGUNDA RESENHA CRITICA:
O DISCURSO ADOLESCENTE NUMA SOCIEDADE NA VIRADA DO SÉCULO
O artigo apresenta resultados de uma pesquisa a respeito das expectativas e ideais de adolescentes de regiões específicas de três lugares específicos do Estado de São Paulo, Paraisópolis, Monte Azul e Bexiga. Para o estudo, foram ouvidos 50 jovens entre 13 e 17 anos pertencentes à rede pública de ensino e divididos em três grupos, de acordo com sua localidade, que participaram de atividades lúdicas e conversas onde puderam expor opiniões expectativas e interesses e angústias.(p. 87)
 A pesquisa referente ao assunto acontece devido a chamada ‘onda jovem’, expressão usada para denominar a explosão da taxa de natalidade que ocorreu no início da década de 80, e que resultou num significativo aumento da população juvenil na virada do século. (p.86)
Há um contexto histórico para tal fato, e o que se vê no final do século, é a população juvenil crescendo em um ambiente de mercado recessivo, desemprego, problemas urbanos e condições de vida precária para todos.
O adolescente, que é sujeito neste meio, reage de maneira ativa, e busca formular respostas para estas situações. E é a partir disto, que se pretende tratar dos ideais da Geração Jovem, apresentados neste artigo como sujeitos ‘hiato do mundo Infantil ao adulto’ (p. 87)
Dos grupos ouvidos, cada um apresenta sua particularidade. O primeiro, formado na região do entorno da favela do Monte Azul, onde o clima se mostra mais tranquilo, com menos situações de conflito, a família foi apresentada como organização mais presente e integrada. Os outros dois grupos, cujas regiões há desigualdade social mais intensa, violência mais presente a agressividade também se mostra mais intensa.
Porém em todos os grupos o ceticismo em relação à possibilidade de mudança do que cerca o adolescente é predominante. No entanto, ainda que este ceticismo seja real, potencializado a angústia e fragilizado a construção dos ideais, há nos adolescentes a vontade de acreditar em algo. 
Três pontos são referenciais para manter este foco, o trabalho a família e a escolaridade. “O que se viu entre vários jovens pesquisados, foi o esforço de construir projetos a partir das referências disponíveis, seja no âmbito familiar, seja na comunidade à qual pertençam.” (p.89) 
Toda esta realidade tem produzido um resto, ou seja, a disposição agressiva, que pode se manifestar de maneira mais ou menos mediatizado. De acordo como autor “ela própria é a reação de à violência com as quais são obrigados a conviver em seu cotidiano, violência das desigualdades e injustiças sociais.” (p. 90) 
 O artigo faz referência aos resultados obtidos em outras pesquisas, também realizadas com jovens, porém de diferentes camadas socioeconômicas, apresentando pontos em comum. E mostra que, apesar dos enfoques distintos, foi observado que também em outros ambientes, existe a possibilidade de reflexão sobre o assunto, porque não apenas os menos favorecidos têm falta de perspectivas, mas os mais favorecidos, de certa forma vivenciam a precariedade dessas perspectivas
A conclusão que se chega, é da necessidade de se ouvir este adolescente, que pode ser o novo adversário, ou pode ser a possibilidade de mudança. O ouvir, com uma escuta analítica este sujeito, e não apenas estigmatizá-lo “como aquele a quem caberá reformular o que está (quase) perdido, ou como um carrasco de um (trágico) fim anunciado” (p.92), é de suma importância para uma reflexão sobre o impasse vivida pela sociedade, sendo envolvidos todos que dela fazem parte, inclusive os adolescentes.

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