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Filosofia parte 1

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17/08/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
 B1
1. A PALAVRA FILOSOFIA[1]
A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo
deriva­se de philia,  que  significa  amizade,  amor  fraterno,  respeito  entre  os
iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio.
Atribui­se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes
de  Cristo)  a  invenção  da  palavra  filosofia.  Segundo  Pitágoras,  a  sabedoria
plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá­la ou
amá­la, tornando­se filósofos.
 
2. A FILOSOFIA É GREGA
A  Filosofia,  entendida  como  aspiração  ao  conhecimento  racional,  lógico  e
sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e
de suas transformações, da origem e causas das ações humanas e do próprio
pensamento, é um fato tipicamente grego. Através da Filosofia, os gregos
instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do
que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte.
Evidentemente,  isso não quer dizer, de modo algum, que outros povos, tão
antigos  quanto  os  gregos,  como  os  chineses,  os  hindus,  os  japoneses,  os
árabes,  os  persas,  os  hebreus,  os  africanos  ou  os  índios  da  América  não
possuam sabedoria, pois possuíam e possuem. Também não quer dizer que
esses  povos  não  tivessem  desenvolvido  o  pensamento  e  as  formas  de
conhecimento  da  Natureza  e  dos  seres  humanos,  pois  desenvolveram  e
desenvolvem.
A Filosofia  surge, portanto, quando alguns gregos, admirados e espantados
com a  realidade,  insatisfeitos  com as  explicações  que  a  tradição  lhes  dera,
começaram  a  fazer  perguntas  e  buscar  respostas  para  elas,  demonstrando
que  o  mundo  e  os  seres  humanos,  os  acontecimentos  e  as  coisas  da
natureza, os acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela
razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer­se a si mesma.
 
3. O SIMBOLISMO DA SABEDORIA[2]
Em muitas línguas, a coruja é a ave que simboliza a sabedoria. Isso se deve
ao fato de que, na tradição grega, a coruja  foi vista como a ave de Athena
(Minerva,  para  os  romanos),  ou  seja,  como  símbolo  da  racionalidade  e  da
sabedoria, como a representação da atitude desperta, que procura, que age
sob  o  fluxo  lunar,  e  que  não  dorme  quando  se  trata  da  busca  do
conhecimento.
Associada à capacidade de enxergar mesmo nas trevas, seus grandes olhos
voltados  para  a  compreensão,  para  a  observação,  são  suficientemente
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significativos para traduzirem a ideia de que a busca da sabedoria pressupõe
um  olhar  atento  para  a  compreensão  do  mundo  (CHEVALIER,  2005  apud
BITTAR & ALMEIDA, 2008, p. 1,2).
Em sua obra: “Curso de Filosofia do Direito”, Bittar & Almeida (2008) chama
a  nossa  atenção  para  o  fato  de  que  “uma  longa  experiência  que  seja  não
refletida, mas mecanicamente vivida, não é sinônimo de sabedoria adquirida.
A sabedoria realmente evoca experiência e capacidade de absorção reflexiva
da experiência mundana, esta predisposição de voltar­se para o processo de
convívio com o espanto diante do mundo”.
Os  especialistas  referem­se  a  construções  de mosteiros  e  de  fortalezas  no
período  medieval  como  uma  outra  metáfora  para  explicar  a  questão  da
sabedoria. Os mosteiros construídos em regiões mais altas, as fortalezas num
alto penhasco. Em ambos os casos, observam­se consideráveis distâncias da
vida urbana, de onde se pode ter ampla visão do todo. Os mosteiros, lugares
de  reclusão, de  ligação  com o divino, propiciam aos monges a  condição de
serem mediadores  entre  o mundo  humano  e  o  divino.  A  capacidade  de  os
monges  orientarem  resulta  da  sua  condição  de  ver  muito  além  do  que  os
homens conseguem ver. Já das fortalezas no exercício de seu papel defensivo
contra  os  inimigos  de uma  sociedade  vulnerável  a  toda  sorte  de  ataques  e
embates, os sentinelas podem ter ampla visão de  tudo para propor o aviso
estratégico ou de propor o ataque sobre o perigo iminente do invasor.
Para os autores, a visão de um filósofo não é a de um especialista, mas a de
um  conhecedor  das  diversas  perspectivas  em  que  se  inscreve  a  vivência
mundana e suas questões, em geral, seus grandes dilemas. Sua visão não é
a visão local, a do cientista, mas a visão geral, abrangente. O filósofo observa
diversos  aspectos  de  questões  abrangentes,  suas  observações  se  dão  de
modo  integral  e  holístico.  Suas  questões  são  enigmáticas  para  a  condição
humana. O filósofo lida com questões aporéticas [dúbias, paradoxais], (Que é
ser? Qual é a natureza humana? Qual o sentido da vida? Qual a melhor forma
de  governo?  Como  se  pode  definir  justiça?).  Assim,  busca  um  lugar
privilegiado  para  observação.  Distancia­se  para  compreender,  ora  para
contemplar tal qual o monge, ora para ter a certeza da mais clara estratégia
defensiva, como o guerreiro (BITTAR & ALMEIDA, 2008).
Nas  palavras  dos  autores,  “ao  usar  o  pensamento  como  força  de
compreensão,  acaba  por  agir  sobre  o  mundo,  e  isto  porque,  ao  utilizar  o
ferramental da razão, se posta como sentinela e defensor da garantia de que
a  razão  será  conservada na  vida  social  como um distintivo  fundamental  da
condição humana. (...) A filosofia exerce uma verdadeira vigília dirigida a si
mesma  e  ao  mundo  circundante,  dedicada  a  cumprir  uma  tarefa  de
fundamental  importância  para  a  existência  humana”  (BITTAR  &  ALMEIDA
2008, p.4).
 
4. PARA QUE FILOSOFIA?[3]
4.1 A ATITUDE FILOSÓFICA
Ao  tomar  distância  da  vida  cotidiana  e  de  si  mesmo,  indagando  sobre  as
crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência,
o homem estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer o porquê de
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suas crenças e sentimentos. Essa atitude recebe o nome de atitude filosófica.
ATITUDE  FILOSÓFICA  =  APRECIAÇÃO  DISTANCIADA  DO  OBJETO  DE
REFLEXÃO.
 
4.2 A ATITUDE CRÍTICA
A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não
ao senso comum, aos pré­conceitos, aos pré­juízos, aos fatos e às ideias da
experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido.
A  segunda  característica  da  atitude  filosófica  é  positiva,  isto  é,  uma
interrogação sobre o que são as coisas, as  ideias, os fatos, as situações, os
comportamentos,  os  valores,  nós  mesmos.  É  também  uma  interrogação
sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso
é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as
indagações fundamentais da atitude filosófica.
A  face  negativa  e  a  face  positiva  da  atitude  filosófica  constituem  o  que
chamamos de atitude crítica e pensamento crítico.
ATITUDE CRÍTICA = PRIMEIRO NEGAR O PRÉ­ESTABELECIDO (1° PASSO)
PARA PODER PROVOCAR, INDAGAR (2° PASSO).
A  Filosofia  começa  dizendo  não  às  crenças  e  aos  preconceitos  do  senso
comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos
saber;  por  isso,  o  patrono  da  Filosofia,  o  grego  Sócrates,  afirmava  que  a
primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”. Para o
discípulo  de  Sócrates,  o  filósofo  grego  Platão,  a  Filosofia  começa  com  a
admiração;  já  o  discípulo  de  Platão,  o  filósofo Aristóteles,  acreditava que a
Filosofiacomeça com o espanto.
Admiração  e  espanto  significam:  tomamos  distância  do  nosso  mundo
costumeiro,  através  de  nosso  pensamento,  olhando­o  como  se  nunca  o
tivéssemos  visto  antes,  como  se  não  tivéssemos  tido  família,  amigos,
professores,  livros e outros meios de  comunicação que nos  tivessem dito o
que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e
para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o
mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e
como somos.
 
5. PARA QUE FILOSOFIA?
Todas  as  pretensões  das  ciências  pressupõem  que  elas  acreditem  na
existência  da  verdade,  de  procedimentos  corretos  para  bem  usar  o
pensamento,  na  tecnologia  como  aplicação  prática  de  teorias,  na
racionalidade  dos  conhecimentos,  porque  podem  ser  corrigidos  e
aperfeiçoados.
Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação
entre  teoria  e  prática,  correção  e  acúmulo  de  saberes:  tudo  isso  não  é
ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já
respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas.
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5.1. ATITUDE FILOSÓFICA: INDAGAR
Características  da  atitude  filosófica  que  independem  do  conteúdo
investigado:
­ perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a ideia, é. A Filosofia pergunta qual
é  a  realidade  ou  natureza  e  qual  é  a  significação  de  alguma  coisa,  não
importa qual;
­ perguntar como a coisa, a  ideia ou o valor, é. A Filosofia  indaga qual é a
estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma ideia ou um
valor;
­ perguntar por que a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia
pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor.
As perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar,
como é pensar, por que há o pensar? Por ser uma volta que o pensamento
realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão.
 
6. A REFLEXÃO FILOSÓFICA
A Filosofia torna­se, então, o pensamento interrogando­se a si mesmo.
Reflexão  significa  movimento  de  volta  sobre  si  mesmo  ou  movimento  de
retorno a si mesmo.
A  reflexão  filosófica  é  radical  porque  é  um  movimento  de  volta  do
pensamento  sobre  si  mesmo  para  conhecer­se  a  si  mesmo,  para  indagar
como é possível o próprio pensamento.
A  reflexão  filosófica  organiza­se  em  torno  de  três  grandes  conjuntos  de
perguntas ou questões:
1.  Quais  os  motivos,  as  razões  e  as  causas  para  pensarmos  o  que
pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?
2. Qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?
3. Qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
Crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro, um conhecimento?
A  atitude  filosófica  inicia­se  com  perguntas  sobre  a  essência,  a
significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.
A reflexão filosófica  indaga, dirige­se ao pensamento, aos seres humanos
no  ato  da  reflexão.  São  perguntas  sobre  a  capacidade  e  a  finalidade
humanas para conhecer e agir.
 
7. FILOSOFIA: UM PENSAMENTO SISTEMÁTICO
A  Filosofia,  cada  vez  mais,  ocupa­se  com  as  condições  e  os  princípios  do
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conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro; com a origem, a forma
e  o  conteúdo  dos  valores  éticos,  políticos,  artísticos  e  culturais;  com  a
compreensão das  causas e das  formas da  ilusão e do preconceito no plano
individual  e  coletivo;  com  as  transformações  históricas  dos  conceitos,  das
ideias e dos valores.
A  Filosofia  volta­se  também  para  o  estudo  da  consciência  em  suas  várias
modalidades:  percepção,  imaginação,  memória,  linguagem,  inteligência,
experiência,  reflexão,  comportamento,  vontade,  desejo  e  paixões;
procurando  descrever  as  formas  e  os  conteúdos  dessas  modalidades  de
relação  entre  o  ser  humano  e  o mundo,  do  ser  humano  consigo mesmo  e
com os outros.
A Filosofia visa ao estudo e à interpretação de ideias ou significações gerais
como:  realidade,  mundo,  natureza,  cultura,  história,  subjetividade,
objetividade,  diferença,  repetição,  semelhança,  conflito,  contradição,
mudança etc.
Em  outras  palavras,  a  Filosofia  se  interessa  por  aquele  instante  em  que  a
realidade natural (o mundo das coisas) e a histórica (o mundo dos homens)
tornam­se estranhas, espantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando o
senso comum já não sabe o que pensar e dizer e as ciências e as artes ainda
não sabem o que pensar e dizer.
Essa  descrição  da  atividade  filosófica  capta  a  Filosofia  como  análise  (das
condições da ciência, da religião, da arte, da moral), como reflexão (isto é,
volta da consciência para si mesma para conhecer­se como capacidade para
o conhecimento, o  sentimento e a ação) e  como crítica  (das  ilusões e dos
preconceitos individuais e coletivos, das teorias e práticas científicas, políticas
e  artísticas),  estando  essas  três  atividades  (análise,  reflexão  e  crítica)
orientadas para elaboração filosófica de significações gerais sobre a realidade
e os seres humanos. Além de análise, reflexão e crítica, a Filosofia é a busca
do  fundamento  e  do  sentido  da  realidade  em  suas  múltiplas  formas,
indagando o que são, qual sua permanência e qual a necessidade interna que
as transforma em outras. O que é o ser e o aparecer­desaparecer dos seres?
A Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e
os  conceitos  científicos.  Não  é  religião:  é  uma  reflexão  crítica  sobre  as
origens e as formas das crenças religiosas. Não é arte: é uma interpretação
crítica dos conteúdos, das  formas, das significações das obras de arte e do
trabalho artístico. Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e
a avaliação crítica de conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. Não
é  política,  mas  interpretação,  compreensão  e  reflexão  sobre  a  origem,  a
natureza  e  as  formas  do  poder.  Não  é  história,  mas  interpretação  do
sentido dos acontecimentos inseridos no tempo e compreensão do que seja o
próprio  tempo.  Conhecimento  do  conhecimento  e  da  ação  humana,
conhecimento da  transformação  temporal dos princípios do saber e do agir,
conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres; a Filosofia sabe
que está na História e que possui uma história.
 
8. A UTILIDADE DA FILOSOFIA
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Se abandonar a  ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se
não  se  deixar  guiar  pela  submissão  às  ideias  dominantes  e  aos  poderes
estabelecidos  for  útil;  se  buscar  compreender  a  significação  do mundo,  da
cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas
artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa
sociedade  os  meios  para  serem  conscientes  de  si  e  de  suas  ações  numa
prática  que  deseja  a  liberdade  e  a  felicidade  para  todos  for  útil,  então
podemos dizer  que a  Filosofia  é  o mais útil  de  todos os  saberes de
que os seres humanos são capazes.
 
9. A ORIGEM DA FILOSOFIA
A Filosofia surgiu quando alguns pensadores gregos se deram conta de que a
verdade  do  mundo  e  dos  humanos  não  era  secreta  e  misteriosa,  que
precisasse  ser  revelada  por  divindadesa  alguns  escolhidos,  mas,  ao
contrário, podia ser conhecida por  todos por meio de operações mentais de
raciocínio, que são as mesmas em todos os seres humanos. Descobriram que
a  linguagem  respeita  exigências  do  pensamento,  o  que,  por  esse  mesmo
motivo, os conhecimentos verdadeiros podem ser transmitidos e ensinados a
todos.
 
10. TRAÇOS DA ATIVIDADE FILOSÓFICA NO SEU NASCIMENTO
1. Tendência à racionalidade: os gregos foram os primeiros a definir o ser
humano como animal racional, a considerar que o pensamento e a linguagem
definem  a  razão,  que  o  homem  é  um  ser  dotado  de  razão  e  que  a
racionalidade é um traço distintivo em relação a todos os outros seres.
2.  Recusa  de  explicações  pré­estabelecidas:  cada  fato  exige  uma
explicação racional como resultado de investigação.
3. Tendência à argumentação e ao debate:  nenhuma  solução  pode  ser
aceita  em  que  tenha  sido  demonstrada,  isto  é,  provada  racionalmente  em
conformidade com princípios e regras do pensamento verdadeiro.
4.  Capacidade  de  generalização:  mostrar  que  uma  explicação  tem
validade  para  muitas  outras  coisas  diferentes  ou  muitos  fatos  diversos,
porque  sob  a  aparência  da  diversidade  e  variação,  pode­se  descobrir
semelhanças e identidades. A capacidade racional chama­se síntese  (palavra
grega que significa  reunião,  fusão de várias  coisas numa união  íntima para
formar um todo).
5. Capacidade de diferenciação: mostrar que fatos ou coisas que parecem
iguais ou semelhantes, na verdade, são diferentes quando examinados pela
razão. A capacidade racional de compreender diferenças em coisas nas quais
parece haver identidade e semelhança, chama­se análise (palavra grega que
significa ação de desligar, separar, resolução de um todo em suas partes).
Com a Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os
princípios  fundamentais  do  que  chamamos de  razão,  racionalidade,  ciência,
ética, política, técnica e arte.
 
11. OS PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA[4]
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A  história  da  Grécia  costuma  ser  dividida  pelos  historiadores  em  quatro
grandes fases ou épocas:
1. A da Grécia homérica, correspondente aos 400 anos narrados pelo poeta
Homero, em seus dois grandes poemas, Ilíada e Odisseia;
2. A da Grécia arcaica ou dos sete sábios, do século VII ao século V a.C.,
quando  os  gregos  criam  cidades  como  Atenas,  Esparta,  Tebas,  Megara,
Samos etc., com predominância da economia urbana, baseada no artesanato
e no comércio;
3. A da Grécia clássica, nos séculos V e  IV a.C., quando a democracia se
desenvolve, a vida intelectual e artística entra no apogeu e Atenas domina a
Grécia com seu império comercial e militar;
4. E, finalmente, a da época helenística, a partir do final do século IV a.C.,
quando a Grécia passa para o poderio do império de Alexandre da Macedônia
e,  depois,  para as mãos do  Império Romano,  terminando a história de  sua
existência independente.
Os  períodos  da  Filosofia  não  correspondem  exatamente  a  essas  épocas,  já
que ela não existe na Grécia homérica e  só aparece nos meados da Grécia
arcaica.  Entretanto,  o  apogeu  da  Filosofia  acontece  durante  o  apogeu  da
cultura e da sociedade grega; portanto, durante a Grécia clássica.
 
12. PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA
1. Período pré­socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final o
século  V  a.C.,  ­  a  origem  do  mundo  e  as  causas  das  transformações  na
natureza.
2.  Período  socrático  ou  antropológico,  do  final  do  século  V  e  todo  o
século  IV  a.C.,  ­  a  ética,  a  política  e  as  técnicas  (em  grego,  ântropos  =
homem, período antropológico).
3. Período sistemático, do  final do século IV ao  final do século III a.C., ­
busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a
antropologia; busca mostrar o objeto do conhecimento  filosófico, desde que
as  leis  do  pensamento  e  de  suas  demonstrações  estejam  firmemente
estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da ciência.
4. Período helenístico ou greco­romano, do final do século III a.C. até o
século  VI  d.C.  Esse  período  alcança  Roma  e  o  pensamento  dos  primeiros
padres da Igreja. A Filosofia se ocupa, sobretudo, com as questões da ética,
do conhecimento humano e das relações entre o homem e a natureza e de
ambos com Deus.
 
12 ­ FILOSOFIA GREGA
Pode­se perceber que os dois primeiros períodos da Filosofia grega têm como
referência o filósofo Sócrates de Atenas, de onde vem a divisão em Filosofia
pré­socrática e socrática.
 
13. PERÍODO PRÉ­SOCRÁTICO OU COSMOLÓGICO
 
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13. 1. Principais filósofos pré­socráticos:
1. Escola Jônica:  Tales  de Mileto,  Anaxímenes  de Mileto,  Anaximandro  de
Mileto e Heráclito de Éfeso;
2.  Escola  Itálica:  Pitágoras  de  Samos,  Filolau  de  Crotona  e  Árquitas  de
Tarento;
3. Escola Eleata: Parmênides de Eleia e Zenão de Eleia;
4.  Escola  da  Pluralidade:  Empédocles  de  Agrigento,  Anaxágoras  de
Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
 
13.2. Características da cosmologia:
1.  Busca  explicação  racional  e  sistemática  sobre  a  origem,  a  ordem  e
a  transformação  da  natureza,  da  qual  os  seres  humanos  fazem  parte,  de
modo  que,  ao  explicar  a  natureza,  a  Filosofia  explique  a  origem  e  as
mudanças dos seres humanos.
2.  Nega  que  o  mundo  tenha  surgido  do  nada,  como  acredita  a  religião
judaico­cristã,  segundo  a  qual  Deus  cria  o  mundo  do  nada.  Por  isso  diz:
“Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isso significa:
a) que o mundo, ou a natureza, é eterno;
b) que no mundo, ou na natureza,  tudo se  transforma em outra coisa sem
jamais  desaparecer,  embora  a  forma  particular  que  uma  coisa  possua
desapareça com ela, mas não sua matéria.
3.  Afirma que  o  fundo  eterno,  perene,  imortal,  de  onde  tudo nasce  e  para
onde tudo volta é  invisível para os olhos do corpo e visível somente para o
olho do espírito, isto é, para o pensamento.
4. Entende que o  fundo eterno, perene,  imortal e  imperecível de onde tudo
brota  e  para  onde  tudo  retorna  é  o  elemento  primordial  da  natureza  e
chama­se physis (em grego, physis = fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer,
produzir). A physis é a natureza eterna e em perene transformação.
5.  Considera  que,  embora  a  physis  (o  elemento  primordial  eterno)  seja
imperecível,  ela  dá  origem  a  todos  os  seres  infinitamente  variados  e
diferentes  do  mundo,  seres  que,  ao  contrário  do  princípio  gerador,  são
perecíveis ou mortais.
6. Afirma que  todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais,
são seres em contínua transformação, mudando de qualidade (por exemplo,
o branco amarelece, acinzenta, enegrece; o novo envelhece, o quente esfria,
o dia se torna noite, a primavera cede lugar ao verão, o saudável adoece, a
criança  cresce  etc.)  e  mudando  de  quantidade  (o  pequeno  cresce  e  fica
grande, o longe fica perto, um rio aumenta de volume na cheia e diminui na
seca  etc.).  Portanto,  o  mundo  está  em  mudança  contínua,  sem  por  isso
perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
A mudança ­ nascer, morrer, mudar de qualidade ou de quantidade ­ chama­
se movimento e o mundo está em movimento permanente.
O movimento do mundo chama­se devir (vir a ser, transformar­se, tornar­se,
metamorfosear­se)  e  segue  leis  rigorosas  que  o  pensamento  conhece,  que
mostram que toda mudança é passagem de um estado ao seu contrário: dia­
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noite,  claro­escuro,  cheio­vazio,  um­muitos  etc.,  e  também  no  sentido
inverso, noite­dia. O devir é, portanto, a passagem contínua de uma coisa ao
seu  estado  contrário.  Uma  passagem  que  não  é  caótica.  Obedece  a  leis
determinadas pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo.
 
14. O princípio eterno e imutável da origem da natureza e de suas transformações:
Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido;
Anaximandro  considerava  que  era  o  ilimitado  sem  qualidades
definidas;
Anaxímenes, que era o ar ou o frio;
Heráclito afirmou que era o fogo;
Leucipo  e  Demócrito  disseram  que  eram  os  átomos.  E  assim  por
diante.
 
 
 
[1]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 1 Origem da Filosofia da autoria de
Marilena Chauí, Editora Ática, São Paulo, 2000.
[2]  Texto  adaptado  da  obra Curso  de  Filosofia  do Direito,  6ª  Ed.  da  autoria  de  Eduardo  C.B.  Bittar  & Guilherme
Assis de Almeida, Ed. Atlas, São Paulo, 2008.
[3]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 1
Origem da Filosofia da autoria de Marilena Chauí, Editora Ática, São Paulo, 2000.
[4]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 3
Campos de investigação da Filosofia da autoria de Marilena Chauí, Editora Ática, São Paulo, 2000.
Exercício 1:
Leia atentamente as questões abaixo:
1)  A  Filosofia  se  volta  para  as  questões  humanas  no  plano  da  ação,  dos  comportamentos,  das  ideias,  das  crenças,  dos
valores e, portanto, preocupa­se com as questões morais e políticas.
2) O ponto de partida é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer­se a si mesmo
e, portanto, capaz de reflexão. Reflexão é a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer­se; é a consciência
conhecendo­se a si mesma como capacidade para conhecer as coisas, alcançando o conceito ou a essência delas.
 
3)  A  preocupação  se  volta  para  estabelecer  procedimentos  capazes  de  permitir  ao  homem  encontrar  a  verdade.  O
pensamento  deve  oferecer  a  si  mesmo  caminhos  próprios,  critérios  próprios  e  meios  próprios  para  saber  o  que  é  o
verdadeiro e como alcançá­lo em tudo que é investigado.
 
4) A Filosofia está voltada para a definição das virtudes morais e das virtudes políticas, tendo como objeto central de suas
investigações  a moral  e  a  política;  isto  é,  as  ideias  e  as  práticas  que  norteiam  os  comportamentos  dos  seres  humanos
tanto como indivíduos quanto como cidadãos.
 
Assinale a alternativa correta:
A ­ Apenas as alternativas 2 e 4 estão corretas. 
B ­ Apenas as alternativas 1 e 3 estão corretas. 
C ­ Apenas as alternativas 1, 2 e 3 estão corretas. 
D ­ Apenas as alternativas 2 e 3 estão corretas. 
E ­ Todas estão corretas. 
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Exercício 2:
 “[...] se em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas ideias, gostos,
preferências e valores, preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O
que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Alguém
que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo [...]
Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que
cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e
nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude
filosófica. Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A
decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações,
os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá­los sem antes
havê­los investigado e compreendido” (CHAUÍ, M. Convite è Filosofia. Introdução).
 
De acordo com o texto, qual das seguintes atitudes seria uma atitude filosófica?
A ­ Fico sentado diante de uma flor para observar cada detalhe. 
B ­ Leio um livro para me distrair e não entendo o que o autor quer dizer com a palavra “altruísmo”. 
C ­ Espero o ônibus ouvindo música clássica no meu MP3. 
D ­ Olho­me no espelho de manhã e me pergunto “o que eu sou”. 
E ­ Saio de casa correndo logo cedo de manhã, para não me atrasar. 
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