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Resumo Matéria Microeconomia


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Introdução à Economia – EAE106
Prof. Carlos Eduardo Soares Gonçalves
Microeconomia
Economia foi definida por Lionel Robbins (1898-1984) como a ciência que estuda a maneira como os recursos escassos são alocados, tendo por base as decisões individuais da sociedade e das empresas.
Escolhas
	Os indivíduos de uma sociedade, no geral escolhem o que é melhor para si, o que lhes proporcionará maiores benefícios. Contudo, a economia considera que em alguns casos as pessoas não optam pelo que é melhor para si.
	As pessoas da sociedade fazem suas opções baseadas nas suas preferências individuais e a ciência econômica tenta entender como as escolhas variam com mudanças no ambiente (por exemplo, nos preços, nas leis, nos impostos, etc.).
	
	Restrições
	As escolhas que os indivíduos tomam em uma sociedade não são totalmente livres, são condicionadas por inúmeras restrições, como por exemplo, restrições financeiras, jurídicas e legais, morais e por falta de informação. Portanto, se as pessoas estão buscando fazer o melhor para si, o problema de fundo não se resolverá atacando as escolhas, e sim melhorando o leque de opções disponíveis para os mais desprovidos. 
	Incentivos
	Uma decorrência da hipótese de que as pessoas fazem o que é melhor para si é que elas reagem a incentivos: um indivíduo tende a fazer mais de uma coisa certa quando os benefícios a ela associados crescem. Pode-se tomar como exemplo o aumento no preço da entrada no teatro: diminui-se a demanda por teatro e aumenta-se a demanda por cinema.
Além de escolher o que compramos, escolhemos trabalhar ou não, como e onde, escolhas estas que variam com o ambiente.
Custos e Benefícios os custos e benefícios na ciência econômica não necessariamente estão associados a valores monetários, podem estar associados, por exemplo, a sentimentos como: o benefício de beber uma cerveja em um dia quente é maior do que o benefício em um dia frio. Portanto, as escolhas das pessoas reagem a mudanças no ambiente que alteram a relação entre seus custos e benefícios.
Custo de Oportunidade é o valor de melhor uso alternativo de algo. O conceito de custo de oportunidade é aquilo que se perde por se ter escolhido uma certa ação, não necessariamente monetário,mas podendo ser. A escolha de comprar algum bem ou serviço acarreta em abrir mão de outro bem ou serviço.
Externalidades
A análise econômica parte do princípio que os indivíduos escolhem o que é melhor para eles, mas não necessariamente o que é melhor para uma pessoa é o melhor para a sociedade como um todo.
As decisões são tomadas baseadas na relação custo x benefício individual. Entretanto, como interagimos com a sociedade, às vezes os custos e benefícios das nossas escolhas recaem sobre outros. A esses impactos da escolha individual, que transcendem os limites do indivíduo, os economistas dão o nome de “externalidades”.
Variação Marginal
Uma variação marginal é um acréscimo ou decréscimo de pequena magnitude. Por exemplo: após quatro horas de estudo, deve-se estudar mais vinte minutos?
A variação marginal pode ser dividida em duas, benefício e custo marginal.
O benefício marginal das coisas reduz-se à medida que as possuímos em maior abundância. Por exemplo, comer o primeiro pedaço de bolo gera enorme prazer, o segundo ainda é bom, mas já é menos, e assim sucessivamente até que o benefício seja desprezível.
O contrário ocorre com os custos marginais, que são crescentes. No exemplo do bolo, à medida que se come mais pedaços, engorda-se mais.
A melhor escolha pode ser representada graficamente por onde as curvas de benefício marginal e custo marginal se interceptam.
Demanda: a escolha do consumidor
Restrição Orçamentária
Dado que os recursos dos indivíduos são limitados, gastas dinheiro com algum bem significa ter menos para outros. A restrição orçamentária determina o que o consumidor pode comprar. Já as preferências do indivíduo determinam como a renda será utilizada entre as alternativas possíveis.
Quanto maior a renda de um consumidor, mais ele poderá comprar, e o contrário é válido. Nota-se que o poder de compra pode se alterar mesmo que a renda tenha se mantido fixa, pois os preços dos produtos podem alterar-se.
Preços Quando os preços de um bem ou serviço que compramos ficam mais caro, dois fatos são observados:
- Aquele bem fica relativamente mais caro que outros.
- A renda disponível para outros bens cai.
O efeito de mudança de preços é relevante apenas se o bem é significativo em relação à renda.
Mais precisamente, o impacto das mudanças de preços na demanda de um consumidor pode ser classificado em dois tipos:
- Efeito substituição, que resulta da mudança de preços relativos. Consome-se outro bem.
- Efeito renda, causado pela mudança de nosso poder aquisitivo advinda da alteração de preços. “Fico mais pobre, pois aquele bem está mais caro”.
Sendo x1 a quantidade do bem 1 e x2 a quantidade do bem 2, fazendo-se a escolha em A, gasta-se toda a renda no bem 1, e escolhendo-se em B, gasta-se toda a renda no bem 2. Ao fazer a escolha no ponto C, economiza-se parte da renda. Qualquer escolha na reta AB, não se economiza a renda.
Colocando-se as preferências de um indivíduo no gráfico acima, tem-se:
Escolhas
Os indivíduos fazem suas escolhas baseados nas suas preferências, na sua renda e nos preços dos bens. No gráfico, tem-se a curva de preferência tocando a curva da renda do indivíduo no ponto da escolha ótima.
Bens Complementares e Substitutos O impacto na mudança de preços afeta o consumo de outros bens de duas maneiras, dependendo da relação entre eles. Podem ser:
- Complementares: o estímulo de um bem aumenta o consumo do outro. Exemplo: carro e gasolina.
- Substitutos: o estímulo de um bem diminui o consumo do outro. Exemplo: Coca-cola e Fanta.
Curva de Demanda
A relação entre a demanda de um consumidor por um bem e o preço deste pode ser representada por uma curva de demanda individual. Dados os preços dos outros produtos, a renda do consumidor e suas preferências, a curva de demanda nos mostra a demanda daquele consumidor pelo bem em função de seu preço.
A curva de demanda de mercado por esse bem é obtida a partir da soma das demandas individuais para cada nível de preço (somando-se as quantidades).
Na curva de demanda é possível observar o efeito substituição: quanto mais caro fica o preço do bem, menor é a quantidade consumida dele. Caso o bem não tenha muita relevância na renda do consumidor, o efeito renda é menos importante.
Em geral, a demanda por um bem individual é negativamente associada ao seu preço. Isso se deve normalmente ao efeito substituição.
Aumentos nos preços de um bem reduzem a quantidade demandada por dois motivos: alguns indivíduos deixam de comprar aquele bem, e outros que continuam adquirindo-o, reduzem a quantidade consumida.
A curva de demanda é deslocada quando se modificam: a renda, o preço de outros bens e/ou as preferências do consumidor. A variação no preço do bem não altera a curva de demanda, mas sim a demanda em si.
Elasticidade da Curva de Demanda
Diz-se que a demanda por um bem é inelástica quando variações em seu preço levam a pequenas variações na quantidade demandada. Demandas inelásticas são representadas por curvas bastante inclinadas.
Por outro lado, diz-se que a demanda por um bem é elástica se os consumidores estão dispostos a comprar muito mais dele se o preço abaixa pouco.
A elasticidade é dada por: Ɛ=Δ% quantidade/ Δ% preço
Exemplo de produtos elásticos: laranjas: a concorrência é muito alta, portanto, se cobrar um pouco mais caro, não conseguirá vender muitas laranjas.
Exemplo de produtos inelásticos: sal de cozinha: poucos deixam de comprar sal pelo fato de ter aumentado o preço e poucos comprarão mais sal do que o normal pelo preço ter baixado.
Concorrência se a concorrência é acirrada, um pequeno aumento no preço do bem diminui muito a demanda. Se há pouca concorrência, fica mais difícil para o consumidor substituir o produto.
Escolha IntertemporalPoupar significa deixar de consumir parte da renda atual, guardando-a para consumir no futuro.
Endividar-se significa consumir hoje mais do que a renda presente, mas consumir no futuro menos do que a renda futura.
Modelo: Sendo C1 o consumo em t1 (período 1) e C2 o consumo em t2 (período 2), r a taxa de juros dos bancos, R1 a renda em t1 e R2 a renda em t2, tem-se:
Poupança: P=R1-C1 No futuro, C2=R2+P(1+r). O termo 1+r deve-se do fato de o dinheiro poupado render no banco. Substituindo a expressão da poupança na equação, temos: C2+C1(1+r)=R2+R1(1+r).
Dívida: D=C1-R1 No futuro, o consumidor utilizará sua renda R2 para consumir e também pagar sua dívida: R2=C2+D(1+r). Substituindo a expressão da dívida na equação, temos: C2+C1(1+r)=R2+R1(1+r), a mesma relação obtida em a).
Conclui-se, portanto, que o dinheiro no presente vale mais que o dinheiro no futuro. Isso ocorre porque o dinheiro no presente, se poupado, renderá juros e valerá mais no futuro. Analogamente, podemos utilizar o dinheiro que será recebido no futuro para pagar nossas dívidas associadas a maior consumo no presente.
Mudança na taxa de juros (r) Quando a taxa de juros aumenta, o máximo consumo presente possível se reduz, pois com taxa de juros maior, uma dada renda futura permite uma dívida presente e , portanto, um consumo hoje, menor.???
Oferta: a escolha das empresas
As empresas tomam suas decisões a fim de maximizar seus lucros ao longo do tempo (podem, por exemplo, vender a baixo preço tendo prejuízo para quebrar a concorrência e no futuro maximizar o lucro). Para isso, têm de optar a quantidade que irão produzir de determinado bem e o seu preço de venda. Além disso, as empresas podem ter também algumas preocupações dissociadas do seu objetivo principal, como por exemplo, preservar o meio ambiente.
A receita (R) de uma empresa é dada pela quantidade vendida de certo bem(q) pelo preço de venda(p), respeitando-se a curva de demanda. Sabe-se que o lucro de uma empresa é dado pela subtração entre a receita das vendas de seus produtos (R) pelo custo dela produzi-los (C).
L=R-C
Custo
Quanto mais se produz de um bem, maior é o custo de produção, pois é necessário utilizar mais energia, mais gente, mais máquinas, mais matéria-prima e etc.
Se a empresa está produzindo pouco, aumentar a produção é mais fácil, menos custoso, mas se a empresa já produz muito, aumentar a produção é mais custoso. Isso ocorre, pois com baixa produção existiriam terras inutilizadas, funcionários ociosos que poderiam trabalhar mais, enquanto que quando se está na máxima produção, seria necessária a compra de mais terras, contratação demais funcionários.
O custo de produção pode ser classificado em dois: um fixo, que independe da quantidade produzida, por exemplo, aluguel de um terreno, e outro variável, por exemplo, o número de funcionários. C(q)=CF + CVar (q).
Custos Marginais
Constante: produzir uma unidade a mais tem o mesmo custo de se produzir duas, por exemplo. O Custo marginal é dado pela derivada do gráfico de custo (C’(q)).
Receita
A receita é dada pela multiplicação da quantidade vendida q pelo seu preço unitário p, R(q)=p.q.
Quanto mais alto o preço de um bem é, maior a receita obtida por unidade vendida do mesmo. Entretanto, pela curva de demanda, menor será também o número de unidades vendidas.
A receita tende a crescer com a quantidade produzida, mas ao contrário da curva de custo, os aumentos na receita vão diminuindo à medida que q vai aumentando.
Receita Marginal
A receita marginal é a receita obtida quando se produz uma unidade a mais, dado que já se decidiu produzir q unidades. A receita marginal é definida de maneira similar ao custo marginal. 
RMg(q)=R(q+1)-R(q).
Isso, porque ao vender certa quantidade (q), a empresa fatura o equivalente ao preço do produto multiplicado por essa quantidade, R(q)=pxq. Entretanto, em geral, vender uma unidade a mais a partir daí não gera um aumento na receita igual ao preço p. Isso porque para vender mais uma unidade, a empresa precisa baixar o preço, afetando a receita proveniente de todas as unidades vendidas.
Ponto de Máximo Lucro
A empresa deve optar pela quantidade de produtos produzidos e pelo seu preço. Sabe-se que maior quantidade (q), maior receita e cada vez menos e o custo cada vez mais.
Quando a produção q é baixa, aumenta-la leva a maior lucro. Porém, a partir de certo ponto, o lucro passa a ser decrescente na quantidade q. O ponto que dá o lucro máximo ,q*, é justamente o ponto a partir do qual aumentos em q passam a reduzi o lucro L.
Por esses gráficos, deduz-se que LMg(q)=RMg(q)-CMg(q), logo LMg(q*)=0RMg(q*)=CMg(q*).
Escolha dos Preços
Os preços são escolhidos por:
- Custo de produzir o bem: quanto maior o custo, maior o preço.
- Da elasticidade da demanda: quanto mais a quantidade vendida reage a variação de preços, menor é o preço do produto. A elasticidade depende muito da concorrência do mercado: quanto maior é a concorrência, maior é a elasticidade. Se a demanda é inelástica, lucra-se mais lucra-se mais cobrando um preço superior e se ela é elástica, lucra-se mais cobrando um preço inferior.
Trade-off
Preço alto baixas vendas
Preço baixolucro por unidade é pequeno
O preço ideal buscas balancear esse dois fatores.
Produtividade
É o quanto a empresa produz por unidade de insumo empregada. Quanto mais produtiva, menores são os custos de produção e consequentemente maior é a receita.
Inclinação da Curva de Oferta
Exemplo de oferta inelástica: quadros de Van Gogh, uma vez que ele já está morto.
Exemplo de oferta elástica: oferta de caricaturas, pois é um mercado facilmente expansível. 
Oferta e Demanda
Existe um equilíbrio de mercado, entre a oferta e a demanda no mercado.
Sabe-se que o mercado reage a estímulos, por exemplo na primeira metade do século passado, o desenho animado do marinheiro Popeye popularizou o espinafre, estimulando o consumo de espinafre. Portanto, o desenho animado deslocou a curva de demanda para a direita:
A curva de demanda foi deslocada para a direita, levando a um aumento na quantidade vendida e no preço cobrado. Esse incentivo leva os produtores a aumentar a produção. A oferta alterou-se, mas a curva de oferta não. Já a curva de demanda alterou-se juntamente com a demanda.
Pode-se incluir nos deslocamentos das curvas de demanda ou de oferta a elasticidade. Caso a oferta fosse elástica, a quantidade de espinafre, por exemplo, aumentaria muito, mas o preço alteraria pouco, ao contrário de que se ela fosse inelástica. 
Um exemplo de deslocamento da curva de oferta é a oferta por celulares em 1995 e em 2005. Antes era caro produzir um celular, tornando seu preço alto, ao contrário de 2005, quando os preços de produção já eram baixos.
Mercado de Trabalho
A contratação de um funcionário para uma empresa está baseada na relação custo/benefício na contratação, ou seja, do efeito líquido que a contratação exerce sobre o lucro da empresa. O custo de um trabalhador resulta de seu salário acrescido de todos os impostos atrelados ao pagamento do funcionário e demais custos indiretos.
Em geral, o benefício de se contratar um trabalhador adicional é tanto menor quanto maior for o número de trabalhadores já empregados. Por exemplo, uma escola: sem professores não funciona, mas dado que já possui um professor, o benefício de se contratar o segundo é menor do que contratar o primeiro.
Curva de Demanda por Trabalho
É a relação entre o custo de se ter um trabalhador e o número de trabalhadores demandados pela empresa. Ela é negativamente inclinada: maior salário (w) corresponde a menor demanda por trabalhadores (n), isso se deve ao fato do benefício marginal da empresa ser decrescente e o custo marginal crescente.
Deslocamento: - aumento na produtividade – a receita por cada funcionário aumenta. Por conta disso, a empresa é incentivada a demandar mais mão de obra.
- Aumento no valor do bem ou serviço produzido: a empresa tem incentivos a produzir mais, por isso contrata mais.Receita Marginal do Trabalho
A receita extra obtida com a contratação de um funcionário se a empresa já tem n funcionários é a receita marginal do trabalho. É dada por: RMg(n)=R(n+1)-R(n). A receita é crescente em n, mas a receita marginal é decrescente em n.
Receita Marginal, Custo Marginal e Lucro Marginal
Se o custo para cada funcionário totaliza w, o custo C(n) de se ter n funcionários empregados é de: C(n)=n.w
Já o custo marginal é dado por: CMg(n)=C(n+1)-C(n)
				 CMg(n)=(n+1)w-n.w
				 CMg(n)=w
Lucro Marginal: lucro obtido com a contratação de um funcionário a mais.
LMg(n)=L(n+1)-L(n)
LMg(n)=RMg(n)-CMg(n)
Obs.: Se a empresa contrata muitas pessoas, deixa o mercado escasso, logo o custo marginal fica crescente para se contratar mais. Se a empresa não interfere na oferta de mão de obra, os custos marginais são constantes.
Escolha dos Trabalhadores
O trabalhador tem basicamente duas escolhas: trabalhar ou não trabalhar, e o quanto trabalhar.
Trabalhar tem um custo, que é o tempo gasto que poderia ser utilizado em outras atividades de lazer, estudo e etc. Essas atividades compõem o “custo de oportunidade” do emprego. Assim, as pessoas escolhem ofertar sua mão de obra caso os benefícios de se trabalhar superem os custos de oportunidade.
Elasticidade da Oferta de Trabalho
Em alguns casos, o salário oferecido tem pouca relevância na decisão de se trabalhar ou não, porque não trabalhar não é uma opção viável. Assim, a oferta de trabalho de país não depende muito do nível dos salários. Logo, a oferta de trabalho é inelástica: qualquer que seja o nível de salário w, a oferta de trabalho é sempre a mesma.
Em outros casos, a oferta de trabalho se mostra elástica. É o caso de um professor particular, por exemplo, que pode escolher quantas horas trabalhar, ou de um vendedor ambulantes.
A oferta de trabalho de pessoas casadas também se mostra elástica, pois caso um dos cônjuges receba um salário bom, o outro tem a opção de não querer trabalhar caso o benefício de trabalhar não ultrapasse o custo de oportunidade.
Equilíbrio do Mercado de Trabalho
Os salários dependem primordialmente da oferta e da demanda por trabalho. O salário e a quantidade em equilíbrio são determinadas pelo ponto de interseção entre as curvas de demanda e oferta de trabalho.
Salários Mínimos: Caso o salário mínimo estabelecido for inferior ao salário de equilíbrio do mercado w*, nada muda. Isso porque no próprio ponto de equilíbrio de mercado, essa restrição já está sendo naturalmente obedecida.
Porém, se o salário mínimo estabelecido for maior que o salário de equilíbrio, ocorrerá o desemprego, pois algumas empresas não poderão pagar mais do que alguns funcionários deveriam receber, dessa forma deixam de contratá-los. Assim, a lei que visava auxiliar os mais pobres acaba por deixa-los desempregados.
Portanto, leis que estabelecem salários mínimos têm dois efeitos: aumentam os salários das pessoas que continuam nos empregos, mas tendem a gerar desemprego.
Equilíbrio Geral
Trocas: As trocas e o comércio estão na raiz da teoria econômica moderna. Adam Smith defendeu que a prosperidade de um país não era função da quantidade de ouro que ele possuía, mas sim de sua produtividade, que depende da especialização do trabalhador em um número pequeno de tarefas. É a possibilidade de troca que permite a especialização dos indivíduos.
Num mundo sem trocas seria mais fácil definir o quanto produzir, pois se produziria apenas para si mesmo. Com as trocas, a quantidade a ser produzida é definida pelos preços, oferta e demanda.
O sistema de Preços: O peço de equilíbrio de um bem carrega consigo as curvas de benefício marginal da demanda e de custo marginal da oferta. Os preços refletem a realidade e indicam o quanto produzir e quanto consumir. Por exemplo: ao ocorrer uma geada que atrapalha a produção de laranjas, os produtores cobram mais caro para suprir a menor quantidade de laranjas que será ofertada (trade-off) e manter o lucro. Com o preço mais alto, menos pessoas comprarão laranjas. Portanto, a geada fez com que o consumo de laranja diminuísse sem nem ao menos os consumidores tomarem consciência do ocorrido.
Portanto, os preços sinalizam duas coisas:
- o valor atribuído pelo conjunto da sociedade a um determinado bem
- o custo que essa mesma sociedade incorre ao produzi-lo
A eficiência do equilíbrio de mercado
Diz-se que uma dada alocação de recursos é eficiente quando não é possível melhorar a situação de alguém sem piorar a de outra pessoa. Se uma alocação não é eficiente, é possível realocar os recursos na economia de maneira que ninguém saia prejudicado e alguns saiam ganhando.
Uma alocação eficiente pode ser injusta, como é o caso de desigualdades sociais. Para distribuir a renda, os ricos sairão perdendo.
Mão Invisível: O mercado leva a um equilíbrio eficiente quando:
- Os mercados são de competição perfeita
- Todos têm perfeita informação sobre os produtos à venda no mercado
- As escolhas de produção e consumo de uns não afetam o bem-estar dos outros (não há externalidade).
	Os produtores estão preocupados com os custos, já os consumidores, nas suas preferências e nos preços praticados. 
O preço pago pelo consumidor equivale ao custo do bem (pois: 1) na concorrência perfeita, o preço do bem equivale ao seu custo marginal de produção. 2) Como todos têm perfeita informação sobre os bens, o consumidor sabe comparar o preço do bem com o valor que ele lhe atribui).
As curvas de oferta e de demanda equivalem às escolhas de produtores e consumidores. Ao preço de equilíbrio, compradores e vendedores extraem algum benefício de transacionar. No equilíbrio, a demanda é igual à oferta (preço p* e quantidade q*).
Esse mecanismo é chamado de mão invisível, pois mesmo não havendo ninguém para decidir o que a economia deve produzir ou consumir, o sistema de preços e a busca pelo lucro geram um resultado eficiente.
Fixação de um preço máximo:
Se uma lei estabelece um preço máximo para um dado bem, que seja mais baixo que o preço que equilibra a demanda e a oferta nesse mercado, os produtores escolherão reduzir a produção desse bem de q* para q1, passando a priorizar outros bens com preços livres, diminuindo a produção do bem e desestimulando seu consumo. Há excesso da demanda, o equilíbrio é ineficiente, pois tanto consumidores quanto produtores ficariam satisfeitos em produzir mais e consumir mais.
Falhas de Mercado
Externalidade
Negativas: Ao considerar os custos de algo, normalmente se desconsidera as externalidades negativas. Logo, o governo interfere para que os indivíduos incorporem os custos sociais. Por exemplo: Rodízio além dos custos de se utilizar o carro, o motorista terá de considerar o coletivo: não usar o carro e diminuir a poluição e o transito.
No gráfico (8.2) q* é a quantidade ideal de horas que um indivíduo utiliza o carro, por exemplo. qs é a quantidade com a imposição do governo, incorporando os custos sociais.
“Em um caso como esse, em que se caracteriza uma externalidade negativa da ação privada, a interferência do governo é crucial para que o sistema de preços envie o sinal correto para as pessoas. Se as leis conseguem fazer com que incorporemos os custos sociais das nossas decisões sobre a sociedade, nossa escolha final levará em consideração o impacto das nossas ações sobre os outros e o equilíbrio, com a intervenção do governo, será eficiente.”
Positiva: Algumas opções individuais geram externalidades positivas, como por exemplo ter educação: o individuo cria melhores oportunidade para si e além disso desempenha um papel positivo para a sociedade ao ser um profissional bem capacitado.
No gráfico (8.3) estudar tem um benefício e um custo que geram q* horas de estudo ideal individual. Com incentivos do governo, o benefício aumenta, uma vez que leva em consideração o benefício da sociedade.
Recursos sem Dono:
Quando alguns recursos da sociedade são públicos, surgem algumas externalidades negativas. Uma vez que os benssão públicos, os seus custos são divididos por todos da sociedade.
Exemplo: extinção de animais: os animais que têm dono não são extintos, pois possuem valor monetário (bois). Já os tigres, por exemplo, podem ser extintos, pois não são protegidos por proprietários e são predados sem estratégias de poupamento da espécie.
Modelo: Num lago, onde o benefício de se pescar os peixes filhotes é b e o benefício de pescá-los quando adultos é maior B.
Caso seja um lago privado, o dono do lago esperará os peixes crescerem, pois o benefício é maior.
Em um lago público, não é vantajoso pescar no futuro, pois a concorrência será maior, tendo uma menor quantidade de peixes pescados n. Caso o indivíduo pescar os filhotes pescará mais devido a menor concorrência, tendo um benefício nb e se pescasse no futuro seria apenas 1B.
Mensagem do Modelo: Se os recursos não têm dono, cuidar deles gera um benefício para todos. Mas como quem cuida colhe apenas uma pequena parte desses benefícios, os incentivos para cuidar dos recursos sem dono é menor do que seria desejável para a sociedade como um todo.
Assimetria de Informação: Quando a assimetria é relevante no período que precede a transação, ela é chamada de seleção adversa. Já quando a assimetria informacional se faz sentir depois de concretizada a transação, ou assinado o contrato, o problema recebe o nome de perigo moral.
Seleção Adversa: No mercado de carros, há dúvidas sobre quanto um carro durará, se terá muita manutenção, mas não interfere significantemente sobre o mercado de venda de carros novos, vendedores e compradores têm uma idéia similar sobre o a durabilidade do carro novo. Problemas ocorrem quando uma parte envolvida no negócio sabe mais do que a outra. Nesse caso, transações eficientes deixam de acontecer.
Por exemplo: uma pessoa vai ao banco pedir empréstimo, o banco não sabe se a pessoa pagará o dinheiro ou não, pois tanto o bom devedor quanto o mau devedor dirão que devolverão o dinheiro. A base desse problema está em o devedor conhecer mais a si mesmo do que o banco o conhecer. Para proteger os bancos, são criados os juros altos para empréstimo, que no final das contas faz com que apenas os maus devedores tomem os empréstimos, pois como não pagarão mesmo, não importa a taxa. Essa assimetria de informação pode ser resolvida com cadastros positivos, identificando maus devedores.
Perigo Moral: Esse problema ocorre quando o fechamento de um contrato modifica os incentivos dos indivíduos, que passam a agir de modo diferente e prejudicial para a outra parte. Por conta do risco moral, alguns mercados que seriam desejáveis podem nem mesmo vir a existir.
Um exemplo é o de seguros de carros. Após contratar um seguro, o dono do automóvel não tem incentivo a proteger o carro, pois está segurado. Para solucionar esse perigo moral, as segurados encontraram uma solução: uma carência para toda a vez que o seguro for contatado. Alguns mercados até deixam de existir por conta do perigo moral, como o de seguro desemprego. Se um indivíduo estivesse assegurado, não trabalharia duro e não temeria ser demitido.
Monopólios Naturais
Existem mercados que é mais vantajoso para a sociedade ocorrer um monopólio. Isso nos casos em que o custo fixo de produção é alto, não sendo vantajoso ter uma produção baixa. Conseqüentemente não é vantajoso ter concorrência, dividindo a produção. Entretanto, há custos para a sociedade.
Como a empresa tem o monopólio do mercado, escolherá preços altos, acima do seu custo marginal, tornando o consumo pela sociedade baixo. Isso ocorre com energia elétrica, por exemplo. Assim, o resultado de mercado não é eficiente.
Por conta dessa ineficiência do monopólio, cabe ao governo regular as companhias que agem em mercados com monopólios naturais, não necessariamente como dono delas, mas através de regulamentações.
A área em cinza na figura 8.4 mostra a perda de peso morto decorrente do monopólio. Para cada ponto entre q* e qs, os consumidores estariam dispostos a pagar o preço dado pela curva de demanda, superior custo de produção c.
Discriminação de Preços: Em muitos casos, o monopolista não é capaz de cobrar preços diferentes de clientes que atribuem maior valor a um bem ou de clientes que consomem quantidades maiores de seu produto.
Se o monopolista soubesse quanto cada pessoa está disposta a pagar por determinado bem, cobraria diferentes preços, pois caso um consumidor estivesse disposto a pagar mais, aumentaria sua receita. Mas se o consumidor está disposto a pagar apenas pouco mais que c, o monopolista cobraria isso, pois não perderia o negócio e qualquer preço acima de c já lhe gera algum lucro.
Caso fosse possível discriminar perfeitamente o preço, a ineficiência do monopólio seria anulada.
Falhas de Governo
As falhas do governo ao tentar corrigir as falhas do mercado podem ter custos de dois tipos:
Os recursos retirados da sociedade para que o governo implemente a intervenção.
As possíveis mudanças (ou distorções) nas escolhas das pessoas que a intervenção do governo gera.
Portanto, para que haja intervenção do governo não basta apenas que haja falhas de mercado, mas também que o benefício da intervenção seja superior ao custo.
Custo Direto: Quando o governo formula alguma lei para intervir em uma falha de mercado, tempo e dinheiro são gastos quando poderiam ser aplicados em outra atividade. Na fiscalização, por exemplo, ao invés de receber um fiscal do governo o indivíduo poderia realizar outra atividade, produtiva ou de lazer. Esses custos devem ser considerados.
Mudanças nos Incentivos: