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CBC PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

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PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
CURRÍCULO BÁSICO COMUM
Apresentação
Condição para o sucesso de todo sistema escolar que pretende oferecer serviços de qualidade estabelecer os conhecimentos, as habilidades e competências a serem adquiridos pelos alunos na Educação Básica.
O que o CBC expressa? Apesar de não esgotar os conteúdos a serem abordados, expressam aspectos fundamentais de cada disciplina, que não podem deixar de ser ensinados e que o aluno não pode deixar de aprender.
Importância do CBC: Tomá-los como base para a elaboração das avaliações anuais (PROEB, PAAE) e para o estabelecimento de um plano de metas para as escolas, cujos progressos dos alunos são referências para sistema de responsabilização e premiação das escolas.
Para assegurar a implantação bem sucedida do CBC, foi desenvolvido um sistema de apoio ao professor, acessado por um site (SEE), constituindo o Centro de Referência Virtual do Professor.
Introdução
O que esta revisão do CBC levou em consideração?
Avaliações das Escolas-Referências (2005);
Ponderações de professores nos encontros de representantes da área;
Análises de consultoras durante a elaboração de Orientações Pedagógicas;
Viabilidade da proposta tendo em vista as condições das escolas.
Quais foram as principais alterações do CBC?
A capoeira como conhecimento do CBC (não mais conteúdo complementar);
O lazer passa a ser considerado em todos os eixos temáticos, perpassando todos os conhecimentos da Educação Física.
Ao contemplar os conhecimentos mínimos necessários, o CBC pretende que adolescentes e jovens possam viver/vivenciar a sua corporeidade com autonomia e responsabilidade para intervirem na sociedade do nosso tempo, com ludicidade e qualidade de vida.
Educação Física: uma construção histórica
Século XVIII e XIX:
Denominação: “Gymnastica”;
Fatores para inserção na escola: emergência de uma nova ordem social na Europa (conhecimentos de Medicina e constituição do Estado Nacional); ideário de civilidade pautada na conquista individual do organismo sadio e da vontade disciplinada.
Corpo: estrutura mecânica conhecido no seu funcionamento, controlado e aperfeiçoado.
No Brasil: Ensino Secundário Brasileiro = Educação física com exercícios ginásticos, esgrima e evoluções militares.
Na escola pública mineira = Educação física seria capaz de higienizar, disciplinas e corrigir os corpos das crianças; prática ortopédica: endireitar o toro, empenado, tosco preparo para a vida urbana e do trabalho.
Século XIX e XX
Educação Física vinculada a teorias raciais: eugenização e aperfeiçoamento da raça brasileira = era fraca, doente e inapta ao trabalho = ser fortalecido, disciplinado e robustecido com a prática de exercícios físicos na escola.
Educação Física = promover saúde (ausência de doença) = dimensão biológica.
No Brasil: expansão da industrialização = homens produtivos e aptos para mercado de trabalho (máquina e técnica).
EF: além de corrigir e endireitar, tornar eficiente, eficaz, produtivo, demandas do mundo do trabalho.
Ginástica substituída pelo Esporte: organização em torno da competição, rendimento, resultado, eficiência = esportivização da EF.
Década de 1960/1970
Educação Física Escolar = base da pirâmide esportiva universal.
Dificuldades de implementar o projeto = falta de condições físicas e materiais. Porém, práticas orientadas pelos valores esportivos: resultado, vitória, referência às regras, competição exacerbada.
Decreto 69450/71 = Educação Física como ATIVIDADE para despertar, desenvolver e aprimorar forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais.
Educação física = apenas para corpos jovens e saudáveis.
Década 1980/1990
Ampliação de discussões sobre o lugar ocupado pela Educação Física.
LDB 9394/96: Educação Física como COMPONENTE CURRICULAR.
Duas alterações: 1) inclusão do termo “obrigatório” (Dec. 10.328/01)
 2) prática facultativa a alguns grupos (Dec. 10.793/03)
LDB + DCN = atribuem à Educação Física valor igual ao dos demais componentes; Educação física considerada área de conhecimento.
Razões que justificam a Educação Física na escola
Educação Física contribui para domínio de conhecimentos, competências e habilidades, formação estética, política e ética = processo integral.
Escola = âmbito intelectual + corporeidade como elemento da formação humana; garantir acesso aos bens culturais, autonomia e exercício da cidadania.
Educação Física trata práticas corporais construídas ao longo do tempo = esporte, ginástica, jogos, brincadeiras, danças, movimentos expressivos.
Finalidades da Educação Física:
À luz da proposta da Unesco: aprender a conhecer e perceber, aprender a conviver, aprender a viver, aprender a ser.
Educação Física propicia oportunidades de vivências corporais e interações sociais.
Diretrizes para o ensino da Educação Física Escolar
Orientar as ações educativas e tomada de decisão dos educadores.
O corpo concebido na sua totalidade
Sujeito a partir da indissociabilidade das dimensões biológica, afetiva, cognitiva, histórica etc. ser humano é indivisível, pensa e age simultaneamente.
Qualidade de vida como requisito para vivência corporal plena
Qualidade de vida = estado de bem-estar geral dos sujeitos, em todas as dimensões (física, psicológica, sócio-econômica, cultural etc).
Superar limites, desenvolver potencialidades, vivência plena da corporeidade, exercício da cidadania.
Práticas corporais como linguagem
O conhecimento sobre o corpo e vivido no corpo nos possibilita compreender nossa existência no mundo; corpo = construímos significados, ocupamos espaços, comunicamos, constituímos identidades individuais e coletivas.
Produção de diversos textos com o corpo: jogando, caminhando, brincando.
Ludicidade como essência da vivência corporal
Características básicas de ludicidade: prazer e exercício da liberdade; realizar algo que promova o bem estar e alegria.
Nas práticas corporais: instigar a desenvolver a criatividade, criticidade e autonomia, solução de conflitos individuais/coletivos.
A escolarização como tempo de vivência de direitos
Educação básica deve assegurar a vivência de todas as dimensões de sua vida no presente; garantir condições pedagógicas, culturais e materiais para o aluno se perceber sujeito de direito e deveres.
Democracia como fundamento do exercício da cidadania
Garantir a igualdade de oportunidades e de diversidade de tratamento dos alunos no contexto do processo ensino-aprendizagem.
A ética e a estética como princípios norteadores da formação humana
Fundamento ético da humanidade: permanente reconhecimento da identidade própria e de outro, pela autonomia e reconhecimento da liberdade com responsabilidade.
Alunos: compreender o significado e a importância de outros valores como justiça, cooperação, solidariedade, humildade, respeito etc.
Fundamento estético: auxilia a reconhecer e valorizar a diversidade cultural.
Orientações metodológicas
Romper com a prática enraizada no cotidiano escolar.
Ensino = processo de construção coletiva mediado pela relação professor/aluno/conhecimento.
Princípios metodológicos
Reconhecimento e valorização das experiências e conhecimento prévio dos alunos: aluno traz bagagem cultural; valorização do conhecimento popular.
Consideração da diversidade cultural como ponto de partida d educação inclusiva: pluralidade de concepções de mundo; compreender na sua totalidade as culturas em desvantagem social.
Integração teoria-prática: a pertinência dos conhecimentos e sua relevância na aplicação na sua vida pessoal e social e necessários à formação humana dos educandos.
Interdisciplinaridade: superar a desarticulação entre as diferentes disciplinas curriculares; EF lida com diferentes campos do saber; “enfoque globalizador”: só é possível encontrar respostas aos problemas complexos com um pensamento global. Trabalho por projetos: conhecimento de forma contextualizada e integrada à realidade dos alunos.
Articulação corrente entre conteúdos e métodose recursos didáticos: utilizar recursos e estratégias de ensino. Exige do professor uma postura de pesquisador.
Re-significação da concepção dos espaços e tempos: reconhecer os diversos espaços escolares para produção de saber.
Avaliação processual e permanente: auxilia a aprimorar o ensino, tornando-o mais significativo ao longo do processo educativo.
Aprendizagem continuada: conhecimentos em constante processo de construção: atualização permanente dos conhecimentos; aperfeiçoamento pessoal e profissional.
Avaliação do processo ensino-aprendizagem
Avaliação é o meio pelo qual alguma ou várias características do aluno são analisadas, por alguém, na perspectiva de conhecer suas condições, limites e possibilidades em razão de alguns critérios de pontos de referência, para emitir julgamento que seja relevante em termos educacionais.
Avaliar: possibilita uma cultura de responsabilidades, realimentação e ressignificação das práticas educativas escolares.
O que avaliar?
A proposta de ensino médio da EF; o desempenho do professor; o nível de aprendizagem/desenvolvimento do aluno; a infraestrutura física e material da escola.
Para que avaliar?
Conhecer os alunos (necessidades/interesses), diagnosticar se o aluno está aprendendo e o professor ensinando, planejar o ensino, detectar avanços conquistados, dificuldades a serem superadas pelos envolvidos; para verificar em que nível os alunos desenvolveram competências e habilidades; servindo para classificar/selecionar também.
Quem avalia?
Todos os que estão envolvidos devem participar de forma crítica e dialogadas, como em conselhos de classe, colegiado etc. no cotidiano, a avaliação deve ser constante.
Quando se deve avaliar?
Ao longo de todo processo educativo. Inicialmente, o professor faz um diagnóstico (o que os alunos já sabem, o que precisam aprender e as suas necessidades); ter em vista a intencionalidade pedagógica estabelecida em curto, médio e longo prazo.
Como avaliar?
Coletando dados/informações sobre o processo ensino-aprendizagem, utilizando diversos instrumentos, precisam ser organizados, categorizados e analisados de forma que os envolvidos possam fazer uma leitura crítica de seus resultados.
O que fazer com os resultados?
Compartilhar com todos os envolvidos, para identificar avanços no processo educativo e melhoria de sua qualidade.
Conteúdo curricular
LDB + proposta CBC = currículo é conjunto de experiências organizadas sistematicamente em dada realidade, historicamente situada, destinada à formação de sujeitos autônomos, capazes de intervir na realidade e transformá-la segundo a ética democrática. Superação da tradicional compreensão do currículo.
Definição de conteúdos necessários e relevantes ao desenvolvimento de competências e habilidades imprescindíveis em cada nível de ensino, e que devem obrigatoriamente ser ensinados.
Competência: capacidade de mobilizar saberes/conhecimentos/habilidades para resolver problemas adequadamente.
Habilidade: saber fazer.
As três naturezas dos conteúdos (Zaballa, 1998)
Procedimental: fazeres/vivências das diferentes práticas educativas. Consciência da atuação e utilização deles em contextos diferenciados.
Atitudinal: conteúdos relacionados à aprendizagem de valores, atitudes e normas; componentes cognitivos, afetivos e de conduta.
Conceitual: conceitos ou ideias-chave presentes na base da construção da identidade; a aprendizagem se mostra tanto quanto se repete a definição de conceito quanto se é capaz de utilizá-lo para interpretação, compreensão, exposição, análise ou avaliação de uma situação.
Conteúdos de ensino eixos temáticos temas tópicos.
Lazer: autores consideram-no um fenômeno, fruto da modernidade e das relações que se estabeleceu sobre o tempo de trabalho e tempo de não-trabalho; pós Revolução Industrial.
O conceito de lazer é bastante complexo.
Autores não discordam que as práticas corporais ganham destaque.
A educação para a vivência do lazer é fundamental.
Na escola, é responsabilidade da EF ampliar o entendimento dos alunos sobre este fenômeno, ir além de “atividades para relaxar”, “divertir”, distrair.
É preciso assumir o lazer como cultura, direito de todos, possibilidade de desenvolver a saúde e qualidade de vida, a formação do individual e do coletivo.
Eixo temático I – Esporte
Manifestação específica da cultura de movimento.
Prática educativa escolar = esporte situado histórica e socialmente; vivenciado criticamente, re-significação; conhecer benefícios e riscos.
Lei 9615/98 – Lei Pelé:
Esporte educação: sistemas de ensino, evita seletividade e hipercompetitividade; finalidade: alcançar desenvolvimento integral.
Esporte de participação: modo voluntário; finalidade: contribuir na plenitude da vida social; promoção da saúde e preservação do meio ambiente.
Esporte de rendimento: segue as regras desportivas; finalidade: obter resultados e integrar pessoas do país e outras nações.
Ações metodológicas nas aulas de EF: exemplos: processo de escola do times; participação dos jogos; exclusão do esporte etc.
Eixo temático II – Jogos e brincadeiras
Jogos e brincadeiras são ações culturais, cumprem funções sociais, são ações voluntários, evasão da vida real, orientação e espaços próprios. 
Callois: jogos de aventura, jogos de competição, jogos de vertigem; jogos de fantasia.
Capoeira: manifestação da cultura popular ligada à luta pela emancipação do negro no país. 
Reconhecimento da capoeira (anos 60): capoeira-luta; capoeira-dança e arte; capoeira-esporte, capoeira-educação.
EF: compreender a riqueza de movimentos e ritmos que sustentam a capoeira e seu caráter enquanto manifestação cultural.
Eixo temático III – ginástica
Termo amplo; infinidade de práticas corporais.
Conhecimento sobre diversas formas de exercitar e conhecer o corpo.
Ensino de ginástica liverdade de agir e descobrir formas de movimento; conhecer e interpretar o contexto objetivo em que se realiza as atividades; participação em decisões e soluções (Kunz). Estímulo ao auto conhecimento corporal; promover superação; atividades com elementos da natureza; destacar o efeito emocional > destreza técnica. 
Eixo temático IV – Danças e Expressões rítmicos
EF: reconhecer possibilidades encontradas na dança e suas diversas manifestações culturais; legitimar cultura dos alunos.
Dança é possibilidade de trabalhar movimentos expressivos, mas não é a única.

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