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Apostila Introdução à anatomia

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ANATOMIA HUMANA 
 
 
 
 
 
TERMOS DE POSIÇÃO, DIREÇÃO E SITUAÇÃO 
 PLANOS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO HUMANO: 
ESTRATIGRAFIA, METAMERIA, PAQUIMERIA, ANTIMERIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profa.Dra. Aline dos Santos de Maman 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 
 
 2 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 3 
 
TERMOS DE POSIÇÃO, DIREÇÃO E SITUAÇÃO....................................... 7 
TERMOS DE POSIÇÃO........................................................................................ 7 
TERMOS DE DIREÇÃO....................................................................................... 8 
TERMOS DE SITUAÇÃO..................................................................................... 9 
OUTROS TERMOS DE DESCRIÇÃO ANATÔMICA........................................ 9 
 
PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO DO CORPO HUMANO.......................... 14 
ESTRATIGRAFIA................................................................................................. 14 
METAMERIA........................................................................................................ 15 
PAQUIMERIA....................................................................................................... 16 
ANTIMERIA.......................................................................................................... 16 
 
OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS.............................................................. 17 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 
 
 3 
INTRODUÇÃO 
 
A anatomia é a ciência que estuda a estrutura do corpo e a inter-relação de suas 
partes constituintes (SNELL, 1984). A anatomia, histologia, citologia e embriologia, juntos 
constituem um ramo científico comum que estuda a forma, estrutura e desenvolvimento do 
organismo, e se denomina morfologia (PRIVES e cols, 1971). 
Como toda ciência, a anatomia tem sua linguagem própria. A fim de facilitar a 
comunicação entre todos anatomistas e profissionais da área de saúde foi necessária a 
determinação de uma nomenclatura anatômica internacional e uma posição anatômica. 
Foi estimado que, em fins do século XIX, aproximadamente 50.000 nomes 
anatômicos estavam em uso para cerca de 5.000 formações do corpo humano. As mesmas 
estruturas do corpo humano recebiam denominações diferentes em centros de estudo e 
pesquisa de diferentes países (DANGELO e FATTINI, 2002). Em 1895, contudo, uma lista 
de cerca de 4.500 termos foi preparada e aceita em Basiléia. Este sistema de nomenclatura é 
conhecido como BASLE NOMINA ANATÔMICA e é em latim, por ser uma língua morta 
(GARDNER, GRAY, O´RAHILLY, 1971). 
Revisões desta nomenclatura internacional foram realizadas em 1933, 1936 e 1950, 
durante sucessivos congressos de anatomia. Mas em Paris, em 1955, é que a nomenclatura 
anatômica internacional foi oficialmente aprovada, e cada país pode traduzi-la do latim para 
o seu próprio vernáculo (GARDNER, GRAY, O’RAHILLY, 1971; PRIVES e cols, 1971). 
A nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser criticada e 
modificada, desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam 
aprovadas em congressos internacionais de anatomia, realizados de cinco em cinco anos. 
Novas revisões foram feitas também em 1960, 1965 e 1970. A nomenclatura procura adotar 
termos que tenham algum valor informativo ou descritivo sobre cada estrutura, abolindo os 
epônimos e facilitando a memorização (GRAY, GARDNER, O’RAHILLY, 1971; 
DANGELO e FATTINI, 2002). 
A posição anatômica é uma convenção pela qual o corpo está ereto, membros 
inferiores unidos e dedos dos pés dirigidos para a frente, face voltada para a frente e olhar 
horizontal, membros superiores pendentes ao lado do corpo e palmas das mãos voltadas 
para a frente (SNELL, 1984; SILVA, 1973; DANGELO e FATTINI, 2002). Esta posição 
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estática padrão é a base de toda descrição em anatomia, independente da posição em que se 
encontre o indivíduo ou o cadáver (GARDNER e OSBURN, 1980) (fig. 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1- Fonte: Disponível em: <www. images. google.com> Acesso: 28/07/2004 
 
Uma vez definida a posição anatômica, foi necessário estabelecer limites ao corpo. 
Esses limites foram impostos através de planos imaginários tangentes à cabeça (plano 
cranial ou superior), aos pés (plano podal ou inferior), ao ventre (plano ventral ou 
anterior), ao dorso (plano dorsal ou posterior), e tangentes a cada face lateral do corpo 
(planos lateral direito e lateral esquerdo). Estes planos tangentes podem ser vistos na 
figura 1 e são, também, chamados de planos de delimitação ou planos de inscrição do 
corpo, e suas intersecções formam a figura geométrica de um paralelepípedo no qual o 
corpo está inscrito ou contido (LACHAT e cols; DANGELO e FATTINI, 2002). 
Plano 
Lateral E 
Plano Ventral 
Plano Cranial 
Plano 
Dorsal 
Plano 
Lateral D 
Plano Podal 
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 A partir destes planos de delimitação ou inscrição é que se formam três eixos 
imaginários do corpo, estes eixos são obtidos traçando-se uma reta do ponto central de cada 
plano de delimitação ao seu plano de delimitação oposto. São eles: eixo longitudinal ou 
crâniocaudal, eixo ânteroposterior ou dorsoventral e eixo látero-lateral (fig. 2). 
 
 
Figura 2- Fonte: Disponível em: <www. images. google.com> Acesso: 28/07/2004 
 
Finalmente, a partir do deslocamento de cada eixo imaginário surgem os planos de 
secção do corpo. São planos imaginários que cortam o corpo em duas partes do mesmo 
tamanho e servem como pontos de referência importantes para o estudo da anatomia, 
vocábulo derivado do grego anatomé, termo formado de aná, significando “em partes”, e 
tomé, significando “corte” (LACHAT e cols; GARDNER, GRAY, O´RAHILLY, 1971). 
São eles: plano de secção sagital ou mediano, plano de secção frontal ou coronal e 
plano de secção transversal ou horizontal (fig. 3 ). 
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O plano sagital ou mediano é um plano imaginário vertical de secção que passa 
longitudinalmente através do corpo e o secciona em duas partes, antímeros esquerdo e 
direito. Todo plano vertical através do corpo, paralelo ao plano de secção mediano, é 
também chamado de plano de secção sagital. Os planos sagitais são assim denominados 
devido à sutura sagital do crânio a qual são paralelos, e a expressão sagital deriva da 
palavra sagitta em latim, que significa seta. 
O plano de secção coronal ou frontal é todo plano vertical que intercepta o plano 
mediano em ângulo reto e secciona o corpo em partes ventral e dorsal. O plano coronal é 
assim denominado por passar pela sutura coronal do crânio, e a expressão coronal deriva da 
palavra corona em latim, que significa coroa. Todos os planos paralelos a ele, entre os 
planos ventral e dorsal, são chamados frontais. 
O plano de secção transversal ou horizontal corta o corpo em partes superior e 
inferior, se refere ao plano perpendicular a ambos os planos sagital e coronal (LACHAT e 
cols; GARDNER, GRAY, O`RAHILLY, 1971). 
 
 
Figura 3- Fonte: Disponível em: <www. images. google.com> Acesso: 28/07/2004 
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Os planos de delimitação, junto com os eixosimaginários e planos de secção, são 
utilizados como pontos de referência para descrever a posição, direção e situação de órgãos 
ou segmentos do corpo (LACHAT e cols). 
É essencial que os termos de descrição sejam corretos e precisos, para que todos 
entendam igualmente aquilo que alguém diz sobre uma parte do corpo (GARDNER e 
OSBURN, 1980). 
 
 
TERMOS DE POSIÇÃO, DIREÇÃO E SITUAÇÃO 
 
Os termos de posição são: medial, lateral, anterior ou ventral, posterior ou 
dorsal, superior ou cranial e inferior ou podal. 
 
 
 
 Figura 4- Fonte: Disponível em: Figura 5 
 <www. images. google.com> Acesso: 28/07/2004 
 
• Superior ou 
Cranial 
 
• Inferior ou 
Podal 
 
• Anterior ou 
Ventral 
 
• Posterior 
ou Dorsal 
 
• Lateral 
 
• Medial 
Secção transversa em T12 
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Medial é um termo de posição que indica proximidade do plano mediano em relação 
a outra estrutura, por exemplo, a artéria aorta abdominal visualizada na figura 5 é mais 
medial em relação ao baço. Os termos de posição restantes são usados em relação aos 
planos de delimitação, são termos comparativos e cada um indica maior proximidade ao 
plano correspondente. A figura 5 exemplifica bem estes termos, pois o baço é mais lateral 
em relação ao rim esquerdo, o estômago é mais anterior em relação aos rins, o fígado é 
mais posterior em relação ao músculo reto abdominal, a nona vértebra torácica é superior 
em relação à décima segunda vértebra, já a quinta vértebra lombar é inferior em relação à 
décima segunda vértebra torácica. 
Os termos de direção são: longitudinal ou crâniocaudal, ânteroposterior ou 
dorsoventral e látero-lateral. O eixo do coração ( fig. 6 ) exemplifica os 3 termos de 
direção, pois o ápice do coração está mais anterior que a base (direção ânteroposterior ), o 
ápice está mais inferior que a base ( direção crâniocaudal ), e o ápice está mais voltado 
para o lado esquerdo que a base ( direção látero-lateral ). Outros exemplos para maior 
compreensão dos termos de direção estão nas figuras 7 e 8. As falanges dos dedos estão 
alinhadas em direção craniocaudal, os ossos metacarpianos na direção látero-lateral, já a 
traquéia e o esôfago estão alinhados na direção ânteroposterior. 
Anatomytv 1 
Figura 6 
Figura 7 Figura 8 
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Mediano, médio e intermédio são termos que indicam situação. Uma estrutura é 
dita mediana quando está situada exatamente ao longo do plano de secção mediano. Na 
figura 5 a vértebra está em situação mediana. 
Médio e intermédio são termos que indicam situação de uma estrutura entre outras 
duas, porém estes termos são usados em circunstâncias diferentes. Uma estrutura em 
situação média está entre uma estrutura mais superior ou cranial e outra mais inferior ou 
caudal, ou seja, quando as estruturas estão alinhadas na direção crâniocaudal (fig. 9 ). Além 
disso, a estrutura que se situa entre duas outras que são, respectivamente, anterior ou 
ventral e posterior ou dorsal a ela é também dita média, a asa maior do osso esfenóide ( 
amarelo ) está em situação média em relação ao zigomático ( laranja ) ventralmente e ao 
temporal ( rosa ) dorsalmente (fig. 10 ). 
Já a estrutura que se situa entre duas outras que são respectivamente medial e lateral 
em relação a ela, é dita intermédia, ou seja, quando as estruturas estão em alinhamento 
látero-lateral (fig. 11 ). 
 
 
 
 
Outros termos de descrição anatômica são também bastante utilizados, em relação 
ao eixo longo dos membros são freqüentes os termos proximal e distal. Proximal indica 
lateral 
Figura 9 Figura 11 Figura 10 
superior 
média 
inferior 
medial 
intermédia 
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mais próximo à raiz do membro, isto é, mais próximo do tronco; ao passo que distal 
significa mais afastado daquele extremo fixo, isto é, em direção à extremidade livre. Por 
exemplo, o antebraço é proximal em relação à mão, e a tíbia é distal em relação ao fêmur ( 
fig. 12 e 13 ). Esses termos também são utilizados em relação ao coração no sistema 
circulatório, e em relação ao neuroeixo no sistema nervoso. Os vasos situados mais 
próximos ao coração são mais proximais em relação aos outros vasos, o mesmo se diz sobre 
os nervos situados mais próximos ao encéfalo e medula espinhal ( fig. 13 ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Interno e externo usam-se unicamente para indicar mais próximo e mais afastado 
do interior, em qualquer direção; não podem substituir medial e lateral, a não ser quando 
aplicados perpendicularmente ao plano mediano ( CUNNINGHAM, 1976 ). Quando o 
objeto de descrição está mais próximo do centro de um órgão ou cavidade, usa-se o termo 
interno; se está mais afastado, diz-se externo ( GARDNER e OSBURN, 1980 ). Interno e 
externo se referem às faces dos órgãos ocos ou de cavidades e também se referem às faces 
das costelas, mas não costumam ser usados em referência a formações dos membros. Na 
figura 14 a mucosa do estômago se situa internamente em relação ao oomento. 
Figura 12 Figura 13 
Anatomytv 1 
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Os termos superficial e profundo ( fig. 15 ) indicam as distâncias relativas entre as 
estruturas e a superfície do corpo ( SNELL, 1984; GARDNER e OSBURN, 1980 ). 
Entretanto, superficial e profundo são também termos de situação que indicam estar contido 
nos planos superficiais ou nos planos profundos. Nesse caso, o limite entre superficial e 
profundo é a fáscia muscular, estruturas superficiais são aquelas contidas no tegumento. 
Lesões limitadas ao tegumento são superficiais, e lesões que atingem a fáscia muscular já 
são consideradas profundas ( LACHAT e cols ). 
Palmar ou volar são termos regionais que se referem à face anterior da mão, dorsal 
se refere à face posterior da mão ou ainda à face superior do pé. Plantar é a face inferior do 
pé ( fig. 16 e 17 ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aferente e eferente indicam direção e são usados em anatomia para vasos e nervos. 
Aferente significa que impulsos nervosos ou o sangue são conduzidos da periferia para o 
centro, eferente se refere à condução do centro para a periferia. A raiz dorsal do nervo 
espinhal é aferente por conduzir impulsos nervosos da periferia para a medula espinhal, já a 
raiz ventral é eferente ( fig. 18 ). No sistema circulatório, as veias cavas superior e inferior 
são aferentes por drenarem todo o sangue da periferia para o coração, que é o centro deste 
sistema. A artéria aorta é eferente, pois impulsiona o sangue do coração para a periferia ( 
fig. 19 ). 
Figura 14 
Figura 16 
Figura 15 Figura 17 
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Fáscias são tecidos conjuntivos fibrosos e dissecáveis do corpo, distintas das 
estruturas especificamente organizadas como tendões, aponeuroses e ligamentos ( GRAY e 
GOSS, 1977 ). A fáscia apresenta espessura variável que reveste órgãos ou delimita 
estruturas, separando-as umas das outras para função independente ou reunindo-as em 
conjunto em um todo integrado (GARDNER, GRAY, O’ RAHILLY, 1971; LACHAT e 
cols ). A figura 20 mostra a fáscia renal revestindo o rim, e a fáscia diafragmática 
delimitando os espaços entre o pulmão direito e a metade direita do músculo diafragma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Radial e ulnar significam mais próximo dos ossos rádio e ulna, respectivamente, 
assim como tibial e fibular para a tíbia e a fíbula.Inclusive, de acordo com essas 
proximidades é que algumas estruturas foram nomeadas, a exemplo dos músculos tibial 
posterior e tibial anterior, ou os nervos ulnar e radial ( fig. 21 ). 
Para os dentes são usadas expressões que definem suas faces ( fig. 22 ): oclusal é a 
face livre e mastigadora dos dentes, que nos incisivos e caninos encontra-se reduzida a uma 
simples borda mastigadora; vestibular é a face dirigida para o vestíbulo bucal, podendo ser 
chamada de face labial a que está voltada para os lábios e face bucal a que está voltada 
para a bochecha; a face oposta à vestibular é a face lingual, que está dirigida para a 
cavidade da boca; mesial é a expressão usada para as duas faces do dente voltadas para os 
dentes vizinhos ( SICHER e TANDLER, 1981; LACHAT e cols ). 
Corte sagital 
Figura 18 Figura 20 Figura 19 
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Oral e aboral são termos restritos ao tubo digestivo e indicam estruturas mais 
próximas ou distantes da boca, respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pedículo é o conjunto de estruturas, vasos, nervos e ductos destinados a um órgão. 
O pedículo pulmonar, por exemplo, é composto por artéria e veias pulmonares e 
brônquicas, brônquios, nervos e linfáticos do pulmão. 
Hilo de um órgão é o sítio por onde entram e saem os elementos do pedículo. A 
figura 23 mostra o hilo do baço. 
Feixe vásculonervoso é um conjunto de vasos e nervos enfeixados por uma bainha 
conjuntiva comum. A figura 24 exemplifica a bainha carotídea, um feixe vásculonervoso 
composto pela artéria carótida, veia jugular interna e nervo vago, contidos por uma bainha 
conjuntiva. 
Plexo ou rede é uma malha situada em territórios arteriais, venosos, linfáticos ou 
nervosos, formado por anastomoses e subdivisões dessas estruturas. Os plexos vasculares 
garantem um fluxo sanguíneo adequado para todos os órgãos e segmentos do corpo. Os 
plexos nervosos representam um emaranhado de fibras nervosas que surgem a partir dos 
ramos ventrais dos nervos espinhais e se dirigem à pele e aos músculos, transportando 
inervação motora e sensitiva de vários níveis da medula a cada uma destas estruturas ( fig. 
25 ). 
Figura 21 Figura 22 
Nervo ulnar 
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De acordo com a posição do homem na escala zoológica e com os critérios para a 
sua classificação é possível indicar alguns princípios gerais no estudo da construção do 
corpo humano. 
 
 
PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO DO CORPO HUMANO 
 
O corpo humano é construído por unidades morfológicas que se unem, e esta união 
ocorre segundo alguns princípios fundamentais que já se definem na quarta semana de vida 
embrionária: Estratigrafia, Metameria, Paquimeria e Antimeria. 
Estratigrafia 
A estratificação é o princípio pelo qual o corpo é construído por camadas ( estratos). 
No início da 3ª semana de vida o embrião tem a forma de um disco trilaminar, o ecto, meso 
e endoderma, estas três camadas já representam o modelo de construção estratigráfica que 
irá se manter por toda a vida do indivíduo. Após o nascimento a estratigrafia é evidente, por 
exemplo, nos vasos compostos pelas túnicas adventícia, média e íntima; nos nervos, 
envolvidos pelas camadas de tecido conjuntivo epineuro, perineuro e endoneuro; nos 
músculos envolvidos pelas camadas de tecido conjuntivo epimísio, perimísio e endomísio; 
nos ossos constituídos por camadas de tecido esponjoso e tecido compacto, envoltos pelo 
Figura 23 
Figura 24 Figura 25 
Hilo do 
baço 
Bainha 
carotídea 
Plexo 
nervoso 
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periósteo; no tegumento, que também é composto por diversas camadas. A estratigrafia 
ocorre também nos órgãos ocos, cujas paredes são compostas por túnicas serosa, muscular 
e mucosa. Mesmo órgãos maciços como o fígado ou o encéfalo apresentaram este tipo de 
estrutura durante seu desenvolvimento ( DANGELO e FATTINI, 2002; LACHAT e cols ). 
Uma secção transversa da metade da perna esquerda ( fig. 26 ) demonstra a 
construção estratigráfica do membro inferior no corpo humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Metameria 
Por metameria entende-se a superposição, no sentido longitudinal, de segmentos 
semelhantes, cada segmento corresponde a um metâmero. O metâmero é um segmento do 
corpo compreendido entre dois planos transversais adjacentes. 
O embrião humano de quatro semanas já tem uma forma cilíndrica, observando a 
região dorsal vê-se que ele é constituído por uma série de estruturas, chamadas somitos, em 
sentido crâniocaudal, o que representa a metameria ( fig. 27 ). Nas primeiras fases do 
desenvolvimento dos vertebrados a metameria é mais evidente que em adultos, em virtude 
da especialização do pólo cefálico, além da redução e transformação da região caudal, 
mascarando o plano metamérico básico. Contudo, a série longitudinal de vértebras, nervos 
Figura 26 
Pele 
Tela 
subcutânea 
Fáscia 
muscular 
Músculos 
Osso 
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espinhais, costelas, vasos e músculos intercostais, e artérias lombares são resquícios da 
metameria nos adultos ( DIDIO, 1974; LACHAT e cols ). 
Paquimeria 
A paquimeria é o princípio pelo qual o corpo é construído pela união de duas 
metades desiguais, uma anterior e outra posterior, separadas pelo plano de secção frontal. 
Cada metade recebe o nome de paquímero, havendo então o paquímero anterior ou ventral 
e o paquímero posterior ou dorsal ( fig. 28 ). Em cada paquímero predomina um tubo, no 
embrião de quatro semanas, no paquímero anterior ou ventral se localiza o tubo digestivo 
primitivo e no paquímero posterior o tubo neural ( LACHAT e cols ). 
Após o nascimento a paquimeria persiste. O paquímero anterior abriga várias 
vísceras derivadas do tubo digestivo primitivo e por isso é também chamado de paquímero 
visceral. O paquímero posterior contém os derivados do tubo neural, ou seja, o encéfalo e a 
coluna vertebral com a medula espinhal. 
Antimeria 
A antimeria é o princípio pelo qual o corpo é construído pela união de duas metades 
iguais e simétricas separadas pelo plano de secção sagital mediano. Cada metade é chamada 
de antímero direito e esquerdo ( fig. 29 ). 
A antimeria verdadeira só existe no embrião, pois a simetria interna começa a 
desaparecer com o desenvolvimento, antes mesmo do nascimento. Há diversas assimetrias 
morfológicas internas, o fígado se desenvolve predominantemente no antímero direito, o 
baço no esquerdo, o pulmão direito tem três lobos e o esquerdo dois, os rins não são 
idênticos e nem estão na mesma altura, o coração não é um órgão mediano e assim por 
diante. Assimetrias morfológicas externas também são evidentes, as duas metades da face 
de um indivíduo não são idênticas, os ombros e os mamilos não se encontram no mesmo 
plano horizontal, as mamas direita e esquerda são de tamanhos diferentes, os membros 
superiores variam em comprimento. Assim como existem as assimetrias morfológicas há 
também assimetrias funcionais, um exemplo é o predomínio do uso do membro superior 
direito ou maior uso de um olho. 
 
 
 
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OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS 
 
1) Definir morfologia 
2) Dizer a importância da determinação de uma nomenclatura anatômica 
internacional e uma posição anatômica 
3) Construir esquema dos planos de delimitação do corpo 
Metâmero 
O Corpo Humano 2.0 
Fonte: Disponível em:<www.images.google.com>
Acesso: 27/07/2004 
Anatomytv 1 
Figura 27 Figura 28 Figura 29 
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 18 
4) Dizer como são obtidos os eixos ortogonais do corpo humano e enumerá-los 
5) Dizer como são obtidos os planos de secção do corpo e enumerá-los 
6) Definir plano de secção coronal 
7) Dizer qual a importância dos planos e eixos do corpo para o estudo da 
anatomia 
8) Diferenciar a aplicação do termo de posição medial da aplicação dos outros 
termos de posição 
9) Definir os termos de direção e enumera-los 
10) Definir os termos de situação e enumera-los 
11) Especificar em quais circunstâncias os termos proximal e distal podem ser 
utilizados 
12) Conceituar os termos superficial e profundo, aferente e eferente, oral e 
aboral 
13) Especificar as funções da fáscia no corpo humano 
14) Diferenciar pedículo e hilo 
15) Definir feixe vasculonervoso 
16) Especificar as funções dos plexos vasculares e nervosos 
17) Enumerar os quatro princípios pelos quais ocorre a união das unidades 
morfológicas para a construção do corpo humano 
18) Definir estratigrafia, metameria, paquimeria e antimeria 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Cunningham, D. Manual de anatomia prática. Atheneu, 13ª edição, editora USP, São 
Paulo, v. 1, p 1 e 2, 1976. 
 
Dângelo, JG; Fattini, CA. Anatomia humana sistêmica e segmentar. Atheneu, 2ª edição, 
São Paulo, capítulo 1, p 1-10, 2002. 
Didio, LJA. Sinopse de anatomia. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, capítulo 5, p 133-
135, 1974. 
UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 
 
 19 
 
Gardner, W; Gray, H; O’Rahilly. Anatomia. Guanabara Koogan, 3ª edição, Rio de Janeiro, 
capítulo 1, 1971. 
 
Gardner, W; Osburn, W. Anatomia do corpo humano. Atheneu, 2ª edição, São Paulo, 
capítulo 1, p 20-22, 1980. 
 
Gray, H; Goss, CM. Anatomia. In: Músculos e Fáscias. Guanabara Koogan, 29ª edição, 
Rio de Janeiro, p 307-308, 1977. 
 
Lachat, JJ e cols. Anatomia Geral. FMRP, São Paulo, p 1-10. 
 
Prives, M; Lisenkov, N; Bushkovich, V. Anatomia humana. Editorial Mir Moscu, v.1, 
capítulo 1, 1971. 
 
Sicher, H; Tandler, J. Anatomia para dentistas. Atheneu, São Paulo, capítulo IV, p 124, 
1981. 
 
Silva, Jr, S. Sinopses anatômicas. Atheneu, Rio de Janeiro, capítulo 1, 1973. 
 
Snell, RS. Anatomia. MEDSI, 2ª edição, Rio de Janeiro, capítulo 1, p 1 e 6, 1984.

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