Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANATOMIA HUMANA TERMOS DE POSIÇÃO, DIREÇÃO E SITUAÇÃO PLANOS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO HUMANO: ESTRATIGRAFIA, METAMERIA, PAQUIMERIA, ANTIMERIA Profa.Dra. Aline dos Santos de Maman UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................... 3 TERMOS DE POSIÇÃO, DIREÇÃO E SITUAÇÃO....................................... 7 TERMOS DE POSIÇÃO........................................................................................ 7 TERMOS DE DIREÇÃO....................................................................................... 8 TERMOS DE SITUAÇÃO..................................................................................... 9 OUTROS TERMOS DE DESCRIÇÃO ANATÔMICA........................................ 9 PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO DO CORPO HUMANO.......................... 14 ESTRATIGRAFIA................................................................................................. 14 METAMERIA........................................................................................................ 15 PAQUIMERIA....................................................................................................... 16 ANTIMERIA.......................................................................................................... 16 OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS.............................................................. 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 18 UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 3 INTRODUÇÃO A anatomia é a ciência que estuda a estrutura do corpo e a inter-relação de suas partes constituintes (SNELL, 1984). A anatomia, histologia, citologia e embriologia, juntos constituem um ramo científico comum que estuda a forma, estrutura e desenvolvimento do organismo, e se denomina morfologia (PRIVES e cols, 1971). Como toda ciência, a anatomia tem sua linguagem própria. A fim de facilitar a comunicação entre todos anatomistas e profissionais da área de saúde foi necessária a determinação de uma nomenclatura anatômica internacional e uma posição anatômica. Foi estimado que, em fins do século XIX, aproximadamente 50.000 nomes anatômicos estavam em uso para cerca de 5.000 formações do corpo humano. As mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações diferentes em centros de estudo e pesquisa de diferentes países (DANGELO e FATTINI, 2002). Em 1895, contudo, uma lista de cerca de 4.500 termos foi preparada e aceita em Basiléia. Este sistema de nomenclatura é conhecido como BASLE NOMINA ANATÔMICA e é em latim, por ser uma língua morta (GARDNER, GRAY, O´RAHILLY, 1971). Revisões desta nomenclatura internacional foram realizadas em 1933, 1936 e 1950, durante sucessivos congressos de anatomia. Mas em Paris, em 1955, é que a nomenclatura anatômica internacional foi oficialmente aprovada, e cada país pode traduzi-la do latim para o seu próprio vernáculo (GARDNER, GRAY, O’RAHILLY, 1971; PRIVES e cols, 1971). A nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser criticada e modificada, desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em congressos internacionais de anatomia, realizados de cinco em cinco anos. Novas revisões foram feitas também em 1960, 1965 e 1970. A nomenclatura procura adotar termos que tenham algum valor informativo ou descritivo sobre cada estrutura, abolindo os epônimos e facilitando a memorização (GRAY, GARDNER, O’RAHILLY, 1971; DANGELO e FATTINI, 2002). A posição anatômica é uma convenção pela qual o corpo está ereto, membros inferiores unidos e dedos dos pés dirigidos para a frente, face voltada para a frente e olhar horizontal, membros superiores pendentes ao lado do corpo e palmas das mãos voltadas para a frente (SNELL, 1984; SILVA, 1973; DANGELO e FATTINI, 2002). Esta posição UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 4 estática padrão é a base de toda descrição em anatomia, independente da posição em que se encontre o indivíduo ou o cadáver (GARDNER e OSBURN, 1980) (fig. 1). Figura 1- Fonte: Disponível em: <www. images. google.com> Acesso: 28/07/2004 Uma vez definida a posição anatômica, foi necessário estabelecer limites ao corpo. Esses limites foram impostos através de planos imaginários tangentes à cabeça (plano cranial ou superior), aos pés (plano podal ou inferior), ao ventre (plano ventral ou anterior), ao dorso (plano dorsal ou posterior), e tangentes a cada face lateral do corpo (planos lateral direito e lateral esquerdo). Estes planos tangentes podem ser vistos na figura 1 e são, também, chamados de planos de delimitação ou planos de inscrição do corpo, e suas intersecções formam a figura geométrica de um paralelepípedo no qual o corpo está inscrito ou contido (LACHAT e cols; DANGELO e FATTINI, 2002). Plano Lateral E Plano Ventral Plano Cranial Plano Dorsal Plano Lateral D Plano Podal UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 5 A partir destes planos de delimitação ou inscrição é que se formam três eixos imaginários do corpo, estes eixos são obtidos traçando-se uma reta do ponto central de cada plano de delimitação ao seu plano de delimitação oposto. São eles: eixo longitudinal ou crâniocaudal, eixo ânteroposterior ou dorsoventral e eixo látero-lateral (fig. 2). Figura 2- Fonte: Disponível em: <www. images. google.com> Acesso: 28/07/2004 Finalmente, a partir do deslocamento de cada eixo imaginário surgem os planos de secção do corpo. São planos imaginários que cortam o corpo em duas partes do mesmo tamanho e servem como pontos de referência importantes para o estudo da anatomia, vocábulo derivado do grego anatomé, termo formado de aná, significando “em partes”, e tomé, significando “corte” (LACHAT e cols; GARDNER, GRAY, O´RAHILLY, 1971). São eles: plano de secção sagital ou mediano, plano de secção frontal ou coronal e plano de secção transversal ou horizontal (fig. 3 ). UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 6 O plano sagital ou mediano é um plano imaginário vertical de secção que passa longitudinalmente através do corpo e o secciona em duas partes, antímeros esquerdo e direito. Todo plano vertical através do corpo, paralelo ao plano de secção mediano, é também chamado de plano de secção sagital. Os planos sagitais são assim denominados devido à sutura sagital do crânio a qual são paralelos, e a expressão sagital deriva da palavra sagitta em latim, que significa seta. O plano de secção coronal ou frontal é todo plano vertical que intercepta o plano mediano em ângulo reto e secciona o corpo em partes ventral e dorsal. O plano coronal é assim denominado por passar pela sutura coronal do crânio, e a expressão coronal deriva da palavra corona em latim, que significa coroa. Todos os planos paralelos a ele, entre os planos ventral e dorsal, são chamados frontais. O plano de secção transversal ou horizontal corta o corpo em partes superior e inferior, se refere ao plano perpendicular a ambos os planos sagital e coronal (LACHAT e cols; GARDNER, GRAY, O`RAHILLY, 1971). Figura 3- Fonte: Disponível em: <www. images. google.com> Acesso: 28/07/2004 UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 7 Os planos de delimitação, junto com os eixosimaginários e planos de secção, são utilizados como pontos de referência para descrever a posição, direção e situação de órgãos ou segmentos do corpo (LACHAT e cols). É essencial que os termos de descrição sejam corretos e precisos, para que todos entendam igualmente aquilo que alguém diz sobre uma parte do corpo (GARDNER e OSBURN, 1980). TERMOS DE POSIÇÃO, DIREÇÃO E SITUAÇÃO Os termos de posição são: medial, lateral, anterior ou ventral, posterior ou dorsal, superior ou cranial e inferior ou podal. Figura 4- Fonte: Disponível em: Figura 5 <www. images. google.com> Acesso: 28/07/2004 • Superior ou Cranial • Inferior ou Podal • Anterior ou Ventral • Posterior ou Dorsal • Lateral • Medial Secção transversa em T12 UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 8 Medial é um termo de posição que indica proximidade do plano mediano em relação a outra estrutura, por exemplo, a artéria aorta abdominal visualizada na figura 5 é mais medial em relação ao baço. Os termos de posição restantes são usados em relação aos planos de delimitação, são termos comparativos e cada um indica maior proximidade ao plano correspondente. A figura 5 exemplifica bem estes termos, pois o baço é mais lateral em relação ao rim esquerdo, o estômago é mais anterior em relação aos rins, o fígado é mais posterior em relação ao músculo reto abdominal, a nona vértebra torácica é superior em relação à décima segunda vértebra, já a quinta vértebra lombar é inferior em relação à décima segunda vértebra torácica. Os termos de direção são: longitudinal ou crâniocaudal, ânteroposterior ou dorsoventral e látero-lateral. O eixo do coração ( fig. 6 ) exemplifica os 3 termos de direção, pois o ápice do coração está mais anterior que a base (direção ânteroposterior ), o ápice está mais inferior que a base ( direção crâniocaudal ), e o ápice está mais voltado para o lado esquerdo que a base ( direção látero-lateral ). Outros exemplos para maior compreensão dos termos de direção estão nas figuras 7 e 8. As falanges dos dedos estão alinhadas em direção craniocaudal, os ossos metacarpianos na direção látero-lateral, já a traquéia e o esôfago estão alinhados na direção ânteroposterior. Anatomytv 1 Figura 6 Figura 7 Figura 8 UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 9 Mediano, médio e intermédio são termos que indicam situação. Uma estrutura é dita mediana quando está situada exatamente ao longo do plano de secção mediano. Na figura 5 a vértebra está em situação mediana. Médio e intermédio são termos que indicam situação de uma estrutura entre outras duas, porém estes termos são usados em circunstâncias diferentes. Uma estrutura em situação média está entre uma estrutura mais superior ou cranial e outra mais inferior ou caudal, ou seja, quando as estruturas estão alinhadas na direção crâniocaudal (fig. 9 ). Além disso, a estrutura que se situa entre duas outras que são, respectivamente, anterior ou ventral e posterior ou dorsal a ela é também dita média, a asa maior do osso esfenóide ( amarelo ) está em situação média em relação ao zigomático ( laranja ) ventralmente e ao temporal ( rosa ) dorsalmente (fig. 10 ). Já a estrutura que se situa entre duas outras que são respectivamente medial e lateral em relação a ela, é dita intermédia, ou seja, quando as estruturas estão em alinhamento látero-lateral (fig. 11 ). Outros termos de descrição anatômica são também bastante utilizados, em relação ao eixo longo dos membros são freqüentes os termos proximal e distal. Proximal indica lateral Figura 9 Figura 11 Figura 10 superior média inferior medial intermédia UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 10 mais próximo à raiz do membro, isto é, mais próximo do tronco; ao passo que distal significa mais afastado daquele extremo fixo, isto é, em direção à extremidade livre. Por exemplo, o antebraço é proximal em relação à mão, e a tíbia é distal em relação ao fêmur ( fig. 12 e 13 ). Esses termos também são utilizados em relação ao coração no sistema circulatório, e em relação ao neuroeixo no sistema nervoso. Os vasos situados mais próximos ao coração são mais proximais em relação aos outros vasos, o mesmo se diz sobre os nervos situados mais próximos ao encéfalo e medula espinhal ( fig. 13 ). Interno e externo usam-se unicamente para indicar mais próximo e mais afastado do interior, em qualquer direção; não podem substituir medial e lateral, a não ser quando aplicados perpendicularmente ao plano mediano ( CUNNINGHAM, 1976 ). Quando o objeto de descrição está mais próximo do centro de um órgão ou cavidade, usa-se o termo interno; se está mais afastado, diz-se externo ( GARDNER e OSBURN, 1980 ). Interno e externo se referem às faces dos órgãos ocos ou de cavidades e também se referem às faces das costelas, mas não costumam ser usados em referência a formações dos membros. Na figura 14 a mucosa do estômago se situa internamente em relação ao oomento. Figura 12 Figura 13 Anatomytv 1 UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 11 Os termos superficial e profundo ( fig. 15 ) indicam as distâncias relativas entre as estruturas e a superfície do corpo ( SNELL, 1984; GARDNER e OSBURN, 1980 ). Entretanto, superficial e profundo são também termos de situação que indicam estar contido nos planos superficiais ou nos planos profundos. Nesse caso, o limite entre superficial e profundo é a fáscia muscular, estruturas superficiais são aquelas contidas no tegumento. Lesões limitadas ao tegumento são superficiais, e lesões que atingem a fáscia muscular já são consideradas profundas ( LACHAT e cols ). Palmar ou volar são termos regionais que se referem à face anterior da mão, dorsal se refere à face posterior da mão ou ainda à face superior do pé. Plantar é a face inferior do pé ( fig. 16 e 17 ). Aferente e eferente indicam direção e são usados em anatomia para vasos e nervos. Aferente significa que impulsos nervosos ou o sangue são conduzidos da periferia para o centro, eferente se refere à condução do centro para a periferia. A raiz dorsal do nervo espinhal é aferente por conduzir impulsos nervosos da periferia para a medula espinhal, já a raiz ventral é eferente ( fig. 18 ). No sistema circulatório, as veias cavas superior e inferior são aferentes por drenarem todo o sangue da periferia para o coração, que é o centro deste sistema. A artéria aorta é eferente, pois impulsiona o sangue do coração para a periferia ( fig. 19 ). Figura 14 Figura 16 Figura 15 Figura 17 UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 12 Fáscias são tecidos conjuntivos fibrosos e dissecáveis do corpo, distintas das estruturas especificamente organizadas como tendões, aponeuroses e ligamentos ( GRAY e GOSS, 1977 ). A fáscia apresenta espessura variável que reveste órgãos ou delimita estruturas, separando-as umas das outras para função independente ou reunindo-as em conjunto em um todo integrado (GARDNER, GRAY, O’ RAHILLY, 1971; LACHAT e cols ). A figura 20 mostra a fáscia renal revestindo o rim, e a fáscia diafragmática delimitando os espaços entre o pulmão direito e a metade direita do músculo diafragma. Radial e ulnar significam mais próximo dos ossos rádio e ulna, respectivamente, assim como tibial e fibular para a tíbia e a fíbula.Inclusive, de acordo com essas proximidades é que algumas estruturas foram nomeadas, a exemplo dos músculos tibial posterior e tibial anterior, ou os nervos ulnar e radial ( fig. 21 ). Para os dentes são usadas expressões que definem suas faces ( fig. 22 ): oclusal é a face livre e mastigadora dos dentes, que nos incisivos e caninos encontra-se reduzida a uma simples borda mastigadora; vestibular é a face dirigida para o vestíbulo bucal, podendo ser chamada de face labial a que está voltada para os lábios e face bucal a que está voltada para a bochecha; a face oposta à vestibular é a face lingual, que está dirigida para a cavidade da boca; mesial é a expressão usada para as duas faces do dente voltadas para os dentes vizinhos ( SICHER e TANDLER, 1981; LACHAT e cols ). Corte sagital Figura 18 Figura 20 Figura 19 UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 13 Oral e aboral são termos restritos ao tubo digestivo e indicam estruturas mais próximas ou distantes da boca, respectivamente. Pedículo é o conjunto de estruturas, vasos, nervos e ductos destinados a um órgão. O pedículo pulmonar, por exemplo, é composto por artéria e veias pulmonares e brônquicas, brônquios, nervos e linfáticos do pulmão. Hilo de um órgão é o sítio por onde entram e saem os elementos do pedículo. A figura 23 mostra o hilo do baço. Feixe vásculonervoso é um conjunto de vasos e nervos enfeixados por uma bainha conjuntiva comum. A figura 24 exemplifica a bainha carotídea, um feixe vásculonervoso composto pela artéria carótida, veia jugular interna e nervo vago, contidos por uma bainha conjuntiva. Plexo ou rede é uma malha situada em territórios arteriais, venosos, linfáticos ou nervosos, formado por anastomoses e subdivisões dessas estruturas. Os plexos vasculares garantem um fluxo sanguíneo adequado para todos os órgãos e segmentos do corpo. Os plexos nervosos representam um emaranhado de fibras nervosas que surgem a partir dos ramos ventrais dos nervos espinhais e se dirigem à pele e aos músculos, transportando inervação motora e sensitiva de vários níveis da medula a cada uma destas estruturas ( fig. 25 ). Figura 21 Figura 22 Nervo ulnar UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 14 De acordo com a posição do homem na escala zoológica e com os critérios para a sua classificação é possível indicar alguns princípios gerais no estudo da construção do corpo humano. PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO DO CORPO HUMANO O corpo humano é construído por unidades morfológicas que se unem, e esta união ocorre segundo alguns princípios fundamentais que já se definem na quarta semana de vida embrionária: Estratigrafia, Metameria, Paquimeria e Antimeria. Estratigrafia A estratificação é o princípio pelo qual o corpo é construído por camadas ( estratos). No início da 3ª semana de vida o embrião tem a forma de um disco trilaminar, o ecto, meso e endoderma, estas três camadas já representam o modelo de construção estratigráfica que irá se manter por toda a vida do indivíduo. Após o nascimento a estratigrafia é evidente, por exemplo, nos vasos compostos pelas túnicas adventícia, média e íntima; nos nervos, envolvidos pelas camadas de tecido conjuntivo epineuro, perineuro e endoneuro; nos músculos envolvidos pelas camadas de tecido conjuntivo epimísio, perimísio e endomísio; nos ossos constituídos por camadas de tecido esponjoso e tecido compacto, envoltos pelo Figura 23 Figura 24 Figura 25 Hilo do baço Bainha carotídea Plexo nervoso UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 15 periósteo; no tegumento, que também é composto por diversas camadas. A estratigrafia ocorre também nos órgãos ocos, cujas paredes são compostas por túnicas serosa, muscular e mucosa. Mesmo órgãos maciços como o fígado ou o encéfalo apresentaram este tipo de estrutura durante seu desenvolvimento ( DANGELO e FATTINI, 2002; LACHAT e cols ). Uma secção transversa da metade da perna esquerda ( fig. 26 ) demonstra a construção estratigráfica do membro inferior no corpo humano. Metameria Por metameria entende-se a superposição, no sentido longitudinal, de segmentos semelhantes, cada segmento corresponde a um metâmero. O metâmero é um segmento do corpo compreendido entre dois planos transversais adjacentes. O embrião humano de quatro semanas já tem uma forma cilíndrica, observando a região dorsal vê-se que ele é constituído por uma série de estruturas, chamadas somitos, em sentido crâniocaudal, o que representa a metameria ( fig. 27 ). Nas primeiras fases do desenvolvimento dos vertebrados a metameria é mais evidente que em adultos, em virtude da especialização do pólo cefálico, além da redução e transformação da região caudal, mascarando o plano metamérico básico. Contudo, a série longitudinal de vértebras, nervos Figura 26 Pele Tela subcutânea Fáscia muscular Músculos Osso UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 16 espinhais, costelas, vasos e músculos intercostais, e artérias lombares são resquícios da metameria nos adultos ( DIDIO, 1974; LACHAT e cols ). Paquimeria A paquimeria é o princípio pelo qual o corpo é construído pela união de duas metades desiguais, uma anterior e outra posterior, separadas pelo plano de secção frontal. Cada metade recebe o nome de paquímero, havendo então o paquímero anterior ou ventral e o paquímero posterior ou dorsal ( fig. 28 ). Em cada paquímero predomina um tubo, no embrião de quatro semanas, no paquímero anterior ou ventral se localiza o tubo digestivo primitivo e no paquímero posterior o tubo neural ( LACHAT e cols ). Após o nascimento a paquimeria persiste. O paquímero anterior abriga várias vísceras derivadas do tubo digestivo primitivo e por isso é também chamado de paquímero visceral. O paquímero posterior contém os derivados do tubo neural, ou seja, o encéfalo e a coluna vertebral com a medula espinhal. Antimeria A antimeria é o princípio pelo qual o corpo é construído pela união de duas metades iguais e simétricas separadas pelo plano de secção sagital mediano. Cada metade é chamada de antímero direito e esquerdo ( fig. 29 ). A antimeria verdadeira só existe no embrião, pois a simetria interna começa a desaparecer com o desenvolvimento, antes mesmo do nascimento. Há diversas assimetrias morfológicas internas, o fígado se desenvolve predominantemente no antímero direito, o baço no esquerdo, o pulmão direito tem três lobos e o esquerdo dois, os rins não são idênticos e nem estão na mesma altura, o coração não é um órgão mediano e assim por diante. Assimetrias morfológicas externas também são evidentes, as duas metades da face de um indivíduo não são idênticas, os ombros e os mamilos não se encontram no mesmo plano horizontal, as mamas direita e esquerda são de tamanhos diferentes, os membros superiores variam em comprimento. Assim como existem as assimetrias morfológicas há também assimetrias funcionais, um exemplo é o predomínio do uso do membro superior direito ou maior uso de um olho. UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 17 OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS 1) Definir morfologia 2) Dizer a importância da determinação de uma nomenclatura anatômica internacional e uma posição anatômica 3) Construir esquema dos planos de delimitação do corpo Metâmero O Corpo Humano 2.0 Fonte: Disponível em:<www.images.google.com> Acesso: 27/07/2004 Anatomytv 1 Figura 27 Figura 28 Figura 29 UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 18 4) Dizer como são obtidos os eixos ortogonais do corpo humano e enumerá-los 5) Dizer como são obtidos os planos de secção do corpo e enumerá-los 6) Definir plano de secção coronal 7) Dizer qual a importância dos planos e eixos do corpo para o estudo da anatomia 8) Diferenciar a aplicação do termo de posição medial da aplicação dos outros termos de posição 9) Definir os termos de direção e enumera-los 10) Definir os termos de situação e enumera-los 11) Especificar em quais circunstâncias os termos proximal e distal podem ser utilizados 12) Conceituar os termos superficial e profundo, aferente e eferente, oral e aboral 13) Especificar as funções da fáscia no corpo humano 14) Diferenciar pedículo e hilo 15) Definir feixe vasculonervoso 16) Especificar as funções dos plexos vasculares e nervosos 17) Enumerar os quatro princípios pelos quais ocorre a união das unidades morfológicas para a construção do corpo humano 18) Definir estratigrafia, metameria, paquimeria e antimeria REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cunningham, D. Manual de anatomia prática. Atheneu, 13ª edição, editora USP, São Paulo, v. 1, p 1 e 2, 1976. Dângelo, JG; Fattini, CA. Anatomia humana sistêmica e segmentar. Atheneu, 2ª edição, São Paulo, capítulo 1, p 1-10, 2002. Didio, LJA. Sinopse de anatomia. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, capítulo 5, p 133- 135, 1974. UEPB – Profa. Dra. Aline de Maman 19 Gardner, W; Gray, H; O’Rahilly. Anatomia. Guanabara Koogan, 3ª edição, Rio de Janeiro, capítulo 1, 1971. Gardner, W; Osburn, W. Anatomia do corpo humano. Atheneu, 2ª edição, São Paulo, capítulo 1, p 20-22, 1980. Gray, H; Goss, CM. Anatomia. In: Músculos e Fáscias. Guanabara Koogan, 29ª edição, Rio de Janeiro, p 307-308, 1977. Lachat, JJ e cols. Anatomia Geral. FMRP, São Paulo, p 1-10. Prives, M; Lisenkov, N; Bushkovich, V. Anatomia humana. Editorial Mir Moscu, v.1, capítulo 1, 1971. Sicher, H; Tandler, J. Anatomia para dentistas. Atheneu, São Paulo, capítulo IV, p 124, 1981. Silva, Jr, S. Sinopses anatômicas. Atheneu, Rio de Janeiro, capítulo 1, 1973. Snell, RS. Anatomia. MEDSI, 2ª edição, Rio de Janeiro, capítulo 1, p 1 e 6, 1984.
Compartilhar