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Pesquisa em Serviço Social III Aula 03 Online

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AULA 3
DADOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS NO TRABALHO DE CAMPO. EXEMPLOS E INSTRUMENTOS DE COLETA.
Introdução
Nesta aula, estaremos pensando a partir de alguns exemplos práticos, para ganhar clareza sobre as possibilidades de trabalho com dados quantitativos e qualitativos. Introduziremos também alguns instrumentos para coleta de dados, como as entrevistas e questionários e algumas vantagens e desvantagens de sua utilização.
O trabalho de campo
Retomo pelo ponto que encerramos nossa última aula: o trabalho de campo. É muito provável que sua pesquisa envolva o trabalho de campo dentro de um paradigma qualitativo, ou seja, dentro de uma tradição interpretativa e compreensiva. Embora os dados colhidos possam ser quantitativos e trabalhados quantitativamente, é predominantemente com dados qualitativos e tratamento que a pesquisa em Serviço Social tem acontecido.
No trabalho de campo os dados qualitativos são colhidos através da observação e interação com a população / meio estudado, porém também através de questionários, entrevistas e ainda pela análise de documentos e mídias variadas somente disponíveis àqueles que se dispuserem a investigar o próprio campo sob pesquisa e não limitar-se a colher os dados da literatura disponível ou das estatísticas oficiais.
O fundamental é que com os dados qualitativos temos informações não numéricas, ou seja, estamos no domínio da significação e do sentido e daí a chamada à interpretação e à compreensão.
Lembrando que além de todas as questões levantadas pela pesquisa envolvendo dados qualitativos em ciências sociais, o trabalho de campo implica a impossibilidade do controle de variáveis que se pratica nos experimentos de laboratório. Isso traz desafios consideráveis quando levamos em conta a exigência de rigor típica da ciência.
Entretanto, o leque de possibilidades aberto pelo trabalho de campo em ciências sociais é extremamente rico e vai desde a posição mais reservada possível do pesquisador, procurando interferir ao mínimo no meio estudado, até a assunção radical de que sua subjetividade faz necessariamente parte do meio e, enquanto tal, do objeto da pesquisa.
O trabalho de campo e a coleta de dados na pesquisa qualitativa
Imaginem cinco grandes especialistas do futebol chamados a decidir quem é o melhor jogador de todos os tempos: Pelé ou Maradona. Discussão iniciada, as considerações estilísticas são intermináveis e tão espetaculares quanto inconclusivas até que se chega à posição de que será conveniente recorrer à frieza dos números.
Estabelece-se então o que deverá ser medido. Como os dois ex-jogadores foram atacantes, os parâmetros a guiar a coleta de dados são o número de:
- Gols.
- Assistências.
- Vitórias.
- Jogos pela seleção nacional.
- Títulos locais.
- Títulos Nacionais.
- Títulos internacionais.
Em seguida coletam-se os dados. Os pesquisadores não precisam ir a campo, pois todos os dados devem ser procurados em arquivos já existentes e oficiais. Fazem-se as contas (processamento dos dados) e lá está. Um dos jogadores é proclamado o melhor por atingir o melhor somatório considerando-se as variáveis convencionadas para responder a pergunta.
Melhor Jogador.
Após o resultado, um impressionante número de amantes e especialistas do futebol e que tiveram acesso à pesquisa continuará questionando quem na verdade é, ou foi, o melhor. A matemática não tem o peso definitivo que tem nas ciências exatas e naturais, quando o assunto são as humanidades. Isso quer dizer que a metodologia escolhida não foi boa? Não. Por melhor que pudesse ser, a discussão continuaria. A pesquisa tampouco precisa ser considerada inócua apenas por não ter gerado resultados incontestáveis.
O desenvolvimento de seu tema deve obedecer a essas exigências, considerando que se trata de uma monografia de graduação: compromisso com o discurso científico e compatibilidade com debates já existentes na comunidade de pesquisadores em ciências sociais e / ou Serviço Social mais especificamente. Você deverá ter mostrado isso em sua revisão de literatura, resenhando autores que já discutiram o tema proposto, ou que emprestam fidedignidade ao método escolhido para pensar uma situação que pode ser específica da sua experiência. Nada impede, seria mesmo praticamente impossível, que seu trabalho apresente pontos de novidade, mas não é isso que ele visa.
O que se espera de sua pesquisa é que ela entre no debate corrente sobre o tema que você escolheu e não que ela encerre qualquer discussão.
Mas espera-se também que você explicite os critérios que o(a) levaram a escolher seu tema, a optar por certo enfoque metodológico e a propor conclusões sempre passíveis de crítica e contestações.
Domínio do trabalho de campo em Serviço Social
Brevemente considerado o exemplo anterior, passemos agora ao domínio do trabalho de campo em Serviço Social. Por exemplo, uma pesquisa visa determinar qual política pública gerou os melhores resultados em determinada comunidade, ou em comunidades próximas e que apresentam desafios sociais semelhantes. Você escolherá trabalhar com dados quantitativos ou qualitativos? Ou ambos?
Todas essas possibilidades estão abertas para você. O que se tem defendido não é que métodos quantitativos não sirvam às ciências sociais, mas sim que eles não sejam os únicos reconhecidos como válidos para investigar os processos sociais.
Matematicamente o resultado é tal; porém como entender que os moradores da comunidade percebam “outra realidade”?
Há uma diferença entre os resultados quantitativos da métrica utilizada para responder a essa questão e o enunciado de que a água ferve a 100 graus Celsius. É muito difícil encontrar pessoas discutindo se a água ferve mesmo a 100 graus ou não e, caso ocorra a alguém discutir o assunto, ele poderá ser decidido pelo uso do termômetro, excelente exemplo de instrumento científico, por apresentar resultados que não variam conforme aquele que o estiver utilizando. Não temos nada semelhante ao termômetro para medir a questão sobre a eficácia de determinadas políticas públicas, ainda que possamos explorar a investigação quantitativa.
Entrevistas e questionários
Conforme Goldenberg (2007), esses instrumentos podem ser estruturados de diferentes maneiras:
1 – Podem ser rigidamente padronizados com as perguntas feitas com as mesmas palavras e na mesma ordem, de modo a assegurar que todos os entrevistados respondam à mesma pergunta. As perguntas podem ser:
A) Fechadas: respostas limitadas às alternativas apresentadas. Padronizadas, facilmente aplicáveis, analisáveis de maneira rápida e pouco dispendiosa;
B) Abertas: resposta livre, não limitada por alternativas apresentadas, o pesquisado fala livremente sobre o tema que lhe é proposto. A análise das respostas é mais difícil;
2 – Podem ser assistemáticos: solicitam respostas espontâneas, não dirigidas pelo pesquisador. A análise do material é muito mais difícil;
3 – Entrevista projetiva: utiliza recursos visuais (quadros pinturas, fotos) para estimular a resposta dos pesquisados.
Quanto aos questionários, eles poderão ser enviados pelo correio, mas neste caso o pesquisador deve pensar uma estratégia para fazer aumentarem as chances dele ser respondido e no prazo mais breve possível. Essa estratégia deve considerar o envio do questionário a um número maior de pessoas, contando que alguns deles não retornarão com as respostas.
Um ponto importante quanto aos questionários diz respeito à garantia do anonimato. Você pode ter o cuidado de enviar uma carta que assegure de que maneira a identidade do respondente estará preservada. Nessa carta você poderá tentar mostrar ao entrevistado a importância de sua participação, ainda que com um texto breve e sucinto.
Vantagens e desvantagens do questionário
Vantagens
Vantagens do questionário (GOLDENBERG, MIRIAM, 2007, pp. 87-90):
• É menos dispendioso;
• Exige menor habilidade para aplicação;
• Pode ser enviado pelo correio ou entregue em mão;
• Pode ser aplicado a um grande número de pessoas ao mesmo tempo;
• As frases padronizadasgarantem maior uniformidade para mensuração;
• Os pesquisados se sentem mais livres para expressar opiniões que temem ser desaprovadas ou que poderiam colocá-los em dificuldades;
• Menor pressão para uma resposta imediata. O pesquisado pode pensar com mais calma. 
Desvantagens
• Tem um índice baixo de resposta;
• A estrutura rígida impede a expressão de sentimentos;
• Exige habilidade de ler e escrever e disponibilidade para responder.
Os questionários tipicamente poderão ser construídos com alternativas binárias de resposta (Sim ou Não) ou com respostas previamente construídas como se fosse uma questão de múltipla escolha, em que o pesquisado deverá escolher entre cinco aquela que melhor representa sua posição.
Vantagens e desvantagens da entrevista
Vantagens
1) Pode coletar informações de pessoas que não sabem escrever;
2) As pessoas têm maior paciência e motivação para falar do que para escrever;
3) Maior flexibilidade para garantir a resposta desejada;
4) Pode-se observar o que diz o entrevistado e como diz, verificando as possíveis contradições;
5) Instrumento mais adequado para a revelação de informações sobre assuntos complexos, como as emoções;
6) Permite maior profundidade;
7) Estabelece uma relação de confiança e amizade entre pesquisador-pesquisado, o que propicia o surgimento de outros dados.
Repare como estes itens apontam para aspectos típicos da perspectiva qualitativa, o que fica especialmente claro nos itens 4 e 5.
Desvantagens
1) O entrevistador afeta o entrevistado;
2) Pode-se perder a objetividade tornando-se amigo. É difícil estabelecer uma relação adequada;
3) Exige mais tempo, atenção e disponibilidade do pesquisador: a relação é construída num longo período, uma pessoa de cada vez;
4) É mais difícil comparar as respostas;
5) O pesquisador fica na dependência do pesquisado: se quer ou não falar, que tipo de informação deseja dar e o que quer ocultar.
Considerações finais
Na próxima aula estaremos enfocando alguns cuidados específicos que devemos ter na construção destes instrumentos e trabalharemos também direções para tratamento dos dados obtidos através deles.
Para finalizar, é ainda importante que esteja claro para você que um pesquisador pode também optar por fazer diferentes tipos de imersão no ambiente / campo em que desenvolve sua pesquisa. Nesse caso não recorreria a entrevistas ou questionários, mas antes faria anotações extensivas a respeito de seu tempo de convívio naquele meio. Voltaremos a falar dessa e outras possibilidades nas aulas seguintes.

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