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FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006 O LIBERALISMO O liberalismo nasceu no século XVIII como reação ao absolutismo real. Seu princípio fundamental é a liberdade individual, isto é, a autonomia e a livre iniciativa dos indivíduos na organização de sua própria existência. Livres e responsáveis, os indivíduos devem decidir eles próprios sobre seus atos. Só a regra de direito pode limitar o poder. Definem-se, antes de tudo, os domínios onde o Estado não pode intervir (por exemplo, nas atividades econômicas). Por outra parte, conforme as idéias de Montesquieu (1689-1755), só “o poder limita o poder”, sendo, portanto, necessário de tal modo dividir o poder – Legislativo, Executivo e Judiciário. Assim o fazendo, opondo-se os poderes uns aos outros, nenhum pode dominar de modo absoluto. Mas, a afirmação da liberdade dos indivíduos e a necessidade de limitação do poder estatal, não respondem a questões essenciais: como evitar que a liberdade permita aos mais fortes dominar livremente os mais fracos (uma célebre fórmula fala da liberdade da raposa no galinheiro); como harmonizar as diferentes ações dos indivíduos e afastar “a lei da selva”, quando cada um pode agir como quiser? O liberalismo econômico e o liberalismo político dão respostas diferentes a estas questões. O liberalismo político repousa sobre a igualdade civil dos indivíduos, que se transformam em cidadãos. O liberalismo político repousa sobre as liberdades públicas, que são liberdade de opinião, de reunião, de informação, liberdade de se agrupar em associações ou em partidos políticos, etc. (ver art. V da CF de 1988). O liberalismo político é inseparável da existência de eleições (democracia). Portanto as leis reguladoras da vida social resultam da vontade dos cidadãos. É a democracia representativa (ver sobre o liberalismo político sua fonte mais difundida: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (francesa), de 1789). Já o liberalismo econômico entende que, a partir do momento em que certas liberdades são asseguradas e respeitadas – liberdade da propriedade privada, livre concorrência, liberdade do trabalho – é suficiente que cada um continue a desempenhar sua atividade para que se realize a harmonia social. O liberalismo econômico tem como fundamento a convicção de que uma ordem natural e espontânea deriva de um mecanismo de regulação única – o mercado. O primeiro a defender esta posição foi Adam Smith, em 1776, em sua obra – Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. Segundo ele, a intervenção do Estado deve limitar-se às funções públicas de manutenção da ordem, da propriedade privada e da justiça; entendia que as ações dos indivíduos, agindo em seu próprio interesse, ao se somarem permitiriam a ação de “uma mão invisível” do mercado, que conduziria a economia pelo bom caminho do crescimento e da estabilidade. Esta teoria é retomada e ampliada a praticamente todos os setores da vida social, com o neoliberalismo advindo da globalização. Mas, o contexto social, hoje, é completamente diferente dos séculos XVIII e XIX, quando reinou o liberalismo político e econômico. O liberalismo surgiu motivado pelo absolutismo do poder político, quando era preciso limitar o poder absoluto dos reis e, também, era preciso liberar a economia, libertando-a das limitações do mercantilismo, abrindo o caminho para a liberação completa do comércio e da indústria, atendendo aos reclamos da burguesia vitoriosa na Revolução Francesa. Hoje, a globalização neoliberal, sobrevinda com a queda do Muro de Berlim (1989) e com o desaparecimento da União Soviética (1991), responde aos reclamos do mundo capitalista unipolar, que prega a privatização de tudo o que é público, o Estado Mínimo, etc., com o apoio das instituições econômicas internacionais – Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial. Como fica evidente, o neoliberalismo, apesar de afirmar-se como sendo a modernidade, na verdade é uma volta ao século XIX, sem que haja o que motivou o liberalismo dos séculos XVIII e XIX. Ademais, liberalismo econômico e liberalismo político nem sempre coincidem. A prova está em que muitas ditaduras políticas adotam os princípios da economia liberal e, inversamente, numerosos países politicamente liberais recusam-se a assumir inteiramente os princípios do liberalismo econômico. Notas sobre os liberalismos econômicos Como já enunciado, o liberalismo econômico nasceu no fim do século XVIII com economistas como Adam Smith (1723-1790), Thomas Malthus (1772-1832) e John Stuart Mill (1806-1873). BIBLIOGRAFIA: Dictionnaire d’Economie. La politique économique depuis Keynes. Essays in persuasion, etc. Ecocivilização, p. 52-54. Direito, justiça social e neoliberalismo, p. 86-109. Editado por FERREIRA, MARCOS VINICIUS VIEIRA, aluno FMP-insc.2014/1 1
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