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Medicação Pré-Anestésica em Animais

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ANESTESIOLOGIA
MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA (MPA) – é o ato que antecede a anestesia, preparando o animal para o sono artificial, dando-lhe devida sedação, suprimindo a irritabilidade, a agressividade e as reações indesejáveis causadas pelos anestésicos.
Finalidade – redução da dor e do desconforto, viabilidade de indução direta por anestésicos voláteis, é adjuvante na anestesia local, reduz a excitação causada pela indução anestésica, reduz o ptialismo (secreção abundante de saliva) e a sialorreia (babar), reduz o bloqueio vagal causado pela indução anestésica (baixa em FC), reduz o metabolismo basal e potencialização com outras drogas anestésicas.
Os MPA potencializam os efeitos anestésicos porque tem ações parecidas e atuam nos mesmos receptores GABA.
ANTICOLINÉRGICOS – inibem a ação da ACh nas estruturas inervadas pelos nervos parassimpáticos pós-ganglionares e são utilizados para antagonizar os efeitos muscarínicos da ACh.
Indicações: reduzir a salivação e secreção brônquica e aumentar a frequência cardíaca
Contra-indicações: taquicardia e arritmia cardíaca
Efeitos farmacológicos: 
Sistema cardiovascular: aumento da FC (efeito cronotrópico) e PA inalterada
Sistema gastrointestinal: diminuição da motilidade do TGI e redução das secreções - Não deve ser utilizado em cavalos, porque já tem um baixo peristaltismo, podendo induzir cólica)
Aparelho respiratório: broncodilatação e redução das secreções
Olho: midríase e baixa produção lacrimal
A atropina ou a escopolamina se ligam ao receptor muscarinico evitando a ligação da ACh.
TRANQUILIZANTES (sedativo, sedante ou calmante) – são medicamentos que produzem tranquilização, diminuindo a agitação e a agressividade. Promovem tranquilização leve e redução da atividade motora, sem que ocorra o desligamento do paciente ao meio ambiente.
Características: apresentam pouco efeito analgésico, o incremento em sua dose não potencializa seu efeito (não aumenta a sedação mas aumenta o tempo de sedação), em altas doses pode causar efeitos extrapiramidais (excitação) e possuem efeito antiemético.
Neurolépticos, ataráxicos, psicoléticos, psicolérgicos, antipsicóticos e antiesquizofrênicos.
Classificação: derivados fenotiazínicos e derivados butirofenônicos.
Farmacocinética: são absorvidos por VO e parenteral, possuem ampla distribuição, são biotransformados por oxidação, hidroxilação e conjugação e são eliminados pela urina e fezes.
Efeitos terapêuticos e colaterais: atuam no SNC (núcleos talâmicos, hipotálamo, estruturas límbicas e sistema motor), na periferia (SNA), no bloqueio pré e pós-sináptico dopaminérgico além de atuar no bloqueio de receptores dopaminérgicos da zona deflagadora dos quimiorreceptores (efeito antiemético)
FENOTIAZÍNICOS – promovem tranquilização leve e redução da atividade motora, sem que ocorra desligamento do paciente ao meio ambiente
Características: apresentam pouco efeito analgésico, o incremento em sua dose não potencializa seu efeito, em altas doses pode causar efeitos extrapiramidais e possuem efeito antiemético.
Acepromazina, clorpromazina e levomepromazina
Efeitos farmacológicos:
Sistema cardiovascular: hipotensão (bloqueio -adren.), ação antiarrítmica (com a baixa na FC e na PA o animal precisa de menor excitação para a ocorrência de convulsões)
Termorregulação (depressão central e vasodilatação periférica)
Outros efeitos: redução da produção de urina, depressão fetal, diminuição da motilidade intestinal, relaxamento da cardia, redução do limiar convulsivo (precisa de menos estímulos p/ convulsão) e prolapso peniano em equinos.
BUTIROFENONAS – promovem tranquilização leve e redução da atividade motora
Características: possuem efeito antiemético potente, efeitos extrapiramidais mais frequentes que as fenotiazinas, efeito hipotensor aumento da frequência respiratória.
Droperidol e azaperone
ANSIOLITICOS (calmantes, psico-harmonizantes, psico-sedativos, estabilizantes emocionais e tranquilizantes menores)
BENZODIAZEPÍNICOS
Farmacocinética: bem absorvidos VO, uso IV em MPA e como anticonvulsivantes, atravessam a barreira hematoencefálica (lipossolúveis) > concentrações similares no SSNC e sng
Biotransformação: seus metabólitos são ativos prolongando o seu efeito. Desalquilação, hidroxilação e conjugação com ac. Glicurônico.
Tem rápido efeito, ultrapassando a barreira hematoencefálica (lipossolúveis). São biotransformados em metabolitos ativos prolongando seu efeito.
Apresentam propriedades ansiolítica, miorrelaxante e anticonvulsivante, são utilizados em associação a outros fármacos visando potencialização mutua, apresentam mínimos efeitos nos sistemas cardiovascular e respiratório.
Efeitos terapêuticos e colaterais: 
SNC > sistema límbico, hipotálamo e córtex
Moduladores dos efeitos do GABA > modificam os receptores GABAa tornando os mais afins pelo GABA levando a um maior tempo de abertura para o Cl, o que leva a hiperpolarização celular.
Antagonista: Flumazenil
DIAZEPAN: é o mais utilizado, não solúvel em agua, efeito máximo em 3 a 5 min e duração de 1 a 4 h. possui metabolitos ativos e acumula nas gorduras, logo doses múltiplas exercem efeito cumulativo.
MIDAZOLAM: inicio de ação mais rápido e efeito mais curto, hidrossolúvel, em equinos tem bons resultados em associação a fenotiazinas e quetamina (emergência)
-2 AGONISTA: promovem sedação dose dependente, tem propriedades hipnóticas, miorrelaxantes e analgésicas. Sedação e relaxamento musculares mais pronunciados que outros agentes.
Levam a bradicardia e hipotensão, redução da frequência respiratória e termorregulação alterada.
Antagonista: Atipamezole
XILAZINA: boa sedação, analgesia e relaxamento muscular, bovinos são mais sensíveis (relaxamento dos lábios, ptose palpebral, protrusão de língua, salivação abundante, mugidos, movimentação de orelha e cauda, acomodação em decúbito esternal e lateral), em cães e gatos causa êmese e pode ser administrada por via epidural.
DETOMIDINA E ROMIFIDINA: empregadas principalmente em equinos, observa-se abaixamento da cabeça, com perda da postura altiva e sem entrar em prostração
MEDETOMIDINA: recentemente desenvolvido para cães e gatos, intensa sedação e analgésica, emese menos frequente que a xilazina e os gatos são mais resistentes
HIPNOANALGESICOS: analgesia pré, trans e pós-operatória. Atuam na maioria das células nervosas levando a hiperpolarização, inibição da deflagração do potencial de ação e inibição pré-sinaptica da liberação de neurotransmissores.
Produzem analgesia ligando-se a receptores específicos localizados no SNC, em nível supraespinhal e espinhal e SNP.
Também chamados de: analgésicos narcóticos, analgésicos fortes ou mofino-símiles, opiáceos (compostos puros derivados do ópio) e opióides (substancia natural ou sintética que produz efeito semelhante a morfina)
Deprimem os centros da dor, tosse e vigília, como também outras regiões do cérebro responsáveis pelo controle da respiração, FC e pressão sanguínea.
Classificação:
Alcaloides do ópio: morfina, cadeina, papaverina e noscapina
Compostos semi-sinteticos: hidromorfona, heroína e etorfina
Compostos sintéticos: meperidina, fentanl e metadona
Compostos de ação mista: buprenorfina, butorfanol e pentazocina
Antagonista: naloxona
Mecanismo de ação: atuam nas células nervosas causando hiperpolarização e consequente inibição do potencial de ação e inibição pré-sinaptica da liberação de neurotransmissor
MORFINA: melhor efeito IM e SC, por IV libera histamina, ampla distribuição pelo SNC, fígado, rins e músculos. É biotransformada e conjugada com ac. Glicurônico e sua eliminação é feita 90% renal e 10% pelas fezes.
Sua ação analgésica não interfere na consciência, aumenta o limiar da dor. Em gatos, equinos, caprinos e suínos causam hiperexcitabilidade e tem diferenças na distribuição dos receptores no cérebro.Em cães causa êmese. O reflexo da tosse é diminuído, há depressão respiratória. Hipotermia (macacos e cães) e hipertermia (equinos, gatos e ovinos) e provocam redução da motilidade intestinal.
CODEINA: 10x menos potenteque a morfina, usada como antitussígeno (menos efeitos colarerais que a morfina), possui efeito constipador pronunciado
BUTORFANOL: 5x mais potente que a morfina, usado em dores moderadas (efeito teto - acima de determinada dose não há mais efeito analgésico, só aumentam os efeitos colaterais), potente ação antitussígena, melhor controle das dores viscerais, menor depressão respiratória que a morfina, pode levar a cólica em equinos (IM)
BUPRENORFINA: ação em dores leves a moderada, 30x mais ação analgésica que a morfina e até 8 horas de duração
ENTORFINA: 1000x mais potente que a morfina, utilizado em dardos para imobilização de enormes animais e deve ser utilizada sempre com disponibilidade de antagonista (diprenorfina)
METADONA: é um opioide sintético, com potência semelhante a morfina, usado por IM, IV, EP e VO, não produz vômitos ou defecação, menos sedativo que a morfina, e depreção cardiovascular maior que a morfina
MEPERIDINA: 10x menos potente que a morfina. Menos hipnótico, constipante e antitussígeno. Tem efeito espasmolitico (usado em cólica equina) e tem maior propençã a liberação de histamina (cuidado IV)
TRAMADOL: analgesia 10x menor que a morfina. Possui segundo mecanismo de ação (inibe a recaptção de noradrenalina e libera serotonina – conferindo maior potencia analgésica), seu uso é IM, IV e VO, usado em caso de contraindicação de AINES e AE
ANESTESIA LOCAL
É o estado de insensibilidade localizada sem alteração do nível de consciência, produzido por substancias especificas que colocadas em contato com o tecido nervoso promovem o bloqueio reversível da condução do impulso. Insensibilidade local sem alteração do nível de consciência
Estrutura química: Radical Lipofílico (absorção de lipídeos) + Cadeia Intermediária (determina a potencia (quanto maior a cadeia, maior a potencia anestésica): ester – rápida, amida – lenta) + Radical Hidrofílico (tempo de ação: quando mais hidrofílico, mais rápida a ação)
Associação com outras substancias
ADRENALINA (vasoconstritor): permite uma menor absorção sistêmica, diminui o risco de intoxicação e aumenta o tempo hábil – contrai vasos sanguíneos impedindo a absorção e aumentando o tempo hábil, dominui o risco de intoxicações o que permite um aumento da dose do anestésico.
BICARBONATO: alcaliniza o meio (neutraliza), aumentando a quantidade de anestésico não ionizado, inicio mais rápido. É utilizado em tecidos inflamados.
Efeitos colaterais e tóxicos: são causados por concentrações sanguíneas altas
Aparecem na ordem: Apreensão, comportamento irracional; Calafrios, náuseas, vômito, olhar fixo; Perda de consciência; tremores, opistótono, contraturas; Parada respiratória e morte
AL podem atingir outras membranas excitáveis (SNC e coração): por Sobredose; Absorção exagerada; Injeção intravascular; 
Podendo causar: Sedação; Convulsão; Redução da excitabilidade elétrica e força de contração
Características desejáveis a um anestésico local: Preço razoável; Não ser irritante, nem tóxico; Oferecer tempo hábil cirúrgico conhecido; Ter ação reversível e sem seqüelas; Resistir as esterilizações; Ser estável e solúvel em água; Ser compatível com vasopressores; Não interferir com outras drogas quando usado simultaneamente.
Tratamentos: Prevenção: domínio da técnica empregada; Doses adequadas; Oxigenação: corrigir o desequilíbrio ácido-básico (grande consumo de oxigênio); e Uso de anticonvulsivantes.

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