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I - USINAGEM Introdução Usinagem é um processo de fabricação mecânica onde a peça acabada é obtida através da retirada de cavacos (aparas de metal) de uma peça bruta, através de ferramentas adequadas. A usinagem confere à peça uma precisão dimensional e um acabamento superficial que não podem ser obtidos por nenhum outro processo de fabricação. É claro, entretanto, que quanto maior o grau de precisão exigido no acabamento, mais sofisticado se torna o processo de usinagem e, portanto, com maiores custos. É possível executare a retirada de cavacos através de trabalho manual (limagem, serragem, etc) ou por meio de trabalho mecânico executado através de máquinas que usam ferramentas apropriadas para a execução de cada etapa do processo de fabricação de uma peça. Essas máquinas são conhecidas como "Máquinas operatrizes" ou "Máquinas-ferramentas" e podemos destacar como principais as seguintes: tornos, fresas, furadeiras e retíficas. Operação de torneamento. Operações de torneamento são aquelas executadas através das máquinas operatrizes denominadas "tornos mecânicos", nos quais a retirada de cavaco da peça é executada por uma ou mais ferramentas que possuem o movimento de avanço e translação, enquanto a peça que se trabalha tem o movimento de rotação. Movimentos para obtenção de uma peça no torno. Devido à variedade de peças que são torneadas, bem como das Operações que são executadas, existe uma diversidade bastante grande de tipos e tamanhos de tornos disponíveis no mercado. Como principais tipos poderíamos citar: horizontal ou universal, de placa, vertical, revólver, copiador, automático, automático com CNC e especiais. O movimento de rotação da peça a trabalhar designa-se como movimento principal de corte. O movimento longitudinal da ferramenta que causa a retirada progressiva e uniforme do cavaco é conhecido pelo nome de avanço. A ferramenta é graduada para uma determinada profundidade ou espessura de cavaco. Este movimento é chamado de penetração. Partes principais do torno mecânico universal Cabeçote fixo No cabeçote fixo está montada a árvore principal ou de trabalho, por meio da qual a peça recebe o movimento de rotação. Esta árvore gira apoiada em mancais (de escorregamento ou de rolamento) e é feita dos melhores aços. A maioria das vezes, é uma árvore furada através da qual se pode, por exemplo, passar uma barra que será trabalhada no torno. As partes da árvore que se apóiam nos mancais são temperadas e retificadas.A árvore deve girar nos mancais sem folga. Caso exista folga, aparecerão marcas indesejáveis deixadas pela ferramenta na peça, como conseqüência da vibração transmitida pela árvore. Além disso, as peças com forma de corpos de revolução podem não ficar perfeitamente redondas. A ponta externa da árvore está dotada duma rosca que serve para fixação de dispositivos. A árvore principal recebe o seu acionamento através da caixa de velocidades principal, a qual pode trabalhar através de um cone de polias ou através de engrenagem. Caixa de mecanismos de avanço (Caixa Norton) Para que a ferramenta sofra um movimento de avanço, é necessário o deslocamento longitudinal do carro principal do torno. Isto pode se dar através de comando manual ou automático. O comando automático acontece com o acoplamento de mecanismos do carro à vara ou ao fuso que estão animados de movimento circular (vide desenho de conjunto do torno universal). Os movimentos circulares da vara e do fuso são obtidos através da caixa de mecanismos de avanço a qual, por sua vez, obtém sua força motora por intermédio da caixa de velocidades principal. A caixa de mecanismos mais conhecida é a "caixa Norton". Mecanismo de inversão do sentido de rotação da vara e do fuso. A fim de que o carro principal do torno possa deslocar, tanto da esquerda para a direita, como em sentido inverso, é necessário que o fuso e a vara possuam um mecanismo de reversão de rotações acoplado à caixa de avanços. O carro e seus mecanismos O carro que se apóia sobre o barramento do torno é chamado de carro principal ou longitudinal. Ele oferece apoio à ferramenta e proporciona os movimentos de avanço e penetração. Além do carro longitudinal, que se apóia sobre o barramento, e ao qual está ligado o avental, que é atravessado pelo fuso e pela vara; existem, também, o carro transversal, sobre o qual está montado o limbo graduado; e o carro superior, onde estão montados a espera e o porta-ferramentas. Os carros devem mover-se nas guias respectivas sem folga alguma. Os carros longitudinal e transversal podem ser deslocados através de comando manual ou por meio do fuso ou da vara acionados pela caixa de avanços. Avental O mecanismo de engrenagens incorporado no avental do carro longitudinal tem a missão de transformar o movimento de rotação do fuso ou da vara em movimento longitudinal ou transversal, além de permitir estes movimentos através de manivelas externas. Embora o carro possa avançar por meio do fuso, isto só deve ser feito para execução de rosca, para evitar-se desgaste e perda de precisão. Cabeçote móvel A base e o corpo do cabeçote são fixos às guias do barramento por um parafuso de fixação. Com esse parafuso frouxo, o cabeçote pode mover nos dois sentidos ao longo do barramento e ser fixado na posição desejada. Soltando-se outro parafuso, situado geralmente na parte de trás do cabeçote, o corpo do cabeçote pode ter um pequeno deslocamento transversal ao barramento. Isso permite a usinagem de peças com pequena conicidade. Barramento O barramento suporta todas as partes principais do torno. É sobre ele que se deslocam o carro longitudinal e o cabeçote móvel.As guias prismáticas em "V" tem sido as mais utilizadas, pois são as mais precisas e que resistem melhor. O cabeçote móvel é montado sobre as guias interiores e o carro principal é montado nas guias externas. Placas: Placa de arrasto É uma placa simples, provida de rasgo no qual é introduzida o grampo "cavalinho", que torna a peça solidária à arvore de trabalho, transmitindo seu movimento de rotação. Placa lisa A placa lisa fornece uma superfície plana, para apoio de peças de formatos irregulares. A placa lisa tem várias ranhuras que permitem a utilização de parafusos para fixar a peça. Placa de castanhas independentes Este tipo de placa permite fixar firmemente peças de qualquer forma e centrar com precisão qualquer ponto da peça. As castanhas podem ser retiradas e colocadas em posição inversa, permitindo centrar pela parte interna peças com furos. Placa universal Neste tipo, as castanhas movem-se simultaneamente pela ação de chave introduzida em um dos furos existentes. Estas placas servem para fixar peças de seção circular ou poligonal regular, podendo centrar a peça com uma excentricidade de 0,07 mm. Ela é comumente usada para o torneamento de peças curtas que, seguras por ela, dispensam o uso da contra ponta do cabeçote móvel. Elas são equipadas com dois jogos de castanhas, um para prender a peça por fora e o outro por dentro. Ferramentas para o torneamento Para um bom torneamento é necessário que se tenha a ferramenta com o formato apropriado, feita do material adequado, com o gume de corte afiado e bem apoiada para evitar-se vibrações. Materiais mais usados para a confecção de ferramentas: Aço ferramenta ao carbono (0,5 a 1,5% C). A uma temperatura de 250 ºC já perde sua dureza, o que o torna proibitivo para grandes velocidades de corte. (V < 25m/min). Aço ferramenta ligado. Contém além do carbono, tungstênio, vanádio, cromo, molibdênio,etc. É conhecido por aço rápido, possuindo alta resistência ao desgaste e perdendo sua dureza somente a 600ºC. É de alto custo e, normalmente, somente a parte cortante da ferramenta é feita desse aço ("bit") ou "pastilha", que pode ser montada ou soldada em um cabo. Metais duros ou carbonetos sinterizados. Os componentes principais são o tungstênio e o cobalto, podendo também estar presentes o titânio, o tântalo e o nióbio. O metal duro também é de custo elevado sendo, portanto, produzido em pastilhas que, montadas a um cabo (soldadas ou aparafusadas), podem trabalhar em temperaturas de até 900ºC, em altas velocidades de corte, dando um ótimo acabamento à superfície torneada. Diamantes São muito duros e resistentes ao desgaste. São utilizados para trabalhos de alta precisão em máquinas especiais. Materiais cerâmicos Possuem alta dureza e são também produzidos em forma de pastilhas, sendo usados para o torneamento de metais bastante duros, tais como o ferro fundido, em altas velocidades de corte. Mantém a dureza em temperaturas de até 1600ºC. Ângulos e arestas da ferramenta A forma fundamental de todas as ferramentas para retirada de cavaco é a cunha. Por gume ou corte, designa-se a linha de interseção das faces da cunha. g = gume principal (aresta principal) h = gume secundário (aresta secundária) A função do ângulo de incidência (α) é evitar o atrito entre a peça e o flanco da ferramenta e permitir que o gume penetre no material e corte livremente. Quando este ângulo não é grande o suficiente, a ferramenta perde o corte rapidamente é há um sobre-aquecimento da mesma devido ao atrito com a peça. Ângulo de cunha (β) A função do ângulo de cunha é prover a ferramenta de resistência mecânica suficiente para resistir ao momento dado pela rotação da peça, sem se deformar ou romper. Angulo de saída do cavaco (γ) Sua função é facilitar a saída do cavaco. É muito importante, influindo na força e na potência necessárias ao corte, no acabamento obtido e no calor gerado. Quebra-cavacos Os cavacos contínuos formados na usinagem de materiais de alta ductilidade apresentam os seguintes problemas: a) São afiados e quentes, podendo ferir o operador. b) No caso de serem empregadas máquinas de alta velocidade,em pouco tempo o cavaco estará ocupando todo espaço disponível, inclusive podendo interferir na usinagem. Há, portanto, necessidade das ferramentas serem equipadas com quebra-cavacos. A função destes é quebrar os cavacos em pequenos pedaços através de seu dobramento até que o limite de ruptura do material seja atingido. Uma das formas de se obter isto é empregando um ângulo negativo de saída na ferramenta, a outra consiste de um rebaixo no topo da ferramenta, conforme figura acima. No caso de pastilhas fixadas mecanicamente, o próprio sujeitador da pastilha pode ser adaptado à função de quebra-cavacos. Tipos de ferramentas de corte Cada tipo de trabalho exige um respectivo tipo de ferramenta. Deste modo, temos ferramentas específicas para desbastar, acabar, facear, rosquear, etc. Ferramentas de desbaste O desbastar é a operação em que há uma grande retirada de cavaco em curto espaço de tempo. Por este motivo, devem ser de construção robusta. Conforme a posição do gume principal, a ferramenta é designada por direita ou esquerda. Ferramenta direita é aquela que corta da direita para a esquerda. Ferramenta esquerda é aquela que avança da esquerda para a direita Ferramentas de acabamento Ao tornear-se uma peça, deixa-se algum sobremetal após o desbaste, para o acabamento fino. Por meio de ferramentas de acabar consegue-se uma superfície de bom acabamento. Normalmente a ferramenta de acabar tem o gume arredondado, embora também exista com gume largo. Ferramentas de Facear São usadas para tornear faces, reentrâncias ou saliências de cantos vivos. A ferramenta de facear deve mover-se no sentido do eixo da peça para a periferia. Existem ferramentas para: sangrar (bedame); para abrir ranhuras ou para o corte; de perfilar e de rosquear. As ferramentas de perfilar são especiais, tendo o gume de corte o formato do perfil que se quer obter. A ferramenta de abrir roscas possui a ponta com a forma do filete a ser cortado. Bits Devido ao custo elevado dos aços usados na fabricação de ferramentas, é usual a montagem de "bits" (que são a parte cortante da ferramenta com pequeno prolongamento) em suportes adequados para serem colocados nos porta ferramentas dos tornos. Velocidade de corte É a velocidade com a qual se dá a retirada do cavaco. Normalmente, ela é expressa em [m/min]. V=Π.d.n/1000 Onde: d=diâmetrodapeça[mm] n = número de rotações da peça por minuto [rpm] Avanço e profundidade de corte Para um bom rendimento no torno, necessitamos ter, além de uma velocidade de corte adequada, de um avanço e uma profundidade (espessura de cavaco) correta. Avanço é o espaço longitudinal percorrido pela ferramenta durante uma volta da peça. É expresso em [mm / rotação] Profundidade é o espaço transversal que a ferramenta percorre ao ser regulada para dar um determinado passe na peça. É dado em [mm]. A relação entre avanço e profundidade deve variar entre 1 : 5 a 1 : 10.
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