Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito de Nacionalidade • CONCEITO • NACIONALIDADE: VÍNCULO JURÍDICO-POLÍTICO ENTRE O ESTADO E INDIVÍDUO • A nacionalidade pode ser definida como um vínculo jurídico-político entre o Estado e o indivíduo que faz deste um componente do povo. • Esse vínculo, capacita o indivíduo a exigir a proteção estatal, a fruição de prerrogativas ínsitas à condição de nacional, bem como o sujeita ao cumprimento de deveres. Referida associação - entre indivíduo e Estado - é que determina e permite a identificação dos sujeitos que compõe a dimensão pessoal do Estado, um dos seus elementos constitutivos básicos. • “nacionalidade é o laço jurídico-político, de Direito público interno, que faz do indivíduo um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado”. – Pontes de Miranda • CONCEITOS CORRELATOS • NAÇÃO: AGRUPAMENTO HOMOGÊNEO + TERRITÓRIO ESPECÍFICO. • O termo nação designa um agrupamento humano homogêneo cujos membros, localizados em território específico, são possuidores das mesmas tradições, costumes e ideais coletivos. Vinculados (objetivamente) no aspecto histórico, cultural, econômico e linguístico, estes indivíduos partilham, também, laços invisíveis, tais como a consciência coletiva e o sentimento de comunidade. • POPULAÇÃO: TOTALIDADE DE INDIVÍDUOS. • O termo população representa a totalidade de indivíduos que habitam determinado território, ainda que ali estejam temporariamente, independentemente da nacionalidade. • O conceito de população é puramente demográfico, compreendendo todos aqueles que residem em um determinado Estado (povo, estrangeiros e apátridas). • POVO: CONJUNTO DE NACIONAIS (NATOS E NATURALIZADOS) • Povo representa o conjunto de nacionais que compõem o elemento humano de um Estado - o povo brasileiro, por exemplo, é resultado do somatório de brasileiros natos e naturalizados. • APÁTRIDAS • Os apátridas, também identificados como heimatlos, são aqueles desprovidos de pá- tria; • Não detêm com nenhum Estado o vínculo jurídico-político que os converteria em nacionais, uma vez que não se enquadram nos critérios de aquisição de nacionalidade de Estado algum. • ESTRANGEIRO • Estrangeiro é o indivíduo que possui vínculo jurídico-político com Estado Nacional diverso da República Federativa do Brasil. • Se mantém nesta condição jurídica por não preencher as regras estatais necessárias à obtenção da condição de nacional ou, se as preenche, porque voluntariamente opta por não adquirir referido status. • CIDADÃO • Cidadão é o nacional (nato ou naturalizado) no gozo dos direitos políticos e participante da vida do Estado. • ESPÉCIES DE NACIONALIDADE • Existência de duas espécies de Nacionalidade: • (A) primária (de origem ou originária) • (B) secundária (adquirida) • (A) primária (de origem ou originária): é aquela resultante de um fato natural, qual seja, o nascimento , podendo ser estabelecida por meio de critérios • sanguíneos (nacionalidade dos pais), • territoriais (local do nascimento) • ou mistos (conjugação dos dois anteriores). Por decorrer do nascimento, diz-se que é um meio involuntário de aquisição de nacionalidade. • (B) secundária (adquirida): é aquela normalmente resultante de um ato voluntário, manifestado após o nascimento. A naturalização decorre, pois, da expressa revelação, na via ordinária ou extraordinária, da vontade do interessado de compor o povo de um Estado específico. • (A) Nacionalidade primária (de origem ou originária) • Há basicamente dois critérios utilizados para a atribuição da nacionalidade originária: o local do nascimento (jus soli) ou a filiação do indivíduo (jus sanguinis). Nacionalidade primária Jus soli Jus sanguinis • OBSERVAÇÃO. PODER SOBERANO DE ESCOLHA DO CRITÉRIO. • Cada país tem o poder soberano para escolher o critério que julgar mais conveniente. Em geral: • 1) o jus soli é adotado como regra por países novos, de imigração, com a finalidade de vincular os imigrantes ao solo. • 2) Por sua vez, o jus sanguinis é mais comum em países de emigração que desejam a manutenção do vínculo com os descendentes de seus nacionais, como ocorre na Alemanha, na Áustria e na Itália. • 3) A grande maioria das legislações contemporâneas tem adotado o sistema misto, como no caso do Brasil. jus soli jus sanguinis Sistema Misto • NACIONALIDADE ORIGINÁRIA: ANÁLISE DOS DISPOSTIVOS (CF/88) • Art. 12, CF/88 – “São brasileiros: • I - natos: • a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; (critério territorial – jus soli) • b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; (jus sanguinis + critério funcional). • c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente (jus sanguinis + registro) / ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) (jus sanguinis + critério residencial + opção confirmativa) • A.1) Critério Territorial ( jus soli) • A Constituição de 1988 adotou o critério territorial (jus soli) ao considerar brasileiro nato, independentemente da origem dos ascendentes ou de qualquer outro requisito, o nascido em território nacional (CF, art. 12, I, a). • OBSERVAÇÃO. TERRITÓRIO NACIONAL? • “Território nacional é a porção de superfície da terra, sobre a qual o mesmo exerce a sua soberania” – Clóvis Beviláqua • O Território Nacional compreende os rios, mares, ilhas e golfos brasileiros. • OBSERVAÇÃO. ESPAÇO NEUTRO - ESPAÇOS HÍDRICOS, AÉREOS OU TERRESTRES NÃO SUBMETIDOS À SOBERANIA DE UM ESTADO (ALTO- MAR, ESPAÇO AÉREO, CONTINENTE ANTÁRTICO)? • Para a doutrina majoritária (vide Gilmar Mendes, Pontes de Miranda, Marcelo Novelino, etc.), • Consideram-se brasileiros natos (pelo critério territorial) os nascidos a bordo de navio ou aeronave de bandeira brasileira quando estiverem em espaço neutro. • Portanto, navios e aeronaves de guerra brasileiros; aeronaves e navios brasileiros, de natureza pública ou privada, quando em trânsito por espaços neutros, se enquadram no conceito de território nacional. • ATENÇÃO. ESPAÇO TERRITORIAL DE OUTRA SOBERANIA. • Se o nascimento ocorre em espaço submetido à soberania de outro Estado, não há que falar em nacionalidade brasileira pelo critério territorial, ainda que se cuide de navio ou aeronave do Governo brasileiro. • OBSERVAÇÃO 2. A CONDIÇÃO JURÍDICA DOS PAIS NÃO IMPORTA PARA O CRITÉRIO TERRITORIAL. • Não importa se os pais são brasileiros, estrangeiros ou apátridas: nascido em nossas extensões terrestres, fluviais, marítimas ou aéreas, o indivíduo será considerado brasileiro nato. • OBSERVAÇÃO 3. RESSALVA AO CRITÉRIO TERRITORIAL: FILHOS DE PAIS ESTRANGEIROS (AMBOS) A SERVIÇO DO PAÍS DE ORIGEM (AMBOS OU UM DELES) (Art.12, I, “a”, CF/88, parte final). • não será contemplado com a nacionalidade originária aquele que, muito embora tenha nascido em nosso território, é filho de pais estrangeiros (ambos) e QUALQUER DELES (ou, evidentemente, ambos) estava a serviço do país de origem. ALEMÃ DIPLOMATA ALEMÃO NASCIDOS EM TERRITÓRIO BRASILEIRO, MAS DE NACIONALIDADE ALEMÃ • OUTRAS HIPÓTESES. EXEMPLIFICAÇÃO. • 1) CÔNSUL FRANCÊS NO BRASIL (A SERVIÇO DO PAÍS) SE CASA COM BRASILEIRA E TEM FILHO (EM TERRITÓRIO NACIONAL). • o filho deles será, sem dúvida, brasileiro nato. Afinal, em que pese o pai ser estrangeiro e estar no território nacional à serventia do Estado de sua proveniência, a mãe é nacional e a excepcional não aplicação da regra territorial depende, de início, da circunstância de AMBOS os pais seremestrangeiros. BRASILEIRA CÔNSUL FRANCÊS NASCIDOS EM TERRITÓRIO BRASILEIRO, DE NACIONALIDADE BRASILEIRA (NATOS) • 2) CASAL DE ITALIANOS QUE RESIDEM NO BRASIL A SERVIÇO DE EMPRESA PRIVADA OU PARA SERVIR O GOVERNO DE OUTRO PAÍS (QUE NÃO SEJA A ITÁLIA). • O filho deles, nascido em território nacional, será considerado brasileiro nato. Isso porque ainda que os pais sejam estrangeiros, não estão no Brasil servindo o país de origem. ITALIANA ITALIANO BRASILEIROS NATOS. NASCIDOS EM TERRITÓRIO NACIONAL. • A.2) Critério sanguíneo (jus sanguinis) • A CF adotou o critério sanguíneo (nacionalidade dos pais) para 3 situações: • SITUAÇÃO I) o indivíduo nascido no estrangeiro, mas filho de pai brasileiro OU mãe brasileira a serviço da República Federativa do Brasil (jus sanguinis + critério funcional) • Art.12, I, b, CF/88 - São brasileiros: I - natos: b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; • OBSERVAÇÃO 1. A SERVIÇO DA RFB? • Deve ser entendida como: • 1) Atividade diplomática. • 2) O serviço público prestado a quaisquer dos entes da federação brasileira (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios), independentemente de sua natureza. • OBSERVAÇÃO 2. BASTA QUE APENAS UM DOS PAIS SEJA NACIONAL E ESTEJA A SERVIÇO DA RFB. • Isso significa que um brasileiro a serviço do país no exterior pode se casar com uma estrangeira e com ela ter um filho, e a este será reconhecida a nacionalidade brasileira nata, sem a necessidade do cumprimento de nenhum outro requisito. • SITUAÇÃO II) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro OU de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente (jus sanguinis + registro) • Art. 12, I, c , CF/88, primeira parte - São brasileiros: I - natos: c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente [...] • SITUAÇÃO III) filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro e que não tenham sido registrados na repartição brasileira competente. Caso venha a residir no Brasil, o indivíduo poderá optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (jus sanguinis + critério residencial + opção confirmativa) • Art. 12, I, c , CF/88, segunda parte - São brasileiros: I - natos: c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, [....] venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; • OBSERVAÇÃO 1. REALIZAÇÃO DA OPÇÃO CONFIRMATIVA. • Trata-se de ato personalíssimo, só podendo ser feita após a maioridade e, segundo entendimento do STF, não é de forma livre: há de ser feita em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que tramita perante a Justiça Federal (art. 109, X, CF/88). • OBSERVAÇÃO 2. MENOR DE IDADE (FILHO DE PAI E/OU MÃE BRASILEIROS), NASCIDO NO EXTERIOR, QUE VENHA A RESIDIR NO BRASIL? • NACIONALIDADE PRIMÁRIA PROVISÓRIA. ATINGIDA A MAIORIDADE, OCORRE A CONDIÇÃO SUSPENSIVA DA NACIONALIDADE (NECESSIDADE DE CONFIRMAÇÃO). • Ora, como ele ainda não pode fazer a opção (que é personalíssima), tampouco seus pais podem supri-la, será considerado brasileiro nato para todos os efeitos até os dezoito anos. • No entanto, atingida a maioridade, enquanto não for efetivada a sua opção, a condição de brasileiro nato ficará suspensa (a opção passa a ser uma condição suspensiva da nacionalidade). • Ao fazer a opção ele confirma a nacionalidade, já adquirida quando do cumprimento do critério residencial (a fixação da residência no país é o fator gerador da nacionalidade). • Assim, para o menor de idade que cumpre o requisito residencial é concedida uma nacionalidade primária provisória, que fica sob condição suspensiva a partir da maioridade. • (B) Nacionalidade secundária (adquirida, derivada ou de eleição) • A nacionalidade secundária é adquirida por um ato de vontade do indivíduo que opta por uma determinada nacionalidade. Essa manifestação da vontade pode ser tácita ou expressa. Nacionalidade secundária Naturalização tácita Naturalização expressa • B.1) Naturalização tácita (grande naturalização ou naturalização coletiva). • A grande naturalização tácita costuma ser adotada quando o número de nacionais é menor que o desejado. Nesse caso, os estrangeiros residentes no País que não declararem, dentro de determinado período, o ânimo de permanecer com a nacionalidade de origem, automaticamente adquirirão a nacionalidade do país em que residem. • Exemplos: • Constituição Imperial 1824. Adotou a naturalização tácita em relação aos portugueses residentes em solo brasileiro na época em que a Independência foi proclamada (07.09.1822). • Art. 6. “São Cidadãos Brazileiros: IV. Todos os nascidos em Portugal, e suas Possessões, que sendo já residentes no Brazil na época, em que se proclamou a Independencia nas Provincias, onde habitavam, adheriram á esta expressa, ou tacitamente pela continuação da sua residencia”. • Constituição Republicana 1891. Consagrou a naturalização tácita para todos os estrangeiros que se encontravam no território nacional na data da Proclamação da República (15.11.1889), e para os residentes no Brasil, desde que não se manifestassem pela manutenção da nacionalidade de origem (art. 69, itens 4.° e 5.°). • Art 69 - São cidadãos brasileiros: • 4º) os estrangeiros, que achando-se no Brasil aos 15 de novembro de 1889, não declararem, dentro em seis meses depois de entrar em vigor a Constituição, o ânimo de conservar a nacionalidade de origem; • 5º) os estrangeiros que possuírem bens imóveis no Brasil e forem casados com brasileiros ou tiverem filhos brasileiros contanto que residam no Brasil, salvo se manifestarem a intenção de não mudar de nacionalidade; • OBSERVAÇÃO. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 NÃO CONSAGROU NENHUMA FORMA DE NATURALIZAÇÃO TÁCITA. • B.1) Naturalização expressa • A naturalização expressa depende de requerimento do interessado, podendo ser ordinária ou extraordinária (quinzenária). • Art. 12, CF/88 - São brasileiros: II - naturalizados: • a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; (naturalização expressa ordinária) • b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) (naturalização expressa extraordinária/quinzenária) • B.1.1) Naturalização expressa ordinária • HIPÓTESES • 1º) Art. 12, II, "a", 1ª parte, CF/88. • Art. 12. São brasileiros: II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, [....]. • Portanto, poderão se naturalizar brasileiros os estrangeiros que cumprirem os requisitos previstos em lei. • Trata-se do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/1980), devidamente recepcionado pela Constituição da República de 1988, que estabelece, em seu art. 112, as condições indispensáveis para a aquisição da nacionalidade derivada. • Art. 112. São condições para a concessão da naturalização: • I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; • II - ser registrado como permanente no Brasil; • III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; • IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; • V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; • VI - bom procedimento; • VII - inexistênciade denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e • VIII - boa saúde. • § 1º não se exigirá a prova de boa saúde a nenhum estrangeiro que residir no País há mais de dois anos. • OBSERVAÇÃO. RELATIVIZAÇÃO DO PRAZO DE RESIDÊNCIA. • O prazo de residência no Brasil (4 anos) pode ser reduzido para um ano se o naturalizando: • i) tiver filho ou cônjuge brasileiro, • ii) for filho de brasileiro • iii) ou houver prestado ou puder prestar serviços relevantes ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça • iv) demonstrar capacidade técnica, artística ou científica. (Lei n. 6.815/80, art. 113). • 2º) Art. 12, II, "a", 2ª parte, CF/88. • Art. 12 - São brasileiros: II - naturalizados: a) [...] exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; • ORIGINÁRIOS DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA. 2 REQUISITOS: RESIDÊNCIA POR UM ANO ININTERRUPTO + IDONEIDADE MORAL. • Países de língua portuguesa – Açores, Angola, Cabo Verde, Gamão, Guiné Bissau, Goa, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. • 3º) Estatuto do Estrangeiro, art. 115, §2º, outras duas possibilidades: radicação precoce e conclusão de ensino superior. • Radicação precoce • Para os que venham a morar no Brasil com até cinco anos de idade incompletos, desde que façam o requerimento de naturalização até dois anos após completar a maioridade. • Conclusão de curso superior • Para os estrangeiros que venham a residir no país antes de completar a maioridade e tenham concluído curso de grau superior em estabelecimento nacional, desde que façam o requerimento da nacionalidade brasileira até um ano após a formatura. • OBSERVAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO À OBTENÇÃO DA NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA. • Mesmo que satisfeitos todos os requisitos listados na Constituição e na lei, não se pode falar em direito público subjetivo à obtenção da naturalização ordinária. A concessão de nacionalidade é ato de soberania estatal do Chefe do Poder Executivo (Presidente da República), que pode, discricionariamente, negar-se a concedê-la. • B.1.2) Naturalização expressa extraordinária/quinzenária • Prevista no art. 12, II, "b", CF/88. • Art. 12 - São brasileiros: II - naturalizados: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). • A naturalização extraordinária só será obtida pelo indivíduo que, capacitado civilmente, observar as seguintes condições: • (1) residência ininterrupta no território nacional por mais de quinze anos; • (2) ausência de condenação penal e • (3) apresentação de requerimento de naturalização. • OBSERVAÇÃO. RESIDÊNCIA ININTERRUPTA. • Sobre a residência ininterrupta na República Federativa do Brasil vale dizer que ela não se abala por meras ausências temporárias - decorrentes, por exemplo, de viagens de férias no exterior ou compromissos laborais fora do país (Agravo nº 32.074- DF, STF, Rei. Min. Hermes Lima). • OBSERVAÇÃO 2. EXISTE DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO À NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA. • contrariamente ao que se passa na naturalização ordinária, na via extraordinária o preenchimento de todos os requisitos constitucionais é suficiente à aquisição da nacionalidade (existe direito público subjetivo à naturalização extraordinária). • Assim, se o indivíduo reside no país ininterruptamente por mais de quinze anos, não tem nenhuma condenação penal e requer a naturalização, esta lhe será concedida - não há discricionariedade para o Presidente da República, que não poderá recusar o pleito. Fonte: Marcelo Novelino. • OBSERVAÇÃO. CONFLITO NEGATIVO DE NACIONALIDADE. APATRIDIA. APÁTRIDA Nasceu no Território do Estado “B” Filhos de pais nacionais do Estado “J” Estado “B” adota com exclusividade o critério sanguíneo Não será nacional do Estado “B”. Estado “J” adota com exclusividade o critério territorial Não será nacional do Estado “J” • OBSERVAÇÃO. CONFLITO POSITIVO DE NACIONALIDADE. POLIPÁTRIDAS. • Polipátridas são aqueles que, quando do nascimento, se enquadram nos critérios concessivos de nacionalidade originária de mais de um Estado, ocasionando um conflito positivo que normalmente resulta em dupla (ou mesmo múltipla) nacionalidade. • Exemplo: • criança que nasça no Estado “C”, no qual vigora o critério territorial de obtenção de nacionalidade, sendo filha de pais nacionais do Estado “D”, que reconheça o critério sanguíneo: será nacional de ambos, por se enquadrar integralmente em ambas as regras estatais de aquisição. • QUASE NACIONALIDADE (OU BRASILEIROS POR EQUIPARAÇÃO). • Peculiar característica do ordenamento pátrio é a que prevê a figura do português equiparado, conforme dicção do art. 12, § 1°, CF/88: • Art. 12, § 1º, CF/88. “Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)”. • Aos portugueses residentes no Brasil, caso haja reciprocidade de Portugal, serão atribuídos os mesmos direitos inerentes ao brasileiro naturalizado. Esta hipótese é conhecida como quase nacionalidade. • Apesar de manter sua nacionalidade de origem, o português é equiparado ao brasileiro naturalizado. sem precisar, para isso, de submeter-se a qualquer procedimento de naturalização. Isso significa que os portugueses permanecerão estrangeiros, porque não naturalizados, muito embora possuidores de direitos equivalentes aos ostentados pelos brasileiros naturalizados, em razão da reciprocidade. Ficarão, pois, na condição de quase nacionais. • OBSERVAÇÃO. RECIPROCIDADE? • A reciprocidade existe, já que em 2001 foi reafirmado o Tratado Bilateral de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil. • os portugueses que aqui residam em caráter permanente poderão comparecer ao Ministério da Justiça, munidos de documento que comprove a nacionalidade portuguesa, a capacidade civil e a admissão na República Federativa do Brasil em caráter permanente; para requerer a quase nacionalidade • OBSERVAÇÃO. O BENEFICIÁRIO NÃO DETÉM TODOS OS DIREITOS PRÓPRIOS DO NATURALIZADO. • O beneficiário continua sendo estrangeiro. Deste modo, ao contrário do naturalizado: • 1) não pode prestar o serviço militar. • 2) se sujeita à expulsão e também à extradição (esta requerida pelo Governo português). • 3) em situação no exterior na qual necessite de proteção diplomática, deverá requerê-la a Portugal e não ao Brasil. • DIFERENÇAS DE TRATAMENTO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS • A Constituição proíbe que a lei estabeleça distinção entre brasileiros natos e naturalizados: • Art. 12, § 2º, CF/88. “A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição”. • Nada obstante, o texto constitucional prevê quatro hipóteses em que há diferença de tratamento. Estas hipóteses - que, ressalte-se, são taxativas, isto é, as únicas admitidas - referem-se: • 1º) aos cargos • 2º) aos assentos no Conselho da República • 3º) à extradição • 4º) à propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora de sons e imagens. • 1º ) Cargos • alguns cargos estratégicos são privativos de brasileiros natos, ou porque compõem a linha sucessória (e de substituição) presidencial ou por razões de segurança nacional.Nos exatos termos postos pela Constituição (Art. 12, §3º), são privativos de brasileiros natos os cargos: • I - de Presidente e Vice-Presidente da República; justificativa: PR é o cargo público mais elevado da nação. Necessidade de proteção. • II - de Presidente da Câmara dos Deputados; justificativa: linha sucessória do Presidente da República. • III - de Presidente do Senado Federal; justificativa: linha sucessória do Presidente da República. • IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; justificativa: linha sucessória do Presidente da República. • V - da carreira diplomática; justificativa: questão de segurança nacional (posição estratégica do cargo) • VI - de oficial das Forças Armadas. justificativa: questão de segurança nacional (posição estratégica do cargo) • VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) justificativa: questão de segurança nacional (posição estratégica do cargo) • OBSERVAÇÃO. TODOS OS 11 MINISTROS DO STF DEVEM SER BRASILEIROS NATOS? • SIM. uma vez que se revezam no exercício da presidência do Tribunal. Apesar de o sistema de votação ser secreto, como prevê o regimento interno, é tradição na Corte que o Vice seja eleito Presidente e que o Ministro mais antigo - que ainda não tenha assumido nenhum dos cargos - ocupe a Vice-Presidência. • OBSERVAÇÃO. OS MINISTROS DOS DEMAIS TRIBUNAIS DO PJ PRECISAM SER BRASILEIROS NATOS? • NÃO. Por exemplo, os Ministros do STJ podem ser brasileiros naturalizados. Exemplo: Felix Fischer, nascido em Hamburgo/Alemanha. • OBSERVAÇÃO. BRASILEIRO NATURALIZADO PODE OCUPAR VAGA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS OU NO SENADO FEDERAL? • SIM. Não é defeso ao brasileiro naturalizado ocupar uma vaga na Câmara de Deputados ou no Senado Federal, no entanto apenas os brasileiros natos poderão se tornar presidentes das respectivas casas. • 2º) Assentos no Conselho da República • Conselho da República: órgão superior de consulta do Presidente da República. Nele são reservados seis assentos aos brasileiros natos, com mais de 35 anos (CF, art. 89, VII). • O Conselho tem competência para pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio, bem como acerca de questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. • Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: • I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI - o Ministro da Justiça; VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. • 3º) Extradição • Com relação à extradição, o tratamento diferenciado entre o brasileiro nato e o naturalizado está expresso no art. 5°, LI, CF/88, que determina que o brasileiro nato não pode ser extraditado, em hipótese alguma. • Art. 5º, LI, CF/88 – “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”. • OBSERVAÇÃO. BRASILEIRO NATO, DOTADO DE DUPLA NACIONALIDADE, PODE SER EXTRADITADO SE OUTRO PAÍS REQUISITAR SUA EXTRADIÇÃO? • Exemplo: brasileiro nato que também tem nacionalidade italiana. comete um crime na Itália e consegue se deslocar para o Brasil. • Resposta: NÃO. ainda que o governo italiano requeira sua extradição, a República Federativa do Brasil não a concederá, pois, apesar de ser nacional do Estado requerente (Itália), é brasileiro nato. • Todavia, a CF/88 permite a extradição do brasileiro naturalizado. Em duas situações: • (i) prática de um crime comum antes da naturalização. • Neste caso, para evitar que o indivíduo adquira a nacionalidade apenas como forma de não ser extraditado, impede-se a incidência da proteção contra o processo extradicional se o sujeito tiver praticado o crime comum antes da naturalização, isto é, antes de lhe ser entregue o certificado de naturalização. • OBSERVAÇÃO. SOMENTE CRIME COMUM. • Ressalte-se que se o crime não for comum, mas sim político ou de opinião, não poderá haver a extradição do brasileiro naturalizado. • Tampouco estrangeiros serão extraditados pela prática de crimes políticos ou de opinião. • Art. 5º, LII, CF/88: "Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião". • (ii) na hipótese de envolvimento comprovado com o tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas afins. • Neste caso, a Constituição permite a extradição independentemente de o crime ter sido praticado antes ou depois da naturalização. • OBSERVAÇÃO. EXTRADIÇÃO ≠ DEPORTAÇÃO ≠ EXPULSÃO • (A) A extradição é ato através do qual um determinado Estado entrega um indivíduo, que está sendo acusado de um crime ou já foi condenado pela atividade delituosa, à justiça de outro Estado, que postula o direito de julgá-lo ou puni-lo. • (B) A expulsão consiste na retirada à força, do território brasileiro, de um estrangeiro que tenha praticado os atos tipificados no art. 65 da Lei 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro) , a saber: • I) atentar contra: a) a segurança nacional; b) a ordem política ou social; c) a tranquilidade ou moralidade pública; d) a economia popular; II) adotar procedimento que o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais; III) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil; IV) entrar no território nacional com infração à lei e dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; V) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou, VI) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro. • Atenção! Súmula 1, STF: • “É vedada a expulsão de estrangeiro casado com Brasileira, ou que tenha filho Brasileiro, dependente da economia paterna”. • o Estatuto do Estrangeiro também (Art. 75) veda a expulsão em duas hipóteses: • I) se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou • II) quando o estrangeiro tiver: a) cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de cinco anos; ou b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. • (c) A deportação consiste na devolução compulsória ao país de origem, de procedência ou mesmo para qualquer outro que consinta em recebê-lo, do estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no território nacional (Lei 6.815/1980, arts. 57 e 58). • 4º) Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão • Para que o brasileiro naturalizado possa ser proprietário de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, a Constituição de 1988 exige a aquisição da nacionalidade brasileira há mais de dez anos. • Art. 222. “A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País”. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002) • PERDA DO DIREITO DE NACIONALIDADE • As hipóteses de perda do direito de nacionalidade são enumeradas taxativamente pela Constituição de 1988 (CF, art. 12, § 4.°). • As hipóteses de perda da nacionalidade foram regulamentadas pela Lei 818/1949. • Art. 12, § 4º, CF/88 - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: • I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude deatividade nociva ao interesse nacional; • II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) • a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) • b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) • HIPÓTESES • 1) Atividade nociva ao interesse nacional • HIPÓTESE APLICÁVEL SOMENTE AOS BRASILEIROS NATURALIZADOS, NÃO ALCANÇANDO OS BRASILEIROS NATOS. • Art. 12, §4º, I, CF/88: “Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional”. • Esta hipótese é conhecida como perda-punição pois tem cunho sancionatório. • REQUISITOS (2) • (1) prática de atividade nociva ao interesse nacional, isto é, atividade que viole a ordem pública ou a segurança social, e • (2) como decorrência desse ato, a decretação judicial, por sentença transitada em julgado, do cancelamento da naturalização (competência é da Justiça Federal - art. 109, inciso X, CF). • OBSERVAÇÃO. ATIVIDADE NOCIVA? • Não há nenhuma referência legislativa ao que seja uma atividade nociva ao interesse nacional. Todavia, a doutrina considera nocivo ao interesse nacional um ato que, além de tipificado na legislação penal como crime, seja, de alguma forma, contrário aos interesses do Estado brasileiro. Obs.: introduzir estrangeiro clandestinamente ou ocultar clandestino ou irregular (Lei nº 6.815/80) • 2) Naturalização voluntária (CF, art. 12, § 4.°, II) • HIPÓTESE APLICÁVEL A BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS. • Art. 12, §4º, II, CF/88: • § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: • a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; • b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; • Esta segunda hipótese de perda da nacionalidade é denominada de perda-mudança. • Em regra, a aquisição de nova nacionalidade culmina na perda da nacionalidade brasileira. • EXCEÇÃO: A POSSIBILIDADE DA DUPLA NACIONALIDADE. • 2 hipóteses: • A) reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira (CF, art. 12, § 4.°, II, a). • um brasileiro pode adquirir outra nacionalidade sem perder a brasileira, bastando, para tanto, que referida aquisição importe em recebimento de nacionalidade primária. Justifica-se tal autorização em virtude de a aquisição da nacionalidade originária ser resultado de fato natural (o nascimento) e, por isso, não guardar qualquer dependência com eventual manifestação de vontade. • ATENÇÃO! 1ª TURMA DO STF; JULGADO DE ABRIL DE 2016. perda de nacionalidade de brasileira naturalizada norte-americana • (MS) 33864 • Cláudia Cristina Sobral se mudou para os Estados Unidos em 1990, onde se casou e obteve visto de permanência (green card). Em 1999, requereu nacionalidade norte-americana e, seguindo a lei local, declarou renunciar e abjurar fidelidade a qualquer outro estado ou soberania. Em 2007, ela voltou para o Brasil e, dias depois de sua partida, o marido, nacional norte-americano, foi encontrado morto, a tiros, na residência do casal. O governo dos Estados Unidos indiciou a impetrante por homicídio e requereu a extradição para que ela responda ao processo naquele país. • No mandado de segurança, a autora alega que a perda da nacionalidade brasileira seria desproporcional, pois a obtenção da cidadania norte-americana teve como objetivo a possibilidade de pleno gozo de direitos civis, inclusive o de moradia. O representante do Ministério Público Federal presente na sessão sustentou que, ao receber a nacionalidade norte-americana, Cláudia Sobral teria perdido, tacitamente, a nacionalidade brasileira, conforme estabelece o artigo 12, parágrafo 4º, inciso II, da Constituição Federal. Argumenta, ainda, que a tentativa de resgatar a nacionalidade brasileira é ato de má-fé e tem por objetivo evitar o processo criminal. • Art. 12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) • Em seu voto, o relator do processo, ministro Luís Roberto Barroso, considerou legítimo o ato do ministro da Justiça de cassação da nacionalidade, pois, apenas nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira é que não se aplica a perda a quem adquira outra nacionalidade. O ministro observou que a aquisição da cidadania americana ocorreu por livre e espontânea vontade, pois ela já tinha o green card, que lhe assegurava pleno direito de moradia e trabalho legal. • OBSERVAÇÃO: Extradição 1462/ 2017 • No dia 28/3/2017, o a 1ª turma do STF autorizou a extradição de Claudia Cristina Sobral. A maioria dos ministros da turma entendeu que ela, ao se naturalizar norte- americana (mesmo já possuindo o “green card”), abriu mão da nacionalidade brasileira, o que permitiria a extradição. • Atenção • os ministros fixaram condicionantes para o envio de Claudia ao país norte-americano. Foi definido, por exemplo, (1) que o governo daquele país não poderá aplicar as penas de morte ou de prisão perpétua e que (2) ela só poderá ficar presa por 30 anos, prazo máximo de detenção previsto pela legislação brasileira. • Votaram pela extradição os ministros: Luís Roberto Barroso (relator), Alexandre de Moraes e Luiz Fux. Apenas Marco Aurélio votou contra sob argumento de que será a primeira vez que o STF manda extraditar brasileiro nato. • Exemplo: • Nesse caso, a criança (que é brasileira pelo art. 12, 1, "a", CF/88/ critério territorial) poderá requerer a nacionalidade italiana, por ser filha de italianos (vínculo sanguíneo), através de simples procedimento administrativo, sem que isso ocasione a perda da nacionalidade brasileira, vez que a hipótese é de simples reconhecimento de nacionalidade originária. ITALIANA ITALIANO NASCIDOS EM TERRITÓRIO BRASILEIRO, DE NACIONALIDADE BRASILEIRA (NATOS) • B) imposição de naturalização ao brasileiro nato ou naturalizado residente em estado estrangeiro como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis (CF, art. 12, § 4.°, II, b). • Neste caso, por se tratar de uma imposição heterônoma (“involuntária”) e não de uma vontade do indivíduo em adquirir uma nova nacionalidade, não ocorrerá a perda da nacionalidade brasileira.
Compartilhar