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TRABALHO DE SUCESSÕES

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
DIREITO
Título
RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR POR DÍVIDAS DO DE CUJUS
Prof.
Henrique Goron
Autor:
Laone Loucival de Souza Filho
Gravataí/RS
2017/1
1 - INTRODUÇÃO
A presente pesquisa visa explorar o instituto da sucessão causa mortis, regulado pelo Código Civil de 2002 e pelo Código de Processo Civil de 2015, especialmente no tocante a responsabilidade dos herdeiros e, ao abrigo da Lei, como os tribunais e doutrinas estão trabalhando o referido instituto.
 No primeiro capítulo iremos explicar como está regulada a sucessão, seu conceito e um breve relato histórico que nos ajudarão a compreender a matéria.
 No segundo capítulo abordaremos a possibilidade de responsabilização dos herdeiros, deslindando o artigo 1.792 do CCB e apresentando sua aplicação. 
Por fim, concluiremos, sem a pretensão de esgotar a matéria, com o que conseguimos formular de entendimento e quais os cuidados que devemos ter ao tratar da questão proposta. 
2. – DIREITO À SUCESSÃO
2.1 – Conceito
A palavra sucessão tem sua origem no Latim, sub-cedere, e possui significado de sequência ou continuação. 
Desta forma, conforme nos ensina Caio Mário, a sucessão “tem o sentido genérico de virem os fatos e fenômenos jurídicos uns depois dos outros (sub + cedere). Sucessão é a respectiva sequência”. Nessa esteira, afirma ainda:
No vocabulário jurídico, toma-se a palavra na acepção própria de uma pessoa inserir-se na titularidade de uma relação jurídica que lhe advém de outra pessoa, e, por metonímia, a própria transferência de direitos, de uma a outra pessoa.[2: PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. v. 6, p. 1 e ss.]
Assim, tem-se por Direito das sucessões o ramo do Direito que versa sobre a sequência do patrimônio, direitos e deveres, com a morte do titular. Garantindo que se mantenha um fluxo, que via de regra segue uma ordem natural, onde os descendentes, ascendentes, cônjuges ou companheiros e até parentes colaterais possam seguir na administração e posse de bens daquele que perece.
2.2 – Da Evolução Histórica Do Direito De Sucessão No Brasil
O Direito Sucessório apresentou mudanças conforma a modernidade exigia, primeiramente, o Direito a Sucessão possuía um enorme viés religioso e político e existia para que se mantivessem as propriedades na posse de um mesmo círculo de forma perpétua.
Em 1916, com a elaboração do Código Civil, o que tivemos foi uma abordagem do Direito Civil nos moldes germânicos, com influência fortemente positivista e refletia, também, o liberalismo econômico em um País eminentemente agrícola com forte tendência à manutenção do status quo da elite, formada a partir dos grandes proprietários e produtores rurais.
Com o passar dos anos, o Código Civil foi se mostrando insuficiente para as constantes mudanças apresentadas pela sociedade e, devido ao dinamismo da modernidade, fez-se imperioso que buscássemos mudança.
A Constituição Federal de 1988 surgiu para elevar ao rol de direito fundamental o Direito Sucessório e, portanto, cláusula pétrea, relacionando-o com os dois outros aspectos que sempre o acompanharam: de um lado o direito de família, dinâmico e cada vez mais voltado para aspectos do afeto entre as pessoas e, de outro, o direito de propriedade, cada vez mais vinculados à sua função social, ambos os aspectos que se contrapõem à tendência individualista e descartável da sociedade atual.
No ano de 2002, com o advento do Código Civil, este já com uma ideia trazida na Constituição Federal de 1988, visa uma maior amplitude do Direito Sucessório, respeitando as variações verificadas com a evolução da vida na sociedade moderna.
Segundo refere Miguel Reale, a aplicação da igualdade absoluta entre os cônjuges e os filhos é o traço mais importante a ser mencionado em direito de família, a estender-se também ao direito das sucessões.[3: REALE, Miguel. Prefácio. Novo Código Civil brasileiro – Estudo comparativo. 4. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: RT, 2004, p. 19.]
Outro ponto importante em sede de direito das sucessões: do princípio da dignidade da pessoa humana é apto a afastar qualquer disposição de última vontade que seja atentatória à dignidade dos herdeiros ou de qualquer pessoa. Mesmo na parte disponível, portanto, a liberdade de testar está vinculada a postulados constitucionais mais elevados.
O Código Civil de 2002 em sua amplitude busca esgotar todas as minúcias pertinentes à Sucessão, regulando e prevendo a possibilidade da Sucessão do de cujus, enquanto devedor
3 – Da Responsabilidade Pelos Débitos No Limite Da Sucessão
3.1 – Da Previsão Legal E Aplicação
A responsabilidade dos sucessores por dívidas do de cujus está regulada pelo Art.1.792 do Código Civil pátrio, que dispõe de forma clara e expressa de que forma a sucessão responde por dívidas do de cujus, vejamos:
O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.[4: BRASIL, Código Civil brasileiro de 2002, Art. 1.792. disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm, acessado no dia 01/06/2017.]
Nesse sentido Maria Berenice Dias discorre:
Os herdeiros fazem jus ao que sobrar do patrimônio depois de atendidos os encargos do falecido. O limite da responsabilidade é a dimensão do acervo sucessório. É o que se chama beneficio de inventário. (CC 1.792): os herdeiros não respondem pelos encargos superiores as forças da herança, nem seus bens particulares. Esgotadas as forças do acervo sucessório os credores não podem se voltar contra os herdeiros para que respondam pessoalmente pelas obrigações exclusivas do autor da herança.[5: Dias, Maria Berenice. Manual das Sucessões. P.572 e 573. Editora Revista dos Tribunais. 2 Ed. São Paulo.]
No Art. 1.997 do Código Civil, podemos verificar que o legislador tomou o cuidado de quantificar a responsabilidade de cada sucessor, in litteris:
Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube.[6: BRASIL, Código Civil brasileiro de 2002, Art. 1.792. disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm, acessado no dia 01/06/2017.]
Resta evidente então, a impossibilidade de se exigir do sucessor o adimplemento de dívidas do de cujus, além das forças da herança, havendo responsabilidade do sucessor apenas no tocante ao quinhão recebido, como bem nos lembra Silvio Rodrigues:
...a partilha é feita aos herdeiros na presunção de que os bens partilhados pertencem ao espólio, pois não há mais dívidas. Se, todavia, é o contrário que se verifica, já que o remanesceram débitos a ser resgatados, o dever de resgatá-los transmite aos herdeiros. estes, em tese, representam a pessoa do finado. A eles se impõe o dever de pagar as dívidas que deviam ser pagas por seu representado. 
Como os herdeiros sucedem em quinhões diferentes, respondem também, diferentemente na proporção dos mesmos quinhões...[7: Rodrigues Silvio. Direito civil – direito das sucessões p.332. São Paulo saraiva 2003]
Desta forma, deixa-nos claro que a responsabilidade do sucessor existe, porém está condicionado ao limite das forças da herança, o que não impede que na ausência de processo de inventário, se direcione a cobrança aos sucessores.
Em outras palavras, é descabida a alegação de ilegitimidade passiva em razão do artigo 1.792 CC. Visando a satisfação do credor e a fim de evitar ao devedor escudar-se à luz do dispositivo legal supracitado, os tribunais têm entendido como legitimo o direcionamento da cobrança diretamente à sucessão, resguardando a responsabilidade em termos de liquidez ao limite da herança, conforme vemos a seguir:
AGRAVO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INÉRCIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. NULIDADE. 1. Em caso de falecimento daparte, procede-se à substituição pelo espólio ou por seus sucessores. Na falta de abertura de inventário e da nomeação de inventariante, afigura-se correta a substituição pela viúva e pelos herdeiros. A ausência de citação de todos os herdeiros constitui-se em mera irregularidade que pode ser sanada. 2. (...). Recurso desprovido.[8: Agravo Nº 70044249886, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Isabel de Azevedo Souza, Julgado em 25/08/2011]
Assim, evidenciado está o entendimento dado pelo Tribunal do Rio Grande do Sul, a cerca da responsabilidade do sucessor pelos débitos do de cujus.
3.2 – Análise de um caso concreto 
Conforme proposta inicial, abordaremos agora um caso concreto a fim de ilustrar a aplicação da norma legal. Trata-se de agravo de instrumento julgado no dia 17 de agosto de 2016, pela Vigésima Pirmeira Câmara Cível, com relatoria do Desembargador Almir Porto Da Rocha Filho, sob o nº 70069651156. 
O caso em tela versava sobre a (im)possibilidade do Estado em executar os sucessores do de cujus em face da impossibilidade de ver seu crédito satisfeito.
O Des. Almir Filho entendeu descabida a execução em face dos sucessores por não ter restado evidenciado que o de cujus tenha deixado quaisquer bens aos sucessores, vejamos:
Evidentemente que, falecido o devedor, responde o espólio pelos débitos existentes em seu nome.
Não há qualquer demonstração nos autos de existência de patrimônio deixado aos herdeiros. Aduzem os agravantes que “O de cujus possuía quatro filhos, ora agravantes, contudo abandonou os mesmos em tenra idade e sequer assistiu-os ou deixou bens a inventariar, sendo desconhecido o seu paradeiro até a data de seu óbito” (fl. 07).
Na certidão de óbito, trazida pelo próprio Estado, consta que o falecido devedor “Não deixou bens. Não deixou testamento” (fl. 507 – fl. 247 na origem).
Não foi localizado processo de inventário, conforme certificado (fl. 510 – fl. 249 na origem).
Em resposta a ofício encaminhado, a Receita Federal informou, em 21/10/2002, que “Não existem em nossos arquivos declarações do(s) contribuinte(s) NELSON LUIZ DUARTE ESCALLIER inscrito(s) no cadastro sob o(s) número(s) 107.756.500-30” (fl. 321 – fl. 107 na origem).
Não há que se falar em correção do polo passivo para inclusão de filhos, em execução fiscal, pelo simples parentesco, sob pena de responderem pelo débito que não é deles com o seu patrimônio pessoal. Leciona Bernardo Ribeiro de Moraes que “É de tradição o princípio de que a responsabilidade dos herdeiros não pode ultrapassar as forças da respectiva herança”. Nem ao menos há indícios nos autos de que tenha deixado herança. Submeter os agravantes a processo executivo por mera suposição de que possam algo ter herdado, apesar de não localizados bens do genitor executado, é surreal.
Destarte, possível verificar a aplicação do disposto nos Arts. 1.792 e 1.997 do Código Civil.
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme apresentado no presente trabalho, pudemos verificar que o legislador tratou de, na melhor forma possível, conciliar a possibilidade de satisfação do credor, com a segurança jurídico-financeira do sucessor, quando do falecimento do devedor.
O modo como fora trabalhado, pelo legislador, o instituto da sucessão confere-nos segurança jurídica garantindo que não hajam excessos quando de possível execução, conforme o caso trazido à análise.
Ante a todo o exposto, conclui-se que a responsabilidade pelo adimplemento das dívidas do espólio cabe ao acervo deixado pelo de cujus, assim sendo, a herança responde pelos débitos, e tão somente, pois a relação obrigacional foi estabelecida, animus, pelo de cujus quando ainda vivo, não podendo responsabilizar terceiros por dívidas contraídas por outrem, sob pena de gerar insegurança jurídica.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Código Civil brasileiro de 2002, Art. 1.792. disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm, acessado no dia 01/06/2017.
DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2011. 2 edição.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. v. 6, p. 1 e ss. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Direito das sucessões. Instituições de direito civil – v. 6. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
REALE, Miguel. Prefácio. Novo Código Civil brasileiro – Estudo comparativo. 4. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: RT, 2004.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das Sucessões. 26 ed. São Paulo: Saraiva, 2003
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito das sucessões. Direito civil – v. 7. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

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