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DIREITO PENAL I TEXTO

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HISTÓRIA DO DIREITO PENAL 
 
 
1. PERÍODO GERMÂNICO: até o século VI. O Direito tem 
caráter consuetudinário. Os delitos (quebra da paz) eram solucionados de 
maneira privada, pela vítima ou sua tribo, dada a fraca centralização do poder. 
A pena pública - a perda da paz - era reservada para delitos contra a 
comunidade (traição, covardia, ofensa ao culto). O processo penal orientava-se 
pelo duelo (disputatio) ou pelas ordálias. O estado de inimizade (faida) 
solucionava-se pela vingança de sangue (blutrache) ou pela composição 
(wergeld). 
 
2. PERÍODO FRANCO: do século VI ao IX. Ocorre certa 
centralização do poder pela presença do rei (períodos merovíngio e 
carolíngio), bem como aparecem fontes jurídicas escritas (capitulares) e 
tribunais do monarca. Procurou-se atenuar o estado de inimizade provocado 
pelo crime com os convênios de reparação. Estabeleceram-se somas fixas para 
as indenizações. Previu-se pena pública para alguns delitos contra o Estado 
(contra a fidelidade ao monarca, a moeda, a religião cristã). Surgem os asilos 
eclesiásticos. 
 
3. DIREITO CANÔNICO: com a fragmentação do poder 
político, nos séculos X a XII, a igreja passa a protagonizar a manutenção da 
ordem social. Bispos visitavam os povoados (visitatio), consultando as 
pessoas mais importantes sobre eventuais delitos ocorridos, bem como 
admitindo delações espontâneas. Em seguida, ocorria a inquisitio, processo 
para apuração da denúncia. As penas eclesiásticas eram a degradação, a 
deposição, a suspensão, os interditos e a excomunhão. Havia delitos 
eclesiásticos, seculares e mistos. Paulatinamente, a experiência eclesiástica na 
condução de inquéritos é compilada para orientar os inquisidores: compilações 
de Bernard Gui (1323), de Nicolau Eymerich (1376), de Kramer e Sprenger 
(Malleus Maleficarum, 1484), de Torquemada (Instruções, 1484), de Valdés 
(1561). Faz-se uso abusivo da tortura, como forma de apuração da verdade. 
 
4. IDADE MODERNA: aos poucos, o poder secular volta a 
centralizar-se, apropriando-se da expediência eclesiástica do inquérito, para 
controle político. O crime passa a ser visto como atentado ao soberano, não à 
vítima. Por isso, as penas são atrozes: basicamente de morte e corporais. Além 
disso, a imposição de multas aos nobres permite ao monarca acumular 
recursos. Consolida-se, no Estado, a inquisitio. A pena assume um caráter 
definitivamente público: na Alemanha, Carlos V, em 1532, edita a Constituto 
Criminalis Carolina; na França, a partir do século XIII, os Costumes 
(recompilações de leis e usos feudais) vão cedendo lugar aos juízes reais; na 
Espanha, Afonso X, em 1263, edita as Siete Partidas, e, em 1485, surgem as 
Ordenanzas Reales de Castela; em Portugal, as Ordenações passam a 
regulamentar o Direito Penal (Afonsinas, de 1447, Manuelinas, de 1514, e 
Filipinas, de 1603). 
 
5. IDADE CONTEMPORÂNEA: com o Iluminismo, inicia-se 
o processo de humanização do Direito Penal, já consolidado em sua natureza 
público-estatal. 
 
TEORIA DA NORMA PENAL 
 
 
 socialização primária 
 
 informal 
 
 socialização secundária 
 
Controle social 
 
 extranormativo 
 
 formal 
 penal 
 normativo 
 extrapenal 
 
- Direito penal: objetivo e subjetivo 
 
- Bem social / bem jurídico / bem jurídico-penal 
 valores/interesses/necessidades/situações 
- Bem jurídico-penal 
 transcendentalidade 
 
 
 parte geral (leis especiais – art. 12 do CP) 
- Código Penal 
 parte especial 
 
 
- Direito penal - fundamental e complementar; comum e especial 
 
 
 primário (conduta) 
- Preceitos 
 secundário (sanção) 
 
 
 homogênea (Legislativo) 
- Lei penal em branco 
 heterogênea (Executivo) 
 
- Lei penal em branco com complemento heterogêneo é constitucional, desde 
que descreva adequadamente a conduta proibida ou mandada, remetendo para 
o Poder Executivo a integração apenas de aspectos secundários da norma 
 
- Interpretação: 
A) Autêntica, doutrinária e judicial 
B) Gramatical, lógica, teleológica, histórica, sistemática 
C) Declaratória, restritiva, extensiva 
D) Interpretação progressiva 
E) Interpretação analógica e analogia 
 
 
formal imediata (lei – competência da União) 
- Fontes 
 formal mediata (costumes, jurisprudência etc.) 
 
 
- Estados-membros podem legislar em matéria penal, desde que haja 
autorização via lei complementar da União (art. 22, parágrafo único, da CF) 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PENAIS 
 
- Princípio da dignidade da pessoa humana – art. 1º, III, CF 
(sobreprincípio) 
- Princípio da igualdade – art. 5º, caput, CF 
- Princípio da proporcionalidade/razoabilidade – arts. 1º, caput, e 5º, LIV, 
CF 
- Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos ou da lesividade ou da 
ofensividade (criminalização/descriminalização) – art. 5º, caput, CF 
(liberdade) 
- Princípio de secularização – arts. 1º, parágrafo único, e 5º, VI, CF 
- Princípio de culpabilidade e responsabilidade subjetiva – art. 5º, caput, 
CF (igualdade e liberdade) 
- Princípio da legalidade (nullum crimen nulla poena sine lege 
scripta/costume, nullum crimen nulla poena sine lege stricta/analogia e 
medida provisória, nullum crimen nulla poena sine lege certa/determinação) – 
arts. 5º, XXXIX, e 62, § 1º, I, “b”, CF 
- Princípio da irretroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine 
lege praevia) – art. 5º, XL,CF 
- Direito penal mínimo – art. 5º, caput, CF (primado da liberdade: 
subsidiariedade e fragmentariedade) 
- Mandamentos de incriminação – art. 5º, XLI (discriminação a direitos 
fundamentais), XLII (racismo), XLIII (crimes de tortura, tráfico de drogas, 
terrorismo e hediondos), XLIV (contra a ordem constitucional-democrática), 
CF 
- Princípio da presunção de inocência – art. 5º, LVII, CF 
- Princípio da humanidade das penas - art. 5º, III, XLVII, XLVIII, XLIX e 
L, CF 
- Princípio da intranscendência das penas ou da pessoalidade – art. 5º, 
XLV, CF 
- Princípio da individualização das penas – art. 5º, XLVI, CF (cominação, 
aplicação, execução) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NORMA PENAL NO TEMPO 
 
- Tempo do crime (art. 4º, CP) – ação ou omissão 
 
- Vigência – as leis devem indicar quando entram em vigor (art. 8º da LC 
95/98, com a redação dada pela LC 107/2001); no período de vacância 
(vacatio legis), a lei, apesar de existente, vez que promulgada, não está ainda 
em vigor, não podendo ser aplicada 
 
- Sucessão de leis penais: dá-se quando uma mesma infração se sujeita a duas 
ou mais leis penais que se sucedem no tempo 
 
 ultra-atividade 
- Extra-atividade 
 retroatividade 
 
- Irretroatividade da norma penal (art. 1º, CP) – lex gravior 
 
- Retroatividade e ultratividade benéficas (art. 2º, CP) – lex mitior, abolitio 
criminis 
 
- Dúvida: pode-se ouvir o réu e seu defensor 
 
- Combinação de leis: STF não admite, nem STJ (Súmula 501); CP Militar 
também não (art. 2º, § 2º) 
 
- Leis intermediárias: sempre se aplica a mais benéfica 
 
- Leis temporárias e excepcionais (art. 3º, CP): são sempre ultra-ativas 
 
- Crimes continuado e permanente: aplica-se a lei nova mesmo mais 
gravosa (Súmula nº 711 do STF) 
 
- Lei penal em branco: norma complementar temporária ou excepcional é 
ultra-ativa 
 
- Aplicação da lei penal mais benéfica: após sentença condenatória 
definitiva, compete ao juiz da execução da pena (Súmula nº 611 doSTF) 
 
 
 
 
 
 
NORMA PENAL NO ESPAÇO 
 
- Lugar do crime (art. 6º, CP) – da conduta ou do resultado (teoria da 
ubiquidade, mista ou unitária) 
 
- Princípio da territorialidade temperada (como regra, a lei brasileira 
aplica-se aos crimes cometidos em território nacional). Exceção: imunidades 
diplomáticas (chefes de Estado e comitiva, agentes diplomáticos e familiares, 
funcionários estrangeiros e familiares detêm imunidade penal total, ficando 
sujeitos apenas à legislação nacional – Convenção de Viena de 1961 
promulgada pelo Decreto nº 56.435/65; agentes consulares detêm imunidade 
apenas relativamente a atos funcionais, mas pode haver ampliação via tratado 
específico – Convenção de Viena de 1963 promulgada pelo Decreto nº 
61.078/67; Estado acreditante pode renunciar à imunidade; Estado acreditado 
pode declarar agente estrangeiro persona non grata) 
 
- Território nacional: solo, mar territorial (12 milhas – Lei nº 8.617/93), 
espaço aéreo (Lei nº 7.565/86) 
 
- Território nacional por extensão: navios e aeronaves privados nacionais 
em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente e navios e aeronaves públicos 
em qualquer lugar (art. 5º, § 1º, CP) 
 
- Embarcações e aeronaves públicas estrangeiras: não se aplica a lei 
brasileira 
 
 
 incondicionada (art. 7º, § 1º, CP) 
- Extraterritorialidade 
 condicionada (art. 7º, §§ 2º e 3º, CP) 
 
 
 
 real, defesa ou proteção (art. 7º, I, “a” a “c”, CP) 
 justiça universal (art. 7º, I, “d”, e II, “a”, CP) 
- Princípios nacionalidade ativa (art. 7º, II, “b”, CP) 
 representação ou bandeira (art. 7º, II, “c”, CP) 
 nacionalidade passiva (art. 7º, § 3º, CP) 
 
- Lei nº 9.455/97 (art. 2º): crime de tortura (extraterritorialidade 
incondicionada): ser a vítima brasileira ou estar o agente em local sob 
jurisdição nacional (princípios da nacionalidade passiva ou da justiça 
universal) 
 
- Competência: geralmente, será da Justiça Estadual (arts. 88 e segs. do CPP); 
porém, será da Justiça Federal, quando os crimes forem praticados contra 
bens, serviços ou interesses da União, tiverem caráter internacional previsto 
em tratado ou convenção, ocorrerem a bordo de navio ou aeronave, 
objetivarem o ingresso ou a permanência irregular de estrangeiro (art. 109, IV, 
V, IX e X, da CF) 
 
- Contravenções penais: lei brasileira não se aplica fora do território nacional 
(art. 2º, LCP) 
 
- Compensação de penas (art. 8º, CP) 
 
 
 ativa (Estado que solicita) 
- Extradição (art. 5º, LI e LII, CF) 
 passiva (Estado que concede) 
 
 
 brasileiros natos (não – art. 5º, LI, CF) 
brasileiros naturalizados (não, salvo crimes comuns 
anteriores ou tráfico de entorpecentes) 
- Nacionalidade estrangeiros (sim, salvo crimes políticos ou de 
opinião – art. 5º, LII, CF) 
 
 
- Lei nº 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro): deportação, expulsão, 
extradição 
 
- Deportação: basicamente, é a retirada forçada de estrangeiro nos casos de 
entrada ou estada irregular no Brasil; é simples ato administrativo da 
autoridade policial; regularizada a situação, o estrangeiro pode retornar ao 
Brasil 
 
- Expulsão: basicamente, é a retirada forçada de estrangeiro considerado 
nocivo para a ordem pública ou inconveniente aos interesses nacionais; é ato 
do Presidente da República, após processo administrativo com ampla defesa; 
enquanto não revogado o decreto de expulsão, o estrangeiro não pode retornar 
ao Brasil 
 
- Transferência de presos: depende de promessa de reciprocidade, acordos 
bilaterais ou tratados (como a Convenção Interamericana sobre o 
Cumprimento de Sentenças Penais no Exterior); pode ser ativa ou passiva; 
pode assumir as modalidades de prosseguimento da execução (pelas leis do 
país da execução) ou de conversão da condenação; pode abarcar penas, 
medidas de segurança ou medidas sócio-educativas; pressupõe consentimento 
do preso (caráter humanitário); somente se beneficiam nacionais; sustenta-se a 
necessidade de homologação da sentença penal pelo STJ; pressupõe 
condenação definitiva, havendo reserva de jurisdição do país da condenação 
no que toca à revisão da sentença e à concessão de anistia ou indulto 
 
- Entrega: figura instituída pelo Tratado de Roma, que criou o Tribunal Penal 
Internacional; podem ser entregues até mesmo nacionais; relação entre país e 
organismo internacional supranacional 
 
- Homologação de sentença penal condenatória estrangeira (art. 9º, CP): 
competência do STJ (EC nº 45/2004); apenas para a aplicação de sanções 
cíveis ou cumprimento de medida de segurança, bem como para a restituição 
de bens ou valores decorrentes de lavagem de ativos provenientes de crimes 
praticados no estrangeiro (art. 8º da Lei nº 9.613/98); para caracterizar 
reincidência, não é preciso homologação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INVIOLABILIDADES PESSOAIS 
 
 
- Imunidade parlamentar: deputados federais e senadores, por palavra, voto 
e opinião; em qualquer local (art. 53 da CF); deputados estaduais, por palavra, 
voto e opinião; em qualquer local (art. 27, § 1º, da CF); vereadores, por 
palavra, voto e opinião; apenas na circunscrição do Município (art. 29, VIII, 
da CF); partícipes não respondem (Súmula nº 245 do STF só se aplica ao 
coautor); é causa de exclusão da tipicidade 
 
- Imunidade do advogado: arts. 133 da CF e 7º, § 2º, da Lei nº 8.906/94 (não 
abarca desacato, por decisão liminar do STF na ADIn 1.127-8, e calúnia); no 
exercício da atividade, em juízo ou fora dele 
 
 
 
 
PRAZO 
 
 
 
- Inclui-se dia do começo; contam-se dias, meses e anos pelo calendário 
comum; desconsideram-se frações de dias: arts. 10 e 11 do CP 
 
 
 
FATO PUNÍVEL 
 
 
- Conceito formal: infração à lei penal 
 
- Conceito material: lesão ou perigo de lesão a bem jurídico 
 
- Conceito analítico: fato típico, antijurídico e culpável 
 
 
 pessoa natural 
- Sujeito ativo 
 pessoa jurídica (Lei dos Crimes Ambientais) 
 
 
 direto (titular do bem jurídico) 
- Sujeito passivo 
 indireto (Estado) 
 
 
- Prejudicado (relevante para fins de responsabilidade civil) 
 
 objeto jurídico 
- Objeto do delito 
 objeto material 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TIPICIDADE 
 
 
 garantia 
- Funções 
 indiciária (ratio cognoscendi) 
 
 
 formal (norma: proibição ou mandado) 
- Tipicidade 
 material (bem jurídico) 
 
 
 princípio da insignificância 
- Correção típica (interpretação) 
 princípio da adequação social 
 
 
 descritivos (objetivos e subjetivos) 
- Elementos 
 normativos (jurídicos e extrajurídicos) 
 imediata/direta 
Adequação típica 
 mediata/indireta 
 
 
- Tipicidade: ação, resultado, nexo de causalidade, imputação objetiva 
(criação de risco não permitido e realização do risco) e imputação 
subjetiva/normativa (dolo/elementos subjetivos especiais e culpa) 
 
 
- Teorias da ação: 
 
a) teoria causal-naturalista (Liszt-Beling; “produção voluntária de uma 
modificação no mundo exterior”; não explica omissão; dolo e culpa na 
culpabilidade é assistemático) 
b) teoria finalista (Welzel; “exercício da atividade final”; dolo e culpa no tipo 
resolve o problema sistemático; não explica delitos culposos; postulado dasestruturas lógico-reais indemonstrável) 
c) teoria social (Jescheck; “conduta socialmente relevante”; não serve como 
limite; nos delitos artificiais a relevância jurídica precede a social) 
d) teoria pessoal (Roxin; “manifestação da personalidade”) 
 
 
- Exclusão da ação: vis absoluta (coação física absoluta), atos reflexos (atos 
instintivos ou automáticos são controláveis), estados de inconsciência 
(sonambulismo, mal súbito, hipnose profunda, embriaguez letárgica 
acidental), caso fortuito 
 
- Capacidade de ação da pessoa jurídica (art. 3º da Lei nº 9.605/98) 
 
 de mera conduta 
- Crimes 
 lesão 
 de resultado 
 concreto 
 perigo 
 abstrato
 
 
- Relação de causalidade: 
 
a) teoria da conditio sine qua non ou da equivalência dos antecedentes: 
adotada no Brasil (art. 13, caput, CP); método da eliminação hipotética; 
problema do regresso ao infinito 
b) teoria da causalidade adequada: juízo de idoneidade para a produção do 
resultado 
 
 preexistente 
 absolutamente independente concomitante 
 superveniente 
- Concausa 
 preexistente 
 relativamente independente concomitante 
 superveniente 
 
 
- Exclusão do nexo causal: causas absolutamente independentes (art. 13, 
caput, CP) e causa relativamente independente superveniente (art. 13, § 1º, 
CP) 
 
- Omissão própria (crime de mera conduta) 
 
- Omissão imprópria (crimes comissivos por omissão): causalidade 
normativa (art. 13, § 2º, CP: devia e podia evitar o resultado) 
 
 lei (dever legal) 
- Posição de garante assunção (obrigação contratual) 
 ingerência (comportamento anterior) 
- Imputação objetiva (Roxin): 
a) criação de risco juridicamente desaprovado (exclusão: diminuição do risco 
e risco permitido) 
b) realização do risco juridicamente desaprovado (exclusão: ausência de 
realização do risco, âmbito de proteção da norma de cuidado, conduta 
alternativa conforme ao Direito e âmbito de proteção do tipo) 
 
 dolo 
- Imputação subjetiva/normativa elementos subjetivos especiais 
 culpa (inconsciente: normativa) 
 
 representação 
- Dolo (natural) 
 vontade 
 
 direto 
- Dolo (art. 18, I, CP) 
 eventual (teoria do consentimento) 
 
- Dolus antecedens e dolus subsequens (não fundamentam imputação dolosa) 
 
- Dolo de ímpeto e dolo de propósito 
 
- Elementos subjetivos especiais: de intenção (de resultado cortado e 
mutilados de dois atos; ex.: para si, com o fim de obter), de tendência (ex.: 
propósito de ultrajar), motivos especiais (ex.: motivos fútil, torpe, nobre), 
momentos especiais de ânimo (ex.: inescrupulosamente) 
 
 
 imprudência/negligência/imperícia 
- Culpa (art. 18, II, CP) grave/leve 
consciente/inconsciente 
 
 
- Tipo culposo: excepcionalidade (art. 18, parágrafo único, CP) 
 
- Requisitos: tipicidade, conduta voluntária, resultado, relação causal, 
violação do dever objetivo de cuidado, previsibilidade objetiva 
 
- Crimes qualificados pelo resultado (art. 19, CP): dolo/dolo (art, 129, § 2º, 
IV, CP), culpa/culpa (art. 250, § 2º, c/c art. 258, in fine, CP), culpa/dolo (art. 
302, parágrafo único, III, CTB), dolo/culpa-preterdoloso (art. 129, § 3º, CP) 
 
- Erro de tipo (art. 20, caput, CP): invencível, exclui dolo e culpa; vencível, 
exclui dolo, podendo haver punição a título de culpa, se prevista legalmente. 
 
- Erro provocado por terceiro (art. 20, § 2º, CP) 
 
- Error in persona (art. 20, § 3º, CP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ILICITUDE 
 
 
 
 1. INTRODUÇÃO: 
 
 DEFINIÇÃO: ilicitude ou antijuridicidade é a relação de 
contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. Há quem 
entenda mais adequado o termo ilicitude, já que o crime é um fato jurídico, 
classificado como ato ilícito (Assis Toledo). Está consagrado, porém, o termo 
antijuridicidade. A doutrina dominante sustenta o caráter subsidiário do 
Direito Penal, como reforço de proibições ou mandados de outros ramos do 
ordenamento jurídico. 
 
 INDEPENDÊNCIA RELATIVA OU MITIGADA DAS 
INSTÂNCIAS: A ilicitude é uma só, dado o postulado da unidade do 
ordenamento jurídico, que não admite contradições. Contudo, segundo 
entendimento dominante, adota-se, no Brasil, a separação das instâncias penal 
e cível, com preponderância daquela, observada a suficiência probatória e a 
subordinação temática. Assim, faz coisa julgada no cível a sentença penal 
condenatória transitada em julgado (art. 63, CPP), podendo o próprio juízo 
penal fixar valor mínimo para a indenização (art. 387, IV, CPP). Também 
vinculam o juízo cível as sentenças penais definitivas que reconhecerem a 
inexistência do fato ou a negativa de autoria (art. 935, CC), bem como as 
causas de exclusão da ilicitude da legítima defesa, do estado de necessidade, 
do exercício regular de direito e do estrito cumprimento do dever legal (art. 
65, CPP). Além disso, o processo civil pode ser suspenso no aguardo da 
solução do caso no processo penal (art. 265, IV, "a", e § 5º, do CPC). 
 
 CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO: causas de justificação, 
justificantes, descriminantes ou causas de exclusão da ilicitude ou da 
antijuridicidade são permissões para que o agente realize a ação proibida ou 
deixe de realizar a ação mandada pela lei penal, em vista de situações de 
conflito social. Existem causas legais constantes da Parte Geral do CP (art. 
23): estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever 
legal, exercício regular de direito. Existem causas de justificação previstas na 
Parte Especial do CP: arts. 128 e 142, por exemplo. Existem causas legais na 
legislação extrapenal (basicamente direitos e deveres). Existem também 
causas supralegais: consentimento do ofendido, colisão de deveres. 
 
 FUNDAMENTO DAS JUSTIFICAÇÕES: as teorias 
monistas destacavam a finalidade como princípio unitário fundamentador das 
justificações (como o meio adequado para fins reconhecidos como justos, a 
ponderação de valores, o interesse predominante). Hoje, porém, são 
dominantes as teorias pluralistas, que identificam certos princípios sociais 
como fundamento das justificações: os princípios da proteção e da afirmação 
do Direito na legítima defesa, o princípio da ausência de interesse na proteção 
do bem jurídico no consentimento do ofendido, a área livre do Direito para a 
colisão de deveres etc. 
 
 ERRO: o CP (Exposição de Motivos) adotou a teoria 
limitada da culpabilidade. Assim, no caso de descriminante putativa fática 
(erro de tipo permissivo), se o erro acerca da situação fática justificante era 
invencível, há isenção de pena; se vencível, pune-se o crime na forma culposa, 
se previsto o tipo respectivo (art. 20, § 1°). Já no caso de descriminante 
putativa normativa (erro de proibição indireto ou erro de permissão) acerca da 
existência ou dos limites jurídicos da justificação, se o erro era invencível, há 
isenção de pena (afasta a culpabilidade, mais precisamente a potencial 
consciência da ilicitude); se vencível, pune-se o crime na forma dolosa, com 
atenuação da pena (art. 21, caput). Aplicam-se a qualquer causa de 
justificação. 
 
 
 2. LEGÍTIMA DEFESA: 
 
 PRINCÍPIOS: da proteção individual e da afirmação do 
Direito. 
 
 REQUISITOS LEGAIS: art. 25 do CP. 
 
 INJUSTA AGRESSÃO: a mera provocação não autoriza a 
reação, já que o CP a considera,apenas, como atenuante (art. 65, III, “c”). A 
agressão não precisa configurar crime; pode tratar-se de mero injusto civil 
(ex.: furto de uso). A agressão deve provir de ser humano; contra animais, há 
estado de necessidade (se o animal é usado como instrumento por alguém, há 
legítima defesa). A agressão pode derivar de ação ou omissão, dolosa ou 
culposa. Se nem mesmo conduta humana há (ataque epilético, sonambulismo 
etc.), a proteção de bem jurídico poderá dar-se via estado de necessidade. 
 
 AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE: agressão pretérita 
ou futura não autoriza legítima defesa (não se funda em mero temor ou 
revide). Agressão atual ou iminente abarca os atos ocorridos desde o momento 
final da preparação (perigo concreto de lesão) até a sua consumação material. 
 
 USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS: apesar 
da incidência do princípio da afirmação do Direito, a desproporção crassa 
entre agressão e reação não justifica (ex.: matar para evitar o furto de um 
relógio). Deve haver defesa apropriada do bem jurídico com o menor dano 
possível ao agressor. Não há dosagem milimétrica, já que a agressão, 
geralmente, perturba o ânimo do agente. Não se exige inevitabilidade do 
confronto. 
 
 EXCESSO: é punível a título de dolo ou culpa. O excesso 
doloso pode dar-se ou porque o defendente, consciente e deliberadamente, 
aproveita-se da situação inicial de defesa para infligir dano desnecessário ao 
agressor, ou porque erra quanto aos limites da permissão (erro de proibição 
indireto). No excesso culposo, há uma imprudente falta de contenção do 
agente, provocando dano mais grave que o tolerado para a situação. O excesso 
pode ser, ainda, consciente ou inconsciente; este, também chamado de 
legítima defesa subjetiva, deriva de erro de tipo permissivo (o agente não 
percebe que a agressão cessou e continua a atingir o agressor), gerando 
absolvição se inevitável ou condenação a título de culpa se evitável (art. 20, § 
1º). O excesso pode ser intensivo (meios desnecessários ou intensidade 
imoderada) ou extensivo (agressão já finda). Admite-se o chamado excesso 
escusável (ou “exculpante”), que afasta a culpabilidade, se for intensivo e 
derivar de medo, pavor ou confusão. 
 
 BENS JURÍDICOS PROTEGÍVEIS: qualquer bem jurídico 
individual é passível de proteção. Bens jurídicos estatais, principalmente 
patrimônio público, também admitem legítima defesa. Já bens da comunidade, 
como a paz social ou a ordem pública, não a admitem, em vista dos perigos 
que poderiam ser criados; nesses casos, deve ser acionada a força pública 
(polícia). 
 
 BEM JURÍDICO PRÓPRIO OU DE TERCEIRO: para a 
defesa de bem jurídico disponível de terceiro, deve haver consentimento 
(expresso ou presumido). Na tentativa de suicídio, o terceiro é, ao mesmo 
tempo, o defendido e o agressor. 
 
 ELEMENTO SUBJETIVO: exige-se animus defendendi. 
 
 PERMISSIBILIDADE DA DEFESA (LIMITAÇÕES 
ÉTICO-SOCIAIS): agressões de inimputáveis (crianças, bêbados ou loucos) 
somente autorizam o menor dano possível, inclusive fuga, se possível, pois o 
princípio da afirmação do Direito não cobra aplicação. A provocação prévia 
não autoriza a legítima defesa ao provocador, salvo excesso por parte do 
provocado. Agressões entre pessoas ligadas por relações de afetividade ou 
convivência comportam limitações ético-sociais. Agressões culposas ou 
decorrentes de erro também. Ofensas insignificantes exigem 
proporcionalidade estrita da repulsa. 
 
 LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA: como descriminante 
putativa fática: se inevitável o erro, isenta de pena; se evitável, há punição a 
título de culpa, se previsto o tipo respectivo. Como descriminante putativa 
normativa (erro sobre os limites da justificação): se inevitável, isenta de pena; 
se evitável, há punição na forma dolosa, mas com atenuação da pena. 
 
 CONFLITOS: não há legítima defesa real contra legítima 
defesa real ou contra estado de necessidade real. Pode haver legítima defesa 
real contra legítima defesa putativa. Pode haver legítima defesa putativa 
contra estado de necessidade real. A doutrina nacional admite a legítima 
defesa com aberratio ictus (com base no art. 73 do CP); apesar disso, parece 
mais adequado tratar a agressão ao terceiro inocente como estado de 
necessidade agressivo, a excluir a ilicitude, já que até mesmo a obrigação cível 
de indenizar persiste e não se pode impedir que o atingido pelo erro também 
se proteja (veja-se que o novo Código Civil não reproduziu o disposto no art. 
1.540 do Codex revogado, que assegurava indenização ao inocente atingido 
pela reação defensiva, o que reforça a tese ora sustentada, pois só no estado de 
necessidade o terceiro inocente tem direito a indenização, de acordo com o 
disposto no art. 930, caput, do novo Código Civil). 
 
 LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA: o excesso do 
defendente autoriza a legítima defesa do agressor inicial. 
 
 OFENDÍCULOS: a doutrina dominante trata como 
legítima defesa preordenada; corrente minoritária trata como exercício regular 
de direito. São mecanismos pré-dispostos à proteção de determinados bens 
jurídicos, principalmente patrimoniais (cerca elétrica, cachorros ferozes, cacos 
de vidro em muros). Os riscos correm por conta de quem os utiliza. Se 
inocente for atingido, quem os utilizou pode responder, ao menos, por culpa. 
Aparatos ocultos geralmente caracterizam o excesso. 
 
 EFEITOS CÍVEIS: somente a legítima defesa real contra o 
agressor exclui indenização (arts. 188, I, e 930, parágrafo único, do CC). 
 3. ESTADO DE NECESSIDADE: 
 
 PRINCÍPIO: proporcionalidade estrita. 
 
 TEORIA UNITÁRIA: no Brasil, o Código Penal adota a 
teoria unitária: o estado de necessidade é sempre causa de exclusão da 
ilicitude (justificação), tanto se o bem salvo é de maior ou de mesma 
hierarquia que o sacrificado. Para a teoria diferenciadora, adotada pelo Código 
Penal Militar (arts. 39 e 43), se os bens jurídicos em jogo são de mesma 
hierarquia, há estado de necessidade exculpante apenas (somente afasta a 
culpabilidade). 
 
 REQUISITOS LEGAIS: art. 24 do CP. 
 
 PERIGO ATUAL: perigo já cessado ou de futuro remoto 
não autoriza estado de necessidade. O perigo pode derivar de fenômenos 
naturais (incêndios, inundações) ou de acontecimentos sociais (acidentes, 
distúrbios civis). 
 
 PERIGO INVOLUNTÁRIO: voluntário é aquele que 
decorre de dolo, direto ou eventual (há divergência doutrinária quanto à 
culpa). A vontade dirige-se ao perigo, não ao resultado. Quem salva o 
provocador doloso do perigo, desconhecendo essa circunstância, atua em 
estado de necessidade de terceiro, se afetar algum bem jurídico de inocente. 
 
 PERIGO INEVITÁVEL: o agente deve, sempre, optar pela 
solução menos gravosa. Se podia evitar a lesão, não há estado de necessidade. 
Se havia opção menos gravosa, o agente responde pelo excesso, intensivo ou 
extensivo, por dolo ou culpa. 
 
 DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO: se o bem jurídico de 
terceiro é disponível, deve haver consentimento (expresso ou presumido). 
 
 RAZOABILIDADE DO SACRIFÍCIO: no estado de 
necessidade, há conflito de bens, que é resolvido pelo princípio da 
proporcionalidade. O art. 24, § 2°, do CP, prevê causa de diminuição de pena, 
se não era razoável o sacrifício (assim, não parece possível sustentar-se o 
estado de necessidade exculpante supralegal, resultante do sacrifício de bem 
jurídico de maior valor, como o faz Assis Toledo). Critérios relativos: 
prepondera o bem jurídico protegido por tipo com pena maior, prepondera o 
perigo concreto ao abstrato, preponderam os bens jurídicos da personalidade 
aos materiais, preponderam osbens jurídicos relativos ao corpo e à vida sobre 
todos os demais, prepondera a lesão mais intensa à menos intensa. 
 
 DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO: é o caso 
de algumas funções públicas ou profissões (policiais, bombeiros, médicos, 
capitães de navios). É de aplicação o princípio da razoabilidade, pois enfrentar 
o perigo não significa imolar-se. Não abarca o dever contratual. Quem causou 
o perigo não responde por eventual morte de bombeiro ou socorrista. 
 
 ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO E 
DEFENSIVO: no primeiro, a ação é dirigida contra terceiro; no segundo, a 
ação é dirigida contra quem provocou (culposamente) o perigo. Se a ação de 
salvamento se volta contra quem provocou dolosamente o perigo, há legítima 
defesa. 
 
 ELEMENTO SUBJETIVO: o agente deve conhecer a 
situação de perigo e agir na intenção de salvar o bem jurídico em risco. 
 
 ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO: como na 
legítima defesa, pode configurar erro de tipo permissivo ou erro de proibição 
indireto (erro de permissão sobre os limites da justificação). Pode dar-se 
estado de necessidade com aberratio criminis (ex.: atirar em cão raivoso e 
atingir terceiro). 
 
 ESTADO DE NECESSIDADE RECÍPROCO: é possível 
(ex.: tábua da salvação). 
 
 EFEITOS CÍVEIS: arts. 188, II, 929 e 930 do CC. No 
estado de necessidade agressivo, a obrigação de indenizar persiste, mas há 
ação de regresso contra o eventual provocador do perigo. 
 
 
 4. ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL: 
 
 DEVER LEGAL: deriva da lei. Geralmente, trata-se de 
certas funções públicas (policiais, oficiais de Justiça), mas a doutrina 
majoritária estende aos particulares. Abarca todo e qualquer dever previsto em 
lei em sentido amplo (leis, decretos, regulamentos); não é aplicável a deveres 
morais, religiosos ou sociais. 
 
 ESTRITO CUMPRIMENTO: os direitos fundamentais e o 
princípio da proporcionalidade indicam se o cumprimento do dever legal foi 
estrito. O excesso, intensivo ou extensivo, doloso ou culposo, é punível (CP 
ou Lei n° 4.898/65), bem como autoriza legítima defesa. Para prender em 
flagrante ou evitar fuga de preso, a morte dolosa não se justifica, a menos que 
exista situação de legítima defesa. Da mesma forma, parece inconstitucional a 
chamada Lei do Abate (Lei nº 9.614/98, regulamentada pelo Decreto nº 
5.144/2004). 
 
 ERRO DE TIPO PERMISSIVO: somente erros graves 
levam à punição a título de culpa. 
 
 
 5. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: 
 
 EXERCÍCIO REGULAR: o abuso de direito é punível. 
 
 DIREITO: pode derivar da lei ou do costume (ex.: trote 
acadêmico, fila). 
 
 CASOS: desforço imediato (art. 1.210, § 1º, do CC), corte 
de raízes ou galhos de árvores de prédios vizinhos (art. 1.283 do CC), atuação 
pro magistratu (prisão em flagrante e autoajuda), direito correcional (alguns 
consideram como estrito cumprimento de dever legal). Lesões esportivas, 
devido ao princípio da adequação social (Welzel), afastam a própria 
tipicidade, desde que observadas as regras do jogo (a doutrina, 
majoritariamente, considera exercício regular de direito). 
 
 
 6. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: 
 
 NATUREZA: pode afastar a tipicidade (ex.: estupro, 
violação de domicílio) ou a ilicitude (ex.: lesão corporal, dano). No primeiro 
caso, fala-se em acordo; no segundo, em consentimento propriamente dito. 
Como justificação, é causa supralegal. 
 
 FUNDAMENTO: princípio da ausência de interesse na 
proteção do bem jurídico. 
 
 REQUISITOS: capacidade para consentir (18 anos de idade 
mais higidez mental, para Pierangelli; capacidade concreta de compreensão e 
juízo, para Roxin), bem disponível (quanto à integridade corporal, apenas para 
lesões leves), consentimento anterior ou simultâneo e sem vício 
(consentimento posterior ou derivado de fraude ou coação não justifica), 
 
 FORMA DO CONSENTIMENTO: expressa ou tácita 
(basta consentimento mediante uma ação concludente); pode ser revogado a 
qualquer tempo (a revogação deve ser expressa). No caso de incapazes, o 
consentimento pode ser dado por seu representante legal, exceto em decisões 
existenciais (extração de órgãos, risco de morte, afetação da dignidade). 
 
 ELEMENTO SUBJETIVO: se o agente desconhecia o 
consentimento, responde pelo crime. 
 
 CONSENTIMENTO PRESUMIDO: é subsidiário em 
relação ao consentimento real; existindo este, o presumido não subsiste. 
Justifica, se razoável, mesmo com posterior insurgência do titular do bem 
jurídico. 
 
 ERRO SOBRE A SITUAÇÃO FÁTICA: aplica-se o art. 
20, § 1°, do CP (ex.: médico que realiza intervenção cirúrgica devido a 
prontuário errado que lhe é apresentado). 
 
 CASOS: intervenções médicas (se há risco de morte, o 
médico pode/deve agir, independentemente de consentimento: art. 146, § 3°, I, 
do CP). 
 
 TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS: ver Lei nº 9.434/97. 
 
 ESTERILIZAÇÃO: ver Lei n° 9.263/96. 
 
 
 7. COLISÃO DE DEVERES: 
 
 FUNDAMENTO: é permissão análoga ao estado de 
necessidade (Fragoso). Não há previsão no CP; é causa de justificação 
supralegal (alguns tratam como caso de inexigibilidade de conduta diversa no 
âmbito da culpabilidade). 
 
 PRINCÍPIO DA PONDERAÇÃO DE BENS: critérios: 
valor dos bens jurídicos ameaçados, posição jurídica do destinatário da norma 
(deveres especiais prevalecem sobre os gerais), natureza do dever (deveres de 
omissão prevalecem sobre os de ação), proximidade do perigo. 
 
 EXTENSÃO: em princípio, pode abarcar tanto deveres de 
ação como de omissão. Exemplos: pai que se vê na contingência de ter de 
salvar dois filhos de afogamento; pai que se vê na contingência de ter de furtar 
para saciar a fome dos filhos; médico que se vê na contingência de violar 
sigilo profissional para evitar propagação de doença contagiosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CULPABILIDADE 
 
 
 1. INTRODUÇÃO: 
 
 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL (Maurício Antônio 
Ribeiro Lopes): art. 5º, XLV (responsabilidade pessoal), art. 1º, III (dignidade 
da pessoa humana), art. 4º, II (prevalência dos direitos humanos), art. 5º, caput 
(inviolabilidade do direito à liberdade e igualdade). 
 
 FUNDAMENTO DOGMÁTICO: a estrutura analítica do 
crime é criação doutrinária, a partir da lei. Através dos artigos do CP que 
tratam da imputabilidade, do erro de proibição, da coação moral irresistível 
etc., pode-se inferir a categoria da culpabilidade. 
 
 PRINCÍPIO DE CULPABILIDADE: nullum crimen nulla 
poena sine culpa significa que não se pode penalizar alguém sem ser-lhe 
reprovável o injusto (fundamento) e que a pena não pode ultrapassar o limite 
da culpabilidade (limite). Convém observar, porém, que os pressupostos da 
culpabilidade como fundamento da pena são diferentes dos da culpabilidade 
como limite. Naquela, trata-se da imputabilidade, da potencial consciência da 
ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa; nesta, trata-se de circunstâncias 
consideradas na medição da pena (circunstâncias judiciais e legais). 
 
 ELEMENTOS: imputabilidade (capacidade de 
culpabilidade); consciência real ou potencial da ilicitude; exigibilidade de 
comportamento diverso (normalidade das circunstâncias do fato). 
 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE: 
inimputabilidade; erro de proibição invencível; inexigibilidade de outra 
conduta. 
 
 CONSEQUÊNCIAS: permite legítima defesa (é injusto); 
persiste indenização cível (é injusto). 
 
 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CULPABILIDADE: 
Concepção psicológica: relaciona-se com o causalismo naturalista.Culpabilidade é a relação subjetiva entre o autor e o fato (Von Liszt); é a 
ligação psíquica entre o autor e o fato. Era integrada apenas pelo dolo e pela 
culpa, tendo como pressuposto a imputabilidade. O fato punível, assim, tinha 
uma parte exterior descritivo-objetiva (tipicidade e ilicitude) e uma parte 
interior descritivo-subjetiva (culpabilidade). Somente o erro (que elimina o 
elemento intelectual) ou a coação (que elimina o elemento volitivo) afastavam 
a culpabilidade. Crítica: apresentava incoerência, pois a culpa tem caráter 
normativo, não psicológico (principalmente culpa inconsciente); não explicava 
as causas de exculpação, em que o elemento subjetivo permanecia intacto. 
Concepção complexa ou psicológico-normativa: Frank (1907) concebeu a 
culpabilidade como reprovabilidade, sem, porém, afastar dela o dolo e a culpa. 
Assim, situações anormais também afastariam a culpabilidade. Culpabilidade 
era, pois, relação psicológica e juízo de reprovação. Goldschmidt, em seguida, 
viu na inexigibilidade a idéia diretriz das causas de exculpação. Freudenthal, 
então, desenvolveu a inexigibilidade como causa geral supralegal de exclusão 
da culpabilidade (não-poder-agir-de-outro-modo). Mezger foi o grande difusor 
dessa concepção. Sofreu influência do neokantismo, o qual veio a tomar o 
lugar do positivismo naturalista. Valores ingressam na teoria do delito. Na 
culpabilidade, é a reprovação. Dolo e culpa passam a ser meros elementos da 
culpabilidade, e não sua forma. A culpabilidade não é mais interna ao agente, 
mas externa: é um juízo de reprovação, de censura. Elementos: 
imputabilidade, dolo e culpa, exigibilidade. O dolo engloba vontade, 
representação e consciência da ilicitude. Concepção normativa pura: com 
Welzel (finalismo), o dolo e a culpa passam para o tipo, restando a 
culpabilidade como pura reprovabilidade (teoria normativa pura). Fala-se, 
agora, em ação – e não culpabilidade - dolosa ou culposa. O dolo do tipo é o 
natural, destituído da consciência da ilicitude, que permanece na 
culpabilidade. São seus elementos a imputabilidade, a possibilidade de 
conhecimento da ilicitude e a exigibilidade de obediência ao Direito. 
 
 CONCEITOS DE CULPABILIDADE: Formal: conjunto 
de elementos exigidos por um ordenamento jurídico específico como seus 
pressupostos. Material: fundamento último da reprovação a partir do qual a 
legislação estabelece seus pressupostos (teorias do poder-agir-de-outro-modo 
de Welzel - dominante -, da responsabilidade pelo próprio caráter, da 
dirigibilidade normativa de Roxin, da atribuição segundo necessidades 
preventivo-gerais de Jakobs). 
 
 PODER-AGIR-DE-OURO-MODO: critério dominante é o 
do homem médio. 
 
 
 LIVRE ARBÍTRIO E ALTERIDADE: do confronto entre 
deterministas e indeterministas surgiu a divisão das consequências do crime 
em medidas de segurança e penas. Em verdade, o que fundamenta, 
substancialmente, a culpabilidade é o princípio de alteridade (Juarez Cirino 
dos Santos). Independentemente do grau de liberdade real do homem, a 
presença do outro exige motivação normativa (Roxin fala em dirigibilidade 
normativa). É evidente que o ser humano age diferentemente dos demais seres 
vivos, pois pode controlar seus impulsos e dirigir-se com base em sentido, 
valores e normas. A sociedade é inconcebível sem a motivabilidade 
normativa. A lei penal presume a liberdade (autodeterminação), prevendo 
hipóteses que a excluem (inimputabilidade, erro de proibição etc.). No 
processo, não se precisa provar a existência da liberdade de atuar de outro 
modo, mas – sim – eventuais circunstâncias que a excluem ou a limitam. 
 
 
 
 CULPABILIDADE PELO FATO E DE AUTOR: em um 
Estado Democrático de Direito não se pode censurar alguém pelo que é, mas 
pelo que fez. A culpabilidade, assim, há de apreciar-se, em princípio, no 
momento da realização do tipo. A pena não pode fundamentar-se no caráter ou 
na conduta de vida do agente, apesar de poder ser considerada na fixação da 
pena aplicável em decorrência da prática de um fato delituoso (ex.: art. 59 do 
CP – personalidade do agente etc.). 
 
 
2. IMPUTABILIDADE: 
 
 CONCEITO: significa capacidade de culpabilidade; 
imputável é quem pode ser responsável. Pressupõe idade e higidez mental. O 
CP fixou critérios negativos que excluem a imputabilidade: menoridade; 
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; 
embriaguez completa oriunda de caso fortuito ou força maior; dependência ou 
intoxicação completa oriunda de caso fortuito ou força maior (este previsto na 
Lei de Drogas). 
 
 MENORIDADE: são inimputáveis os menores de 18 anos 
de idade, que se sujeitam, em caso de ato infracional, às regras do ECA (arts. 
228 da CF e 27 do CP). Emancipação não afeta menoridade penal (sistema 
biológico puro). Já responde penalmente quem comete crime no dia em que 
estiver completando 18 anos de idade (art. 10 do CP), não importando a hora 
(STJ); vale a hora oficial, mesmo sendo horário de verão. 
 
 PSICOPATOLOGIAS: sistema biopsicológico (misto): 
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado mais 
incapacidade de entender o caráter ilícito do ato ou de determinar-se de acordo 
com o entendimento (art. 26 do CP). 
 
 CLASSES: Doença mental (inimputabilidade): psicoses 
(demência, epilepsia, esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva). 
Perturbação da saúde mental (semi-imputabilidade): neuroses, psicopatia. 
Desenvolvimento mental retardado (semi-imputabilidade e 
inimputabilidade): oligofrenia, surdimutismo. Desenvolvimento mental 
incompleto (semi-imputabilidade e inimputabilidade): silvícolas. 
 
 TEMPO DO CRIME: incapacidade deve existir no 
momento da prática do crime, nem antes, nem depois. No caso de doença 
mental superveniente, o CPP prevê a suspensão do processo (art. 152) e a 
LEP, internação provisória simples ou conversão (arts. 108 e 183). 
 
 PRESUNÇÃO DE PERICULOSIDADE: crime apenado 
com reclusão gera internamento; crime apenado com detenção gera tratamento 
ambulatorial (art. 97 do CP). O réu é absolvido impropriamente, com 
imposição de medida de segurança (Súmula 422 do STF). 
 
 PRAZO: no caso de inimputabilidade, a medida de 
segurança é, de acordo com a lei, fixada por prazo indeterminado. Porém, 
tanto doutrina como jurisprudência vêm impondo limite à sua duração, por 
força da vedação constitucional de penas perpétuas. No STF, por exemplo, já 
se entendeu que o prazo máximo é de 30 anos (HC 84.219-4/SP, 1ª Turma, rel. 
Min. Marco Aurélio, em 16.08.2005). 
 
 SEMI-IMPUTABILIDADE: prevista para os casos 
duvidosos. Pode atenuar a pena ou levar à aplicação de medida de segurança. 
Sistema vicariante (art. 98 do CP): pena ou medida de segurança. Há 
condenação do réu, com ulterior atenuação da pena ou substituição por medida 
de segurança pelo prazo de privação de liberdade fixado (contudo, pelo item 
22 da Exposição de Motivos da Nova Parte Geral, uma vez substituída a pena 
por medida de segurança, o semi-imputável haveria de passar a ser tratado 
como inimputável). 
 
 EMBRIAGUEZ: gera absolvição, sem imposição de 
medida de segurança, se completa e oriunda de caso fortuito ou força maior 
(art. 28, § 1º, do CP). Se incompleta e oriunda de caso fortuito ou força maior, 
atenua a pena (art. 28, § 2º, do CP). Se preordenada, agrava a pena (art. 61, II, 
“l”, do CP). Se patológica, implica medida de segurança (art. 26 do CP). 
 
 ACTIO LIBERA IN CAUSA: teoria que procura explicar 
que o estado de inimputabilidade não isenta de pena se o resultado era 
previsível ou foi querido anteriormente (ação livre na causa), como exceçãoao 
princípio da simultaneidade. 
 
 EMOÇÃO E PAIXÃO: não afetam imputabilidade (art. 28, 
I, do CP), exceto se patológicas. 
 
 
 3. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: 
 
 OBJETO: conhecimento do injusto concreto, da lesividade 
da conduta ou da anti-socialidade do comportamento. Não confundir com 
desconhecimento da lei. 
 
 CONHECIMENTO DO INJUSTO: não precisa ser real 
(basta potencial). É suficiente conhecimento na esfera do profano. Erros de 
subsunção, de eficácia, de vigência ou de punibilidade são, em princípio, 
irrelevantes. Meios: reflexão (delitos mala in se) e informação (delitos mala 
prohibita). No âmbito dos crimes tradicionais dificilmente ocorrerá o erro 
escusável. Nas áreas regidas por normas especiais geralmente há dever de 
informar-se. 
 
 ESPÉCIES DE ERRO: Erro de tipo permissivo (sobre a 
situação de fato justificante): atinge dolo, afastando tipicidades dolosa e 
culposa, se inevitável (art. 20, § 1º, do CP). Erro de proibição direto: atinge 
consciência da ilicitude, afastando culpabilidade, se inevitável (art. 21, caput, 
do CP). Erro de proibição indireto (ou erro de permissão: sobre existência 
ou limites normativos de justificação): atinge consciência da ilicitude, 
afastando culpabilidade, se inevitável (art. 21, caput, do CP). Se o erro for 
sobre algum dever de agir, é chamado de erro de mandado (art. 21, caput, do 
CP). 
 
 TEORIAS ESTRITA E LIMITADA DA 
CULPABILIDADE: razão da distinção: fidelidade ao direito (o erro de tipo 
permissivo deve ser apenado mais brandamente que o erro de permissão 
porque o agente respeita os valores e normas jurídicas, errando sobre a 
situação fática apenas). CP adota teoria limitada da culpabilidade (itens 17 e 
19 da Exposição de Motivos). 
 
 DESCRIMINANTES PUTATIVAS: Fáticas: erro de tipo 
permissivo (art. 20, § 1º, do CP). Normativas: erro de proibição indireto ou de 
permissão (art. 21, caput, do CP). 
 
 INEVITABILIDADE (ESCUSABILIDADE) DO ERRO 
QUANTO À ILICITUDE DO FATO: depende de inúmeras variáveis, como 
posição social, capacidade pessoal, valores dominantes etc. (art. 21, parágrafo 
único, do CP). 
 
 
 4. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: 
 
 EXCULPAÇÃO: circunstâncias fáticas anormais afetam 
dirigibilidade normativa. 
 
 HIPÓTESES LEGAIS: Coação moral irresistível (vis 
compulsiva – art. 22 do CP): é punível o autor da coação (autoria mediata); 
pressupõe perigo atual e inevitável de outro modo (ameaça); a resistibilidade 
deve ser analisada nos aspectos objetivos e subjetivos; se é resistível, há 
atenuante, de acordo com o art. 65, III, “c”, do CP (coagido e coator 
respondem em concurso de pessoas); temor reverencial não a caracteriza; 
pressupõe coator, coagido e vítima; pode haver coação moral irresistível 
putativa. Vis absoluta (coação física) exclui ação. Obediência hierárquica 
(art. 22 do CP): a ordem não deve ser manifestamente ilegal; o subordinado 
responde pelo excesso doloso ou culposo, se desbordar da ordem dada; é de 
ser considerada a capacidade intelectual do subordinado; exige relação de 
direito público; juízo de oportunidade ou conveniência não toca ao 
subordinado; autor da ordem ilegal responde; é atenuante também (art. 65, III, 
“c”, do CP); pode haver obediência hierárquica putativa. 
 
HIPÓTESES SUPRALEGAIS: Objeção de consciência: 
CF garante liberdade de consciência (art. 5º, VI); é decisão moral tida como 
dever interno; implica ponderação com outros direitos fundamentais e com a 
segurança do Estado. Desobediência civil: consiste em atos demonstrativos 
públicos (bloqueios, ocupações, passeatas etc.); não pode haver violência nem 
resistência ativa a ordem; exculpa, porque o injusto é mínimo e a motivação é 
relevante. Excesso escusável na legítima defesa: nas hipóteses de afetos 
astênicos (medo, confusão, susto), mesmo havendo excesso (apenas intensivo, 
para a doutrina dominante), o agente pode ser desculpado; justifica-se pela 
dupla redução do injusto e da culpabilidade (Jescheck) ou pela desnecessidade 
de prevenção (Roxin). Estado de necessidade exculpante: o CP adotou a 
teoria unitária (o Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora); assim, 
mesmo sendo de mesma natureza os bens jurídicos protegido e lesado, haverá 
exclusão da antijuridicidade. Alguns autores brasileiros, porém, sustentam a 
teoria diferenciadora (Fragoso, Pierangelli). Genérica: admitida pelo STJ. 
 
 
 5. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA 
JURÍDICA: 
 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL: muitos autores defendem 
que a CF não previu a responsabilidade penal da pessoa jurídica (Pierangelli, 
Bitencourt, Cernicchiaro). Há que aguardar-se pronunciamento do STF; 
contudo, é o Legislador o principal concretizador da CF, o que gera a 
presunção de constitucionalidade da Lei dos Crimes Ambientais. Proposta de 
Emenda Constitucional nº 269 de 1995, que pretendia alterar a redação do art. 
225, § 3º, da CF, foi arquivada. 
 
 LEI Nº 9.605/98: previu responsabilidade penal da pessoa 
jurídica no art. 3º. Luiz Régis Prado entende difícil não considerá-lo ofensivo 
à CF. O STJ já entendeu possível a responsabilização penal da pessoa jurídica 
por crime ambiental, condicionando, porém, à identificação das pessoas físicas 
que atuaram em nome da empresa (REsp 610.114, 5ª Turma, rel. Min. Gilson 
Dipp, unânime, julgado em 17.11.2005, e RMS 16.696, 6ª Turma, rel. Min. 
Hamilton Carvalhido, unânime, julgado em 09.02.2006); contudo, o STF 
refutou a tese (RE 548.181, 1ª Turma, rel. Min. Rosa Weber, por maioria, 
julgado em 06.08.2013). 
 
 REQUISITOS: a) infração penal cometida por decisão de 
representante legal ou contratual ou por órgão colegiado da empresa 
(coautoria necessária, responsabilidade por ricochete); executor material pode 
ser também qualquer preposto; b) infração penal cometida no interesse ou 
benefício da empresa; ato individual de representante, sem proveito à empresa, 
não gera responsabilização coletiva; c) em princípio, somente as pessoas 
jurídicas de direito privado podem ser responsabilizadas (incluídas as 
empresas públicas e as sociedades de economia mista). Críticas à 
responsabilização de entidades públicas: penas previstas são inaplicáveis; a 
infração não é cometida em proveito da comunidade como exige a lei; seria 
hipótese de autopunição; d) infração deve ocorrer na esfera de atividades da 
empresa, com utilização de seu poder e estrutura (Shecaira). 
 
 CRÍTICA: os críticos sustentam que as empresas não 
teriam capacidade de ação, de culpabilidade e de pena. Sem razão, ao que 
parece. As pessoas jurídicas são realidades juridicamente construídas e, como 
tal, centros de normatividade. As empresas agem através de seus órgãos. A 
categoria dogmático-penal da ação depende da descrição típica, não mais 
subsistindo como conceito pré-jurídico. A vontade da pessoa jurídica, por 
vezes, não é reconduzível à vontade individual dos seus dirigentes 
(deliberações coletivas). A culpabilidade há de ser baseada em 
responsabilidade social (responsabilidade por organização), através da 
“informação construída” (David Baigún) à vista da regulamentação estatal do 
ramo de atividade. Pode-se comparar o comportamento da empresa acusada 
com o de outras com potencial assemelhado, através de critérios de 
razoabilidade. O princípio subjacente é a exigibilidade de ação institucional 
diversa. Hipóteses mais comuns de exclusão da responsabilidade: erro de 
proibição, coação moral irresistível e anormalidade da situação fática. Quanto 
à pena, a prevenção geral positiva a justifica (reforçar a fidelidade às regras de 
direito das empresas que as seguem),bem como existem inúmeras sanções 
adequadas à natureza das pessoas jurídicas (multa, restritiva de direito etc.).

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