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Processo III

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UFRJ - Faculdade Nacional de Direito
		Processo Civil III
2017.1
Prof.: André Roque
Aluna: Raíssa Sant'Anna
CALENDÁRIO:
P1 - 05/05/2017 (6ª feira) P2 - 23/06/2017 (6ª feira) PF - 03/07/2017 (2ª feira)
Segunda chamada: dias 08/05/2017 (1ª avaliação) e 26/06/2017 (2ª avaliação)
EMENTA:
1) Precedentes. 					2) Ordem dos processos nos tribunais. 
3)Organização judiciária dos tribunais. 		4) Teoria Geral dos Recursos. 
5) Recursos em Espécie. 				6) Incidente de resolução de demandas 								repetitivas. 		
7)Ação Rescisória e Ação Anulatória. 			8)Assunção de competência e 									Conflito de Competência. 		
9) Arguição de inconstitucionalidade. 			10) Homologação de decisão 											estrangeira. 	
11)Meios de Impugnação das Decisões Judiciais.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1) Manual dos Recursos - Araken de Assis 	
2) Teoria Geral dos Recursos Cíveis- Flavio Cheim Jorge	
3) Comentários ao código de processo civil - Luis Guilherme Aidar Bondoli		
4) Sistema Recursal - Sandro Marcelo Kozikoski
Rio de Janeiro, 06/03/2017
Ponto 1 - Precedentes
Definições Importantes
	Temos uma "escadinha" estrutural entre esses termos.
	Decisão Judicial - É qualquer provimento que o juiz dá sobre alguma postulação das partes do processo. 
	Precedente - É uma espécie de decisão judicial que tem dentro dela uma tese jurídica, que é capaz de se replicar em outros processos. Ex.: Quando temos uma decisão judicial que diz, por exemplo, "cite-se para responder no prazo legal", isso não é um precedente pois não há nenhuma tese jurídica, o juiz está simplesmente aplicando o CPC que manda citar o réu. Mas se, por exemplo, há uma situação em que o juiz considera o seguinte: "Julgo improcedente o pedido de cobrança feito pelo banco, por que essa tarifa bancária é ilegal". A parte sublinhada é uma tese jurídica, capaz de se replicar em outros casos em que aquela tarifa seja cobrada. Logo, essa decisão pode ser qualificada como um precedente.
	É importante notar que precedente não é Jurisprudência. Jurisprudência é o conjunto de decisões de um determinado órgão do poder judiciário sobre determinada matéria. É a reiteração de precedentes. Ex.: Quando o tribunal reiteradas vezes, decide que a tarifa bancária citada acima é ilegal, ele forma uma jurisprudência a cerca desse tema.
	Súmula (ou Enunciado de Súmula), Quando o tribunal já tem jurisprudência sobre aquele tema, cria-se a súmula para difundir o conhecimento sobre aquela questão. Ex.: O tribunal edita a súmula de que a cobrança da tarifa bancária XYZ é ilegal. 
Finalidades dos precedentes
	São três as finalidades dos precedentes. O novo CPC cria um sistema estruturado de precedentes, que não havia no antigo CPC.
1) Racionalização na prestação da Jurisdição
	Se há uma questão que se repete ao longo do tempo (vários processos em que a mesma questão é discutida), faz sentido que se crie mecanismos para resolver de uma só vez esses casos repetitivos. São eles: Recurso especial e extraordinário repetitivo (art. 1036 a 1041 cpc), e o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) (art. 976 a 987). 
Veremos os mecanismos citados mais á frente, mas a ideia deles é basicamente escolher casos representativos que irão embasar os demais.
	Ex.: Existem vários processos discutindo a mesma tarifa bancária. O tribunal escolhe um ou dois processos representativos (o critério de escolha são geralmente os que tratam da matéria de forma mais aprofundada), e suspende os demais casos, define a tese jurídica, e a tese jurídica então será aplicada aos demais casos. 
	A existência de precedente sobre aquela mesma matéria funciona para o juiz como um atalho argumentativo, que significa que uma vez definida a tese jurídica, o juiz quando for aplicar essa tese jurídica, o juiz não precisa enfrentar toda aquela discussão que levou á própria tese, uma vez que ele tem o precedente. A única coisa que ele precisará fazer é mostrar que o caso é compatível com o precedente.
2) Tutela da Isonomia 
	Casos que tenham a mesma base fática, que discutam a mesma questão, devem ser tratados da mesma maneira. Existe uma expressão que se relaciona a isso: "Treat like cases alike". 
	Em outras palavras, quer-se evitar a chamada loteria judiciária. Ex.: Você entra com um processo de demanda imunização por negativação e ganha 20 mil reais. O seu vizinho entra com o processo com a mesma demanda e ganha 3 mil reais. Aí a outra pessoa entra com a mesma demanda e perde. Isso não é razoável e nem desejável do poder judiciário.
3) Tutela da Segurança jurídica
	As pessoas orientam suas condutas pelo que o judiciário costuma decidir. As pessoas sabem que quem presta fiança no contrato de locação, se o locatário não pagar, o fiador está sujeito a perder até a casa onde ele mora (penhora do bem de família do fiador). Então o precedente serve para dar maior previsibilidade para as decisões judiciais e evitar surpresas. 
Riscos ao se estruturar o sistema de precedentes
1) Risco de formação inadequada dos precedentes
	Risco de formação inconsistente dos precedentes. As vezes acontece a formação de determinado precedente sem que haja uma adequada discussão acerca daquele tema, o tribunal analisa superficialmente os argumentos e estabelece o precedente. Isso é um problema por que gera a formação de precedentes inconsistentes. Então, pode ser que dali a um ou dois meses depois surja outro caso e o tribunal se depara com um argumento que não tinha visto antes, fazendo necessária a revisão daquele precedente. Isso gera insegurança jurídica, Pois haverá a incidência de dois precedentes sobre a mesma matéria em sentido contrário.
	OBS.: Jurisprudência "Banana Boat" , é aquela que vira de um lado para o outro e geralmente gera surpresa ás pessoas.
2) Risco de aplicação inadequada do precedente
	Aqui o problema não é na formação, mas sim por que o precedente começa a ser aplicado de forma errada em casos em que não deveriam ser.
	Duas implicações:
a) Precendente aplicado sem fundametação
Para evitar isso, o CPC estabelece o dever de fundamentação (art. 489, §1°, V)
Art. 489.  São elementos essenciais da sentença:
§ 1 o   Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
aplicar precedente não é simplesmente copiar e colar na decisão. É preciso que haja fundamentação, para demonstrar que aquele precedente se aplica ao caso concreto.
b) desvirtuamento das súmulas
	As súmulas são editadas com um alto grau de abstração, e elas são aplicadas no automático em casos em que muitas vezes não deveriam ser.
	Ex.: Súmula 365 do STJ diz que   "A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo estadual."
A Rede Ferroviária Federal é uma sociedade de economia mista, então o processo não corria na justiça Federal. Mas a lei que extinguiu a Rede Ferroviária disse que a União sucedia tal empresa, bem como os seus direitos e obrigações (obviamente fazendo com que a causa vá para a justiça federal). Os precedentes que deram origem a essa súmula dizem que o processo, na fase de conhecimento vai para a Justiça Federal ou na fase de execução da sentença (ainda que tenha sido proferida por juízo estadual) também vai para a Justiça Federal. 
Só que a súmula começou a ser aplicada em outra situação: para quando a União entra em fase recursal. Começo a se entender que o TRF teria competência para julgar apelação de uma sentença da justiça estadual. Ou seja, que a apelação da Justiça Estadual vai para o TRF julgar. 
Pior do que isso, essa questão contraria uma outra súmula do STJ ( súmula 55) -  "Tribunal regional federal não é competente para julgar recurso de decisão proferida por juiz estadual não investido de jurisdiçãofederal."
Isso tudo ocorreu por que a súmula acabou se desconectando dos precedentes que lhe deram origem.
Devido a esse problema, temos outro dispositivo no cpc que está no artigo 926, §2° "Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação".
	O tribunal ao editar os enunciados deve buscar uma redação que se aplica aos precedentes que lhe deram origem. E mais do que isso, ao aplicar a súmula deve-se olhar os precedentes que lhe deram origem para não aplicá-la em situações para as quais elas não foram destinadas. 
Espécies de precedentes
1) Precedentes Persuasivos
	O juiz não é obrigado a seguir aquele precedente. Eles servem como um argumento para persuadir o órgão judicial a decidir daquela maneira. Ao juiz é facultado aplicar ou não aquele precedente.
2) Precedentes Vinculantes (ou obrigatórios)
	Uma vez que é configurado que o caso é de aplicação do precedente, o juiz deve aplicar esse precedente. 
	A nossa tradição sempre foi a utilização de precedentes persuasivos, o que abriu uma exceção com relação a isso é a súmula vinculante. O novo CPC, porém, traz uma reviravolta com relação a isso no art. 927 , relaciona situações diversas que geram efeitos vinculantes para os órgãos do poder judiciário. Muitos doutrinadores alegam a inconstitucionalidade dessa norma, pois seria o judiciário legislando.
	Art. 927.  Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; - (Isso já existia antes, é a decisão da ADI, ADPF)
II - os enunciados de súmula vinculante; (também não há novidade nisso)
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; (tese jurídica definida em julgamento de repetitivo forma precedente vinculante). 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. (A orientação especial do TJ do RJ só vincula os tribunais do RJ , os juízes de SP não tem nada a ver com isso).
Estrutura de um precedente
	O precedente possui três elementos fundamentais na sua estrutura:
1) Circunstâncias fáticas - Que vão determinar á quais fatos aquele precedente irá se aplicar. 
2) Motivos determinantes (Ratio Dicidendi) -A enunciação daquela tese jurídica que é capaz de se replicar em outros processos. Justamente isso que caracteriza o precedente.
3) Obiter Dictum - São as considerações acessórias. Elas não formam o precedente, pois são argumento não aprofundados, configurando meras observações. Ex.: "O precedente enuncia a tese jurídica e diz "mas se fosse um outro caso, poderia ser xyz".
Dinâmica do precedente (como "driblar" um precedente)
	Imagine que você é um advogado, e descobre que há um precedente contrário á decisão que você deseja. Como fugir disso?
1) Distinção (Distinguishing)
	Argumenta-se que o precedente não é aplicável pois aquele caso concreto tem peculiaridades fáticas que não correspondem com a hipótese de aplicação do precedente. Ou seja, aquele caso concreto não é adequado com a aplicação do precedente. Ex.: há um precedente que diz que a aplicação do despejo é de 30 dias após ordem judicial, contudo, você representa uma escola, e por ser uma instituição de ensino há uma peculiaridade , portanto o prazo despejo deve ser adiado para o fim do período letivo. 
O art. 489, §1°, VI - "Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento".
Por esse aspecto vê-se que o juiz não é um aplicador automático do precedente, pelo contrário, ele deve verificar cada caso para ver se é hipótese de incidência.
2) Superação (Overruling)
É a revisão do precedente. Ataca o precedente trazendo algum argumento novo que não foi apreciado na criação daquele precedente. Ou pode-se demonstrar uma alteração das circunstância jurídica econômicas ou sociais. 
Ex. de alteração jurídica: O precedente diz que o prazo para despejo é de 60 dias, mas vem uma nova lei que diz que o prazo é de 90 dias. Obviamente o precedente vai ser revisto, uma vez que foi construído com base em uma lei que não previa prazo de 90 dias.
Ex. de alteração de circunstância econômica: Há um precedente que diz que determinada obrigação somente pode ser corrigida anualmente. Porém a inflação nacional aumenta para 40% ao mês. O precedente deverá ser revista por que não dá para esperar a revisão quando há uma inflação tão absurda.
Revisão de Precedentes
	Rever o precedente é importante, é por isso que o art. 927, §2° estabelece cautelas básicas para essa revisão.
	§ 2° -   A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.
Quando for deflagrado o procedimento para revisão de precedente, antes do tribunal decidir ou não se irá rever , ele pode:
a) designar audiência pública para ouvir pessoas com expertize na matéria 
b) ou pode autorizar o ingresso do Amicus Curiae, que podem também fornecer subsídios para concluir se a matéria deve ou não ser revista.
	o §4° (art. 927) diz - "A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia."
	Na revisão da tese o tribunal tem o dever reforçado de fundamentação para essa revisão da tese jurídica.
O §3° (art. 927) estabelece a modulação dos efeitos da revisão da tese jurídica. Art. "Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.".
As pessoas se portam de acordo com o estabelecido pelo precedente. Se o tribunal simplismente altera um precedente pode ocasionar prejuízo. Quando o tribunal rever a tese jurídica deve modular os efeitos da revisão, de modo a evitar a retroatividade ao máximo. Isso é chamado de prospective overruling. (parágrafo 3, art. 927)
A modulação também tem um problema: se o tribunal começa a aplicar a modulação de um determinado momento em diante, as partes podem não se sentir suficientemente estimuladas a buscar a revisão da tese jurídica, pois não vai se aplicar ao caso dela próprio. 
Outra regra importante é a sinalização ou julgamento alerta (sinaling) - é aquela situação em que o tribunal ainda não supera precedentes, mas sinaliza que um precedente está se tornando inadequado e que poderá ser alterado a qualquer momento. Isso faz com que não seja necessária a modulação em momentos posteriores.
Overriding - que é a revogação a superação parcial do precedente (overruling parcial). O precedente é superado em situação XYZ. Ex.: no caso do precedente de 60 dias para despejo, e vem uma nova lei que diz que o prazo é de 90 dias só para quem tem mais de 60 anos. Nesse caso, a superação do precedente é parcial.
	
Rio de Janeiro, 10/03/2017
art. 926, CPC - UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
	O art. 926 diz que os tribunais devem uniformizar a sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. 
O dever de uniformizar a jurisprudência tem a ver com a jurisprudência banana boat. Ou seja, evitar a jurisprudência que muda o tempo todo, conforme a composição do tribunal ou por outros fatores. 
Uniformizar a jurisprudência também tem a ver com se buscarresolver divergências internas no tribunal. Com objetivo de promover a isonomia e a segurança jurídica. Ex.: Há um processo de negativação indevida por dano moral, a segunda câmara entende que o prazo de prescrição é de 3 anos, mas a quinta câmara diz que o prazo de prescrição é 10 anos. Não é desejável que isso ocorra, se não entraremos na questão da loteria judiciária.
- Instrumentos para uniformização da jurisprudência dentro do tribunal
Existem diversos insititutos voltados para a uniformização da jurisprudência dentro do tribunal. 
a) Incidente de assunção de competência (Art. 947)
O primeiro instrumento está no art. 947, que é o incidente de assunção de competência. Ex.: No STJ, por exemplo, nós temos duas turmas que julgam matéria de direito privado, a 3ª e a 4ª turmas. Vamos supor que exista uma matéria em que essas turmas divergem, por exemplo, o prazo de prescrição. Havendo essa divergência, por meio da assunção de competência, o processo é encaminhado para o colegiado maior (nesse exemplo seria a segunda sessão, que reune integrantes da terceira e quarta turma do STJ) para que eles definam, afinal, qual vai ser a jurisprudência do tribunal sobre aquele assunto, pacificando a divergência interna sobre aquele assunto. 
b) Embargos de divergência (Arts. 1043 e 1044) 
Outros mecanismo de uniformização da jurisprudência está previsto nos arts. 1043 e 1044 - embargo de divergência. Esse recurso só cabe para trinunal superior (não cabe para o TJ e TRF).
 Cabe o embargo de divergência, também, quando há divergência entre duas turmas sobre determinada matéria. Então, quando oTribunal não faz espontaneamente a assunção de competência, pode-se interpor os embargos de divergência que naturalmente serão julgados por um colegiado maior.
926, CPC - JURISPRUDÊNCIA ESTÁVEL
O art. 926 diz também que a jurisprudência deve ser estável. Ou seja, uma jurisprudência estável é aquela que não muda de forma injustificada simplesmente por que mudaram os integrantes do tribunal. Mais do que isso, a ideia de estabilidade decorre do fato de que o sistema de precedentes é estruturado de maneira a facilitar a manutenção do status quo. Isso significa que o juiz que simplesmente aplica o precedente tem um esforço argumentativo menor, ele só precisa mostrar que o caso concreto é de aplicação do precedente, mas não precisa discutir toda a tese jurídica que levou a formação daquele precedente. 
Ex.: Se há um precedente dizendo que o prazo de prescrição de um pedido de dano moral decorrente de negativação indevida é de 3 anos, basta que o juiz demonstre que aquele é um caso de pedido de do moral decorrente de negativação indevida. 
Ainda dessa ideia de manutenção do status quo, o juiz que quiser revisar uma tese jurídica terá um ônus argumentativo maior, por que precisará demonstrar por que o precedente anterior deve ser superado e revisto. 
Art. 926 - JURISPRUDÊNCIA ÍNTEGRA
O art. 926 ainda fala que a jurisprudência deve ser Íntegra. A jurisprudência é uma peça dentro do ordenamento jurídico, assim, os precedentes devem ser proferidos em conformidade com a CF e com as lei vigentes, ou seja, a jurisprudência não pode ser contra lege. 
Ex.: se o código diz que o prazo é de 15 dias, não pode haver um precedente dizendo que o prazo é de 10 dias. 
 Quando fala-se de jurisprudência integra procura-se impedir o voluntarismo judicial (o juiz que julga sem se achar amarrado á CF ou á lei).
Art. 926 - JURISPRUDÊNCIA COERENTE
O último atributo do art. 926 diz que a jurisprudência deve ser coerente, ou seja, deve tratar de forma idêntica os casos semelhantes. Ao julgar determinado caso deve-se olhar os precedentes anteriores sobre aquela matéria. 
O tribunal ao julgar um caso, se ele verifica que ele tem um precedente sobre aquela questão, ele deve enfrentar aquele precedente para dizer se ele se aplica ou não ao caso concreto. Ou seja, mesmo que não se aplique, ele deve discorrer sobre o precedente.
Ex.: Está se discutindo no tribunal se a união homoafetiva autoriza o recebimento de benefício previdenciário por morte. Se já existe um precedente no tribunal reconhecendo a união homoafetiva para fins sucessórios, o tribunal deve dialogar com esse precedente, deve dizer alguma coisa, nem que seja para dizer que não se aplica por que há alguma regra impeditiva naquele caso.
PONTO 2/3 - A ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL (ART. 929 A 945)	
Esses artigos se aplicam a qualquer coisa que tramite no tribunal. Isso por que se aplica aos recursos, aos incidentes processuais (ex.: vamos supor que entrei com uma ação na vara cível do foro central do RJ, e o juízo entende que a ação é de competência do foro regional de santa cruz. O juizo de santa cruz diz que o processo é do foro central. Isso é um conflito de competência, que é um incidente processual) e ás ações de competência originária (ou seja, são processos que já começam na segunda instância. ex.: mandado de segurança contra ato do governador). 
O procedimento do tribunal é um procedimento bifásico. Normalmente há uma primeira etapa em que um dos membros do tribunal (relator) preside os atos iniciais e preparatórios daquele processo. A segunda etapa é o julgamento feito por um órgão colegiado (câmara de desembargadores, ou por uma turma de ministros). Então, qualquer coisa que tramite no tribunal vai ter um relator e, em regra, o julgamento colegiado. 
PROTOCOLO, REGISTRO E DISTRIBUIÇÃO
O art. 929 fala sobre protocolo, registro e distribuição.
- Protocolo (art. 929) 
Qualquer coisa que chega no tribunal recebe o protocolo, ele serve para deixar registrada a data de chegada no tribunal. 
- Registro
O registro é a anotação do nome das partes envolvidas e da matéria que está sendo discutida. 
- Distribuição (art. 929 e 930)
E a distribuição é a indicação de qual será o relator do processo.
Os tribunais, por uma questão de racionalização do trabalho, se organizam por órgãos fracionários, que são órgãos compostos por determinados números de membros (desembargadores ou ministros) que irão desenvolver as atribuições previstas no regimento interno. Órgão fracionário é um colegiado composto por um determinado número de desembargadores ou ministros, que irão exercer as atribuições que estão no regimento interno.
Ex.: No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro nós temos 20 câmaras cíveis, 5 câmaras de direito do consumidor. Isso está escrito no regimento interno do tribunal. 
O art. 930 fala sobre a os elementos da distribuição:
a) Alternatividade - deve haver alternância na distribuição. Ou seja, deve haver uma distribuição equitativa de trabalho entre os desembargadores. 
b) Sorteio eletrônico - não pode haver relator de encomenda, ou seja, há uma garantia do princípio do juiz natural. Ou seja, o desembargador deve ser designado por critérios pré-estabelecidos e impessoais.
c) Publicidade - Uma vez determinado quem é o julgador, as partes tem o direito de saber quem é o magistrado que apreciará o seu recurso, incidente processual ou ação de competência originária.
CONEXÃO E PREVENÇÃO (art. 930, p.u)
O parágrafo único do art, 930 - fala de conexão e prevenção
Pode haver conexão entre recursos ou nas ações de competência originárias, tal qual como no processo de 1ª instância. A consequência é a mesma, a reunião perante a mesma câmara e ao mesmo relator.
Prevenção - Ex.: Vamos supor que temos um processo em primeira instância, e houve uma liminar e foi interposto um recurso contra essa liminar, e para esse recurso, naturalmente, teve um relator A. Quando o processo chegar ao final, se for interposta apelação contra a Sentença, por conta da regra de prevenção, o relator será necessariamente o A, ele fica prevento para os demais recursos no mesmo processo.
Conexão - Ex.: Vamos supor que tramitou em primeiro grau dois processos relativos ao mesmo contrato: uma ação de cobrança de cobrança de contrato e uma ação anulatória de contrato. Portanto são processos conexos. Se houver uma recurso contra liminarem um dos processos, o relator A passa a ser prevento em ambos os processos conexos (art. 930).
Ex. 2.: vamos supor que temos um tribunal com duas turmas. 1ª turma (formada pelos desembargadores A,B, C,D,E) e a 2ª turma (formada pelos desembargadores F, G, H, I, J). Imaginemos que houve um primeiro recurso no processo de primeira instância, e C é o relator, ficando prevento. Mas, em um determinado momento, J morre e C se transfere para a segunda turma. No lugar do C (lugar na primeira turma) entra um desembargador K. O que acontece com a apelação que havia sido designada para C?
Resposta: Onde já houve distribuição, C está vinculado ao processo. Ele terá que julgar os processos aos quais já estava vinculado na 1ª turma, mas só receberá processos novos na segunda turma. 
Se chegar, porém, um recurso que C já havia se tornado prevento anteriormente (por que já havia decidido sobre o recurso da liminar), haverá uma livre distribuiçãio do recurso da sentença entre os membros da 1ª turma.
Obs.: O art. 929, p.u diz ainda que a critério do tribunal, os serviços de protocolo poderão ser descentralizados. 
O tribunal normalmente funciona nas capitais. Só que existem estados em que há um difícil acesso aos tribunais. Então para facilitar o acesso (para protocolar e acompanhar o processo), a CF admite, assim como o dispositivo acima, que os tribunais criem câmaras regionais fora das capitais ou das sedes onde funcionam os tribunais.
 
DEFINIÇÕES BÁSICAS
a) Voto --> O julgamento nos tribunais geralmente é colegiado, em grupo. O voto é cada manifestação individual dos membros do colegiado. 
 A reunião de votos forma o julgamento. Então pode acontecer dos 3 membros que formam o órgão decidirem no mesmo sentido, então é um julgamento unânime. Ou pode haver o julgamento por maioria (2x3).
b) Acórdão --> é a materialização do julgamento na forma escrita do que foi deliberado pelo colegiado (uma vez que o julgamento se dá de forma oral). O art. 204 dá essa definição: "Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais.
O acórdão pode ter conteúdo tanto de decisão interlocutória, quanto pode ter conteúdo de sentença. Em ambos os casos se chamará acórdão.
O acórdão, como qualquer decisão judicial, precisa ser fundamentado. O acórdão tem que ter os mesmos elementos da sentença (relatório, fundamentação e dispositivo).
O art. 941, §3° fala sobre o voto vencido. Esse dispositivo diz que o voto vencido vai precisar declarar por escrito às razões de sua divergência (isso deve constar no próprio acórdão). Isso é importante até para o requerimento de pré-questionamento.
Pré questionamento da matéria significa que aquela matéria tem que ter sido apreciado pelas instâncias inferiores. Ou seja, o recurso não pode trazer uma alegação inédita que foi vista em outras instâncias.
Ex.: Tramita na 1ª instância um processo sobre cobrança de dívida. Somente quando chega na fase recursal o réu faz a alegação que pagou a dívida. Esse tipo de coisa não pode acontecer, por que as alegações devem ter pré-questionamento (terem sido aprecidadas desde a primeira instância).
Se a questão que você quer trazer no recurso ao STF e STJ só foi apreciada no voto vencido, diz-se que há o pré-questionamento ainda que os votos vencedores nada tenham dito. O pré-questionamento pode ser apreciado pelo acórdão.
A importância do voto vencido é que ele pode chamar atenção de que houve uma divergência na questão, portanto, aquela questão permanece em aberto para debate de uma tese jurídica em precedente. 
Se o voto vencido contempla alguma fundamentação que foi rejetiado pela maioria, é um indício de que aquele fundamento não é novo e portanto a tese jurídica não deve ser revista.
# redação do acórdão
Quem redige o voto vencido é aquele que restou vencido.
Quem redige o acórdão? O relator. Mas e se foi o relator que ficou vencido? a resposta está no art. 941 caput. Nesse caso, quem redigirá é a primeira pessoa que votou no sentido da maioria. 
 # acórdão plural
Acontece quando os três desembargadores chegam a mesma decisão (de provimento ou improvimento) porém com fundamentos diferentes. Quem redige é o relator. Então nesse caso, quando houver divergência de fundamentação ainda que a decisão seja a mesma, é melhor os outros membros também produzirem um relatório.
c) Ementa --> Nada mais é do que um resumo do acórdão. (art. 943, §1°)
todo e qualquer acordão deve ter ementa. A ementa serve para facilitar a pesquisa da jurispruência e para auxiliar na própria divulgação da jurisprudência. 
É aconselhável que a ementa contenha a ratio discidendi (razões de decidir), mas ela não é um elemento essencial do acórdão.
Vamos imaginar que a ementa diz o contrário do que está previsto no acórdão, o que prevalece? o acórdão, uma vez que a ementa é só um resumo.
Um acórdão sem ementa não é nulo. Mas o contrário, ementa sem acórdão, não existe.
PODERES DO RELATOR
A maior parte das funções do relator está no art. 932
O relator tem esse nome por que é ele quem redige o relatório. Muitas vezes acontece de haver o relatório dos autos antes mesmo de acontecer o julgamento.
A maior parte das funçẽs do relator está no art. 932 .
# Inciso I (art. 932)- PODRES ORDINATÓRIOS 
(dirigir e ordenar o processo no tribunal). Todos os atos praparatórios ao julgamento da causa serão de responsabilidade do relator.
As providências que o relator ordena, como por exemplo, abrir prazo para as contra razões, abrir vistas ao MP, etc. Tudo isso é de responsabilidade do relator.
o art. 932, p.u + art. 938 §§ 1° ao 4° - traz a ideia de que podem haver vícios formais sanáveis, e o relator deve dar prazo para que o recorrente sane esse vício. Se o vício não for sanado o recurso será inadimitido (ou não conhecido), nterá sequer o mérito analisado (ex.: a petição que deixou de ser assinada, ou a falta de cópias de algumas petições no processo).
Isso se aplica a qualquer recurso ou a qualquer ação de competência originária ou incidente.
Porém se a parte perdeu o prazo ou entrou com recurso incabível, não há como sanar esse tipo de situação. 
Por fim, esses dispositivos citados acima não se aplicam a situações que envolvam recolhimento de custas. Alguns recursos exigem que se pague custas para recorrer. Quando há algum problema com relação ao pagamento destas custas, essa questão é regulada pelo art. 1007.
Rio de Janeiro, 13/03/17
(continuação)
O art. 932, I fala que incumbe ao relator dirigir e ordenar o processo no tribunal. Todos os atos que se destinam a ordenar.
Todos os atos que se destinam a impulsionar o andamento do recurso ou processo de competência originária, incumbe ao relator. 
Ex. 1: se temos um recurso em que temos que abrir contrarazões para a parte contrária se manifestar, a determinação desse ato é feita pelo relator. 
Ex. 2: Se nós temos uma ação de competência orginária em que o juiz manda o autor falar em réplica, esse despacho é de competência do relator.
Dentro dos poderes ordinatórios temos a possibilidade de se determinar o saneamento dos vícios formais. (art. 932, §único + art. 938 §§). Ex.: O recurso que deixou de ser assinado ou não possui as cópias exigidas por lei. --> 
art. 932, §único - O recurso que tem algum vício formal não pode ser inadmitido imediatamente, o recorrente tem uma chance de sanar o vício. 
OBS.: Exceções á determinação de saneamento de vícios formais:
- Questões de preparo - Isso não se aplica para as questões relativas ao preparo (ás custas processuais), por que o preparo tem uma regra específica que é o art. 1007 que veremos mais a frete. 
- Vícios insanáveis - também não se aplicam a vícios insanáveis (ex.: recurso intempestivo (interposto fora do prazo), recurso incabível).
# Art. 932, I - PODERES INSTRUTÓRIOS 
(dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação á produção de provas).
Caso haja uma produção de prova no tribunal é de responsabilidade do relator. A produção de provas é possível tanto no recurso quanto no processo de competênciaoriginária.
 É de competência do relator determinar, deferir ou indeferir a produção das provas.
* Existem três formas de determinar produção de provas no Tribunal:
1) Carta de Ordem - Quando o tribunal determina a produção de prova, mas essa produção não será feita no tribunal. 
Ex. 1: Manda fazer uma perícia, mas a perícia não vai ser feita no Tribunal. O relator então expede uma carta de ordem para o 1° grau para que ele realize a produção de prova. 
Ex. 2: Quando o tribunal manda ouvir uma testemunha, mas expede uma carta de ordem para que o juiz de 1° grau realize a oitiva da testemunha.
2) Produção de prova sobre a presidência do relator
Nesse caso a produção de provas ocorrerá no Tribunal. 
Ex. 1: Vai ser o relator quem vai indicar o perito, o laudo pericial é apresentado diretamente em segundo grau. 
Ex. 2: O próprio relator ouvirá a testemunha.
3) Produção de provas na presença do colegiado
Seria a possibilidade de ouvir a testemunha durante a sessão de julgamento perante todo o colegiado. (o prof. nunca viu acontecer, mas em regra o CPC admite).
# ART. 932, I PODERES DECISÓRIOS
São as decisões tomadas pelo relator de forma monocrática/unipessoal (não é acórdão, uma vez que acórdão é só o julgamento pelo colegiado).
* Quando o relator pode decidir de forma monocráticamente? 
1) Homologação de atos de autocomposição das partes (art.932,I)
(Incumbe ao relator quando for o caso homologar autocomposição das partes)
Ex.: Um processo em fase de apelação, as partes chegaram a um acordo (transação), as partes apresentam a autocomposição para que o relator homologue. Nesse caso ele pode homologar monocraticamente. 
2) apreciação de pedidos de tutela provisória (liminares). (932, II)
Ex.: Quando você tem um mandado de segurança de competência originária do tribunal, aí você pede uma liminar no mandado de segurança. Quem aprecia essa liminar no mandado de segurança é o relator. 
Ex.: Alguns recursos não tem os efeitos suspensivos (a decisão recorrida continua produzindo efeitos enquanto não é julgado os recursos), mas O CPC admite que em situações especiais, em que há suspeita de dano irreparável, é possível que se conceda os efeitos suspensivos a esses recursos. Esse efeito suspensivo tem natureza de tutela provisória, por tanto é apreciado pelo relator.
	Pode acontecer de haver um pedido avulso de efeitos suspensivos. Por exemplo, há casos em que a apelação não tem efeito suspensivo e o recorrente pede esses efeitos. Acontece que a apelação é interposta no 1° grau, então demora um tempo até a juntada da apelação no processo, e esse processso subir para o segundo grau. Com há urgência, faz-se um pedido avulso de pedido suspensivo diretamente no tribunal. Esse pedido avulso, quando o relator aprecia, ele fica prevento para a fase recursal daquele processo.
IMPORTANTE: Se o pedido de tutela provisória ou de efeito suspensivo é antecedente á distribuição da ação de competência originária ou da distribuição do recurso , isso faz com que haja a prevenção do relator.
 Há um caso curisoso que está no art. 10 da lei, 13188/15. Essa lei, mais especificamente o art. 10, trata da tutela provisória para o recurso contra decisão que manda publicar direito de resposta (ações contra veículos da imprensa). O art. 10 diz que o efeito suspensivo para esse recurso, somente poderia ser apreciado pelo colegiado, não pelo relator. Contudo, esse artigo sofreu a ADI 5415/STF, que foi concedida liminar, interpretando aquele artigo conforme a CF, determina que o artigo não impede a apreciação da tutela provisória pelo relator. Por que poderia haver uma situação de urgência em que o colegiado não tem tempo para se reunir (o colegiado se reune em datas marcadas), e nesse caso, poderá ser apreciado somente pelo relator.
Última observação com relação a tutela provisória - é possóvel o relator apreciar a liminar "ad referendum". a apreciação ad referendum, é quando o relator concede a liminar provisoriamente, e de ofício coloca a matéria para ser referendada ou não, para o colegiado decidir se ele mantém ou não a liminar que ele deu. Isso acontece sobretudo em casos com grande repercussão e de grande interesse público.
3) apreciação de pedidos de gratuidade de justiça ( art. 99, §7°).
Podem haver processos em que a gratuidade de justiça já foi concedida em primeiro grau. Nesse caso não há muito problema, uma vez que o recurso também não terá custas, e isso não é uma decisão para o relator tomar.
Contudo, o pedido de gratuidade de justiça pode ser formulado no próprio recurso ou quando há uma ação de competência originária. Nesses casos quem aprecia é o relator. 
O art. 99 parágrafo 2 fala da hipótese de requerimento de J.G no recurso.
4) Juízo de admissibilidade negativo do recurso (Art 932, III) 
O relator também pode, monocraticamente, fazer um juízo de admissibilidade negativo do recurso. (Art 932, III).
Depois veremos quais são os requisitos de inadimissibilidade do recurso. Mas se, por exemplo, o recurso foi interposto fora do prazo ou de forma errada, o relator pode monocraticamente não conhecer do recurso (que equivale a extinção sem resolução de mérito). 
O dispositivo fala de recurso incabível (intempestivo, incabível), prejudicado (em que desapareceu o interesse do recorrente por algum fato superveniente. Por exemplo: alguns recursos permitem áquele que deu a decisão recorrida, a possibilidade de reconsiderar sua decisão {o juiz deu uma liminar em primeiro grau e você recorre contra essa liminar, no curso desse recurso o juiz em primeiro grau pode reconsiderar a liminar que havia dado. Nesse caso, não há mais interesse no recurso da liminar}). 
Desaparecimento do interesse recursal por fato superveniente. 
 5) Julgamento monocrático no mérito dos recursos (art. 932, IV e V).
Nesse caso, o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, e o relator analisa o recurso no mérito, seja para manter a decisão recorrida (negar provimento) ou para alterar a decisão recorrida (dar provimento ao recurso). 
somente no caso estabelecido nas alíneas do art. 932, IV:
a) quando houver súmula do STF do STJ ou do tribunal. (Se o recurso for contrário a uma dessas súmulas nega-se provimento, se o recurso for amparado por uma dessas súmulas dá-se provimento).
b) quando houver acórdão do STJ ou STF em julgamento de recurso repetitivo. (Ou seja, quando houver acórdão de recurso especial ou repetitivo).
c) quando houver entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou em assunção de competência. 
No CPC de 73 havia a possibilidade de julgamento monocrático por manifesta improcedência (que é um conceito subjetivo), e muitos desembargadores julgavam monocraticamente conforme a sua vontade. Para acabar com isso, o atual código decidiu tornar mais objetivos os casos de julgamentos monocráticos. Porém, O STJ editou a súmula 568, faltando um mês para a entrada em vigor do novoCPC, tal súmula diz que o relator pode monocraticamente julgar o recurso se houver entendimento dominante sobre o tema. Isso, então, alargou novamente a possibilidade de decisões monocráticas por parte do relator que o CPC atual queria restringir.
O art. 932, V tem uma diferença fundamental com relação ao outro dispositivo. No inciso IV, o relator pode negar provimento a recurso sem abrir prazo para contrarazões, porque o recorrido não está sendo prejudicado. Já no inciso V, como o recurso está sendo acolhido, o relator tem que abrir prazo para as contrarazões. 
Muitos recursos quando chegam para o relator já tem as contrarazões (como é o caso da apelação), mas muitos casos não tem as contrarazões, nesse caso ele deve abrir prazo. 
6) Decisões finais em ação de competência originária.
a) indeferimento da petição inicial (art. 330).
	Ex.: Mandado de segurança de competência originária no tribunal. O relator verifica que não é caso de mandado de segurança por que não há direito líquido e certo, e exige a produção de prova testemunhal. O relator pode indeferir a petição inicial por uma decisãomonocrática.
b) improcedência liminar do pedido (art. 332)
Ex.: Uma ação recisória que contém uma hipótese que autoriza o julgamento de improcedência liminar do pedido, antes mesmo da citação do réu (que estão elencadas no art. 332). Nesse caso, o relator também poderá proferir uma decisão julgamento liminar dessa ação recisória.
7) Decisões interlocutórias em geral 
Decisões interlocutórias que sejam necessárias nos recursos ou em ações de competência originária são de competência do relator.
Ex.: decisão sobre o ingresso ou não do amicus curiae no processo, ou qualquer ingresso de terceiros, é o relator que decide. 
Assim como decide monocraticamente a desconsideração da personalidade jurídica (art. 932, VI).
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O art. 933 traz ao tribunal a mesma ideia de vedação a decisão surpresa que há no art. 10. A decisão surpresa é aquela que resolve a questão por um fundamento que não foi submetido ao contraditório, seria a "carta na manga do juiz". Ex.: quando as partes em ação de cobrança estão discutindo, e o juiz decide de ofício sobre a prescrição sem submeter a matéria para apreciação da matéria. 
Quando o relator constata uma questão superveniente durante a sessão de julgamento, o art. 933, §1° estabelece que o julgamento esse será suspenso para que as partes se manifestem posteriormente. 
Pode,ainda, acontecer que na sessão de julgamento um membro do colegiado pede vista dos autos para melhor decidir depois. E esse membro constata que há um questão pela qual ninguém se manifestou. Nesse caso ocorre o que está previsto no art. 933, §2°. O juiz que solicitou as vistas dos autos deverá encaminhar ao relator para que este tome as providências previstas no caput. 
PROCEDIMENTO PARA O JULGAMENTO PELO COLEGIADO
1) Questões preliminares
1.1) Julgamento virtual e Julgamento presencial
Se aplicam ao recursos e ao julgamento de competência originária, em geral..
O julgamento, via de regra, se dá por sessão presenicial. Mas há a hipótese de julgamento virtual, de determinadas classes de recusos. Claro que não vai caber a sessão virtual em caso de sustentação oral de advogado, por exemplo. 
As normas internas dos tribunais também admitem que as partes podem se opor ao julgamento virtual por simples petição que não precisa ser justificada. 
A decisão do colegiado em sessão virtual deve ser sempre unânime, caso contrário o julgamento deverá ser presencial. Isso por que há divergências e questões que devem ser debatidas.
1.2) Convocação de Juízes de 1° grau
Outra questão que se discute no julgamento colegiado é a seguinte: tem acontecido nos tribunais de por vezes os tribunais convocarem juizes de 1° grau para compor o colegiado. Por exemplo, você tem um cargo de desembargador que está vacante e o tribunal convoca, então, um juiz de primeiro grau para compor o colegiado. Discutiu-se se essa situação ofenderia o princípio do juiz natural, e chegou-se a conclusão que essa convocação não ofende o juiz natural (ex.: RE 597.133), desde que a convocação seja feita por critérios impessoais e pré-estabelecidos. 
2) Procedimento
O procedimento começa no art. 931.
2.1) Relator
Por esse dispositivo, o processo é distribuído, vai para o relator. Esse verifica quando verifica que não é caso de julgamento monocrático, vai elaborar o seu voto escrito e o relatório. O relator devolve o processo só com o relatório (ele guarda consigo o voto escrito) de volta á secretaria/cartório. O relator dá um despacho dizendo, mais ou menos, "vistos, peço dia para julgamento". 
2.2) Inclusão de Pauta
Após isso, ocorre a hipótese do art. 934: Quando o processo volta á secretaria/cartório, a própria secretaria organizara a pauta e vai incluir a pauta para julgamento. Quando for designada a data para julgamento, as partes devem ser avisadas dessa inclusão do feito em pauta (da data em que ocorrerá o julgamento). 
O art. 935 diz que a pauta deve ser publicada com antecedência mínima de 5 dias (úteis).
Se o tribunal não fizer essa públicação, aplica-se a súmula 117 do STJ que diz que se não for observado o prazo de 5 dias haverá nulidade do julgamento. Só não haverá nulidade do julgamento em duas situações:
a) não ocorreu a publicação mas os advogados das partes estavam presentes. Nesse caso não há prejuízo. 
b) (parte final do art. 935) . Pode acontecer o seguinte: você incluiu o feito em pauta para o dia 10. No dia 10, todos estão lá, e por qualquer razão o relator não pode comparecer ao julgamento. Nesse caso o julgamento é adiado,pelo presidente, para a sessão seguinte. Esse adiamento não precisa de nova inclusão de pauta.
Rio de janeiro, 17/03/17
O art. 936 fala sobre o pedido de preferência. A ideia do 936 é não ficar esperando o dia inteiro para o seu recurso ser julgado. Temos pautas de julgamento com 200/300 processos. (professor achou que falou sobre esse artigo na aula passada mas não falou).
2.4) Sustentação Oral
A sustentação oral está regulada no art. 937. Sustentação é a possibilidade de expor as razões do seu recurso perante os integrantes do colegiado. 
- Qual é a ordem de fala na sustentação oral? O autor na sustentação oral de competência originária. E no recurso o recorrente é o primeiro a se pronunciar. O MP também pode sustentar oralmente, porém porém ele vai falar depois das partes. O art. 119, I confere ao MP a prerrogativa de falar por último quando ele atua como fiscal da lei (a não ser que ele faça parte do processo, nesse caso ele pode falar antes).
- O tempo de sustentação oral é de 15 minutos. Nos juizados especiais o tempo de sustentação é de 5 minutos.
Se houverem litisconsortes, e eles estiverem sendo defendidos por advogados distintos, aplica-se o art. 229 estabelecendo que estes terão prazo em dobro para falar (30 minutos). 
Na sustentação oral de litisconsortes com advogados diferentes há a possibilidade de convenção processual. Ou seja, eles podem convencionar entre si como vai ser a divisão do tempo de sustentação, desde que não ultrapassem o limite de 30 minutos.
- O novo CPC trouxe a novidade da sustentação oral por vídeo conferência. A ideia é que para o advogado do interior pode ser difícil se deslocar para um tribunal, Para esses advogados (que tem escritório diferente do da sede do tribunal) há a possibilidade da sustentação oral por vídeo conferência. (art. 937, § 4°).
Na sustentação oral há há a possibilidade de convenções processuais (negócio jurídico processual). Uma delas já falamos, quando quando há o litisconsórcio e os advogados decidem como será a sua divisão do tempo de sustentação. 
Obs.: não é permitida a ampliação do tempo de sustentação oral por meio de negócio processual! Isso seria uma externalidade que prejudica terceiros (uma vez que iria afetar a pauta de julgamento). 
EX. 1: Outro exemplo muito comum que acontece é quando há a sessão de julgamento e só está presente o advogado de uma das partes (autor ou réu), então o relator adianta o entendimento dele para o essa parte dizendo que é favorável a este. Isso nada mais é do que um NJ processual em que o advogado abre mão do direito de sustentação oral por que o relator já manifestou o seu entendimento em favor dele. Mas caso o colegiado entenda de maneira diferente do relator durante a sessão de julgamento, o advogado poderá ter o direito de fazer a sustentação oral.
- A sustentação oral não é cabível em todos os recursos/ação de competência orignária. Os casos em que cabe sustentação oral estão relacionados no próprio art. 937. A única observação é com relação ao inciso IX, que estabelece pode haver numa legislação especial especial a previsão de sustentação oral. O regimento interno pode dar um direito de sustentação em recursos não previstos em lei.
- A sustentação oral não se confunde com o pedido de esclarecimento do fato, que está previsto no art. 7, X do Estatuto da OAB. Ex.: Você está assitindo a sessão de julgamento de uma ação de cobrança, em que a dívida foi paga e estão nos autos o comprovante de pagamento, e o relator diz que "considerando que a dívidanão foi paga". O advogado vai pedir o esclarecimento de fato ou documental, é uma interenção sucinta e pontual para esclarecer algum fato e evitar a sua errônea apreciação. O advogado não pode se utilizar disso para fazer a sua sustentação oral. O esclarecimento de fato cabe em qualquer ação ou recurso, mesmo naqueles em que não cabe a sustentação oral.
Resumo da dinâmica da sessão de julgamento: O processo é chamado a julgamento; o relator lê o relatório; se houver sustentação oral, essa acontece após a leitura do relatório; Depois o relator dá o seu voto, seguido pelo voto dos demais membros do colegiado. Porém alguém do colegiado pode considerar que acha melhor examinar melhor o processo antes de proferir o seu voto e pedir vista dos autos (o relator também pode pedir).
2.5) Vista dos autos pelo colegiado
O colegiado pode pedir a vista dos autos. O prazo para vista dos atos são de 10 dias úteis prorrogáveis por mais 10 dias úteis. Esses dez dias são para que o processo não se torne demasiadamente moroso, e também para que não se esqueça o que foi discutido durante a sessão de julgamento. 
Se o prazo não for respeitado aplica-se o §§ 1° e 2°art. 940. O presidente da câmara requisitará os autos e inclui-los na pauta da sessão seguinte. Se o membro que pediu a vista ainda não se sentir habilitado a votar, será designado um substituto para proferir voto. 
2.6) Preliminaro do recurso x Preliminar do processo
No julgamento do recurso também podem haver preliminares. O art. 938 prevê que quando houverem preliminares, cada uma dessas preliminares tem votação em separado. Ex.: Preliminar de intmpestividade do recurso (recurso interposto fora do prazo), colhe-se os votos sobre essa prliminar. Vamos supor que os votos foram para rejeitar a preliminar, então passa-se ao julgamento do mérito da apelação
Importante: Não confundir preliminar do recurso com preliminar do processo. Ex.: Legitimidade processual é preliminar e não mérito, via de regra. Mas não se deve confundir o mérito do processo com o mérito do recurso. Vamos supor que o juiz tenha acolhido uma preliminar de legitimidade em primeiro grau, e eu apelei contra isso. O mérito do recurso é a rediscussão sobre a preliminar, nesse caso a preliminar é o mérito do recurso. A preliminar do recurso pode ser o recurso intempestivo, o recurso incabível, a falta de recolhimento das custas, e até a ilegitimidade para interpor o recurso (mas não do processo). As questões de admissibilidade do recurso é que podem ser preliminares detes. 
2.7) Colheita dos Votos 
Vamos supor que os 3 desembargadores votem no mesmo sentido. Mesmo assim podem haver dispersões. 
		2.7.1) Dispersão quantitativa - Ex.: Todos os desembargadores votam no sentido de que o apelante deve ganhar a causa. Mas o desembargador 1 acredita que ele deve receber 50 mil, o desemb. 2 acredita que seja 70, e o desemb. 3 acredita que seja 80. Nesse caso, o regimento interno pode adotar dois tipos de solução.
A) Média aritimética dos valores. (Essa não é a solução mais adequada por que o resultado desse julgamento seria o seguinte: O tribunal dá provimento a apelação, e todos os membros do colegiado restam vencidos). 
B) Vence o vulto médio (aquele que deu deu o valor do meio).
		2.7.2) Dispersão qualitativa - Ex.: Vamos supor que o apelante mora do lado de uma Quadra de escola de samba. O voto dos membros é no sentido de que realmente há volume excessivo, porém os votos tem dispersão na medida para resolver o problema. O relator decide limitar o horário de funcionamento até meia noite. O 1° vogal mand fazer isolamento acústico; O 2° manda fechar a quadra. 
O regimento estabelece que deve haver uma votação de eliminação (de 2x2), para que se chegue a uma das decisões. 
2.8) Encerramento do julgamento (art. 941)
A partir do momento que se proclama a decisão pelo presidente, o julgamento está encerrado. É importante delimitar o momento final porque enquanto a decisão não for proferida, os membros podem mudar o seu voto. Isso não se aplica aos substitutos, somente a própria pessoa pode rever o seu voto. 
- Lavratura do acórdão - Quem lavra o acórdão é o relator, a não ser que ele fique vencido. Se ele for vencido, quem primeiro votou no sentido da tese vencedora lavrará o acórdão.
Após lavrado o acórdão ele tem que ser publicado no prazo de 10 dias (art. 943, §2°). Com a publicação do acórdão, se iniciam os prazos processuais para interpor algum recurso para aquele acórdão. 
O art. 944 prevê que se não publicado o acórdão a partir de 30 dias após o julgamento, as notas taquígraficas o substituirão (a gravação/transcrição do que foi falado no julgamento).
Ponto 4 - Teoria Geral dos Recursos
Por hora falaremos somente sobre os recursos (deixando de lado as ações de competência originária).
1) Conceituação de Recurso
Quando comçamos a falar de teoria geral dos recursos, temos que conceituar o que é recurso. O que precisamos ter para estar diante de um recurso. 
1.1) meio voluntário
O recurso é sempre um meio voluntário, ou seja, é necessária uma manifestação de vontade para haver recurso, não existe recurso de ofício. O direito de recorrer é um prolongamento do direito de ação, e direito de ação exige manifestação de vontade (princípio da inércia da jurisdição).
Por essa conceituacão, o reexame necessário, que está previsto art. 496, não pode ser enquadrado como recurso. O reexame necessário acontece no caso de haver alguma setença contra a fazenda pública (preenchido alguns requisitos), que essa decisão será necessariamente reexaminada pelo tribunal de segunda instância, ainda que não haja apelação.
Para alguns autores essa noção de voluntariedade não seria essencial à conceituação de recurso, e nesse caso o reexame necessário poderia ser considerado um recurso. Mas são minoritários (fredie Didier, e Araken de assis).
1.2) reexame de uma decisão
Busca-se sempre o reexame de uma decisão. O recurso sempre tratará de uma questão que já foi apreciada, e busca-se um reexame dessa questão. Caso contrário, não se trata de recurso. 
1.3) mesmo processo
O recurso não forma um novo processo, ele é interposto dentro de um mesmo processo. Essa é a diferença do recurso para as ações autônomas de impugnação. Ex.:Quando eu impetro um mandado de segurança contra uma decisão judicial, ele não é recurso, mas sim uma ação autônoma de impugnação. 
1.4) Reforma, invalidação, integração, esclarecimento
	1.4.1) Reforma - Aqui o apelante quer que a decisão seja alterada em seu mérito.
	1.4.2) Invalidação - Pretende-se a desconstituição da decisão pois ela contém algum vício. Ex.: Suponha que o réu é condenado, mas entende-se que houve um cerceamento e defesa por que não deixaram que ele produzisse a prova pericial. 
	1.4.3) Integração - Quando a decisão se omite sobre algo relevante no processo, e a parte quer que haja a apreciação completa (complementação). Ex.: Ex.: O sujeito pede danos morais e danos materiais, mas na sentença o juiz somente aprecia o dano material. Então a parte pode pedir a integração da sentença, pedindo que aprecie também o dano moral. 
	1.4.4) Esclarecimento - Cabe em situações em que a decisão é obscura, ininteligível ou contraditória. Ex.: O juiz passa a fundamentação inteira dando razão ao autor e chega no final ele julga improcedente o pedido.
1.5) Conceito: É um meio voluntário, que buscando o reexame de uma decisão no mesmo processo, visa a sua reforma, invalidação, integração ou esclarecimento. 
2) Razão da existência dos recursos
- O fato do julgamento nos tribunais normalmente serem colegiados (2 cabeças pensam melhor do que uma).
- Os julgadores nos tribunais normalmente tem mais experiência, logo é mais provável que a decisão seja mais acertada.
- Há um maior controle do arbítrio judicial.
3) Desvantagens dos recursos
- Maior gasto de tempo e de dinheiro
- Desprestígio da primeira instância
- Quebra da unidade do poder judiciário (ou acaba tendo a mesma decisão, ou chega-se a conclusão de que os juízes podem decidir amesma causa de forma distinta.
O princípio do grupo grau de jurisdição é estruturado como um princípio geral porém ele não é considerado uma garantia, ou seja, o legislado pode estabelecer exceções em que não haverá o duplo grau de jurisdição. São elas: Ação de competência originária no STF; execuções fiscais de alçada (art. 34, lei 6830/80) - são execuções fiscais de valor até 50 OTN (mais ou menos 300 reais); 
Rio de Janeiro, 20/03/2017
Classificação dos Recursos
Quanto ao objeto do recurso, ao que ele impugna:
Recurso Total: é aquele que impugna tudo que é recorrível na decisão. Ex: juiz julgou improcedente todos os pedidos do autor. O autor pede na apelação para que dê provimento a todos os pedidos.
Recurso Parcial: o autor só recorre quanto a um pedido. Não impugna toda a decisão naquilo que ela é recorrível. 
Capítulo da Decisão -> é toda unidade que logicamente independente dessa decisão, qualquer questão que poderia ser objeto de uma decisão própria. Alguns capítulos são acessórios (honorários, juros legais de mora, verbas de sucumbências), se julga improcedente algum capítulo, o acessório acaba sendo improcedente também apesar de não ser objeto do recurso.
Quando o recurso é parcial, ele não atinge todos os capítulos. O capítulo (de mérito) que não foi objeto de impugnação no recurso, transita em julgado. Já os acessórios não transitam em julgado, são arrastados na impugnação do capítulo principal. 
Se houver ilegitimidade (matéria de ordem pública) da parte ativa, e o tribunal só tem conhecimento da ilegitimidade na impugnação de um dos capítulos principais (objeto do recurso), os capítulos principais restantes irão transitar em julgado, porque não foram objeto do recurso. O tribunal só pode analisar questões sobre capítulos que forem impugnados, é o limite do tribunal. (Art. 1013, par.1)
Quanto às hipóteses de cabimento:
Recurso de Fundamentação Livre: é a regra geral. O recorrente pode alegar qualquer questão de fato ou de direito pra sustentar que aquela decisão deve ser revista, anulada ou reformada. Ex: apelação. Pode alegar que o juiz interpretou a lei de forma errada, aplicou jurisprudência de forma incorreta. 
Recurso de Fundamentação Vinculada: nesse recurso não pode alegar qualquer matéria, tem que alegar a ocorrência de alguma hipótese legal de cabimento daquele recurso. Ex: Art. 1022, recurso especial ou extraordinário (Art. 102 e 105\CF).
 Requisitos de admissibildade do recurso/ Pressupostos recursais:
A apreciação da admissibilidade do recurso é sempre preliminar á discussão do mérito. Esse requisito está para o recurso, assim como as condições da ação e pressupostos processuais estão para o mérito do processo.
Aqui se discute se o tribunal vai conhecer ou não vai conhecer do recurso (admissibilidade). Quando o tribunal não conhece do recurso é porque ele entendeu que este não é admissível.
Já no mérito, nós falamos em prover ou não prover o recurso. Então o tribunal pode conhecer o recurso mas não prover, ou seja, não conceber a demanda pleiteada pela parte (trata do mérito).
O art. 932, III o juízo de admissibilidade negativo (não conhecer) pode ser feito tanto pelo relator quanto pelo colegiado.
PRESSUPOSTOS: INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS
1. Pressupostos Intrínsecos buscam responder a uma pergunta: há direito de recorrer? 
1.1 Cabimento 
No cabimento, vamos verificar se a decisão comporta o recurso, se é recorrível, e sendo recorrível qual é o recurso cabível contra aquela decisão. 
Quando a pessoa entra com o recurso errado, ela não está observando o cabimento.
Existem três princípios processuais relacionados ao cabimento.
		1.1.1) Princípio da taxatividade - todos os recursos cabiveis devem estar previstos em lei. Somente a lei federal pode prever recurso. Isso significa duas coisas: 
- regimento interno de tribunal não pode criar novo recurso; e 
- As partes não podem, por meio de acordo, criarem recursos que não estão previstos em lei. 
		1.1.2) Princípio de singularidade ou unirrecorribilidade - Contra toda decisão recorrível cabe apenas um único recurso. Ex.: Você tem uma decisão, uma sentença ninguém espespera que você impugne um capítulo com um agravo e outro capítulo com uma apelação. Espera-se que se interponha um único recurso. A única excessão é o Recurso especial e o recurso extraordinário. 
		1.1.3) Princípio da fungibilidade - Significa que em determinadas situações, ainda que se entenda que aquele recurso interposto não seja cabível , é possível entênde-lo como um recurso cabível e não penalizar a parte por isso. 
Isso decorre de uma regra que está no art. 283, parágrafo único, que fala sobre o aproveitamento dos atos processuais. Isso não é em qualquer caso. só vai caber a fungibilidade preenchido dois requisitos:
- Hipótese em que haja dúvida objetiva (em que há controvérsia jurisprudencial ou doutrinária sobre qual é o recurso cabível); 
- Deve haver ausência de erro grosseiro. 
Ex.:
Outro requisito que havia é o respeito ao prazo. A parte não pode se aproveitar da fungibilidade para extender o prazo de recorrer. Isso foi extinto por que a maior parte dos recursos atuais tem o prazo de 15 dias, com exceção dos embargos de declaração. 
1.2 Legitimidade 
Aqui não é a legitimidade processual, mas sim legitimidade para recorrer.
Quem pode interpor recurso? as partes do processo, 3° prejudicado, MP (como parte ou como fiscal da ordem jurídica). Isso está no art. 996.
A parte não é só a parte originária. Aquele terceiro que intervém no processo e assume a condição de parte (ex.: denunciação da lide, ou desconsideração da personalidade jurídica) também são partes.
O assitente simples pode recorrer? O art. 121, § único diz que o assistente simples pode recorrer, mas ele é uma parte coadjuvante no processo, ele visa auxiliar o assistido. Quando o assistido recorre, ele pode juntar forças, pode recorrer também. Mas se o assistido desiste do recurso, o recurso do assintente não será admissível. Porém quando a parte principal, o assitido, fica omissa, o recurso do assistente é admissível, por que o assistido pode simplesmente ter perdido o prazo. O assistente simplesmente não pode colidir com o assistido.
O art. 996,§único, fala que o terceiro prejudicado deve mostrar qual é a relação que ele tem com aquela decisão. O terceiro prejudicado normalmente é o sujeito que poderia ter ingressado como assistente simples e não ingressou antes. Outra hipótese de 3° interessado é o caso de legitimidade extraordinária (substituição processual).
O amicus curiae pode recorrer? A situação do amicus curiae está regulado no art. 138. Via de regra, o amicus curiae não pode recorrer (ele não tem interesse na sua esfera jurídica pessoal). O art. 138, §1° estabelece a regra geral. Porém, há algumas exceções, o próprio §1° estabelece que o amicus curiae pode interpor embargos de declaração, ou §3°, em que o amicus curiae pode interpor IRDR. 
O art. 138, caput diz que o juiz ou relator poderá, por decisão irrecorrível, admitir o ingresso do amicus curiae. A discussão em torno disso é que o código foi omisso quanto ao indeferimento do ingresso do amicus curiae no processo.
O MP pode recorrer quando é parte e também quando atual como fiscal da ordem jurídica. Sobre isso há inclusive a súmula 99 do STJ, que diz que o MP tem legitimidade para recorrer no processo que oficiou como fiscal da lei ainda que não haja recurso da parte.
1.3 Interesse Recursal 
Interesse processual do recurso, aqui verifica-se se o recurso é útil e necessário para a parte.
O interesse recursal é como o interesse processual mas pensando nos recurso. Tem- se que verificar se o recurso é útil, capaz de trazer uma situação prática mais vantajosa ao recorrente. E a necessidade, ou seja, se o recorrente tem que se utilizar do recurso para obter essa vantagem. 
Exemplo de decisão em que não há interesse recursal por ser recurso desnecessário: O juiz recebe a petição inicial e dá o despacho "cite-se o réu", e o réu acha que é o caso do juiz decir de ofício pelaprescrição. Nesse caso você não tem necessidade de recorrer, basta alegar isso em contestação. (seria somente o caso de recurso se o juiz rejeitasse na contestação). Então aqui o recurso não é cabível.
Há uma ideia de sucumbência relacionada ao interesse processual. Mas nem sempre esse é o caso. Ex.: O MP não necessariamente precisa ser o sucumbente. Ou situações em que se quer melhor a fundamentação: 1. embargos de declaração (para sanar uma contadição, omissão ou obscuridade) pode ser interposto pela parte que ganha; 2. Formação de precedente vinculante art. 927 (a parte pode ter ganho no processo individual, mas é um repetitivo, uma tese jurídica que irá prejudicar muito mais a frente em outros processos); 3. nas Ações coletivas quando se é réu e tem um pedido julgado imprecedente por falta de provas, essa decisão não impede que se proponha nova ação coletiva. Nesse caso, a doutrina entende que o réu que ganhou possa solicitar que a improcedência seja por outa fundamentação, para evitar a proprositura de novas ações (Secundum eventum probationem). 
Rio de Janeiro, 24/03/2017
1.4 Ausência de fatos extintivos ou impeditivos no direito de recorrer
Aqui, a desistência de recurso é um fato extintivo do direito de recorrer. 
Devemos falar de três institutos.
		1.4.1 Desistência (art.998) - O recurso é um ato voluntário, então a pessoa pode desistir. A pessoa interpõe o recurso e num momento posterior pode desistir dele. 
Na desistência do recurso não se exige anuência da parte contrária, do recorrido (diferente do que acontece na desistência da ação, em que o réu citado pode não concordar com a desistência da ação). E a decisão recorrida transitará em julgado.
A desistência pode ser apresentada apresenta qualquer tempo antes do julgamento do recurso (inclusive na véspera). 
Outra diferença da desistência da ação para a do recurso, é que a desistência da ação precisa ser homologada pelo juiz (art. 200), já a desistência do recurso produz efeitos de imediato, a homologação do juiz só serve para declarar um fato que já aconteceu, mas a desistência ocorre instantanemente.
A desistência pode ser no todo ou em parte. Ex.: Vamos supor que eu apelei contra decisão por dano material e dano moral. Eu posso desistir do meu recurso só com relação ao dano moral, por exemplo.
O art. 998 diz que para eu desistir não preciso da anuência do listisconsorte. Mas vamos supor que A e B recorreram de uma sentença sobre anulação de contrato. Mas o B desiste do recurso. Numa situação de litisconsórcio unitário, se o recurso de A for provido, isso será aproveitado também para o B. (Isso só ocorre em litisconsórcio unitário, não se aplica ao litisconsórcio simples).
A desistência exige poderes especiais na procuração (art. 105). Para o advogado desistir (da ação ou do recurso) ele tem que ter poder expresso na procuração, por que a procuração genérica não permite a desistência por parte do advogado. A desistência é um ato de disposição do direito que exige poderes especiais. 
 art. 998, § único - Nós temos os recursos repetitivos e os recursos extraordinários por repercussão geral (eles tem a preocupação de julgar o caso concreto, mas também de definir tese jurídica vinculante). A resolução do caso individual é um interesse exclusivo da parte, logo ela pode desistir do seu recurso. Só que esse recurso quando é afetado pelo regime de recurso repetitivo, por exemplo, passa a ser de interesse público (definição da tese jurídica). Como o legislador compatibilizou esses interesses? O parágrafo único estabeleceu que a parte pode desistir do seu recurso e para o seu processo individual vai valer a decisão anterior. Mas, o procedimento que estava acontecendo continuará com a única finalidade de definir a tese jurídica. 
 
		1.4.2 Renúncia (art. 999) - Na renúncia a parte, antes mesmo de interpor o recurso, renúncia ao direito de recorrer. O art. 999 é absolutamente simples e direito. A Renúncia, assim como ocorre na desistência, não precisa da anuência da outra parte. 
A controvérsia existente é a seguinte: Quando eu tenho um prazo aberto para recorrer e renuncio, ok. Mas, a controvérsia existente é a seguinte: eu posso renunciar a um direito de recorrer de decisão que ainda não existe, posso renunciar para o futuro? Isso sempre foi muito discutido. No novo CPC pode-se fazer um pacto de instância única (que ninguém poderá recorrer de nada um futuro processo relativo ao contrato). As partes também podem renunciar ao direito de recorrer para uma decisão que ainda não existe. 
Ex.: Eu celebro um acordo com vinicius. Eu sou autor da ação por que vinicius não me pagou. Eu celebro um acordo em que ele se compromete a pagar uma parte, e já tem um valor depositado em juízo. Então, eu e ele fazemos um acordo que desde logo que as partes abrem mão de recorrer contra a decisão homologatória que vier a liberar essa quantia, que é para que eu (autor) levante logo o depósito juicial.
	1.4.3 Aceitação (art. 1000) - É uma situação em que o recurso não foi interposto, mas eu pratico um ato que é incompatível com a vontade de recorrer, gerando uma preclusão lógica.
Aceitação expressa - a parte diz que aceita a decisão, embora não diga que não quer recorrer. 
Aceitação tácita - a parte pratica ato incompatível com a vontade de recorrer.
Ex.: Rafael é condenado a pagar mil reais de danos morais. Se ele deposita judicialmente esse valor enquanto há prazo para recorrer, sem fazer nenhuma ressalva (declaração de que está depositando mas pretende recorrer, por exemplo), ele está praticando um ato incompatível com o ato de recorrer. Ele poderia até depoistar a quantia, mas teria que fazer a ressalva. 
	2. Pressupostos Extrínsecos
2.1 Tempestividade 	(o recurso foi interposto no prazo?)
	O prazo para interposição de recurso é de 15 dias, exceto para embargos de declaração que são 5 dias. Art. 1003, §5°.
Quando o prazo começa a contar? O prazo começa a contar a partir da intimação das partes (publicação em diário oficial ou meio eletrônico). O art. 1003, §1° diz que se houver uma audiência na qual o juiz profere decisão, os advogados são considerados intimados na própria audiência. 
O art. 1003, §2° - Podemos ter recurso contra decisões que são proferidas antes da citação do réu, medida ca(ex.: ação despachada com pedido liminar de internação contra o plano de saúde, e devido a essa decisão o prazo em que o plano de saúde (réu) pode recorrer começa a contar após a juntada aos autos do mandado de citação).
Como aferir em que data o recurso foi interposto? pelo protocolo.
Fusos horários distintos para protocolar: Vamos supor que eu tenho um processo eletrônico que tramita no Acre (diferente fuso horário), mas moro no RJ. Eu posso protocolar até 00h por se trtar de processo eletrônico, mas de qual fuso horário? Tem que ser no do Acre, por que é no fuso horário de onde o processo está tramitando. (art. 213, § único).
Advogado em outro Estado: Eu sou um advogado de Governador Valadares e tenho um processo tramitando em BH, e o processo é físico. O que eu faço nessa situação? O TJ tem um convênio com os correios, então eu posso protocolar o meu recurso nos correios e eles irão encaminhar o meu recurso até BH onde está tramitando o processo. Mas, o recurso é considerado protocolado no momento em que colocou nos correios ou no momento em que chegar na Vara? A Súmula 216 STJ, diz que a tempestividade de recurso interposto pelo STJ é aferida pelo registro no protocolo na secretretaria e não a data de postagem na agência dos correios. mas essa súmula foi superada pelo novo código. O art. 1003, §4° vai dizer que a data de postagem na agência dos correios é a data considerada de interposição.
Outro problema com relação ao prazo: Os prazos se contam em dias úteis, não contam os feriados. E os feriados locais? Tem que considerar os feriados na sede do juízo. 
Ex.: Vamos supor que você tem um processo no STJ e o recurso para o STJ é protocolado no RJ. Vamos supor que era um feriadolocal no RJ, isso vai prorrogar o seu prazo para interpor recurso. Só que a parte deverá comprovar o feriado (juntando cópia da lei estadual ou do diário oficial). Mas o problema é saber em qual momento eu devo fazer a prova de feriado local? O art. 1003, §6° diz que o recorrente comprovará o feriado local no ato de interposição do recurso. (Ainda há muita discussão acerca desse assunto, por que o NCPC também estabelece que o relator deve proporcionar a resolução do vício, e essa norma seria muito rígida).
O recurso interposto depois do prazo é inadimissível.
O recurso prematuro é aquele interposto antes de começar o prazo, é possível? sim. Por exemlplo, a sentença está lá, mas a parte ainda não foi intimada mas já interpõe recurso. O art. 218, §4° estabelece que a parte pode se antecipar para interpor o recurso. 
Prazo em dobro: É concedido quando são partes o MP, Defensoria, Fazenda pública em geral, isso se extende aos núcleos de prática jurídica das faculdades (art. 180, 183, 186). Os litisconsortes com advogados de escritórios diferentes (art. 229), mas aqui temos algumas considerações: o prazo em dobro só vai existir se o processo tramitar em autos físicos. Vamos supor que eu tenha dois réus, e a sentença julgou improcedente em face do primeiro e procedente em face do segundo. O primeiro pode ter prazo simples ou em dobro para recorrer? A súmula 641 do STF diz que não se conta em dobro o prazo para recorrer quando só um dos litisconsortes haja sucumbido. Assim, como o prazo não é comum não corre prazo em dobro.
O terceiro prejudicado tem o mesmo prazo que as partes para recorrer. Para ele saber qual é o prazo ele deve olhar quando as partes no processo foram intimadas, e terá o mesmo prazo para recorrer. 
2.2 Regularidade formal	(o recurso tem pedido? ele impugnou a decisão recorrida?)
	2.2.1 - Dialeticidade	
 O primeiro elemento que deve atender é ao princípio da dialeticidade - vamos supor que eu ingressei com uma ação contra a Carol cobrando um cheque, e ela se defendeu com contrarrazão. O Juiz julga improcedente o meu pedido sob fundamento de prescrição eu apelo contra ele usa sentença. Nessa apelação eu não posso simplesmente copiar e colar a minha petição, eu na tenho que atacar os fundamentos da decisão recorrida, demonstrando por que ela tem que ser reformada, invalidada, integrada ou esclarecida. (isso é dialeticidade)
2.2.2 - Pedido
O segundo elemento é o pedido, então é tenho que pedir a invalidação, reforma, esclarecimento, ou integração da decisão. Um recurso sem pedido é inepto. 
2.2.3 - Forma escrita
O recurso é ato formal que se pratica de forma escrita. A única excessão é o embargo de declaração no juizados especial.
Os recursos de bem estar subscritos, assinados, com algum sujeito com capacidade postulatória, mesmo no juizados especiais.
Existem recursos de fundamentação vinculada, e para esses recursos devem observar as hipóteses de cabimento. Ex.: Para os embargos de declaração eu tenho que alegar ou uma contradição, ou uma omissão ou uma obscuridade. Não posso simplesmente dizer que o juiz apreciou mal. 
2.3 Preparo		(foram recolhidas as custas processuais para o recurso?)
Quando as custas não foram recolhidas chamamos isso de deserção. Deserção é o recurso que não foi admitido pois não preenche esse requisito de admissibilidade. Recurso Deserto. 
A comprovação de recolhimento das custas deve ser feito no protocolo de interposição do recurso (art. 1007)
* Exceções.: 
a) O recurso inominado nos juizados - Nos juizados pode-se comprovar até 48 horas depois da interposição do recurso.
b) a súmula 484 do STJ diz que admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário.
* Problemas no preparo:
a) Falha na comprovação do preparo (art. 1007, §7°) - Caso de guia de custas ilegível ou preenchida errada. Nessa situação se aplica o art. 1007, §7, o relator intima a parte para corrigir. Se eo recorrente não corrigir o vício, haverá deserção.
b) Insuficiência do preparo - O sujeito que pagou menos do que deveria. Aplica-se o art. 1007, §2° , o recorrente será intimado para em 5 dias pagar a diferença, e só haverá deserção se ele não pagar a diferença. 
No juizado especial, por entendimento consolidado, essa regra não se aplica. Então se no juizaod você pagou menos, não terá a oportunidade de recolher a diferença. Os doutrinadores costumam dizer que dar um prazo para corrigir a insuficiência iria interferir no princípio da celeridade que permeia os juizados.
c) Completa ausência do preparo - Quando o recorrente não paga nada Aplica-se o art. 1007, §4° - A parte deverá pagar em dobro, sob pena de deserção.
Se o recorrente que não recolheu as custas, não poderá pagar insuficientemente para complementar posteriormente. o art. 1007, §5° diz que é vedada a complementação se anteriormente houve ausência de preparo.
* Pessoas que estão sispensadas do preparo.
a) Fazenda pública em geral. (art. 1007, §1°)
b) Beneficiário de gratuidade de justiça (de primeira instância ou só recursal) (art. 99, §7°)
c) Legitimados para propor ações coletivas. Esses sujeitos não tem que recolher custas, inclusive para efeitos recursais.
Obs importante.: O art. 4°, § único, da lei 9289/96 - OAB e Conselho regional de medicina (e outros conselhos regionais) não estão dispensados do recolhimento de custas. 
Rio de Janeiro, 27/03/2017
Juízo de Mérito 
É um juízo feito apenas quando o recurso preenche os requisitos de admissibilidade. 
Temos que levar em consideração que uma coisa é o mérito da causa, e outra coisa é o mérito do recurso. O mérito do recurso está relacionado ao pedido de reforma, invalidação, integração ou esclarecimento. 
Ex.: Quando há o acolhimento da ilegitimidade passiva, ela é preliminar da causa. Mas se há um recurso sobre essa questão, essa ilegitimidade passa a ser o próprio mérito do recurso. 		
	1) Causa de pedir recursal
No juízo de mérito temos duas causas de pedir recursais possíveis (dois grandes fundamentos):
1.1) Error in Procedendo --> É o erro no procedimento, o vício de atividade do juiz. É o vício procedimental que o juiz cometeu na decisão recorrida.
Ex.: O juiz decidiu sem dar a oportunidade do contraditório; O juiz que decidiu sem fundamentar a sua decisão; Quando o juiz profere decisão ultrapetita; Nesses casos há o error in procedendo. 
Normalmente a consequência, se reconhecido o erro, é a invalidação dessa decisão, e devolver o processo para o primeiro grau para repetir o ato. 
O error in procedendo não necessariamente acarretará a repetição de atos processuais, é o que está no art. 1013, §3°. Ex.: O tribunal considerou que a decisão não estava fundamentada, mas por uma questão de economia processual vai permitir que ao invés de anular, voltar o processo para o juiz para que ele dê uma nova sentença, o tribunal já pode dar uma decisão devidamente fundamentada.
Ex.: ao invés do tribunal devolver uma ação extrapetita para ser consertada, o tribunal pode simplesmente pronunciar a invalidade daquele excesso. Se a pessoa pediu só 80, e o juiz deu 100, o tribunalpode simplesmente cortar de 100 para 80. 
1.2) Error in Judicando - Quando há a má apreciação de uma questão de fato ou de direito. Erro no julgado. Aqui não houve nenhum vício no procedimento, mas sim que o juiz deu uma decisão errada, apreciou mal uma prova, ou optou por uma interpretação inadequada.
Se o tribunal percebe um erro em judicando a consequência é a reforma da decisão. Ex.: O juiz julgou improcedente o pedido pois considerou que houve o pagamento a partir de uma determinada prova. O autor alega que essa prova foi mal interpretada, pois não demonstrava pagamento. Se o tribunal concorda com isso, ele reforma a sentença a favor do autor.
As duas causas de pedir podem ser cumuladas no recurso. 
 Reformatio in pejus
É a reforma para a pior. Por ex.: eu fui condenado em 50 mil reais e recorro. Aí o tribunal decide que ele deveria pagar 70 mil.

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